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Superar os conteúdos desvinculados da prática social dos alunos e a metodologia passiva, uma
vez que o professor, pela avaliação, vai acompanhar a construção da aprendizagem do aluno
na perspectiva de superação do senso comum. Com uma concepção dialética da educação,
supera-se o sujeito passivo da educação tradicional, quanto o sujeito ativo da educação nova,
em direção ao sujeito interativo (VASCONCELLOS, 2005).
Segundo Hoffmann (1996), as experiências que os futuros professores têm no seu processo de
formação ditam suas posturas, posteriormente, na prática de sala de aula. Como relata a
autora: “ensinou-se muito mais sobre como fazer provas e como atribuir médias, do que se
trabalhou com o significado dessa prática em benefício ao educando e ao nosso próprio
trabalho” (p.185). A autora acima considera necessário que os professores tenham já na sua
formação uma nova prática em termos de avaliação. Não basta receber uma série de conceitos
bonitos relativos à avaliação de seus alunos, mas ser avaliado no esquema bem tradicional.
Portanto, quem trabalha com a formação acadêmica dos nossos futuros professores, tem
também um compromisso de mudar a prática de avaliação dos mesmos.
Quando ocorre o debate ou quando se levanta esse problema logo vêm à tona questões
relacionadas principalmente sobre as precárias e/ou cruéis situações nas salas de aula de todo
o país. Não se pode deixar de levar em consideração os desabafos dos professores e também
não deixar desconsiderá-los na proposta de reconstrução das práticas avaliativas.
É levantado o problema de como se dedicar intensamente a aluno por aluno em situações de
35 a 40 estudantes falantes, barulhentos, curiosos, por vezes agressivos, desinteressados. Em
muitas dessas situações acontece o problema da impossibilidade de observar e cuidar de cada
um, o olhar vagueia pelo todo abarcando o grupo, na superfície do coletivo e dessa forma
desiste-se do envolvimento com cada aluno, será possível avançarmos? Por onde começar?
“Há muito a fazer pela aprendizagem de todas as crianças por conta da massificação do
ensino, da desvalorização e da falta de formação dos educadores.”. O problema do
instrucionismo, do dar conta dos conteúdos, das apostilas, dos inúmeros fazeres e dos
compromissos nas escolas, os professores correm atrás do tempo e os estudantes correm atrás
dos professores. As aprendizagens ficam para trás. Muitos alunos ficam esquecidos no meio
do caminho.
Por conta dessa escola preocupada com os conteúdos, com as apostilas, o professor chega
onde quer ou onde a escola estabelece que deva chegar, sem ter como saber onde os alunos se
encontram de fato, se aprenderem ou não até ali. Assim a escola acaba ficando impedida de
buscar, para além da transmissão dos conteúdos. As formas do pensamento, do conhecimento,
da percepção, do raciocínio, o exercício da investigação? É importante que se busque um
olhar sereno, intenso e dedicado sobre histórias de vida dos alunos e de suas trajetórias
individuais de aprendizagem no sentido essencial da mediação.
É preciso fazer o exercício de “aprender a olhar” aluno por aluno, conhecendo seu espaço de
vida, suas iniciativas, seu fazer de novo, seus afetos e desafetos, dissonâncias, seus piercings e
tatuagens, o inusitado tantas vezes. Cada professor deve deixar marcas positivas nos
estudantes com os quais interage. Esse é o primeiro ensinamento para iniciar o jogo do
contrário. Pensar em cada aprendiz de uma sala de aula, acabando com os anonimatos,
valorizando como sujeitos de sua própria história, assumindo o compromisso, como
educadores, de aperfeiçoar tempos e oportunidades de aprender.
Referência:
HOFFMANN, Jussara Maria Lerch. Avaliação Mediadora. Porto Alegre: Editora Mediação,
1996.