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MATERIAIS, EQUIPAMENTOS
E MÃO DE OBRA
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Sumário
1 Apresentação
1.1 Introdução
1.2 Objetivos da disciplina
1.3 Conteúdo programático
1.4 Termologia adotada nesta apostila
2 Selecionando mão de obra e fornecedores
2.1 Formas de contratação
2.2 Comprando ou solicitando um serviço
2.3 Analisando as propostas
2.4 Recebendo e pagando pelos serviços contratados
3 Etapas do planejamento das aquisições para obras civis
3.1 Estrutura analítica do trabalho
3.2 Elaborando a EAT de uma construção
3.3 Tabelas de composição de preços de obras
4 Calculo de recurso para obras civis
4.1 Memória de cálculo
4.2 Cronograma das aquisições
4.2.1 Serviços preliminares
4.2.2 Fundações e estruturas
4.2.3 Elementos divisórios
4.2.4 Instalações
4.2.5 Esquadrias e ferragens
4.2.6 Revestimentos
4.2.7 Pinturas
4.2.8 Tratamentos especiais
4.2.9 Forros, telhados e coberturas
4.2.10 Louças, vidros, metais e acessórios
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APRESENTAÇÃO
1.1 Introdução
A indústria da construção civil é um setor produtivo onde se encontra um dos maiores índices de
desperdícios de recursos. Este desperdício incide sobre insumos materiais, horas improdutivas da
mão de obra, custos com equipamentos subutilizados. Do ponto de vista da lógica capitalista,
bastaria repassar o custo deste desperdício ao consumidor final, na forma do valor de venda do
imóvel. Assim, a construção civil brasileira foi, durante séculos, uma produção essencialmente
artesanal, grande geradora de resíduos e empregando mão de obra sem qualificação específica.
A forma como as empresas gerenciam seus tempos passou a ser o grande diferencial
na comparação de seus desempenhos. (...) Até alguns anos atrás, os setores que
resistiam à industrialização no Brasil eram a agricultura, o têxtil e a construção civil. A
agricultura se modernizou é hoje é responsável pelo superávit da balança comercial
brasileira; o setor têxtil deu a volta por cima, conseguiu preços internacionalmente
competitivos e hoje exporta seus produtos; já a construção civil... (...) A facilidade de
repassar os custos para os produtos inibiu o desenvolvimento tecnológico e de gestão
na indústria da construção civil (CEOTTO, L. H., engenheiro, diretor da Construtora
InPar, Seminário Inovação na Construção).
Esta visão simplista funcionou enquanto o número de construtores foi limitado e os consumidores,
“alheios” ao valor pela falta de opções. Na economia de mercado dos dias atuais, em um cenário
de competitividade, o consumidor busca comprar pelo menor preço.
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Desta forma, diminuir o desperdício e o tempo tornou-se ponto chave na construção civil, pois,
além das questões ambientais relativas à geração de entulho, a empresa que produzir com o
menor desperdício e em menos tempo, mantendo a qualidade, oferecerá seu produto por um
menor preço que o do concorrente.
É nesta visão pragmática que se coloca o Planejamento das Aquisições de uma obra. O
planejamento é a atividade humana que possibilita o exercício da previsão de fatos reais,
mensuráveis. Por meio do planejamento podemos avaliar opções de diferentes soluções para uma
mesma questão, quantificá-las, distribuí-las no tempo e no espaço e especificar os recursos
necessários à execução de cada uma delas.
Quanto mais simples a questão, em geral, menos planejamos. Também dispensamos o
planejamento quando já possuímos planos “armazenados”, já conhecidos. Entretanto propósitos
mais complexos, que exigem grande quantidade de recursos ou envolvem um alto grau de risco,
precisam ser planejados. É senso comum que, quanto mais bem planejado for um evento, maior a
possibilidade de êxito. Assim, planejar as aquisições para a execução de uma obra é um processo
mental de deliberação.
O cálculo preciso dos recursos necessários a um determinado serviço e a previsão correta do
momento em que estes recursos serão necessários no canteiro de obras possibilitarão o controle
do desembolso e da logística necessária para compra, recepção e estoque de materiais e a
contratação das diferentes equipes executoras do serviço. Iremos deliberar sobre onde, quando e
como adquirir estes recursos e dimensionar a mão de obra para a execução das etapas.
Quanto mais detalhado for o planejamento, menor as chances de surpresas indesejáveis. Além de
possibilitar a previsão cuidadosa das saídas de caixa, um bom planejamento das aquisições
permite otimizar a mão de obra, reservar espaço para armazenagem de materiais, alocar
ferramentas e equipamentos.
Outra grande utilidade do ato de planejar é que ele possibilita o controle da execução. Desta
maneira, se calculamos corretamente 35 m³ de argamassa para emboço de um pavimento tipo,
podemos procurar por erros de execução caso o consumo tenha sido sensivelmente maior – ou os
tijolos eram por demais irregulares ou a equipe que executou a alvenaria foi descuidada em
relação ao prumo e/ou ao alinhamento. Em ambas as situações poderemos aprender: ou
trocamos de fornecedor ou treinamos melhor nossos pedreiros. Se a quantidade de argamassa
tivesse sido apenas estimada, não teríamos a possibilidade do controle e não aprenderíamos
nada, repetindo o mesmo erro em obras futuras.
A partir deste planejamento será possível comparar soluções diferentes para uma mesma etapa
de obra: adoção de produtos pré-fabricados, diminuindo-se o tempo de execução; entregas de
material no sistema “estoque zero”, diminuindo-se os espaços de armazenamento; emprego de
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equipamentos mecânicos para manuseio de grandes peças pré-fabricadas, exigindo mão de obra
especializada. Todas estas soluções influenciarão a logística do canteiro de obras e a qualificação
do operário.
O planejamento das aquisições permitirá comparar estes processos e observar que, ainda que os
processos evoluídos venham a custar mais caro, a maior qualidade na execução e a possibilidade
de maior controle compensarão esta opção.
Em função da disponibilidade de tempo (18 horas-aula), serão analisados os principais tópicos componentes
das grandes etapas da obra. Para todos eles será feita a programação das aquisições de recursos ao longo
do tempo.
Serviços preliminares: demolição, limpeza de terreno, abrigo de obra e ligações provisórias.
Sondagens e fundações: sondagem do subsolo, sapatas moldadas in loco.
Estrutura de concreto armado: pilares, vigas, lajes e moldados in loco.
Instalações elétricas de baixa tensão.
Instalações hidrossanitárias.
Alvenaria de elevação, estrutural e autoportante.
Impermeabilização e isolamentos.
Esquadrias: metálicas, de madeira e de PVC, ferragens.
Revestimentos: de parede, pisos e tetos, externos e internos: chapisco, emboço, cerâmica, pedras, pintura.
Aparelhos e metais sanitários, acessórios.
Em cada um destes tópicos serão analisados os recursos necessários e a disposição dos mesmos
no cronograma de obra.
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Como base para exemplos práticos e exercícios de aula serão adotados o projeto, as
especificações e o cronograma de obra elaborados como projeto final de graduação em
Engenharia Civil (Ênfase em Construção Civil) pelos graduandos Ivo Hochleitner Junior e Marcelo
Araujo Rupp, a quem agradecemos, desejando muito sucesso na profissão.
Cubagem: quantificação de material. Deve ser feita a partir de medidas fornecidas pelo projeto e
pelo levantamento de áreas a demolir. Atenção especial deve ser dada às unidades para que, ao
usar a tabela (TCPO ou outra), os números estejam compatíveis. No caso do uso da TCPO, as
perdas aceitáveis já estão incluídas. Observar que há quantitativos (mínimo) definidos por norma,
como pontos de sondagem, área de vestiários (se não houver projeto) etc. Cuidados especiais
devem ser observados quando há mais de um material a ser usado em obra. Deve-se calcular
separadamente cada um: azulejos 20 × 20, azulejos 20 × 30; concreto aparente, concreto
revestido; alvenaria de tijolos furados; alvenaria de tijolos maciços, alvenaria de blocos de
concreto.
Estoque zero (just-in-time): é a situação ideal em que um determinado material será entregue
exatamente no dia de sua aplicação. O melhor exemplo do estoque zero é o concreto usinado.
Numa situação limite, se todos os materiais fossem entregues desta forma, não haveria
necessidade do almoxarifado.
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Ferramentas e equipamentos: ferramentas, nesta apostila, são todas as peças de uso manual
necessárias à execução dos serviços, descartáveis quando perdem sua capacidade de trabalho.
São ferramentas: pás, enxadas, carrinho de mão, rolos e pincéis de pintura, ponteiros, talhadeiras,
metro, trena, nível, prumo, esquadro. São equipamentos: todas as peças de uso mecânico, como
betoneira, elevadores, furadeiras (e brocas), serra-mármore (e discos), equipamentos de solda.
Insumo: é todo e qualquer material necessário à execução de um serviço. Assim, para o concreto
armado teremos: cimento – pedras (britas) – areia – água. O material necessário nem sempre é
incorporado à construção, mas sem ele o serviço não acontece corretamente. As lixas d’água,
para perfeito alisamento da massa de acabamento, são um exemplo de insumo.
Mão de obra: trata-se de todo e qualquer profissional necessário para execução de um serviço.
Supondo que a construtora possua carro e motorista para carretos de alguns materiais, o número
de horas de trabalho do motorista deverá ser incluso na composição do serviço. A mão de obra
poderá ser própria ou terceirizada.
Resíduo de construção civil: todo e qualquer material que tenha sido adquirido para a obra e
não tenha sido utilizado, independente de poder ser utilizado em outra obra, ser reciclado ou
descartado e chamado de resíduo.
Tempo de vida da mistura (pot-life): é o tempo máximo em que a mistura dos componentes de
um determinado material deverá ser empregada, após o qual as reações químicas tornarão o
material não utilizável. São exemplos: gesso em pasta, cal em pasta, concreto, argamassa etc.
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2. Selecionando mão de obra e fornecedores:
*
A professora desconhece casos semelhantes.
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No caso de contratarmos determinado serviço a outra empresa, devemos observar se ela recolhe
os tributos que incidem sobre a mão de obra, sob pena de termos que quitá-los. Devemos ter
sempre em mente que somos os construtores responsáveis pela obra. Qualquer serviço feito por
outros que não nossos próprios funcionários representam corresponsabilidade nossa, inclusive
danos a terceiros, sinistros etc.
†
A professora costuma orçar em cinco fornecedores, pois a prática mostrou que pelo menos dois não enviarão as propostas a
tempo de decidirmos a compra.
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quadrado, metro cúbico, peças, conjuntos etc. – se o frete está incluso (alguns valores de frete
tornam a oferta mais cara do que o concorrente) e se a descarga do material será feita por quem o
está fornecendo ou por nossa própria mão de obra.
Na elaboração de um contrato de fornecimento de insumos ou de mão de obra, devemos definir,
também, prêmios e penalidades. Os prêmios por execução dentro do prazo só devem ser pagos
após o recebimento dos serviços (testes de estanqueidade e funcionamento, para
impermeabilizações e condicionamento de ar, por exemplo). As multas só podem ser aplicadas se
o atraso não for causado por terceiros.
Alterações nos serviços por medição (para mais ou menos) ou por modificação nos materiais e/ou
serviços especificados serão motivo para aditivos contratuais.
EAT (WBS em inglês) é a ferramenta básica do planejamento. Graficamente, é uma árvore que se
desdobra do ramo mais geral para os mais específicos, decompondo o trabalho em etapas. A EAT
de uma obra deve ser completa e organizada o suficiente para que se possa acompanhá-la.
Na Wikipedia (http://ptwikipedia.org/wiki/estrutura_analitica_do_projeto) há um exemplo de EAT
para pintar uma sala. Podemos observar que por esta EAT teremos que calcular a quantidade de
tinta, rolos, removedor e pincéis; também saberemos que vamos precisar de escada, jornais e
lençóis velhos e que, após terminada a pintura, deveremos dar destino às sobras de tinta, jornais
e lençóis, limpar e guardar pincéis e rolos. Um aluno mais atento perceberia que falta um item
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importante: a bandeja para pintura. Observe que a tarefa “pintar uma sala” foi desdobrada em
quatro.
Não é necessário desdobrarmos a EAT em demasia – supondo a instalação de uma porta,
bastaria chegarmos ao item “colocação da fechadura”. Este item já nos permitiria planejar a
compra da fechadura completa; não nos serviria de nada chegarmos ao item “apertar os
parafusos”, uma vez que a colocação da fechadura já incluiria este serviço.
Fonte: Wikipedia.
A situação ideal para o planejamento de uma construção é que conhecemos todos os detalhes e
especificações projetados para ela. Mas, considerando-se que, muitas vezes, os projetos
complementares só são elaborados durante o início da construção, iremos elaborar a EAT a partir
apenas do projeto de arquitetura e de algumas definições básicas a fim de considerarmos as
instalações e os revestimentos. Fica claro que, neste caso, a EAT elaborada será menos
detalhada e nosso planejamento, menos preciso.
O edifício é composto por um pavimento térreo, nove pavimentos tipo mais um de cobertura e
telhado com caixa d’água, ocupando um terreno de 30 x 100 metros. A estrutura será de concreto
armado com fck = 25 MPa e aço CA-50, com fundações tipo sapatas. Todos os projetos de
instalações complementares foram elaborados.
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Para preparar a EAT podemos adotar a técnica de “tempestade de ideias” (brainstorm). Vamos
listando todos os serviços/etapas dos quais nos lembramos e, posteriormente, os colocamos em
ordem de precedência. A partir da lista final ordenada, vamos elaborar a composição de todas as
atividades necessárias a cada etapa. Não é preciso, durante a prática do brainstorm, nos
preocuparmos com subitens; o mais importante é exercitar a memória, de modo que, ao final,
todas as etapas de obras tenham sido listadas.
Será a partir de cada uma das etapas do serviço que poderemos planejar os recursos necessários
à execução do mesmo.
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4. Cálculo de recursos para obras civis
A memória de cálculo deve ser tratada como um documento valioso a partir do qual exerceremos
o controle da obra. Deve ser feita em fichas para cada serviço, de modo que, havendo grande
diferença no consumo de recursos, seja possível identificar o erro.
Nesta ficha deverão ser anotados, em detalhes, a medição feita para a cubagem e o tipo exato do
serviço, especificando-se claramente cada unidade (tanto do serviço quanto do consumo de cada
recurso). Constarão observações como o número de demãos a ser aplicada, se o material
demolido será reaproveitado etc.
Observamos que, com um só servente, precisaremos de 42,3 horas de trabalho, mais do que
cinco dias úteis (considerando-se a jornada de trabalho semanal com 40 horas, 8 horas a cada
dia útil). Se desejarmos executar toda a remoção das telhas em um só dia, basta calcularmos a
produtividade de um servente em 8 horas e fazer o cálculo (por regra de três simples), deixando-o
anotado na memória de cálculo.
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MEMORIA DE CÁLCULO
Obra: ENDEREÇO DA OBRA
Etapa: Serviços preliminares
Subitem: Demolição
Serviço: Telhado, com reaproveitamento das telhas, a ser executado em um só dia
Unidade m2
Medição: Responsável pelos cálculos:
Telhas: 0,70 x 5,28 x 2 + 7,39*(3,26 + 5,28) = 70,5 m2
Cubagem: 70,5 m2 Produção de um servente em um dia de trabalho:
Composição do serviço: 8/0,6 = 13,3 m2
Número de serventes necessários p/ todo o serviço em
Profissional Quant. Unid. Total um só dia: 70,5/13,3 = 5,3 serventes
Pedreiro 0,06 h
Servente 0,6 h 70,5 m² 42,3
Observações:
1ª. A presença do pedreiro, neste serviço, é muito inferior à do servente. A produtividade de um
pedreiro, em um dia de trabalho, é de 133 m2. Assim, mesmo que aumentemos o número de
serventes, não será necessário elevarmos o número de pedreiros.
2ª. Neste serviço não está incluso o transporte das telhas para o nível do solo (transporte vertical)
e até o caminhão (transporte horizontal) nem a carga do material no caminhão.
3ª. No caso de não haver composição de custos que atenda ao serviço que estamos planejando,
podemos adotar alguma outra parecida, ou ajustar a que encontramos. No caso da demolição de
telhas de barro com aproveitamento, poderemos adotar uma margem de tempo extra por causa
do cuidado necessário com a retirada (será uma remoção, e não uma demolição).
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4.2 Cronograma das Aquisições
Por causa da adequação ao tempo, é conveniente elaborarmos um cronograma de serviços dia a
dia para sabermos exatamente quando e quanto de recursos será preciso e o valor a ser pago no
final de semana (ou da tarefa, quando o contrato de mão de obra assim for feito).
Este cronograma deve caber em, no máximo, uma folha de papel A3, configurada para paisagem.
Assim ficará mais fácil manuseá-la, levar e trazer da obra para fazer os ajustes necessários. Se
este espaço não for suficiente, devemos dividir o cronograma em intervalos menores – mês a
mês, quinzena a quinzena, semana a semana, sem perder de vista as datas críticas de entrega
das diferentes etapas/serviços.
No término do trabalho de planejamento faremos um cronograma “final” que englobe todas as
atividades, dividindo-se o tempo em meses, sem as anotações de materiais, mão de obra e
equipamentos e ferramentas.
Deve haver, no cronograma, os mesmos dados da ficha de memória de cálculo – endereço da
obra, datas de início e término esperadas, nome do responsável pela elaboração do mesmo. Os
itens e subitens a serem lançados no cronograma serão os que estabelecermos na EAT.
Deverão ser marcados os dias em que normalmente não se trabalharia (sábados, domingos,
feriados), para que possamos nos “valer” deles em caso de emergência.
A cada dia marcaremos todos os profissionais alocados naquele dia. Profissionais que estarão em
obra por todo o prazo de execução (p. ex., engenheiro júnior, mestre de obras etc.) não precisam
estar especificados, desde que nos lembremos de incluí-los no orçamento da obra.
É conveniente que os profissionais sejam identificados por letras e números, pois poderemos ter
25 serventes, quatro pedreiros, dois eletricistas, três encanadores, por exemplo, em um mesmo
dia. Podemos identificar as equipes por cores (recurso que exige uma impressora em cores).
Se uma determinada equipe for subcontratada, deverá haver algum tipo de diferença na anotação,
de modo que possamos acompanhar o número de pessoas que efetivamente deveriam estar em
obra (e reclamar com o empreiteiro, caso haja um número menor).
Os insumos necessários também aparecerão em cada dia. Junto a eles aparecerão as
ferramentas e equipamentos necessários à execução dos serviços, incluindo os EPIs.
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4.2.1 Serviços Preliminares
4.2.1.1 Demolição
O primeiro cuidado com os serviços de demolição é assegurar a segurança dos trabalhadores e
das pessoas que eventualmente estejam circulando próximo à área a ser demolida. Demolições
em revestimentos de fachadas altas exigem o “encamisamento” do edifício. As demolições podem
ser feitas manualmente – com ponteiros, talhadeiras, marretas –, com equipamentos mecânicos
ou com explosivos.
Em função da Resolução CONAMA nº 307, de 5 de julho de 2002, devemos estimular a
reciclagem dos materiais. Assim, tudo o que puder ser aproveitado deverá ser removido e
armazenado/removido em separado. As demolições em edifícios e a remoção de material deverão
ser feitas dentro do horário permitido pelo condomínio.
A contratação do serviço de remoção pode incluir a disposição de caçambas para recebimento do
entulho. De qualquer forma, resíduos menores deverão ser ensacados.
Antes de remover paredes e emboço, devemos umedecer estes substratos, de modo a minimizar
a formação de poeira.
Obras de manutenção ou de reabilitação de fachadas terão inclusos nesta etapa o
encamisamento do edifício, a construção de bandejas salva-vidas (para-lixo) e do duto para
descida do entulho, a instalação do andaime (tipo Jahu ou fachadeiro) e os tapumes para desvio
do tráfego de pedestres.
Atenção à cubagem do entulho graúdo – se vamos abrir um vão de 0,70 x 2,15 m em uma parede
de 15 cm de espessura, teremos 0,23 m3 de demolição, mas 0,37 m3 de entulho
(aproximadamente 60% de aumento, em função dos vazios entre os pedaços do entulho).
Demolições de concreto justificam a utilização de marteletes (britadeiras).
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(ou disponibilizar um gerador), abrir poços e instalar fossas (sépticas e anaeróbicas). Devemos
conferir se o local permite tráfego de veículos, especialmente de caminhões.
O número de pontos sondados deverá atender, pelo menos, às normas NBR 8.036/83, NBR 6.484
e NBR 9.603/86. Em obras menores, nas quais não será feita a sondagem, devemos determinar a
altura do lençol freático para sabermos da necessidade de rebaixamento do lençol.
Em relação aos abrigos temporários, deve haver um projeto, ainda que simples, para que se
possa programar a execução de vestiários, sanitários, escritórios, almoxarifado e estande de
vendas. Caso não haja projeto, deve-se observar a legislação vigente de Saúde e Segurança do
Trabalho na Construção Civil (NR-18 do Ministério do Trabalho).
Atenção especial deve ser dada ao espaço necessário para o depósito de materiais e para a área
de carga e descarga de caminhões, prevendo-se local adequado à instalação da grua e à
descarga de caminhão betoneira.
O construtor ou o incorporador deverá definir se estes abrigos serão alugados ou construídos.
Atenção aos serviços subempreitados: o tempo exigido para a execução feita pelo empreiteiro
deve ser o mesmo que foi calculado como se a mão de obra fosse da própria empresa.
Materiais perecíveis devem ser armazenados em lugares bem abrigados. Ferramentas, pequenos
equipamentos e materiais miúdos devem estar a salvo de furtos.
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O aluguel de retroescavadeiras deve ser considerado caso o volume de terra a ser movimentado
seja muito grande. Carrinhos de mão, pás e enxadas para a remoção e pilões para os reaterros
são as ferramentas mais comuns.
O concreto armado tem sido a opção mais frequentemente usada nestes sistemas.
O concreto poderá ser preparado em obra – em betoneiras de pequeno a grande porte alugadas
ou da própria empresa; ou virado a mão, em pequenas quantidades de cada vez, para assegurar
bom amassamento. Também poderá ser comprado em usinas de concreto. A logística necessária
a cada uma destas situações é bastante diferente.
Também as formas e as armaduras poderão ser encomendadas a empresas especializadas.
Nestes casos, as formas precisam ser apenas montadas e escoradas em obra; as armaduras
chegam ao canteiro prontas. Em qualquer caso, deverão ser reaproveitadas ao máximo.
As ferramentas e os equipamentos usuais para a fase das estruturas são: bate-estacas, trados
(mecânicos ou manuais), mangueira para descarga do concreto, dosadores, jericas, carrinhos de
mão, pá, enxadas, ferramentas de corte e dobra do aço e dos materiais dos quais as formas se
compõem.
Quando preparamos o concreto em obra, devemos ter os insumos necessários devidamente
armazenados na obra. A Tabela 1 apresenta alguns comentários sobre estes insumos.
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Tabela 1 – Insumos necessários à produção de concreto armado
TEMPO DE
MATERIAIS APRESENTAÇÃO COMO ESTOCAR CONSIDERAÇÕES
ESTOCAGEM
Cimento Em sacos de 50 Iniciar a pilha de Máximo de 60 Perecível, reage com
kg. Conferir se a cimento sobre estrado dias a água e com a
carga veio de madeira, a pelo umidade,
protegida da chuva menos 30 cm do chão. empedrando. Apenas
e se é o Não empilhar mais do pequenas
‡
especificado (CP I, que 10 sacos quantidades devem
II, III etc.) ser estocadas
Areia A granel ou em Protegida por um Sem restrições O cercado deve ser
sacos de diversos cercado de madeira, feito em local seco, se
tamanhos. Vale a coberta por lona ou possível coberto. As
pena conferir o plástico para evitar águas (chuvas/poças)
teor de umidade acúmulo de impurezas carreiam a areia
Pedra britada A granel, em No canteiro de obras, Sem restrições Como a areia, deve
e pedrisco diversos depositado em cercado estar em local plano e
tamanhos. feito de madeira. Pode cercado. Não é
Cuidado com estar exposta à chuva preciso proteção com
entregas de britas lona ou plástico
diferentes no
mesmo caminhão
Aço Entregue em No canteiro de obras a Máximo de 60 Não deve ficar a céu
barras. Conferir céu aberto e separado dias aberto por longo
espessuras das de acordo com o período: a oxidação
barras ao receber. diâmetro das barras compromete o
Telas para lajes material. Idem em
são vendidas a períodos chuvosos
metro ou rolo
Madeira para Tábuas, sarrafos e Madeira maciça pode Sem restrições Este tipo de material
formas e pontaletes, chapas ficar a céu aberto. deve ser
escoras de compensado ou Chapas compensadas reaproveitado ao
de aglomerado. ou aglomeradas devem máximo. Cuidado na
Conferir as seções ficar sobre pontaletes, desforma para
das peças maciças longe do solo e assegurar o
cobertas por plásticos reaproveitamento
Formas e Conjunto Podem ser estocadas O ideal é usar Ao se desformar um
escoras completo. Conferir sobre a laje após a imediatamente pavimento, as peças
metálicas as quantidades desforma da mesma devem subir para o
pavimento superior
Aditivos Em garrafas, No almoxarifado. São De acordo com a O consumo diário
galões, baldes e produtos caros e informação do deve ser muito bem
latas podem ser furtados fabricante dosado para evitar
desperdício
Pregos, O arame é O arame, junto ao aço. Sem restrições Sobras devem
arames entregue em rolos. Os pregos, no retornar ao
Os pregos, em almoxarifado almoxarifado
sacos
Água Não havendo rede Em caixas d’água de O ideal é usar Cuidado para não
de água potável, fibra de vidro, bem imediatamente. confundir a água para
comprar caminhão tampadas. O gelo Água parada é consumo humano
‡
Quanto maior a pilha, maior o peso sobre os primeiros sacos da pilha. Isso faz que seus grãos sejam de tal forma comprimidos, que o cimento contido nesses sacos fica
quase endurecido, sendo necessário afofá-lo de novo antes do uso, o que pode acabar levando ao rompimento do saco e à perda de boa parte do material. A pilha
recomendada de 10 sacos também facilita a contagem na hora da entrega e no controle dos estoques. (http://www.abcp.org.br/duvidas_frequentes.shtml)
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pipa. Só usar água deve ir diretamente caldo de cultura com a do preparo de
de poço se para a betoneira para diversos materiais
atender à NBR microrganismos
15.900
Espaçadores Em pacotes No almoxarifado Sem restrições
Fonte: a autora.
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Observamos que podemos adquirir de uma só vez toda a quantidade dos agregados, das
armaduras e das formas. Mas não devemos estocar os aditivos nem o cimento. Este último, em
especial, deveria ser sempre comprado com a programação de entrega just-in-time ou, no máximo
(por segurança), com um ou dois dias de antecedência. Em locais ou em épocas em que a
temperatura ambiente é muito alta, vale a pena usar água gelada ou mesmo gelo para amassar o
concreto. A temperatura é fator decisivo no tempo de início e fim da cura. A falta de observação
deste fator causa um retraimento acelerado do concreto, o que sempre resulta em fissuras. Não
devemos perder de vista as garantias que a construtora tem que prover a seus edifícios – a
economia de recursos ou a execução não correta vão causar despesas no pós-obra (incluindo
despesas com processos judiciais).
Cubagem: o concreto é sempre calculado em metros cúbicos. Não se devem descontar vãos de
passagem de tubulações. Lajes pré-fabricadas devem ser medidas em m2, assim como todas as
formas. As armaduras costumam vir especificadas em projeto, em quilograma, por cada tipo de
aço. Vale a pena transformar estas quantidades em barras, a fim de facilitar a conferência na hora
da descarga do caminhão.
A. Preparação
Quando preparamos as formas em obra, devemos ter bancadas para o trabalho do carpinteiro
com as seguintes ferramentas e equipamentos: serra circular, serrote e martelos. O corte e a
dobra das armaduras também exigirão bancada e equipamentos específicos: chaves de dobrar e
máquinas (hidráulicas) de dobramento. Assim, devemos prever estes espaços no barracão
provisório. Se vamos alugar betoneira e vibradores, devemos computar, além do valor do aluguel,
o consumo de energia. Ao recebermos estes equipamentos, devemos checar se estão em perfeito
estado de funcionamento e se a tensão é adequada à disponível em obra. Existem armaduras
pré-fabricadas (kit sapatas e cintas, da Gerdau, por exemplo). É possível também
encomendarmos as armaduras e formas prontas a empresas especializadas.
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C. Lançamento e adensamento do concreto
O concreto tem vida útil limitada – as reações que produzem o endurecimento começam pouco
após a adição da água. O tempo máximo permitido pela NBR 6.118/78 entre o amassamento e o
lançamento é de 1 a 2 horas. Assim, supondo a produção de 1 m 3 de concreto a ser lançado em
estrutura (1,62 h de pedreiro e servente) e a jornada de trabalho terminando às 16 h, devemos
preparar a última “betonada” às 14 horas:
Cálculos:
1,62 * 60 min = 97 min = 1 hora e 37 minutos
16:00 – 1:37 = 14:23 – tempo de preparo e amassamento (± 0:23 ) = 14 horas
Este intervalo deve ser observado também quando o concreto é usinado.
Uma vez lançado, deve ser adensado imediatamente com vibradores. Devemos ter um número
suficiente de vibradores a fim de que todo o concreto lançado na betoneira seja vibrado. Se os
vibradores forem alugados, devem ser testados ao nos serem entregues.
Outra observação válida com vistas ao não desperdício de materiais é o volume a ser preparado.
No exemplo anterior, precisaríamos de 315 kg de cimento. Como o saco de cimento vem com 50
kg, temos dois problemas:
1º. precisaremos pesar 15 kg do último saco – será necessário ter uma balança e consumir tempo
com esta pesagem;
2º. terminaremos a tarefa com o sétimo saco aberto, o que não é bom, pois, depois de aberto, o
acesso à umidade é sempre maior.
Se vamos continuar a produzir concreto durante este dia, não há problemas, usaremos este saco
logo após. Se não, temos duas opções: concretizaremos menos elementos, de modo a usarmos
apenas seis sacos (0,95 m3) ou produziremos 1,10 m3.
Na segunda opção, o que fazer com 0,10 m3 a mais?
Sugestões: vergas para esquadrias, placas para calçamento, frades e moirões. Para que isso
realmente aconteça, é necessário que as formas e as armaduras destes elementos também
estejam prontas.
A aquisição de concreto usinado deve ser bem planejada. Assim que chegar ao canteiro, deverá
haver recursos suficientes para levá-lo ao local de consumo: pedreiros, ajudantes, carrinhos para
o transporte, mangueira para o bombeamento, vibradores etc. Em relação ao tempo, o transporte
via grua é muito mais rentável do que por jerica, mesmo usando-se elevador de obra.
23
Figura 2. Descarga e disposição do concreto.
Fonte: Conforte, M. E. (2011).
24
NBR 7.171/92, no item 6.2: “as exigências quanto às dimensões nominais, ao desvio em relação
ao esquadro e à planeza dos blocos devem ser verificadas por dupla amostragem”, sendo o
número de amostras igual a 13 tanto na primeira quanto na segunda amostragem. A perda
aceitável por cortes e danos é de 10%.
Blocos de concreto
Os blocos de concreto estão entre os materiais “modernos” na execução de vedações,
principalmente as externas. Existem blocos com ambas as funções: vedação e estrutura. As
dimensões mais comuns são 14 x 19 x 39 e 19 x 19 x 39. Têm as faces bastante lisas e absorvem
menos umidade que os de cerâmica, podendo ser usados em paredes sem revestimento. Podem
ser encontrados: meio bloco, canaleta e meia canaleta, além de diversos modelos de elementos
vazados. Por serem mais resistentes ao manuseio, têm perda admissível de 5%. São mais
pesados do que os de cerâmica e não devem ser cortados, exigindo encunhamento caso a altura
da alvenaria não seja múltiplo da soma de sua altura mais a junta (± 20 cm).
Há outros materiais disponíveis para as vedações e divisórias: blocos silicocalcáreos, de gesso,
de concreto celular, de vidro, painéis metálicos e os de gesso acartonado.
Todos estes materiais poderão ser adquiridos, em sua totalidade, de uma só vez. Sua estocagem
em obra permitirá a negociação de preços, mas exigirá espaço e logística de transporte.
Na data de sua entrega deverá haver pessoal e/ou equipamentos para o transporte horizontal,
pelo menos. A entrega programada é o ideal para evitar o grande espaço necessário para o
estoque e o deslocamento em obra. A grua poderia entregar, em cada pavimento, a quantidade
comprada para ele, assim como a argamassa para seu assentamento.
A pilha máxima de tijolos ou blocos deverá ter 1,5 m de altura. Atenção para não misturar tijolos
de tamanhos diferentes. Se ficarem expostos ao tempo, é melhor cobri-los com plástico ou lona.
A argamassa de assentamento poderá ser feita com diferentes misturas: cimento e areia; cal e
areia; cimento, cal e areia; cimento, areia e saibro; gesso (para os blocos de gesso).
Se as divisórias também exercerem função estrutural, precisaremos do aço para as armaduras.
Comentários sobre os insumos necessários à confecção das alvenarias/divisórias (os insumos
que também fazem parte do concreto) encontram-se na Tabela 2.
25
Tabela 2 – Insumos necessários à produção de elementos divisórios
TEMPO DE
MATERIAIS APRESENTAÇÃO COMO ESTOCAR CONSIDERAÇÕES
ESTOCAGEM
Cal Em pó ou já Empilhar sobre estrado 60 dias Reage com a água e
hidratada, em sacos de madeira em local a umidade. A cal em
de 20 kg seco e fechado pó é extremamente
higroscópica
3
Saibro A granel (m ) ou em Protegida por um Sem restrições O cercado deve ser
sacos de diversos cercado de madeira feito em local seco, se
tamanhos. Vale a coberto por lona ou possível coberto. As
pena conferir o teor plástico para evitar águas (chuvas/poças)
de umidade acúmulo de impurezas carreiam o saibro
Gesso Em pó, em sacos de Protegida por cercado 60 dias Mesmos cuidados
40 kg. Também há de madeira coberto por para com o cimento e
sacos menores, de lona ou plástico para a cal
até de 1 kg evitar acúmulo de
impurezas
Placas pré- Em unidades Na posição vertical, Sem restrição O transporte deve ser
fabricadas de com calços entre elas e cuidadoso, pois as
gesso afastadas do piso, em placas se quebram
local seco e coberto facilmente
Blocos de Em milheiros ou Em pilhas de, no Sem restrição Se expostos ao
concreto ou de unidades máximo, 1,5 m de tempo, cobri-los com
cerâmica altura lona ou plástico
Blocos de vidro Em unidades (há Sobre estrado de Sem restrição Todo cuidado no
caixas com 12 madeira. Observar o transporte e no
unidades também) limite máximo de manuseio
empilhamento indicado
pelo fabricante
Fonte: a autora.
26
4.2.3.1 Cubagem
Também devemos abrir fichas de memória de cálculo para todas as esquadrias e descontar o
somatório de todas elas, por pavimento, do total da alvenaria. Com isso, podemos medir as
paredes sem interrupções, e ainda teremos o levantamento das esquadrias a meio caminho.
Atenção especial deve ser dada aos cálculos das alvenarias dos pavimentos tipo, pois, em geral,
calculamos apenas um pavimento e multiplicamos pelo número total deles. Erros de 10% a mais
em um edifício de 10 pavimentos representarão material para mais um pavimento, além de se
multiplicarem pelos revestimentos. Deve-se observar que as paredes sob vigas têm altura
diferente das que vão até a laje.
O transporte dos materiais ao pavimento de execução deve ser feito com cuidado, a fim de que
não se perca material por quebra. A grua continua sendo ótima opção para o transporte vertical.
Se usarmos elevador, devemos observar o limite de carga. O transporte horizontal é muito mais
rentável quando feito por porta-pallets, principalmente se os blocos/tijolos forem entregues
embalados.
Os blocos de concreto são muito mais pesados do que os tijolos cerâmicos, e isso deve ser
levado em consideração quando o transporte for manual.
27
O uso de masseiras de plástico é vantajoso quando preparamos a argamassa manualmente.
Quando se prepara sobre a laje, é possível que reste alguma porção sobre ela, criando desníveis,
o que irá requerer maior consumo de contrapiso.
A primeira fiada de qualquer elemento divisório (inclusive os painéis pré-fabricados) deve ser
executada com todo cuidado. Erros de alinhamento resultam em maior consumo de argamassa de
revestimento. No caso de blocos, a segunda fiada é tão importante quanto a primeira, uma vez
que as juntas verticais dos mesmos não devem ser coincidentes. Os cantos em esquadro devem
estar realmente a 90º. O alinhamento com as partes estruturais é fundamental. Deve-se reservar
um pouco mais de tempo para estas fiadas do que para as outras, e a supervisão deve ser
presente.
As ferramentas necessárias são nível de bolha, nível de mangueira, prumo, esquadro, colher de
pedreiro e, no caso dos blocos, bisnaga para aplicação da argamassa.
O planejamento da execução deve ser feito com vistas a acompanhar a desforma do concreto.
Podemos ter diversas equipes trabalhando em um mesmo pavimento, desde que fique bastante
claro para cada uma em que área cada qual vai trabalhar.
28
4.2.4 Instalações
A – Cubagem
A.1 – Condutores
Devemos medir e calcular em separado os condutores, por seção, dos eletrodutos, também por
seção, porque os eletrodutos podem variar de seção, mesmo em um mesmo circuito, em função
do número de fios dentro dele. Atenção às cores dos condutores: fios fase – preto, cinza,
vermelho ou branco; fio neutro – azul claro; fio terra – verde ou listrado de verde/amarelo.
Como, por norma, cada circuito terá um condutor com a mesma seção até o último ponto de
consumo, mediremos a distância do QDL até este ponto (não esquecer os caminhos verticais,
que não aparecem em planta baixa).
Em nossa memória de cálculo deverão aparecer os condutores por bitola, por pavimento, o que
facilitará o controle da execução e a expedição, pelo almoxarifado, dos rolos de fios.
Também não devemos esquecer que cada circuito tem uma composição diferente: um fio fase
mais um neutro; dois fios fases mais um terra etc. Se houver interruptores three-way ou four-way,
deveremos somar os fios extras para estes sistemas. O valor obtido pela medição do QDL até o
último ponto de consumo deverá ser anotado na ficha da memória de cálculo para cada cor de fio
(p. ex.: 53 m de fio vermelho, cinza ou preto [fases], 53 m de fio azul [neutro], 53 m de fio verde
[terra]).
29
A.2 – Calhas e eletrodutos
Devemos abrir uma memória de cálculo para cada seção de eletroduto, por pavimento. Ao
medirmos, não devemos esquecer os caminhos verticais, que não aparecem em planta
baixa.
Abriremos uma ficha de memória de cálculo para cada um destes itens, por tipo, tamanho, modelo
e por pavimento. Observar que existem poucos tamanhos de caixas, mas os “espelhos” podem ter
uma grande variedade de composição: uma, duas, três ou quatro tomadas/interruptores, tomadas
e interruptores conjugados, campainhas, comandos de ventiladores, de intensidade de luz etc.
Deverão ser calculadas as abraçadeiras com seus parafusos e buchas, nas diferentes seções,
para os condutores não embutidos – presos às lajes e paredes.
Ponteiro, talhadeira, abre-rosca, máquina para cortar alvenaria, guias para passagem dos fios,
metro, trena, nível de bolha, prumo, multiteste, alicates de corte, chaves de fenda, bancada, arco
e lâminas de serra para montagem dos eletrodutos, limas, abre-roscas, etc.
O recebimento dos materiais deve ser feito por pessoa capaz de conferir, além do número de itens
comprados, as bitolas de eletrodutos e fios e a cor dos fios.
30
retirados do caminhão, seguissem em linha reta até a grua/guincho/roldanas e daí fossem alçados
para o pavimento e, à medida que outros pavimentos tivessem suas lajes prontas, eles seriam
removidos e distribuídos. Todos os outros materiais devem ficar estocados no almoxarifado.
Um detalhe importante: com exceção dos tubos (eletrodutos) e da argamassa, todos os outros
materiais são facilmente furtáveis. Assim, tanto eles quanto as ferramentas de uso manual (caso
não sejam as dos próprios profissionais) devem ser entregues à equipe de trabalho contrarrecibo.
Devemos considerar que a abertura das paredes e o chumbamento das caixas e eletrodutos
podem ser feitos pela equipe de pedreiros e que estes serviços precisam estar prontos antes da
enfiação. Na realidade, poderiam estar inclusos nos serviços de elementos divisórios. O eletricista
é necessário para a passagem dos fios, a ligação dos pontos de consumo e colocação das placas
(espelhos) de acabamento.
● 3a etapa – ligar pontos de consumo – após a conclusão dos revestimentos que necessitam de
argamassa e colas (cerâmicas, pedras, laminados etc.);
● 4a etapa – colocação dos espelhos (placas de acabamento das caixas) – somente após a
conclusão de todo o revestimento (pintura, rejunte e limpeza de cerâmicas e pedras etc.).
31
composições para pontos secos, muito convenientes para a primeira etapa; para passagem dos
fios, que usaremos na segunda etapa; para instalação das tomadas, interruptores e pontos de luz,
a serem planejados para a terceira etapa; para a colocação das placas, na quarta e última etapa.
Exemplo:
4a etapa:
Colocação da placa de acabamento (espelho) da caixa – unidade: unidade, placa 4” x 4”
Componentes Unid. Consumos
Ajudante de eletricista h 0,06
Eletricista h 0,06
Placa (espelho) para caixa Unid. 1
32
Observações: na realidade, podemos ter um ponto desta instalação onde a medição de
eletrodutos nos indique 4 m ou 7 m. Se consultarmos a TCPO, encontraremos as composições
para instalação do eletroduto de 25 mm (16.132.8.1), das curvas e luvas necessárias para chegar
até o ponto (16.132.8.4 e 16.132.8.5), da caixa 4 x 4 (16.132.8.14) e do espelho para caixa 4 x 4.
O planejamento obtido desta forma é mais preciso do que da maneira genérica, porque podemos
prever materiais e mão de obra.
As instalações de água fria podem ser executadas em tubos e conexões de PVC rígido
rosqueável ou soldável, em ferro galvanizado, em aço carbono galvanizado, em cobre e
polietileno; as de água quente, em CPVC, ferro galvanizado, aço carbono galvanizado, cobre e
polietileno; as de esgoto, em PVC colável. Existe uma infinidade de conexões em cada um desses
materiais. Também precisaremos de registros diversos, misturadores para torneiras, chuveiros,
bidês etc. A montagem tradicional é extremamente artesanal, motivo pelo qual é nas instalações
de fluidos que encontramos o maior número de problemas no pós-obra. Como evolução deste
processo encontramos sistemas prontos para instalação em painéis de gesso acartonado (sistema
PEX). Atenção: instalações de água para combate a incêndios não podem ser executadas em
PVC nem em CPVC.
A. Cubagem
Na montagem tradicional o planejamento se faz da mesma forma: a partir dos pontos de consumo
medem-se as distâncias, observando-se os diâmetros de cada subrramal/ramal até os registros.
Abriremos ficha de memória de cálculo para cada um dos diâmetros, por material e por pavimento,
pois as colunas de água mudam de diâmetro à medida que descem. Enquanto medimos, também
anotamos as conexões e os pontos de consumo. Não se deve esquecer dos caminhos
verticais, que não aparecem em planta baixa!
Devemos também levantar as quantidades dos materiais complementares: fita teflon, colas,
soldas químicas, soldas metálicas para tubos de cobre, anéis de vedação, registros, misturadores
e, aproveitando, todos os metais (chuveiros, torneiras, acabamentos para misturadores etc.).
33
B. Planejamento da compra e da execução
Assim como com as instalações elétricas, quem receber o material das instalações
hidrossanitárias deverá conferir, além do número de tubos e conexões comprados, as bitolas de
cada um deles e saber distinguir o material de PVC para água fria do de esgoto. Em relação à
movimentação em obra dos tubos, repetimos a logística prevista para os tubos de instalações
elétricas.
34
e/ou fixação dos tubos em suas abraçadeiras, o que demanda que usemos um fechamento (plug,
tampão) em cada ponto de consumo até que o metal seja instalado – somente depois que todos
os revestimentos e pinturas do ambiente estejam prontos. Assim, a disposição dos tubos na
alvenaria deve ser feita pelo encanador, e não pelo pedreiro.
Os profissionais devem ter à sua disposição todas as ferramentas necessárias: abre-roscas, lixas,
estopa, furadeiras, brocas, equipamento para solda metálica, metros, trenas, níveis, lâminas e
arcos de serra, além dos EPIs imprescindíveis. Deverá haver uma bancada para o encanador
cortar e abrir roscas nos tubos.
O planejamento da execução deve acompanhar o término dos elementos divisórios. Podemos ter
mais de uma equipe no trabalho, mas é preciso considerar se esta solução vale a pena: se a
execução da alvenaria depende da execução do concreto (curado e desformado), só compensa
termos mais de uma equipe de encanadores (e de eletricistas também, no caso das instalações
elétricas e de telecomunicações) se tivermos área de trabalho suficiente para estas equipes.
Para a maioria dos construtores, a etapa das esquadrias começa antes dos revestimentos. Isto
porque, ao assentarmos aduelas, batentes e caixonetes de madeira, fornecemos uma guia para
alinhamento e prumo do emboço.
Nos livros de composição de custos também é frequente que as ferragens façam parte de um item
em separado, pois só as instalamos após o término dos revestimentos. Mas estas premissas nem
sempre acontecem com as esquadrias de outros materiais.
Não devemos, no entanto, instalar as folhas das esquadrias, tampouco seus vidros, antes de
acabados os revestimentos. Assim, devemos planejar esta etapa em dois momentos.
As esquadrias devem vir especificadas em projeto. Podem ser adquiridas prontas ou sob
encomenda. São encontradas em boa variedade de materiais – madeira, ferro, aço, alumínio,
plástico – e vendidas em unidade. É bastante comum a subempreitada de esquadrias de alumínio
e ferro. São encomendadas ao serralheiro e só precisam chegar à obra na época de sua
instalação. Estas esquadrias, assim como as de aço e PVC, chegam à obra com suas respectivas
35
ferragens, as quais também devem ser especificadas em projeto, uma vez que a variedade de
modelos, acabamento e materiais é muito grande.
36
4.2.5.1 Cubagem
Devemos abrir uma ficha de memória de cálculo para cada tipo e tamanho de esquadria e
anotar as respectivas quantidades, especificando, nessa ficha, se a esquadria será montada
em obra ou se chegará pronta.
As ferragens são contadas por unidade e cada tipo deverá ter sua própria memória de cálculo.
É conveniente anotar, na memória, a qual esquadria a ferragem se destina (p. ex., porta dos
quartos do pavimento tipo).
Na composição de custos encontramos os insumos necessários à instalação da esquadria
completa. No caso de as ferragens não serem instaladas junto com as esquadrias, devemos
separar a composição em duas etapas.
37
As ferragens podem ser compradas com grande antecedência, aproveitando-se liquidações e
pontas de estoque, desde que fiquem muito bem guardadas no almoxarifado, pois, em sua
maioria, são facilmente furtáveis, requerendo pessoa de confiança para o recebimento e
imediato estoque no almoxarifado, de onde só devem sair mediante recibo. Ao recebê-las,
devem-se conferir as quantidades de cada modelo e acabamento e não retirá-las de sua caixa
original. As caixas com as ferragens não devem ficar em locais sujeitos a chuva, goteiras e
umidade.
4.2.6 Revestimentos
O chapisco tem a função de tornar a superfície dos elementos divisórios o mais rugosa possível, a
fim de conferir aderência ao revestimento que será colocado sobre ele.
O emboço tem diversas funções. Nas vedações externas, ele é um dos responsáveis pela
estanqueidade à água. Nas internas, pode ser, ele próprio, a última camada de revestimento para
38
servir de base para outros materiais: cerâmica, ladrilhos, mármore, granitos, pedras decorativas. A
argamassa para contrapisos tem a função principal de nivelar a laje, permitindo caimentos quando
forem necessários. Enquanto o chapisco e o contrapiso quase sempre são feitos de cimento e
areia, há uma grande variedade de insumos para produzirmos o emboço, em função dos materiais
naturais disponíveis em cada espaço geográfico e das tradições em construção.
Qualquer que seja a composição destes revestimentos, seu principal componente, o aglomerante,
reage com a água e, com os agregados, forma uma pasta densa e manuseável, que tem vida útil
pequena, endurecendo com o passar do tempo. Desta forma, assim como o concreto, ele deve
ser preparado em porções suficientes para o tempo de trabalho.
Tanto o chapisco quanto o emboço/contrapiso podem ser produzidos em obra – em betoneiras de
pequeno a grande porte, alugadas ou da própria empresa – ou virado à mão, em pequenas
quantidades de cada vez, para assegurar bom amassamento. Podem ser feitos a partir da
dosagem de cada um dos componentes ou de argamassas industrializadas. Também podem ser
adquiridos em usinas, e a logística para seu recebimento será idêntica à do concreto.
As ferramentas e os equipamentos mais comuns para a produção destes revestimentos são:
mangueira para descarga da mistura, dosadores, jericas, carrinhos de mão, pá, enxadas, baldes;
bombas de recalque, máquinas de aspersão de chapisco e emboço.
Os aditivos impermeabilizantes para emboço e contrapiso são bastante úteis em superfícies
sujeitas A chuva e/ou molhamento diário, como paredes de boxes. Ao chapisco também podemos
adicionar produtos que facilitam sua aderência ao substrato.
Quando preparamos as argamassas em obra, devemos ter os insumos necessários devidamente
armazenados na obra. A Tabela 3 apresenta alguns comentários sobre os insumos mais comuns
para esta produção, além do cimento, da areia, do pedrisco e da água, já citados para o concreto:
Tabela 3 – Insumos necessários à produção de argamassas
TEMPO DE
MATERIAIS APRESENTAÇÃO COMO ESTOCAR CONSIDERAÇÕES
ESTOCAGEM
Gesso Em sacos de 40 ou Empilhar sobre estrado 60 dias Empedra em contato
50 kg de madeira em local com a umidade e a
seco e fechado água
39
Aditivos Em garrafas, No almoxarifado. São De acordo com a O consumo diário
galões, baldes, latas produtos caros e informação do deve ser muito bem
passíveis de furto fabricante dosado para evitar
desperdício
Fonte: a autora.
A – Cubagem
As argamassas são sempre calculadas em metro cúbico de consumo, em relação à superfície que
vamos cobrir. Atenção às unidades: a área é em m2, mas os insumos devem ser calculados em
peso ou em metro cúbico. O chapisco deve ter, no máximo, 5 mm e o emboço, 20 mm de
espessura. Assim como o cimento, o gesso e a cal são comprados por sacos, portanto devemos
transformar o número de quilos em sacos. O saibro e a areola (arenoso) são vendidos por metro
cúbico. Os aditivos são calculados em função da água de amassamento e vendidos em litros,
galão, baldes e bombonas. Cuidado com a compra de grandes quantidades – estes produtos
devem ficar em suas embalagens originais muito bem fechados, ou perderão suas características.
B – Preparação
Recebimento do material: conferir o número de sacos e se não há algum já empedrado; cubar a
caçamba do caminhão e checar o teor de umidade dos outros insumos.
Transporte em obra: o ideal é que o caminhão tenha acesso ao barracão onde os sacos ficarão
estocados e às baias de areia, saibro, pedrisco etc. Não sendo possível, descarregam-se os
sacos diretamente em porta-pallets e os agregados, em um monte o mais perto possível do
barracão, aonde chegará levados por carrinhos e jericas.
Se as argamassas forem compradas usinadas, deve-se ter uma boa quantidade de serventes,
carrinhos de mão e jericas para a descarga, além do elevador de obra para o transporte vertical. A
melhor opção, neste caso, é o bombeamento da argamassa: a mangueira e a bomba de recalque
devem estar a postos para lançá-las ao pavimento onde serão utilizadas. É sempre bom ter um
conjunto de mangueira e bomba de recalque de reserva. As ferramentas serão pá, enxada,
colheres de pedreiro, réguas de alumínio para sarrafear o emboço, esponjas para o alisamento do
mesmo e baldes. Em qualquer situação, a grua, o guindaste e o elevador de obra facilitam o
transporte, diminuindo a necessidade de serventes.
C – Planejamento da execução
Tradicionalmente estes revestimentos são lançados aos substratos usando-se a colher de
pedreiro. A aplicação com máquinas específicas para este fim proporciona uma produtividade
quase três vezes maior. A área a ser revestida deve estar livre para movimentação dos
40
funcionários e o emboço deve estar seco. Deve-se prever montagem e desmontagem de
andaimes para as áreas internas e andaimes fachadeiros ou do tipo Jahu para as fachadas.
Antes de iniciarmos o serviço precisaremos instalar “guias” no substrato para mantermos
alinhamento, nivelamento e prumo nestes revestimentos a cada 2 metros. Chapisco e emboço
não devem ter a função de regularizar substratos!§
Os caixonetes das esquadrias também podem servir de guia, desde que tenham sido instalados
corretamente. O emboço deve ser iniciado somente após 24 horas de aplicação do chapisco.
Chapisco e emboço em tetos têm composição própria, em função da dificuldade maior com o
plano de trabalho.
Uma vez lançado, o chapisco estará pronto. O emboço poderá ter dois acabamentos, dependendo
se vai receber argamassa colante – quando deverá ser apenas sarrafeado, com régua de
alumínio, deixando-se o acabamento áspero (ver NBR 13755, ABNT, 1996) – ou se vai exercer
função de revestimento final, recebendo, no máximo, a pintura – quando deverá ser desempenado
com desempenadeira de madeira.
Os contrapisos deverão atender à sua principal função: regularizar as superfícies horizontais e
prepará-las para receber os revestimentos. Para tanto precisamos de caimentos em todos os
locais sujeitos ao recebimento de água: boxes, áreas de serviço, piscinas, terraços etc. Como não
devemos executar grandes espessuras de argamassa, se for necessária uma espessura maior
que 3 cm, fazê-lo em mais de uma demão.
4.2.6.2. Reboco
A massa de acabamento do emboço poderá ser branca, própria para receber tintas, ou colorida,
texturizada ou lisa. Deve ser sempre aplicada em camadas muito finas, com desempenadeira.
Como é um material de acabamento, quase sempre é aplicada pela equipe de pintura. Pode ser
preparada em obra, a partir de argamassas de gesso ou cal. Neste caso, todas as premissas
adotadas para estes materiais se repetem aqui. Também podem ser compradas prontas, em lojas
de materiais de construção. Estas massas industrializadas podem ser à base de resina PVA ou
resina acrílica. O produto à base de acrílico é especialmente indicado para áreas externas.
§
No caso de precisarmos de uma espessura de emboço maior do que três centímetros, deveremos fazer camadas sucessivas
(aguardando-se a cura da anterior) até atingir a espessura necessária. Em alguns casos vale mais a pena refazer o trecho de
alvenaria.
41
A – Cubagem
A composição de custos é feita em função da área a ser revestida. Os insumos devem ser
calculados em volume (litros, metro cúbico). A aplicação no teto possui composição própria.
B – Preparação
A massa de acabamento industrializada chega à obra em galões ou baldes de 18 ou 20 litros,
pronta para uso. Se formos preparar em obra, poderemos usar os mesmos equipamentos da
produção de emboço, seguindo a composição indicada.
C – Execução
A área a ser revestida deve estar livre para movimentação dos funcionários e o emboço, estar
seco. Observar se há paginação de cores/texturas diferentes, o que produzirá mais de uma
composição, e prever montagem e desmontagem de andaimes para as áreas internas e andaimes
fachadeiros ou do tipo Jahu para as fachadas.
A – Cubagem
Em m2 ou peças, dependendo da paginação. Devemos abrir uma ficha de memória de cálculo
para cada um dos acabamentos especificados – por material, cor, acabamento e tamanho. Em
paredes/pisos em que haja paginação bem definida (p. ex., tabeiras, tozetos etc.), contar o
número de peças – se forem em cerâmica, transformar este número em caixas, no caso das
peças maiores, ou em pacotes, no caso dos listelos, roda-tetos e tozetos. Devemos incluir
algumas caixas para reposição eventual, pois as cerâmicas podem sair de linha em seis meses
após seu lançamento. Observar a quantidade de recortes e a posição em que as cerâmicas ou
pedras serão colocadas – assentamentos fora do esquadro do ambiente consomem mais peças.
Não se esquecer de incluir os rodapés quando forem da mesma cerâmica do piso ou abrir uma
ficha exclusiva para eles quando forem de qualquer outro material. Nesta etapa também se deve
quantificar e planejar as soleiras, os peitoris, as bancadas de cozinha e o banheiro.
42
B – Planejamento da compra e recebimento
Deve-se comprar sempre um pouco além do que calculamos, mas tomando cuidado com as
quantidades de pavimentos tipo para não comprarmos em demasia.
No caso das cerâmicas, deve ser claramente especificado, na cotação de preços, que só serão
aceitas partidas diferentes quando cada uma delas contiver a quantidade mínima a ser utilizada
em um mesmo ambiente, para que não tenhamos o dissabor de encontrar tonalidades diferentes
em caixas diferentes.
A compra de produtos em “pontas de estoque” pode ser vantajosa se conseguirmos toda a
quantidade necessária para um mesmo ambiente, mas, neste caso, precisaremos comprar o
restante fora da “ponta de estoque”. O desconto obtido em tão pouca quantidade talvez não
compense o tempo despendido em duas compras. Além disso, sempre haverá o risco de
adquirirmos produtos fora de linha e, se por alguma desventura precisarmos adquirir mais, não o
encontraremos.
A compra de granitos, mármores e pedras ornamentais também exige seus cuidados. Peças
grandes não devem conter veios grosseiros, e placas de ardósias devem ter a mesma espessura.
Cuidado com os nomes destas pedras, pois cada fornecedor tem sua própria nomenclatura.
Devem-se enviar aos fornecedores os desenhos com as paginações, especialmente se forem
muito elaboradas. Os acabamentos devem ser claramente especificados, principalmente em pisos
que terão acabamentos diferentes na mesma peça.
A descarga não deve ser feita sob chuva, já que, uma vez molhadas, as embalagens de
cerâmicas perdem sua capacidade de contenção. Ao transportar para o depósito, assegurar-se de
que as faces polidas das pedras fiquem voltadas uma para a outra, jamais em contato com a face
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áspera. Tanto a cerâmica quanto as pedras devem ser estocadas em locais limpos e secos, onde
não corram risco de entrar em contato com ácidos ou graxas. As caixas de cerâmica devem ser
guardadas horizontalmente, respeitando-se o empilhamento máximo indicado pelo fabricante,
nunca ultrapassando a altura de 1,5 m. As pedras devem ser arrumadas em posição subvertical,
sobre papelão, ripas de madeira mole (exceto em materiais claros), isopor ou correias de
borracha.
Se recebermos cerâmicas de modelos/tamanhos/cores/tonalidades diferentes (lotes diferentes),
vale a pena despender tempo arrumando-as por suas características. O risco de misturar lotes
diferentes, ao retirarmos as caixas para o assentamento, pode resultar em retrabalho e
desperdício de recursos.
C – Planejamento da execução
Para qualquer um destes revestimentos, as tabelas oferecem composições diferentes para a
colocação em paredes e em pisos, dependendo, inclusive, do posicionamento das peças.
Devemos nos lembrar dos insumos que serão necessários: argamassas de assentamento, que
obedecerão aos prazos de aplicação para não empedrarem; rejuntes e sua limpeza com estopas
e esponjas; espaçadores. Todas as ferramentas devem estar dispostas no local do assentamento
– serra-mármore e discos, martelos de borracha etc.
4.2.7 Pinturas
Quando vamos executar o acabamento em pintura, é costume designarmos uma equipe de
pintores para o trabalho. É correto assim proceder, ainda que este serviço seja de mais fácil
execução em relação a muitos outros da construção, porque demanda cuidados nos acabamentos
e com os revestimentos já executados. Há uma grande variedade de tintas à disposição: desde a
obtida pela mistura de cal, água e corantes, muito antiga, até a de alta tecnologia, com
propriedades de impermeabilização e magnetismo. Também podemos escolher cores preparadas
em máquinas, que não estão disponíveis em linha comum.
4.2.7.1 Cubagem
Tintas e vernizes são calculados em função da área em que serão aplicados. A maioria dos
produtores disponibilizam catálogos, inclusive na Internet, nos quais podemos encontrar os
rendimentos de cada uma delas em função do substrato onde serão aplicadas. Também em
função dele precisaremos, ou não, de fundos preparadores (primers, seladores) e de solventes
para diluição.
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Devemos ter uma ficha de memória de cálculo para cada tipo de tinta, por cor e acabamento, e
medir todas as superfícies em que serão aplicadas (não esquecer dos tetos), além de transformar
a área total em litros de tinta/verniz/selador. A partir destes valores compraremos as tintas em
galões (3,6 litros) ou latas (18 litros). Existem embalagens menores, de ¼ e 1/8 de litro, para
serviços que demandem menor consumo.
Devemos listar, além das tintas, vernizes e seladores, todas as ferramentas e os materiais
necessários à execução do serviço: rolos de lã ou de espuma, rolos para acabamento texturizado,
bandejas grandes e pequenas, solventes para esmaltes e tintas a óleo, fita crepe para proteção de
superfícies contíguas que não serão pintadas, plásticos para cobrir os pisos, estopa, esponjas,
pincéis adequados a cada utilização.
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contratem estes serviços de empresas especializadas. Em qualquer dos casos, com mão de obra
própria ou subempreitada, a garantia de seu desempenho perante os usuários da edificação é da
construtora. Os reparos nestes serviços costumam exigir consertos em outros, gerando uma
quantidade grande de retrabalho. Assim, alguns cuidados devem ser observados em seu
planejamento.
4.2.8.1 Cubagem
Estes tratamentos são calculados em metros quadrados. A área a ser tratada, no caso de
impermeabilizações em pisos, deve incluir a altura para de rodapés (usualmente 30 cm). Nos
boxes, calcular a área de toda a parede que receberá umidade, até pelo menos 2 m de altura. Em
saunas úmidas, calcular todas as paredes e pisos (há quem impermeabilize até a laje de teto, o
que não será necessário se houver um bom caimento nela e se ela for revestida com materiais
impermeáveis, como cerâmica, borracha clorada etc.). Nas piscinas, incluir as calhas de retorno
ou, quando for do tipo “borda infinita”, o espaço necessário para a que o material tenha solução de
continuidade com o plano horizontal.
Isolamentos acústicos e térmicos devem ser calculados de modo que não existam “frestas” no
ambiente a ser isolado.
Uma vez calculada a área a ser tratada, devemos consultar os manuais dos fabricantes do
material a ser utilizado a fim de calcularmos as quantidades necessárias. Estes manuais (Sika,
Otto Baungarten, Denver, no caso das impermeabilizações) costumam listar todos os recursos
necessários ao serviço. Como os produtos são vendidos em garrafas, galões, baldes, tambores,
deve-se transformar o volume necessário em unidades comerciais.
As mantas são vendidas em rolos de 5,5 m x 10 m, mas devemos nos lembrar de que uma
unidade cobre 5 m2, e não 5,5 m2, em função do recobrimento para colagem.
Em serviços de reabilitação predial, sugere-se abrir ficha de memória de cálculo para todos os
recursos necessários ao tratamento da ferragem.
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Devemos definir quem removerá a terra de jardineiras, os revestimentos existentes no caso dos
isolamentos, as limitações de umidade do ar em função do material a ser utilizado, o horário de
trabalho, a proteção contra chuva, a remoção do entulho e os testes de estanqueidade, sem o que
não devemos dar aceitação aos serviços. A empresa subcontratada deverá nos fornecer um
atestado de garantia pelos serviços executados.
Os insumos que chegarem ao canteiro deverão ser armazenados em locais secos, e os materiais
de pequeno volume, como os tratamentos para ferragem, guardados no almoxarifado.
4.2.9.1 Cubagem
Qualquer que seja o material, os forros e coberturas serão quantificados em metro quadrado
(cuidado com os forros que acompanham os caimentos do telhado: a área a ser calculada é a
área do plano inclinado, e não a de projeção em planta). Em coberturas, transformar a metragem
em unidades/milheiro mediante o rendimento das telhas.
As estruturas (o telhado) deverão ter uma ficha de memória de cálculo para cada material – por
tamanho, seção e tipo de madeira, se for o caso. Pregos, parafusos e quaisquer outras peças
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necessárias deverão constar no nosso planejamento. Não havendo projeto executivo de telhado,
deve-se chamar o carpinteiro de telhado (no Rio de Janeiro há quem o chame de “telhadista”) e
pedir que ele faça uma lista o mais completa possível, inclusive das ferramentas e equipamentos.
Não se pode esquecer dos equipamentos de segurança individual e coletiva, posto que estes
serviços podem causar sérios acidentes por serem executados em altura.
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As louças são materiais também frágeis, mas de manuseio mais seguro. Os acessórios são
encontrados em uma grande variedade de usos, materiais, acabamentos e cores. Na etapa da
colocação dos acessórios devemos incluir a instalação dos acabamentos de registros de
chuveiros, torneiras etc.
4.2.10.1 Cubagem
Os vidros são especificados em função de suas dimensões, espessura, cores e texturas, devendo
também ser anotadas as formas de instalação; os acessórios, os metais (sifões, chuveiros,
duchas, torneiras, saboneteiras, papeleiras, cabides, armários, acabamentos de registros, tampas
de ralos) e as louças, por unidade. Deve haver uma ficha de memória para cada um deles.
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Bibliografia recomendada
AGOPYAN, V.; SOUZA, U. E. L.; PALIARI, J. C.; ANDRADE, A. C. Alternativas para a redução
do desperdício de materiais nos canteiros de obras. Relatório final. São Paulo: EPUSP, 5 v.,
1998.
SOUZA, U.; Lemes E. Como reduzir perdas nos canteiros. Manual de gestão do consumo de
materiais na construção. 1. ed. São Paulo: Editora PINI.
SKOYLES, E.R. Site accouting for waste of materiais. Building research establishment. CP
5/78, 1976.
TCPO Modelato. Tabela de composição de preços de obras. São Paulo: Editora PINI, 2011.
VIEIRA, H. F. Logística aplicada à construção civil. 1. ed. São Paulo: Editora PINI.
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