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Elaborado por:
Pedro Brandão (2º Ano)
QUÍMICA FARMACÊUTICA: DAS MOLÉCULAS AOS
FÁRMACOS
A Química Farmacêutica é uma ciência independente que se relaciona
intimamente com outras disciplinas, tratando-se portanto de uma ciência multi-, inter- e
transdisciplinar.
Definição:
1
Há 3 grandes períodos históricos na evolução deste tipo de ciência:
2. 1950 – 1980
- menor contributo do acaso/sorte e maior racionalização
- cooperação entre químicos e biólogos
- maior preocupação em saber o que se passa a nível molecular
- a investigação sobre fármacos incide no composto Líder – o principio activo
isolado – o qual é modificado quimicamente até poder ser utilizado como fármaco
- metodologia: tentativa-erro.
Optimização Molecular
2
com o mesmo modo, ou semelhante, de tratar uma doença (esta envolve um conjunto
de mecanismos bioquímicos interdependentes, e este paradigma ao “dissociar-se” da
fisiologia, falha!)
Interacção especifica
Substância Alvo/Mecanismo Selectividade
EFICÁCIA
TERAPÊUTICA
- em glóbulos vermelhos.
- produção de hematina mata o parasita; contudo este tem um mecanismo de
destoxificação que consiste em polimerizar a hematina, formando a hemozoína
(junção de dímeros).
- fármacos com actividade anti-malárica podem actuar a nível desta
polimerização (receptores putativos complementares ao potencial electrostático).
- as xantonas apresentam este tipo de complementaridade.
1. Descoberta
- encontrar hits
- gerar lideres a partir de hits.
2. Desenho
- optimizar hits até obter candidatos a fármacos (melhorar farmacocinética e
farmacodinâmica)
3. Desenvolvimento
- transformar um fármaco candidato num fármaco viável clinicamente (ensaios
clínicos, regulamentação)
3
HIT seleccionado:
“Drug-Like” HIT:
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Regra de 5 de Lepinski
Optimização
- A: construção de análogos estruturais;
- B: avaliação da actividade;
- C: determinação de parâmetros bio-físico-químicos.
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B. Optimização da farmacocinética (acesso ao alvo)
- melhorar a absorção (modificar polaridade e/ou pKa)
- inibir ou promover o metabolismo
- aumentar a selectividade
- utilizar pró-fármacos
- associar fármacos
- utilizar substâncias endógenas.
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QUÍMICA MEDICINAL
A Química Medicinal está relacionada com a invenção, descoberta, design,
identificação e preparação de compostos biologicamente activos, assim como com o
estudo do seu metabolismo, interpretação do seu modo de acção a nível molecular e o
estudo da relação estrutura-actividade.
Fármaco:
Fármaco é uma substância pura, quimicamente definida, extraída de fonte
natural ou obtida por síntese dotada de actividade biológica e que poderá ser
aproveitada pelos seus efeitos terapêuticos.
Medicamento:
Medicamento é toda a substância (ou mistura) fabricada, vendida, posta à
venda ou recomendada para tratamento, alívio, prevenção de sintomas ou diagnóstico
de uma enfermidade ou estado físico anormal e para o estabelecimento, correcção ou
modificação de funções orgânicas no Homem ou em animais.
Desenvolvimento de um fármaco:
1. Descoberta de uma nova molécula líder; ensaios in vitro (tenta recriar condições in
vivo)
2. Ensaios em animais
3. Ensaios clínicos (Fase 1: segurança e farmacocinética; Fase 2: dose-efeito; Fase 3:
eficácia comparada (placebo/produto de referencia))
4. Comercialização (Fase 4: farmacovigilância e fármaco-epidemiologia)
5. Patente
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O que se passa a nível celular e molecular?
Comunicação Intercelular
ALVOS
A nível estrutural:
1 . Receptores:
- de membrana
- intracelulares
- nucleares
Não envolvem reacção química: o mensageiro liga-se ao local activo, há
alteração conformacional do receptor e a mensagem é passada, sendo que o receptor
saí deixando o receptor intacto.
2. Enzimas
Envolvem reacção química.
3. Canais Iónicos
Podem formar poros hidrofílicos e funcionar como alvos para anestésicos
locais.
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4. Transportadores
São muito usados como alvos de antidepressivos, porque bloqueando o
transportador que recoloca os neurotransmissores no neurónio pré-sináptico, vamos
conseguir aumentar a concentração destes na fenda sináptica.
A Glicoproteína P (Pgp) é uma bomba de efluxo para retirar compostos tóxicos
(e por vezes fármacos) do interior da célula pelo que o seu bloqueio é útil como
anticancerígenos.
5. Ácidos Nucleícos
(Doxorrubicina e Daunorrubicina, derivados da Idarubicina)
6. Mitocôndrias.
Ainda não é muito usado como alvo, mas poderá ser muito útil no tratamentos
de doenças tumorais, neurodegenerativas e prevenção de cardiopatias.
A nível molecular:
1. Proteínas
- Receptores
- Enzimas
- Transportadores
- Estruturais (tubulina) – a tubulina é um dos constituintes do citoesqueleto,
constituído por microtúbulos; em situações tumorais ou neurodegenerativas há
problemas na tubulina, pelo que está pode ser um alvo (Taxol estabiliza microtúbulos e
há morte celular – anticancerígeno; Vinblastina destabiliza os microtubulos e destrói
células tumorais)
2. Lípidos
Alvos para anestésicos gerais.
3. Carbo-hidratos
Glicoproteínas/Glicolípidos = Glicoconjugados
Funcionam como etiquetas à superfície da membrana, porque permitem o
reconhecimento.
4. Ácidos Nucleícos
No Homem, fármacos que actuam no DNA enquanto agentes antitumorais; em
bactérias fluoriquinolonas formam complexos com o DNA e topoisomerase.
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RECONHECIMENTO MOLECULAR
Pequenas moléculas:
- substrato
- ligandos
- fármacos
Tipos de interacções:
1. Electrostáticas
- ião-ião
- ião-dipolo
- dipolo-dipolo
2. Ligações de H (dipolo-dipolo)
3. Hidrofóbicas
- entre duas cadeias apolares ou dois aromáticos.
- induzem dipolos instantâneos.
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4. Complexos de transferência de carga
- empilhamento ∏.
- depende dos substituintes (NO2 – retirador de densidade electrónica; CH3 –
dador)
Interacções covalentes:
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Mudanças Conformacionais
Fármacos:
HIT:
Geralmente, o HIT ideal é aquele que consiste num ligando com uma ligação
não covalente, reversível, com alta afinidade e que depois poderá ser convertido num
bom líder, com grande probabilidade de optimização.
LÍDER:
- Extracção de compostos;
- Identificação;
- Ensaios in vitro;
- Selecção do HIT;
- Maior variedade estrutural;
- Determinação da REA (relação estrutura-actividade);
- O HIT tem de ser optimizado para chegar ao Líder (“filtros”);
- O Líder (que geralmente parte do HIT) ainda tem de ser optimizado para
chegar a fármaco
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O Ácido Salicílico
13
Metabolização e Eliminação – após exercerem a sua actividade ou durante a
distribuição (a última etapa não é obrigatória).
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Quanto menor for o valor de KD maior será a afinidade do fármaco para o
receptor e maior a concentração do complexo F-R. Está relacionado com a Potência
do fármaco.
Fármaco Ideal
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FACTORES QUE INFLUENCIAM A ACTIVIDADE DE FÁRMACOS
1. Propriedade Físico-Químicas
Hidrofilicidade:
É a tendência que um determinado composto exibe para ser solvatado pela
água (relaciona-se com ligações de H e ião-dipolo)
Hidrofobicidade:
Traduz-se pela associação de grupos ou moléculas não polares num ambiente
aquoso e que surge na tendência exibida pela água para excluir moléculas não
polares.
Lipofilicidade:
Representa a afinidade de uma molécula ou porção dela para um ambiente
lipofilico. É habitualmente medida pelo seu comportamento de distribuição num
sistema bifásico, seja líquido-líquido (ex: coeficiente de partilha em 1-octanol/água) ou
sólido-líquido (ex: retenção em HPLC ou num sistema de TLC).
- Solubilidade (Lipofilicidade):
Log P = log [fármaco] óleo / [fármaco] água
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- Apenas a forma não ionizada (sem carga) é que consegue atravessar as
membranas, já que a forma ionizada é solvatada pela água.
- Grande parte dos fármacos contém grupos amina.
- Forma ionizada facilita a distribuição em meio aquoso, bem como as interacções.
A pH fisiológico 7,4:
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2.3. Quiralidade
Nos mamíferos, os aminoácidos que constituem os alvos são constituídos por
L-aa (quirais) pelo que podem actuar de forma diferente ou até mesmo discriminar
certos enantiómeros → Enantiosselectividade. Esta enantiosselectividade encontra-se
portanto muito presente em fenómenos enzimáticos, processos metabólicos e
interacções receptor-mensageiro/fármaco. A quiralidade neste contexto é então tida
como uma propriedade intrínseca das moléculas.
Os enantiómeros caracterizam-se por serem estruturas não sobreponíveis, que
são o objecto/imagem no espelho e por ausência de um plano de simetria.
É preciso ter em conta que existem moléculas quirais sem centros
estereogénicos (os designados atropisómeros – exemplo: 2 anéis aromáticos com 2
grupos volumosos em cada anel, que se encontram ligados por uma ligação simples,
não pode rodar totalmente).
Os enantiómeros apresentam propriedades físicas e físico-químicas idênticas
excepto na rotação específica.
R ou S
- Situação ideal, contudo pouco comum.
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R=S
- Situação pouco comum (Prometazina é um anti-histamínico).
R≠S
- É o caso do Propoxifeno
- Da Cetamida e da Penicilamina
- E um dos casos mais divulgados é o da Talidomida, uma vez que foi comercializada
na forma racémica e depois descobriu-se que a (R)-(-)-Talidomida tinha uma acção
sedativa e a (S)-(+)-Talidomida uma acção teratogénica. A administração do
enantiómero R puro não é viável uma vez que à racemização reversível dos
enantiómeros no organismo.
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R<S/R>S
- Trata-se da situação mais comum, e os 2 enantiómeros têm o mesmo tipo de
acção terapêutica contudo um é muito mais activo – o Eutómero – em comparação
com o outro – o Distómero. Ou seja, só muda a acção em termos quantitativos.
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Fármacos enatioméricamente puros patenteados nos últimos anos (“Quiral
Switching”):
Resolução de enantiómeros
- Método Indirecto
A uma mistura de enantiomeros adicionamos reagente opticamente puro, que
origina uma mistura de diastereoisómeros (que têm propriedades físico-químicas
diferentes). De seguida, é efectuada uma separação convencional, por exemplo, por
cristalização, cromatografia, destilação, etc. Depois de separados os
diastereoisómeros, faz-se uma reconversão e obtemos então os enantiómeros
separados.
É um processo demorado e com muitos critérios. É preciso ter em atenção que
quando o reagente não apresenta 100% de pureza óptica, obtemos pares de
enantiómeros.
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- Método Directo
Trata-se de um processo cromatográfico, em que se efectua uma eluição por
coluna (não convencional), em que esta tem de ser quiral para separar os
enantiómeros – selector quiral (na fase estacionária ou móvel).
- Selector quiral + enantiómero = complexo diastereoisómerico (transitório).
Selector quiral: componente quiral do sistema de separação capaz de
interactuar de forma enantiosselectiva com os enantiómeros a serem separados.
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FEQ Tipo I
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METABOLISMO
Xenobióticos:
Todos os compostos estranhos/exógenos ao organismo que não
desempenham funções fisiológicas, ou seja, após exercerem a sua acção têm de ser
excretados.
1. Reacções de Fase I
- São reacções de funcionalização;
- Aumentam a polaridade e alteram os grupos funcionais.
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1.1. Oxidação
- Envolve/exige presença de C, N ou S;
- Catalizada pela Citocromo P450 e por várias oxidases que promovem
reacções de hidroxilação ou epoxidação em vários substratos;
- Oxidases de função mista (requer O2 e NADPH – agente redutor).
- Origina a formação de epóxidos, que são altamente reactivos e não raras vezes
tóxico/cancerígeno.
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1.1.4. N-Oxidação
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1.2. Redução
- Envolve/exige grupos carbonilo, nitro, azo ou sulfóxido.
- Catalizada por várias reductases e são reacções mais raras que as
oxidações.
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1.3. Hidrólise
- Envolve/exige ésteres ou amidas e as reacções são catalizadas por esterases
e amidases consoante o substrato (estas últimas promovem as reacções de uma
forma mais lenta).
- Os ésteres originam um álcool e um ácido carboxílico.
- As amidas originam uma amina e um ácido carboxílico.
2. Reacções de Fase II
- São reacções de síntese.
- São reacções de conjugação (da molécula do fármaco ou de um seu
metabolito da Fase I com uma molécula endógena polar (ácido glucurónico, sulfato,
aminoácidos, glutationa).
- Há fármacos que não precisam de fase I.
- Catalizadas por várias transferases.
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Substrato (xenobiótico) Reagente Endógeno Reacção de Conjugação
Ác. carboxílicos, álcoois,
Ác. glucurónico Glucuronidação
fenóis, aminas
Álcoois, fenóis, aminas Sulfato Sulfatação
Aminas Acetil-CoA Acetilação
Fenóis, aminas, tióis S-adenosinametionina Metilação
Ác. carboxilicos Glicina, glutamina
Epóxidos, óxidos de areno,
compostos clorados, glutationa
quinona-imina
2.1. Glucuronidação
- É das mais frequentes;
- Enzima: UDP-glucuronosiltransferase.
2.2. Sulfatação
- Enzima: sulfotransferase;
- Ocorre no ácido salicílico.
2.3. Acetilação
2.4. Metilação
Consequências:
- Moléculas aquirais podem ser transformadas em metabolitos quirais;
- Dois enantiómeros podem dar origem a dois metabolitos diferentes, por
passos metabólicos diversos;
- Um racemato pode sofrer metabolismo como se se tratasse de 2
xenobióticos, em que cada enantiómero tem a sua farmacocinética e farmacodinâmica
própria.
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Caso: Propanolol (quiral; racemato)
Locais de Metabolismo:
- Fígado;
- Rins e Intestinos (Fase II);
- Sangue e Plasma (hidrólise de amidas e ésteres).
1. Dose
2. Via de Administração
Exemplo:
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3. Idade
4. Certas Patologias
6. Factores Genéticos
7. Espécie
8. Sexo
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DESCOBERTA DE UM COMPOSTO LÍDER…
Bioensaio
1. Produtos Naturais
- Origem vegetal (mais significativa);
- Origem marinha;
- Compostos de bactérias e fungos (ex: penicilina);
- Venenos e toxinas de origem animal.
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TAXOL
Actua a nível dos microtúbulos, apresentando act.
antitumoral.
Foi isolado em 1969 e introduzido na terapêutica
em 1994. Extraído a partir do Teixo (Taxus
baccata).
PENICILINA
Toxinas
(+) - Epibatidina é líder para analgésicos fortes. É obtida através de uma
espécie de rã.
Venenos
O veneno da jararaca (uma serpente), formado por péptidos, podem ser
usados enquanto agentes anti-hipertensores, tendo uma actividade inibitória sobre a
ECA.
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Os produtos naturais podem portanto ajudar a resolver problemas no
reconhecimento molecular.
2. Síntese
Há 3 métodos sintéticos:
Exemplo:
Kielcorinas (xantonolignóides) = Xantona + álcool
E nvolve reacções de acoplamento oxidativo.
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- Processo mais rápido e mais barato;
- Sabe-se a estrutura o que nem sempre ocorre em extractos naturais;
- A síntese em fase sólida usa resina insolúvel à qual se liga o produto final;
- Pode envolver síntese em conjunto ou em paralelo (individual mas
simultânea).
NOVOS FÁRMACOS
Serendipismo
- Descobertas “acidentais”.
- É o caso da descoberta das penicilinas, por contaminação de uma placa com
Staphylococcus aureus com Penicillium notatum.
1. Clássicas
As estratégias clássicas usam moléculas naturais como modelo para novos
fármacos. É o caso da utilização da morfina, a sua conversão em Meperidina, entre
outros analgésicos opióides; e da cocaína, cuja conversão em Procaína leva à
obtenção de um anestésico local.
Pode ocorrer Screening de intermediários de síntese, que possuem
“semelhança molecular” com os compostos bioactivos e que são sujeitos a ensaios
biológicos e/ou farmacológicos. Ocorre por exemplo na conversão de quinazolina
(benzodiazepina) em clordiazepóxido, que é um tranquilizante. Deste composto foi
desenvolvido o Diazepam (Valium®).
Outra estratégia é a melhoria de fármacos já existentes, na qual, conhecendo-
se o princípio activo, se desenvolvem-se novas moléculas, tendo por principais
objectivos aumentar a potência, melhorar a especificidade e aumentar a segurança.
Geralmente há 3 tipos de intervenção que podem ser efectuadas em fármacos já
existentes:
1. Pequenas alterações – mascarar sabor, novas formas de administração,
aumento da duração da acção, aumento da potência (novas moléculas Pró-fármacos);
2. Exploração dos efeitos laterais – desenvolvimento de novas moléculas com
a mesma aplicação terapêutica e menos efeitos secundários ou a transformação de
um efeito secundário numa aplicação terapêutica útil;
3. Fase I das vias metabólicas – com origem de novos compostos bioactivos
(metabolitos activos).
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A exploração dos efeitos secundários levou ao aparecimento de inúmeros
fármacos, tal como a Tolbutamida (a partir da Carbutamida), de anti-hístaminicos H1
clássicos (Fenbenzamina, Prometazina, Difenidramina), assim como do Sildenafil
(Viagra). Este último foi inicialmente concebido como agente anti-hipertensor e
antianginoso inibidor da fosfodiasterase (PDE-5), contudo não mostrava os efeitos
desejados durante os ensaios clínicos.
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2. Planeamento Racional
Este baseia-se na estrutura da pequena molécula ou na estrutura da
biomacromolécula, implicando o conhecimento a nível molecular dos processos
fisiológicos e bioquímicos associados a uma dada patologia e envolve ensaios in vitro
e in vivo adequados e fiáveis.
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Angiotensina II é o agente hipertensor e o veneno contém péptidos que
impediam a formação desta, nomeadamente o teprotide (9 aa). A ECA é uma
zincometaloproteinase difícil de isolar. Usando o teprotide como líder de série, chegou-
se ao fármaco Captopril, IECA de natureza não peptídica e o primeiro a poder ser
administrado por via oral.
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ESTRATÉGIAS E METODOLOGIAS
DE MODIFICAÇÃO MOLECULAR
Modificação Molecular:
Pode ser usada para:
- tornar um “hit” em líder;
- optimizar um líder;
- proceder a estudos de relação estrutura-actividade;
- contribuir para a identificação do farmacóforo;
- modular a actividade de um fármaco (aumentar a potência, alterar
sabor, modificar biodisponibilidade ou farmacocinética, etc).
2. Associação Molecular
- União de duas estruturas com uma determinada actividade com o objectivo de
a potenciar;
2.1. Adição Molecular
- Implica a associação de moléculas diferentes por ligações débeis, de
natureza electrostática.
2.2. Replicação Molecular
- Envolve a associação covalente de unidades idênticas.
2.3. Hibridação Molecular
- Associação covalente de duas ou mais unidades diferentes.
3. Replicação Moduladora
- É a estratégia mais frequente;
- Substituição ou introdução de determinados grupos, segundo critérios
determinados, tendo como base um composto líder;
- Alteração das propriedades físico-químicas dos compostos (pka, polaridade,
flexibilidade).
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No planeamento de análogos é importante considerar:
- Evitar introduzir demasiadas modificações na molécula líder simultaneamente;
- Alterações estruturais simples na molécula líder originam informação útil;
- A acessibilidade sintética das moléculas.
Uma cadeia fléxivel, por anelação, pode apresentar a mesma actividade, mas
está mais rígida.
A abertura de um anel geralmente leva a alteração da actividade.
2. Introdução de insaturações
- Aumento da rigidez molecular;
- Modificação das propriedades físico químicas;
- Possibilidade de alteração das propriedades farmacológicas.
Princípio da Vinilogia
Dois substituintes (X e Y) unidos por uma cadeia vínilica, polivinílica ou anel
benzénico comportam-se, sob o ponto de vista electrónico, como se estivessem
unidos directamente.
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Quando a acção farmacológica está ligada ao efeito electrónico, a actividade
mantém-se nos vinílogos do composto de referência.
Interrupção da conjugação
3. Homologia
Série homóloga: uma série de compostos que diferem uns dos outros por uma
unidade repetida, geralmente um grupo metileno.
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5. Isosterismo
Numa molécula activa, a substituição de um átomo ou grupo de átomos por outro que
apresente um arranjo electrónico e estérico comparável é baseada no conceito de
isosterismo.
Isosterismo Clássico:
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Expansões do conceito de isosterismo de Erlenmeyer:
- Todo o grupo de elementos presente numa dada coluna da tabela periódica;
- Grupos que, à primeira vista, parecem totalmente diferentes mas, que na
prática, possuem propriedades similares (-Cl, -CN, -SCN);
- Equivalentes anelares.
Conceito de Bioisosterismo
- Friedman: “Bioisósteros são compostos que correspondem à definição mais
larga de isóstero e têm o mesmo tipo de actividade biológica, mas que exibam
propriedades opostas (antagonistas)”.
- Thornber: “Bioisósteros são grupos de moléculas que têm semelhanças
químicas e físicas e produzem, de um modo geral, efeitos biológicos similares”.
Análodos de
Meperidina
(Hipnoanalgésico)
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3. Substituição de átomos ou grupos trivalentes
- Antidepressivos tricíclicos
4. Equivalentes anelares
- Sulfonamidas antibacterianas
- Anti-histamínicos H2
Procaína Procaínamida
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5.3. De amidas e péptidos
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Alterações resultantes de Substituições Isostéricas
1. Parâmetros Estruturais
Respeitantes à forma global da molécula, são importantes quando a porção da
molécula envolvida na substituição isostérica serve para manter determinados grupos
funcionais numa geometria particular.
2. Parâmetros Electrónicos
3. Parâmetros de Solubilidade
Quando o grupo funcional envolvido na mudança isostérica desempenha um
papel importante na absorção, distribuição e excreção da molécula activa, é preciso ter
em atenção os parâmetros hidrofilia-lipofilia.
HIT
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Adição de grupos lipofílicos volumosos.
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MODULAÇÃO FARMACOCINÉTICA
Ex: lipófilo em
solução aquosa.
Ex: acumulação
em tecidos não
terapêuticos.
Pró-Fármacos
Enzimática ou
Química (ex:pH)
Pró-fármaco é…
- qualquer composto que sofre biotransformação antes de exibir a respectiva
actividade farmacológica;
- considerado como fármaco contendo grupos “protectores” não tóxicos,
usados de uma forma transitória, para alterar ou eliminar propriedades indesejáveis da
molécula base.
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Melhor aceitabilidade
Melhor biodisponibilidade
Efeito de 1ª passagem.
Tipos de Pró-Fármacos
- Com Carregador
- Bipartido Mútuo
- Tripartido O fármaco é obtido in vivo
- Bioprecursores
Exemplos:
- Prontosil;
- Estradiol;
Act. estrogénica
Maior duração da
acção porque há
aumento da lipofilia,
o que dificulta a
absorção.
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- Cloranfenicol
Antibiótico
Pró-fármaco Mútuo
- Corresponde à associação numa única molécula de 2 fármacos, geralmente
sinergistas, em que um deles funciona como carregador para o outro e vice-versa.
Exemplos:
- Benorilato
Paracetamol
Ácido
Acetilsalicílico
Pró-fármaco Tripartido
- O carregador está ligado ao fármaco activo por uma ponte química. Ocorre
geralmente quando o carregador é demasiado estável ou demasiado frágil.
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Pró-fármaco tripartido mútuo
Exemplo:
- Penicilina associada a um inibidor de β-lactamases
Pró-fármacos Bioprecursores
- Não implica ligação a um grupo carregador, mas resulta de uma modificação
molecular de um composto.
- Esta modificação gera um novo composto, com capacidade de ser
transformado metabólica ou quimicamente, sendo o composto resultante o próprio
composto activo.
Via oral Injectável
Obtenção de pró-fármacos
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Exemplo:
Metilprednisolona (R=H)
- corticoesteróide;
- aumenta lipofilicidade com acetato (R=COCH3);
- aumenta hidrofilicidade com succinato sódico
(R=COCH2CH2COO- Na+).
Tamiflu
- anti-viral;
- pró-fármaco – éster;
- composto activo (g. carboxílico) – maior interacção com receptor.
2. Pró-fármacos de Aminas
Exemplo:
Eritromicina
- tem sabor amargo e é alterada em pH ácido.
- o pró-fármaco, formado por esterificação, leva a um melhor sabor e maior
estabilidade em meio ácido, assim como a uma maior lipofilia, facilitando a absorção.
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Progabide
- anticonvulsionante;
- pró-fármaco muito lipófilo porque precisa de atravessar a barreira
hematoencefálica.
Exemplo:
PGE2
- havia problemas no armazenamento, uma vez que o composto sólido se
liquefazia;
- a formação de um acetal origina um sólido estável.
Modulação Metabólica
- Suprimir o metabolismo:
- Fármacos de eliminação rápida; Fármacos “duros”/”Hard Drugs”
- Fármacos resistentes à metabolização.
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Obtenção de fármacos “duros”
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Uma forma de evitar/minimizar os problemas de toxicidade relacionados com o
metabolismo oxidativo é através da criação de fármacos activos com o metabolismo
controlável e previsível que originem metabolitos não tóxicos depois de produzir o
efeito farmacológico adequado.
Os fármacos “brandos” funcionam quase como o oposto dos pró-fármacos,
uma vez que o fármaco administrado está na sua forma activa e o metabolismo leva a
produtos não tóxicos.
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QUIMIOTERAPIA
Definição:
Utilização de fármacos para combater (matar ou inibir o crescimento)
organismos estranhos (bactérias, parasitas, vírus, protozoários, metazoários) e células
aberrantes (células cancerígenas).
Baseado no princípio da quimioterapia, originalmente o conceito de “bala
mágica” de Ehrlich, sendo que os principais agentes quimioterápicos são:
- Antibacterianos;
- Antifúngicos;
- Anti-parasitários;
- Antivirais;
- Anticancerígenos;
- Imunomoduladores.
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Outro conceito a ter em conta é o conceito de “Reacções Adversas”, que podem ser:
- Alérgicas;
- Biológicas;
- Tóxicas.
Para uma mesma dose de fármaco, que deveria ter actividade terapêutica, por vezes
verifica-se a ausência desta actividade. Isto indica que foram desenvolvidos
“Mecanismos de Resistência”, tais como:
- Alteração do uptake do fármaco que pode dever-se, por exemplo, a alteração
da carga da membrana;
- Overprodução ou alteração da enzima alvo;
- Produção de uma enzima destruidora do fármaco (ex: β-lactamases);
- Depleção da enzima que activa o pró-fármaco;
- Overprodução do substrato da enzima alvo (competição impede que o
fármaco iniba a enzima);
- Nova via de formação do metabolito para enzima alvo.
SULFAMIDAS ANTIBACTERIANAS
Em termos históricos, a primeira sulfonamida foi obtida por Gerhard Domagk
em 1935, obtida a partir do Prontosil, utilizado para infecções estreptocócicas). Em
1948 já haviam sido identificadas 4500 novas sulfamidas.
Metabolismo do Prontosil
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Síntese de Azocompostos
Síntese da Sulfanilamida
1º Passo:
I) Sulfonação da acetilanilida;
II) Formação do cloreto de p-acetamidobenzenosulfonilo.
2º Passo:
Síntese da p-acetamidobenzenosulfonamida.
3º Passo:
Síntese da p-aminobenzenosulfonamida.
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Nomenclatura das Sulfamidas
Relação Estrutura-Actividade
R1
- Grupo amino na posição para é essencial, pelo que não deve ser substituído;
- Quando num pró-fármaco este é substituído, in vivo tem de estar livre;
- Anel aromático e grupo sulfonamido, sendo que o anel só pode ser para-substituído.
R2
- Forma activa = ionizada;
- Substituição ↑ 2-6 X, monossubstituído por heterocíclicos e aromáticos;
- ↓ sulfona, carboxamida e cetona.
59
- De rápida acção ou acção intermédia (rapidamente absorvidas e eliminadas).
60
As sulfamidas de rápida eliminação são geralmente utilizadas em infecções urinárias.
In vivo
61
Mecanismo de Acção
62
Há cofactores/coenzimas que são importantes para a síntese de piridina (dos
ácidos nucleicos), uma vez que estes transferem um átomo de carbono para a síntese
desta molécula. As sulfamidas vão inibir a produção destes cofactores.
A vantagem do uso destes compostos é que, como pode ser visto pelo
esquema anterior, o Homem apresenta uma via alternativa para sintetizar os
cofactores, pelo que as sulfamidas apresentam uma toxicidade selectiva, uma vez que
a enzima diidropteroato sintetase apenas existe nas bactérias. O
Metotrexato/Trimetropim actua numa enzima comum aos dois organismos, a
diidrofolato redutase, contudo apresenta maior afinidade para a das bactérias, pelo
que a sua acção se baseia em diferenças qualitativas.
63
Podemos então caracterizar as Sulfamidas Antibacterianas da seguinte forma:
- Antimetabolitos clássicos;
- Similares ao substrato (PABA);
- Inibidores Competitivos (inibição reversível);
- Toxicidade selectiva;
- Actividade bacteriosctática.
Anidrase Carbónica
Esta enzima é responsável pela manutenção do balanço iónico e aquoso entre
os tecidos e a urina e degrada o CO2.
64
Trata-se de uma metaloenzima, tendo o ião Zn2+ em 4 resíduos de histidina e
ainda uma molécula de água.
Nesta imagem vemos o que ocorre quando a enzima não é inibida. Neste caso,
o Na+ acompanha HCO3-, sendo que este último é reabsorvido, enquanto que o Na+ é
trocado por H3O+ ou K+.
65
Na imagem que se segue vemos o que ocorre quando a AC é inibida, que leva
a diminuição do H+ e HCO3-, sendo que tanto este último e o Na+ não são
reabsorvidos. Ocorre ainda excreção de Na+ (e K+) H2O em grandes quantidades
(efeito osmótico) aumentando portanto a diurese. O HCO3- é eliminado pela urina o
que leva à sua alcalinidade.
66
Este composto é a Carbutamida, que provoca convulsões por hipoglicemia.
Tornou-se então num composto líder que através de modificações moleculares foi
transformado em sulfamidas hipoglicemiantes (importantes no tratamento da diabetes
tipo II sobretudo).
Estas sulfamidas hipoglicemiantes são também designadas por sulfonilureias,
sendo que da sua metabolização origina a formação de compostos activos (não
administrar a doentes com problemas hepáticos). Dos compostos abaixo, verificou-se,
por exemplo, que a troca de CH3 por Cl aumenta o tempo do composto na corrente
sanguínea.
67
Antibióticos β-Lactâmicos
Por definição, os Antibióticos são compostos químicos específicos derivados de
organismos vivos ou produzidos por eles, bem como análogos estruturais obtidos por
síntese, capazes de inibir, em baixas concentrações, processos vitais de outros
microrganismos.
2. Química:
- β-lactâmicos clássicos:
- Penicilinas; Estes compostos inibem a
- Cefalosporinas. síntese da parede celular
- β-lactâmicos não clássicos: bacteriana, sendo
- Tienamicinas; Bactericidas.
- Norcadicinas;
- Monobactâmicos;
- Ácido clavulânico.
- Aminoglicosídeos;
- Tetraciclinas;
- Macrólidos;
- Cloranfenicol;
- Quinolonas.
PENICILINAS Naturais
68
As penicilinas possuem dois tipos de nomenclatura: sistemática e simplificada.
69
Síntese (ou semi-síntese) do 6-APA:
70
- diversificar a via de administração;
- melhorar as propriedades farmacocinéticas;
- aumentar a resistência ao pH ácido;
- aumentar a resistência às β-lactamases;
- alargar o espectro de acção.
71
No caso da Meticilina, embora resistente às penicilases, não é resistente a pH ácido.
72
1) Aminopenicilinas (Penicilinas de largo espectro)
Estas penicilinas são resistentes a ácidos, não são tóxicas, são sensíveis às β-
lactamases e têm fraca absorção a nível intestinal.
73
3) Ureídopenicilinas (também Penicilinas de Largo Espectro)
2) Ésteres
- Obtenção de pró-fármacos por esterificação:
- hidrolisados enzimaticamente após absorção pela mucosa intestinal a
fármaco activo.
74
CEFALOSPORINAS
Trata-se do 2º maior grupo, e verificou-se que o composto sintetizado pelo
Cephalosporium acremonium, a Cefalosporina P1 (esteroídica) não tinha actividade
anti-bacteriana.
O segundo composto, a Cefalosporina N (Penicilina N) verificou-se que não
apresentava grande actividade anti-bacteriana.
Por sua vez, a Cefalosporina C, com cadeia lateral distinta das penicilinas, bem
como um anel diferente, embora apresentasse baixa actividade, tinha uma maior
resistência às lactamases a baixo pH, transformando-se no composto líder.
75
No caso da inactivação por acção de H+/esterases, verifica-se a redução do
grupo acetoximetilo (bom abandonador), que leva à formação de um álcool ou cetona
(inactivos).
A REA deste tipo de compostos indica que o átomo de enxofre não é essencial,
contudo é essencial:
- o anel β-lactama e o sistema biciclo;
- o grupo carboxilato ionizado na posição 4;
- a cadeia acilamino na posição 7;
- a estereoquímica dos grupos e do anel biciclo é importante (cis).
76
- Carboiloximetilo
- aumenta a estabilidade metabólica e os níveis séricos.
- Metilo
- aumenta a estabilidade metabólica e a absorção oral.
- Metilpiridínio (Zweterião)
- aumenta a solubilidade em água, diminui a ligação as proteínas plasmáticas e
a absorção a nível intestinal.
- S-nucleófilos
- aumentam a duração da acção.
Estes compostos apresentam grande actividade contra Gram + mas mais baixa
para Gram -. A Cefapirina é solúvel em água, sendo administrada por via injectável. A
Cefazolina é usada em profilaxia (cirurgia, transplante).
2) Cefalosporinas de 2ª Geração:
Apresentam maior actividade contra Gram - e actividade variável contra cocos
Gram+.
77
Destes compostos, sabemos que o Cefaclor, por ter um bom abandonador,
pode ser administrado por via oral. Por sua vez, o Cefamandol, tem um bom
abandonador em R2 que confere resistência a esterases. A Cefuroxima, por ter um
furano na cadeia lateral, apresenta resistências às β-lactamases.
3) Cefalosporinas de 3ª Geração:
78
4) Cefalosporinas de 4ª Geração:
São compostos de largo espectro, com actividade contra cocos Gram + e
bactérias Gram- (pseudomonas e algumas enterobacteriaceas). Apenas se utiliza a
nível hospitalar. Para os compostos em estudo, é preciso ter em atenção que não
basta a facilidade em atravessar a parede das células por canais de porina, é também
preciso haver afinidade para as transpeptidases.
1) CARBAPENENOS
São estruturalmente semelhantes às penicilinas, mas apresenta um C em vez
de um átomo de S no anel. Caracterizam-se por ter uma grande reactividade e tensão,
um enxofre na cadeia lateral (em C2 do anel). A estereoquímica dos H é diferente do
79
que ocorre nas penicilinas, sendo que nos carbapenenos é trans. De uma forma geral,
podemos ainda dizer que estes compostos apresentam:
- baixa toxicidade;
- resistência às β-lactamases;
- largo espectro;
- fraca estabilidade metabólica, química, sendo que não é absorvido no trato
gastro-intestinal (TGI).
O Imipeneno apresenta
resistência às β-lactamases e
um largo espectro. A
cilastatina é usada para
conferir resistência às
deidropeptidases.
2) MONOBACTÂMICOS
São compostos caracterizados pela ausência de biciclo, o que lhes confere
uma menor actividade. No caso da Nocardicina A, esta apresenta actividade
80
moderada, baixa toxicidade e um estreito espectro de acção. Por seu lado o
Aztreonamo é um composto de síntese total, estreito espectro de acção (Gram-
aeróbios) e não é nefro nem
ototóxico.
81
A Penicilina é tão eficaz em inibir a transpeptidação que ocorre na formação
das paredes bacterianas porque mimetiza a D-alanil-D-alanina nessa reacção.
82
A 6-metilpenicilina é mais parecido com D-Ala-D-Ala que a penicilina, contudo
não tem actividade, o que é justificado com o facto de a penicilina não se ligar
directamente ao local activo mas próximo deste, “cobrindo-o”.
83
TETRACICLINAS
- derivado do octahidronaftaceno;
- vários centros estereogénicos;
- estabelecem ligações de H intra e intermoleculares;
- propriedades quelantes (quelatam ferro e cálcio, pelo que não se deve beber leite em
simultâneo);
- possuem dois grupos cromóforos (compostos cristalinos de cor amarelada);
- carácter anfotérico (3 constantes de dissociação);
- sensíveis à luz;
- formam sais de ácidos solúveis e estáveis;
- formam sais de bases solúveis e instáveis.
84
Em meio ácido, a aromatização ocorre pelo seguinte mecanismo:
85
A obtenção destes compostos ocorre por fermentação feita por microrganismos
ou por semi-síntese a partir de compostos naturais, para assim obter análogos o que
leva a uma melhoria significativa das propriedades farmacocinéticas, tais como
permissão da administração oral (estabilidade a pH ácido) e aumento do tempo de
semi-vida, surgindo compostos de mais longa duração, classificados num novo grupo.
Todos estes compostos tratam-se de 6-
desoxitetraciclinas, que são mais apolares e
lipofílicas, o que confere estabilidade em meio ácido
e alcalino, faz com que sejam completamente
absorvidas por via oral e aumenta o tempo de semi-
vida.
O N(CH3)2 da Minociclina é um grupo lipófilo que faz com que este fármaco
atinja o SNC.
O grupo N(CH3)2
é importante para
formar quelatos com o
Mg2+, importantes no
transporte das
tetraciclinas para o
interior das células.
A Sanciclina é o
grupo farmacóforo
mínimo das tetraciclinas
(6-desoxi-6-
desmetiltetraciclina),
que além dos quelatos
é importante para a
inibição da biossíntese
das proteínas.
86
A má solubilidade das tetraciclinas em água leva à necessidade de pró-
fármacos para administração parenteral e formar fármacos de latenciação, como por
exemplo a Limeciclina e a Rolitetraciclina, que apresentam grupos polares na cadeia
lateral:
87
No que diz respeito aos Mecanismos de Resistência às tetraciclinas:
- mecanismo efectivo de efluxo (por proteínas da membrana plasmática);
- alterações no ribossoma bacteriano provocando menor afinidade para as tetraciclinas
(sobretudo metilação ribossomal).
AMINOGLICOSÍDEOS
Tratam-se de açucares com grupos amino ou não, ligados entre si por ligações
glicosídicas.
88
Os níveis de resistência dependem:
- microrganismos;
- estirpe individual;
- quantidade de enzima produzida;
- eficiência catalítica;
- tipo de aminoglicosídeo.
Contudo o que se verifica é que dos 3 tipos de enzimas, apenas as fosfotransferases
produzem níveis elevados de resistência.
89
Existem ainda as Gentamicinas, que são mais resistentes a algumas enzimas,
uma vez que não possuem OH em C3 e C4 do anel I e têm um OH em posição axial
no anel III. São compostos de origem natural, utilizados em infecções sistémicas e
usados por aplicação tópica
(dermatologia e oftalmologia).
Importante relembrar que o Anel I era o que sofria mais ataques, e a acilação
no anel II tem por vantagem o impedimento estérico. Podemos então comparar dois
compostos, um de origem natural (Tobramicina), utilizado em infecções sistémicas e
aplicado topicamente e outro de semi-síntese (Netilmicina), utilizada também em
infecções sistémicas.
90
Na Netilmicina, o grupo etilamina impede inactivação por enzimas
(impedimento estérico).
91
Os Mecanismos de Resistência desenvolvidos pelas bactérias são sobretudo:
- impermeabilização da membrana exterior das bactérias Gram-;
- impermeabilização da membrana citoplasmática (anaérobios estritos são
intrinsecamente resistentes);
- inactivação enzimática (menor afinidade para a subunidade ribossomal 30S);
- alvos ribossomais alterados (metilação ribossomal).
MACRÓLIDOS
Tratam-se de lactomas
macrocíclicas com 12, 14, 15 ou 16
átomos:
- cetona em C1;
- 1 ou 2 aminoaçucares ligados
glicosidicamente ao anel macrocíclico;
- grupo dimetilamino ligado ao resíduo
de açúcar;
- um açúcar neutro ligado ao núcleo
lactónico.
92
Para conferir resistência a pH gástrico, as formas farmacêuticas são revestidas
ou então de libertação prolongada; podem ainda ser formados sais, como o estearato,
com ligação do grupo dimetilamina com o ácido esteárico, e assim obtendo um pró-
fármaco com libertação a nível intestinal. Uma terceira hipótese é a formação de
ésteres, como o etilssuccinato, em que há esterificação do grupo hidroxilo com o ácido
etilssuccínico, formando-se assim um pró-fármaco, que é absorvido a nível
gastrointestinal e na distribuição sobre hidrólise, contudo os produtos desta
degradação aumentam o peristaltismo, apresentando assim efeitos gastrointestinais.
A Espiramicina é um composto de
origem natural, com 16 átomos no anel e 2
aminoaçúcares, que apresenta menor
intolerância gastrointestinal e tem a
particularidade de exibir elevadas
concentrações salivares, o que permite
uma extensa aplicação em infecções da
cavidade oral. É utilizado no tratamento
pré-natal da toxoplasmose.
93
A introdução de um átomo de azoto no anel lactónico leva a um aumento da
basicidade e é uma das características da Azitromicina. Este composto apresenta um
tempo de semi-vida de 24h, um espectro semelhante à Eritromicina mas actividade
superior para Gram-, com menores efeitos gastrointestinais. É utilizado no tratamento
de infecções do trato respiratório.
94
Este fármaco apresenta um tempo de semi-vida de 24h e é utilizado em
situações de pneumonia, bronquite e sinusite. É preciso ter em atenção os seguintes
pontos sobre esta molécula:
- a cladinose em C3 não é essencial para a actividade e parece ser responsável pela
indução de resistência aos macrólidos de 14 membros e pela bomba de efluxo;
- a introdução de C=O pode impedir a indução de resistência aos macrólidos e
activação da bomba de efluxo;
- estabilidade ao meio ácido (grupo OCH3 em C6) e maior espectro de acção;
- o grupo ciclocarbamato em C11 e C12 ligados à cadeia carbonada e anéis
aromáticos parecem dar resistência à metilação ribossomal, aumento de actividade e
das propriedades farmacocinéticas.
CLORANFENICOL
95
A síntese do Cloranfenicol é um processo bastante complexo, que envolve
vários passos:
96
A formação de ésteres em C3 (não é em
C2 por impedimento estérico), permite mascarar
o sabor e melhorar as propriedades físico-
químicas, formando-se assim pró-fármacos
(formas latentes). Estes por aumento da lipofilia
diminuem a solubilidade em água, que leva a
uma diminuição da afinidade para os receptores
do sabor a nível oral. Sofrem ainda hidrólise no
TGI (por lipases pancreáticas).
97
O farmacóforo assinalado a amarelo é instável, pelo que sofre hidroxilação
enzimática in vivo. A consequente formação de um cloreto de ácido leva a que este
ataque o nucleófilo do centro activo da enzima, havendo inibição.
QUINOLONAS
98
farmacocinética, porque tornaram-se activas por via oral e são sobretudo usados em
infecções urinárias e sistémicas.
99
O Mecanismo de Acção destes compostos baseia-se no facto de estes serem
inibidores da síntese de ácidos nucleícos, assim como inibidores da topoisomerase IV
e topoisomerase II do DNA bacteriano ou DNA Girase.
O fármaco forma um complexo não intercalante com enzima e DNA, formando
assim um complexo ternário que impede a separação das cadeias de DNA. Isto
conduz a uma diminuição do super-enrolamento, que impede a transcrição, impedindo
a síntese proteica e levando a uma rápida morte celular (Bactericida).
100
ANTINEOPLÁSICOS
101
Pela aproximação racional chegou-se a compostos como os inibidores da
Timilidato Sintetase:
(cofactor)
(composto natural)
Daqui foram obtidos compostos, que tanto podem ser análogos do substrato,
como cofactor.
Foram então efectuadas alterações para criar inibidores não similares aos
substratos naturais, que apresentavam maior actividade e menos efeitos laterais,
devido à inibição de outras enzimas e receptores que usam estes ligandos naturais. A
imagem que se segue trata-se de um inibidor modificado:
102
Existem algumas Limitações da Quimioterapia:
- diferenças subtis entre as células normais e cancerosas;
- células tumorais não são totalmente estranhas ao hospedeiro, pelo que o sistema
imune não reage;
- desenvolvimento de resistência;
- deficiências de irrigação sanguínea na zona tumoral (perfusão no local melhora);
- antitumorais altamente tóxicos.
103
1) Fármacos com acção directa no DNA
A - Agentes Alquilantes:
- Mostardas nitrogenadas;
- Nitrosureias;
- Ésteres do ácido metanossulfónico;
- Mitomicina;
- Cisplatina e análogos (nem sempre considerados porque apenas se ligam
irreversivelmente, não fazem uma verdadeira alquilação).
104
Os locais de alquilação do DNA apresentam uma reactividade controlada por
diversos factores:
- efeitos estéricos (só as bases localizadas nos sulcos maior e menor podem
ser afectadas);
- efeitos electrónicos;
- ligações de hidrogénio (electrões de N ou O apresentam maior
nucleofilicidade, razão pela qual grupos amina das bases são facilmente alquilados).
105
O mesmo mecanismo pode ser apresentado sob a seguinte forma:
106
preciso ter em conta que a eficácia destes agentes alquilantes depende de factores
farmacocinéticos, tais como:
- solubilidade lipídica;
- habilidade de penetração no SNC;
- propriedades de transporte através das membranas;
- reacções de destoxificação;
- reacções enzimáticas específicas de reparação dos locais alquilados.
- Fenilalanina
- como é precursor da melanina,
pensou-se que poderia ser usado no
tratamento de melanomas, o que não se
verificou;
- verificou-se que era activo oralmente para mielomas múltiplos (juntamente
com inibidores mitóticos), linfoadenoma, carcinoma dos ovários e da mama.
107
Existem ainda pró-fármacos deste tipo de compostos:
Esta molécula tem um núcleo semelhante ao estradiol, pelo que se difunde facilmente.
108
contudo grande toxicidade. Sofre alquilação redutora (tumores hipóxicos) e a sua via
de administração é IV.
Quinona Hidroquinona
109
Um outro tipo de fármacos alquilantes são as Nitrosoureias, cujo composto
líder é a N-metilnitrosoureia, que não apresenta grande actividade citotóxica:
110
Os principais efeitos adversos destes compostos envolvem depressão da
medula óssea, nefrotoxicidade, neurotoxicidade, náuseas e vómitos, sendo que são
menos pronunciados com a Carboplatina. No caso da Oxaliptatina, a ciclohexano
impede resistências, mas como torna o composto menos solúvel, houve necessidade
de se colocarem dois grupos carbonilo na molécula.
A - Agentes Intercalantes:
Estes agentes intercalam-se sobretudo entre G e C, actuando sobretudo nos
sulcos, com reconhecimento por ligações de hidrogénio. Apresenta algumas
características próprias:
- no mínimo 3 anéis condensados (aromáticos ou heteroaromáticos);
- planares e cromofóricos;
- intercalam no DNA (inserção e acondicionamento entre os pares de bases da
hélice dupla.
111
São fármacos que actuam sobretudo na actividade de enzimas como a DNA
polimerase e topoisomerases.
Nas antraciclinas, é preciso ter em conta que o anel A forma um ângulo, não
sendo uma molécula totalmente plana.
Um outro composto é a Dactinomicina, de origem natural:
112
hidrofóbicas. A formação das ligações de hidrogénio é um processo energicamente
favorável (ocorre favoravelmente na sequência piridimidina-3’,5’-purina).
A separação vertical das bases (que geralmente não rompe ligações Watson-
Crick) distorce o esqueleto fosfato-açúcar, alterando a forma da dupla hélice, podendo
haver desenrolamento do DNA. A consequência imediata deste fenómeno é a
interferência com a ligação das enzimas ao DNA (DNA polimerase e Topoisomerase).
Assim, os principais agentes intercalantes são: Acridinas, Dactinomicina,
Antraciclinas e Mitoxantrona.
No que diz respeito às Acridinas, a sua evolução histórica provém dos produtos
laterais da síntese de corantes de anilina (agente antimalárico). Deste criou-se a
proflavina, um antibiótico local usado na 1ª GM (1). Na 2ª GM este havia sido alterado
para a aminoacridina, um antibiótico muito utilizado (2). Mais tarde, foram feitos testes
de análogos anilinossubstituídos da 9-aminoacridina (3) como antineoplásicos, e
verificou-se que um destes análogos, o derivado 3,4-diamino (4) apresentava alguma
actividade, contudo era muito instável (oxidação). Da REA deste composto percebeu-
se a necessidade de um dador de electrões, daí a adição de um grupo sulfonamida,
obtendo-se assim um composto líder (5), uma vez que este apresentava actividade
antineoplásica, ao mesmo tempo que a instabilidade foi ultrapassada.
5
1 4
2 3
113
Outro tipo de agentes intercalantes são as Combilexinas, cujo desenvolvimento
teve por objectivo criar fármacos mais seguros e mais activos. As Combilexinas são
moléculas híbridas (ligandos), com sequência específica, que combina com agente
intercalante, que estabiliza o complexo DNA/combilexina e interfere com a
Topoisomerase.
Como a neoplasia é uma doença que depende dos genes, os factores mais
importantes para o desenvolvimento de fármacos são:
- interacções fármacos/DNA/proteínas reguladoras do gene (factores de
transcrição e topoisomerases);
- estrutura da cromatina (modelo correspondente ao modelo DNA “in vivo”);
- a forma como as proteínas/DNA pode afectar a ligação (e o próprio
reconhecimento molecular).
No que diz respeito a uma outra classe, as Antraciclinas, podemos dizer que
são aminoglicosídeos de antraquinonas isolados de varias espécies de Streptomyces
– origem natural (relacionadas com os antibióticos tetraciclinas).
Quanto ao Mecanismo de Acção, o cromóforo tetracíclico orienta-se e intercala-
se no sulco maior nas sequencias de bases de C-G. No sulco menor os substituintes
no açúcar , nomeadamente grupos amina, ligam-se às bases próximas do local de
intercalação. Na forma ionizada estabelece ligações iónicas com as cargas negativas
dos grupos fosfato da desoxirribose, formando um complexo que é estabilizado por
114
transferência de carga e por ligações de hidrogénio (OH e carbonilo do anel A),
geralmente com C e G. Inibem assim a topoisomerase II, a replicação e transcrição
(complexo ternário-fármaco/DNA/topoisomerase).
115
Os radicais aniónicos formados, isto é, o superóxido e antraciclina, podem
originar radical hidroxilo, responsável por danos no DNA. Eis as reacções que levam à
formação dos radicais hidroxilo.
116
São fármacos usados no tratamento de leucemia e linfomas, em terapia de
combinação no cancro avançado dos ovários e mama e apresentam menor
cardiotoxicidade.
117
Os Efeitos Laterais que se verificam com mais frequência são:
- náuseas, vómitos;
- depressão medular;
- alopéccia (queda de cabelo);
- cardiomiopatia;
- mucosite – formulações lipossomais.
118
A formação do complexo ternário activado pode ser iniciado pela transferência
de um electrão de uma segunda unidade do complexo ternário já formado ou pela
redução do NAD(P)H-citocromo P450 redutase.
119
ferro. Alterando o pH junto deste grupo amina, a ligação com o ferro é enfraquecida,
havendo menor afinidade do ligante, o que conduz a uma menor activação da
Bleomicina.
120
Segue-se uma listagem do tipo de fármacos considerados antimetabolitos:
1 - Inibidores da enzima Diidrofolato Reductase:
- análogos do ácido fólico: Metotrexato, Aminopterina;
2 - Inibidores da enzima Amidofosforibosiltransferase:
- análogos da purina: 6-Mercaptopurina, 6-Tioguanina;
3 - Inibidores da enzima Timilidato Sintetase:
- análogos da pirimidina: 5-fluorouracilo;
4 - Inibidores da enzima DNA Polimerase:
- Citarabina, Fludarabina;
5 - Inibidores da enzima Ribonucleotido Reductase:
- Hidroxiureia, Gencitabina.
121
DHFR, através de um grupo amina, tendo
uma afinidade cerca de 3000 a 100000
vezes maior que com o ácido fólico.
Seguindo o ciclo, percebe-se que isto vai
inibir a THF, inibindo a síntese de
cofactores, que inibe a transferência de um carbono na síntese da pirimidina e
consequentemente inibe a síntese de ácidos nucleicos.
Tratam-se de inibidores competitivos reversíveis (toxicidade selectiva), que
actuam na fase S e G1 do ciclo celular.
122
Os principais análogos de
purinas são os representados nestas
imagens, sendo que o primeiro é
usado na leucemia não linfocítica
aguda, enquanto o outro é utilizado
na doença de Crohn, Colite ulcerosa
e Doenças autoimunes (psoríase).
A toxicidade destes
compostos revela-se a nível da
medula óssea, a nível
gastrointestinal e na nefrotixicidade. A resistência que se pode verificar deve-se a
diminuição da enzima HGPRT, que é necessária à activação das tiopurinas.
123
É preciso ter em conta que, inicialmente há polarização do carbonilo e ataque
nucleófilico. De seguida liga-se um cofactor e forma-se um estado de transição
(enzima TS + cofactor + dUMP) e depois há uma oxidação e uma β-eliminaçao. No
final temos uma hidrólise e obtemos o dTMP (ou seja, o objectivo final deste
mecanismo é a adição de um grupo metilénico do cofactor para o dUMP).
Vimos o que ocorre numa situação normal. Agora é preciso verificar o que
ocorre com o FdUMP. Para tal é preciso ver como ocorre a bioactivação do 5-
fluoruracilo, um pró-fármaco (5-FU).
Agora que vimos como foi obtido o composto activado para inibir a timidilato
sintetase (FdUMP), é preciso verificar como é q ele substituí o dUMP numa situação
normal.
124
O complexo ternário (enzima+cofactor+substrato) numa situação normal sai H+,
com o fármaco teria se sair F carregado positivamente, o que não ocorre, pelo que a
inibição é irreversível.
Quanto à utilização:
- administração IV;
- tempo de meia-vida de alguns minutos;
- atravessa a BHE – atingindo o SNC;
- tumores sólidos: colorectal, mama, gástrico e pancreático;
- administração tópica: lesões da pele (queratose solar, carcinoma superficial das
células basais).
Outro tipo de compostos que actuam como inibidores da TS, são inibidores da
região de ligação ao cofactor, também designados de Antifolatos:
125
Fizeram-se estudos de cristalografia de raios X do complexo enzimaTS-
CB3717, em que é perceptível a importancia do núcleo pteridínico, localizado numa
bolsa hidrofóbica:
126
O Mecanismo de acção destes compostos, quando estão na forma trifosforilada
(por acção de cinases nucleósideo pirimidina), consiste no facto destes compostos
serem:
- inibidores específicos da fase S;
- inibidores competitivos da DNA Polimerase;
- incorporam-se no DNA ou impedem a replicação do DNA modificado;
- terminadores de cadeia.
Levando assim à inibição da síntese do DNA e sua reparação.
127
A utilização deste composto é sobretudo na leucemia granulocítica crónica
resistente ao Bussalfano, no cancro da cabeça, pescoço e cervical (terapia de
combinação). A resistência mais comum é aumento da expressão da enzima RNR.
Termina aqui o estudo dos antineoplásicos que têm por alvo o DNA.
128
A - Vimblastina e análogos
Estes compostos são alcalóides da Vinca (origem natural).
B - Taxol e análogos
O Taxol é um composto de origem natural, extraído da casca de uma árvore.
Apresenta uma estrutura complexa, com um núcleo taxano (19 átomos de C) e 9
centros estereogénicos), o que justifica a dificuldade da sua síntese total (30 passos).
129
A obtenção a partir da Taxus
brevifolia também apresentava um
rendimento muito baixo (0,6%), o que
implicaria o abate de muitas árvores, pelo
que foi necessário passar ao estudo de
outras espécies da família de Taxaceas.
O Taxol é utilizado em carcinomas
refractários e avançados do ovário e da
mama.
130
O Mecanismo de Acção do taxóides, ao contrário do que se passava com a
Vimblastina, é a inibição da despolimerização dos microtúbulos, estimulando no
entanto a sua formação:
131
Fizeram-se então estudos de comparação de actividade destes compostos 2 e 3:
Tanto 2(H) como 3(H) revelam menor citotoxicidade e muito menor actividade,
o que sugere a importância da rigidez da molécula. Nos ensaios in vitro, 2 e 3 não
apresentam actividade; nas culturas de cancro da mama, apresentavam elevada
citotoxicidade, pelo que continuam a ser bons líderes. Pelos valores vê-se que 3 é um
pouco mais potente que 2, o que indica vantagem de ter uma cadeia mais flexível.
Destes líderes surgem então os Taxanos de 2ª geração:
132
citotoxicidade, tendo entre 50 a 80X a potência do Paclitaxel. Induz a apoptose em
linhas celculares de cancro da mama e leucemia e é activo contra cancros MDR
(resistentes a múltiplas drogas, que expressam GpP) e apresenta um excelente índice
terapêutico.
133
Na terapia de cancro, as Terapias de Combinação são fundamentais, havendo
diversos esquemas, e assenta em algumas directrizes:
- cada fármaco deve ser activo contra o tipo de neoplasia quando administrado
individualmente;
- os fármacos em combinação devem ter diferentes mecanismos de acção;
- a resistência cruzada entre os fármacos deve ser mínima;
- a toxicidade dos fármacos deve ser diferente (os fármacos têm apresentar
diferentes efeitos tóxicos).
Este segundo grupo é alvo de estudo neste capítulo, devido a sua importância
nos cancros hormonodependentes. De um modo geral:
A – Antiestrogénios e inibidores da biossíntese de esteróides levam ao
bloqueio da acção hormonal mamária;
B – Antiandrogénio não esteróides e inibidores da biossíntese de esteróides
levam ao bloqueio da acção hormonal prostática;
C – Inibidores da Aromatase.
Antes de desenvolver cada tipo, é bom ter noção da estrutura dos percursores
das hormonas:
A – Antiestrogénios
Estes compostos bloqueiam a acção dos estrogénios, que assim não se ligam
ao receptor nem activam a proteína coactivadora que leva à produção de mRNA.
134
No Toremifeno, a presença de 2 Cl (retiradores de electrões) diminuem a α-
oxidação do farmacóforo.
135
A imagem seguinte representa a estrutura e o modo de ligação do receptor
intracelular e a ligação do complexo ao DNA para a transcrição, ou seja, o mensageiro
controla a expressão do gene a transcrever:
B – Anti-Androgénios
Estes compostos(1 e 2) são antagonistas competitivos do receptor e inibem a
formação de androgénios por inibição do citocromo P450:
(agonista)
C – Inibidores da Aromatase
Para começar o estudo destes inibidores, é preciso ver a reacção que a
Aromatase catalisa. A Aromatase é uma enzima ligada à membrana constituída por
duas proteinias (Cit. P450 com heme (CYP19) que liga o substrato esteroidico e O 2 e
enzima redutase com NADPH como cofactor). A imagem que se segue mostra a
reacção em causa:
136
Os inibidores da aromatase principais são a Aminoglutetamida, o Anastrazol e
o Letrozol, sendo que estes dois últimos são inibidores irreversíveis. As imagens que
se seguem indicam a estrutura de cada um, e os azotos N-4 do triazol (a amarelo)
interagem com o heme (tem ferro!) da enzima aromatase e impedem assim a ligação
ao substrato esteroídico.
137
ANTIVIRAIS
138
Quanto à Nomenclatura dos nucleosídeos:
1 - Análogos de Nucleosídeos
A activação deste tipo de fármaco pode ser mediada por enzimas do
hospedeiro, que existem quer nas células infectadas quer nas não infectadas. Assim,
podem ocorrer diferentes situações:
139
Estes fármacos podem ainda ser activados por enzimas virais, o que facilita a
eliminação da toxicidade para o hospedeiro:
Os análogos de nucleotídeos
apresentam algumas características estruturais
que permitem a sua acção. Apresentam
unidades estruturais (3), que são um grupo
hidroximetilo (trifosfato), espaçador (um açúcar
na configuração cis), base púrica ou
pirimidínica. Destas 3 unidades estruturais, 2
são essenciais para o reconhecimento molecular pelas enzimas:
- trifosfato (polioxigenado, carregado), para ligação electrostática à enzima;
- base, com ligações de hidrogénio ao seu nucleótideo complementar na cadeia
do DNA.
A terceira unidade (o açúcar/espaçador) tem por função manter os dois grupos
essenciais na orientação correcta, podendo sofrer numerosas modificações mantendo
a actividade.
Quanto à nomeclatura, os açucares que têm o C anomérico em cis com o
hidroxilo são β, quando em trans, são α. Os açúcares naturais são D.
140
Nos análogos dos nucleosídeos, as modificações moleculares podem ocorrer
nos açúcares (ribose), base ou fosfato. Quanto a modificações nos açúcares, podem-
se obter diversas estruturas, algumas delas L,α, outras são mesmo acíclicas.
No que diz respeito a modificações nas bases, estas são muito limitadas, até
porque se trata de um grupo essencial à acção dos fármacos:
Este tipo de vírus passa através de nervos sensoriais e fica como que
“adormecido” nos gânglios, sendo que situações de stress, por exemplo, podem
conduzir à sua reactivação.
141
Os principais alvos dos fármacos anti-herpéticos são enzimas: a DNA
Polimerase e a Timidinoquinase. Os fármacos mais utilizados são os análogos de
nucleosídeos e os não nucleosídeos.
Este composto foi o primeiro antiviral seguro, não tóxico, apresenta baixa
biodisponibilidade por via oral e tem uma utilização sistémica. O seu espectro de
acção envolve vários membros da família Herpes (HSV-1,HSV-2 e VZC), sendo
utilizado na terapêutica de encefalite, herpes genital e varicela zóster. O seu
mecanismo de acção deve-se ao facto de, como já foi dito, ser um derivado acíclico da
2’-desoxiguanosina, que é activo na forma TP, sendo que a primeira fosforilaçao é
feita pela timidinoquinase viral. A sua capacidade de inibir a replicação viral deve-se a
dois mecanismos: funciona como substrato da DNA Polimerase, liga-se a DNA
Polimerase viral, inibindo a replicação e o crescimento da cadeia (terminador de
cadeia).
Apresenta uma toxicidade celular muito reduzida, pois apresenta um efeito
estrito às células infectadas (selectiva) e porque as timidinoquinases celulares (ou
142
seja, do hospedeiro) têm uma baixa afinidade para a fosforilação do aciclovir. O
TFaciclovir possui uma acção cerca de 50X mais selectiva contra a DNA polimerase
viral face à DNA polimerase celular.
143
O seu mecanismo de acção baseia-se na inibição competitiva da DNA
polimerase viral e celular. O facto de inibir as duas leva a que a sua administração seja
apenas tópica, porque são compostos pouco selectivos. Tanto o TFI e o TFT (formas
trifosforiladas dos fármacos) são fosforiladas pelas cinases quer celular quer viral, o
que faz com que os compostos tenham menor selectividade para as células
infectadas. Estes compostos TP incorporam-se no DNA viral e celular, mudando o
código e tornando-o incorrecto. Isto impede ou modifica a expressão da informação
genética, o que leva a formação de proteínas incorrectas. Embora com menos
selectividade, o seu espectro de acção é sobretudo HSV-1, VZV e CMV e está
indicado para a queratite herpética. A resistência a estes compostos deve-se a
estirpes virais desprovidas de timidinocinases ou com timidinocinases incapazes de
fosforilar os fármacos.
144
No que diz respeito ao metabolismo dos análogos dos nucleosídicos:
2 – Não Nucleosídeo
Alguns destes compostos são inibidores da DNA Polimerase viral, como o caso
do Foscarnet Sódico e do Rebetol. O primeiro não requer
activação prévia e inibe especificamente a DNA polimerase
viral, interagindo provavelmente ao nível do local de ligação
desta com o grupo pirofosfato dos nucleosídeos
trifosforilados, não sendo então selectivo (tóxico). Inibe
ainda a transcriptase reversa dos retrovírus e é usado então
em infecções por CMV e em doentes imunossuprimidos,
bem como em infecções por HSV e VZV resistente so
Aciclovir. Quanto ao Rebetol, tem uma estrutura semelhante
aos nucleosídeos, mas baseada em benzimidazóis
glicosilados. Deve actuar em estágios mais tardios da
maturação viral do que os compostos vistos até agora
porque na forma TP não inibe a DNA Polimerase. Revela-se
um potente inibidor do CMV.
Vírus Influenza
Estes vírus apresentam proteínas virais na membrana que são importantes
para o processo infeccioso:
145
Tanto a HA como a NA existem na superfície exterior do virião podendo actuar
como antigénios. Uma vez que ocorrem muitas mutações nos aminoácidos presentes
nestas moléculas, os antigénios estão constantemente a mudar, pelo que a vacinação,
embora possível, não tem uma protecção tão elevada quanto desejável. Os vírus da
gripe são classificados em A, B e C, de acordo com as propriedades antigénicas,
sendo que as mutações são mais rápidas em A e parecem nem ocorrer em C.
Há 2 sub-tipos da classe A que são epidémicos em humanos (H1N1 e H3N2)
(H corresponde a HÁ e N a NA). Apesar de todas estas alterações, é possível o design
de fármacos antivirais eficientes para o vírus influenza A.
(O NA é importante porque para atravessar o muco, é preciso quebrar ligações
entre ácido siálico e glicoproteína.)
Vemos que uma determinada altura do ciclo passa pelo endossoma, que tem
baixo pH. Os Adamantanos são moléculas tricíclicas básicas, que inibem a descida do
pH no endossoma:
146
A NA é uma glicoproteína tetramérica ancorada na membrana viral por uma
sequência de 29 aa, sendo que no local activo há uma sequência constante de 18 aa
que permite o estudo por cristalografia de raios X das interacções de ligações de
hidrogénio entre o ácido siálico e o local activo da NA:
147
sintetizados análogos do A.S. contendo uma dupla ligação entre C2 e C3, para atingir
essa mesma simetria trigonal em C2 (perde-se um OH e consequentemente uma
interacção, mas a dupla faz com que não seja preciso alterar a conformação, o que
resulta num ganho energético).
Tamiflu
148
- substituição do grupo glicerol (reduz a polaridade) e introdução do grupo hidroxilo (o
oxigénio tem efeito indutivo retirador de electrões na dupla ligação, diminui a
densidade electrónica e permitiu a síntese de éteres análogos para a introdução de
grupos hidrofóbicos).
Família Retroviridae:
Lentivivirinae (Sub-família)
149
Como afecta células T, o curso da infecção por HIV é acompanhado pela
comparação entre os sintomas e a contagem de células CD4, sendo que o valor
normal é de 800-1200 CD4/mm3 de sangue.
No que diz respeito aos objectivos quimioterápicos, estes podem ser resumidos
na pirâmide da imagem seguinte, em que se conseguirmos cumprir os objectivos da
base, vamos conseguindo atingir o objectivo do topo.
150
célula do hospedeiro. A gp41 sofre mudança conformacional e funde-se com a
membrana.
1 - Análogos de Nucleosídeos
Nos análogos da 2’-desoxitimidina (ao lado), destaca-se o
AZT, um dos mais importantes, e dos mais amplamente
utilizados.
151
Como dito anteriormente, o AZT é um dos fármacos mais utilizados. Ele é, na
realidade, um pró-fármaco.
O seu Mecanismo de Acção depende da sua difusão
na célula do hospedeiro, dentro das quais sofre
trifosforilações pelas timidinocinases celulares. O AZT
TP(trifosfosforilado) inibe competitivamente a incorporação
de TFT (trifosfotimidina - substrato natural) no DNA celular
pela acção da transcriptase reversa, reduzindo a síntese do
DNA viral.
O grupo azido (em vez de OH) impede a ligação 5’-3’
fosfodiéster e o crescimento da cadeia de DNA. O
MF de AZT decresce a replicação viral por inibição
da actividade da ribonuclease H (RNase). Sendo
um inibidor competitivo da timidilatocinase celular,
reduz os níveis celulares de TFT, o que conduz a
citotoxicidade e aumento do efeito antiviral (por
diminuição da competição para o TF AZT).
Selectividade antiviral devido à maior afinidade
para a transcriptase reversa do que para a DNA
Polimerase humana, embora baixas concetraçoes
inibam a γ-DNA Polimerase.
152
A Didanosina é um fármaco 10 a 100X mais potente que o AZT, que apresenta
um mecanismo de acção semelhante ao descrito para
o AZT, com difusão na célula do hospedeiro, sendo
metabolizada pela 5’-nucleotidase e posteriormente por
outras enzimas celulares ao derivado activo TFddI.
Este último composto inibe competitivamente a
transcriptase reversa, interrompendo a síntese do DNA
viral. A selectividade está relacionada com a maior afinidade 2’, 3’ – didesoxiinosina
para a transcriptase reversa (viral). O espectro de acção DIDANOSINA
são infecções avançadas por HIV em adultos e crianças com ddI (1988)
mais de 6 meses. Os efeitos laterais são neuropatias,
pancreatites, diarreia, distúrbios do SNC, incluindo dores de cabeça e insónias. Leva
ao aumento dos níveis de aminotransferase e ácido úrico.
153
A Nevirapina tem por mecanismo de acção ligar-se à transcriptase reversa num
local alostérico, hidrofóbico, próximo mas não contíguo ao local activo da TR, que
quando complexada com o DNA leva a uma mudança conformacional no local activo
da polimerase “bloqueando-a” numa conformação inactiva. Este local alostérico sofre
facilmente mutações e consequentemente surgem resistências. Para as impedir, estes
compostos devem ser combinados desde o início com INTR. Este fármaco é um
inibidor não competitivo e reversível e apresenta um grande selectividade para a TR
do HIV-1, sendo menos tóxica e com poucos efeitos laterais. O seu uso terapêutico
dá-se em terapias de combinação com análogos nucleosídeos em infecções por HIV.
154
Eis o mecanismo de acção da Protease:
155
Listagem dos compostos utilizados como inibidores da protease:
156
propriedades farmacocinéticas. São usados também em terapias de combinação em
infecções com HIV e as suas estruturas estão nas imagens que se seguem:
157