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GRAÇA PARTE I
GRAÇA PARTE II
Pois vocês conhecem a graça de nosso Senhor Jesus Cristo que, sendo rico,
se fez pobre por amor de vocês, para que por meio de sua pobreza vocês se
tornassem ricos. (II Coríntios 8:9)
Caros leitores, creio que vou precisar de três posts para falar sobre tão
querido assunto, que é o da graça. Não posso deixar de compartilhar tudo o
que aprendi e tenho aprendido. Faz-se importante esse compartilhar, pois eu fui
um dos principais propagadores das teses salvadorenhas acerca da graça. Se
eu não fizer isso exemplarmente, não terei escusas diante de Deus por ter
contribuído tanto para a formação legalista de dezenas de pessoas. Peço,
mais uma vez, sua paciência, caro leitor.
Os sanduíches, os bolos de chocolate, os waffers e os achocolatados me
ensinaram mais sobre graça do que qualquer livro ou pregação que eu já tenha
lido. Em meio a esta atividade, as lembranças eram mil. Lembrava de cada
ponto de acerto e de cada desvio de minha vida. Observei, nessas lembranças,
que eu havia aprendido que graça, conforme o texto referenciado acima, é se
dobrar a alguém, ajudar a alguém que não merece a nossa ajuda. A graça não
é uma coisa que podemos merecer nem pagar. Deus diz: eu amo você e ponto
final. O problema todo é que começamos pela graça e terminamos pela lei.
Ao entregar minha vida a Jesus eu confiei que meus pecados foram
perdoados e que eu fui recebido pela graça de Deus. Eu sabia, cabalmente,
que eu não tinha contribuído com nada para receber tamanho perdão. Foi tudo
pela graça de Deus. O que acontece às vezes é que em vez de aceitar o fato
de que nós começamos pela graça e vivemos sempre pela graça de Deus,
vivendo a vida cristã pela graça dEle, nós começamos a ficar legalistas
tentando seguir uma lista de regras. Enquanto eu consigo cumprir minha lista
de regras, tudo fica bem. Eu sentia que uma vez por ano eu receberia uma nota
de Deus. Era como se Deus dissesse: olha esse ano você perdeu a paciência
com seus filhos tantas vezes, não pregou a palavra outras tantas vezes, não
contribuiu outras vezes. Então eu vou ter de abaixar a sua nota. Olha o que
Paulo diz em Romanos:
Pois o pecado não os dominará, porque vocês não estão debaixo da lei, mas
debaixo da graça. (6:14)
Paulo ficou muito preocupado com o fato de que uma das igrejas da
região da galácia estava começando a voltar para a lei, ao invés de viver pela
graça. Tanto é que ele diz em Gálatas 2:21:
Não anulo a graça de Deus; pois, se a justiça vem pela lei, Cristo morreu
inutilmente!
Se a nossa justiça vem através daquilo que nós fazemos, então Cristo
morreu em vão! Nós nunca vamos conseguir viver a vida cristã pelo nosso
esforço. Por isso que precisamos de Jesus e da graça dEle. Consigo perceber
até a emoção do apóstolo Paulo no capítulo 3 de Gálatas:
Ó gálatas insensatos! Quem os enfeitiçou? Não foi diante dos seus olhos que
Jesus Cristo foi exposto como crucificado?
Gostaria de saber apenas uma coisa: foi pela prática da lei que vocês
receberam o Espírito, ou pela fé naquilo que ouviram?
Será que vocês são tão insensatos que, tendo começado pelo Espírito, querem
agora se aperfeiçoar pelo esforço próprio? (vs. 1-3)
A lei foi introduzida para que a transgressão fosse ressaltada. Mas onde
aumentou o pecado, transbordou a graça.
E ainda disse:
Bom, caros leitores, pretendo que esse post seja o penúltimo a fim de concluir o
assunto graça (pelo menos aqui nesse desprezível blog, já que um assunto tão
caro não se conclui nunca em nossas vidas) com uma mescla de mais
experiências pessoais e definições bíblicas a fim de dar subsídios aos leitores
em seu caminhar na graça de Deus e refutar as falácias ensinadas a mim e por
mim durante alguns anos.
O ensino do propósito eterno de Deus, conforme podemos verificar nas
apostilas tão propagadas nas franquias pelo Brasil (mais uma vez se justifica a
palavra franquia, pois as localidades usam a mesma apostila da sede, sem
nenhuma ou com poucas inovações locais) lançam um verdadeiro fardo,
mesmo que não fosse essa a intenção, sobre os que as lêem. Como assim?
Vamos ver.
Ensina-se que devemos ser como Jesus. Que esse é o nosso alvo. E que
para atingir esse alvo temos que estar inserido no que seria o serviço dos
santos, a edificação da igreja. Como seria isso? Usando uma argumentação
fragmentada de Efésios faz-se uma ideia natural e humana do serviço de
edificação do Corpo. A ordem é essa:
1º Eu me converto.
2º Sou colocado em um vínculo com um discipulador (juntas de discipulado).
3º Vou crescer e conformar-me à imagem de Cristo como conseqüência desse
vínculo.
Agora fica a pergunta: Isso funciona? O que ocorre depois? Não está
faltando algo essencial nesse ensino que é dado logo após o manual 1 da
franquia? Tem um vazio espiritual nesse ensino. Está faltando o essencial, sem
o qual não há crescimento. Tudo está sendo visto sob a ótica natural das
coisas. A Amway, a Living Forever, a Herba Life e tantas outras empresas que
usam o marketing de rede fazem o mesmo. Não precisam nem do Espírito. A
única diferença da franquia é que ela não cresce. Mais tarde vou explicar o
porquê dessa excepcionalidade. Agora me aterei ao ensino da graça. O
elemento essencial que falta é: COMO CONSEGUIR SER A IMAGEM DE
CRISTO DE FATO? Adiantarei a resposta: NÃO É TENTANDO SER. É um
novelo de lá enrolado que eu vou tentar desenrolar. Tenham paciência que
chegaremos lá e verão que é isso que os apóstolos, principalmente Paulo,
insistiu tanto para que a igreja na época entendesse. O peso de tentar ser a
imagem de Jesus é muito grande e se não for ensinado como e os meios que
o Pai disponibiliza, ficaremos imprestáveis para o resto de nossas vidas,
decepcionados conosco, sem condições de agir. Tudo que for escrito daqui a
diante tem de ser lido levando-se em conta os posts anteriores. É necessário
entender a dimensão do amor e da graça de Deus. Entender a misericórdia sob
pena de o diabo nos destruir com acusações e mentiras próprias dele, acerca
da visão de Deus para conosco.
Quando eu entreguei a minha vida a Jesus, convidando ele para entrar no
meu coração (isso mesmo, não fique se remoendo por dentro ao ler isso) a vida
dEle passou a viver dentro de mim. Eu nem entendia muito bem isso, mas
sabia que eu tinha dentro de mim uma força, um poder que era o diferencial na
hora de enfrentar o pecado. O problema é que com o tempo ficamos
aprendendo estratégias de como enfrentar o pecado e ai é só desgraça. Leva
tempo até aprendermos que o pecado não deve ser enfrentado diretamente.
Não temos a mínima condição de vencer assim. Muito menos ainda acreditando
que seremos a imagem e semelhança de Jesus (uma proposta pesada, diga-se
de passagem) apenas estando vinculado com um ser humano caído igual a
mim. Precisamos agora entender como se processa a salvação por dentro. Eu
tentei falar disso para os donos da franquia. Fiz até uma pequena apostila
sobre isso denominada “O propósito de Deus visto por dentro”, mas ela não
passou no controle de qualidade da franquia e ficou no esquecimento e no
arquivo morto de alguns computadores. Vamos destrinchar isso aqui.
O propósito de Deus sempre foi o de dispensar a Si mesmo para dentro
da humanidade. Antes da queda era isso que Deus intentava. Não dá para
encaixar o objetivo de ser semelhante a Jesus àquela altura, até por que o
próprio Jesus encarnado só existia na mente de Deus. O ponto principal do
desejo de Deus era dispensar Sua vida para dentro de nós. Qualquer coisa,
além disso, é resultado. O resultado pode ser a imagem de Jesus, mas isso é
resultado e não o seu objetivo crucial, principal. Ele queria dispensar a Si
mesmo para dentro de nós. Como podemos ver isso? No relato de Gênesis.
Deus criou o homem com uma natureza semelhante a dEle. Um homem
tripartido como Deus é. O homem foi criado com corpo, feito do pó da terra;
com um espírito, soprado pelo próprio Deus, sendo uma parte receptora da vida
de Deus; e então se tornou alma que é a sede das emoções, vontade e mente
do homem. O espírito do homem foi feito para receber a vida de Deus. O
homem foi criado tripartido dessa maneira. Desculpe a teologicidade disso tudo.
Não tem outra maneira de confrontar alguns ensinos sem irmos até o inicio de
tudo. Prometo que tudo vai se desenrolar. Palavra de blogueiro desprezível. O
espírito do homem ainda não dispunha da vida de Deus dentro dele. Embora o
espírito do homem é o sopro de Deus, ele ainda não tinha recebido a vida do
próprio Deus dentro dele. Faltava o homem decidir introduzir o fruto da árvore
da vida dentro dele. Deus plantou uma árvore com a vida dEle e tinha uma
outra com a natureza de satanás. Árvore da vida e árvore do conhecimento do
bem e do mal. A decisão estava diante do homem. Todos sabemos qual foi a
escolha do homem. Ele escolheu introduzir dentro de si a natureza do diabo, o
pecado. O pecado é a própria natureza de satanás. A independência é a
primeira conseqüência do pecado, mas não foi a causa. O desejo de saber o
bem e o mal à parte de Deus é comum à natureza do diabo. A partir dali o
homem desviou-se do propósito de Deus trazendo para dentro de si a natureza
do diabo. Deus não desistiu de Seu propósito. Ele o manteve. O propósito de
dispensar a Si mesmo para dentro do homem. Para isso precisamos ver os
passos tomados por Deus, a fim de atingir esse propósito.
Vimos que Deus é Triúno. E a maneira que Ele usará para cumprir o Seu
propósito é a própria trindade. Deus é rico. Tem um enorme capital. Ele é como
um homem de negócios bem sucedido que tem um grande capital. Deus tem
um negócio no universo e a sua enorme riqueza é o seu capital. Não
percebemos quantos bilhões ele tem. Todo esse capital é simplesmente Ele
mesmo! Com esse Capital ele tenciona manufaturar a Si mesmo numa
produção em massa. O próprio Deus é o Negociante, o Capital e o Produto. A
sua intenção é dispensar a Si mesmo a muitas pessoas numa produção em
massa. Deus precisa de tal arranjo divino, de um gerenciamento divino, uma
dispensação divina. Desculpe os termos, mas estou tentando encontrar as
melhores palavras para esclarecer o melhor possível. Sejamos mais
específicos. Agora que sabemos que o propósito de Deus é dispensar a Si
mesmo, precisamos descobrir o que Deus é, a fim de sabermos o que ele está
dispensando. Em outras palavras, qual é a substância de Deus? A substância
de Deus é Espírito (João 4:24). A própria essência do Deus todo poderoso é
simplesmente Espírito. Deus é o fabricante e tenciona reproduzir a Si mesmo
como o Produto. Portanto, o que quer que Ele produza, tem de ser Espírito, a
própria substância de Si mesmo.
Vimos o Produto de Deus e o que é dispensado por Ele. Agora
precisamos perceber como Deus é dispensado. Em outras palavras, o Espírito
é o que Deus dispensa para dentro do homem, mas agora precisamos ver os
meios pelos quais Ele faz isso. É pela Trindade. Nunca aprendi na franquia o
que é devidamente a trindade. Aprendi isso na igreja batista (não fique nervoso,
não mencionarei mais nomes como esse aqui). Sabemos que o Pai, o Filho e o
Espírito Santo não são três deuses diferentes, mas um único Deus que é
expresso em três Pessoas. Contudo qual é o objetivo de existirem três Pessoas
da Deidade? Por que há Deus Pai, Deus Filho e também Deus Espírito Santo?
Leremos isso na próxima postagem, pois esta já está demais de longa.
Abraços.
GRAÇA PARTE IV
“Na luta contra o pecado, vocês ainda não resistiram até o ponto de derramar o
próprio sangue”. (Hebreus 12:4)
Para mim, foi muito necessário entender e relembrar que eu devo
depender do Espírito Santo e que este Espírito é todo suficiente. Nele eu tenho
tudo o que preciso. Desfrutar da graça de Deus passa por viver nesse Espírito
de maneira simples, dependendo dEle em tudo. No entanto, isso parece um
pouco distante de uma realidade. Por ser muito simples, sem depender de
organizações ou doutrinas ortodoxas, achamos que não deveria e não poderia
ser assim. Isso é muito antigo. Lembro-me do dia em que chegou às minhas
mãos um livro de Madame Guyon. Ela era católica nos idos de 1.664. Após
perder toda a sua família entrou em uma busca insaciável à presença de Deus.
Sua experiência simples, incluindo até manuais para auxiliar pessoas que não
sabiam ler, ajudou muitos a desfrutar de plena comunhão com o Senhor,
através do que depois se chamou de “quietismo”, onde entendeu-se que o
segredo de ter comunhão com o Espírito dentro de nós é o aquietar de nossa
mente, de nosso interior. Isso é muito antigo. Infelizmente nós acabamos nos
desviando dessa doce simplicidade e dando uma dimensão para estrutura que
ela nunca deveria ter. A própria Guyon foi mantida na prisão por anos como
herege por ter despertado a ira dos líderes católicos da França. Eles viram nela
uma ameaça à sua hegemonia, baseada no clientelismo e no incentivo a uma
dependência além do biblicamente correto nos padres e no sistema católico.
Madame Guyon lembrou fórmulas simples de viver a sua vida com o Senhor,
mesmo nos momentos em que você se encontra sozinho. Lembro de ter lido
um livro dela quando eu tinha uns 17 anos. Como foi bom voltar àquilo que eu
nunca deveria ter deixado. Vou detalhar melhor. Certo domingo eu fui chamado
a fazer uma tarefa diferente da que eu estava habituado a fazer. Um irmão
chegou pra mim e disse com muito carinho: “Alexandre, hoje precisamos de
você com as crianças. São muitas e alguns irmãos faltaram. Faça o lanche
rapidinho e depois venha aqui para o auditório”. Apressei-me em fazer o lanche,
embora naquele dia era um lanche bem fácil. Era waffer com tang de laranja.
Era só abrir os pacotes de waffer, colocar em umas tigelas de plástico; depois
pegar duas panelas bem grandes de água gelada, jogar o pozinho mágico de
laranja e colocar nos copos em cima da mesa. Fiz bem correndo e fui atender
ao chamado dos irmãos. A tarefa era simples: ficar sentado ao lado das
crianças a fim de que eles não se distraiam uns com os outros e ajudar na
recreação. Quando eu estava sentado perto de uma rodinha com umas
crianças eu prestei bem atenção em uma conversa deles. Um deles estava
falando que a mãe sempre ia a uma oração de manha na quadra do colégio da
comunidade. Ele disse que a mãe o levava quase sempre. Ao ouvir aquela
conversa senti um forte desejo de estar nessa oração. Era todos os dias das 6
às 7 h da manhã. Procurei informar-me com as próprias crianças ali e resolvi
freqüentar essa oração. Eu estava bem no início do reaprendizado.
Naquela comunidade eu estava, como ainda estou, como um novo
convertido. Comecei a acordar bem cedo para ir à oração. Eu precisava muito
orar. Fiquei receoso de ser algo dirigido, como um culto de oração. Eu queria
um lugar para orar com outras pessoas, a fim de ter um incentivo pela presença
de outros, mas sem algué dirigindo. Sozinho, em um recomeço, às vezes é
difícil. Foi pelo mesmo motivo que eu comecei as vigílias na franquia carioca
todas as sextas feiras. Cheguei e graças a Deus era como eu precisava.
Surpreendi-me pelo número de pessoas, mas talvez eu houvesse chegado em
algum dia especial. Devia ter umas 100 pessoas. Cada um ficava em seu canto,
outros andando, outros ajoelhados com o rosto no chão em algum cantinho da
quadra. Vi que os pastores da comunidade também estavam ali. Arrumei um
cantinho, inclinei-me e comecei minha viagem rumo ao retorno do pleno contato
com o Espírito Santo. Não foi fácil manter a mente no lugar. Nessas horas a
mente vai pra todos os lugares. É difícil voltar-se para o lugar onde o Espírito
Santo está, principalmente por eu ter, por muito tempo, vivido em um sistema
em que a dependência do Espírito não é cultivada. Quando eu estava quase
conseguindo dominar minha desprezível mente, já eram sete horas e tínhamos
que desocupar o local, pois a quadra era usada pela escola da comunidade. No
outro dia eu retornei. Tinha também muitas pessoas. Fiquei admirado, pois
estava um dia muito frio. Menos de 5 graus. Entrei, ajoelhei-me e pela
misericórdia de Deus o céu se abriu. Foi uma surpresa. Eu ficaria ali alegre
mesmo que o céu não se abrisse. Mas, se abriu. Glória a Deus! Senti-me como
criança no colo do Pai. Toquei e desfrutei do Espírito todo suficiente. Fiz disso
uma prática. Na verdade foi o meio de impulsionar-me para ter de volta uma
prática constante. Eu comecei a receber de volta aquilo que está tão
claramente escrito em I João 2:27:
Quanto a vocês, a unção que receberam dele permanece em vocês, e não
precisam que alguém os ensine; mas, como a unção dele recebida, que é
verdadeira e não falsa, os ensina acerca de todas as coisas, permaneçam nele
como ele os ensinou.
Essa unção nos guia em tudo o que precisamos. Não é o caso de dizermos que
não precisamos dos irmãos. É claro que a plenitude de Cristo não está em um
membro do Corpo. A plenitude de Cristo está derramada no Corpo. Mas não
podemos viver debaixo de um controle que mine a nossa dependência e a voz
de Deus em nosso coração. Precisamos experimentar a presença de Cristo em
nós. Passei a ter mais sensibilidade para ouvir a voz e Deus no meu coração.
Evitava fazer qualquer coisa sem antes ouvir essa voz. Sou obrigado a dizer,
para não ser injusto, que muito me ajudou nesse processo o meu contato com
irmãos simples da comunidade. Quando o veneno foi saindo, passei a
conseguir enxergar as virtudes da simplicidade da vida com Deus desses
irmãos. Deixei de lado as doutrinas. Deixei de lado os caprichos
fundamentalistas. Passei a desfrutar. Imagine a seguinte situação: Você está
morrendo de fome. Muita fome mesmo. Você comeria um bifão bem grande.
Nesse momento eu vou até você e digo: “Vou lhe apresentar um bife”. Você fica
radiante e cheio de expectativa devido à fome. Eu pego um manual do bife e
começo a explicar tudo sobre o bife. Digo que o bife tem em sua composição
tantos por cento de gordura, tanto de fibra, tanto de proteína. Pergunto: Isso o
alimentará? Sua fome será saciada? De forma alguma. Você quer comer um
bife. Você quer desfrutar do bife. Está com fome. Por isso passei a me
preocupar a desfrutar de Cristo e de sua doce presença e deixar os
preciosismos bíblicos de lado. Quero me fazer compreender bem a fim de evitar
confusões. Esse blogueiro desprezível já foi chamado de tudo, até de louco.
Herege eu ainda não fui chamado, mas pode ainda acontecer. Peço apenas
que não seja por algo que eu não disse. Leia o que Jesus disse aos fariseus:
Examinais as Escrituras, porque julgais ter nelas a vida eterna, e são elas
mesmas que testificam de mim. Contudo, não quereis vir a mim para terdes
vida. (João 5:39,40)
A vida eterna não está nas Escrituras. Ela apenas fala da vida eterna. A vida
eterna está em Jesus. Isso é mais experiência do que referência bíblica. Mas,
se precisarmos de referências, vamos lá, vamos às escrituras!
Em João 3:6 lemos: “O que é nascido do Espírito, é espírito”. Este versículo fala
de dois espíritos distintos: um está em maiúscula e o outro não (no grego não
há essa distinção de maiúscula e minúscula; a diferenciação foi feita por
inferência). A primeira ocorrência da palavra refere-se ao Espírito Santo de
Deus e a segunda, ao espírito do homem. O que é nascido do Espírito Santo é
o espírito humano. Em João 4:24 diz que “Deus é Espírito, e importa que os
que o adoram o adorem em espírito”. Outra vez, o primeiro Espírito está em
maiúscula e o segundo não. Devemos adorar a Deus, que é Espírito, em nosso
espírito humano. Romanos 8:16 confirma ainda mais a existência de dois
espíritos: “O próprio Espírito testifica com o nosso espírito que somos filhos de
Deus”. O pronome nosso não deixa dúvida de que se refere ao espírito humano
e remove qualquer base para duvidar da realidade de que existe o Espírito
Divino e o espírito humano. Muita atenção é dada ao Espírito Santo e pouco se
sabe sobre o espírito humano. E tem de ser assim mesmo, mas isso não
remove o fato de ignorarmos o que é o espírito humano. O espírito humano é a
morada, a habitação do Espírito Santo. Veja que estranha essa fala de Paulo:
“Por que Deus, a quem sirvo em meu espírito, no evangelho de seu Filho”. (Rm
1:9). A ideia que temos é que sempre servimos ao Senhor no Espírito Santo.
Mas, Paulo diz que serve no espírito humano dele. A dificuldade de diferenciar
quando a Bíblia quer dizer espírito humano ou Espírito Santo é clara nas
traduções. Entretanto, para os que estão no Senhor, vale o que diz Paulo aos
coríntios: “Aquele que se une ao Senhor é um espírito com Ele”. (I Co 6:17). Ou
seja, a diferenciação é difícil mesmo pela união do Senhor conosco. Em outra
oportunidade irei falar detalhadamente sobre cada parte do homem. Agora não
é possível, pois fugiremos muito do assunto. O importante é sabermos que o
Espírito Santo todo suficiente e todo inclusivo está habitando em nosso espírito
humano e que esse espírito humano é a parte mais interior de nosso ser. É lá
que devemos procurá-lo a fim de tocá-lo. Não precisamos ir longe. Ele está
dentro de nós. Na parte mais íntima. Ele não está na Bíblia, se não era só
comer o livro e teríamos o Senhor. Ele está em nosso espírito.
Ele tem um propósito: quer que sejamos transformados à sua imagem.
Uma transformação que começa em nosso interior.
Onde se encaixa o versículo que foi colocado acima desse post? Veja o
que o escritor de Hebreus está fazendo menção a Jesus. Você consegue ver
essa menção? Ele diz que em nossa luta contra o pecado ainda não resistimos
até o sangue. Que sangue é este? O capitulo em questão está falando do
sofrimento de Cristo. E em que momento Jesus derramou sangue? Foi na cruz
e no Getsemani. Em que momento esse derramamento foi em conseqüência de
uma intensa luta contra o pecado? Na cruz é que não foi. Jesus estava no
Getsemani orando. Era um momento de tribulação. O vitupério da cruz estava
próximo. Deus nunca havia sentido dor física. Era uma experiência nova e
difícil. Ele chegou a ponto de pedir para que fosse afastado dele aquele cálice.
Nesse momento ele suou sangue. Ele estava lutando para não desobedecer,
para cumprir seu propósito. E como era essa luta? Será que ele estava
encarando o pecado diretamente? Será que ele estava fazendo força? De
forma alguma. A sua luta contra o pecado e também a nossa hoje, não é
encarando o pecado. Dessa forma fatalmente naufragaremos. Combatemos o
pecado indo ao Senhor. Como Jesus fez. Ele estava em oração, em comunhão
com o Pai. O autor de Hebreus diz que em nossa luta contra o pecado ainda
não resistimos até o sangue, ou seja, ainda não tivemos que buscar a Deus,
lutando contra o pecado, a ponto de derramar gotas de sangue. Não chegamos
a esse ponto. Jesus chegou. Nossa luta contra o pecado é ganha quando nos
dirigimos ao Espírito Santo em nosso espírito. Assim como Jesus fez, devemos
fazer também. Vencemos o pecado desfrutando da graça de Deus, que é a vida
do próprio Deus em nós. Falarei isso com muita reverência, mas é o único
exemplo que me vêm agora. Imagina que Deus seja uma melancia. Ele quer
fazer parte de você. Mas a melancia é grande, não dá para engolir ela inteira.
Então primeiro temos que parti-la. Depois cortar em pedaços que caibam em
nossa boca e depois ela se transforma em suco em nossas bocas e passa a
fazer parte de nossa composição. Deus fez isso nos três estágios. Ele se
introduziu no Filho, o Filho introduziu-se no Espírito Santo e o Espírito pode ser
facilmente absorvido pelo nosso espírito. Portanto, desfrutemos da graça de
Deus no Espírito Santo e deixemos um pouco de lado as mil regrinhas e os
ensinos comportamentais. Precisamos de Vida.
Termino esses post com a letra de uma música bem antiga do irmão Asaph
Borba. Deveria ser cantada todos os dias a fim de lembrar a todos, franqueados
ou não, de onde vieram e que triste fim chegamos.
Quando terminar esta vida e lá no céu eu chegar
Haverá uma multidão de irmãos
Esperando pra me abraçar, e perguntarão a uma voz,
Voltados para mim ,Oh conta-nos como você irmão,
Venceu e chegou aqui.
E falarei, e cantarei de Jesus que me salvou
Que por este pecador a si mesmo se entregou.
Foi graça, graça, super abundante graça
Graça, graça, preciosa e doce graça.
Foi graça irmão, Graça irmão,
Eu vos digo que foi assim
Foi só pela graça de Jesus
Que eu venci e cheguei aqui.
Rf.rocha2010@hotmail.com