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VILA VELHA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SERVIÇO SOCIAL
VILA VELHA - ES
2011
WANDERLEY COSTA DE OLIVEIRA
VILA VELHA - ES
2011
Oliveira, Wanderley Costa de.
A Assistência Social Brasileira: Um Neo-
Assistencialismo?/Wanderley Costa de Oliveira – 2011. 87 f.
Comissão Examinadora:
________________________________________________
Prof. Msc. Darison Nalesso
Orientador
________________________________________________
Profª. Msc. Maria da Penha de Almeida Fehlberg
Presidente da Banca
_______________________________________________
Denise Vasconcelos
Pesquisadora Convidada
Com todo o meu amor e de todo o meu
coração dedico esse trabalho a pessoa
mais importante da minha vida: minha
mãe.
AGRADECIMENTOS
E para finalizar, agradecer a você, por dispensar de seu tempo para focar
sua atenção a esse trabalho. Sei que por essa parte da monografia não
passará aos seus olhos mas se passarem, que fique aqui meu muito
obrigado por seu carinho, sua critica contrária à essa elaboração teórica e
por sua paciência e compreensão.
― Muda, que quando a gente muda o
mundo muda com a gente, gente muda o
mundo na mudança da mente, e quando a
mente muda a gente anda pra frente e
quando a gente manda ninguém manda
na gente. Na mudança de atitude não há
mal que não se mude nem doença sem
cura, na mudança de postura a gente fica
mais seguro, na mudança do presente a
gente molda o futuro‖ (Gabriel, O
Pensador,2001)
RESUMO
Uma nova visão de uma pratica ―erradicada‖ e refutada por todos os envolvidos
como um retrocesso ao processo de emancipação e autonomia dos usuários dos
serviços sociais, o Neo-Assistencialismo surge de uma insurgência ao que se é
praticado à sombra nebulosas à nova Assistência Social Brasileira. A idéia não se
faz pelas questões obvias de evidencias, o Neo-Assistencialismo praticado na
Assistência Social Brasileira não é de certa forma explicito completamente mas ao
que se seguiu diante das transformações sócio-institucionais presentes no Brasil
após 1988, vemos um período de retrocesso ao clientelismo com os programas de
transferência de renda, apontados nesse trabalho como um dos fatores do qual a
população beneficiaria se mostra dependente, direta e indiretamente, das benesses
do Governo Federal sendo essas insuficientes e ineficientes quanto às suas próprias
intenções emergenciais prezando solucionar situações causais de pobreza com fins
políticos. Afirmar que o Assistencialismo é algo passado em remotos tempos já
superado nos dias de hoje seria aceitar que determinadas ações camufladas de
políticas publicas fossem simplesmente negadas quanto as suas próprias praticas e
mais ainda, seria omitir que o Assistencialismo não morreu e continua tão presente
não também como Neo-Assistencialismo mas em um gigante quebra-cabeça que
precisa ser montado com as peças dele espalhadas nas criticas cientificas ao Estado
Neoliberal e na pratica vivente no atual cotidiano social.
A new vision of a practice banished and refused by all concerned as a setback to the
process of emancipation and empowerment of users of social services, the Neo-
service comes to an insurgency that is practiced in the shadow nebula the new
Brazilian‘s Social Assistance. The idea is not made obvious by the questions of
evidence, the Neo-paternalism practiced in Brazilian Social‘s Assistance is somehow
not quite explicit but what followed on the socio-institutional presence in Brazil since
1988, we see a period of regression to patronage with the income transfer programs,
indicated that work as one of the factors which the population would benefit shown
dependent, directly and indirectly, the largesse of the Federal Government and these
are inadequate and inefficient with regard to their own intentions praying solve
emergency situations causal poverty for political purposes. Claiming that paternalism
is something remote in time past have overcome today would accept that certain
actions hidden from public policies were simply negated as their own practices and
even more would omit that paternalism is not dead and still not as well as present
Neo-paternalism but as a giant puzzle that must be assembled with parts of it
scattered in the scientific critique of Neoliberal State and practical everyday living in
today's society.
ONG
OSCIP
Introdução ................................................................................................................ 13
Relevância Do Tema ............................................................................................... 14
Considerações Finais..............................................................................................00
Referências...............................................................................................................00
INTRODUÇÃO
A razão do qual se fez um estudo mais aprofundado à uma ―asa negra‖ presa ao
passado paternalista desde o descobrimento do Brasil se deu nas práticas viventes
nos campos de Estagio em que eu estive atuante como Estagiário em Serviço Social
em especial aos CRAS‘s em que estive presente, o que quer dizer que o tema não
nasceu do mero acaso e nem de fantasiosas falácias escritas e camufladas
retoricamente.
Um fator do qual me preocupa e é o fator chave para essa pesquisa que é o efeito
cascata que proporciona os programas de transferência de renda destinados a
promover a ―Cidadania‖, a ―Autonomia‖ e a prática dos ―direitos sociais‖ seja em sua
busca ou mesmo ao acesso através dos profissionais envolvidos na questão:
psicólogos, assistentes sociais e outros. Esse efeito cascata se dá em muitos dos
casos, no desemprego voluntário, estagnação social do sujeito mediante o medo de
perder tal benefício além de outros que não podemos atribuir como razão e sim
como fator contribuinte às múltiplas falácias sociais: gravidez precoce, evasão
escolar, abandono e outros.
Objetivo Geral
Objetivos Específicos
b) Conhecer o contexto atual das políticas públicas quanto sua atuação diante da
questão social no Brasil
Para todo trabalho científico, visando seja uma nova visão mais crítica ou mesmo
mais clara de uma determinada temática escolhida como seja apenas para dar
ênfase aos estudos propostos, determinar um método de pesquisa é primordial no
que diz respeito ao norteamento da investigação aqui executada seja para postular
uma hipótese ou mesmo dar ênfase a uma conclusão obtida após os estudos sendo
para Baptista(2006, p.15) a pesquisa quando determinada sua metodologia de
estudo:
Partindo desse pressuposto, a pesquisa ganha além daquilo que propomos sendo
assim, um estímulo para que tal situação decorrente ao aqui relatado não acabe
apenas nessas páginas e sim ganhe espaço em mesas de discussão enriquecendo
mais o conteúdo ao mesmo tempo que amplia a visão do qual se tinha com a quebra
de paradigmas e assimilação de uma nova idéia bem como a estimulação científica
para o tema fazendo do mesmo não se esgotar mesmo sendo de um período remoto
antiquado ao atual cotidiano social.
Como o tema escolhido foi algo que está mais ligado a prática do que de fato a
teoria em si, inexistem autores que falam especificamente sobre o tema restando
apenas indícios, evidências que comprovam a veracidade ao que o trabalho
descreve sendo assim, do inicio ao fim essa modalidade de pesquisa foi crucial e
ao mesmo tempo indispensável.
b) Pesquisa bibliográfica:
Assim, não será resumido a apenas nos dados apreendidos das poucas fontes de
pesquisa sobre o tema e sim propor novos debates acerca do tema de modo a
buscar mais entendimentos de algo pouco explorado como em Gil( 2002, p. 54) :
[...] uma modalidade de pesquisa amplamente utilizada nas ciências
biomédicas e sociais. Consiste no estudo profundo e exaustivo de um ou
poucos objetos, de maneira que permita seu amplo e detalhado
conhecimento [...].
O estudo vem por sua vez aproximar mais do debate acerca da assistência social e
a relação Estado x sociedade por ela atrelada quanto a prática do assistencialismo
desde longínquas épocas até os dias de hoje. A assistência social do século XXI
alcançou o status de política pública sistematizando e racionalizando toda prática em
nome dela realizada mas será que no defronte de toda a discussão para uma melhor
maneira de se politizar a assistência há ou deixaram um viés para a questão de
como que a sociedade, fruto do resultado final dessas políticas e sendo ela também
quem mais sofre o impacto negativo ou positivo de suas ações.
A Assistência Social caracterizada pelas ações estatais nos dias de hoje passou ao
longo do tempo identificada como uma ação benéfica inerente da solidariedade junto
ao próximo. O significado de Assistência Social parece ser algo simples de se definir
em apenas ações que visam garantir mínimas condições sociais de sobrevivência
própria do ser humano impostas por uma esfera estatal (nos tempos longínquos e
remotos da historia) ou ainda pela união do Estado com os segmentos sociais
compostos a ele ( no que hoje é conhecida como descentralização político–
administrativa) mas o caminho que a Assistência Social atravessou não condiz com
que temos hoje como conquistas consolidadas.No início, segundo Sposati (1995) :
[...] – ação produzida e conduzida pela rede de solidariedade da sociedade
civil aliada no Brasil a um Estado repressor – perdurou por muito tempo
como mecanismo essencial no trato da questão social. Ate mais do que
isso, atuou como matriz genética das políticas sociais como a de saúde,
inicialmente voltada aos ―indigentes‖, e ate mesmo da segurança
social.(Sposati, p.07)
Nos dias de hoje, ainda estamos vendo o assistencialismo vivo, ainda mais forte e
presente no cenário político, institucional e social. Diante de um cenário de aceitação
a essa prática tão renegado mas enraizado em outras ações consideradas direitos
sociais assim consolidados devemos, antes de mais nada devemos voltarmos à uma
parte de nossa História para acompanharmos a trajetória da Assistência Social e o
Assistencialismo à sombra dos eixos democráticos se analisarmos como um câncer
essa prática . Voltemos ao Brasil Republica pós-Proclamação....
No entanto, essa camuflagem fazia da pobreza uma fraqueza social que qualquer
pessoa poderia sair das condições que estavam sem a intervenção estatal como era
descrito nesse período. Desde então, coube a Igreja cuidar apenas do zelo e da
manutenção de uma sociedade de desvalidos e excluídos que empilhavam-se nas
cidades já que a mesma assim a fazia com a autonomia de uma instituição social.
Dessa forma, esse período marcou também a troca de favores camufladas como
ações sociais de interesses particulares dos quais se tiravam proveito para
cooptação de votos nas eleições políticas ( chamado de coronelismo ). Os ―coronéis‖
viabilizavam muitos documentos que eram necessários para que seus interesses
fossem realizados de uma forma ditatorial e muitas das vezes subvertendo a massa
do qual ele detinha controle criando assim um ciclo de dependência às duras regras
comandas pelos coronéis. Anos mais tarde, a prática clientelista veio dividir ou
mesmo erradicar a influência do coronelismo e com a assistência ainda muito ligada
as ações de caridade da Igreja Católica, o assistencialismo e o clientelismo veio se
arrastando entre benesses interesseiras e uma preocupação de se acabar com os
problemas ao invés de trabalhar com esses problemas. A prática do assistencialismo
estatal tem em seu início após a Revolução Burguesa com a ascensão de Getulio
Vargas ao poder.
Nosso caminho então começará com a Era Vargas e a tomada do poder através da
revolução burguesa de 1930. A Igreja começava a questionar a ausência do Estado
e cobrar mais que o mesmo participasse mais das ações sociais promovidas pela
igreja marcada pela caridade e assistência aos pobres e desvalidos. O que descreve
Colin(2008), é um Estado republicano onde a assistência social ganha a essência do
palavra latina Adsistentia e por essa razão que:
― Até 1930, a assistência social obteve este enfoque meramente
assistencialista, sendo encarada como oferta de benesses, favores,
doações caridosas, auxílio material ou financeiro, apoio e solidariedade
prestados por particulares, sem a intervenção do Estado, fazendo juz ao
sentido originário do termo em latim adsistentia, traduzido como ato ou
efeito de assistir, proteção, amparo, auxílio, ajuda.‖
Getúlio por sua vez, conhecido como ―Pai dos Pobres‖, iniciou mudanças políticas e
sociais de modo a proporcionar um ―bem estar‖ aos trabalhadores ao mesmo tempo
que alimentava os interesses da classe o colocou no poder. Vargas aproximou o
Estado da Igreja com a legitimação do seu governo com ações paternalistas mas
que se distanciou de ambas as classes ( dos trabalhadores que ele buscava apoio e
da classe burguesa que o colocou no poder ) ao tentar se perpetuar no poder ao
mesmo tempo que tentou através de um pacto populista abafar a insatisfação do
povo descrito por Guareschi ( 2007 ) como forma de impor a ―ordem‖ atendendo em
partes os intentos do trabalhador ao mesmo tempo que tentou manter sua imagem
de ― O Pai dos Pobres:
― Getúlio logo percebeu que, com violência, não conseguiria controlar os
trabalhadores. Criou, desse modo, o pacto populista e uma mentalidade de
doação de direitos. O pacto populista consistiu na oferta gratuita e
benevolente de leis trabalhistas aos operários das indústrias, em troca da
promessa de não fazerem nenhum movimento ou rebelião para aumentar e
garantir seus direitos. Em síntese, Getúlio concordou em criar e outorgar
paternalisticamente uma lei trabalhista, em troca da passividade e do
controle dos trabalhadores. Essa prática assistencialista, além de oferecer
leis trabalhistas, que já eram direito dos trabalhadores, revela-se também
importante devido ao momento em que elas foram criadas. Só se pensou
em leis trabalhistas quando se começou a temer uma possível revolta
resultante da exploração do trabalho, e não por ser era algo de direito dos
operários. Essa foi, então, a estratégia ideológica encontrada por Getúlio
para manter seu status de dominação e controle sobre o povo, além de
sustentar sua imagem de ―Pai dos Pobres‖
No anos 50, especialmente após o fim da era Vargas, o Brasil se via como uma
nação do qual precisava crescer, avançar. E o aspecto econômico então passou a
ser ferozmente maior com a ascensão de JK ao poder com seu plano de metas para
o desenvolvimento e a abertura do pais ao capital externo ou o mercado mundial. No
entanto, nesse período, a Seguridade Social começou a germinar em solos áridos
das políticas públicas de assistência social e previdência já que a saúde ainda era
uma política que carecia de intervenção maior ( A Reforma Sanitária só surgiu a
partir dos anos 60 na plenitude da Ditadura Militar ) de mudança estatal mas com
esse pensamento foi inspirados modelos extraídos da política do Bem Estar Social
europeu ou o Welfare State. Pensou-se em uma ênfase maior da participação do
Estado junto as questões sociais e um comprometimento maior na implementação
de um sistema de Seguridade Social mas, a assistência em si, sempre foi vista com
maus olhos pelo Estado pelos gastos sem retorno financeiro mas sempre foi um ―mal
necessário‖ pelo impacto político-partidário do qual era conseqüente. E com esse
pensamento que, no Golpe de 64, o Brasil se encontrava em processo de mudança
no modelo estatal de gestão com o Estado cada vez mais se distanciando dos
chamados investimentos sem retorno financeiro. Mas, ao mesmo tempo, era
conveniente buscar uma amenização dos intentos populares sufocados pela ação
ditatorial militar, a Ditadura agiu emergentemente aos seus interesses como
descreve Abreu (2008,p.49) ― ...via assistência social, busca, ao mesmo tempo,
neutralizar as manifestações dessa classe em defesa de seus interesses‖ e diante
do cenário em que se instalou no país, em caminho contrario do movimento de
democratização, o Estado adotou pequenas medidas do qual a população era foco
mas nenhuma delas deixavam seu cunho de democracia e princípios de cidadania.
Sem duvida, o advento da Constituição Federal Cidadã promulgada em 1988 não foi
apenas um marco político histórico e sim a gênesis de tudo que se pode pensar em
avanços nas políticas públicas. Depois de décadas sendo tratada como uma
questão opcional e como ultimo setor a se tratar. A partir dessa iniciativa iniciada no
Congresso Nacional na tarde do dia 05 de Outubro de 1988 como descreve
Souza(1996) a constituição foi promulgada ― [...] às 16 horas, em solenidade
realizada no plenário da Câmara dos Deputados e presidida pelo Deputado Ulysses
Guimarães, Presidente da Assembléia Nacional Constituinte, que, em seu nome, fez
a histórica declaração de promulgação‖ E sua redação prevê a Assistência Social
agora como membro integrante da Seguridade Social juntamente com a Saúde e a
Previdência Social, portanto é de competência do Poder Público na representação
do Estado cabendo citar o artigo nº 194 da Constituição da Republica Federativa do
Brasil : “ A seguridade Social compreende um conjunto integrado de ações de
iniciativas dos poderes públicos e da sociedade destinadas a assegurar os direitos
relativos à saúde, à previdência e à assistência social” (p.53) tendo ainda no
parágrafo único do mesmo artigo “ compete ao poder público, nos termos da lei,
organizar a seguridade social”(IDEM) e nessa premissa, a Constituição também
prevê o caráter não contributivo da assistência social e exige em seu artigo 203 que
“ a assistência social será prestada a quem dela necessitar, independente de
contribuição à seguridade social” (p.56) sendo assim, quem necessitar, deverá ser
assistido embora não haja recurso para atender a todos.
A LOAS traz consigo, toda uma roupagem de democracia e acesso livre a todos os
serviços do qual, o agora usuário se transforma em um cidadão de plenos direitos e
não cabendo a ele a alcunha de sujeito ―digno de pena‖, ou um ―pobre coitado
desprovido de ações solidárias do próximo‖. Além disso, A Lei Orgânica da
Assistência Social foi a primeira iniciativa de mudança intervencionista da máquina
estatal já que os dispositivos legais que preconizam a assistência social ou
inexistiam ou pouco eram aplicados. O objetivo da LOAS é fazer da Assistência
Social uma política pública com o mesmo peso das políticas de desenvolvimento por
imaginar que um povo do qual a assistência social a ele garantido, os outros setores
imediatamente sofreriam impactos positivos como o aumento na arrecadação
pública de tributos, diminuição nos índices de mortalidade infantil e outros citado em
Peres(2005) como um novo modelo de gestão da Assistência Social:
Assim, esperava-se, a assistência social deixaria de ser um negócio de
políticos, tornando-se uma política. Procurava-se combater o fisiologismo e
o clientelismo das ações sociais, tirando-lhes as características de moeda
de troca para ações unilaterais dos governos; de ações pontuais e sem
continuidade no combate à desigualdade social; e, sobretudo, de ações
humanitárias e vocacionadas de primeiras-damas em vistas a legitimar os
governos de seus maridos junto às classes populares.
Antes do início da Era Lula, a Assistência Social pré–política publica ainda era
regida pela LOAS e o Plano Nacional de Assistência Social que foi advento da LOAS
como algo que consolidasse seus princípios de universalidade foi imbricado a
necessidade de sistematizar a PNAS além de buscar maior normatização de sua
pratica. Assim nasceu a Norma Operacional Básica bem como era exigido na PNAS
e LOAS, do qual traçou perfis ideais para o enfrentamento dos problemas sociais e
desvencilhamento dos ideais assistencialistas e retrógrados da nossa cultura
histórica de dependência do usuário às benemerências do poder público bem como
se utilizando de influências eleitorais nas ações clientelistas e do favor ao qual o
usuário era submetido.
Vale lembrar que mesmo após a promulgação da Constituição de 1988, foi com a
LOAS instituída em 1993 e expandida ao PNAS e tudo que se conhece atualmente
de modelos de gestão da Assistência Social mesmo havendo na Carta Magna,
princípios ao qual foram pilares centrais da promulgação da LOAS (o maior erro foi
dar um hiato de 5 anos do qual pelas demandas que se expandiam velozmente com
o desenfreado crescimento da pobreza e da desigualdade social entre a
promulgação da Constituição e a Lei Orgânica se colocarmos em pauta de que a
Constituição dava todos os suportes necessários para que a Lei Orgânica fosse ate
ali instituída) e considerando de que o quadro social do Brasil veio buscando
melhorias ainda que mínimas em cada gestão após 1988, a assistência social ainda
busca a imagem de uma política necessária quanto a proteção do cidadão agora
imbuído aparentemente na rede estatal de políticas públicas(o tripé da Seguridade
Social).
Até os dias de hoje, a LOAS mesmo tendo o Sistema Único da Assistência Social
como um acoplador de suas diretrizes centrais, ainda está a passos lentos,
conseguindo com que o quadro de dependência estatal ao qual o cidadão se
submetia diminuísse mas a sua erradicação seria apenas um mero fantoche de uma
peça teatral que nunca terá fim.
De qualquer forma, tanto o Serviço Social nos dias de hoje como a Assistência
Social caminharam por trilhas vizinhas sincrônicas à efetivação de todos os
princípios a eles atribuídos(ainda que a passos lentos, nos dias de hoje a assistência
social vai ganhando status de uma política caracterizada na real democracia do
cidadão proporcionando a ele o amparo do qual a ele necessitar mesmo com a
implantação do Estado Mínimo e previsto na Carta Magna de 1988) porque coube
ao Serviço Social primeiro com sua legitimação de sua pratica enquanto profissional
e segundo pela mudança de pensamento e rompimento com as questões
conservadoras (a LOAS foi fruto de uma batalha de todos os segmentos sociais e
envolveu quase todas as profissões e recebeu forte influência dos Assistentes
Sociais daquela década e ficaram responsáveis pela elaboração final do texto) que
proporcionaram anos mais tarde um novo conceito de gestão: A Regionalização da
Intervenção do Estado com o foco no enfrentamento das questões em lócus alem do
controle social e da participação de todas as esferas sociais seja em Conselhos ou
no financiamento de projetos, programas e outros como relaciona Nozabielli(2008)
no contexto de atuação da política de assistência no Brasil apontando um possível
hiato entre os direitos do qual a constituição garantiu em primazia ao usuário e a sua
efetivação afirmativa prática dando assim brechas fatais a democracia e
emancipação do próprio sujeito considerando a necessidade do total rompimento ao
regime assistencialista sendo dessa forma colocado em linhas gerais, a necessidade
de fortalecimento nos vínculos do Estado junto a população usuária dos serviços
públicos ao que se:
― Pressupõe os princípios de gestão compartilhada em seu planejamento e
controle; co-financiamento das três esferas de governo; descentralização
político-administrativa como forma de ampliação dos espaços democráticos
e aproximação das particularidades e demandas regionais; primazia de
responsabilidade estatal, o que vem corroborar o necessário rompimento
com o assistencialismo e clientelismo que sempre permearam tal área,
convertendo a assistência numa real defesa dos interesses e demandas das
classes populares, articulada às demais políticas sociais. A Assistência
Social, na condição de política social, orienta-se pelos direitos de cidadania
e não pela noção de ajuda ou favor. [...] Considerando a atual conjuntura
política, social e econômica em que se insere a Política de Assistência
Social é necessário compreender os limites e constrangimentos de ordem
estrutural, que comprometem a sua efetividade. Apesar de todos os
esforços e avanços, ainda permanece um abismo entre os direitos
garantidos constitucionalmente e a sua efetiva afirmação.‖
Essa prática faz com que o usuário fique dependente dessas ações sem ter com que
se desprender a ela ( é mais cômodo receber um beneficio do que se livrar dele)
seja qual for sua situação social em suma. Geralmente a população que mais sofre
com o assistencialismo se encontra em algum tipo de vulnerabilidade social ou
algum de seus direitos ameaçados ou já violados. O Estado Nacional provêm ações
em que suas competências e responsabilidades são repassadas para federações
estaduais, municípios e setor privado entre OSCIP‘s, Conselhos municipais e
estaduais com o intuito de criar uma rede integrada de atendimento ao usuário
interligada ao governo através de sistemas-únicos (assistência social e saúde) e
Entende-se por assistencialismo também na visão de Alayón ( 1995, p 15-16 ) como
―[...] uma das atividades sociais que historicamente as classes dominantes
implementaram para reduzir minimamente a miséria que geravam e para perpetuar o
sistema de exploração‖ e através dessas atividades, a população pobre recebia por
meio de ações sociais do Estado ajuda material como roupas, cestas básicas,
sacolas de verduras ou os famosos ―verdurões‖ dentre outros de modo que essas
pessoas recebiam essas ações sociais acabavam se submetendo ao sentimento de
gratidão como um favor, ou mesmo caridade filantrópica de certo modo que elas
ficavam dependentes daquelas ações e sua realidade social não mudavam sendo
assim eternos merecedores da benemerência e misericórdia da classe dominante.
É ruim para quem recebe, porque na grande maioria são pessoas sem
oportunidade e sem condições de se sustentar, recorrem a facilidade de
receber doações, cestas básicas, refeições, roupas, etc… o
assistencialismo não é uma escolha mas uma necessidade.Só que depois
de se entrar num bolsa-família, ou num sopão da vida, a pessoa começa a
se perguntar se vale a pena trabalhar, ou é melhor ter mais um filho(a) e
aumentar o benefício. Este é um exemplo muito triste mas muito frequente
em todo nosso país.Contudo o outro lado do assistencialismo é muito pior.
Nele temos a maioria dos políticos brasileiros que seja para se elegerem,
seja no exercício de seus mandatos baseiam suas ações na exploração
dos necessitados, e na caridade prostituida.(Grifos do autor)
Para o Estado, a assistência social é nada mais do que uma política social
direcionada ao efetivo dos direitos sociais existentes sobretudo suas prerrogativas
voltadas ao estado de isonomia estatuído na Constituição. Sendo assim, as políticas
sociais são na verdade programas de governo e isoladamente atendem as mais
diversas demandas da classe trabalhadora desde prematuros e parturiantes ate
idosos passando por incapazes e outros. Caracterizando, o Estado Neoliberal usa a
assistência social como uma arma de cunho perpétuo temporário que pode variar de
acordo com o Gestor Federal ( o governante ) ou sua filosofia partidária uma vez que
enquanto política de Estado, as prerrogativas seriam imutáveis e invioláveis
consolidando de fato o direito do cidadão seja no acesso aos serviços que lhes são
garantidos legalmente como seja na execução dessas políticas e cabendo apenas
como política social, Sposati (2005) aponta dentre os efeitos dos impactos do
Neoliberalismo nas políticas estatais uma desconfiguração lagal do que de fato é um
direito a condição de cidadão usuário dos serviços públicos a fragilização da
importância permanente como foi feito com o Programa Bolsa Família que as
principais frentes políticas ( Direitistas do PSDB e Esquerdistas do PT ) duelam
todos os anos a paternidade desse programa dado vistas a uma imagem de rica
cooptadora de votos das classes ―dependentes‖ do programa por conseguinte:
―Um segundo grande efeito do trato neoliberal do social na realidade latino-
americana é a configuração da política social como Programa de Governo e
não como Política de Estado. A conquista da Política de Estado significa a
permanência do acesso na condição de direito do cidadania ao invés, da
frágil condição de receber uma concessão de um governante. A ausência
do entendimento da política social como dever do Estado e direito de
cidadania leva a sua frágil e transitória construção como um ato pessoal do
governante de plantão. Isto ocorre mesmo quando é operada massivamente
(a semelhança do favor individual que se fez sob a ―égide do dom‖, como
analisa Mauss) supondo a retribuição do ―dar‖ momentos eleitorais. Mais
ainda, aparece como ameaça: ―caso não seja reeleito você não terá mais
acesso a isto ou aquilo‖. Logo, desloca-se o direito de cidadania ao acesso
a um serviço para o velho processo doação e seu vínculo com a retribuição
como reconhecimento do favor ao doador.‖
Sendo esse como um dos efeitos apontados pela autora, a população além de muito
impactada com essa ação acaba incorporando essa lógica neoliberal tão excludente
e cada vez mais desvirtuada de suas próprias responsabilidades enquanto Estado
Nacional. Sob essa ótica, o populismo é uma das armas eleitorais que buscam no
Neo-Assistencialismo uma força coercitiva a intenção de continuar a dependência
oculta que se instala por detrás dos programas de governo.
Fonte: http://www.visaopanoramica.com/2010/01/13/bolsa-famlia-assistencialismo-
eleies-e-um-grande-cara-de-pau/
Ao que se vê, não se trata de efetivação de direitos uma vez que o direito real seria
o acesso aos dispositivos a eles referenciados (um programa de transferência de
renda substituído pelo acesso ao mercado de trabalho através da qualificação da
mão de obra para atender uma linha de mercado carente de determinados
profissionais) mas em tese, esses programas seriam melhor direcionados se eles
realmente alcançassem seus objetivos centrais sem que o caminho que elas
percorrem não sofressem alterações em seu percurso (no caso, podemos citar a
evasão de recursos públicos como uma alteração no percurso destino da verba
pública federal para os programas ) ressaltando que a fundamentação desses
direitos para Couto( 2004 p.48):
― Constituem-se em direitos de prestação de serviços ou de créditos, pois
geram obrigações positivas por parte do Estado, que detém a
responsabilidade de , por meio de planejamento e da consecução de
políticas de bem – estar do cidadão, atender às demandas por educação,
trabalho,salário suficiente, acesso a cultura, moradia, seguridade social,
proteção do meio ambiente, da infância e da adolescência, da família, da
velhice dentre outros‖
Ainda hoje, não encontram-se autores que se atentaram ainda a essa prática. Muitos
ainda acreditam que a LOAS derrubou, dilacerou o Assistencialismo pela raiz como
se extrai uma erva daninha de um jardim, fato por si não aconteceu e para isso, os
papéis teriam que se inverter. De que modo, um benefício eventual pode caracterizar
como forma assistencialista de manter clientes e beneficiados? Na teoria, ainda não
existem questionamentos sobre o modelo atual de gestão da Assistência Social que
volta-se no lócus da questão parece ter se colocado em modelo perfeito e
executável nas intenções de cada planejamento mas muito longe do que se vê
executável na prática. Ainda é muito visível uma ideologia dominante dentro da
Assistência Social de discursos pré-moldados em uma realidade existente
estatisticamente mas com os planos de execução ainda atrelados a tipos ideais de
realidade ou modelos de ação calcados nas causas e efeitos sem um pensamento
das conseqüências para todos os ângulos.
Poucos autores ainda que timidamente, abordam indícios que levam que o Neo-
Assistencialismo não é apenas uma utopia negra filosófica e sim um câncer tão
presente e próximo de nós mais ainda na prática, tendo uma visão do todo em um
todo. Mesmo a força de um benefício eventual como um benefício de transferência
de renda, ainda nos deparamos com a seguinte dinâmica do qual levantamos teses
em que se fora extraídos após uma análise profunda quanto ao comportamento do
próprio usuário beneficiário em seu meio social:
1) A criação de métodos sistemáticos para a concessão do beneficio, ou seja, os
critérios em que um usuário egresso aos programas de transferência de renda
abriram o leque de dependência sócio – econômica ao mesmo tempo que
limita os falsos beneficiários de usufruírem desses mesmos benefícios.Não
existem distinções para esse cabendo aos profissionais que atuam na região
em foco quem ―merece‖ receber o benefício
Daí que podemos atribuir uma dada ―mea culpa‖ em ambos os atores sociais:
Estado e usuário tendo ainda mais ao Estado a culpa uma vez que ele transforma as
políticas sociais como instrumentos subversivos a perpetuação de um programa de
governo e não como uma política de Estado sem seu devido tratamento dentro dos
conceitos básicos de dignidade e cidadania
Para a Doutora em Serviço Social Soares( 2010), O governo conduz os programas
sociais como ferramentas atreladas as políticas econômicas e sendo essas,
incapazes de gerar de fato o trabalho pois sua preocupação se dá no alto incidente
de desemprego entre os beneficiários e constante estagnação no perfil aceitável
para estar inserido nos programas apontando como principal direito social a ser
garantido, o acesso desses usuários ao mercado de trabalho para assim terem seus
direitos a uma sobrevivência a base de seu trabalho com dignidade fazendo valer de
fato a sua soberania enquanto cidadão dotado de decisões que marcarão sua vida:
O problema é que o governo federal conduz uma política econômica que
não gera trabalho e sim o aumento do desemprego e da desigualdade
social. Assim sendo, é quase que ‗tapar o sol com a peneira‘ pensar que
programas como o Bolsa Família sejam, de fato, medidas de combate à
desigualdade.[...] A questão é mais complicada do que parece. Muito mais
do que ‗dar o peixe ou ensinar a pescar‘. Na verdade o principal direito que
deveria ser garantido para que as pessoas conseguissem sobreviver na
forma como esta sociedade está organizada é o direito ao trabalho. Se
essas pessoas tivessem trabalho teriam como ter acesso aos meios para
sua sobrevivência sem precisar acessar benefícios assistenciais‖
Fonte: http://contraovento.com.br/?m=20100516
O Brasil, por sua cultura política ligada à corrupção e uma maior potenciação aos
interesses econômicos e mercadológicos em nome do progresso e desenvolvimento,
desperta na população tendo pois membro constituinte da sociedade que subsidia o
Estado também a prática de pequenas corrupções com objetivo de tirar proveito
próprio(daí que muitos autores são unânimes ao postar em suas obras, uma imagem
de um povo inocente e desprovido de ambições passivos de um sistema capitalista
cada vez mais selvagem e excludente seja diretamente ou indiretamente ) gozando
indevidamente de um ―direito‖ ilegítimo quanto ao seu cotidiano (é obvio que isso
não afeta a toda uma população, mas a mesma fica estratificada nos que
necessitam e nos que não necessitam desses programas )e podemos perceber
detalhes que nos levam a acreditar de estarmos retrógados enquanto assistimos
programas federais dissecados pela corrupção seja por parte dos gestores como da
própria população. Clemente(2006) alerta sobre os riscos que os programas de
transferência de renda oferecem da forma que se estão sendo geridos pois:
Mas para que esse combate a pobreza possa se tornar mais eficaz sem com que o
usuário não seja tomado como marionete do Neo-Assistencialismo, deve-se
desvencilhar do discurso com recheio de dados estatísticos superficiais e
insuficientes de realidades contrárias às planilhas manipuladas para informações de
pertinência própria( digo, por exemplo da total eficácia sem as falhas apresentadas
aqui colocadas em estatísticas do governo federal negando a existência dessas
mazelas detalhistas, proporcionando resultados superficiais carecidos de dados
específicos peculiares) e ― [...] Em situação de miséria extrema não cabe o discurso
da qualidade, pois afirma que o direito à vida, mais próximo de necessidades
matérias imediatas, não é mais importante que o direito à educação, mas o
precede‖(IDEM, 2007) sobretudo para Montaño(2003) apud. Sampaio(2004) ― as
desigualdades sociais não serão superadas apenas com uma melhor distribuição de
renda e com a solidariedade das classes médias. É imprescindível que se prepare
os jovens para o trabalho.‖ E sendo as desigualdades sociais assim superadas coma
preparação dos jovens ao mercado de trabalho, é possível mudarmos o quadro
desolador das políticas públicas de assistência dos dias de hoje, brecando em
partes até mesmo o alto índice de corrupção por parte da distribuição de renda feita
de maneira desordenada sem uma efetiva fiscalização no uso dos recursos
destinados.
Vejamos, abaixo alguns casos relatados pelos meios de comunicação sobre
irregularidades seja de corrupção política ou mau uso do benefício:
Fonte: http://www.itaboraiweblist.com.br/BRASIL/tcu-flagra-577-politicos-com-bolsa-
familia.html
Resumo da Noticia: O Bolsa Família, principal programa do governo para combater
a pobreza, é suspeito de pagar benefícios a 577 políticos eleitos, 3.791 mortos,
106.329 donos de carros, caminhões, tratores ou motos e a 1,1 milhão de famílias
com renda acima do permitido. Ao cruzar os nomes da lista de beneficiários do Bolsa
Família com a relação de candidatos nas eleições de 2004 e 2006, os auditores
identificaram 577 políticos eleitos. Considerando-se os suplentes, isto é, quem foi
derrotado nas eleições, o número totaliza 39.937 beneficiários. O relatório não
especifica qual eleição os 577 políticos venceram. Desde março de 2008, decreto do
presidente Lula proíbe que políticos eleitos em qualquer esfera de governo recebam
recursos do Bolsa Família.
http://brenomagalhaes.com/2009/01/24/bolsa-familia-para-tudo-e-todos/
Referencia: http://coturnonoturno.blogspot.com/2009/01/o-mico-do-gato.html
Fonte:http://g1.globo.com/Noticias/Brasil/0,,AA1417932-5598,00-
MULHER+E+FILHOS+DE+VEREADOR+BAIANO+RECEBEM+BOLSA+FAMILIA.ht
ml
Fonte: http://amarildocharge.wordpress.com/page/4/
Fonte: http://www.acessepiaui.com.br/brasilia/bolsa-famlia-beneficia-at-quem-tem-
patrimnio-de-r-300-mil/1933.html
Relato da Noticia: Uma mulher de 23 anos foi presa em flagrante, na última quarta-
feira, por suspeita de praticar um aborto em uma clínica clandestina no município de
Nossa Senhora do Socorro, na região metropolitana de Aracaju, em Sergipe. A
jovem teria oferecido um cartão do programa federal Bolsa Família para pagar parte
do remédio usado no procedimento. De acordo com a Polícia Militar (PM), Juliane
Santos Oliveira estava grávida de cinco meses e foi detida logo após o aborto. Ela
foi flagrada entregando R$ 200 em dinheiro e o cartão do Bolsa Família, com crédito
de R$ 90, para Maria José dos Santos, que teria realizado o procedimento. Santos
também foi presa. Outras quatro pessoas ligadas a Juliana foram detidas enquanto
supostamente sepultavam e tentavam esconder o feto. O grupo deve responder por
ocultação de cadáver. O caso foi registrado na 4ª Delegacia de Polícia
Metropolitana, zona sul de Aracaju.
Cabe aqui então ressaltar de que não se trata de uma adesão ao sistema neoliberal
que se calca essa colocação, mas apenas um indicativo do qual o assistencialismo
mudou sua forma de ser praticado. Não se trata apenas de uma vicissitude histórica
de procurar culpados e inocentes, de bandidos e mocinhos e sim de uma visão
diferenciada, critica ao que se esta sendo estudado e aplaudido por populistas mas
em nada contributivo para nenhum dos membros envolvidos.
3.0 – As Consequências do Neo-Assistencialismo e O Efeito
Preguiça por Isabel Clemente
A autora enfatiza que o mau uso dos programas de transferência de renda podem
ocasionar o que é chamado por ela de Efeito Preguiça. Como se daria esse efeito
assim posto pela mesma? Quando uma família é beneficiária de vários programas
de transferência de renda conjuntos ( PETI, PROJOVEM, BOLSA FAMILIA e outros )
a soma de todos os benefícios em alguns casos chegam ou a metade de um salário
mínimo ou superior próximo de um salário mínimo dependendo do grau de
vulnerabilidade social da família ou de sua composição familiar , quanto maior o
número de filhos havidos da união familiar maior será o beneficio de acordo com o
cálculo feito entre o que se ganha de arrecadação bruta dividindo pelo número de
pessoas que moram na residência lembrando que não pode haver na residência
beneficiários de aposentadorias e programas de prestação continuada (seja por
tempo de serviço ou invalidez) ou beneficiários do BPC(Beneficio de Prestação
Continuada) no entanto, esse somatório se dá a parte uma vez que hipoteticamente,
a família poderia prover de outras rendas separadas a esses benefícios.
Fonte: http://www.visaopanoramica.com/2010/05/17/bolsa-famlia-empregos-e-o-vcio-
que-se-espalha/
A educação do sistema neoliberal com forças para modelar os futuros profissionais
ao seu bel prazer não dá conta dos intentos sejam dos pais como dos próprios filhos
junto a esses benefícios. O que podemos ver acerca da educação, é um
desinteresse quanto as questões educacionais advindas dos pais já que essas
crianças e adolescentes beneficiários dos programas de transferência de renda
seriam tidos como ferramentas de troca, as crianças e adolescentes não são
disciplinadas quanto a importância da escola em suas vidas seja na formação
pessoal ou profissional e a elas são colocadas a obrigação de frequentarem a
escola para que um ―sustento‖ não seja perdido caso havendo revesse, já que
esses programas têm como exigência o índice de frequência escolar superior a 85%
que periodicamente é acompanhado e exigido pelas equipes sócio-pedagógicas das
unidades de saúde bem como os Centros de Referencia de Assistência
Social(CRAS), Conselhos Municipais de defesa dos direitos e Conselhos Tutelares
dentre outros junto as Escolas estaduais e municipais da região onde residem. E
como o Estado não vem contribuindo para a erradicação dessa precariedade na
Educação e sim na manutenção de uma Educação passiva e acrítica já que sem
essa Educação, seria declarada a revolução contra o sistema capitalista.
Clemente(2006) cita em seu artigo um exemplo do que fora feito no Reino Unido no
ano de 2006 e a conexão que a mesma faz com o modelo brasileiro de gestão dos
programas de transferência de renda é com base nos estudos realizados dentro do
Reino Unido pelo Institute of Fiscal Policies onde sua conclusão não se difere com o
que se é praticado no Brasil sendo assim o Instituto:
― [...] sugere que um programa de transferência de renda pura e simples não
funciona sozinho. Para melhorar mesmo de vida, é preciso que as famílias
atendidas consigam um emprego ou que mantenham atividades
empreendedoras. E oferecer empregos ou condições para a abertura de
pequenas empresas é algo que a assistência social sozinha não consegue.
Para repetir o lugar-comum freqüente: "Não basta dar o peixe aos pobres, é
preciso ensiná-los a pescar".
Esse advento no entanto não é pautado como uma insensibilidade desse trabalho
quanto as questões sociais assim postas. De qualquer forma, o que se preconiza na
Constituição acerca da universalidade da Assistência Social quanto a cobertura de
sua seara através do reconhecimento dos Direitos Sociais acaba sendo na pratica
que para Moura (2008) ― vivencia-se, no cotidiano, Políticas Sociais compensatórias,
que não buscam em primeiro lugar, garantir os direitos sociais e fornecer serviços
qualificados aos cidadãos‖ Sobretudo, não podemos aqui atribuir a existência da
questão social em virtude dessa parcela de excluídos sem que o Estado não lhes dê
condições de mudar a realidade que os cercam. Não basta apenas ―ensinar a pescar
o peixe se oferecer o peixe mas não oferece-se a vara de pescar para tal ‖ como
esta sendo feito nos dias de hoje. E sob essa batuta que os programas de
transferência de renda por sua maioria são custeados pela própria sociedade civil
através da alta carga tributaria e sendo dessa forma, uma forma de descentralizar o
Estado delegando à própria sociedade sobre o que fazer com as questões de
exclusão e desigualdade social derivadas das ações de expansão e consolidação
capitalistas das classes dominantes .
A mesma autora ressalta que a centralidade das questões sociais na família como
ator principal de sua emancipação é dever do Estado como um mantenedor da
ordem pública primaziando o acesso igual para todos e sendo essa estratégia como
um fator de risco já que para a equalização de todo um sistema precisaria aumentar
os investimentos que podem ter ou não ter o retorno necessário, Moura (2009)
também coloca mesmo tendo a família como um elemento neutro de valor:
― [...] não se deve colocar a família como responsável pelas questões sociais
e sim, cobrar do Estado que tenha uma efetiva atuação para superar os
problemas das famílias. O atendimento socioassistencial de caráter
obrigatório ou prioritário aos beneficiários do PBF (e mesmo dos
beneficiários do BPC) pode, na ausência de orientações claras, trilhar o
caminho já conhecido na história da Assistência Social de ―culpabilizar‖ as
famílias ou enfatizar de maneira excessiva os aspectos psicológicos em
detrimento das questões e processos sociais envolvidos em suas
trajetórias‖.
Isentar essas famílias de ações que poderiam fazer das mesmas as principais
responsáveis de suas próprias ações independentes desses benefícios existirem ou
não partiria do preposto de que cada família por si mesma tem por si, a condição de
julgo próprio para sua própria sobrevivência bem como sua qualidade de vida em si.
Hoje, muitas famílias não adotam como postura emancipadora atividades que lhes
tragam como retorno financeiro desses benefícios em forma de renda extra. As
poucas iniciativas partem dos profissionais da área social como provocadores e
incentivadores dessas ações desde a produção de artesanato até mesmo a comidas
típicas ou gêneros alimentícios para comercialização em eventos ou afins.
Na reportagem feita por Canzian ( 2010 ) mostra que o Bolsa Família, destaque de
maior evidência dos programas de transferência de renda, tem sido nocivo quanto a
geração de empregos formais e compromete a agricultura da região cafeeira da
cidade Brejões(BA) no sentido que produtores de café não estão conseguindo trazer
para suas fazendas, trabalhadores com carteira assinada tendo a necessidade de
diminuir sua produção por falta de mão de obra mesmo que não qualificada como
segue em sua matéria para o Jornal Folha de São Paulo de 16/05/2010: ― A falta de
mão de obra resulta no fim de atividades que usam emprego intensivo. Em Brejões
(BA), lavouras de café que empregavam mais de 170 pessoas estão virando pastos
geridos por menos de 10 pessoas.‖ (CANZIAN, 2010) E complementa com um
depoimento de uma das beneficiárias entrevistadas o que ressalta também nas
aposentadorias especiais, no caso citado se dá na questão do bóia fria ter na lei Nº.
8.213 (24/07/1991) em seu artigo 143 o direito de um beneficio do qual a lei garante
para o bóia fria como segurado especial e esse não precisar de comprovação de
contribuição à Previdência :
― No caso da aposentadoria, o registro anula a condição de "segurado
especial". Quem trabalha só alguns meses na safra não perderia
necessariamente o Bolsa Família, mas os beneficiários preferem não
arriscar.
Juceli Alves, 47, nove filhos, diz que teme perder os R$ 134 mensais do
Bolsa Família se for registrada: "É melhor contar com o certo". O governo
nega que os benefícios sociais causem "dependência". (IDEM, 2010)
Realmente cabe aqui a seguinte questão: até que ponto, Isabel Clemente poderia
estar certa em sua matéria onde aponta um certo efeito preguiça entre quem recebe
os recursos transferidos do governo diretamente para eles? Diante desses dados
que consequentemente não fogem da realidade do Brasil ainda que hajam absurdas
diferenças sociais e culturais entre as regiões brasileiras em si, qual o caminho a
seguir e como poderemos combater isso? O que fica claro diante desses dados a
tese de que o usuário é quem se prende ao assistencialismo do governo
ocasionando o efeito neo-assistencialista colocado aqui. Abaixo segue a capa do
jornal O Globo referente a matéria do dia 24 de Outubro de 2009:
Fonte: http://jcasadei.wordpress.com/2009/11/10/jornais-provam-que-
%E2%80%98espetaculo-do-jornalismo%E2%80%99-e-possivel/
Nesse momento que podemos intervir como orientadores das ações que podem
combater o efeito preguiça dominante nessa classe social. Não basta apenas
apontar as falhas e enxergar apenas o que deveria ter sido feito e sim articular-se
entre os envolvidos da ação formas do qual essa pratica não se torne mais
imbricada ao ―usuário‖ desses serviços. De que maneira, isso pode ser feito? É
muito mais do que os limites do profissional, é um intensivo trabalho de persuasão
capaz de mexer com o inconsciente do usuário, por que afinal de contas, quem é o
maior interessado em aumentar sua extensa clientela?Ninguém menos que os
políticos populistas inimigos da verdadeira democracia e adversos a real cidadania
ao qual se deve ser o verdadeiro foco.
Fonte: http://www.fabiocampana.com.br/2010/01/governo-promove-ajuste-eleitoreiro-
no-bolsa-familia/
Nesse ponto, podemos ratificar o esforço do qual enfrentam os profissionais dessa
área mas percebe-se uma certa crise de identidade oculta as práticas principalmente
do Assistente Social diante dessas questões. Como que esse profissional inserido
na máquina pública pode intervir de forma a atender os interesses ideológicos de
seu Código de Ética se ele mesmo é mais um trabalhador que depende daquele
salário para as suas necessidades? Neste campo das contrariedades, vemos um
assistente social passivo ao sistema de gestão publica elaborada em conjunto a
outros assistentes sociais ocupantes de altos postos no Poder.
Fonte: http://jboscocartuns.blogspot.com/
Uma das tentativas do qual o governo federal fez com que os beneficiários do Bolsa
Família em interação com o gestor municipal do programa, o PLANSEQ ou o Plano
Setorial de Qualificação e Inserção Profissional, iniciativa criada com o objetivo de
dar acesso aos beneficiários do Programa Bolsa Família cursos de qualificação
profissional visando atender parcialmente a demanda do mercado ao mesmo tempo
que esses beneficiários poderiam ser aproveitados nas obras de infra-estrutura do
Programa de Aceleração ao Crescimento ( PAC ) : ―A iniciativa visa promover uma
ação de qualificação e inserção profissional deste público em obras do Plano de
Aceleração do Crescimento ( PAC ) do setor da construção civil.‖ (BRASIL, 2008) e
os critérios de inserção no PLANSEQ não são tão rigorosos quanto ao acesso ao
Bolsa Família: ― Para participar do programa, a pessoa tem que ser membro de
família beneficiária do Bolsa Família, ter idade acima de 18 anos e possuir pelo
menos a 4ª série do ensino fundamental completa.‖ (IDEM, 2008) e o critério de
seleção dos beneficiários para o PLANSEQ atendem aos parâmetros do Índice de
Desenvolvimento da Família (IDF): ― Os beneficiários inscritos serão classificados
com base no Índice de Desenvolvimento da Família (IDF), sendo priorizadas as
famílias com menor IDF‖. (IBIDEM, 2008) mas no entanto todo esse aparato não
atende aos índices satisfatórios. Os usuários simplesmente não querem participar do
PLANSEQ em algumas cidades e de acordo com a coordenadora do Programa
Bolsa Família na cidade de Goiânia-GO, Rita de Cássia Soares Mendonça Monteiro
diz que ― Estamos movendo céus e terra para conseguir convencer os beneficiários a
fazer os cursos‖ mas o que se pode ver na matéria do jornalista Adriano Garcia do
dia 24/08/2009 é prova da dificuldade do programa em persuadir com os
beneficiários. Garcia ( 2009 ) coloca o exemplo:
― [...] o caso da diarista Dirce Maria, de 37 anos, quatro filhos e grávida de
cinco meses. Ela conta que se inscreveu no Bolsa Família há três anos,
mas somente há dois meses começou a receber o beneficio. Nesse tempo,
Dirce encontrou novo companheiro, que trabalha com carteira assinada, e
engravidou. ― Já trabalhei fichada mas hoje nem penso nisso‖, afirma a
diarista, que recebe, em media, R$ 50,00 reais por dia trabalhado‖.
Fonte: http://i40.tinypic.com/nqv39g.jpg
Mesmo com todos os atrativos do qual o aluno do PLANSEQ tem para participar
como vale transporte, lanches nos dias do curso além do certificado de conclusão do
curso e possível inserção ao mercado de trabalho através dos cursos, ao que se
remete ao comensurável fato de que o maior fetiche desses beneficiários é
justamente a renda per capita destes superar os ¼ do salário mínimo que os tiram
do Bolsa Família. Mesmo que os cursos do PLANSEQ não atendam as demandas
do mercado de trabalho, é visível um certo desinteresse por parte desses e para a
coordenadora do Bolsa Família do Estado de Goiás, Denise Barra:‖ [...] 99,99% dos
titulares do Bolsa Família são mulheres, o que pode indicar um ajustamento familiar
em que os homens preferem se manterem na informalidade enquanto as
companheiras permanecem como beneficiárias‖ sendo que o exemplo de Goiás
também se aplica ao exemplo do Espírito Santo e provavelmente de todo o país
ainda que haja diferenças regionais de cotidiano social.
4.0 – A Assistência Social Brasileira: O Neo-Assistencialismo e a
“Santidade Social” na visão critica de Pedro Demo
Demo (2002, p.07) enfatiza que em uma sociedade do qual o modo de produção
capitalista em uma filosofia liberal onde tudo gira em torno do mercado e suas
variações, a assistência social na visão neoliberal não vislumbra de uma posição
favorável quanto ao exercício de assistir aos que necessitam da intervenção estatal,
mesmo que a Constituição venha a cobrar o Estado uma maior participação frente
ao que podemos dizer, Exclusão Social, na pratica essa prerrogativa não se faz tão
presente já que a emancipação do sujeito enquanto cidadão é um processo ilusório
tanto para o próprio Estado como para os profissionais da área social em suas
distintas objeções que o autor cita como rol de erros para análise a questão da
emancipação do sujeito:
― Inverter a questão da emancipação, aceitando que a população pobre
poderia, indefinidamente, viver de assistência;se a proposta capitalista de
emancipação é absurdamente agressiva, por que fundada no mercado, não
adianta cair no extremo oposto, como se fosse viável uma sociedade
capitalista dedicada a salvar os pobres‖
O cenário pode não parecer de maneira clara e contundente já que sendo claro e
contundente estaríamos em total estado de anomia e desordem social provocados
por essas provisões, mas nota-se uma diminuição no número de pessoas inseridas
no mercado de trabalho por conta das condicionalidades de permanência desses
benefícios.
Até quando e como é possível essa condição aqui descrita? A partir do momento em
que tal família encontra-se ―estacionada‖ naquela questão social pautada na
entrevista realizada a cada atualização dos beneficiários dos programas de
transferência de renda( no caso do Bolsa Família sendo feito anualmente e no caso
do BPC de dois em dois anos) mudando-se apenas em alguns casos o endereço ou
o número de pessoas que residem no mesmo domicílio( ou mais uma criança a
acrescentar no cadastro ou menos uma pessoa seja um companheiro que não
resida mais no local ou um possível óbito na família ou ainda um dos membros que
alcançou sua autonomia pessoal) visto isso em minha experiência enquanto
estagiário de campo.
Fonte: http://blogs.diariodepernambuco.com.br/economia/?p=990
Obviamente falando, não podemos denominar aqui uma insensibilidade quanto as
questões realmente ―incuráveis‖ de vulnerabilidade social para justificar
determinadas mazelas causadas pelas políticas compensatórias mas podemos citar
como uma forma de reter o controle já perdido do Estado que o crivo dessas
atualizações tendem a apenas a abrir novas vagas aos inscritos plantados e
enraizados na longa fila de espera eliminando os que podem ou estão fora das
condicionalidades.
No entanto, como podemos ver na imagem abaixo, as famílias que tiveram seus
benefícios bloqueados no ano de 2009 por ausência de atualização em seus
cadastros continuarão a receber o Bolsa Família sem qualquer questionamento ou
apuração sobre o por que da na atualização ou ainda aqueles que tiveram suas
rendas per capita superiores aos 140,00 reais ao qual fora cobrado como critério de
permanência também continuarão a receber o Bolsa Família como cita Diniz (2010)
em sua reportagem publicada na versão eletrônica da Revista Veja denominando
essa manobra como versão atualizada do voto de cabresto:
― Pelas normas até então em vigor, perdiam o direito ao recebimento do
benefício famílias cujo cadastro estivesse desatualizado havia mais de dois
anos e aquelas cuja renda per capita tivesse ultrapassado o limite de 140
reais. São critérios justos: o primeiro se destina a coibir fraudes e o segundo
visa a evitar que o cidadão fique para sempre sob a tutela do Estado – o
que é, ou deveria ser, uma das preocupações do programa. Mas, como em
ano de eleição vale tudo, o governo decidiu deixar para lá. O ato
administrativo do dia 23 de dezembro estabelece um "prazo de carência"
dentro do qual a burla das regras passa a ser tolerada. Assim, quase 1
milhão de famílias que não atualizaram seu cadastro em 2009, e tiveram o
pagamento bloqueado em novembro, voltarão a ganhar o benefício. Da
mesma forma, continuarão a receber dinheiro público as famílias cuja renda
per capita ultrapassou 140 reais – em torno de 440 000. Trata-se de uma
versão atualizada do voto de cabresto‖
Lamounier (apud.DINIZ, 2010) complementa com uma comparação ao que se
praticava no coronelismo ( citado aqui como um dos propulsores do assistencialismo
brasileiro no século XX ) "Os antigos coronéis do interior do Brasil pelo menos
aliciavam votos com o próprio dinheiro. O governo atual faz isso com dinheiro
público" sendo assim, a critica se dá na ausência de políticas de incentivo ao
emprego como uma forma de sair dessa dependência neo-assistencialista que o
Estado vem praticando em todas as esferas
Analisando o quadro acima: Ora, sendo assim dessa forma, a questão que
postergamos aqui pode se tornar nula ou simplesmente se perder no meio a uma
teia onde criamos para corrermos em círculos se não fosse um motivo obvio: Sendo
o Estado, limitado e ele mesmo por si ―carecido‖ de recursos para alimentar o
exército de excluídos seja por sua natureza social ou mesmo por sua própria
vontade (já que podemos citar um certo comodismo por parte de muitos desses
beneficiários) , para alimentar esse contingente de expropriados ou uma nação em
paralelo, uma das classes sociais deverá arcar com a manteneção desse exército
eleitoral do populismo pois o Estado por assim só, jamais terá como alimentar a dois
exércitos: dos famintos exclusos de dignidade e os famintos inclusos na
―dignidade‖(refere-se a corrupção praticada ao longo dos governos) e tão pouco o
Estado priorizaria o atendimento diferenciado a uma parcela da sociedade ou
mesmo ser de fato um governo para as maiorias uma vez que isso postergaria uma
crise sem precedentes, afinal se a carga tributária do Brasil, eleita como a 2ª maior
do mundo, é pesada ao nível dos países desenvolvidos ou seja, percebe-se que a
necessidade de aumentar a carga tributária seria muito mais evidente causando
conseqüência gravíssimas de ordem estrutural.
Fonte:http://2.bp.blogspot.com/_HK7tTmpGUos/SLhBBAcr1FI/AAAAAAAAB28/TUD
WSZnmPx8/s1600/voto+de+cabresto.bmp
Hoje no Brasil, por exemplo quem mais sofre com a altíssima carga de impostos
cobrados é o próprio mercado nacional já que muitas pequenas empresas não
agüentam esse excessivo fardo fiscal ocasionando assim uma das questões que
levam o sujeito, sem alternativas e sem ate mesmo uma qualificação profissional
para exercer outra função a depender dos dispositivos assistencialistas do Estado:
Ao desemprego.
Fonte: http://jorgedaher.wordpress.com/tag/camara-municipal/
De qualquer forma, o cidadão aos poucos foi perdendo sua própria essência de
cidadania ao assimilar tão bem seus próprios ―direitos sociais‖ (se é que podemos
chamar de direitos) de tal modo que sua consciência critica passou a ser deixada de
lado optando assim pelo método de aceitação prática e passiva de tais ―direitos‖
ofertados pelo Estado ocultando seu direito de questionamento quanto ao papel do
próprio Estado caracterizando-o ser o cidadão assim como citando-se em Carvalho
& Netto (2000,p.47) ― [...] ele é apenas um usuário servil dos serviços e benefícios do
Estado de Bem Estar Social. Ele conquistou os direitos sociais mas perdeu sua
condição de sujeito político. Os cidadãos só aparecem nos discursos da social –
democracia, na prática eles não existem‖ , transformando a vida social desses
usuários em um contemplado cotidiano sem fim sobretudo eles mesmos podem ter
essa consciência da temporalidade de tais benefícios mas suas pequenas, micro
decisões que podem ou não determinar passos importantes na sua vida em si se
misturam entre a esperança de melhorias macrossociais em seu meio vital e a
desesperança no aparato ideológico estatal quanto sua preocupação com tal
circunstância de uma determinada questão social ― Não que os fenômenos
macrossociais não sensibilizem e atinjam os indivíduos, mas a desesperança criou
um hiato entre o macro e o micro, entre o institucional e o cotidiano‖(IDEM, p.48) e
nesse hiato que está presente o assistencialismo em sua nova roupagem tão
resiliente e ocultamente interagindo nas praticas voltadas a efetivação dos direitos
sociais propostos pelo Estado.
E sua despolitização ou a perda do senso critico faz com que o processo de
empoderamento citado por Demo (2003) apud. Britto (2007) não surtem os efeitos
desejados e o autor ainda ressalta a importância da Politicidade como processo
indispensável na responsabilidade que cada cidadão tem para consigo:
Logo, a participação política ressaltada em Pedro Demo ganha maior força diante do
descompromentimento das massas quanto às questões políticas de Estado. Grande
parte da população apenas visualiza na política algo inquestionável ou
incomensurável desatrelada dos próprios direitos do qual estão dispostos a ela:
Grande parte das pessoas apenas sabem dos direitos ou alguns direitos quando
lhes convêm assim mas muitos desconhecem do elo de ligação entre política e os
direitos e tendo a necessidade de ações emergenciais para cura das mazelas
estatais, a assistência social encontra-se em meio a dois pesos desiguais de:
― [...] Sobrevivência, a política teria como objetivo atingir a capacidade
própria dos sujeitos desenvolvendo ações para uma política social
emancipatória (p.65). Aponta, também, que a política social precisa ser
estratégica, concebida e praticada como projeto social global, envolvendo
Estado, governo e toda a população, em luta comum e articulada, jamais
relegada a instituições tradicionalmente fracas ou marginais, sem orçamento
mínimo ou confundida com ‗rendas mínimas‘ e outros ‗mínimos
sociais‘(IDEM, 2007)
Fonte: http://www.tourolouco.com.br/2008/03/frei-betto-critica-assistencialismo.html
Sendo assim, a realidade cotidiana faz com que esses usuários não consigam se
desvencilhar das questões que envolvem suas vidas e nem conseguem buscar
alternativas eficazes para a resolução de suas fraquezas sociais ao mesmo tempo
que suas vulnerabilidades sociais acabam sendo negociadas como moedas de troca
seja em caráter político como em caráter próprio. A pobreza acaba se transformando
em frutos de uma ―solidariedade ― do Estado ao compasso que essa bipolaridade
entre um Estado solidário e um Estado Neoliberal faz a pobreza ser um mal
necessário e um fator determinante para a existência de tudo que se têm desde a
política social comprometida até mesmo os jogos de interesse dos poderosos da
política não excetuando-se nenhum.
Fonte: http://robertoleite.assisfonseca.com.br/index.php?s=lulista
Daí que entramos com uma nova crítica sobre a transferência de renda quanto a sua
temporalidade em que o usuário recebe esse beneficio.
Para a colunista da Revista Veja Laura Diniz, em especial o Bolsa Família, campeão
absoluto nesse segmento, não há uma temporalidade do qual faça que o usuário
pare de receber tal beneficio e nem passe a depender dele para viver. Esta muito
claro que em algumas cidades brasileiras, o impacto do Bolsa Família faz acreditar
que os postos de trabalho estão vagos pela opção de não os ocupar, por ser mais
cômodo receber sem trabalhar.
Mas a mesma colunista aponta que sem o Bolsa Família seria talvez algo
catastrófico devendo-se a ele o lado positivo como será demonstrado nas
considerações finais desse trabalho.
A mesma autora também aponta que não apenas o aspecto negativo do programa
Bolsa Família, o mesmo programa tem sido útil na tentativa de resgate
à dignidade e também da importância do Bolsa Família por exemplo no combate ao
trabalho infantil mas o que se é plausível é a critica no que concerne ao numero
ilimitado de benefícios concedidos e a ausência de um período em que essas
famílias estariam contempladas ao programa. Portanto, os programas de
transferência de renda como o Bolsa Família realmente tiram da pobreza? Sim mas
parcialmente, aumenta o poder aquisitivo do pobre miserável mas o mantém onde
está como eterno carente sem dele o incentivo a não depender mais de tal beneficio.
Fonte: http://www.panoramablogmario.blogger.com.br/2006_10_01_archive.html
Diante do panorama atual das políticas publicas voltadas para a Assistência Social e
do avanço dos Neos aqui descritos ( liberalismo e assistencialismo) cabe a questão
se de fato há saídas ou mesmo ações não para erradicar ambos mas pelo frear seu
crescimento. A resposta pode variar de acordo com a visão do cientista social ante o
cenário nacional em suas estruturas cotidianas.
Atribuir um mal para tanto como um mal necessário pode ser uma explicação óbvia
para não cairmos no mesmo erro do sensacionalismo midiático mas é plausível
também analisarmos como que o Neo-Assistencialismo pode de certa forma não
estabelecer tamanha força principalmente em tempos de efetivação dos direitos
sociais como conquistas fruto de muitas batalhas ate mesmo sangrentas escritas em
nossa História. Nascimento ( 2008 ) aponta como uma saída viável para a utilização
não só do Bolsa Família mas de todos os benefícios de transferência de renda:
― A criação de cooperativas específicas e os microcréditos, por exemplo,
poderiam ser outra porta de saída do Bolsa Família para a independência
[...]Estrategicamente, o Brasil precisa de educação e infra-estrutura para se
desenvolver, mas é, emergencialmente, necessário articular os recursos
para tirar as pessoas da miséria‖
Consequentemente, essa prática pode de fato pode quebrar tudo que se colocou
aqui em tese mas o necessário para essa pratica ter um sucesso será a reeducação
do povo no que diz os próprios programas de transferência de renda de modo que
isso não seja visto apenas como ―ganhar um dinheirinho extra do governo‖ e sim um
legitimo instrumento de resgate a dignidade humana quando em vulnerabilidade
social ameaçada ou já violada. O mau hábito do qual se focou em todo o trabalho de
associar instrumentos legais de efetivação de direitos a uma renda extra fez com
que a população se sentisse presa a um partido político grata ao favor feito e a
benesse concedida nos mesmos moldes do falido assistencialismo tradicional.
Onde cabe esse trabalho concluir que o neo-assistencialismo originou não dos
cortes nos gastos sociais mas sim do desmonte dos direitos sociais, dos direitos ao
acesso cidadão e não uma distribuição indiscriminada de renda, sendo
simplesmente ―botar o dinheiro na mão do povo e toma ai e se vira!‖ desqualificando
de fato as instituições de bem estar e quem são essas instituições? São as que
justamente se contrapõem a esse tipo de prática. Simplesmente aumentar o número
de vagas de emprego no pais é algo comensurável no aspecto econômico mas não
qualificar a mão de obra necessária para preencher as vagas de emprego existentes
ainda é um desafio muito grande uma vez que os cursos de qualificação para os
usuários dos programas de transferência de renda visam muito mais a informalidade
do que propriamente a formalidade, no entanto, o usuário encontra-se desmotivado
mesmo com esses cursos sob ameaça de perder a concessão de tal ―direito‖ por
quaisquer que sejam as razões seja por excedente renda per capita ou outros
descumprimentos em virtude do aumento da renda familiar mensal.
Fonte: http://fernandafreitas.files.wordpress.com/2009/05/palhaco.jpeg
Referencias:
CERVO, Amado Luiz; BERVIAN, Pedro Alcino. Metodologia Científica. 5. ed. São
Paulo: Prentice Hall, 2002
DEMO, Pedro. Charme da Exclusão Social. 2. ed. rev. São Paulo: Cortez, 2002
FALEIROS, Vicente de Paula. A Política Social do Estado Capitalista. 8ª. ed. rev.
São Paulo: Cortez, 2000
GARCIA, Adriano. Famílias não querem cursos para não perder bolsa.
Reportagem exibida em 24/08/2009 disponível em:
http://www.pecuaria.com.br/info.php?ver=6563 acesso em 03/10/2010 as 20:48hs
GIL, Antonio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. São Paulo: Atlas, 2002
PIRES, Maria Raquel Gomes Maia. e DEMO, Pedro. Políticas de Saúde e Crise do
Estado de Bem-Estar: repercussões e possibilidades para o Sistema Único de
Saúde. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0104-
12902006000200007&script=sci_arttext&tlng=es acesso em 03/10/2010 as 00:25hs