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FACULDADE DE CIÊNCIAS ECONÔMICAS E ADMINISTRATIVAS DE

VILA VELHA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SERVIÇO SOCIAL

WANDERLEY COSTA DE OLIVEIRA

A ASSISTENCIA SOCIAL BRASILEIRA:


UM NEO-ASSISTENCIALISMO?

VILA VELHA - ES
2011
WANDERLEY COSTA DE OLIVEIRA

A ASSISTENCIA SOCIAL BRASILEIRA:


UM NEO-ASSISTENCIALISMO?
Monografia apresentada ao Programa de
Pós-Graduação ―Lato Sensu‖ em
Administração, da Faculdade de Ciências
Econômicas e Administrativas de Vila
Velha, como requisito parcial para
obtenção do Título de Especialista em
Política Social.

Orientador: Prof. Msc. Darison Nalesso

VILA VELHA - ES
2011
Oliveira, Wanderley Costa de.
A Assistência Social Brasileira: Um Neo-
Assistencialismo?/Wanderley Costa de Oliveira – 2011. 87 f.

Orientador: Darison Nalesso


Monografia (Pós-Graduação Latu Sensu) – Faculdade de Vila Velha.

1. Políticas Sociais. 2. Neo-Assistencialismo. 3. dependência. 4.


pobreza. 5. Assistência

I. Nalesso, Darison. II.Faculdade de Vila Velha. III. Titulo.


A ASSISTENCIA SOCIAL BRASILEIRA:
UM NEO-ASSISTENCIALISMO?
Por

WANDERLEY COSTA DE OLIVEIRA

Monografia apresentada ao Programa de Pós-Graduação “Latu Sensu” em Serviço


Social, da Faculdade de Ciências Econômicas e Administrativas de Vila Velha, como
requisito parcial para obtenção do Título de Especialista em Política Social.

Comissão Examinadora:

________________________________________________
Prof. Msc. Darison Nalesso
Orientador

________________________________________________
Profª. Msc. Maria da Penha de Almeida Fehlberg
Presidente da Banca

_______________________________________________
Denise Vasconcelos
Pesquisadora Convidada
Com todo o meu amor e de todo o meu
coração dedico esse trabalho a pessoa
mais importante da minha vida: minha
mãe.
AGRADECIMENTOS

A todos os meus amigos e amigas, por sempre estarem ao meu lado,


tanto nos bons quanto nos maus momentos durante todo o curso;

A minha amiga e eterna professora Eliane Mello Rezende, pela força e


pelo incentivo do qual foi necessário nos momentos mais difíceis da
minha vida. São pessoas assim que embelezam ainda mais minha
graduação; meu muito obrigado por tudo;Você moram no meu coração.

Ao prof. Msc Darison Nalesso., pela excepcional contribuição e pela


dedicação dispensada no desenvolvimento deste trabalho;

Aos professores da Faculdade Metodista que lecionaram na Graduação e


na Pós-Graduação em especial à profª. Msc. Rafaela Sátiro Cavalcante
com seus ensinamentos fez-me crescer academicamente e com sua
metodologia de trabalho fez ter dela minha referência profissional e
pessoal mesmo tendo apenas dois semestres de aula, é sua a referencia
que eu tiro por mim para um futuro próximo sendo eu um docente ;

A minha família, que antes de tudo, contribuiu ao longo da minha vida


para consolidar 8 semestres de muita batalha, lagrimas e esforço hoje
elaborando e finalizando esse trabalho. A minha Irma, minha mãe e meu
pai, agradeço mais do que a todos que aqui foram homenageados e dizer
que um homem sem família, é um homem sem identidade, sem essência.

E principalmente, agradecer Deus para que todos esses agradecimentos


possam se concretizar. Agradecer ao Senhor nosso Deus por todas essas
realizações e as realizações que advirem após mais essa etapa vencida
na minha vida.

E para finalizar, agradecer a você, por dispensar de seu tempo para focar
sua atenção a esse trabalho. Sei que por essa parte da monografia não
passará aos seus olhos mas se passarem, que fique aqui meu muito
obrigado por seu carinho, sua critica contrária à essa elaboração teórica e
por sua paciência e compreensão.
― Muda, que quando a gente muda o
mundo muda com a gente, gente muda o
mundo na mudança da mente, e quando a
mente muda a gente anda pra frente e
quando a gente manda ninguém manda
na gente. Na mudança de atitude não há
mal que não se mude nem doença sem
cura, na mudança de postura a gente fica
mais seguro, na mudança do presente a
gente molda o futuro‖ (Gabriel, O
Pensador,2001)
RESUMO

Uma nova visão de uma pratica ―erradicada‖ e refutada por todos os envolvidos
como um retrocesso ao processo de emancipação e autonomia dos usuários dos
serviços sociais, o Neo-Assistencialismo surge de uma insurgência ao que se é
praticado à sombra nebulosas à nova Assistência Social Brasileira. A idéia não se
faz pelas questões obvias de evidencias, o Neo-Assistencialismo praticado na
Assistência Social Brasileira não é de certa forma explicito completamente mas ao
que se seguiu diante das transformações sócio-institucionais presentes no Brasil
após 1988, vemos um período de retrocesso ao clientelismo com os programas de
transferência de renda, apontados nesse trabalho como um dos fatores do qual a
população beneficiaria se mostra dependente, direta e indiretamente, das benesses
do Governo Federal sendo essas insuficientes e ineficientes quanto às suas próprias
intenções emergenciais prezando solucionar situações causais de pobreza com fins
políticos. Afirmar que o Assistencialismo é algo passado em remotos tempos já
superado nos dias de hoje seria aceitar que determinadas ações camufladas de
políticas publicas fossem simplesmente negadas quanto as suas próprias praticas e
mais ainda, seria omitir que o Assistencialismo não morreu e continua tão presente
não também como Neo-Assistencialismo mas em um gigante quebra-cabeça que
precisa ser montado com as peças dele espalhadas nas criticas cientificas ao Estado
Neoliberal e na pratica vivente no atual cotidiano social.

Palavras Chaves: Neo-Assistencialismo, dependência, pobreza, política social,


Assistência.
ABSTRACT

A new vision of a practice banished and refused by all concerned as a setback to the
process of emancipation and empowerment of users of social services, the Neo-
service comes to an insurgency that is practiced in the shadow nebula the new
Brazilian‘s Social Assistance. The idea is not made obvious by the questions of
evidence, the Neo-paternalism practiced in Brazilian Social‘s Assistance is somehow
not quite explicit but what followed on the socio-institutional presence in Brazil since
1988, we see a period of regression to patronage with the income transfer programs,
indicated that work as one of the factors which the population would benefit shown
dependent, directly and indirectly, the largesse of the Federal Government and these
are inadequate and inefficient with regard to their own intentions praying solve
emergency situations causal poverty for political purposes. Claiming that paternalism
is something remote in time past have overcome today would accept that certain
actions hidden from public policies were simply negated as their own practices and
even more would omit that paternalism is not dead and still not as well as present
Neo-paternalism but as a giant puzzle that must be assembled with parts of it
scattered in the scientific critique of Neoliberal State and practical everyday living in
today's society.

Key words: Neo-paternalism, dependence, poverty, social political, assistance


LISTA DE SIGLAS

BPC – Benefício de Prestação Continuada

CAGED – Cadastro Geral de Emprego e Desemprego

CRAS – Centro de Referência da Assistência Social

CREAS – Centro de Referência Especializado da Assistência Social

CRESS – Conselho Regional de Serviço Social

IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

IDF – Índice de Desenvolvimento da Família

LOAS – Lei Orgânica da Assistência Social

LBA – Legião Brasileira de Assistência

NOB/SUAS – Norma Operativa Básica / Sistema Único da Assistência Social

ONG

OSCIP

PAC – Programa de Aceleração ao Crescimento

PETI – Programa de Erradicação do Trabalho Infantil

PLANSEQ – Plano Setorial de Qualificação e Inserção Profissional

PNAS – Política Nacional de Assistência Social

PGRM – Programa de Garantia de Renda Mínima

SUAS – Sistema Único da Assistência Social


SUMÁRIO

Introdução ................................................................................................................ 13
Relevância Do Tema ............................................................................................... 14

Justificativa Para Escolha Do Tema ...................................................................... 14

Objetivos Da Pesquisa ............................................................................................ 16

Objetivo Geral .......................................................................................................... 17


Objetivos Específicos ............................................................................................. 17
Metodologia ............................................................................................................. 18

1.0 – Assistência Social X Assistencialismo: Uma Secular Batalha Entre O


Direito E O Sistema De Relação
Servil..........................................................................................................................00

1.1 - A Assistência Social E O Assistencialismo No Brasil: Conceitos


Históricos..................................................................................................................00

1.2 – A Assistência Social Do Periodo Vargas Ao Golpe De 64 : O Início Do


Assistencialismo Estatal.........................................................................................00

1.3 – O Processo De Democratização, A Constituição Cidadã E Seus


Princípios: Da LOAS Ao SUAS, Será O Fim Do
Assistencialismo?....................................................................................................00

2.0 – O Assistencialismo No Século XXI: Surge O Neo -


Assistencialismo......................................................................................................00

2.1 – O Vilão Mudou De Lado: O Usuário Agora É Quem Se Submete Ao Estado


E Não O Processo Inverso.......................................................................................00

3.0 – As Consequências Do Neo-Assistencialismo E O Efeito Preguiça Por


Isabel Clemente........................................................................................................00

4.0 – A Assistência Social Brasileira: O Neo-Assistencialismo E A “Santidade


Social” Na Visão Critica De Pedro
Demo..........................................................................................................................00

Considerações Finais..............................................................................................00
Referências...............................................................................................................00
INTRODUÇÃO

Muito se fala na Assistência Social como um política publica forte e de prioridade


extrema bem como a Saúde, a Educação e a Previdência sendo as duas últimas
juntamente com a própria Assistência Social formam a Seguridade Social prevista na
Constituição promulgada em 1988 mediante das transformações no cenário político
em transição desde o fim do regime militar em 1984 com o movimento do Diretas
Já!. No entanto ao que se tange no universo de discussões sobre o melhor modo de
gestão da Assistência Social seja sob prisma dos princípios da LOAS ou mesmo de
outros dispositivos criados como verdadeiros avanços relevantes: PNAS, SUAS,
NOB-SUAS RH e outros tange também a inúmeras críticas no modo do qual a
Assistência é conduzida e de futuras ameaças ao que remete ao destino da
Assistência Social para os próximos anos. Enquanto isso, discutimos um passado
negro na profissão do Assistente Social tão quanto ainda respingado nos dias de
hoje.

O Assistencialismo, que desde os primórdios da nossa história esteve tão presente,


e ao que dizem muitos autores, morreu junto com movimento de reconceituação do
Serviço Social iniciado em 1979 e que teve por fim a Constituição de 88 como fator
determinante para o fim dessa prática erradicado de vez na promulgação da LOAS.
Entretanto....

Ao que pudemos estudar que na verdade, o Assistencialismo, hoje rechaçado por


qualquer profissional envolvido no segmento, na verdade acompanhou o processo
de Contra-Reforma Administrativa bem como para um Brasil do Projeto Neoliberal,
sendo assim, cabe então se perguntar:

Por que uma pratica condenada considerada “extinta” poderia acompanhar


a nova roupagem do atual Estado Neoliberal?

Para responder a esse questionamento principal parte-se da hipótese que, o


Assistencialismo mudou a forma com que o favor e a benesse fosse aplicada e
fidelizada junto ao usuário. Eis que estamos diante do Neo-Assistencialismo
alterando, invertendo os papéis do Assistencialismo tradicional conservador e ainda
não nos atentamos para tal. Pelo menos antes desse trabalho.....
RELEVÂNCIA DO TEMA

Analisando quanto a importância do tema, é válido em caráter acadêmico ressaltar


que através da análise critica, visões desprovidas de ideologias, seja a ideologia
dominante das classes burguesas como da ideologia esquerdista dos movimentos
sociais. É válido também a imparcialidade do qual é cobrado para uma pesquisa
cientifica em que está contida neste trabalho. Sendo assim, contrariando ao que
muitos autores pregam como fim do assistencialismo atendendo ao arsenal
ideológico dominante dos dias de hoje( me refiro à critica aos críticos dos programas
de transferência de renda como o Bolsa Família ao qual vem sendo em todos os
anos um divisor de águas entre sua eficaz aplicabilidade no combate à pobreza e o
mau uso do recurso por parte de alguns beneficiários ou mesmo o significado
eleitoreiro atrelado ao programa) do qual se fazem cegos por conveniência filosófica
ou desconhecem a realidade ao qual está sendo descrita por aqui.

A ausência de produções científicas que abordam o Neo-Assistencialismo do atual


cotidiano não quer dizer que seja esse trabalho o pioneiro e nem algo inédito mas
apenas um novo recorte longe do continuísmo dos trabalhos científicos que abordam
a assistência social e seus segmentos, longe das mesmas abordagens com
múltiplos objetos de estudo e longe da ideologia dominante das produções
científicas de análise superficial dos fatos atrelando-se mais ao resgate de fracassos
históricos em outras gestões federais como se fossem os dias de hoje diferentes
daqueles tempos.

O termo Neo-Assistencialismo não existe para as produções bibliográficas e a


importância de se abordar um assunto morto dá a ênfase de que a discussão sobre
esse tema embora desgastada, ultrapassada e descontinuada não seja totalmente
abominada e nem como rótulo retrógado aos vergonhosos tempos de gênesis do
Serviço Social, e muito mais do que desafiar uma massa oceânica de produções
superficiais, é desconstruir uma maneira errada de visão real e trazendo para ao que
não está aos olhos, fatos e situações circunstanciais ausentes nessas produções
focadas apenas em um happy ending de uma realidade atroz e um sistema cada vez
mais excludente e escravista.
JUSTIFICATIVA PARA ESCOLHA DO TEMA

A razão do qual se fez um estudo mais aprofundado à uma ―asa negra‖ presa ao
passado paternalista desde o descobrimento do Brasil se deu nas práticas viventes
nos campos de Estagio em que eu estive atuante como Estagiário em Serviço Social
em especial aos CRAS‘s em que estive presente, o que quer dizer que o tema não
nasceu do mero acaso e nem de fantasiosas falácias escritas e camufladas
retoricamente.

Poderia ser feito qualquer estudo do qual justificasse o aprendizado proposto no


decorrer do curso mas uma coisa se deu no que podemos chamar de toque de
ousadia e ao mesmo tempo, uma visão mais apurada e crítica que é isso do qual
muitos nos demandam. Aplaudir para tudo do qual expropria verdadeiros direitos e
oferecem mentiras em troca de favores me pareceu acreditar que negar o
Assistencialismo presente seria apenas cegar os próprios olhos críticos para a
realidade existente e obvia . Basta abrir os olhos ou mudar a concepção própria
engendrada nas Academias.

Um fator do qual me preocupa e é o fator chave para essa pesquisa que é o efeito
cascata que proporciona os programas de transferência de renda destinados a
promover a ―Cidadania‖, a ―Autonomia‖ e a prática dos ―direitos sociais‖ seja em sua
busca ou mesmo ao acesso através dos profissionais envolvidos na questão:
psicólogos, assistentes sociais e outros. Esse efeito cascata se dá em muitos dos
casos, no desemprego voluntário, estagnação social do sujeito mediante o medo de
perder tal benefício além de outros que não podemos atribuir como razão e sim
como fator contribuinte às múltiplas falácias sociais: gravidez precoce, evasão
escolar, abandono e outros.

O estudo vem justificado na seguinte tese: Se a eficácia dos programas de


transferência de renda realmente existem, quais critérios de fato o usuário deve
seguir: ao de se manter estagnado ao que se recebe, ou apenas oferecer a ele
alternativas para que tal efeito denominado como Efeito Preguiça não lhe condene a
alienação social em virtude de tal benefício?

Contudo, justifica-se a pesquisa, devido a alguns fatores distintos, podendo-se


destacar: a experiência do autor com o objeto de pesquisa; a necessidade de
análise sobre ao que de fato está escondido no sucesso de tais programas como o
Bolsa Família; e, o elevado grau de ocorrências vistas na própria prática cotidiana de
tudo que esta sendo escrito nesse trabalho. Percebe-se o domínio do conhecimento
nesse tema como algo nascido da própria vivência e da própria participação direta
nas relações estabelecidas a cada análise científica dos atendimentos in loco,
deixando de lado a adesão mítica dos postulados descritos em outras produções
científicas, quer dizer, justifica-se uma prática através da pesquisa de dados fora do
campo como constitutivos de um todo que acontece, seja dentro ou fora do campo
de atuação detectado o foco do objeto de estudo.
OBJETIVOS DA PESQUISA

Determinar um objeto de pesquisa é dar o norte para o trabalho de apreensão dos


dados e ao mesmo tempo, moldar o conhecimento com base naquilo em que
adquiriu uma teoria, uma construção ou desconstrução de uma teoria existente além
de ampliar a visão de realidade desvelando assim os eixos pilares ao qual sustentam
fundamentando a existência de tal problema. A pesquisa também se deve ao
objetivo do qual se escolhe pois sem os objetivos não há como determinar os passos
de uma pesquisa e nem o problema de pesquisa ganha consistência já que ficaria
apenas como um vago assunto sem essência e sem razões de sua busca para a
questão em si.

Objetivo Geral

Identificar novas transformações da Assistência Social brasileira determinantes ao


surgimento do Neo-Assistencialismo

Objetivos Específicos

a) Verificar se é efetivo o modelo de Assistência Social Brasileiro ou se é uma


forma de ação social assistencialista camuflada de políticas públicas de
assistência.

b) Conhecer o contexto atual das políticas públicas quanto sua atuação diante da
questão social no Brasil

c) Apontar o novo olhar critico fora do que se já escreveu sobre o Neo-


Assistencialismo por alguns autores;

d) Conceituar através dos conhecimentos coletados, como o Neo-Assistencialismo


vem impactando no cotidiano do brasileiro, em especial beneficiários dos
programas de transferência de renda no Brasil

e) Apontar as falhas e conseqüências dos programas de transferência de renda


propiciando a prática neo-assistencialista;
METODOLOGIA

Para todo trabalho científico, visando seja uma nova visão mais crítica ou mesmo
mais clara de uma determinada temática escolhida como seja apenas para dar
ênfase aos estudos propostos, determinar um método de pesquisa é primordial no
que diz respeito ao norteamento da investigação aqui executada seja para postular
uma hipótese ou mesmo dar ênfase a uma conclusão obtida após os estudos sendo
para Baptista(2006, p.15) a pesquisa quando determinada sua metodologia de
estudo:

― ela permite realizar ao mesmo tempo , uma critica de superação de


conhecimentos já existentes e elaborar conhecimentos que apontem novos
caminhos e condições que permitam [...] um estudo sistemático em busca
de conhecimentos e respostas em relação a determinado objeto com o fim
de incorporá-lo, de maneira comunicável e comprovável, a um corpo de
conhecimentos de que se dispõe em dada área de reflexão, esse estudo
sistemático expressa uma concepção determinada do que seja essa área,
do sentido e do lugar que ela ocupa no amplo contexto dos conhecimentos.

Partindo desse pressuposto, a pesquisa ganha além daquilo que propomos sendo
assim, um estímulo para que tal situação decorrente ao aqui relatado não acabe
apenas nessas páginas e sim ganhe espaço em mesas de discussão enriquecendo
mais o conteúdo ao mesmo tempo que amplia a visão do qual se tinha com a quebra
de paradigmas e assimilação de uma nova idéia bem como a estimulação científica
para o tema fazendo do mesmo não se esgotar mesmo sendo de um período remoto
antiquado ao atual cotidiano social.

Pensando nisso e desafiando os limites em que nossas escolhas passam entre o


possível para se pesquisar e o que de fato se dá em uma contribuição científica para
o que estudamos, optamos por esse trabalho desde sua gênesis em apuração de
fatos e dados extraídos da própria realidade tendo o suporte pedagógico( digo das
literaturas usadas aqui) como uma fundamentação sistêmica que justifiquem as
causas e efeitos do qual apontamos na escolha do tema. Sendo assim:

― Entende-se por trabalho cientifico original aquela pesquisa, de caráter


inédito, que vise ampliar a fronteira do conhecimento, que busque
estabelecer novas relações de causalidade para fatos e fenômenos
conhecidos ou que apresente novas conquistas para o respectivo campo de
conhecimento‖ (CERVO, 2002, p. 64).

As técnicas que usaremos nesse trabalho são as análises de pesquisa abaixo:


a) Pesquisa exploratória: Essa pesquisa exige do investigador científico um
conhecimento maior sobre aquilo que ele escolheu como objeto de pesquisa e
aplica-se essa pesquisa quando se pretende conhecer melhor o tema de acordo
com que fora aprendido na análise dos dados necessários para a compilação e
formatação da idéia em que se pretende chegar a teoria elaborada. Vale lembrar
que quem usa da pesquisa exploratória tende a não encontrar os dados
necessários em sua totalidade, e sim encontrar em múltiplos recursos,
fragmentos e indícios que evidenciam a comprovação de tal fenômeno seja qual
for o seu estudo. A pesquisa exploratória requer também de um tempo maior já
que as idéias não encontram-se compactas como em vários autores que falam
de um tema apenas e seu maior desafio é a fundamentação do que se quer
estudar e discutir levando em conta a escassez de material de apoio.

Como o tema escolhido foi algo que está mais ligado a prática do que de fato a
teoria em si, inexistem autores que falam especificamente sobre o tema restando
apenas indícios, evidências que comprovam a veracidade ao que o trabalho
descreve sendo assim, do inicio ao fim essa modalidade de pesquisa foi crucial e
ao mesmo tempo indispensável.

b) Pesquisa bibliográfica:

A pesquisa bibliografia procura explicar um problema a partir de referências


teóricas publicadas em documentos. Pode ser realizada independentemente
ou como parte da pesquisa descritiva ou experimental. Em ambos os casos,
busca conhecer e analisar as contribuições culturais ou científicas do
passado, existentes sobre um determinado assunto, tema ou problema
(CERVO, 2002, p. 65).

A pesquisa desse trabalho se focará na leitura e tratamento das obras e artigos


escritos sobre o tema em sua similaridade uma vez que se faz escasso o material
específico ao tema aqui proposto. O desafio de explorar uma nova tendência de um
velho conceito faz com que a dificuldade de elaborar as idéias propositivas seja
apenas na hora da apreensão dos dados comprobatórios à nova intenção de
resgatar a visão teórica em sua nova vertente.

Para tanto, podemos em Minayo(2001,p.22) embasarmos numa teoria contributiva


ao processo prático da realidade enquanto ciência de forma que:
― [...] a atividade básica da Ciência na sua indagação e construção da
realidade.E a pesquisa que alimenta a atividade de ensino e a atualiza
frente à realidade do mundo. Portanto, embora seja uma pratica teórica, a
pesquisa vincula pensamento e ação.‖ (MINAYO 2001,p.22)

Assim, realizaremos pesquisa bibliográfica com ênfase na modalidade exploratória


do qual procurará em uma linguagem técnica compreensiva alcançar o objetivo de
descrever uma nova leitura do Assistencialismo inserido na lógica Neoliberal dos
dias atuais.

Assim, não será resumido a apenas nos dados apreendidos das poucas fontes de
pesquisa sobre o tema e sim propor novos debates acerca do tema de modo a
buscar mais entendimentos de algo pouco explorado como em Gil( 2002, p. 54) :
[...] uma modalidade de pesquisa amplamente utilizada nas ciências
biomédicas e sociais. Consiste no estudo profundo e exaustivo de um ou
poucos objetos, de maneira que permita seu amplo e detalhado
conhecimento [...].

A pesquisa bibliográfica se faz presente em toda a extensão do trabalho do primeiro


ao ultimo capitulo.
1.0 – ASSISTÊNCIA SOCIAL X ASSISTENCIALISMO: UMA SECULAR
BATALHA ENTRE O DIREITO E O SISTEMA DE RELAÇÃO SERVIL

O estudo vem por sua vez aproximar mais do debate acerca da assistência social e
a relação Estado x sociedade por ela atrelada quanto a prática do assistencialismo
desde longínquas épocas até os dias de hoje. A assistência social do século XXI
alcançou o status de política pública sistematizando e racionalizando toda prática em
nome dela realizada mas será que no defronte de toda a discussão para uma melhor
maneira de se politizar a assistência há ou deixaram um viés para a questão de
como que a sociedade, fruto do resultado final dessas políticas e sendo ela também
quem mais sofre o impacto negativo ou positivo de suas ações.

A constante batalha entre o direito e o sistema de relação servil não é apenas no


campo ideológico figurado na luta de classes entre burguesia e proletariado. É muito
além disso, pois o que se é conquistado por direito, rompe com as relações de
dominação impostas pelo Estado Burguês sobre o proletariado e a cada vez que
essa relação aos poucos perdem um de seus tentáculos, mais ele demonstra suas
fraquezas sobretudo por que a ele é cobrado uma diminuição no seu poder
administrativo para uma melhor condição de harmonizar uma sociedade e a
assistência social acompanhou de perto seu rompimento com o assistencialismo
imposto pelo Estado. Será mesmo?

1.1 A ASSISTÊNCIA SOCIAL E O ASSISTENCIALISMO NO BRASIL:


CONCEITOS HISTORICOS

A Assistência Social caracterizada pelas ações estatais nos dias de hoje passou ao
longo do tempo identificada como uma ação benéfica inerente da solidariedade junto
ao próximo. O significado de Assistência Social parece ser algo simples de se definir
em apenas ações que visam garantir mínimas condições sociais de sobrevivência
própria do ser humano impostas por uma esfera estatal (nos tempos longínquos e
remotos da historia) ou ainda pela união do Estado com os segmentos sociais
compostos a ele ( no que hoje é conhecida como descentralização político–
administrativa) mas o caminho que a Assistência Social atravessou não condiz com
que temos hoje como conquistas consolidadas.No início, segundo Sposati (1995) :
[...] – ação produzida e conduzida pela rede de solidariedade da sociedade
civil aliada no Brasil a um Estado repressor – perdurou por muito tempo
como mecanismo essencial no trato da questão social. Ate mais do que
isso, atuou como matriz genética das políticas sociais como a de saúde,
inicialmente voltada aos ―indigentes‖, e ate mesmo da segurança
social.(Sposati, p.07)

Conhece-se o conceito de Assistência Social como a garantia de mínimos sociais


alem da contenção dos problemas sociais acarretados com o advento do modo de
produção capitalista, atendimento às emergências da classe trabalhadora
(necessidades sociais da classe trabalhadora enquanto subalterna ao sistema
capitalista) além de aproximar mais o Estado da classe trabalhadora.

Com a Assistência Social, a prática da ajuda ao próximo ganhou o interesse do


Estado seja na ampliação desse sentimento de ajuda como na erradicação da
mesma ajuda ao próximo em nome da solidariedade e a filantropia. As ações
naturais do ser humano de se ajudarem entre si deixariam de ser apenas ações
amadoras ligadas a fé religiosa e passarem a serem coordenações sociais,
cientificas e políticas voltadas à emancipação do sujeito em nome do direito social
ao qual se criou norteamentos e consolidados ao longo dos anos até os dias de
hoje. Surgia então o Assistencialismo imbricado a Assistência Social e a forma de
segmentar as ações sem continuidade e a tentativa de sistematizar e profissionalizar
a ação social(ou seja, descontinuar o Assistencialismo) dando ares de política social,
a efetivação do acesso aos serviços públicos oferecidos pelo Estado.

O Assistencialismo hoje é algo que é muito rechaçado por todos os profissionais


atuantes na área social em especial aos assistentes sociais dos quais ainda são
confundidos por fazer assistencialismo uma vez que suas raízes históricas são
atreladas à essa prática. No entanto, ao longo dos anos, o Serviço Social foi se
desvencilhando do fantasma do assistencialismo e se firmando como uma profissão
que trabalha o acesso do seu público usuário como direito inerente a sua pessoa
como cidadão.
Há quem diga que o assistencialismo por seus pecados capitais cometidos no
passado que segundo Guareschi(2007) está presente desde os tempos das
capitania hereditárias, ou seja o Brasil já vem desde berço como uma nação
assistencialista como descreve citando Costa; Melo (1997) em seu resgate histórico
sendo então :
― A prática assistencialista no Brasil começou a partir das capitanias
hereditárias (COSTA ; MELO 1997) [...] Em outros termos, o que aconteceu
é que o governo português deu como ―benefícios‖ aos donatários essas
terras, sem custo para eles, mas em troca exigia submissão e apoio a seus
propósitos. Pode-se dizer, portanto, que o Brasil já nasceu sob o signo da
prática assistencialista. Esses donatários não se comportaram de maneira
muito distinta com respeito a seus subordinados e empregados aqui no
Brasil. As terras estavam sob seu controle e toda a outra população
existente (índios, mamelucos, negros, mulatos, cafusos, etc.) que, por
acaso, vivessem nessas regiões, nunca poderiam se arvorar em ―donos‖ de
qualquer porção de terra. E esses senhores souberam exercer essa prática.
Donos absolutos, tudo o que fizessem a alguém, não passaria,
conseqüentemente, de favores benévolos: faziam isso porque tinham pena
e compaixão desses miseráveis. Esses favores rendiam, por seu lado,
lealdade, submissão e gratidão dos despossuídos. Tal prática
assistencialista, nascida no berço de nossa história, marcou nosso povo. Os
senhores e os donos são bons, pois, graciosamente, se dignam ajudar aos
que nada possuem. Através dos favores e da assistência, dominavam
corações e almas‖ .

O assistencialismo veio ao longo dos anos perdendo espaço para os direitos


constitucionais da Carta Magna de 1988 ali promulgados sobretudo o resgate a
dignidade e a cidadania emoldurando a sonhada democracia de muitos anos na
espera. Mas....

Nos dias de hoje, ainda estamos vendo o assistencialismo vivo, ainda mais forte e
presente no cenário político, institucional e social. Diante de um cenário de aceitação
a essa prática tão renegado mas enraizado em outras ações consideradas direitos
sociais assim consolidados devemos, antes de mais nada devemos voltarmos à uma
parte de nossa História para acompanharmos a trajetória da Assistência Social e o
Assistencialismo à sombra dos eixos democráticos se analisarmos como um câncer
essa prática . Voltemos ao Brasil Republica pós-Proclamação....

Neste período histórico do Brasil, os republicanos além de proclamarem o fim de


mais de 300 anos de monarquia, desligaram-se da Igreja Católica quanto ao poder
dado a ela pela monarquia tanto quanto a decisão como sua própria autonomia
apoiados pelas idéias iluministas mesmo tardiamente uma vez que a monarquia
perdia espaço alimentados pela abolição da escravatura de 1888. Desde então, o
Estado Republicano iniciou sua laicização como corpo político independente de suas
ações que norteariam o país agora como República. Para Escorsim (2008) é
relevante colocar a participação da sociedade burguesa como núcleo base para a
presença de ações clientelistas sob o codinome Assistência Social pois foi a
burguesia era quem mais tinha interesse na queda monárquica da Pré-República e:
― a presença de formas laicas no campo da assistência social no Brasil deu-
se no pós – república, tendo em vista a separação oficial entre o estado e a
igreja. No alvorecer do século XX, o Brasil manteve como característica de
sua formação sócio-histórica o conservadorismo de uma sociedade elitista
no acesso às riquezas sociais e sua acumulação, garantida por uma
oligarquia latifundiária que detinha os poderes político e econômico. A
economia marcada pelo cunho liberal viabilizou o início da industrialização e
o intenso processo de urbanização, na região mais rica do país até aquele
momento, a região sudeste.‖

No entanto, essa camuflagem fazia da pobreza uma fraqueza social que qualquer
pessoa poderia sair das condições que estavam sem a intervenção estatal como era
descrito nesse período. Desde então, coube a Igreja cuidar apenas do zelo e da
manutenção de uma sociedade de desvalidos e excluídos que empilhavam-se nas
cidades já que a mesma assim a fazia com a autonomia de uma instituição social.

Mas chegou um momento do qual a questão social já era de tão crescente e


desenfreada que a igreja vivendo de doações e ações de caridade da sociedade não
dava mais conta e passou a cobrar o Estado uma possível parceria uma vez que o
Estado Republicano desse período considerado como Republica Velha. Nesse
período histórico Colin (2008) enfatiza que:
― [...] as políticas sociais voltavam-se apenas ao atendimento das demandas
que chegavam ao governo, visto que não havia previsão legal mais
abrangente dos direitos sociais. Persistia, ainda, atendimento
individualizado, assistemático e paliativo no início do século XX, fixando
critérios seletivos e mecanismos excludentes para o ingresso das demandas
sociais, corroborado pelo contexto de formação do Estado luso-brasileiro,
que estabeleceu um campo propício para a sedimentação de princípios
democráticos fragilizados, com instituições vinculadas aos interesses
hegemônicos e de cunho particularista, acirrando o patrimonialismo, de
modo a restringir o atendimento de interesses coletivos e sociais.‖

Dessa forma, esse período marcou também a troca de favores camufladas como
ações sociais de interesses particulares dos quais se tiravam proveito para
cooptação de votos nas eleições políticas ( chamado de coronelismo ). Os ―coronéis‖
viabilizavam muitos documentos que eram necessários para que seus interesses
fossem realizados de uma forma ditatorial e muitas das vezes subvertendo a massa
do qual ele detinha controle criando assim um ciclo de dependência às duras regras
comandas pelos coronéis. Anos mais tarde, a prática clientelista veio dividir ou
mesmo erradicar a influência do coronelismo e com a assistência ainda muito ligada
as ações de caridade da Igreja Católica, o assistencialismo e o clientelismo veio se
arrastando entre benesses interesseiras e uma preocupação de se acabar com os
problemas ao invés de trabalhar com esses problemas. A prática do assistencialismo
estatal tem em seu início após a Revolução Burguesa com a ascensão de Getulio
Vargas ao poder.

1.2 – A ASSISTENCIA SOCIAL DO PERIODO VARGAS AO GOLPE


DE 64 : O INICIO DO ASSISTENCIALISMO ESTATAL

Nosso caminho então começará com a Era Vargas e a tomada do poder através da
revolução burguesa de 1930. A Igreja começava a questionar a ausência do Estado
e cobrar mais que o mesmo participasse mais das ações sociais promovidas pela
igreja marcada pela caridade e assistência aos pobres e desvalidos. O que descreve
Colin(2008), é um Estado republicano onde a assistência social ganha a essência do
palavra latina Adsistentia e por essa razão que:
― Até 1930, a assistência social obteve este enfoque meramente
assistencialista, sendo encarada como oferta de benesses, favores,
doações caridosas, auxílio material ou financeiro, apoio e solidariedade
prestados por particulares, sem a intervenção do Estado, fazendo juz ao
sentido originário do termo em latim adsistentia, traduzido como ato ou
efeito de assistir, proteção, amparo, auxílio, ajuda.‖

Getúlio por sua vez, conhecido como ―Pai dos Pobres‖, iniciou mudanças políticas e
sociais de modo a proporcionar um ―bem estar‖ aos trabalhadores ao mesmo tempo
que alimentava os interesses da classe o colocou no poder. Vargas aproximou o
Estado da Igreja com a legitimação do seu governo com ações paternalistas mas
que se distanciou de ambas as classes ( dos trabalhadores que ele buscava apoio e
da classe burguesa que o colocou no poder ) ao tentar se perpetuar no poder ao
mesmo tempo que tentou através de um pacto populista abafar a insatisfação do
povo descrito por Guareschi ( 2007 ) como forma de impor a ―ordem‖ atendendo em
partes os intentos do trabalhador ao mesmo tempo que tentou manter sua imagem
de ― O Pai dos Pobres:
― Getúlio logo percebeu que, com violência, não conseguiria controlar os
trabalhadores. Criou, desse modo, o pacto populista e uma mentalidade de
doação de direitos. O pacto populista consistiu na oferta gratuita e
benevolente de leis trabalhistas aos operários das indústrias, em troca da
promessa de não fazerem nenhum movimento ou rebelião para aumentar e
garantir seus direitos. Em síntese, Getúlio concordou em criar e outorgar
paternalisticamente uma lei trabalhista, em troca da passividade e do
controle dos trabalhadores. Essa prática assistencialista, além de oferecer
leis trabalhistas, que já eram direito dos trabalhadores, revela-se também
importante devido ao momento em que elas foram criadas. Só se pensou
em leis trabalhistas quando se começou a temer uma possível revolta
resultante da exploração do trabalho, e não por ser era algo de direito dos
operários. Essa foi, então, a estratégia ideológica encontrada por Getúlio
para manter seu status de dominação e controle sobre o povo, além de
sustentar sua imagem de ―Pai dos Pobres‖

A institucionalização do Serviço Social foi a saída encontrada para que Estado e


classe trabalhadora ganhasse uma aproximação maior com ações assistencialistas
sem critérios e sem que fosse feito nada para mudar o ―cliente‖ que décadas depois
se tornou o usuário de plenos direitos. Ainda era um caminho para que o
assistencialismo pudesse se tornar uma ferramenta política de captação de votos e
camuflagem da verdadeira realidade existente. Era a principal forma de instituir a
Assistência Social como responsabilidade do Estado.

Em 1942, com o intuito de amparar famílias dos soldados e militares que


participaram da Segunda Guerra Mundial, Getulio Vargas cria a Legião Brasileira de
Assistência com a participação de sua esposa, a primeira dama Darcy Vargas como
representante maior da entidade. Na verdade, a LBA veio como um dos principais
programas do governo em nome da assistência social do qual essa mancha histórica
faz a assistência social ser confundida com o assistencialismo simétrico ao processo
emancipatório do sujeito, o verdadeiro objetivo da Assistência Social. Exatamente
por que após a 2ª Guerra mundial, a LBA passou então a ter o foco a família do
modo geral e não apenas a de combatentes e ex-combatentes da guerra. Daí que o
assistencialismo passou a ser praticado livremente como uma prática comum além
de atender o critério de seletividade ( nem todos tinham acesso às benesses
governamentais bem como nos dias de hoje com a assistência social consolidada de
fato como uma política pública) e por isso caíam no excludente processo de
seletividade com ênfase na caridade meritocrática ( apenas os extremamente pobres
recebiam tal benesse ) sem um cuidado necessário como aponta Angelim (2002) em
se tratando do assistencialismo com o resultado de uma ação social filantrópica:
― transformando o usuário à condição de ―assistido‖, ―favorecido‖ e nunca
como cidadão usuário de um serviço a que tem direito. O Assistencialismo
reproduzido nas políticas governamentais, ao contrário de caminhar na
direção da consolidação de um direito, reforça os mecanismos seletivos
como forma de ingresso das demandas sociais e acentua o caráter eventual
e fragmentado das respostas dadas à problemática social. Assim, a
Assistência Social era vista de forma dicotomizada, com caráter residual,
próxima das práticas filantrópicas, um espaço de reprodução da exclusão e
privilégios e não como mecanismo possível de universalização de direitos
sociais‖.(ANGELIM, 2002)

E complementando o papel da assistência nesse período histórico como algo que se


apresentou como uma prática rotineira e não como uma política se levarmos em
conta de que suas ações eram tidas como um mal necessário mas desprovidas de
conseqüências transformadoras mais se aproximando para o amadorismo
transcendental prezando a provisoriedade das ações como ataduras nas feridas
sociais do nacionalismo liberal descaracterizando a assistência social do
assistencialismo de um efeito imediatista de resolução dos problemas sociais bem
como o tratamento desigual das nuances quando expostas criando assim um
exercito de clientes assistidos dos serviços públicos assistenciais continuado.Ainda
na era Vargas, a assistência social era calcada nos princípios conservadores da elite
brasileira de modo que as primeiras damas exerciam por seus interesses individuais,
serviços assistenciais dotados de ações desabonadoras a autonomia do sujeito
atendendo um perfil moral privado de sociedade deixando assim a pragmática
dinâmica de colocar a pobreza como um caso de policia preconizado nos anos 20
aliando se a filantropia no tratamento dos pobres como Sposati (2001,p.76) relata:
― O trato da assistência social no âmbito da moral privada, e não da ética
social e pública, é um dos equívocos dessa versão filantrópica. O primeiro –
damismo, a benemerência está no âmbito da moral privada. Neste sentido,
é que os conservadores pretendem agir (e agem) modelando a atenção
àqueles mais cravados pela destituição, desapropriação e exclusão social,
organizando atividades que vinculam as relações de classe, sob a égide do
favor transclassista, do mais rico ao mais pobre, com a vinculação do
reconhecimento da bondade do doador pelo receptor. (...). O modelo
conservador trata o Estado como uma grande família, na qual as esposas
de governantes, as primeiras damas, é que cuidam dos ―coitados‖. É o
paradigma do não direito, da reiteração da subalternidade, assentado no
modelo de Estado patrimonial (...). Neste modelo, a assistência social é
entendida como espaço de reconhecimento dos necessitados, e não de
necessidades sociais.

No anos 50, especialmente após o fim da era Vargas, o Brasil se via como uma
nação do qual precisava crescer, avançar. E o aspecto econômico então passou a
ser ferozmente maior com a ascensão de JK ao poder com seu plano de metas para
o desenvolvimento e a abertura do pais ao capital externo ou o mercado mundial. No
entanto, nesse período, a Seguridade Social começou a germinar em solos áridos
das políticas públicas de assistência social e previdência já que a saúde ainda era
uma política que carecia de intervenção maior ( A Reforma Sanitária só surgiu a
partir dos anos 60 na plenitude da Ditadura Militar ) de mudança estatal mas com
esse pensamento foi inspirados modelos extraídos da política do Bem Estar Social
europeu ou o Welfare State. Pensou-se em uma ênfase maior da participação do
Estado junto as questões sociais e um comprometimento maior na implementação
de um sistema de Seguridade Social mas, a assistência em si, sempre foi vista com
maus olhos pelo Estado pelos gastos sem retorno financeiro mas sempre foi um ―mal
necessário‖ pelo impacto político-partidário do qual era conseqüente. E com esse
pensamento que, no Golpe de 64, o Brasil se encontrava em processo de mudança
no modelo estatal de gestão com o Estado cada vez mais se distanciando dos
chamados investimentos sem retorno financeiro. Mas, ao mesmo tempo, era
conveniente buscar uma amenização dos intentos populares sufocados pela ação
ditatorial militar, a Ditadura agiu emergentemente aos seus interesses como
descreve Abreu (2008,p.49) ― ...via assistência social, busca, ao mesmo tempo,
neutralizar as manifestações dessa classe em defesa de seus interesses‖ e diante
do cenário em que se instalou no país, em caminho contrario do movimento de
democratização, o Estado adotou pequenas medidas do qual a população era foco
mas nenhuma delas deixavam seu cunho de democracia e princípios de cidadania.

1.3 – O PROCESSO DE DEMOCRATIZAÇÃO, A CONSTITUIÇÃO


CIDADÃ E SEUS PRINCIPIOS: DA LOAS AO SUAS, SERÁ O FIM DO
ASSISTENCIALISMO?

Logo após o movimento do Diretas Já em 1984, mobilização social e política que


decretou ao mesmo tempo o fim da Ditadura Militar e a abertura política elegendo
seu primeiro presidente por voto popular da historia, começou-se a cogitação de
elaboração de uma Nova Constituição como consolidação ao que fora conquistado:
A democracia e o direito de escolha dos representantes políticos de cada estado
bem como a nação. Foi assim que nasceu a Constituição Federal em 1988.

Sem duvida, o advento da Constituição Federal Cidadã promulgada em 1988 não foi
apenas um marco político histórico e sim a gênesis de tudo que se pode pensar em
avanços nas políticas públicas. Depois de décadas sendo tratada como uma
questão opcional e como ultimo setor a se tratar. A partir dessa iniciativa iniciada no
Congresso Nacional na tarde do dia 05 de Outubro de 1988 como descreve
Souza(1996) a constituição foi promulgada ― [...] às 16 horas, em solenidade
realizada no plenário da Câmara dos Deputados e presidida pelo Deputado Ulysses
Guimarães, Presidente da Assembléia Nacional Constituinte, que, em seu nome, fez
a histórica declaração de promulgação‖ E sua redação prevê a Assistência Social
agora como membro integrante da Seguridade Social juntamente com a Saúde e a
Previdência Social, portanto é de competência do Poder Público na representação
do Estado cabendo citar o artigo nº 194 da Constituição da Republica Federativa do
Brasil : “ A seguridade Social compreende um conjunto integrado de ações de
iniciativas dos poderes públicos e da sociedade destinadas a assegurar os direitos
relativos à saúde, à previdência e à assistência social” (p.53) tendo ainda no
parágrafo único do mesmo artigo “ compete ao poder público, nos termos da lei,
organizar a seguridade social”(IDEM) e nessa premissa, a Constituição também
prevê o caráter não contributivo da assistência social e exige em seu artigo 203 que
“ a assistência social será prestada a quem dela necessitar, independente de
contribuição à seguridade social” (p.56) sendo assim, quem necessitar, deverá ser
assistido embora não haja recurso para atender a todos.

Mas mesmo após a promulgação da Constituição de 1988, as políticas de


assistência ainda se colocam na alça de mira de grupos sociais distintos bem como
é possível ainda perceber o grande numero de leis caracterizados como dispositivos
de proteção aos direitos sociais como descreve Jansen (2008) ao afirmar:
― As políticas assistenciais promovidas pelo Estado atendem a diferentes
públicos. Algumas são direcionadas aos trabalhadores ativos, como as Leis
Trabalhistas, outras referenciam-se a indivíduos miseráveis e
desempregados‖.

Dessa forma, com a promulgação da Carta Magna de 1988, nasceu também os


dispositivos dos quais caracterizaram a Assistência Social de fato como uma política
pública priorizando todo o atendimento de serviços públicos assistenciais como um
direito consolidado e não mais como uma benesse ligada ao favor político e a
servidão eleitoral ao que estava calcado as ações da LBA(Legião Brasileira de
Assistência) por exemplo. Nos anos 90, ainda era muito presente e pouco negado o
assistencialismo pois era essa pratica que para alguns, serviam como elementos
importantes na manutenção do poder de quem praticava(eram as primeiras damas
que se colocava a frente das ações sociais com o objetivo de fidelizar seus ―clientes‖
para a eleição de seus esposos sejam para qual cargo pleiteassem) sobretudo que o
assistencialismo financiava mega redes de corrupção com a questão social como
alvo de investimentos que na maioria das vezes, nunca saíam da mesa de
execução. O fim da LBA deu uma freada no que chamamos de assistencialismo
tradicional pois não competia mais às primeiras damas a ―intervenção‖ na pobreza e
sim diretamente ao Estado com o texto da Política Nacional de Assistência Social
(PNAS) de 1993 preconizando o acesso universal aos serviços públicos ligados a
Assistência Social, Previdência Social e Saúde fortalecendo a tríade da Seguridade
Social ( conforme a Constituição Federal estatuía ) e a LOAS do qual é fruto das
lutas em que se travou a assistência social com a ação social que em muito
diferencia-se entre ambos, cinco anos após a promulgação da Constituição.

A LOAS traz consigo, toda uma roupagem de democracia e acesso livre a todos os
serviços do qual, o agora usuário se transforma em um cidadão de plenos direitos e
não cabendo a ele a alcunha de sujeito ―digno de pena‖, ou um ―pobre coitado
desprovido de ações solidárias do próximo‖. Além disso, A Lei Orgânica da
Assistência Social foi a primeira iniciativa de mudança intervencionista da máquina
estatal já que os dispositivos legais que preconizam a assistência social ou
inexistiam ou pouco eram aplicados. O objetivo da LOAS é fazer da Assistência
Social uma política pública com o mesmo peso das políticas de desenvolvimento por
imaginar que um povo do qual a assistência social a ele garantido, os outros setores
imediatamente sofreriam impactos positivos como o aumento na arrecadação
pública de tributos, diminuição nos índices de mortalidade infantil e outros citado em
Peres(2005) como um novo modelo de gestão da Assistência Social:
Assim, esperava-se, a assistência social deixaria de ser um negócio de
políticos, tornando-se uma política. Procurava-se combater o fisiologismo e
o clientelismo das ações sociais, tirando-lhes as características de moeda
de troca para ações unilaterais dos governos; de ações pontuais e sem
continuidade no combate à desigualdade social; e, sobretudo, de ações
humanitárias e vocacionadas de primeiras-damas em vistas a legitimar os
governos de seus maridos junto às classes populares.

E do modo em que estava antes da LOAS, não tinha o interesse de diminuir ou


apaziguar a desigualdade social e sim de suprir em necessidades emergenciais, a
estagnação do pobre na linha de baixo da distribuição de renda, onde o maior
incidente de pessoas que viviam abaixo da linha da pobreza ganhando menos que
US$ 60,00 por mês. Programas como o Comunidade Solidária não contribuía de fato
para com que se esperava deste uma vez que parte de seu financiamento era
custeado pelo poder público e outra pela própria sociedade através da iniciativa
privada. O programa também foi um marco para a decadência da LBA resultando na
ruptura com essa instituição e o princípio da focalização regional da miséria ( seriam
mais contempladas as comunidades que mais sofriam com a miséria e as que
estavam inseridas nos bolsões agudos de pobreza) quanto a atuação das políticas
públicas estatais: ― O Programa destinava-se a ser o segmento do aparelho do
Estado responsável pela promoção de políticas sociais ditas ―emergenciais‖, visando
ações estratégicas eficientes de combate à fome e à miséria para a redução das
disparidades regionais e sociais‖(IDEM, 2005) sob lume da LOAS.

No entanto, há uma crítica sobre a fundamentação da LOAS por parte de


Colin(2008) onde para a autora descreve a forma de como surgiu a lei orgânica e:
― Todavia, é imprescindível assinalar, que a LOAS é fruto do pacto possível
de ser estabelecido entre Estado e sociedade civil naquele determinado
momento histórico. Portanto, embora signifique um grande avanço na área,
está carregada de contradições e imprecisões, como a falta de clareza nas
atribuições das três esferas de governo, os critérios restritivos estabelecidos
na previsão dos benefícios de prestação continuada, a supressão da renda
mensal vitalícia, entre outros.‖

Mas em caminho contrário, o Estado apostou na descentralização de seu poderio


com o processo de privatização de seus principais serviços e incentivos ao setor
privado na oferta de serviços essenciais como saúde, educação, previdência e
assistência social. No artigo 5º da LOAS citado por Battini (2001,p.23) prevê como
diretriz “a descentralização político-administrativa... e comando único das ações em
cada esfera de governo, com a primazia da responsabilidade do Estado na
condução da política da Assistência Social” e nesse ponto, a LOAS encontrou uma
dificuldade que era socializar para todos os cidadãos a importância da participação
de cada um na efetivação de seus próprios direitos (daí aparece a imagem do
assistente social, não como quem garantirá os direitos mas sim quem indica os
caminhos de alcance para os mesmos) e não esperar de um segmento social
pudesse os representar e assim fazer o cidadão um simples receptor de benefícios
ou repetidor de uma ideologia política assim a ele proposto. Colin (2008) aponta
falhas na elaboração e consolidação da LOAS, aponta uma descentralização do
Estado calcada no continuísmo das ações clientelistas sob luz da LOAS e pela falta
de clareza no que diz respeito às competências de cada segmento institucional do
Estado:
― [...] embora signifique um grande avanço na área, está carregada de
contradições e imprecisões, como a falta de clareza nas atribuições das três
esferas de governo, os critérios restritivos estabelecidos na previsão dos
benefícios de prestação continuada, a supressão da renda mensal vitalícia,
entre outros. [...] Todavia, mesmo diante desta nova ordem, na prática,
determinadas atitudes ainda denotam traços patrimonialistas e clientelistas.
A era Collor foi alvo de denúncias públicas de corrupção, praticadas pela
primeira-dama Rosane Collor quando à frente da Legião Brasileira de
Assistência (LBA). Já o Presidente Itamar Franco, que o substituiu após sua
cassação, também não alterou a adoção de programas eventuais e
meramente compensatórios, como de distribuição de leite e cestas básicas,
deixando de implementar uma política integral de assistência social.‖

Antes do início da Era Lula, a Assistência Social pré–política publica ainda era
regida pela LOAS e o Plano Nacional de Assistência Social que foi advento da LOAS
como algo que consolidasse seus princípios de universalidade foi imbricado a
necessidade de sistematizar a PNAS além de buscar maior normatização de sua
pratica. Assim nasceu a Norma Operacional Básica bem como era exigido na PNAS
e LOAS, do qual traçou perfis ideais para o enfrentamento dos problemas sociais e
desvencilhamento dos ideais assistencialistas e retrógrados da nossa cultura
histórica de dependência do usuário às benemerências do poder público bem como
se utilizando de influências eleitorais nas ações clientelistas e do favor ao qual o
usuário era submetido.

Vale lembrar que mesmo após a promulgação da Constituição de 1988, foi com a
LOAS instituída em 1993 e expandida ao PNAS e tudo que se conhece atualmente
de modelos de gestão da Assistência Social mesmo havendo na Carta Magna,
princípios ao qual foram pilares centrais da promulgação da LOAS (o maior erro foi
dar um hiato de 5 anos do qual pelas demandas que se expandiam velozmente com
o desenfreado crescimento da pobreza e da desigualdade social entre a
promulgação da Constituição e a Lei Orgânica se colocarmos em pauta de que a
Constituição dava todos os suportes necessários para que a Lei Orgânica fosse ate
ali instituída) e considerando de que o quadro social do Brasil veio buscando
melhorias ainda que mínimas em cada gestão após 1988, a assistência social ainda
busca a imagem de uma política necessária quanto a proteção do cidadão agora
imbuído aparentemente na rede estatal de políticas públicas(o tripé da Seguridade
Social).

Até os dias de hoje, a LOAS mesmo tendo o Sistema Único da Assistência Social
como um acoplador de suas diretrizes centrais, ainda está a passos lentos,
conseguindo com que o quadro de dependência estatal ao qual o cidadão se
submetia diminuísse mas a sua erradicação seria apenas um mero fantoche de uma
peça teatral que nunca terá fim.

De qualquer forma, tanto o Serviço Social nos dias de hoje como a Assistência
Social caminharam por trilhas vizinhas sincrônicas à efetivação de todos os
princípios a eles atribuídos(ainda que a passos lentos, nos dias de hoje a assistência
social vai ganhando status de uma política caracterizada na real democracia do
cidadão proporcionando a ele o amparo do qual a ele necessitar mesmo com a
implantação do Estado Mínimo e previsto na Carta Magna de 1988) porque coube
ao Serviço Social primeiro com sua legitimação de sua pratica enquanto profissional
e segundo pela mudança de pensamento e rompimento com as questões
conservadoras (a LOAS foi fruto de uma batalha de todos os segmentos sociais e
envolveu quase todas as profissões e recebeu forte influência dos Assistentes
Sociais daquela década e ficaram responsáveis pela elaboração final do texto) que
proporcionaram anos mais tarde um novo conceito de gestão: A Regionalização da
Intervenção do Estado com o foco no enfrentamento das questões em lócus alem do
controle social e da participação de todas as esferas sociais seja em Conselhos ou
no financiamento de projetos, programas e outros como relaciona Nozabielli(2008)
no contexto de atuação da política de assistência no Brasil apontando um possível
hiato entre os direitos do qual a constituição garantiu em primazia ao usuário e a sua
efetivação afirmativa prática dando assim brechas fatais a democracia e
emancipação do próprio sujeito considerando a necessidade do total rompimento ao
regime assistencialista sendo dessa forma colocado em linhas gerais, a necessidade
de fortalecimento nos vínculos do Estado junto a população usuária dos serviços
públicos ao que se:
― Pressupõe os princípios de gestão compartilhada em seu planejamento e
controle; co-financiamento das três esferas de governo; descentralização
político-administrativa como forma de ampliação dos espaços democráticos
e aproximação das particularidades e demandas regionais; primazia de
responsabilidade estatal, o que vem corroborar o necessário rompimento
com o assistencialismo e clientelismo que sempre permearam tal área,
convertendo a assistência numa real defesa dos interesses e demandas das
classes populares, articulada às demais políticas sociais. A Assistência
Social, na condição de política social, orienta-se pelos direitos de cidadania
e não pela noção de ajuda ou favor. [...] Considerando a atual conjuntura
política, social e econômica em que se insere a Política de Assistência
Social é necessário compreender os limites e constrangimentos de ordem
estrutural, que comprometem a sua efetividade. Apesar de todos os
esforços e avanços, ainda permanece um abismo entre os direitos
garantidos constitucionalmente e a sua efetiva afirmação.‖

Complementando, YASBEK (2004, p.19) avalia a necessidade de enfrentar como


desafio a identidade antagônica que a assistência social ainda se encontra com a
filantropia e o assistencialismo na importância de uma maior disseminação do
conhecimento de princípios fundamentais necessários tanto para o acesso como
para a efetivação se levarmos em conta que a cultura sócio-histórica do país ainda
esta calcada em uma relação desigual entre a classe burguesa e a classe
trabalhadora no sentido de produzir cenários do qual se classifica a classe
trabalhadora ou o usuário como um todo a uma imagem de desvalido ou digno de
ajuda restringindo o acesso mesmo que universalizando ( a Assistência Social não
contempla a todos os o que dela necessitam conforme a constituição diz em adverso
à essa realidade) os caminhos que levam à ela mas não que seja o Estado
unicamente quem realize essa restrição com seus processos de seletividade mas a
própria população usuária do qual desconhece de todos os seus direitos ou de pelo
menos grande parte deles. Sendo desse modo:
― a identificação da Assistência social com o assistencialismo e com a
filantropia ainda é parte dos desafios a serem enfrentados nessa
área.Décadas de clientelismo consolidaram uma cultura tuteladora que não
tem favorecido o protagonismo e nem a emancipação dos usuários da
Assistência Social em nossa sociedade.Assim sendo, persiste como um dos
maiores desafios em relação a esta política sua própria concepção como
campo especifico de Política Social pública , como área de cobertura de
necessidades sociais ‖ .

Sobretudo, somente após a promulgação da LOAS e a efetivação do Sistema Único


da Assistência Social bem como a Norma Operativa Básica (NOB-SUAS) em 2005 e
implantação no ano de 2007 o NOB-SUAS RH que preconiza uma melhor
distribuição de competências e determina os parâmetros de funcionamento do qual
atendem a modelos ideais de manteneção dos dispositivos componentes da
classificação de proteção social prevista no Política Nacional de Assistência Social
(básica, especial ) foi que a Assistência Social passou a ser mais sistematizada e ter
suas ações em caráter interventivo e não mais emergencial dada as condições
sociais de uma região atuando como um núcleo de intervenção regionalizado(
cabendo aos CRAS, a intervenção em caráter territorial focalizado e ao CREAS, a
intervenção de casos especiais oriundos dos CRAS‘s).

No entanto, o que se vê são apenas intenções para superar e erradicar o


assistencialismo bem como uma má distribuição dos gastos sociais com os
programas sócio-assistenciais como um todo. De qualquer forma, podemos ressaltar
que a atuação do Estado embora não contemple a todos, contribui minimamente
com a emancipação do usuário uma vez que essa emancipação venha a gerar
custos maiores e um investimento do qual é repartido em setores(economia social,
educação, assistência social, previdência e outros) de forma desigual e ainda
corroborada pelos ―atalhos‖ do qual se tangem os programas de transferência de
renda bem como sua perda de foco central agindo mais nas ações emergenciais e
que requerem respostas imediatas prestigiando o paternalismo dos gastos públicos
como Pochman (2004) ressalta:
― O Brasil tem espaço para racionalizar e buscar a eficiência do gasto social,
embora parcela importante da população não contribua no financiamento
social. Observa-se, por exemplo, que apenas uma pessoa a cada três
encontra-se protegida pela regulação do mercado de trabalho, enquanto
somente uma a cada duas contribui para a previdência e assistência social.
Tudo isso sem comentar o atraso da atuação das políticas sociais que são
operadas por um padrão de gestão pública ultrapassado. A fragmentação
do gasto social com ações setorializadas implicam somas elevadas somente
no custo-meio de operação das políticas públicas, que na maior parte das
vezes concentram-se nas medidas de natureza assistencial. Diante da
dispersão de objetivos, permanecem elevados o clientelismo e o
paternalismo das políticas sociais que terminam por obstruir a perspectiva
necessária da emancipação social e econômica da população assistida. Da
mesma forma, as iniqüidades não se encontram somente na natureza do
gasto social, mas fundamentalmente na forma de arrecadação tributária. No
Brasil persiste a regressividade na estrutura tributária, que termina onerando
muito mais os pobres do que os ricos. Assim, não somente o gasto social,
mas sobretudo a arrecadação tributária constituem fundamentos
potencializadores da desigualdade que já vem originária da distribuição
primária da renda‖.(POCHMAN, 2004)

A descentralização do Estado prevista na LOAS contextualizada em matéria da


referida lei, enfraqueceu o assistencialismo tradicional pois as ações governamentais
passaram a dividir espaço com as ações do poder privado ( a sociedade
representada pelos conselhos municipais e estaduais, movimentos sociais além de
ONG‘s e em seguida OSCIP‘s) e a benesse que antes estava enraizada nas ações
governamentais seja pelo Estado ou pelas ONG‘s no geral, filosoficamente, passou
a ser extinta depois de quase todo um século no retrocesso social e político no
Brasil. Acompanhando a tendência Neoliberal, o assistencialismo ganhou uma nova
roupagem ao qual será o enredo principal deste trabalho.

No capitulo a seguir, colocaremos em questão algo que esta muito presente na


Assistência Social e que em muito é refutado pelos profissionais envolvidos muito
embora isso seja mais em caráter ideológico e adverso ao sentimento retrogrado de
se fazer assistência dominante nos dias atuais e aqui citado : O Neo-
Assistencialismo
2.0 – O ASSISTENCIALISMO DO SÉCULO XXI: SURGE O NEO-
ASSISTENCIALISMO

Conforme descrevemos no capitulo anterior, o assistencialismo parece não ter sido


completamente erradicado de nosso cotidiano. Apesar de todos os esforços em
erradicar essa prática, o assistencialismo ainda está vivo e cada vez mais forte
resiliente ao processo de globalização.

2.1 – O VILÃO MUDOU DE LADO: O USUARIO AGORA É QUEM SE


SUBMETE AO ESTADO E NÃO O PROCESSO INVERSO.

Antes de conotarmos o Neo-Assistencialismo precisamos antes de tudo definir o que


é o Assistencialismo já que apresentamos sua trajetória histórica. A definição de
Assistencialismo se faz na ação em que o usuário é contemplado com doações de
recursos seja em caráter alimentício, ou em caráter material e financeiro que não lhe
contribuirá em nada na transformação de sua vida cotidiana ficando no que está
como algo perpétuo de sua existência.

Essa prática faz com que o usuário fique dependente dessas ações sem ter com que
se desprender a ela ( é mais cômodo receber um beneficio do que se livrar dele)
seja qual for sua situação social em suma. Geralmente a população que mais sofre
com o assistencialismo se encontra em algum tipo de vulnerabilidade social ou
algum de seus direitos ameaçados ou já violados. O Estado Nacional provêm ações
em que suas competências e responsabilidades são repassadas para federações
estaduais, municípios e setor privado entre OSCIP‘s, Conselhos municipais e
estaduais com o intuito de criar uma rede integrada de atendimento ao usuário
interligada ao governo através de sistemas-únicos (assistência social e saúde) e
Entende-se por assistencialismo também na visão de Alayón ( 1995, p 15-16 ) como
―[...] uma das atividades sociais que historicamente as classes dominantes
implementaram para reduzir minimamente a miséria que geravam e para perpetuar o
sistema de exploração‖ e através dessas atividades, a população pobre recebia por
meio de ações sociais do Estado ajuda material como roupas, cestas básicas,
sacolas de verduras ou os famosos ―verdurões‖ dentre outros de modo que essas
pessoas recebiam essas ações sociais acabavam se submetendo ao sentimento de
gratidão como um favor, ou mesmo caridade filantrópica de certo modo que elas
ficavam dependentes daquelas ações e sua realidade social não mudavam sendo
assim eternos merecedores da benemerência e misericórdia da classe dominante.

O sentimento de ―proteção‖ fazia com que as pessoas fossem controladas pelo


Estado principalmente em período eleitoral de tal maneira que o Estado provia esses
―clientes‖ exatamente nas regiões onde eram de maior interesse ignorando as outras
do mesmo cotidiano social. O Estado era visto como o grande pai e não tinha
responsabilidades legais, tudo isso nos primórdios de nossa História. Nos dias de
hoje, não tem sido muito diferente a isso.

Para o advogado Jorge Daher (2009) o assistencialismo perpassa da escolha do


sujeito optar por algo similar, de receber com facilidade doações alheias de Estado e
entidades filantrópicas, o mesmo também coloca como práticas eleitorais de eleição
o assistencialismo sustentado pelos políticos brasileiros com o intuito de estenderem
seus respectivos mandatos cooptando os usuários ao perpétuo calvário de
dependência colocando a questão que gira em torno desse vício: A importância do
trabalho na vida dos usuários definindo que:

É ruim para quem recebe, porque na grande maioria são pessoas sem
oportunidade e sem condições de se sustentar, recorrem a facilidade de
receber doações, cestas básicas, refeições, roupas, etc… o
assistencialismo não é uma escolha mas uma necessidade.Só que depois
de se entrar num bolsa-família, ou num sopão da vida, a pessoa começa a
se perguntar se vale a pena trabalhar, ou é melhor ter mais um filho(a) e
aumentar o benefício. Este é um exemplo muito triste mas muito frequente
em todo nosso país.Contudo o outro lado do assistencialismo é muito pior.
Nele temos a maioria dos políticos brasileiros que seja para se elegerem,
seja no exercício de seus mandatos baseiam suas ações na exploração
dos necessitados, e na caridade prostituida.(Grifos do autor)

O Estado ganhou as responsabilidades que diversas leis e a Constituição o cobra


para tal, mas a questão assistencialista ainda não está totalmente superada, tendo
uma distorção ao que era praticado. Sobre a obrigação do Estado e a delegação dos
políticos diante da pratica assistencialista, Daher(2009) ressalta como obrigação
potenciar mais o acesso à assistência social pelos meios devidos acionando os
profissionais devidos de forma que para o político ― a OBRIGAÇÃO dele é
encaminhar a pessoa a entidades públicas ou particulares que prestem este tipo de
assistência, com assistente social profissional, visando a re-inclusão social, e
principalmente que a pessoa crie condições de não depender mais da doação.‖
(grifos do autor). Diante desse cenário vemos que:

A população em paupérrimas condições são pessoas que economicamente ativas


compõe o contingente de mão de obra não–inserida no mercado de trabalho
caracterizando assim os excluídos sociais do sistema neoliberal de mercado. A
essas pessoas, só lhes cabem estar nas camadas mais subalternas da sociedade
em busca de alguma razão de estarem vivos ou sendo alvos da solidariedade alheia.

E é à essa dinâmica colocamos que a presença do Estado Mínimo na questão social


que permeia as condições da população usuária da política de assistência social já
que a desigualdade social é marcada pela má distribuição de renda e disparidade
contraditória na relação capital e trabalhador. Dessa forma, cria-se em torno dessas
situações que citadas por Machado(2003) como:
― [...] consequências da apropriação desigual do produto social são as mais
diversas: analfabetismo, violência, desemprego, favelização, fome,
analfabetismo político, etc.; criando ―profissões‖ que são frutos da miséria
produzida pelo capital: catadores de papel; limpadores de vidro em
semáforos; ―avião‖ – vendedores de drogas; minhoqueiros – vendedores de
minhocas para pescadores; jovens faroleiros – entregam propagandas nos
semáforos; crianças provedoras da casa – cuidando de carros ou pedindo
esmolas, as crianças mantém uma irrisória renda familiar; pessoas que
―alugam‖ bebês para pedir esmolas; sacoleiros – vivem da venda de
mercadorias contrabandeadas; vendedores ambulantes de frutas; etc. Além
de criar uma imensa massa populacional que frequenta igrejas, as mais
diversas, na tentativa de sair da miserabilidade em que se encontram.‖

O que converge as disparatinas causadas pelas desigualdades sociais, o


assistencialismo se dá na solução rápida de problemas estruturais oriundos dos
falidos processos assistenciais promovidos seja pelo poder público ou pelo setor
privado em ações solidárias de filantropia capaz de mobilizar a sociedade em um
frustrado resgate às ações puras de humanismo calcado no sentimento de
compaixão a quem esta em uma situação de flagelo e degradação moral.

Para o Estado, a assistência social é nada mais do que uma política social
direcionada ao efetivo dos direitos sociais existentes sobretudo suas prerrogativas
voltadas ao estado de isonomia estatuído na Constituição. Sendo assim, as políticas
sociais são na verdade programas de governo e isoladamente atendem as mais
diversas demandas da classe trabalhadora desde prematuros e parturiantes ate
idosos passando por incapazes e outros. Caracterizando, o Estado Neoliberal usa a
assistência social como uma arma de cunho perpétuo temporário que pode variar de
acordo com o Gestor Federal ( o governante ) ou sua filosofia partidária uma vez que
enquanto política de Estado, as prerrogativas seriam imutáveis e invioláveis
consolidando de fato o direito do cidadão seja no acesso aos serviços que lhes são
garantidos legalmente como seja na execução dessas políticas e cabendo apenas
como política social, Sposati (2005) aponta dentre os efeitos dos impactos do
Neoliberalismo nas políticas estatais uma desconfiguração lagal do que de fato é um
direito a condição de cidadão usuário dos serviços públicos a fragilização da
importância permanente como foi feito com o Programa Bolsa Família que as
principais frentes políticas ( Direitistas do PSDB e Esquerdistas do PT ) duelam
todos os anos a paternidade desse programa dado vistas a uma imagem de rica
cooptadora de votos das classes ―dependentes‖ do programa por conseguinte:
―Um segundo grande efeito do trato neoliberal do social na realidade latino-
americana é a configuração da política social como Programa de Governo e
não como Política de Estado. A conquista da Política de Estado significa a
permanência do acesso na condição de direito do cidadania ao invés, da
frágil condição de receber uma concessão de um governante. A ausência
do entendimento da política social como dever do Estado e direito de
cidadania leva a sua frágil e transitória construção como um ato pessoal do
governante de plantão. Isto ocorre mesmo quando é operada massivamente
(a semelhança do favor individual que se fez sob a ―égide do dom‖, como
analisa Mauss) supondo a retribuição do ―dar‖ momentos eleitorais. Mais
ainda, aparece como ameaça: ―caso não seja reeleito você não terá mais
acesso a isto ou aquilo‖. Logo, desloca-se o direito de cidadania ao acesso
a um serviço para o velho processo doação e seu vínculo com a retribuição
como reconhecimento do favor ao doador.‖

Sendo esse como um dos efeitos apontados pela autora, a população além de muito
impactada com essa ação acaba incorporando essa lógica neoliberal tão excludente
e cada vez mais desvirtuada de suas próprias responsabilidades enquanto Estado
Nacional. Sob essa ótica, o populismo é uma das armas eleitorais que buscam no
Neo-Assistencialismo uma força coercitiva a intenção de continuar a dependência
oculta que se instala por detrás dos programas de governo.
Fonte: http://www.visaopanoramica.com/2010/01/13/bolsa-famlia-assistencialismo-
eleies-e-um-grande-cara-de-pau/

Ao que se vê, não se trata de efetivação de direitos uma vez que o direito real seria
o acesso aos dispositivos a eles referenciados (um programa de transferência de
renda substituído pelo acesso ao mercado de trabalho através da qualificação da
mão de obra para atender uma linha de mercado carente de determinados
profissionais) mas em tese, esses programas seriam melhor direcionados se eles
realmente alcançassem seus objetivos centrais sem que o caminho que elas
percorrem não sofressem alterações em seu percurso (no caso, podemos citar a
evasão de recursos públicos como uma alteração no percurso destino da verba
pública federal para os programas ) ressaltando que a fundamentação desses
direitos para Couto( 2004 p.48):
― Constituem-se em direitos de prestação de serviços ou de créditos, pois
geram obrigações positivas por parte do Estado, que detém a
responsabilidade de , por meio de planejamento e da consecução de
políticas de bem – estar do cidadão, atender às demandas por educação,
trabalho,salário suficiente, acesso a cultura, moradia, seguridade social,
proteção do meio ambiente, da infância e da adolescência, da família, da
velhice dentre outros‖

Sendo assim, se antes com o assistencialismo tradicional e conservador, o usuário


era preso a cultura do favor e do clientelismo, hoje vemos o oposto acontecendo.
Como se dá isso? seguindo a idéia de que o Estado de Bem Estar Social ou o
Welfare State não atendeu as demandas da sociedade brasileira uma vez onde em
sociedades européias, a seguridade social era algo tão privado como os atuais
planos de saúde, seguros de vida e fundos de previdência privada, aqui no Brasil, a
população historicamente obteve o hábito de ser publico alvo de políticas sociais ou
programas de amparo de cunho assistencial emergente, não havia uma iniciativa ao
qual o sujeito que se beneficiava de tal provento estatal buscasse sua autonomia
própria ou mesmo sua independência dessas benemerências a ele oferecidas. No
caso brasileiro, o Welfare State fracassou no sentido que as políticas sociais foram
mal direcionadas e fizeram o Estado dar conta de um gigante e abrangente quadro
de pobreza e descaso sem o mesmo estar preparado citado em Pires e Demo(
2006) como necessidade de mudanças com referência nos países centrais onde o
Welfare State de fato foi um sucesso:
― Analisar políticas sociais num país com contradições gritantes - longe da
condição de Estado de bem-estar social alcançada pelos países centrais, de
enormes desigualdades, com fossos de miséria e exclusão social, onde a
fome ainda constitui uma agenda prioritária e estratégica no discurso do
governo, onde o tráfico de drogas e a violência das grandes metrópoles se
institucionalizam com a conivência do poder público e onde centros
financeiros e a naturalização da miséria convivem lado a lado - é, no
mínimo, complexo. [...] Por outro lado, é preciso pensar alternativas para as
políticas sociais frente aos desafios colocados por tais mudanças, seja
porque há muitas lições a serem aprendidas com a evolução do capitalismo
nos países centrais, ou porque tais transformações atingem a todos
diretamente, com sérias repercussões para o aprofundamento das
desigualdades sociais e conseqüente fragilidade da cidadania brasileira.‖

Dessa forma, em ambos seja no Assistencialismo tradicional como no Neo-


Assistencialismo dos dias de hoje, sempre focará – se na pobreza e na questão
social ao qual se tange nessa temática cabendo ao Estado, o respaldo dessas
práticas nas mãos do Governo Federal que podem classificar como abomináveis(
como acontece nos dias de hoje) ou como podem camuflar o escamoteado projeto
de Assistência Social ( o que também acontece nos dias de hoje) como então,
identificaremos a questão Neo-Assistencialista?
Fonte: http://www.panoramablogmario.blogger.com.br/2008_09_01_archive.html

Ainda hoje, não encontram-se autores que se atentaram ainda a essa prática. Muitos
ainda acreditam que a LOAS derrubou, dilacerou o Assistencialismo pela raiz como
se extrai uma erva daninha de um jardim, fato por si não aconteceu e para isso, os
papéis teriam que se inverter. De que modo, um benefício eventual pode caracterizar
como forma assistencialista de manter clientes e beneficiados? Na teoria, ainda não
existem questionamentos sobre o modelo atual de gestão da Assistência Social que
volta-se no lócus da questão parece ter se colocado em modelo perfeito e
executável nas intenções de cada planejamento mas muito longe do que se vê
executável na prática. Ainda é muito visível uma ideologia dominante dentro da
Assistência Social de discursos pré-moldados em uma realidade existente
estatisticamente mas com os planos de execução ainda atrelados a tipos ideais de
realidade ou modelos de ação calcados nas causas e efeitos sem um pensamento
das conseqüências para todos os ângulos.

Poucos autores ainda que timidamente, abordam indícios que levam que o Neo-
Assistencialismo não é apenas uma utopia negra filosófica e sim um câncer tão
presente e próximo de nós mais ainda na prática, tendo uma visão do todo em um
todo. Mesmo a força de um benefício eventual como um benefício de transferência
de renda, ainda nos deparamos com a seguinte dinâmica do qual levantamos teses
em que se fora extraídos após uma análise profunda quanto ao comportamento do
próprio usuário beneficiário em seu meio social:
1) A criação de métodos sistemáticos para a concessão do beneficio, ou seja, os
critérios em que um usuário egresso aos programas de transferência de renda
abriram o leque de dependência sócio – econômica ao mesmo tempo que
limita os falsos beneficiários de usufruírem desses mesmos benefícios.Não
existem distinções para esse cabendo aos profissionais que atuam na região
em foco quem ―merece‖ receber o benefício

2) O cumprimento desses critérios levam a uma série de fatores que contribuem


pelo menos com uma parte deles, na manteneção do quadro social do usuário
exatamente para que sua renda per capita não ultrapasse os ¼ do salário
mínimo e a conseqüente destituição ao acesso do benefício uma vez assim
feito. Isso vem causando o desemprego voluntário ou o forte êxodo às
práticas informais, os famosos ―bicos‖.

3) Essa equação se torna possível quando os técnicos e estagiários cumprem


normas vindas do Ministério de Desenvolvimento Social e Combate a
Fome(MDS) detectam na confecção do Cadastro Único em sua atualização
uma estagnação de tal família ou nas informações duvidosas passadas pelos
próprios usuários. Nesse caso, cabe a questão de como uma família ao longo
de um dado tempo, permaneceu como estava quando se inseriu no programa
e de que maneira essa pessoa se proveu, assim sustentando-se.

Resultando assim a tese de que o Neo-Assistencialismo, por mais que o Estado


provenha esses programas de transferência de renda, ele não mais mantém o
usuário no que em seus primórdios chamávamos de clientelismo e sim o inverso, o
usuário como pessoa dotada de necessidades infindáveis e alheio a sociedade que
o rodeia é quem se apega devotamente a essa prática falsamente colocada sob o
codinome direito social proporcionado ele sua própria estagnação voluntária tratando
sua pobreza como uma moeda de troca.

Daí que podemos atribuir uma dada ―mea culpa‖ em ambos os atores sociais:
Estado e usuário tendo ainda mais ao Estado a culpa uma vez que ele transforma as
políticas sociais como instrumentos subversivos a perpetuação de um programa de
governo e não como uma política de Estado sem seu devido tratamento dentro dos
conceitos básicos de dignidade e cidadania
Para a Doutora em Serviço Social Soares( 2010), O governo conduz os programas
sociais como ferramentas atreladas as políticas econômicas e sendo essas,
incapazes de gerar de fato o trabalho pois sua preocupação se dá no alto incidente
de desemprego entre os beneficiários e constante estagnação no perfil aceitável
para estar inserido nos programas apontando como principal direito social a ser
garantido, o acesso desses usuários ao mercado de trabalho para assim terem seus
direitos a uma sobrevivência a base de seu trabalho com dignidade fazendo valer de
fato a sua soberania enquanto cidadão dotado de decisões que marcarão sua vida:
O problema é que o governo federal conduz uma política econômica que
não gera trabalho e sim o aumento do desemprego e da desigualdade
social. Assim sendo, é quase que ‗tapar o sol com a peneira‘ pensar que
programas como o Bolsa Família sejam, de fato, medidas de combate à
desigualdade.[...] A questão é mais complicada do que parece. Muito mais
do que ‗dar o peixe ou ensinar a pescar‘. Na verdade o principal direito que
deveria ser garantido para que as pessoas conseguissem sobreviver na
forma como esta sociedade está organizada é o direito ao trabalho. Se
essas pessoas tivessem trabalho teriam como ter acesso aos meios para
sua sobrevivência sem precisar acessar benefícios assistenciais‖

Ao que a autora vem referenciar vem de encontro a pesquisas feitas na área de


políticas sociais onde a transferência de renda em sua particularidade programas
como o Bolsa Família, enfraquece os conceitos constituídos no Sistema Único de
Assistência Social(SUAS) no que diz respeito a esse programa não fazer parte do
controle social e seu financiamento não ter origens do Fundo Nacional da
Assistência Social como os programas e instituições públicas oriundos dos
Conselhos Nacionais de Defesa dos Direitos são: ―Isso porque seu financiamento
não faz parte do Fundo Nacional da Assistência Social e este recurso está, portanto,
isento de controle social e de outras características da gestão das políticas sociais
no Brasil‖(IDEM, 2010).

A visão posta aqui, tenta quebrar o romantismo inocente e ideológico de uma


população proletária ―cordeira‖ ao ideário neoliberal como se é muito discutido entre
os autores da linha marxista de pensamento. Se nos dias de hoje, a população está
melhor informada quanto aos seus direitos, porque então atribuir total
responsabilidade do quadro social presente a um lado ou apenas um fator
inocentando ao outro? Sendo então como questão social não a pobreza em si mas a
alienação em virtude dela seja do Estado e suas elites distantes a ela como da
população trabalhadora tão próxima ou mergulhada nela, é notório pois não haver
com freqüência continua indivíduos usando esses programas de fato como
ferramenta emancipadora a sua autonomia e mais notório ainda, um
descompromisso de ambos já que ambos polarizam seus intentos seja para qual seu
fim seja como será citado no último capitulo desse trabalho.

Fonte: http://contraovento.com.br/?m=20100516

O Brasil, por sua cultura política ligada à corrupção e uma maior potenciação aos
interesses econômicos e mercadológicos em nome do progresso e desenvolvimento,
desperta na população tendo pois membro constituinte da sociedade que subsidia o
Estado também a prática de pequenas corrupções com objetivo de tirar proveito
próprio(daí que muitos autores são unânimes ao postar em suas obras, uma imagem
de um povo inocente e desprovido de ambições passivos de um sistema capitalista
cada vez mais selvagem e excludente seja diretamente ou indiretamente ) gozando
indevidamente de um ―direito‖ ilegítimo quanto ao seu cotidiano (é obvio que isso
não afeta a toda uma população, mas a mesma fica estratificada nos que
necessitam e nos que não necessitam desses programas )e podemos perceber
detalhes que nos levam a acreditar de estarmos retrógados enquanto assistimos
programas federais dissecados pela corrupção seja por parte dos gestores como da
própria população. Clemente(2006) alerta sobre os riscos que os programas de
transferência de renda oferecem da forma que se estão sendo geridos pois:

― Um dos maiores riscos de programas do governo é o incentivo à


corrupção, um problema histórico quando se trata de transferir dinheiro para
a população necessitada. Incontáveis máfias já foram desmanteladas por
roubar a Previdência Social. O Ministério do Desenvolvimento Social sabe
que 150 mil crianças de famílias inscritas no Bolsa-Família não assistiram
às aulas entre agosto e setembro de 2005. Não se sabe quanto dessa
ausência pode ser atribuído à falta de fiscalização ou a irregularidades‖.

E sobretudo, não há intenções reais de mudança a esses quadros em nenhuma das


partes. Tanto Estado como a sociedade civil se abstêm de qualquer mudança tendo
por conveniência seja para qual for seu fim limites ― toleráveis ― de descaso em todos
os segmentos sociais. Não adianta apenas pregar a mudança como algo necessário
se não houver iniciativas oriundas das classes subalternas com ações práticas e
nem das classes dominantes e Estado com ações de incentivo à essa prática de
mudança como em ALAYON ( 1995, p.13) ― Se os homens decidem construir suas
sociedades ( onde viverão, trabalharão, produzirão) de determinada maneira, ou
seja, conduzindo sua vontade em certa direção, também poderão, – eventualmente,
se assim desejarem ou se propuserem – construí-las de outra maneira e com outras
características.‖ E daí vemos uma certa estagnação do quadro social do Brasil com
sua desigualdade sendo maquiada mas com as questões sociais cada dia mais
evidentes e crescentes: ― o ser humano não só fabrica oportunidades, mas constitui-
se como ser de oportunidades, enquanto se organiza como sujeito, negando ser
reduzido a objeto, querendo e podendo participar‖ (DEMO, 2003 apud.BRITTO,
2007) e é esse espírito de participação que está contingente na sociedade onde
perpassa a falta de organização política de combate à pobreza, sendo essa ação
muito ligada ao messianismo político do qual frentes partidárias se colocam como
salvadores com promessas de erradicação à pobreza e a miséria, problemas
seculares desde o descobrimento do Brasil aos dias de hoje, em tempo recorde sem
que as formas não sejam questionadas de atuação frente ao grande epicentro da
questão social:
Nesse sentido, torna-se relevante dar visibilidade às famílias focalizadas
pela assistência social, propondo sua qualificação política no sentido de
reverter a exclusão econômico-social e a política mantidas historicamente,
transformando o produto da pobreza política em poder político e
cidadania. É relevante o estabelecimento da reflexão crítica e política
acerca do fenômeno da pobreza junto às famílias incluídas em programas
sociais, propondo o desenvolvimento de ações políticas que busquem
legitimar-se dentro das instituições sociais, nos serviços de saúde e nos
centros de assistência social, por exemplo, onde acima de tudo obtenham
respostas às demandas sociais; privilegiando os estratos mais
empobrecidos com a participação política, no fortalecimento da cidadania e
da igualdade social.(IDEM, 2007 grifo do autor)
Tendo o percalço da participação dos beneficiários em uma conscientização do
desenvolvimento crítico de incentivo promovido pelo próprio governo federal,
focalizar ações emancipatórias nas famílias beneficiárias como políticas públicas
reverteria o problema da exclusão sócio-econômica sem criar verdadeiros exércitos
humanos de desvalidos, exclusos e desfiliados ao sistema capitalista despertando
neles sua capacidade de prover por seus próprios esforços buscando formas de
qualificar-se para o mercado de trabalho com o subsídio dos programas de
transferência de renda onde Demo (1993) apud Britto(2007) :
[...] reforça que a pobreza perpassa pela questão política levando à
definição do fenômeno em consistir num processo de repressão do acesso
a vantagens sociais relevantes. Sugere o combate à pobreza passando pela
sua organização política, pois, sem isto qualquer iniciativa fica distante de
sua essência, senão o pobre fica reduzido a condição de massa de
manobra.

Mas para que esse combate a pobreza possa se tornar mais eficaz sem com que o
usuário não seja tomado como marionete do Neo-Assistencialismo, deve-se
desvencilhar do discurso com recheio de dados estatísticos superficiais e
insuficientes de realidades contrárias às planilhas manipuladas para informações de
pertinência própria( digo, por exemplo da total eficácia sem as falhas apresentadas
aqui colocadas em estatísticas do governo federal negando a existência dessas
mazelas detalhistas, proporcionando resultados superficiais carecidos de dados
específicos peculiares) e ― [...] Em situação de miséria extrema não cabe o discurso
da qualidade, pois afirma que o direito à vida, mais próximo de necessidades
matérias imediatas, não é mais importante que o direito à educação, mas o
precede‖(IDEM, 2007) sobretudo para Montaño(2003) apud. Sampaio(2004) ― as
desigualdades sociais não serão superadas apenas com uma melhor distribuição de
renda e com a solidariedade das classes médias. É imprescindível que se prepare
os jovens para o trabalho.‖ E sendo as desigualdades sociais assim superadas coma
preparação dos jovens ao mercado de trabalho, é possível mudarmos o quadro
desolador das políticas públicas de assistência dos dias de hoje, brecando em
partes até mesmo o alto índice de corrupção por parte da distribuição de renda feita
de maneira desordenada sem uma efetiva fiscalização no uso dos recursos
destinados.
Vejamos, abaixo alguns casos relatados pelos meios de comunicação sobre
irregularidades seja de corrupção política ou mau uso do benefício:

Fonte: http://www.itaboraiweblist.com.br/BRASIL/tcu-flagra-577-politicos-com-bolsa-
familia.html
Resumo da Noticia: O Bolsa Família, principal programa do governo para combater
a pobreza, é suspeito de pagar benefícios a 577 políticos eleitos, 3.791 mortos,
106.329 donos de carros, caminhões, tratores ou motos e a 1,1 milhão de famílias
com renda acima do permitido. Ao cruzar os nomes da lista de beneficiários do Bolsa
Família com a relação de candidatos nas eleições de 2004 e 2006, os auditores
identificaram 577 políticos eleitos. Considerando-se os suplentes, isto é, quem foi
derrotado nas eleições, o número totaliza 39.937 beneficiários. O relatório não
especifica qual eleição os 577 políticos venceram. Desde março de 2008, decreto do
presidente Lula proíbe que políticos eleitos em qualquer esfera de governo recebam
recursos do Bolsa Família.

Comentário: Se desde Março de 2008, era proibido o beneficio para quem se


elegeu podemos atribuir que de 2004( ano de criação do Bolsa Família) ate
Fevereiro de 2008, muitos políticos eleitos ainda recebiam o benefício?E se
recebiam, devolveram as quantias recebidas aos cofres públicos?
Fonte:http://g1.globo.com/Noticias/Politica/0,,MUL969799-5601,00-
NOME+DE+GATO+E+INCLUIDO+EM+LISTA+DE+BENEFICIARIOS+DO+BOLSA+
FAMILIA.html

Resumo da Noticia: O nome de um gato foi incluído na lista de beneficiários do


programa Bolsa Família no município de Antônio João, em Mato Grosso do Sul. O
coordenador do programa, Eurico Siqueira da Rosa, de 32 anos, que fez a inscrição
com o nome do animal, foi exonerado do cargo e está sendo investigado em um
inquérito no Ministério Público Estadual. Segundo ele, o gato, chamado ―Billy‖,
pertencia à esposa. O caso foi descoberto em novembro. Segundo o ex-
coordenador, sua esposa foi procurada por agentes de saúde que fazem o
acompanhamento das crianças inscritas no programa por meio de pesagens e da
verificação dos cartões de vacinação. ―Ela foi abordada pelo agente de saúde e ele
falou que tinha que levar [para acompanhamento] a pessoa de nome Billy. Aí ela
falou: ‗eu não tenho ninguém na família com esse nome. Billy, que eu saiba, era um
gato que eu tinha‘‖, conta. O agente de saúde encaminhou a denúncia à prefeitura,
que abriu um processo administrativo para apurar o caso e cancelou o pagamento
do benefício a Billy.

Comentário: Prova de que o sistema de concessões do beneficio encontra


falhas gravíssimas e as fraudes em sua maioria partem dos órgãos
controladores que manipulam os dados que seguem para o MDS como
Secretarias e Coordenações municipais e estaduais. Mesmo nos dias de hoje
(essa noticia foi veiculada em 2009 com forte repercussão nacional em
telejornais de todo o Brasil) com o cruzamento da RAIS ( Relação Anual de
Informações Sociais) a todos os sistemas integrados aos Ministérios Federais,
ainda é possível burlar o sistema já que o preenchimento do CAD Único pode
sofrer alterações de acordo com quem o preenche. Nesse caso, a fraude se dá
na estrutura e chegará ao MDS como se fosse lapidada cuidadosamente.
Tamanha foi a repercussão que gerou digamos sátiras gráficas sobre o
incidente e ganhou repercussão internacional :

http://brenomagalhaes.com/2009/01/24/bolsa-familia-para-tudo-e-todos/
Referencia: http://coturnonoturno.blogspot.com/2009/01/o-mico-do-gato.html

Fonte:http://g1.globo.com/Noticias/Brasil/0,,AA1417932-5598,00-
MULHER+E+FILHOS+DE+VEREADOR+BAIANO+RECEBEM+BOLSA+FAMILIA.ht
ml

Resumo da Noticia: O Ministério do Desenvolvimento Social apura denúncia de


irregularidades na concessão do Bolsa Família em Belmonte, na Bahia. A mulher do
presidente da Câmara de Vereadores e os filhos dela estariam recebendo o
benefício, sem cumprirem os pré-requisitos necessários. No site do ministério,
aparece o nome de Nanci Lima Oliveira, mulher do presidente da Câmara, Aelson
Matos. Os três filhos também fazem parte da relação de beneficiados. A família
recebia R$ 45 por mês. Aelson Matos disse que não sabia que a esposa recebia a
ajuda financeira. Nanci admitiu que tem o benefício, mas disse que o cadastramento
foi feito há muitos anos, quando se enquadrava no perfil permitido para participar do
programa.

Comentário: A conivência dos coordenadores do programa nos municípios e a


má fé fazem com que o Bolsa Família se perca dentro das intenções do mesmo
no combate a fome e a miséria no país. Praticamente 80% dos casos de
corrupção envolvendo os programas de transferência de renda no país são
oriundos do Bolsa Família devido a grande facilidade encontrada para se
corromper o programa.
Fonte: http://www.tudorondonia.com/ler.php?id=15922

Resumo da Noticia: A unidade do Ministério Público Federal (MPF) em Ji-Paraná


denunciou nesta semana uma ex-estagiária da Caixa Econômica Federal (CEF).
Segundo a denúncia, a acusada sacou benefícios do programa Bolsa-Família por
meio de cartões e senhas obtidos na época em que trabalhou na CEF. A fraude
ocorreu em 2008, ano em que foi dispensada da Caixa após denúncias recebidas
pela gerência. Mesmo após a dispensa, a ex-estagiária permaneceu efetuando
saques. A polícia encontrou cartões do Bolsa-Família em sua casa e ficou
demonstrado por extratos dos benefícios e gravações do circuito interno de
segurança da CEF que ela efetuou pelo menos 19 saques fraudulentos em 16
ocasiões diferentes, causando prejuízo de R$ 3.318,00 – em valores da época.Em
depoimento à polícia, a acusada afirmou que, além dos cartões apreendidos, havia
mais outros vinte que foram queimados. O MPF pede a condenação da denunciada
pelo crime de estelionato, com pena de reclusão, de um a cinco anos, e multa.
Fonte:http://g1.globo.com/Noticias/Politica/0,,MUL1111536-5601,00-
MORTOS+E+POLITICOS+RECEBIAM+DINHEIRO+DO+BOLSA+FAMILIA+APONT
A+TCU.html
Resumo da Noticia: O Tribunal de Contas da União (TCU) aprovou nesta quarta-
feira (6) o relatório de auditoria que aponta uma série de irregularidades no
programa Bolsa Família, do governo federal. Segundo o relatório, há casos de
pagamentos a pessoas que já morreram, políticos (eleitos e suplentes) e a famílias
com renda não compatível para integrar o programa.
Fonte:http://www.cabecadecuia.com/noticias/63442/-bolsa-familia-usado-para-
comprar-drogas-em-teresina-parnaiba-e-picos.html

Resumo da Noticia: A PF constatou a irregularidade em Teresina, Parnaíba e


Picos. Na capital, foram achados cartões do programa em bocas de fumo e, em
Parnaíba, traficantes se apoderaram de pelo menos dois cartões
A Polícia Federal investiga o uso de cartões do Bolsa Família para a compra de
drogas em Teresina, Parnaíba e Picos, no Piauí. Em Parnaíba foi constatado por
duas vezes que traficantes se apoderaram de cartões de beneficiários do programa.
Em Teresina, foram encontrados cartões em bocas de fumo da Zona Norte e Zona
Sul da cidade.

Fonte: http://amarildocharge.wordpress.com/page/4/
Fonte: http://www.acessepiaui.com.br/brasilia/bolsa-famlia-beneficia-at-quem-tem-
patrimnio-de-r-300-mil/1933.html

Resumo da Noticia: Relatório do Tribunal de Contas da União (TCU) aponta


indícios de irregularidades e fraudes na concessão do Bolsa Família a 312.021
famílias, quase 3% do total das 11 milhões cadastradas pelo programa. O desvio
somaria R$ 318 milhões em um ano. Ressalva o relator, ministro Augusto Nardes,
que o valor se refere a benefícios "potencialmente" indevidos. Mas há indícios
graves de famílias com patrimônio muito acima da renda per capita de R$ 120,
inclusive com carros e motocicletas. Até políticos eleitos estariam recebendo o Bolsa
Família. No cruzamento de dados do Cadastro Único (CadÚnico) com a base do
Registro Nacional de Veículos Automotores (Renavam), a auditoria do TCU
encontrou 106.329 famílias "suspeitas", beneficiadas em fevereiro de 2008, que
possuiam veículos até acima de R$ 300 mil. Havia 16 famílias nessa situação. Para
Augusto Nardes, "é pouco crível que famílias possuídoras de veículos avaliados em
cerca de R$ 100 mil (697) estivessem enquadradas nos critérios do PBF (Programa
Bolsa Família), tendo de arcar, somente com o IPVA, com valores em torno de R$ 3
mil anuais, o que representa R$ 250 mensais destinados, exclusivamente, ao
pagamento do referido tributo". Alguns exemplos gritantes de desvio são colocados
no relatório: uma família com renda per capita declarada de R$ 35 recebia do PBF
de R$ 94 por mês e tinha um patrimônio de sete veículos do tipo caminhão avaliados
em R$ 756.467. Uma outra tinha uma motocicleta importada no valor de R$ 63 mil.
O ministro-relator ressalta que tais constatações representam baixo percentual no
total de famílias, mas "apontam para a necessidade de adoção imediata de
providências por parte do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome
(MDS)".
Fonte:http://www1.folha.uol.com.br/folha/brasil/ult96u448218.shtml
Resumo da Noticia: Principal programa social do país, o Bolsa Família tem sido
utilizado nesta campanha municipal como uma nova modalidade de cabresto
eleitoral, informa nesta quarta-feira reportagem de Eduardo Scolese.

Candidatos a prefeito e a vereador usam o programa federal de transferência de


renda tanto para agradar o eleitor, oferecendo a ele um cartão de beneficiário em
troca do voto, como para ameaçá-lo caso vote em algum candidato da oposição.
Nas últimas três semanas, a Folha encontrou casos de uso eleitoral do programa no
interior de Ceará e Piauí e ouviu denúncias informais em Paraíba, Bahia e Rio
Grande do Norte. Promotores dizem que o principal obstáculo à fiscalização é o
medo dos eleitores de serem perseguidos após a denúncia.

As eleições deste ano são, na prática, a primeira grande experiência municipal do


uso do Bolsa Família para arregimentar votos. Neste ano, o governo reajustou em
8% o valor do benefício, anunciou um programa de qualificação de profissionais
específico aos beneficiários e estendeu o benefício a jovens de 16 e 17 anos --
iniciativas tidas como eleitoreiras pela oposição.
Fonte: http://noticias.br.msn.com/artigo.aspx?cp-documentid=24316690

Relato da Noticia: Uma mulher de 23 anos foi presa em flagrante, na última quarta-
feira, por suspeita de praticar um aborto em uma clínica clandestina no município de
Nossa Senhora do Socorro, na região metropolitana de Aracaju, em Sergipe. A
jovem teria oferecido um cartão do programa federal Bolsa Família para pagar parte
do remédio usado no procedimento. De acordo com a Polícia Militar (PM), Juliane
Santos Oliveira estava grávida de cinco meses e foi detida logo após o aborto. Ela
foi flagrada entregando R$ 200 em dinheiro e o cartão do Bolsa Família, com crédito
de R$ 90, para Maria José dos Santos, que teria realizado o procedimento. Santos
também foi presa. Outras quatro pessoas ligadas a Juliana foram detidas enquanto
supostamente sepultavam e tentavam esconder o feto. O grupo deve responder por
ocultação de cadáver. O caso foi registrado na 4ª Delegacia de Polícia
Metropolitana, zona sul de Aracaju.

Cabe aqui então ressaltar de que não se trata de uma adesão ao sistema neoliberal
que se calca essa colocação, mas apenas um indicativo do qual o assistencialismo
mudou sua forma de ser praticado. Não se trata apenas de uma vicissitude histórica
de procurar culpados e inocentes, de bandidos e mocinhos e sim de uma visão
diferenciada, critica ao que se esta sendo estudado e aplaudido por populistas mas
em nada contributivo para nenhum dos membros envolvidos.
3.0 – As Consequências do Neo-Assistencialismo e O Efeito
Preguiça por Isabel Clemente

Sendo essa nova tendência a exemplo do Neoliberalismo, o Neo-Assistencialismo


traz consigo consequências que impactam diretamente no quadro social da
população tendo em vista de que essa visão critica não desabona os dados
estatísticos de diminuição da quantidade de pessoas presentes abaixo da linha de
pobreza mas por conseguinte acabam criando vínculos ao qual não oferecem tais
alternativas para a saída dessa perpetuação dos programas de transferência de
renda. Uma das consequências mais relevantes quanto a essa prática seria o Efeito
Preguiça citado por Isabel Clemente, Jornalista e Editora-Chefe da Revista Época
em uma matéria denominada como Efeito Preguiça? datada no ano de 2006.

A autora enfatiza que o mau uso dos programas de transferência de renda podem
ocasionar o que é chamado por ela de Efeito Preguiça. Como se daria esse efeito
assim posto pela mesma? Quando uma família é beneficiária de vários programas
de transferência de renda conjuntos ( PETI, PROJOVEM, BOLSA FAMILIA e outros )
a soma de todos os benefícios em alguns casos chegam ou a metade de um salário
mínimo ou superior próximo de um salário mínimo dependendo do grau de
vulnerabilidade social da família ou de sua composição familiar , quanto maior o
número de filhos havidos da união familiar maior será o beneficio de acordo com o
cálculo feito entre o que se ganha de arrecadação bruta dividindo pelo número de
pessoas que moram na residência lembrando que não pode haver na residência
beneficiários de aposentadorias e programas de prestação continuada (seja por
tempo de serviço ou invalidez) ou beneficiários do BPC(Beneficio de Prestação
Continuada) no entanto, esse somatório se dá a parte uma vez que hipoteticamente,
a família poderia prover de outras rendas separadas a esses benefícios.

Como a maioria desses beneficiários temem em perder a concessão de um ―direito‖


a ele já conquistado, muitos caem no comodismo presos aos critérios de
permanência no programa. Medeiros (2007) vem discordando desse comodismo
apontado aqui colocando através de dados extraídos do IBGE, de que famílias que
recebem os benefícios de transferência de renda mostram não se enquadrar no que
esta sendo colocado neste trabalho e as mesmas se mostram inseridas no mercado
formal de trabalho ainda que as condicionalidades desses benefícios já estejam em
pouco ou em muito superados, citando-se um exemplo:
― Imagine-se um trabalhador autônomo, um vendedor ambulante.
Uma barreira para que esse vendedor expanda seus negócios e envolva
neles outros membros de sua família é o acesso a capital de giro para
compor estoques. Se a família desse vendedor recebe as transferências,
o dinheiro pode ter um efeito similar ao da abertura de uma linha de
microcrédito — sem, evidentemente, os aspectos relacionados à
necessidade de repagamento. Ora, se o governo abaixar impostos,
juros ou conceder crédito para os empresários no outro extremo da
distribuição de riqueza, eles vão se acomodar e parar de trabalhar? Em
geral, a resposta para essa pergunta é negativa.Deve-se esperar que os
microempresários pobres se comportem da mesma maneira que seus
pares ricos.As transferências,portanto, podem, na verdade, aumentar
os níveis de ocupação dos trabalhadores. O fato é que tomar as
transferências como um desestímulo ao trabalho
é uma idéia que pode ser fundamentada em preconceitos,mas não se
apóia em evidências empíricas.Dados recentes do Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE) mostram que pessoas que vivem em
domicílios onde há beneficiários do Bolsa Família trabalham tanto ou
mais que as outras pessoas com renda familiar per capita similar.
Enquanto a taxa de participação no mercado de trabalho das pessoas em
domicílios com beneficiários é de 73% para o primeiro décimo mais
pobre da distribuição, 74% para o segundo e 76% para o terceiro, a
mesma taxa é de 67%,68% e 71%,respectivamente,para as pessoas que
vivem em domicílios sem beneficiários.‖

No entanto, ainda que esses dados estatísticos do ano de 2007 se coloquem em


relevância visado no que se é configurado em dias atuais e até mesmo
cientificamente se colocarem como melhores visões do que aqui apresentado
apoiados em números estatísticos , podemos afirmar de que na prática, nem
sempre isso se coloca como assim foi citado. Ainda que uma pessoa beneficiária
esteja a eminência de perder tal beneficio, é na atualização dos dados que se é
percebido todas as ações praticadas por esses beneficiários no que diz respeito a
manteneção dos mesmos nos programas de transferência de renda, tendo alguns
mais exaltados adotarem para ações mais violentas de demonstração sobre a
insatisfação de sua ameaça de desligamento do programa.

Daí que vem o questionamento sobre a citação acima de Medeiros: Se citarmos um


exemplo de que uma família que atinge as condicionalidades superadas, digo, acima
de ¼ do salário mínimo em sua renda per capita, por que temos tais demonstrações
negativas sobre o desligamento do programa são tão presentes e mais ainda, dos
dados extraídos no momento de inserção no programa se parecem quase intactos e
quase imutáveis a cada atualização? Se levarmos em conta que o acúmulo desses
benefícios não está determinado por nenhuma diretriz (digo que dependendo da
análise técnica da situação do usuário, ele pode acumular vários benefícios de
acordo com a necessidade em que se apresentar não havendo nenhum critério ou
quantidade máxima) seja na LOAS ou em qualquer dispositivo legal preposto, esse
montante pode chegar a quase o valor do salário mínimo como complementação de
renda adicionado ao valor declarado no momento de requisição de tal programa
causando assim conseqüências que vão além do efeito preguiça mas uma
dependência direta crescente citando Yasbek(1999, p.35) ―cresce a dependência, de
segmentos cada vez maiores da população, da intervenção estatal no atendimento
de suas necessidades... Em face de uma demanda crescente, sobretudo das
populações carentes, se revelando inoperante e incapaz de modificar‖ sendo assim,
encaixam nesses perfis, todos os benefícios eventuais alem dos de transferência de
renda impactando diretamente no panorama de uma família, ou positivamente ou
negativamente podendo então esse trabalho citar a educação como ponto de
referência dessa tese.

Quando se fala de programas de transferência de renda onde o publico alvo são


crianças e adolescentes (grande parte desses programas são voltados para essa
―clientela‖) temos alem do PBF, outros como o Projovem e os programas de
prevenção de riscos sociais eminentes (é o caso do PETI onde cada criança recebe
um valor do qual não precisara de seus pais explorarem a mão de obra infantil no
trabalho) mas o que poderia ser benéfico acaba se tornando uma feroz ferramenta
de manutenção à exploração intelectual desse publico.

Fonte: http://www.visaopanoramica.com/2010/05/17/bolsa-famlia-empregos-e-o-vcio-
que-se-espalha/
A educação do sistema neoliberal com forças para modelar os futuros profissionais
ao seu bel prazer não dá conta dos intentos sejam dos pais como dos próprios filhos
junto a esses benefícios. O que podemos ver acerca da educação, é um
desinteresse quanto as questões educacionais advindas dos pais já que essas
crianças e adolescentes beneficiários dos programas de transferência de renda
seriam tidos como ferramentas de troca, as crianças e adolescentes não são
disciplinadas quanto a importância da escola em suas vidas seja na formação
pessoal ou profissional e a elas são colocadas a obrigação de frequentarem a
escola para que um ―sustento‖ não seja perdido caso havendo revesse, já que
esses programas têm como exigência o índice de frequência escolar superior a 85%
que periodicamente é acompanhado e exigido pelas equipes sócio-pedagógicas das
unidades de saúde bem como os Centros de Referencia de Assistência
Social(CRAS), Conselhos Municipais de defesa dos direitos e Conselhos Tutelares
dentre outros junto as Escolas estaduais e municipais da região onde residem. E
como o Estado não vem contribuindo para a erradicação dessa precariedade na
Educação e sim na manutenção de uma Educação passiva e acrítica já que sem
essa Educação, seria declarada a revolução contra o sistema capitalista.

Se de um lado, contribui para aquela necessidade de imediata suprida ali, do outro,


o usuário não tem estímulo de buscar meios e recursos que não o façam mais
depender de tal benefício, daí que podemos colocar que não sendo o efeito
preguiça, o que será então.

Esse é apenas um dos focos da desvantagem ao qual se colocam a transferência de


renda ou o repasse de recursos a essas famílias pobres pois havendo em si uma
desestruturação nos laços familiares, a propensão de questões sociais voltadas a
infância e juventude por exemplo podem desencadear em decorrência da perda de
um desses programas a exploração ao trabalho infantil, a prostituição infantil e
juvenil ou alcançados patamares superiores o trafico de drogas e outros crimes. Não
que sejam essas, respostas para todas as questões em si.

Com esses ardis, os programas de transferência de renda seguiram historicamente


por mudanças significativas no modo em que as mesmas estão sendo conduzidas.
Desde de 1964, as políticas sociais eram focadas para quem estava
economicamente ativo do qual a ele seria concebido os benefícios assistenciais
previstos através das leis vigentes da época mas nenhuma delas aderia-se ao
sistema de transferência de renda dominante nos países europeus já adaptados ao
ideário neoliberalista já que para Yasbek(1999,p.41) ― as políticas sociais desse
tempo atendiam os interesses políticos e econômicos mantendo através de
oligarquias matriciais conservadoras as relações sociais do favor, do compadrio e
do clientelismo emoldurados historicamente na economia e sociedade brasileira
perpetrando também na política social brasileira‖ assim preconizado na inoperância
e ineficácia das ações estatais frente ao enfrentamento da desigualdade social.

É notório certificar quanto a importância de elementar os programas de transferência


de renda como anexos imbricados ao sistema de proteção social previstos no artigo
194 da Constituição Federal com a nomenclatura de Seguridade Social já que as
ações do período da Ditadura ainda vigentes antes da Carta Magna de 88 cada dia
mais eram descontinuadas e sem resultados satisfatórios.

Entende-se por programas de transferência de renda ações do governo federal do


qual a carga tributaria do país e uma parcela do PIB Nacional seja repassada para
programas sociais voltados para o combate e a erradicação da fome, miséria e
desigualdade social. É a destinação de recursos através da arrecadação de
impostos e outros tributos específicos alem da mobilização societária em ações que
tem como alvo a solidariedade das pessoas e da comoção que se traz nas
campanhas de arrecadação de recursos como o ―Natal Sem Fome‖ do Sociólogo
Herbert de Souza, o Betinho.

Após a promulgação da LOAS e a descentralização do Estado prevista na citada, os


programas de transferência de renda ganharam mais força já que o processo de
privatização de empresas estatais em muito enfraqueceu o sistema de arrecadação
e captação de impostos. Com esse impacto, era claro e evidente que a pobreza,
exclusão e desigualdade social a passos largos ganhavam índices alarmantes e um
cotidiano desolador. Através do Programa Bolsa Escola criado em 1994 em
Campinas-SP e implementado em 2001 a nível federal, os programas de
transferência de renda iniciaram ate então o longo caminho de combate e
erradicação da desigualdade e exclusão social promovendo através dos programas
de governo a inclusão social desses beneficiários. Um pouco antes no ano de 1991,
nascia o primeiro Programa de Transferência de Renda no Brasil denominado como
PGRM ou Programa de Garantia de Renda Mínima instituído neste ano sob autoria
de Eduardo Suplicy conforme citam Giovanni, Silva e Yasbek(2001, p.28) onde:
[...] no âmbito do debate brasileiro sobre as questões sociais, sendo que a
possibilidade de pratica desse tipo de política publica começa a ser
colocada só a partir de 1991, com o projeto de lei nº80/1991, que propõe a
instituição do Programa de Garantia de Renda Mínima – PGRM
apresentado no Senado Federal pelo Senador por São Paulo, Eduardo
Suplicy, do Partido dos Trabalhadores.‖

Mas o que se iniciou nos anos 90 e consolidado na estância federal em 2001 na


realidade apenas contempla aos que economicamente estão ativos formalmente e
ao mesmo tempo os coloca em uma situação de dependência econômica do qual o
beneficiário por não aceitar de que para ele seria mais compensatório buscar meios
alternativos que não terminam nos programas de transferência de renda, acabam
caindo no efeito preguiça citado pela jornalista Isabel Clemente.

Clemente(2006) cita em seu artigo um exemplo do que fora feito no Reino Unido no
ano de 2006 e a conexão que a mesma faz com o modelo brasileiro de gestão dos
programas de transferência de renda é com base nos estudos realizados dentro do
Reino Unido pelo Institute of Fiscal Policies onde sua conclusão não se difere com o
que se é praticado no Brasil sendo assim o Instituto:
― [...] sugere que um programa de transferência de renda pura e simples não
funciona sozinho. Para melhorar mesmo de vida, é preciso que as famílias
atendidas consigam um emprego ou que mantenham atividades
empreendedoras. E oferecer empregos ou condições para a abertura de
pequenas empresas é algo que a assistência social sozinha não consegue.
Para repetir o lugar-comum freqüente: "Não basta dar o peixe aos pobres, é
preciso ensiná-los a pescar".

E obvio afirmar a gigantesca diferença de realidade cotidiana entre os dois países


citados. Não podemos aqui, focar numa visão única com intuito de igualar as
distintas realidades se compararmos um pais de primeiro mundo com um pais
subdesenvolvido no entanto, validamente, não podemos descartar de que tal
informação mencionada ainda que seja o objeto de uma realidade britânica, também
pode ser utilizada em nosso cotidiano.

Esse advento no entanto não é pautado como uma insensibilidade desse trabalho
quanto as questões sociais assim postas. De qualquer forma, o que se preconiza na
Constituição acerca da universalidade da Assistência Social quanto a cobertura de
sua seara através do reconhecimento dos Direitos Sociais acaba sendo na pratica
que para Moura (2008) ― vivencia-se, no cotidiano, Políticas Sociais compensatórias,
que não buscam em primeiro lugar, garantir os direitos sociais e fornecer serviços
qualificados aos cidadãos‖ Sobretudo, não podemos aqui atribuir a existência da
questão social em virtude dessa parcela de excluídos sem que o Estado não lhes dê
condições de mudar a realidade que os cercam. Não basta apenas ―ensinar a pescar
o peixe se oferecer o peixe mas não oferece-se a vara de pescar para tal ‖ como
esta sendo feito nos dias de hoje. E sob essa batuta que os programas de
transferência de renda por sua maioria são custeados pela própria sociedade civil
através da alta carga tributaria e sendo dessa forma, uma forma de descentralizar o
Estado delegando à própria sociedade sobre o que fazer com as questões de
exclusão e desigualdade social derivadas das ações de expansão e consolidação
capitalistas das classes dominantes .

Para Moura(2009) , A política de assistência bem como as políticas sociais ainda


estão engendradas na atuação de modo que cada segmento passa por setores por
assim dispostos e não há uma ação intersetorial entre eles(conselhos deliberativos
não falam a mesma língua do Estado quanto a disponibilidade dos recursos usados
nesses programas e gestão das ações práticas dessa forma cada segmento interage
entre si muito que reciprocamente sem a devida articulação política necessária) as
ações não se entrelaçam no sentido de universalizar o atendimento de maneira mais
igual e menos excludente( ricos com acesso aos melhores serviços que os mais
pobres) e a importância do trabalho social de uma possível articulação faz buscar
alternativas do qual possa cobrar uma maior efetividade do Estado diante do
compromisso de garantias reais de ampliação do fator convergente entre classe
trabalhadora e classe dominante:
― A proteção social somente conseguirá universalizar seu atendimento de
forma equânime e efetiva se implementada de forma intersetorial. Nesse
sentido, a efetividade do trabalho social com famílias está vinculada à
capacidade de articulação intersetorial da política de assistência, pois
somente por meio intersetorialidade se alcança a convergência da ação
governamental, como pacto de ação coletiva, necessária para o alcance da
cidadania. Todavia, a idéia de intersetorialidade somente pode ser
viabilizada se houver efetiva garantia de provimento dos serviços setoriais‖.

A mesma autora ressalta que a centralidade das questões sociais na família como
ator principal de sua emancipação é dever do Estado como um mantenedor da
ordem pública primaziando o acesso igual para todos e sendo essa estratégia como
um fator de risco já que para a equalização de todo um sistema precisaria aumentar
os investimentos que podem ter ou não ter o retorno necessário, Moura (2009)
também coloca mesmo tendo a família como um elemento neutro de valor:
― [...] não se deve colocar a família como responsável pelas questões sociais
e sim, cobrar do Estado que tenha uma efetiva atuação para superar os
problemas das famílias. O atendimento socioassistencial de caráter
obrigatório ou prioritário aos beneficiários do PBF (e mesmo dos
beneficiários do BPC) pode, na ausência de orientações claras, trilhar o
caminho já conhecido na história da Assistência Social de ―culpabilizar‖ as
famílias ou enfatizar de maneira excessiva os aspectos psicológicos em
detrimento das questões e processos sociais envolvidos em suas
trajetórias‖.

Isentar essas famílias de ações que poderiam fazer das mesmas as principais
responsáveis de suas próprias ações independentes desses benefícios existirem ou
não partiria do preposto de que cada família por si mesma tem por si, a condição de
julgo próprio para sua própria sobrevivência bem como sua qualidade de vida em si.

Hoje, muitas famílias não adotam como postura emancipadora atividades que lhes
tragam como retorno financeiro desses benefícios em forma de renda extra. As
poucas iniciativas partem dos profissionais da área social como provocadores e
incentivadores dessas ações desde a produção de artesanato até mesmo a comidas
típicas ou gêneros alimentícios para comercialização em eventos ou afins.

O ideal seria se todos adotassem a formalidade como um mecanismo de defesa dos


próprios direitos ou administrando melhor seus recursos adquiridos por esses
programas mas como isso não vem acontecendo, ate que ponto essas famílias
poderiam se tornar independentes apenas com esses recursos? Seria essa iniciativa
uma incentivo a informalidade em nome de se estar inserido nos programas
federais? Não necessariamente.

Na reportagem feita por Canzian ( 2010 ) mostra que o Bolsa Família, destaque de
maior evidência dos programas de transferência de renda, tem sido nocivo quanto a
geração de empregos formais e compromete a agricultura da região cafeeira da
cidade Brejões(BA) no sentido que produtores de café não estão conseguindo trazer
para suas fazendas, trabalhadores com carteira assinada tendo a necessidade de
diminuir sua produção por falta de mão de obra mesmo que não qualificada como
segue em sua matéria para o Jornal Folha de São Paulo de 16/05/2010: ― A falta de
mão de obra resulta no fim de atividades que usam emprego intensivo. Em Brejões
(BA), lavouras de café que empregavam mais de 170 pessoas estão virando pastos
geridos por menos de 10 pessoas.‖ (CANZIAN, 2010) E complementa com um
depoimento de uma das beneficiárias entrevistadas o que ressalta também nas
aposentadorias especiais, no caso citado se dá na questão do bóia fria ter na lei Nº.
8.213 (24/07/1991) em seu artigo 143 o direito de um beneficio do qual a lei garante
para o bóia fria como segurado especial e esse não precisar de comprovação de
contribuição à Previdência :
― No caso da aposentadoria, o registro anula a condição de "segurado
especial". Quem trabalha só alguns meses na safra não perderia
necessariamente o Bolsa Família, mas os beneficiários preferem não
arriscar.
Juceli Alves, 47, nove filhos, diz que teme perder os R$ 134 mensais do
Bolsa Família se for registrada: "É melhor contar com o certo". O governo
nega que os benefícios sociais causem "dependência". (IDEM, 2010)

Segundo dados do Cadastro Geral de Emprego e Desemprego (Caged) do


Ministério do Trabalho citados por Alvarez (2009) em reportagem para o Jornal O
Globo de 24 de Outubro de 2009, em todo o país, o índice empregabilidade entre os
beneficiários é menor gigantemente aos que não estão empregados nem na
formalidade e nem na informalidade:
― entre os cem municípios com maior cobertura do programa, 85 têm
informações disponíveis sobre emprego formal. Juntos, abrigam um milhão
de habitantes e 259 mil domicílios, sendo que 184,3 mil famílias recebem o
Bolsa Família - 71%. Já os empregos com carteira assinada no setor
privado somam 14,1 mil, o equivalente a 1,3% dessa população.‖

E não pára por ai: Um dos maiores expoentes do Neo-Assistencialismo citado na


reportagem esta na cidade Maranhense de Presidente Vargas, onde para o CAGED,
― o município tem 10 mil habitantes e 2.292 domicílios; 1.832 famílias (80%) recebem
o auxílio do governo e só quatro pessoas têm emprego com carteira‖(idem) sendo
que a reportagem também mostra diante dos dados alarmantes citados aqui que
― [...] os beneficiários do Bolsa Família em Presidente Vargas não estão no
mercado formal nem no informal. O programa mantém as crianças na
escola, mas a maioria das famílias está acomodada com o benefício, que
varia de R$ 22 a R$ 200. Elas têm medo de perdê-lo ao adicionar outra
fonte ao rendimento familiar. Assim, não demonstram interesse em cursos
de qualificação profissional.‖ (Ibidem)

Para a secretária de Ação Social e assistente social do Município de Presidente


Vargas, Ivete Pereira de Almeida(apud. ALVAREZ, 2010) ―Relutei em aceitar a idéia,
mas é a realidade. As famílias estão acomodadas, e não tem sido fácil tirá-las da
acomodação. Acreditam que podem se manter com cento e poucos reais‖.

Realmente cabe aqui a seguinte questão: até que ponto, Isabel Clemente poderia
estar certa em sua matéria onde aponta um certo efeito preguiça entre quem recebe
os recursos transferidos do governo diretamente para eles? Diante desses dados
que consequentemente não fogem da realidade do Brasil ainda que hajam absurdas
diferenças sociais e culturais entre as regiões brasileiras em si, qual o caminho a
seguir e como poderemos combater isso? O que fica claro diante desses dados a
tese de que o usuário é quem se prende ao assistencialismo do governo
ocasionando o efeito neo-assistencialista colocado aqui. Abaixo segue a capa do
jornal O Globo referente a matéria do dia 24 de Outubro de 2009:

Fonte: http://jcasadei.wordpress.com/2009/11/10/jornais-provam-que-
%E2%80%98espetaculo-do-jornalismo%E2%80%99-e-possivel/

Nesse momento que podemos intervir como orientadores das ações que podem
combater o efeito preguiça dominante nessa classe social. Não basta apenas
apontar as falhas e enxergar apenas o que deveria ter sido feito e sim articular-se
entre os envolvidos da ação formas do qual essa pratica não se torne mais
imbricada ao ―usuário‖ desses serviços. De que maneira, isso pode ser feito? É
muito mais do que os limites do profissional, é um intensivo trabalho de persuasão
capaz de mexer com o inconsciente do usuário, por que afinal de contas, quem é o
maior interessado em aumentar sua extensa clientela?Ninguém menos que os
políticos populistas inimigos da verdadeira democracia e adversos a real cidadania
ao qual se deve ser o verdadeiro foco.
Fonte: http://www.fabiocampana.com.br/2010/01/governo-promove-ajuste-eleitoreiro-
no-bolsa-familia/
Nesse ponto, podemos ratificar o esforço do qual enfrentam os profissionais dessa
área mas percebe-se uma certa crise de identidade oculta as práticas principalmente
do Assistente Social diante dessas questões. Como que esse profissional inserido
na máquina pública pode intervir de forma a atender os interesses ideológicos de
seu Código de Ética se ele mesmo é mais um trabalhador que depende daquele
salário para as suas necessidades? Neste campo das contrariedades, vemos um
assistente social passivo ao sistema de gestão publica elaborada em conjunto a
outros assistentes sociais ocupantes de altos postos no Poder.
Fonte: http://jboscocartuns.blogspot.com/

Uma das tentativas do qual o governo federal fez com que os beneficiários do Bolsa
Família em interação com o gestor municipal do programa, o PLANSEQ ou o Plano
Setorial de Qualificação e Inserção Profissional, iniciativa criada com o objetivo de
dar acesso aos beneficiários do Programa Bolsa Família cursos de qualificação
profissional visando atender parcialmente a demanda do mercado ao mesmo tempo
que esses beneficiários poderiam ser aproveitados nas obras de infra-estrutura do
Programa de Aceleração ao Crescimento ( PAC ) : ―A iniciativa visa promover uma
ação de qualificação e inserção profissional deste público em obras do Plano de
Aceleração do Crescimento ( PAC ) do setor da construção civil.‖ (BRASIL, 2008) e
os critérios de inserção no PLANSEQ não são tão rigorosos quanto ao acesso ao
Bolsa Família: ― Para participar do programa, a pessoa tem que ser membro de
família beneficiária do Bolsa Família, ter idade acima de 18 anos e possuir pelo
menos a 4ª série do ensino fundamental completa.‖ (IDEM, 2008) e o critério de
seleção dos beneficiários para o PLANSEQ atendem aos parâmetros do Índice de
Desenvolvimento da Família (IDF): ― Os beneficiários inscritos serão classificados
com base no Índice de Desenvolvimento da Família (IDF), sendo priorizadas as
famílias com menor IDF‖. (IBIDEM, 2008) mas no entanto todo esse aparato não
atende aos índices satisfatórios. Os usuários simplesmente não querem participar do
PLANSEQ em algumas cidades e de acordo com a coordenadora do Programa
Bolsa Família na cidade de Goiânia-GO, Rita de Cássia Soares Mendonça Monteiro
diz que ― Estamos movendo céus e terra para conseguir convencer os beneficiários a
fazer os cursos‖ mas o que se pode ver na matéria do jornalista Adriano Garcia do
dia 24/08/2009 é prova da dificuldade do programa em persuadir com os
beneficiários. Garcia ( 2009 ) coloca o exemplo:
― [...] o caso da diarista Dirce Maria, de 37 anos, quatro filhos e grávida de
cinco meses. Ela conta que se inscreveu no Bolsa Família há três anos,
mas somente há dois meses começou a receber o beneficio. Nesse tempo,
Dirce encontrou novo companheiro, que trabalha com carteira assinada, e
engravidou. ― Já trabalhei fichada mas hoje nem penso nisso‖, afirma a
diarista, que recebe, em media, R$ 50,00 reais por dia trabalhado‖.

Fonte: http://i40.tinypic.com/nqv39g.jpg

Mesmo com todos os atrativos do qual o aluno do PLANSEQ tem para participar
como vale transporte, lanches nos dias do curso além do certificado de conclusão do
curso e possível inserção ao mercado de trabalho através dos cursos, ao que se
remete ao comensurável fato de que o maior fetiche desses beneficiários é
justamente a renda per capita destes superar os ¼ do salário mínimo que os tiram
do Bolsa Família. Mesmo que os cursos do PLANSEQ não atendam as demandas
do mercado de trabalho, é visível um certo desinteresse por parte desses e para a
coordenadora do Bolsa Família do Estado de Goiás, Denise Barra:‖ [...] 99,99% dos
titulares do Bolsa Família são mulheres, o que pode indicar um ajustamento familiar
em que os homens preferem se manterem na informalidade enquanto as
companheiras permanecem como beneficiárias‖ sendo que o exemplo de Goiás
também se aplica ao exemplo do Espírito Santo e provavelmente de todo o país
ainda que haja diferenças regionais de cotidiano social.
4.0 – A Assistência Social Brasileira: O Neo-Assistencialismo e a
“Santidade Social” na visão critica de Pedro Demo

Quando se fala em Assistência Social no Brasil seja em seu resgate histórico ou no


seu cotidiano atual, em se tratando das questões sociais vigentes há vários anos ou
mesmo há varias décadas alimentando estatísticas ferozes de exclusão social e
desigualdade na distribuição de renda, falamos na ideologia dominante que polariza
a relação entre Estado e Sociedade no sentido que determina as competências de
cada um bem como seu papel na intervenção das que chamamos de anomias
causadas pelo modo de produção capitalista e o projeto neoliberal. No entanto, há
alguns questionamentos do qual são plausíveis a respeito do modo com que a
pobreza ( principal elo de ligação entre o Neo-Assistencialismo e o Estado ) é
tratada(ou não é tratada), em análise ao capitulo 01 do Livro ―Charme da Exclusão
Social‖, Pedro Demo denomina como ―Santidade Social‖ a forma adotada pelo
Estado onde querem muitos autores e ate mesmo profissionais da área
interpretarem de que o Estado deveria suprir todas as necessidades em nome de
uma cidadania unicamente sendo a dinâmica pratica muito diferente do idealizado.

Demo (2002, p.07) enfatiza que em uma sociedade do qual o modo de produção
capitalista em uma filosofia liberal onde tudo gira em torno do mercado e suas
variações, a assistência social na visão neoliberal não vislumbra de uma posição
favorável quanto ao exercício de assistir aos que necessitam da intervenção estatal,
mesmo que a Constituição venha a cobrar o Estado uma maior participação frente
ao que podemos dizer, Exclusão Social, na pratica essa prerrogativa não se faz tão
presente já que a emancipação do sujeito enquanto cidadão é um processo ilusório
tanto para o próprio Estado como para os profissionais da área social em suas
distintas objeções que o autor cita como rol de erros para análise a questão da
emancipação do sujeito:
― Inverter a questão da emancipação, aceitando que a população pobre
poderia, indefinidamente, viver de assistência;se a proposta capitalista de
emancipação é absurdamente agressiva, por que fundada no mercado, não
adianta cair no extremo oposto, como se fosse viável uma sociedade
capitalista dedicada a salvar os pobres‖

E esses sujeitos ― não podendo se auto-sustentar, precisam se mantidos pelos os


que conseguem; esta ―santidade social‖ será sempre muito difícil em qualquer
sistema, em particular o capitalismo‖ (IDEM, p.08) e com essa ótica, podemos
afirmar de que é muito comum nos dias de hoje, em nome de uma cidadania voltada
para um direito conquistado ao promover o fácil acesso dos usuários da assistência
social aos mecanismos públicos do governo federal e seus programas sociais, que
usuários em potencial os que são excluídos de tudo ou parcialmente de tudo,
encontrem-se dependentes da assistência estatal como um modo de vida alternativo
que em muitos casos desestimulam essas famílias ao trabalho por exatamente
acreditar em uma perpetuação dos benefícios assistenciais visto em Merrien apud
Demo (2003, p. 08-09):
―[...] comparece ―a idéia maior das criticas: a vontade dos pobres de sair da
pobreza desapareceu. A assistência e o trafico de drogas formam hoje duas
maneiras normais de ganhar a vida.O acento é posto sobre os efeitos
perversos e globalmente negativos das políticas de justiça social‖

O cenário pode não parecer de maneira clara e contundente já que sendo claro e
contundente estaríamos em total estado de anomia e desordem social provocados
por essas provisões, mas nota-se uma diminuição no número de pessoas inseridas
no mercado de trabalho por conta das condicionalidades de permanência desses
benefícios.

Até quando e como é possível essa condição aqui descrita? A partir do momento em
que tal família encontra-se ―estacionada‖ naquela questão social pautada na
entrevista realizada a cada atualização dos beneficiários dos programas de
transferência de renda( no caso do Bolsa Família sendo feito anualmente e no caso
do BPC de dois em dois anos) mudando-se apenas em alguns casos o endereço ou
o número de pessoas que residem no mesmo domicílio( ou mais uma criança a
acrescentar no cadastro ou menos uma pessoa seja um companheiro que não
resida mais no local ou um possível óbito na família ou ainda um dos membros que
alcançou sua autonomia pessoal) visto isso em minha experiência enquanto
estagiário de campo.
Fonte: http://blogs.diariodepernambuco.com.br/economia/?p=990
Obviamente falando, não podemos denominar aqui uma insensibilidade quanto as
questões realmente ―incuráveis‖ de vulnerabilidade social para justificar
determinadas mazelas causadas pelas políticas compensatórias mas podemos citar
como uma forma de reter o controle já perdido do Estado que o crivo dessas
atualizações tendem a apenas a abrir novas vagas aos inscritos plantados e
enraizados na longa fila de espera eliminando os que podem ou estão fora das
condicionalidades.

No entanto, como podemos ver na imagem abaixo, as famílias que tiveram seus
benefícios bloqueados no ano de 2009 por ausência de atualização em seus
cadastros continuarão a receber o Bolsa Família sem qualquer questionamento ou
apuração sobre o por que da na atualização ou ainda aqueles que tiveram suas
rendas per capita superiores aos 140,00 reais ao qual fora cobrado como critério de
permanência também continuarão a receber o Bolsa Família como cita Diniz (2010)
em sua reportagem publicada na versão eletrônica da Revista Veja denominando
essa manobra como versão atualizada do voto de cabresto:
― Pelas normas até então em vigor, perdiam o direito ao recebimento do
benefício famílias cujo cadastro estivesse desatualizado havia mais de dois
anos e aquelas cuja renda per capita tivesse ultrapassado o limite de 140
reais. São critérios justos: o primeiro se destina a coibir fraudes e o segundo
visa a evitar que o cidadão fique para sempre sob a tutela do Estado – o
que é, ou deveria ser, uma das preocupações do programa. Mas, como em
ano de eleição vale tudo, o governo decidiu deixar para lá. O ato
administrativo do dia 23 de dezembro estabelece um "prazo de carência"
dentro do qual a burla das regras passa a ser tolerada. Assim, quase 1
milhão de famílias que não atualizaram seu cadastro em 2009, e tiveram o
pagamento bloqueado em novembro, voltarão a ganhar o benefício. Da
mesma forma, continuarão a receber dinheiro público as famílias cuja renda
per capita ultrapassou 140 reais – em torno de 440 000. Trata-se de uma
versão atualizada do voto de cabresto‖
Lamounier (apud.DINIZ, 2010) complementa com uma comparação ao que se
praticava no coronelismo ( citado aqui como um dos propulsores do assistencialismo
brasileiro no século XX ) "Os antigos coronéis do interior do Brasil pelo menos
aliciavam votos com o próprio dinheiro. O governo atual faz isso com dinheiro
público" sendo assim, a critica se dá na ausência de políticas de incentivo ao
emprego como uma forma de sair dessa dependência neo-assistencialista que o
Estado vem praticando em todas as esferas

Com certeza, os inúmeros trabalhos científicos elaborados que abordam o Bolsa


Família como um grande feitio do Estado nunca abordou esses questionamentos
privando-se apenas à superficialidade dos dados apreendidos e na elaborações de
estudos visando apenas o lado bom, ou o final feliz da novela em pauta.

Daí vem o grande questionamento sobre a imparcialidade de tais trabalhos


científicos: Por que levar ao estudo apenas dados que ilustram um recorte triste
ocasionado pelo descaso do Estado e no final de tudo, coloca-se simplesmente um
final pertinente ao não apontamento de fatos falaciosos seja qual ideologia política
esteja no poder (Esquerda ou Direita ) ? Neste aspecto é venerável em Demo (
1999, p.157) uma crítica sumária à essa estagnação voluntária da apatia ou mesmo
da perda da criticidade pura e imparcial ― O respeito à pesquisa provém de sua
capacidade de inovar, não de sua petrificação. Afinal, o passado continua
fundamental, porque nos diz algo sobre o futuro e, quando menos, evita erros já
cometidos. Mas não se pode viver do passado‖ e muito se vê nesses trabalhos o
assistencialismo já superado apenas pelos preceitos da Constituição e suas leis
posteriores. Errado!
Fonte: http://veja.abril.com.br/270110/bolsa-cabresto-p-062.shtml

Analisando o quadro acima: Ora, sendo assim dessa forma, a questão que
postergamos aqui pode se tornar nula ou simplesmente se perder no meio a uma
teia onde criamos para corrermos em círculos se não fosse um motivo obvio: Sendo
o Estado, limitado e ele mesmo por si ―carecido‖ de recursos para alimentar o
exército de excluídos seja por sua natureza social ou mesmo por sua própria
vontade (já que podemos citar um certo comodismo por parte de muitos desses
beneficiários) , para alimentar esse contingente de expropriados ou uma nação em
paralelo, uma das classes sociais deverá arcar com a manteneção desse exército
eleitoral do populismo pois o Estado por assim só, jamais terá como alimentar a dois
exércitos: dos famintos exclusos de dignidade e os famintos inclusos na
―dignidade‖(refere-se a corrupção praticada ao longo dos governos) e tão pouco o
Estado priorizaria o atendimento diferenciado a uma parcela da sociedade ou
mesmo ser de fato um governo para as maiorias uma vez que isso postergaria uma
crise sem precedentes, afinal se a carga tributária do Brasil, eleita como a 2ª maior
do mundo, é pesada ao nível dos países desenvolvidos ou seja, percebe-se que a
necessidade de aumentar a carga tributária seria muito mais evidente causando
conseqüência gravíssimas de ordem estrutural.

Fonte:http://2.bp.blogspot.com/_HK7tTmpGUos/SLhBBAcr1FI/AAAAAAAAB28/TUD
WSZnmPx8/s1600/voto+de+cabresto.bmp

Hoje no Brasil, por exemplo quem mais sofre com a altíssima carga de impostos
cobrados é o próprio mercado nacional já que muitas pequenas empresas não
agüentam esse excessivo fardo fiscal ocasionando assim uma das questões que
levam o sujeito, sem alternativas e sem ate mesmo uma qualificação profissional
para exercer outra função a depender dos dispositivos assistencialistas do Estado:
Ao desemprego.

Partindo desse pressuposto, a funcionalidade dos programas de transferência de


renda passa então a ser questionada quanto a sua eficácia. Será que realmente a
população mais pobre, de fato, está saindo da linha subalterna da pobreza? Digo,
será que o pobre, o miserável realmente esta saindo do abaixo da linha de pobreza
como recheia-se os dados do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate a
Fome?

Para Room e Robbins apud Demo(2002, p.35-36) ― as garantias de renda não


preencheram, a não ser parcialmente, seu objetivo apregoado de assegurar o
cidadão condições mínimas de existência‖ e complementa ―as prestações sociais
possuem efeito perverso: diminuem a capacidade individual de participar do esforço
coletivo‖( idem,p.36 ) daí que o sujeito encontra-se ―obrigado‖ a fazer parte de um
grupo de convivência promovido por uma instituição publica ou filantrópica como
uma moeda de troca sob pena de ser desligado seja de um programa de
transferência de renda ou mesmo de um beneficio eventual ( cesta básica
principalmente) e descaracterizando a importância do espírito autônomo ainda que
isso seja apenas mais uma ideologia neoliberal na visão marxista ao mesmo tempo
que a arrecadação feita pelo Estado e sua carga tributaria não corresponde e nem
se converte em qualidade dos serviços prestados uma vez tendo a dignidade como
um dos princípios fundamentados na Constituição.

Fonte: http://jorgedaher.wordpress.com/tag/camara-municipal/

Tira-se então a questão: Como promover a dignidade, a cidadania em cima de uma


cultura histórica puramente assistencialista e clientelista enraizada, encruada na
própria população? Ainda que todos os esforços para uma desigualdade um pouco
mais amena sejam válidos, acredito que a transferência de renda apenas alivia
questões imediatas mas não as questões reais e permanentes usando da
temporalidade de cada benefício como um mero fenômeno curativo de uma
determinada mazela social que o Estado procura compensar tanto suas limitações
burocráticas e ate mesmo seu descaso como para justificar a compensação exigida
como um direito social apontado por Faleiros(2000, p.49) como justiça distributiva da
equidade ou da igualdade de oportunidades (quando elas existem) tanto como
efetivo acesso quanto primordial na inclusão de tal sujeito encontrando-se vulnerável
socialmente ao mesmo tempo que não perde o foco seu caráter mercadológico e
elitista:
―O Estado se apresenta como um protetor dos fracos, como meio de
satisfazer as necessidades sociais, pelas medidas legais que compensem
as fraquezas dos indivíduos, pela introdução dos direitos sociais. Esta
compensação justifica em nome de uma justiça distributiva da equidade ou
da igualdade de oportunidades.‖

De qualquer forma, o cidadão aos poucos foi perdendo sua própria essência de
cidadania ao assimilar tão bem seus próprios ―direitos sociais‖ (se é que podemos
chamar de direitos) de tal modo que sua consciência critica passou a ser deixada de
lado optando assim pelo método de aceitação prática e passiva de tais ―direitos‖
ofertados pelo Estado ocultando seu direito de questionamento quanto ao papel do
próprio Estado caracterizando-o ser o cidadão assim como citando-se em Carvalho
& Netto (2000,p.47) ― [...] ele é apenas um usuário servil dos serviços e benefícios do
Estado de Bem Estar Social. Ele conquistou os direitos sociais mas perdeu sua
condição de sujeito político. Os cidadãos só aparecem nos discursos da social –
democracia, na prática eles não existem‖ , transformando a vida social desses
usuários em um contemplado cotidiano sem fim sobretudo eles mesmos podem ter
essa consciência da temporalidade de tais benefícios mas suas pequenas, micro
decisões que podem ou não determinar passos importantes na sua vida em si se
misturam entre a esperança de melhorias macrossociais em seu meio vital e a
desesperança no aparato ideológico estatal quanto sua preocupação com tal
circunstância de uma determinada questão social ― Não que os fenômenos
macrossociais não sensibilizem e atinjam os indivíduos, mas a desesperança criou
um hiato entre o macro e o micro, entre o institucional e o cotidiano‖(IDEM, p.48) e
nesse hiato que está presente o assistencialismo em sua nova roupagem tão
resiliente e ocultamente interagindo nas praticas voltadas a efetivação dos direitos
sociais propostos pelo Estado.
E sua despolitização ou a perda do senso critico faz com que o processo de
empoderamento citado por Demo (2003) apud. Britto (2007) não surtem os efeitos
desejados e o autor ainda ressalta a importância da Politicidade como processo
indispensável na responsabilidade que cada cidadão tem para consigo:

[...] enquanto habilidade humana de saber pensar e intervir objetivando a


autonomia individual e coletiva, define ser político como aquele que faz e se
faz em oportunidade, construir-se sujeito e reconstruir-se de modo
permanente, (...) exercer sua liberdade e sobretudo lutar contra quem a
queira limitar, ser cidadão capaz de história própria, aprender de modo
reconstrutivo o político, ressaltando também, o conceito Empowerment que
significa a organização política de caráter coletivo como enfrentamento da
pobreza.(grifo do autor)

Logo, a participação política ressaltada em Pedro Demo ganha maior força diante do
descompromentimento das massas quanto às questões políticas de Estado. Grande
parte da população apenas visualiza na política algo inquestionável ou
incomensurável desatrelada dos próprios direitos do qual estão dispostos a ela:
Grande parte das pessoas apenas sabem dos direitos ou alguns direitos quando
lhes convêm assim mas muitos desconhecem do elo de ligação entre política e os
direitos e tendo a necessidade de ações emergenciais para cura das mazelas
estatais, a assistência social encontra-se em meio a dois pesos desiguais de:
― [...] Sobrevivência, a política teria como objetivo atingir a capacidade
própria dos sujeitos desenvolvendo ações para uma política social
emancipatória (p.65). Aponta, também, que a política social precisa ser
estratégica, concebida e praticada como projeto social global, envolvendo
Estado, governo e toda a população, em luta comum e articulada, jamais
relegada a instituições tradicionalmente fracas ou marginais, sem orçamento
mínimo ou confundida com ‗rendas mínimas‘ e outros ‗mínimos
sociais‘(IDEM, 2007)

De forma que todos os segmentos devem estar comprometidos na emancipação dos


sujeitos e não apenas na permanência do mesmo nas condições onde está com
foco no cumprimento de possíveis metas numéricas criadas por indicadores sociais
e apenas com a reflexão crítica e política qualificada desprendida do historicismo
assistencialista focando-se na maior visibilidade dessa reflexão política por conta
das famílias beneficiárias dos programas de transferência de renda, a importância do
pensamento critico dará ênfase nessa visão política de buscar a autonomia desejada
e ideal para uma vivencia com dignidade e cidadania plena bem como as reais
propostas iniciais desses programas.‖ sugerindo a política social muito além da
assistência, em particular contrária ao assistencialismo. E, apesar da necessidade da
assistência como direito para as populações que não conseguem prover a
sobrevivência‖ (IBIDEM, 2007)

Fonte: http://www.tourolouco.com.br/2008/03/frei-betto-critica-assistencialismo.html

Sendo assim, a realidade cotidiana faz com que esses usuários não consigam se
desvencilhar das questões que envolvem suas vidas e nem conseguem buscar
alternativas eficazes para a resolução de suas fraquezas sociais ao mesmo tempo
que suas vulnerabilidades sociais acabam sendo negociadas como moedas de troca
seja em caráter político como em caráter próprio. A pobreza acaba se transformando
em frutos de uma ―solidariedade ― do Estado ao compasso que essa bipolaridade
entre um Estado solidário e um Estado Neoliberal faz a pobreza ser um mal
necessário e um fator determinante para a existência de tudo que se têm desde a
política social comprometida até mesmo os jogos de interesse dos poderosos da
política não excetuando-se nenhum.

Para REZENDE e CAVALCANTI( 2006, p. 20-21) as políticas sociais do atual


cenário político:
―[...] se tornaram ainda mais focalizadas por operarem na direção oposta do
que estabeleceu a Seguridade Social e o direito à universalidade no acesso
aos padrões de vida socialmente aceitáveis. No Brasil, verificamos é o exato
contrario da perspectiva de proteção social: diariamente, e de modo cada
vez mais bárbaro, cresce a miséria que assola os trabalhadores brasileiros.‖
E conclui que essas medidas ― não reduz a pobreza, mas também não produz
déficit‖ (IDEM, p.20) o que nos leva a crer o caráter emergencial calcado na política
de atendimento visando na rápida solução das questões vigentes não se
preocupando com os meios e sim com as causas de efeito na amplitude das ações
estatais no sentido de produzir dados estatísticos de agrado do gestor, seja
municipal, estadual ou ate mesmo federal.

Fonte: http://robertoleite.assisfonseca.com.br/index.php?s=lulista

Daí que entramos com uma nova crítica sobre a transferência de renda quanto a sua
temporalidade em que o usuário recebe esse beneficio.

Para a colunista da Revista Veja Laura Diniz, em especial o Bolsa Família, campeão
absoluto nesse segmento, não há uma temporalidade do qual faça que o usuário
pare de receber tal beneficio e nem passe a depender dele para viver. Esta muito
claro que em algumas cidades brasileiras, o impacto do Bolsa Família faz acreditar
que os postos de trabalho estão vagos pela opção de não os ocupar, por ser mais
cômodo receber sem trabalhar.

No entanto, a exemplo de alguns programas que o usuário determina uma meta


pessoal e ele trabalha para que essa seja alcançada e ele então ―passe a caminhar
por si‖, faz o modelo ideal de Transferência de Renda. Entretanto, o oposto disso,
faz com que o programa se torne então assistencialista, eleitoreiro dando ênfase ao
que se coloca nesse trabalho exatamente porque não há limites de expansão para a
concessão do beneficio ( e considera-se que a fila de futuros beneficiários é longa e
os períodos de revisão dos benefícios têm muito haver mais com a eliminação de
quem não está nos padrões e tirar quem está há anos esperando na fila) é como se
qualquer um que se cadastre recebesse ainda que leve anos para tal.

Mas a mesma colunista aponta que sem o Bolsa Família seria talvez algo
catastrófico devendo-se a ele o lado positivo como será demonstrado nas
considerações finais desse trabalho.

― O Bolsa Família contribuiu para a diminuição da desigualdade de renda no


país, tirou milhões de brasileiros do poço da miséria e abriu horizontes para
um enorme contingente de crianças que, sem ele, poderiam estar fadadas a
passar a infância capinando numa roça, sem nunca ter estudado. No
entanto, a expansão ilimitada do número de cadastrados e o fato de o
benefício não ter prazo para terminar sempre foram pontos fracos do
programa e contribuíram para pespegar-lhe a pecha de assistencialista e
eleitoreiro. As últimas mudanças – nada sutis, como prova a data de 31 de
outubro – mostram que seus críticos têm razão.‖

A mesma autora também aponta que não apenas o aspecto negativo do programa
Bolsa Família, o mesmo programa tem sido útil na tentativa de resgate
à dignidade e também da importância do Bolsa Família por exemplo no combate ao
trabalho infantil mas o que se é plausível é a critica no que concerne ao numero
ilimitado de benefícios concedidos e a ausência de um período em que essas
famílias estariam contempladas ao programa. Portanto, os programas de
transferência de renda como o Bolsa Família realmente tiram da pobreza? Sim mas
parcialmente, aumenta o poder aquisitivo do pobre miserável mas o mantém onde
está como eterno carente sem dele o incentivo a não depender mais de tal beneficio.
Fonte: http://www.panoramablogmario.blogger.com.br/2006_10_01_archive.html

Para Castro(2001), a assistência social não pode se reduzir ao termo minimalista de


sanar questões emergentes apenas como formas de se erradicar esteticamente a
desigualdade social e a pobreza e tão pouco se colocar em um status de conivência
às práticas assistencialistas denominadas como filantropias estatais de modo que a
promoção social do sujeito em questão ficar em último plano. Atender as questões
sociais não quer dizer que se deve aumentar a distribuição da transferência de
renda para um lado e estrangular o mesmo trabalhador que recebe algum tipo de
benefício de transferência de renda de modo que ele receba 1 e pague 5 em nome
disso pois :
Hoje, aplica-se o termo assistência social a todas as medidas de caráter
meramente social, orientadas apenas para aliviar os males sociais, sem
nenhum esforço para a erradicação de suas causas, ou, ainda, a atitude
assistencial que, em vez de ajudar os necessitados para que eles mesmos
sejam os agentes de sua promoção preferem que eles permaneçam na
condição em que se acham para poderem perpetuar o exercício de uma vã
filantropia que nada mais significava senão justificativa do desvio de
polpudas verbas para o custeio de obras faraônicas, quando não para o
enriquecimento ilícito.

E somente diminuindo a amplitude do acesso do pobre à sonhada classe média não


me parece ser uma ótima estratégia já que essa é dotado de um modelo típico de
aparências sociais e perpetuação de um regime político no poder. É preciso mais do
que isso, é preciso diminuir a desigualdade social sem que o senso crítico e as
conquistas de lutas decenais entre classe dominante e trabalhadores não fiquem
apenas nos livros de historia e tão pouco como filosofias individuais do campo
ideológico ou seja usado para segregar classes ou igualar simbolicamente as
classes( o pobre compra carro novo mas pode não conseguir manter sua dignidade
ao esconder o mesmo quando seu beneficio de transferência de renda pode ser
cancelado e pode também não conseguir manter o veiculo pois sacrificaria algo de
muito essencial a sua vida como vestuário, alimentação, moradia e outros afins)
perpetuando a situação social de ambas as classes( ricos cada vez mais ricos e
sendo minoria e pobres ainda pobres, sendo a maioria e amordaçados inertes aos
bolsões de pobreza além de estagnados economicamente em suas condições de
vida) sem promover mudança desse quadro social.

Cabe ainda colocarmos em crivo crítico, a conivência e apatia de associar práticas


antigas sob codinome Neo-Assistencialismo apenas porque aconteceram em
períodos contemporâneos. O Neo-Assistencialismo vai muito além do que se crítica
por exemplo o Programa Comunidade Solidária e o modelo mexicano denominado
PRONASOL ou o Programa Nacional de Solidariedade introduzido no final dos anos
80 conforme cita-se em Germano(1997) que deduz :

A nosso ver, trata-se de programas neo-assistenciais e clientelísticos


porque reeditam a velha relação de tutela e encaram as políticas sociais
como favor, concedido pelo Estado, por alguma instituição beneficente ou
por algum governante de plantão e não como direito de cidadania. São
políticas residuais, no sentido assinalado por Titmuss, uma vez que,
independentemente do montante dos gastos, pelo seu conteúdo, procuram
limitar a sua prática a grupos sociais considerados pobres e marginais.

O que vemos nesse conceito de Neo-Assistencialismo posto por Germano apenas


seria uma retórica ao viés encontrado para justificar a insuficiência de produções
científicas do qual trouxesse um recorte diferente às práticas do passado com as
mesmas práticas cometidas nos dias de hoje e no em que esse autor lançou essa
produção. O Neo-Assistencialismo não é por vias legais, um resumo do que foi o
programa Comunidade Solidária e nem o PRONASOL mexicano e sim do que
resultou na ampliação de tal programa no Brasil mudando apenas a forma de gerir o
programa uma vez que as propostas e planos de ação do Comunidade Solidária não
se diferem do Programa Fome Zero, e este por sua vez deu origem ao maior de
todos os programas de transferência de renda do país, o Bolsa Família.

Sendo assim, criticar a prática do programa sem a análise de impacto do programa


na população usuária, não condiz ser conceito de paridade no Neo-Assistencialismo
e sim a repetição de cotidianos e a ocultação dos verdadeiros princípios ao qual a
questão neo-assistencial está calcada ainda que o artigo tenha sido realizado no ano
de 1997 já que o estudo desse autor reportou-se apenas em uma visão distante da
questão, no entanto, não quer dizer apenas a visão do bolo confeitado a partir da
cereja em cima dele mas do que ele é recheado, de que é composto o interior desse
bolo confeitado. A única coisa do qual concordamos é que a arte de criar dados
estatísticos que atendem aos interesse de alguns citado no artigo de Germano
acompanhou a seqüencial trajetória de forma igual e imutável, tanto na crítica ao
PRONASOL como a crítica feita aqui aos programas de transferência de renda.

O estudo aqui também atrela o Neo-Assistencialismo dando campos de abertura


para uma prática também ―erradicada‖ e com nova roupagem chamada Neo-
Coronelismo. Por final, citamos em Netto(2005, p.308) que tudo produzido neste
trabalho até aqui só ganhará consistência se o leitor, seja assistente social ou não,
entender que a crítica nada mais é um processo de construção de um saber em
cima de um outro saber de modo que colocamos em comparação o velho e o novo
olhar para uma questão em debate de forma a criar um ouroboros( o significado
desse termo se remete a imagem de uma serpente ou de um dragão que morde sua
própria cauda formando um ciclo que para a alquimia, significa a evolução em volta
de si mesmo, a evolução de uma etapa onde se começa e termina no mesmo lugar
porém com resultados diferentes ou ações diferentes) na discussão a partir dos
próprios preceitos embasados naquilo que se construiu em busca de um novo
recorte:
A critica se auto implica mesmo com o objeto com que se confronta e
recusa - adere a ele para transformá-lo e negá-lo, transformando-se e
negando-se. Assim é que o intento, aliás compromissado com uma
determinada direção do processo renovador, de decodificar, de desnudar e
de combater concepções e posições, ao cabo do seu trajeto sempre
provisório, não se defronta com destroços: recupera seus sentidos
imanentes, compreende a necessária diversidade e a compulsória
pluralidade de concepções e posições legitimadas pela riqueza da vida
social e a serem preservadas no debate democrático e, enfim, rende-se à
evidência que a realidade impõe. [...] as (auto) representações do Serviço
Social como a pluridimensionalidade dos projetos que permeiam a
sociedade brasileira, constituiu, em si mesma, a contribuição(nem sempre
consciente e voluntaria, é verdade) dos assistentes sociais para abrir o
caminho ao futuro – de sua profissão e da sociedade.

Concluindo, fechamos a discussão de forma a referenciar também em Netto(idem) a


construção desse saber posto neste: ― Conhecido o caminho[...] o novo paradoxo: O
caminho acabou, a viagem apenas começa‖.
CONSIDERAÇÕES FINAIS

Diante do panorama atual das políticas publicas voltadas para a Assistência Social e
do avanço dos Neos aqui descritos ( liberalismo e assistencialismo) cabe a questão
se de fato há saídas ou mesmo ações não para erradicar ambos mas pelo frear seu
crescimento. A resposta pode variar de acordo com a visão do cientista social ante o
cenário nacional em suas estruturas cotidianas.

Nunca é demais lembrar da reciprocidade contraditória em que se encontra hoje a


Assistência Social enquanto política publica componente da Seguridade Social. Da
mesma forma que apontamos as falhas, apontamos uma verdade dita nas
estatísticas onde o nível de pobreza absoluta cada vez mais está diminuindo de sua
amplitude e hoje podemos de certa forma acreditarmos em uma possível diminuição
na pobreza ( e nunca na sua erradicação por completa) partindo de suas estruturas
centrais( as que me refiro da classe de pessoas totalmente miseráveis ) e
visualizamos na verdade, um certo avanço ainda que isso seja as custas da
dignidade das pessoas.

Atribuir um mal para tanto como um mal necessário pode ser uma explicação óbvia
para não cairmos no mesmo erro do sensacionalismo midiático mas é plausível
também analisarmos como que o Neo-Assistencialismo pode de certa forma não
estabelecer tamanha força principalmente em tempos de efetivação dos direitos
sociais como conquistas fruto de muitas batalhas ate mesmo sangrentas escritas em
nossa História. Nascimento ( 2008 ) aponta como uma saída viável para a utilização
não só do Bolsa Família mas de todos os benefícios de transferência de renda:
― A criação de cooperativas específicas e os microcréditos, por exemplo,
poderiam ser outra porta de saída do Bolsa Família para a independência
[...]Estrategicamente, o Brasil precisa de educação e infra-estrutura para se
desenvolver, mas é, emergencialmente, necessário articular os recursos
para tirar as pessoas da miséria‖

Consequentemente, essa prática pode de fato pode quebrar tudo que se colocou
aqui em tese mas o necessário para essa pratica ter um sucesso será a reeducação
do povo no que diz os próprios programas de transferência de renda de modo que
isso não seja visto apenas como ―ganhar um dinheirinho extra do governo‖ e sim um
legitimo instrumento de resgate a dignidade humana quando em vulnerabilidade
social ameaçada ou já violada. O mau hábito do qual se focou em todo o trabalho de
associar instrumentos legais de efetivação de direitos a uma renda extra fez com
que a população se sentisse presa a um partido político grata ao favor feito e a
benesse concedida nos mesmos moldes do falido assistencialismo tradicional.

Sendo assim, somente quando a população, de fato, se enxergar como um cidadão


nato digno de respeito e não de pena com interesses eleitorais seja qual for a gestão
presente, é que poderemos ter de fato com a utopia da desigualdade social um dia
erradicada ou menos feroz se tornar uma realidade concreta. Somente quando a
população se der conta que tais benefícios do governo os submetem a uma
realidade subversiva, que os subvertem a um governo seja qual estiver no poder a
sua perpetuação mantendo-se nele, que poderemos atribuir fatores positivos e
realmente contributivos a emancipação do usuário em si e esse trabalho não mais
terá valor senão sendo apenas a um resgate histórico de um período em que se
passou a sociedade brasileira e não apenas uma premonição científica para o que
pode acontecer com base no que já está acontecendo tendo em vista a aparência de
décadas que se passaram e nada mudou senão o regime de governo e seus
governantes. Para Pereira( 2009, p.16-17) :
― Nos últimos 35 anos, sob égide do capitalismo de feição neoliberal, a
política social se transformou num campo minado de conflitos de interesses
e de praticas experimentais – para não dizer voluntaristas. Os cortes nos
gastos sociais, o desmonte dos direitos sociais, a desqualificação das
instituições do bem estar, o questionamento do caráter publico da política, o
desprezo aos pobres, dentre outros atentados contra o legado de
conquistas construído pelos movimentos democráticos.‖

Onde cabe esse trabalho concluir que o neo-assistencialismo originou não dos
cortes nos gastos sociais mas sim do desmonte dos direitos sociais, dos direitos ao
acesso cidadão e não uma distribuição indiscriminada de renda, sendo
simplesmente ―botar o dinheiro na mão do povo e toma ai e se vira!‖ desqualificando
de fato as instituições de bem estar e quem são essas instituições? São as que
justamente se contrapõem a esse tipo de prática. Simplesmente aumentar o número
de vagas de emprego no pais é algo comensurável no aspecto econômico mas não
qualificar a mão de obra necessária para preencher as vagas de emprego existentes
ainda é um desafio muito grande uma vez que os cursos de qualificação para os
usuários dos programas de transferência de renda visam muito mais a informalidade
do que propriamente a formalidade, no entanto, o usuário encontra-se desmotivado
mesmo com esses cursos sob ameaça de perder a concessão de tal ―direito‖ por
quaisquer que sejam as razões seja por excedente renda per capita ou outros
descumprimentos em virtude do aumento da renda familiar mensal.

Fonte: http://fernandafreitas.files.wordpress.com/2009/05/palhaco.jpeg
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