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Risco de

Crédito
A importância
da gestão de
carteiras de
crédito
Cecília Gaspar*

O risco de crédito constitui o risco mais


relevante no balanço da generalidade dos
bancos a operar em Portugal.

O
desafio mais significativo na gestão do risco de crédito tem sido, e
continua a ser, encontrar um equilíbrio entre a qualidade do crédito e
o crescimento da carteira, complementado com uma resposta eficiente
às exigências acrescidas e crescentes da regulamentação e supervisão. Estes são
os objetivos críticos para os bancos, tendo em vista a sua rendibilidade a longo
prazo face ao capital empregue.
Ao contrário do que se possa pensar, a redução do crédito concedido a clientes,
que o balanço dos bancos tem vindo a espelhar, não implica a diminuição
das atividades de crédito. O risco de crédito está presente ao longo do ciclo
de vida das operações, que se inicia com a concessão de crédito, seguido da
sua monitorização, fase que assume uma nova dimensão no contexto atual.
Finaliza-se, nas situações de incumprimento, com o processo de recuperação de
crédito.
A gestão de carteiras de crédito baseia-se nas metodologias modernas de
quantificação do risco, bem como na análise de risco de crédito dita tradicional,
mediante a qual se procede à avaliação do perfil de crédito dos clientes.

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Análise de Risco de Crédito de Esta análise necessita não só de -se o montante do incumprimento
Clientes Individuais informação quantitativa, de natureza (EAD) e a percentagem da expo-
A análise de risco de crédito con- objetiva, sobre a rendibilidade, a estru- sição que poderá não ser recuperada
siste na avaliação dos riscos que tura financeira, a capacidade de endi- (LGD). Considera-se assim o tipo de
podem ter impacto na capacidade vidamento e a liquidez, mas também produto, o prazo da operação e as
futura dos clientes (grandes em- de informação qualitativa e, por isso, garantias existentes (Figura 3).
presas, pequenas e médias empresas, de natureza subjetiva, sobre os sócios A perda esperada é um custo
pequenos negócios, particulares e ou acionistas, a capacidade da equipa de atividade (refletindo o prémio
instituições financeiras), para fazer de gestão, a estratégia e a posição de risco), devendo ser convenien-
face aos compromissos assumidos competitiva e o setor de atividade. temente repercutida no preço das
perante o banco. operações. A perda inesperada re-
O processo de análise de risco de porta-se a um nível de perda muito
crédito tem em consideração o perfil "[...] a redução do elevado, contudo pouco provável.
de risco do cliente e deve procurar Atendendo à sua natureza, não se
responder a duas questões funda- crédito concedido considera como recorrente, pelo que
mentais: qual a finalidade do crédito deve ser devidamente coberta por
e qual a capacidade de reembolso do a clientes, que capital próprio, sendo a base do cál-
cliente (Figura 1). culo do capital regulatório segundo
Os modelos de rating e scoring são o balanço dos as normas do Acordo de Basileia.
hoje uma peça basilar na análise e
decisão de risco dos clientes e opera-
bancos tem Gestão de Carteiras de Crédito
ções. Estes modelos complementam
a análise tradicional, mas não a
vindo a espelhar, O risco de crédito pode ser es-
tudado em termos agregados, pas-
substituem. Por exemplo, no seg- não implica a sando-se da análise de risco de cré-
mento de empresas, é no âmbito da dito individual para uma abordagem
tradicional que é efetuada a análise diminuição das de gestão de carteiras, o que vai ter
económico-financeira que avalia o em conta um outro fator de risco: a
desempenho da empresa (ou grupo atividades de concentração, medida através da
de empresas) ao longo do tempo, correlação (Figura 4).
comparando-a com outras empresas crédito." Para construir um mix diversifi-
do mercado, nomeadamente com cado de exposições de crédito que
outras empresas do mesmo setor. Quantificação do Risco de Crédito permita mitigar o risco de concen-
De acordo com as modernas me- tração, podem ser utilizadas ferra-
Figura 1 todologias de avaliação de risco pre- mentas e técnicas específicas, como
As Duas Questões Fundamentais da conizadas pelo Acordo de Basileia II a definição de limites de exposição
Análise de Risco de Crédito (as quais não foram alteradas por Ba- por cliente (ou grupo de clientes)
sileia III), para além de efetuar a aná- e a análise da estrutura da carteira
Que Finalidade
necessidades a que se lise de risco de crédito tradicional, o por setores de atividade, produtos,
vão ser destinam banco deve proceder à quantificação zonas geográficas, maturidades ou
financiadas? os fundos objetiva do risco de crédito, tendo moedas. É importante também a
em vista o apuramento dos requisitos realização de simulações de resul-
Capacidade mínimos de capital, o que implica a tados em situações de stress test –
Quais as futura para determinação da perda esperada e por exemplo: qual o impacto da re-
fontes de fazer face
reembolso? ao serviço da perda inesperada (Figura 2). dução do PIB nas imparidades e nos
da dívida Para estimar o montante da perda resultados do banco? qual o impacto
esperada (fração da exposição que de um cenário de deflação no crédito
expectavelmente não será recebida vencido e no crédito restruturado?
Figura 2 nem recuperada), é necessário de- A gestão do risco de crédito nos
Perda Esperada e Perda Inesperada
terminar os fatores de risco: PD – Pro- bancos tem como principal objetivo
bability of Default, EAD – Exposure at a maximização da rendibilidade ajus-
Perda Esperada
UL – Unexpected Loss
Default e LGD – Loss Given Default. tada ao risco, mantendo a exposição
Risco de A quantificação da probabilidade dentro de regras pré-estabelecidas e
Crédito Perda Inesperada
EL Expected Loss
de incumprimento (PD) é efetuada devidamente supervisionadas.
através do rating ou do scoring do Em caso de concentração, para
cliente. Para além disso, estimam- determinados segmentos de crédito,

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Figura 3
Cálculo da Perda Esperada
Citando...
Qual Quanto Quanto “Comece por fazer o que é
a probabilidade de o
cliente entrar em
é que o cliente
deve ao banco
é que o banco perde
em caso de
necessário, depois o que é
incumprimento? em caso de incumprimento? possível e de repente estará
a fazer o impossível.„
incumprimento?

São Francisco de Assis


Risco do Cliente Risco da Operação
EL PD EAD
“Não há nada tão mau como
LGD
Expected
Loss
= Probability of
Default
x Exposure at x Loss Given
Default Default
Modelo de Rating/ Exposição Potencial Colateral / Garantia
um líder fazer uma exigência
/Scoring Estrutura da Operação que sabe que nunca pode ser
bem sucedida.„
Figura 4 Nelson Mandela
Análise de Risco Individual Versus Gestão de Carteiras de Crédito

Risco de Crédito “A verdadeira viragem de


descoberta consiste não em
Individual Carteira
procurar novas terras, mas
Risco de Incumprimento Risco de Concentração em ter uma nova visão.„
Cliente Carteiras de Crédito Marcel Proust

Figura 5 “Sempre por via irá direita/


Gestão de Carteiras de Crédito Quem do oportuno tempo se
aproveita.„
Gestão de Carteiras de Crédito
Luís Vaz de Camões

Risco de Concentração
“A educação visa melhorar a
natureza no homem, o que
Rendibilidade ajustada ao Risco
nem sempre é aceite pelo
interessado.„
Titularização de Ativos Cobertura de Risco Venda de Ativos
Carlos Drummond de Andrade
Aquisição de Novos Ativos Manutenção até à Maturidade

“O mundo divide-se em
é possível recorrer a instrumentos como as operações de titularização e os pessoas boas e pessoas más.
derivados de crédito, procedendo-se à transferência dos riscos das carteiras As pessoas boas têm um
e do balanço (Figura 5). sono tranquilo, as pessoas
O banco deve prosseguir uma cultura e uma política de crédito de rigor más divertem-se muito
mais.„
que lhe permita mitigar o risco assumido perante os seus clientes ao longo
do ciclo de vida das operações. 
*Diretora-Adjunta do Banco BPI. Woody Allen
Docente do ISGB.
cecilia.figueiredo.gaspar@hotmail.com

Artigo de opinião cujo teor não vincula nem reflete qualquer posição oficial do Banco BPI sobre o tema.
“Há muitas coisas na vida
mais importantes que o
Bibliografia
Colquitt, J. (2007), Credit Risk Management: How to Avoid Lending Disasters and Maximize Earnings, McGraw-Hill.
dinheiro. Mas custam um
Servigny, A. and Renault, O. (2004), Measuring and Managing Credit Risk, McGraw-Hill. dinheirão!„
BIS (2011), Basel III: A Global Regulatory Framework for More Resilient Banks and Banking Systems.
BIS (2006), Basel II: International Convergence of Capital Measurement and Capital Standards. Groucho Marx

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