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Poder Judiciário

Justiça do Trabalho
Tribunal Superior do Trabalho

PROCESSO Nº TST-RR-10497-14.2015.5.01.0481

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A C Ó R D Ã O
4ª Turma
GDCMEN/NC

I - AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE


REVISTA. PETRÓLEO BRASILEIRO S.A. -
PETROBRAS. ACÓRDÃO REGIONAL PUBLICADO
NA VIGÊNCIA DA LEI 13.015/2014.
RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA. TOMADOR
DE SERVIÇOS. ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. A
Corte Regional condenou a Petróleo
Brasileiro S.A. - PETROBRAS como
responsável subsidiária sem a
demonstração cabal do nexo de
causalidade entre o dano ao empregado
terceirizado e a conduta negligente do
ente público no tocante à fiscalização
da prestadora de serviços quanto ao
cumprimento das obrigações
trabalhistas. Demonstrada
contrariedade à Súmula nº 331, V, do
TST. Agravo de instrumento de que se
conhece e a que se dá provimento, para
determinar o processamento do recurso
de revista, observando-se o disposto na
Resolução Administrativa nº 928/2003.
II – RECURSO DE REVISTA. ACÓRDÃO
REGIONAL PUBLICADO NA VIGÊNCIA DA LEI
13.015/2014. RESPONSABILIDADE
SUBSIDIÁRIA. TOMADOR DE SERVIÇOS.
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. I. Nos termos da
tese fixada pelo Supremo Tribunal
Federal, no julgamento do Recurso
Extraordinário com repercussão geral
760931/DF, “o inadimplemento dos
encargos trabalhistas dos empregados do
contratado não transfere
automaticamente ao Poder Público
contratante a responsabilidade pelo seu
pagamento, seja em caráter solidário ou
subsidiário, nos termos do art. 71, §
1º, da Lei nº 8.666/93”. II. Assim,
somente é cabível a responsabilidade
subsidiária do ente público tomador de
serviços na hipótese de caracterização
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cabal do nexo de causalidade entre o
inadimplemento das obrigações
trabalhistas e a conduta negligente dos
integrantes da Administração Pública na
fiscalização da prestadora de serviços.
III. Caso em que a responsabilidade
subsidiária foi declarada sem a
comprovação efetiva de que a conduta
culposa da Administração Pública é que
gerou o não cumprimento das obrigações
pela prestadora de serviços. IV.
Recurso de revista de que se conhece e
a que se dá provimento.

Vistos, relatados e discutidos estes autos de Recurso


de Revista n° TST-RR-10497-14.2015.5.01.0481, em que é Recorrente
PETRÓLEO BRASILEIRO S.A. - PETROBRAS e são REcorridos ANTÔNIO RAMOS DE
SOUZA e PCP ENGENHARIA E MONTAGENS INDUSTRIAIS LTDA.

A Presidente do Tribunal Regional do Trabalho da


Primeira Região denegou seguimento ao recurso de revista interposto pela
Reclamada Petróleo Brasileiro S.A. - PETROBRAS, o que ensejou a
interposição do presente agravo de instrumento.
O Reclamante apresentou contraminuta e contrarrazões
ao recurso de revista.
Os autos não foram remetidos ao Ministério Público do
Trabalho.
É o relatório.

V O T O

I - AGRAVO DE INSTRUMENTO

1. CONHECIMENTO
Atendidos os pressupostos legais de admissibilidade
do agravo de instrumento, dele conheço.

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2. MÉRITO
A decisão denegatória está assim fundamentada:
“DIREITO PROCESSUAL CIVIL E DO TRABALHO /
FORMAÇÃO, SUSPENSÃO E EXTINÇÃO DO PROCESSO / COISA
JULGADA.
RESPONSABILIDADE CIVIL DO
EMPREGADOR/EMPREGADO / INDENIZAÇÃO POR DANO
MORAL.
A Lei 13.015/2014, aplicável aos recursos interpostos das decisões
publicadas a partir de 22/09/2014 (consoante interpretação do TST
estampada no artigo 1º do Ato 491/SEGJUD.GP), inseriu o §1º-A no artigo
896 da CLT, com a seguinte redação:
„Art. 896. (...)
§ 1º-A. Sob pena de não conhecimento, é ônus da parte:
I - indicar o trecho da decisão recorrida que consubstancia
o prequestionamento da controvérsia objeto do recurso de
revista;
II - indicar, de forma explícita e fundamentada,
contrariedade a dispositivo de lei, súmula ou orientação
jurisprudencial do Tribunal Superior do Trabalho que conflite
com a decisão regional;
III - expor as razões do pedido de reforma, impugnando
todos os fundamentos jurídicos da decisão recorrida, inclusive
mediante demonstração analítica de cada dispositivo de lei, da
Constituição Federal, de súmula ou orientação jurisprudencial
cuja contrariedade aponte.‟ (g.n.)
Diante deste contexto, não podem ser admitidos recursos cujas razões
não indiquem o „trecho da decisão recorrida que consubstancia o
prequestionamento da controvérsia‟, que não apontem de forma „explícita e
fundamentada, contrariedade a dispositivo de lei, súmula ou orientação
jurisprudencial do TST‟ que conflite com a decisão regional ou que não
contenham impugnação de todos os fundamentos jurídicos da decisão
recorrida, com demonstração analítica de cada dispositivo de lei, da
Constituição Federal, de súmula ou orientação jurisprudencial cuja
contrariedade aponte.
No caso em apreço, não cuidou o recorrente de transcrever trecho do
acórdão impugnado, olvidando-se de evidenciar o prequestionamento da
matéria em destaque, tal como impõe o art. 896, §1º-A, I, da CLT.
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Em razão do exposto, não há como se admitir o apelo, no particular,
face a patente deficiência de fundamentação.

DIREITO PROCESSUAL CIVIL E DO TRABALHO /


FORMAÇÃO, SUSPENSÃO E EXTINÇÃO DO PROCESSO /
CONDIÇÕES DA AÇÃO.
Alegação(ões):
- violação do(s) artigo 5º, inciso II; artigo 37, caput; artigo 37, caput,
inciso II; artigo 37, caput, inciso XXI; artigo 173, §1º, inciso II, da
Constituição Federal.
- violação d(a,o)(s) Código de Processo Civil, artigo 485, inciso VI.
- divergência jurisprudencial: .
Não se verificam as alegadas afrontas aos dispositivos apontados,
porquanto, nos termos do julgado, ID. cba881e - Pág. 3, a legitimidade
passiva ad causam se vincula à pertinência subjetiva da ação entre aquele
que pede e em face de quem se pede (Teoria da Asserção), sendo, ainda,
juridicamente possível o pedido de responsabilidade subsidiária, ante a
inexistência de vedação ao pleito no ordenamento jurídico pátrio.
A jurisprudência transcrita para o confronto de teses revela-se
inespecífica, vez que não se enquadra nos moldes estabelecidos pela Súmula
296 do TST.

RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA/SUBSIDIÁRIA /
TOMADOR DE SERVIÇOS/TERCEIRIZAÇÃO / ENTE PÚBLICO.
RESCISÃO DO CONTRATO DE TRABALHO / VERBAS
RESCISÓRIAS / MULTA DO ARTIGO 467 DA CLT.
RESCISÃO DO CONTRATO DE TRABALHO / VERBAS
RESCISÓRIAS / MULTA DO ARTIGO 477 DA CLT.
RESPONSABILIDADE CIVIL EM OUTRAS RELAÇÕES DE
TRABALHO / INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL.
DIREITO PROCESSUAL CIVIL E DO TRABALHO /
PROCESSO E PROCEDIMENTO / PROVAS / ÔNUS DA PROVA.
Alegação(ões):
- contrariedade à(s) Súmula(s) nº 331, item V do Tribunal Superior do
Trabalho.
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- violação do(s) artigo 5º, inciso II; artigo 5º, inciso XLV; artigo 37,
inciso II; artigo 37, inciso XXI; artigo 102, §2º; artigo 173, §1º, inciso II, da
Constituição Federal.
- violação d(a,o)(s) Lei nº 8666/1993, artigo 71, §1º; Consolidação das
Leis do Trabalho, artigo 818; Código de Processo Civil, artigo 333, inciso I.
- divergência jurisprudencial: .
Investe o recorrente contra a condenação subsidiária que lhe foi
imposta, decorrente da contratação de serviços através de empresa
interposta, nos moldes da Lei nº 9.478/97 e Decreto Regulamentar nº
2.745/98, e que abrange todos os créditos trabalhistas.
O v. acórdão revela que, em relação aos temas recorridos, o
entendimento adotado pela Turma, de acordo com a prova produzida
(Súmula 126 do TST), encontra-se em consonância com a notória
jurisprudência do Tribunal Superior do Trabalho e consubstanciada, in casu,
na Súmula 331, IV e VI. Não seria razoável supor que o Regional, ao
entender dessa forma, estaria violando os dispositivos apontados. Em razão
dessa adequação (acórdão-jurisprudência iterativa do TST), o recurso não
merece processamento, sequer no tocante ao dissenso jurisprudencial, a teor
do artigo 896, alínea „c‟ e § 7º, da CLT c/c a Súmula 333 do TST.
Ressalta-se, ademais, a inexistência violação a regra concernente à
distribuição do ônus da prova.

CONCLUSÃO
NEGO seguimento ao recurso de revista” (fls. 379/381).

O agravo de instrumento merece ser provido, pelos


seguintes motivos:

2.2. ILEGIMIDADE PASSIVA AD CAUSAM


A Agravante insiste na alegação de que não é parte
legítima para figurar no polo passivo da presente demanda. Alega que
defende, “desde sua contestação, a ilegitimidade para figurar no polo
passivo da presente relação processual” e, “para tanto, ponderou ser
inaplicável a Súmula 331 do TST para regular a presente relação,

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demonstrando clara violação ao artigo 71, §1° da Lei 8.666/93” (fl. 388).
Apresenta aresto para demonstração de divergência jurisprudencial.
A Corte Regional rejeitou o pedido de ilegitimidade
passiva ad causam da Recorrente, sob o seguinte fundamento:
“Da ilegitimidade passiva ad causam
A 2ª Ré - Petrobras admite ter celebrado contrato de prestação de
serviços com a 1ª Ré - PCP Engenharia e Montagens Industriais Ltda, a
evidenciar a titularidade do tomador de serviços na relação jurídica de direito
material em que surge o conflito de interesses.
Pela teoria abstrata do direito de ação, basta a relação jurídica
declinada na exordial para autorizar a inclusão da Ré no polo passivo da
demanda, devendo ser apreciada em sede meritória a obrigação principal
com o real empregador do Demandante ou a responsabilidade subsidiária
postulada em pedido sucessivo.
Rejeito” (fl. 330).

Para viabilizar o processamento do recurso de revista,


a Agravante apresenta divergência jurisprudencial. Todavia, o único
aresto apresentado a fls. 388 é inespecífico para demonstrar conflito
de teses, pois não apresenta tese a respeito de legitimidade passiva ad
causam.
Nego provimento ao agravo de instrumento.

2.2. RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA DO TOMADOR DE


SERVIÇOS. ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
A Agravante alega que seu recurso de revista merece
processamento, porque demonstrado que a decisão da Corte Regional violou
os arts. 5º, II, da CF/88 e 71, § 1º, da Lei 8.666/93 e contrariou a Súmula
331, V, do TST. Traz arestos para demonstração de divergência
jurisprudencial. Alega que, “ao contrário ao que dispõe a decisão ora
agravada, o v. acórdão regional violou a literalidade do cânone
insculpido no artigo 5°, inciso II, da CRFB, assim como, ofendeu a norma
expressa no § 1°, do art. 71, da Lei nº 8.666/93, além de ter divergido
de entendimento sumulado e contrariado jurisprudência” (fl. 385).
Consta do acórdão regional:
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“Da responsabilidade subsidiária
O Autor, na inicial, afirma que, durante todo o pacto laborativo,
exerceu suas atividades vinculado ao contrato de prestação de serviços entre
as 1ª e 2ª Rés, nas plataformas de exploração e produção da 2ª Ré, na bacia de
Campos, pelo que postula a responsabilidade subsidiária em relação aos
créditos trabalhistas.
A 2ª Ré, na defesa - fls. 77/96, sustenta que, conforme o artigo 71, §1º
da Lei 8.666/93, „o mero inadimplemento das obrigações trabalhistas pela
prestadora de serviços não transfere à Administração Pública a
responsabilidade por tal pagamento, havendo que se perquirir se houve,
efetivamente, deliberada deficiência de fiscalização do contrato
terceirizado‟.
Garante que sempre desempenhou sua obrigação de fiscalizar o
contrato, o que também está previsto no procedimento licitatório
simplificado pela Lei 9.478/97, artigo 67 e respectivo Decreto Presidencial
nº 2.745/98.
Os contratos pactuados pela Petróleo Brasileiro S.A. - PETROBRAS,
para a aquisição de bens e de serviços - a partir de 24 de agosto de 1998 - são
regidos pela Lei nº 9.478/1997, regulamentada pelo Decreto nº 2.745, de 24
de agosto de 1998, que aprova o Regulamento do Procedimento Licitatório
Simplificado da Petrobras, previsto no artigo 67 da referida Lei, não mais
prevalecendo a licitação procedida nos moldes da Lei nº 8.666/93.
A 2ª Ré, junto com a contestação, apresenta cópia do contrato
2100.0055381.09.2, pactuado em 14/07/2008 (de fls. 138/180) comprovando
que a contratação da 1ª Ré ocorreu em consonância com o Decreto nº
2.745/98, que regulamenta a Lei nº 9.478/97, cujo artigo 67 dispõe que „os
contratos celebrados pela Petrobras, para aquisição de bens e serviços, serão
precedidos, dispensando a Petrobras do processo de procedimento licitatório
simplificado‟ licitatório amplo, previsto na Lei nº 8.666/93.
Consta do Capítulo VII, item 7.1.3, „f‟ e „h‟, do Decreto nº 2.745/1998,
que os contratos pactuados em conformidade com o modelo de licitação
simplificada:
„deverão estabelecer, com clareza e precisão, os direitos,
obrigações e responsabilidades das partes e conterão cláusulas
específicas sobre (...) f) as responsabilidades das partes; h) a
forma de inspeção ou de fiscalização pela PETROBRAS‟.
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A responsabilidade subsidiária decorre da existência do contrato de
prestação de serviços entre o tomador dos serviços e a empresa de prestação
de serviços terceirizados, sendo este o fato constitutivo do direito do Autor, a
que se refere o artigo 373, I, do Novo CPC, haja vista ser empregado da
empresa terceirizada contratada.
Como visto, as disposições da Lei 8.666/93 não são aplicáveis à
Petrobras, isso porque o art. 67 da Lei nº 9478/97, que trata sobre a política
energética nacional e atividades relativas ao monopólio do petróleo, prevê
que os contratos celebrados pela PETROBRAS para aquisição de bens e
serviços serão precedidos de procedimento licitatório simplificado definido
em decreto do Presidente da República.
Dessa forma, observa-se que os certames licitatórios e os contratos
para a aquisição de bens e serviços da 2ª Ré não estão regulados pela Lei nº
8666/93 e sim por disciplina peculiar que não adota as normas gerais sobre
licitações e contratações previstas para a Administração Pública Não sendo
aplicável a Lei 8.666/93, em especial o § 1º do art. 71, o reconhecimento da
responsabilidade subsidiária da 2ª Ré está em consonância com o
entendimento consolidado na Súmula nº 331, IV, do TST, segundo a qual o
inadimplemento do prestador de serviços implica na responsabilidade
subsidiária do tomador de serviços.
A regularidade do contrato de prestação de serviços (item III Súmula.
331/TST), portanto, não afasta a responsabilidade da 2ª Ré, na medida em
que o inadimplemento da empresa contratada basta para atrair a
responsabilidade da tomadora:
„O inadimplemento das obrigações trabalhistas, por parte
do empregador, implica a responsabilidade subsidiária do
tomador dos serviços quanto àquelas obrigações, desde que haja
participado da relação processual e conste também do título
executivo judicial‟ (item IV da Súmula. 331/TST)‟
O Supremo Tribunal Federal, inobstante não tenha concluído o
julgamento do Recurso Extraordinário 441.280, vem concedendo liminares
em favor da Recorrente, em diversos Mandados de Segurança (por exemplo,
25.986, Rel. Min. Celso de Mello; 26.783, Rel. Min. Marco Aurélio; 26.808,
Rel. Min, Ellen Gracie; 27.232, Rel. Min. Eros Grau; 27.337, Rel. Min. Eros
Grau), concluindo pela validade dos contratos firmados pela PETROBRAS
de acordo com a Lei nº 9478/97, que tiveram como base o julgamento
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preferido no MS 25.888, do Exmo. Ministro Gilmar Mendes, onde consta
que:
„Existe plausibilidade jurídica no pedido. A EC n° 9/95,
apesar de ter mantido o monopólio estatal da atividade
econômica relacionada ao petróleo e ao gás natural e outros
hidrocarbonetos fluidos, acabou com o monopólio do exercício
dessa atividade.
Em outros termos, a EC n° 9/95, ao alterar o texto
constitucional de 1988, continuou a abrigar o monopólio da
atividade do petróleo, porém, flexibilizou a sua execução,
permitindo que empresas privadas participem dessa atividade
econômica, mediante a celebração, com a União, de contratos
administrativos de concessão de exploração de bem público.
Segundo o disposto no art. 177, § 1o, da Constituição, na redação
da EC n° 9/95: '§ 1º A União poderá contratar com empresas
estatais ou privadas a realização das atividades previstas nos
incisos I a IV deste artigo, observadas as condições estabelecidas
em lei'. Dessa forma, embora submetidas ao regime de
monopólio da União, as atividades de pesquisa, lavra, refinação,
importação, exportação, transporte marítimo e transporte por
meio de conduto (incisos I a IV do art. 177), podem ser exercidas
por empresas estatais ou privadas num âmbito de livre
concorrência.
A hipótese prevista no art. 177, § 1º, da CRFB/88, que
relativizou o monopólio do petróleo, remete à lei a disciplina
dessa forma especial de contratação.
A Lei n° 9.478/97, portanto, disciplina a matéria.
Em seu artigo 67, deixa explícito que 'os contratos
celebrados pela PETROBRAS, para aquisição de bens e
serviços, serão precedidos de procedimento licitatório
simplificado, a ser definido em decreto do Presidente da
República'.
A matéria está regulamentada pelo Decreto n° 2.745, de
1998, o qual aprova o regulamento licitatório simplificado da
PETROBRAS.
A submissão legal da PETROBRAS a um regime
diferenciado de licitação parece estar justificado pelo fato de
que, com a relativização do monopólio do petróleo trazida pela
EC n° 9/95, a empresa passou a exercer a atividade econômica de
exploração do petróleo em regime de livre competição com as
empresas privadas concessionárias da atividade, as quais,
frise-se, não estão submetidas às regras rígidas de licitação e
contratação da Lei n° 8.666/93.
Lembre-se, nesse sentido, que a livre concorrência
pressupõe a igualdade de condições entre os concorrentes.
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Assim, a declaração de inconstitucionalidade, pelo
Tribunal de Contas da União, do art. 67 da Lei n° 9.478/97, e do
Decreto n° 2.745/98, obrigando a PETROBRAS,
consequentemente, a cumprir as exigências da Lei n° 8.666/93,
parece estar em confronto com normas constitucionais,
mormente as que traduzem o princípio da legalidade, as que
delimitam as competências do TCU (art. 71), assim como
aquelas que conformam o regime de exploração da atividade
econômica do petróleo (art. 177).‟
Assim, não há que se falar, no caso, na aplicação da Lei nº 8.666/93,
por força do comando contido no art. 67 da Lei nº 9478/97, regulamentada
pelo Decreto nº 2745/98, a justificar a condenação subsidiária da Recorrente,
na forma do entendimento consolidado no item IV, da Súmula nº 331, do C.
TST, pelo simples inadimplemento por parte da empresa contratada. Neste
sentido são os seguintes julgados proferidos por este Eg. TRT/RJ, verbis:
„PETROBRAS. responsabilidade subsidiária. A
PETROBRAS e suas subsidiárias, por força do artigo 67 da Lei
nº 9.478/97, que dispõe sobre a política energética nacional e as
atividades relativas ao monopólio do petróleo, não se submetem
à Lei de Licitações, mas têm regulamentação específica para um
procedimento licitatório simplificado, cujo Regulamento foi
consolidado no Decreto nº 2.745/98, estabelecendo o item 7.1.1
do Capítulo VII de seu Anexo que „Os contratos da
PETROBRAS reger-se-ão pelas normas de direito privado e pelo
princípio da autonomia da vontade, ressalvados os casos
especiais‟, o que afasta a aplicação dos ditames da Lei nº
8.666/93.‟ (Processo RO - 0000216.53.2012.5.01.0206, TRT/RJ
- 7º Turma, Relator Juiz Convocado Leonardo da Silva Pacheco,
publico no DOERJ de 18.04.2013).
„PETROBRAS DISTRIBUIDORA SA. responsabilidade
subsidiária. A PETROBRAS e suas subsidiárias não se
submetem à Lei nº 8.666/93, em razão das disposições
constantes no art. 67 da Lei nº 9.478/97, regulamentado pelo
Decreto nº 2.745/98. Desse modo, sua responsabilidade
subsidiária é reconhecida por força do entendimento consolidado
no item IV da Súmula nº 331 do TST.‟ (Processo RO - 0003492-
69.2014.5.01.0482, Relatora Juíza Convocada Monica Batista
Vieira Puglia, publicado no DEJT de 26.01.2015).
No mesmo sentido, o seguinte aresto procedente da 5ª Turma do C.
TST, verbis:
RECURSO DE REVISTA. PETROBRAS.
responsabilidade subsidiária. TOMADOR DE SERVIÇOS.
APLICAÇÃO DO DECRETO Nº 2.745/1998.
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INAPLICABILIDADE DO ART. 71 DA LEI Nº 8.666/93. A
Petrobras, sociedade de economia mista federal, tem defendido,
tanto no Tribunal de Contas da União (TCU) quanto no Supremo
Tribunal Federal (STF), que a ela não se aplicam as disposições
da Lei nº 8.666/93, que regula o regime de licitações para os
demais entes públicos. Conforme arguido pela própria Petrobras
em outras demandas judiciais, com edição da Lei nº 9.478, de 6
de agosto de 1997, que visou a regulamentar a política energética
após a flexibilização do monopólio do petróleo no Brasil, a
mencionada sociedade de economia mista passou a se submeter a
um regime de licitatório particularizado, apropriado à nova
dinâmica do setor. Eis os termos do art. 67 da Lei nº 9.478/1997,
in verbis: „Art. 67. Os contratos celebrados pela PETROBRAS,
para aquisição de bens e serviços, serão precedidos de
procedimento licitatório simplificado, a ser definido em decreto
do Presidente da República‟. Visando a regulamentar o referido
dispositivo da Lei nº 9.478/1997, foi editado o procedimento
licitatório simplificado da PETROBRAS por meio do Decreto nº
2.745, de 24 de agosto de 1998. A partir de tal marco temporal a
Petrobras realiza suas aquisições e a contratação de serviços
exclusivamente conforme os termos do Decreto Presidencial nº
2.745/1998. Contudo, o Tribunal de Contas da União externou o
entendimento de que o Decreto nº 2.745/98 estaria maculado de
inconstitucionalidade. Na visão do TCU, a Petrobras também
deveria submeter-se aos estritos termos da Lei nº 8.666/93.
Impugnando tal entendimento do Tribunal de Contas da União, a
PETROBRAS impetrou mandados de segurança perante o STF,
buscando assegurar a utilização unicamente do procedimento
licitatório simplificado a que alude o Decreto nº 2.745/1998.
A tese jurídica defendida pela Petrobras logrou êxito no
âmbito do STF. A Corte Constitucional, de forma reiterada, tem
reformado as decisões do Tribunal de Contas que declaram a
inconstitucionalidade do Decreto nº 2.745/1998.
Representa o comportamento contraditório da Petrobras
defender, perante a Justiça do Trabalho, a aplicação da Lei nº
8.666/93, de forma a se eximir da sua responsabilidade
subsidiária pelo adimplemento das verbas trabalhistas,
concomitantemente em que argui, no âmbito do Supremo
Tribunal Federal, a não aplicação da mesma lei licitatória, em
razão do art. 67 da Lei nº 9.478/1997 e do Decreto nº 2.745/1998.
Por fim, cabe registrar que no bojo do Decreto nº 2.745/1998 não
existe nenhum dispositivo que exima a Petrobras da sua
responsabilidade pelas verbas trabalhistas devidas pela empresa
fornecedora de mão de obra. Em suma, a responsabilidade
subsidiária da Petrobras pelas verbas trabalhistas devidas aos
empregados terceirizados tem como lastro o item IV da Súmula
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nº 331 do TST, sendo impertinente qualquer alusão aos arts. 97
da Constituição Federal e 71 da Lei nº 8.666/93, à Ação Direita
de Constitucionalidade nº 16, à Súmula Vinculante nº 10 do STF
ou mesmo à eventual culpa in vigilando desse ente público (item
V da Súmula nº 331 do TST). O TRT decidiu em harmonia com a
jurisprudência consolidada deste Tribunal Superior do Trabalho
representada pela Súmula nº 331, IV. Recurso de revista não
conhecido. (TST-RR-15-75.2013.5.01.0481 - 5ª Turma -
Relatora Ministra Maria Helena Mallmann - DEJT 26/06/2015).

A 2ª Ré - Petróleo Brasileiro S.A. - PETROBRAS - é condenada na


responsabilidade subsidiária, de forma que somente será executada caso a
devedora principal não satisfaça o crédito trabalhista, em consonância com a
Súmula nº 12 deste Eg. TRT/RJ.
Portanto, as condenações das Rés são absolutamente distintas, uma vez
que a 1ª Ré, como devedora principal, é condenada nas parcelas do pedido
como postulado na inicial.
E, de acordo com o inciso VI, da Súmula nº 331, do C. TST, a
responsabilidade subsidiária do tomador de serviços abrange todas as verbas
decorrentes da condenação referentes ao período da prestação laboral,
incluídas a indenização pela dispensa imotivada (multa de 40% do FGTS),
multas dos artigos 467, 477, §8º da CLT e da taxa de custeio.
O contrato de trabalho perdurou de 24.07.2012 a 13.10.2014, não
havendo comprovação nos autos relativamente a período em que o Autor não
tenha prestado serviços à 2ª Ré, pelo que não se justifica a limitação da
responsabilidade subsidiária ao período em que o Autor „tenha
exclusivamente laborado para si‟.
Nego provimento” (fls. 331/335).

Nas razões do recurso de revista foram atendidos os


requisitos do art. 896, § 1º-A, da CLT (redação da Lei nº 13.015/14).
No julgamento da ADC 16/DF, o Supremo Tribunal Federal
decidiu que o art. 71, § 1º, da Lei nº 8.666/93 é constitucional.
Porém, conforme consta do acórdão daquele julgamento,
a declaração de constitucionalidade do art. 71, § 1º, da Lei 8.666/91
não impede o reconhecimento da responsabilidade da Administração
Pública, quando constatada a omissão do tomador de serviços na
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fiscalização do cumprimento das obrigações trabalhistas pela prestadora
em relação a seus empregados. No mesmo sentido, a decisão proferida no
Agravo Regimental na Reclamação nº 12.580-SP (DJE 13/03/2013, Relator
Ministro Celso de Mello).
No recente julgamento do Recurso Extraordinário
760931/DF, com repercussão geral reconhecida (Tema 246), o Supremo
Tribunal Federal firmou a seguinte tese sobre a controvérsia em exame:

“O inadimplemento dos encargos trabalhistas dos empregados do


contratado não transfere automaticamente ao Poder Público contratante a
responsabilidade pelo seu pagamento, seja em caráter solidário ou
subsidiário, nos termos do art. 71, § 1º, da Lei nº 8.666/93”.

Nesse julgamento, nos termos da manifestação do


Ministro Roberto Barroso, a impossibilidade de transferência automática
contida na tese foi descrita da seguinte forma:

“O que nós entendemos, pelo menos foi isso que compreendi, é que
esta responsabilização não pode ser automática, muito menos genérica, como
vinha fazendo em muitas decisões o Tribunal Superior do Trabalho, que
dizia assim: se há inadimplência trabalhista, há responsabilidade. Não é
assim. Agora, eu acho que, comprovada a desídia do ente público... Quando é
que eu acho que há desídia? Quando, comunicado da existência de uma falha
em relação ao cumprimento da legislação trabalhista, nada providencia, ou se
não exercer nenhum tipo de fiscalização. Mas eu me contento com uma
fiscalização por amostragem minimamente séria. De modo que, a meu ver,
Presidente, o que nós decidimos é que não há responsabilização
automática, mas, demonstrada não de forma genérica, porém de forma
cabal e específica a culpa, aí sim, pode ser caracterizada.
[...]
Portanto, nós decidimos - e acho que há consenso nisso - que não há
responsabilidade subsidiária automática. Só haverá responsabilidade
subsidiária se comprovada a culpa da Administração. Acho que todos
estamos de acordo quanto a isso. O que eu acho que continuará a ser um
problema é se nós não dermos nenhuma pista do que nós consideramos culpa
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da Administração, porque aí nós vamos continuar sujeitos às decisões do
TST e às reclamações” (fls. 338/339 e 342 do acórdão;
destaques acrescidos).

Portanto, a atribuição da responsabilidade


subsidiária depende da comprovação cabal e específica da culpa da
Administração. E, conforme a manifestação de outros Ministros daquela
Corte, a demonstração cabal e específica diz respeito ao nexo de
causalidade entre a conduta negligente do ente público e o dano
experimentado pelo trabalhador terceirizado:

“O que pode induzir à responsabilização do Poder Público é a


comprovação de um comportamento sistematicamente negligente em relação
aos terceirizados; ou seja, a necessidade de prova do nexo de causalidade
entre a conduta comissiva ou omissiva do Poder Público e o dano sofrido
pelo trabalhador. Se não houver essa fixação expressa, clara e taxativa por
esta Corte, estaremos possibilitando, novamente, outras interpretações que
acabem por afastar o entendimento definitivo sobre a responsabilização da
Administração Pública nas terceirizações, com a possibilidade de novas
condenações do Estado por mero inadimplemento e, consequentemente, a
manutenção do desrespeito à decisão desta Corte na ADC 16.
[...]
Por isso é que a minha propositura tinha sido - e eu vou ler a título de
colaboração -, exatamente, para tentar abarcar as duas correntes e permitir
que acabe, realmente, a questão de uma responsabilidade “automática” do
poder público. A tese que eu havia enviado aos gabinetes nas semanas
anteriores: O art. 71, § 1º, da Lei 8.666/93 é constitucional, conforme
declarado no ADC 16, e somente a comprovação de um comportamento
culposo em relação aos terceirizados permite a responsabilização do poder
público, havendo a necessidade de prova do nexo de causalidade entre a
conduta comissiva ou omissiva da Administração e o dano sofrido pelo
trabalhador. Isso porque, desta forma, a conduta comissiva ou omissiva
também abarca o que o Ministro BARROSO mencionou quanto à falta de
fiscalização ou de uma providência errada. E nós colocaríamos, na tese, a
necessidade de comprovação do comportamento culposo” (fls.
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322/323 e 340/341 do acórdão – voto e manifestação do
Ministro Alexandre de Moraes).

“Por isso, devemos, como o fez o Relator, ficar na tese de que não há a
responsabilidade. Os casos excepcionais serão demonstrados e se poderá
concluir de forma diversa.
[...]
Penso que o Supremo deve proclamar a ausência de responsabilidade
como regra. A primeira parte da proposta do Relator tem o meu endosso: o
inadimplemento dos encargos trabalhistas dos empregados do contratado
não transfere ao Poder Público contratante a responsabilidade pelo
pagamento.
O SENHOR MINISTRO RICARDO LEWANDOWSKI - E se nós
incluíssemos "automaticamente"? Só essa expressão, a meu ver, resolveria.
Não transfere automaticamente.
A SENHORA MINISTRA CÁRMEN LÚCIA (PRESIDENTE) - Está
certo, da minha parte.
O SENHOR MINISTRO MARCO AURÉLIO – Até aí chego,
Presidente.
A SENHORA MINISTRA CÁRMEN LÚCIA (PRESIDENTE) - Eu
também. Acho que aí se resolve aqui e se resolve na nossa interpretação.
O SENHOR MINISTRO MARCO AURÉLIO – Claro! A porta fica
aberta para discutir-se a configuração da culpa” (fls. 343 e 344 –
manifestações dos Ministros Marco Aurélio e Ricardo
Lewandowski e Ministra Cármen Lúcia).

Desse modo, o Supremo Tribunal Federal estabeleceu


como regra a isenção de responsabilidade da Administração Pública na
hipótese de contratação de prestadores de serviços sob a forma prevista
na Lei 8.666/93, cabendo a responsabilização apenas em casos
excepcionais, quando demonstrado de forma cabal e específico o nexo de
causalidade entre o dano ao empregado terceirizado e a conduta negligente
do ente público no tocante à fiscalização da prestadora de serviços quanto
ao cumprimento das obrigações trabalhistas. Sem a demonstração desse

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nexo, não se caracteriza a culpa da Administração e, em consequência,
não há como lhe atribuir responsabilidade pelos débitos da Contratada.
Em outro ponto, o STF definiu que a fiscalização
realizada pela entidade da Administração Pública constitui obrigação de
meio, e não de resultado:

“O dever de fiscalização da Administração acerca do cumprimento de


obrigações trabalhistas pelas empresas contratadas constitui obrigação de
meio, e não de resultado, e pode ser realizado através de fiscalização por
amostragem, estruturada pelo próprio ente público, com apoio técnico de
órgão de controle externo, caso em que gozará de presunção juris tantum de
razoabilidade.
[...]
Como fica claro a partir da leitura do acórdão proferido na ADC 16, a
obrigação da Administração Pública de fiscalizar as empresas
contratadas é uma obrigação de meio e não de resultado. A
Administração está obrigada a acompanhar adequadamente a execução
do contrato pela contratada, o que inclui o adimplemento das
obrigações trabalhistas. Não se pode imputar ao Poder Público,
contudo, o ônus de impedir a ocorrência de qualquer irregularidade,
como se fosse ele próprio o empregador e executor do contrato. Essa
interpretação implicaria justamente na responsabilidade automática da
Administração por dívidas trabalhistas das contratadas, em
contrariedade ao teor expresso do art. 71, §1º, da Lei 8.666/1993,
entendimento que o próprio Supremo Tribunal Federal já rejeitou”
(fls. 182 e 191/192 – voto do Ministro Roberto Barroso;
destaques acrescidos).

Dessa forma, a fiscalização capaz de eximir a


Administração Pública de culpa é a que se verifica no acompanhamento
adequado da execução do contrato pela empresa prestadora de serviços
(fiscalização por amostragem). Contudo, eventual irregularidade
cometida pela empresa contratada, não obstante a fiscalização, não
implica responsabilização da entidade pública.

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Assim, a decisão do STF deixa claro que a eficiência
da fiscalização (ou o seu resultado) não é fator relevante para a
responsabilização da Administração Pública, que se isenta de culpa com
a fiscalização adequada, ainda que por amostragem.
Além disso, aquela Corte avançou na definição de quem
é o ônus de provar a conduta culposa da Administração Pública na
fiscalização das empresas contratadas na forma da Lei 8.666/93, e a
corrente majoritária definiu o seguinte:

“A meu ver, portanto, a consolidação da responsabilidade do Estado


por débitos trabalhistas de terceiros, alavancada pela premissa da inversão do
ônus da prova em favor do trabalhador, representa claro risco de desestímulo
à colaboração da iniciativa privada com a Administração Pública, estratégia
essencial para que o Estado brasileiro consiga se modernizar” (fl. 322 –
voto do Ministro Alexandre de Moraes).

“A conclusão aqui, pelo que entendi, foi no sentido de que o ônus da


prova é sempre do reclamante e que se exige prova robusta nessa linha.
Essa, segundo entendi, a solução emprestada pela Suprema Corte ao
tema em debate; com todo respeito, foi o que eu compreendi” (fl. 337 do
acórdão - manifestação da Ministra Rosa Weber;
destaques acrescidos).

“E uma das questões relevantes é: a quem cabe o ônus da prova? Cabe


ao reclamante provar que a Administração falhou, ou à Administração provar
que ela diligenciou na fiscalização do contrato?
[...]
Eu mesmo acompanhei o Ministro Redator para o acórdão - agora
Relator para o acórdão -, o Ministro Luiz Fux, divergindo da Ministra
Relatora original, Ministra Rosa Weber, mas entendendo que é muito difícil
ao reclamante fazer a prova de que a fiscalização do agente público não se
operou, e que essa prova é uma prova da qual cabe à Administração Pública
se desincumbir caso ela seja colocada no polo passivo da reclamação
trabalhista, porque, muitas vezes, esse dado, o reclamante não tem.

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O SENHOR MINISTRO LUIZ FUX - Mas veja o seguinte, Ministro
Toffoli, só uma breve observação.
Suponhamos que o reclamante promova uma demanda alegando isso.
Então, ele tem que provar o fato constitutivo do seu direito: deixei de
receber, porque a Administração largou o contratado para lá, e eu fiquei sem
receber. Na defesa, caberá... Porque propor a ação é inerente ao Supremo
Tribunal Federal. O fato constitutivo, é preciso comprovar na propositura da
ação. E cabe ao réu comprovar fatos impeditivos, extintivos ou modificativos
do direito do autor. Então, a Administração vai ter que chegar e dizer: "Claro,
olha aqui, eu fiscalizei e tenho esses boletins". E tudo isso vai se passar lá
embaixo, porque aqui nós não vamos mais examinar provas” (fls.
349/350 – manifestações dos Ministros Dias Toffoli e
Luiz Fux).

No presente caso, nos termos do acórdão regional


anteriormente transcrito, a Corte Regional reconheceu a responsabilidade
subsidiária sem a demonstração cabal do nexo de causalidade entre o dano
ao empregado terceirizado e a conduta negligente do ente público no
tocante à fiscalização da prestadora de serviços quanto ao cumprimento
das obrigações trabalhistas.
Segundo a tese firmada pelo STF no julgamento RE
760.931/DF, somente é cabível a responsabilidade subsidiária do ente
público tomador de serviços na hipótese de comprovação efetiva de que
a conduta culposa da Administração Pública é que gerou o não cumprimento
das obrigações pela prestadora de serviços.
Nessa medida, nos termos do voto da Ministra Cármen
Lúcia, no julgamento do RE 760.931/DF, “a alegada ausência de
comprovação, em juízo, pela União, da efetiva fiscalização do contrato
administrativo não substitui a necessidade de ‘prova taxativa no nexo
de causalidade entre a conduta da Administração e o dano sofrido pelo
trabalhador’” (fl. 314 do acórdão).
Ainda, a respeito do nexo de causalidade entre a
conduta da Administração e o dano sofrido pelo trabalhador, em decisão
proferida na Reclamação 28.272/MG, o Ministro Luiz Fux explicitou:

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“Resta imprescindível a prova categórica do nexo de causalidade entre
a conduta culposa da Administração e o dano sofrido pelo trabalhador. Sem
essa prova, subsiste a presunção de legitimidade do ato administrativo,
eximindo-se o Ente Público da responsabilidade por obrigações trabalhistas
de empregados das empresas prestadoras de serviços.
Com efeito, para Celso Antônio Bandeira de Mello, “presunção de
legitimidade é a qualidade, que reveste tais atos (administrativos), de se
presumirem verdadeiros e conformes ao Direito, até prova em contrário”
(Curso de Direito Administrativo. São Paulo: Malheiros, 31ª Edição, 2014,
p.423).
Daí decorre a presunção de que a Administração agiu em
conformidade com seu dever legal de fiscalizar o contrato – e não o contrário
–, transferindo-se, consequentemente, ao empregado o ônus de comprovar a
culpa na conduta administrativa” (Rcl 28272, Dje 04/10/2017).

Na mesma linha, no julgamento da Reclamação 26530/SP


(DJE nº 222, divulgado em 28/09/2017), o Ministro Gilmar Mendes do Supremo
Tribunal Federal se referiu ao decidido no RE 760.931 e cassou acórdão
desta Corte. São estes os fundamentos da decisão proferida na Reclamação
26530/SP:
“Não se vislumbra, na decisão objeto da reclamação, análise da
conduta dolosa ou culposa do ente público na condução do contrato, que teria
contribuído para o resultado danoso ao empregado.
Dessa forma, a referida decisão contraria o entendimento proferido por
esta Corte no julgamento da ADC 16, que julgou constitucional o art. 71, §
1º, da Lei 8.666/93, e, consequentemente, do RE-RG 760.931 paradigma da
repercussão geral. Isso porque a presunção de culpa in vigilando ou in
eligendo vai de encontro ao entendimento firmado nos citados paradigmas.
No presente caso, verifico que o juízo reclamado não empreendeu
análise da espécie fática, tratando o caso apenas em abstrato, como mais um
episódio da recorrente controvérsia gerada pelo inadimplemento de
obrigações trabalhistas pelos contratados da Administração Pública.
Nesse sentido, extrai-se o seguinte trecho:
“No caso dos autos, a Corte de origem consignou
expressamente que „In casu, restou evidente que a segunda
reclamada não observou as competências e obrigações
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decorrentes do contrato de trabalho mantido entre a reclamante
e a empresa que contratou para lhe prestar os serviços
executados pela autora. Isto porque, verifica-se que inexiste nos
autos qualquer documento que demonstre ter o Município
acompanhado o integral cumprimento das obrigações
trabalhistas pela primeira reclamada‟.
[...]
Sendo assim, restou evidente que a tomadora de serviços
não carreou aos autos evidências da efetividade das medidas
tomadas para evitar as irregularidades observadas.

Assim, entendo que o Tribunal reclamado reconheceu a


responsabilidade da Administração Pública sem caracterização de culpa,
afastando a aplicação da norma do art. 71, § 1º, da Lei 8.666/1993, cuja
constitucionalidade foi reconhecida na ADC 16, e violando a autoridade da
Súmula Vinculante 10”.

Nesse contexto, diante da contrariedade à Súmula nº


331, V, do TST, dou provimento ao agravo de instrumento, a fim de
determinar o processamento do recurso de revista, observando-se o
disposto na Resolução Administrativa nº 928/2003 do TST.

II – RECURSO DE REVISTA

1. CONHECIMENTO
O recurso de revista é tempestivo, está subscrito por
advogado regularmente habilitado e cumpre os demais pressupostos
extrínsecos de admissibilidade.

1.1. RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA DO TOMADOR DE


SERVIÇOS. ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Pelas razões já consignadas no provimento do agravo
de instrumento, conheço do recurso de revista, por contrariedade à Súmula
nº 331, V, do TST.

2. MÉRITO

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2.1. RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA DO TOMADOR DE
SERVIÇOS. ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Em razão do conhecimento do recurso de revista por
contrariedade à Súmula nº 331, V, do TST, seu provimento é medida que
se impõe, para excluir a responsabilidade subsidiária da Reclamada
Petróleo Brasileiro S.A. - PETROBRAS pelos créditos trabalhistas devidos
na presente reclamação.
Prejudicada a análise dos demais temas do recurso de
revista.

ISTO POSTO

ACORDAM os Ministros da Quarta Turma do Tribunal


Superior do Trabalho, à unanimidade, (a)conhecer do agravo de instrumento
interposto pela Reclamada Petróleo Brasileiro S.A. - PETROBRAS e, no
mérito, dar-lhe provimento, por contrariedade à Súmula nº 331, V, do TST,
para determinar o processamento do recurso de revista, observando-se o
disposto na Resolução Administrativa nº 928/2003 do TST, e (b) conhecer
do recurso de revista interposto pela Reclamada quanto ao tema
"Responsabilidade Subsidiária do Tomador de Serviços. Administração
Pública", por contrariedade à Súmula nº 331, V, do TST, e, no mérito,
(c) dar-lhe provimento, para julgar improcedente o pedido de
responsabilização subsidiária da Reclamada Petróleo Brasileiro S.A. -
PETROBRAS pelos créditos trabalhistas pleiteados pelo Reclamante.
Brasília, 24 de abril de 2018.

Firmado por assinatura digital (MP 2.200-2/2001)


UBIRAJARA CARLOS MENDES
Desembargador Convocado Relator

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