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Cadernos PDE
1. INTRODUÇÃO
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Professora de Língua Portuguesa e Literatura, Especialista em Língua Portuguesa. E-mail:
busato@seed.pr.gov.br
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Orientadora da Pesquisa. Doutoranda pelo Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Letras,
área de concentração em Linguagem e Sociedade da UNIOESTE – Campus de Cascavel. Professora
na Universidade Estadual do Oeste do Paraná – UNIOESTE, PR, Brasil.
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http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?select_action=&co_obra=1951
Em Negrinha, publicado em 1920, trinta e dois anos após a abolição da
escravatura no país, a história narra a vida difícil da pequena órfã Negrinha, já
liberta, porém escravizada moralmente e socialmente. A menina sofre sob o jugo da
patroa da mãe, sinhá de postura autoritária e comportamentos escravocratas, “[...] o
13 de Maio tirou-lhe das mãos o azorrague, mas não lhe tirou da alma a gana.
Conservava Negrinha em casa como remédio para os frenesis. Inocente derivativo:
— Ai! Como alivia a gente uma boa roda de cocres bem fincados!... [...]” (LOBATO
IN MARICONI, 200, p. 78).
A Lei Áurea (Lei Imperial n.º 3.353) sancionou e promulgou, em 13 de maio
de 1888, o fim da escravidão no Brasil. Foi precedida pela Lei n.º 2.040, Lei do
Ventre Livre, de 28 de setembro, de 1871 que libertou todas as crianças nascidas de
pais escravos. A lei do Ventre Livre, sancionada pelo visconde do Rio Branco, em
setembro de 1871, rezava que:
Art. 1º Os filhos da mulher escrava que nascerem no Império, desde a
data desta lei, serão considerados livres.
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Pesquisado em: http://histoblogsu.blogspot.com.br/2009/06/lei-do-ventre-livre-sexagenario-e-lei.html.
Acesso em: 26 de novembro de 2014.
o Exército dessa função, deixando clara sua posição contra a
escravidão (IN HISTOBLOG – HISTÓRIA GERAL, 2009)5.
A leitura crítica da Lei e de fatos históricos evidencia que a mesma não teve a
intenção de melhorar as condições de vida da população escrava do Brasil, mas sim
resolver a vida dos latifundiários. Monteiro Lobato, por meio da literatura, convida o
leitor a essa interpretação. “[...] A excelente dona Inácia era mestra na arte de judiar
de crianças. Vinha da escravidão, fora senhora de escravos — e daquelas ferozes,
amigas de ouvir cantar o bolo e estalar o bacalhau. Nunca se afizera ao regime
novo. [...]” (LOBATO In MARICONI, 200, p. 78).
Mais de um século depois do 13 de maio de 1888 o governo brasileiro publica
a Lei 10.639/03, que interage diretamente com o sistema educacional do país e tem
como objetivo:
ensinar História e Cultura Afro-brasileiras e Africanas não é mais uma
questão de vontade pessoal e de interesse particular. É uma questão
curricular de caráter obrigatório que envolve as diferentes
comunidades: escolar, familiar, e sociedade. O propósito principal
para inserção da Lei é o de divulgar e produzir conhecimentos, bem
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Pesquisado em: http://histoblogsu.blogspot.com.br/2009/06/lei-do-ventre-livre-sexagenario-e-lei.html.
Acesso em: 26 de novembro de 2014.
como atitudes, posturas e valores que eduquem cidadãos quanto à
pluralidade étnico-racial, tornando-os capazes de interagir objetivos
comuns, que garantam respeito aos direitos legais e valorização de
identidade cultural brasileira e africana, como outras que direta ou
indiretamente contribuíram (contribuem) para a formação da
identidade cultural brasileira (SANTOS, 2008).
É por meio desse processo de interação e ação com o texto que se efetiva a
compreensão e a interpretação do registro escrito e, segundo Silva (1981, p.45), “a
pessoa passa a compreender-se no mundo”.
Os pressupostos da Estética da Recepção, teoria apresentada por Jauss
(1967 IN COSTA LIMA, 2002), ressaltou a percepção da obra pelo leitor.
Fortalecidos a partir de 1960, conscientizam sobre a importante contribuição da
literatura na formação do leitor, importando-se, consideravelmente, com a recepção
que o mesmo tem da obra.
O estudo do texto literário em sala de aula promove o desenvolvimento das
habilidades linguísticas e estéticas dos alunos como alega Cândido em A Literatura
e a formação do homem (1972, p.806). Para ele a literatura “[...] não corrompe nem
edifica, portanto; mas, trazendo livremente em si o que chamamos o bem e o que
chamamos o mal, humaniza em sentido profundo, porque faz viver”.
Ao ler o indivíduo busca as suas experiências, os seus conhecimentos
prévios, a sua formação familiar, cultural e religiosa que constituem sua identidade.
De modo que a literatura é vista como arte que transforma/humaniza o homem e a
sociedade. Conforme Candido, a literatura desempenha três funções: a psicológica,
a formal e a social. Na primeira, permite ao homem a fuga da realidade, imerso num
mundo de fantasias, o que lhe possibilita momentos de reflexão, identificação e
libertação. Já na segunda, afirma que a literatura por si só faz parte da formação do
sujeito, atuando como instrumento de educação, ao retratar realidades não
reveladas pela ideologia dominante. E a terceira é a forma como a literatura retrata
os diversos segmentos da sociedade, é a representação social e humana.
Se as palavras estão no texto, o texto está num contexto e se subentende que
contexto é conjunto de particularidades que produz a mensagem, entendendo o
condicionamento histórico-sociológico do conhecimento de quem o formulou. Um
leitor que parte destes pressupostos terá condições de entender a obra de forma
mais ampla e compreender melhor a visão crítica do autor, assim como também se
compreenderá melhor, imerso neste ambiente e por analogia analisa a estrutura
cultural, social e política do país.
Bragatto Filho (1995, p.55) analisa que ao ler literatura faz-se emergir os três
níveis de diálogo do leitor com o texto o “sensorial, emocional e o racional, enfatiza
que a leitura deve ser encarada por sua faceta de seriedade e disciplina”. Cabe,
portanto, a intervenção do professor como mediador do processo de interlocução
leitor-texto, permitindo que o aluno-leitor faça muitas indagações sobre eles, mas
não somente as que estão na superficialidade dos mesmos.
Bragatto Filho (1995, p.06) observa que:
[...] mais importante do que o aprendizado dessas nomenclaturas
(espaço, tempo, enredo, personagens principais e secundarias
diversidade de temas e estilos, etc.) e de tantas outras, o nosso
entender é o contato com o conteúdo e a forma do texto, com as
possíveis intenções do autor: a discussão, em sala de aula, sobre a
cadeia de relações que é um texto, todos os significados que se
podem descobrir e atribuir a partir dessa cadeia de fios, constituída
pelo manejo estético da palavra. [...].
3. METODOLOGIA
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRAGADO FILHO, Paulo. Pela Leitura Literária na Escola de 1º Grau. São Paulo:
Ática, 1995.
MARTINS, Maria Helena. O que é leitura. 19. ed. São Paulo: Brasiliense, 2003.
PEDRO, Antônio. História da civilização ocidental: ensino médio. Vol. único. São
Paulo: FDT, 2004.