Reale, Miguel – Lições preliminares de Direito. Saraiva. Dimoulis, Dimitri. Manual de introdução ao Estudo do Direito. RT. I – Considerações iniciais: Tendo em vista a organização e a sistematização de todo conhecimento, a Ciências Jurídicas de igual modo pode ser dividida da seguinte forma: A) O direito natural e o direito positivo; B) O direito público e o direito privado, sendo que, modernamente, considera-se o nascimento de um novo ramo conhecido como direito difuso e coletivo. II – Direito natural e direito positivo: A) Direito natural – é na Grécia que os pensadores da época estudaram e propuseram com mais robusteza uma teoria acerca do Direito natural superior ao Direito positivo. O Direito natural (ius naturale) integra a doutrina do jusnaturalismo também entre os filósofos estóicos gregos e romanos, para quem a natureza mesma segue e ensina tal Direito até aos animais. Essa doutrina entende que existe um sistema de normas de conduta independente da vontade humana, sendo as leis positivas promulgadas como conclusões da lei natural. 1- São Tomás de Aquino (1225-1274): Vislumbra três graus na hierarquia das leis: a) A lei eterna, que se confunde com a própria sabedoria de Deus; b) A lei natural, que rege o universo, acessível à razão humana; c) A lei positiva, emanada do Estado. B) Direito positivo – consiste no conjunto de normas impostas e estabelecidas pelo Estado a fim de organizar uma sociedade em um dado tempo e espaço. O termo Positivo deriva do termo latino positum, que significa posto, que se impõe. Desta maneira, o Direito Positivo é aquele que está grafado em leis, decretos, decisões judiciárias, tratados internacionais etc. C) Ramos do Direito positivo: A divisão do Direito positivo é uma criação dos romanos, quando dividiram a parte das leis que regulam a relação entre indivíduos, pessoas físicas e ou pessoas jurídicas em direito privado; e a parte das leis que tratam das relações da sociedade política em si mesma e em suas interações com os indivíduos como direito público. Segundo o jurista romano Ulpiano: o Direito Público é o que regula as coisas do Estado; e o Direito privado é o que diz respeito aos interesses particulares. Hoje, existe um novo ramo do Direito a qual chamamos de Direitos Coletivos, do qual falaremos mais a frente. 1- Direito público – o Direito público divide-se em interno e externo. No interno encontra-se a União, os Estados, os municípios, as empresas públicas, as autarquias, as sociedades de economia mista. Por outro lado, no campo do Direito externo estão os governos estrangeiros, as organizações estrangeiras de qualquer natureza que tenham constituído, dirijam ou tenham investido em funções públicas. a) Direito público interno: a.1. Direito Constitucional – disciplina a organização do Estado a.2. Direito Administrativo – conjunto harmônico de princípios jurídicos que regem os órgãos, os agentes e as atividades públicas tendentes a realizar concreta, direta e imediatamente os fins desejados pelo Estado. a.3. Direito Tributário – ramo do Direito que se ocupa das relações entre o fisco e as pessoas sujeitas à imposição tributária de qualquer espécie, limitando o poder de tributar e protegendo o cidadão contra os abusos desse poder. a.4. Direito Processual – chama-se de Direito processual o complexo de normas e princípios que regem tal método de trabalho, ou seja, o exercício conjugado da jurisdição pelo Estado-juiz, da ação pelo demandante e da defesa pelo demandado. a.5. Direito Penal – conjunto de normas que ligam ao crime, como fato, a pena como conseqüência, e disciplinam também as relações jurídicas daí derivadas, para estabelecer a aplicabilidade das medidas de segurança e a tutela do Direito de Liberdade em face do poder de punir do Estado. a.6. Direito Eleitoral – consiste no conjunto de normas que disciplinam a escolha dos membros do Executivo e do legislativo. a.7. Direito Militar – regula as normas que afetam os militares. b) Direito público externo: b.1. Direito Internacional Público – consiste no conjunto de normas que regem as relações dos direitos e deveres quanto aos tratados, acordos e convenções entre as nações. 2- Direito privado – disciplina as relações entre os particulares, sejam pessoas físicas ou jurídicas. a) Direito Civil – consiste na regulamentação de “direitos e deveres de todos os indivíduos, enquanto tais, contendo normas sobre o estado e capacidade das pessoas e sobre as relações atinentes à família, às coisas, às obrigações e sucessões, bem como as atividades empresariais. b) Direito Comercial ou Empresarial – o Direito Comercial propriamente dito diz respeito apenas ao comércio marítimo, os atos do comércio são regulados pelo Direito Empresarial que hoje esta regulado no Código Civil. 3- Direitos difusos, coletivos e individuais homogêneos – Com o surgimento de novos direitos, a antiga classificação do direito em público e privado tornou-se insuficiente e obsoleto, nascendo assim uma nova classificação: 3.1 - INTERESSES OU DIREITOS DIFUSOS: entende-se por interesses ou direitos difusos como “os transindividuais, de natureza indivisível, de que sejam titulares pessoas indeterminadas e ligadas por circunstâncias de fato.” 1. Ausência de vinculo associativo; 2. Alcance de uma cadeia abstrata de pessoas; 3. Potencial e abrangente conflituosidade; 4. Ocorrência de lesões disseminadas em massa; 5. Vínculos fáticos entre os titulares dos interesses. Assim sendo, os chamados “direitos difusos” são aqueles cujos titulares não são determináveis. Isto é, os detentores do direito subjetivo que se pretende regar e proteger são indeterminados e indetermináveis. EX: fornecedor que vincula uma publicidade enganosa na Televisão; Distribuição e venda de medicamentos; a poluição do ar; questões ambientais em geral. 3.2 - INTERESSES OU DIREITOS COLETIVOS: são aqueles compreendidos como os transindividuais, de natureza indivisível de que seja titular grupo, categoria ou classe de pessoas ligadas entre si ou com a parte contrária por uma relação jurídica base. A doutrina afirma que esta categoria tem como titulares, apesar de sua extensão numérica, um conjunto delimitável e perceptível de pessoas, ou seja, “será coletivo quando titularizado pelos elementos pertencentes a um grupo perfeitamente delimitado subjetivamente, pois juridicamente unidos,” sendo exemplos clássicos a sociedade mercantil, o condomínio, o sindicato, os órgãos profissionais, entre outros grupos de indivíduos nos quais se expressam tais interesses. Tem as seguintes características: 1. Transindividualidade real ou essencial restrita; 2. Determinalidade de sujeitos; 3. Divisibilidade interna e externa; 4. Disponibilidade coletiva e indisponibilidade individual; 5. Relação jurídica-base a unir sujeitos; 6. Irrelevância da unanimidade social;
3.3 - INTERESSES OU DIREITOS INDIVIDUAIS HOMOGÊNEOS: a nota característica nos
direitos individuais homogêneos é a homogeneidade ou afinidade que se relaciona com a origem comum, bem como a divisibilidade pela possibilidade de possuírem tratamento individual ou coletivo. Podem ser tutelados tanto por ação coletiva, quanto por ação individual (proposta pelo próprio titular do direito, a quem é facultado vincular-se ou não à ação coletiva). Tem as seguintes características: 1. Transidividualidade artificial (ou legal) e instrumental (ou pragmática); 2. Determinalidade dos sujeitos; 3. Divisibilidade (os benefícios aceitam fruição individual); 4. Disponibilidade (quando a lei não determina o contrário); 5. Núcleo comum de questões de direito ou de fato a unir os sujeitos; 6. Irrelevância da unanimidade social; 7. Organização-ótima viável e recomendável; 8. Reparabilidade direta, com recomposição pessoal dos bens dos lesados. São exemplos os casos já ocorridode direito individual homogêneo: as quedas de aviões, como o da TAM (Congonhas); Gol X legacy (Mato-grosso); naufrágio do Barco “Bateau Mouche”, no Rio de Janeiro. a) Direito do Trabalho – consiste em linhas gerais, no conjunto de normas jurídicas que regem as relações de trabalho, e os direitos resultantes da condição jurídica dos trabalhadores. b) Direito Previdenciário – assim como o Direito do Trabalho, o Direito Previdenciário não encontra unanimidade entre os doutrinadores sobre qual ramo do Direito esse deve pertencer. Embora haja discordância, há entendimentos no sentido de pertencer ao ramo dos direitos difusos que surgiu como uma conquista dos direitos sociais no inicio do século XX. c) Direito Econômico – estudo da ordenação (ou regulação) jurídica especifica da organização e direção da atividade econômica pelos poderes públicos e ou pelos poderes privados. d) Direito Ambiental – em linhas gerais consistem no conjunto de regras, técnicas e instrumentos jurídicos sistematizados a fim de estruturar e assegurar um comportamento de cuidado do meio ambiente, como a proteção da fauna e da flora ou o controle da poluição sonora e visual. e) Direito do Consumidor – trata das relações de consumo e a defesa dos direitos dos consumidores.