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I – OBSERVAÇÕES SOBRE JUVENTUDE e a LUTA ANTIFASCISTA

Dentro da sociedade capitalista, diversas são as classes, frações de classes e


camadas sociais que nutrem divergências com a burguesia e o Estado burguês.
O proletariado, classes médias (urbanas e rurais), camponeses, setores do
GLTB, mulheres, negros, indígenas e a juventude são algumas delas.

A Juventude quando colocada em movimento tem cumprido ao longo da história


um papel progressista e revolucionário. A base de idade do Partido Bolchevique
quando da Revolução Russa (1917) era de 24 anos, o Partido Comunista Alemão
até ser destruído pela noite negra do nazismo (1933) era de 23 anos, foi a base
da resistência antifascista e das suas heroicas brigadas (nos anos 1920 a 1950),
dos movimentos como dos hippies, Maio de 68, de resistência à ditadura no
Brasil (e noutros países), Fórum Social Mundial, movimentos anti Davos, as
grandes greves e manifestações operárias..., na resistência ao golpe de 2016
são compostos por jovens !

A Juventude participa de inúmeras manifestações espontâneas de insatisfação


e possui questionamentos frente a instituições e valores que ajuízam e ordenam
o mundo contemporâneo. Os jovens são especialmente sensíveis a
mobilizações contra a militarização da sociedade e o desemprego, que os
atingem fortemente. A juventude é a base da luta pela reforma do ensino, pelo
passe livre, pelas mudanças de costumes, pela renovação cultural e pela
preservação ambiental, entre outras.

Apresentam, em geral, comportamentos, aparências, formas de expressão e


linguagens singulares, que qualificam seu universo e representam um modo
particular de ver o mundo, frequentemente crítico. Cumprem importante papel
em diversos processos históricos: sentem o mundo a partir de sua vivência e
instinto e apesar de não terem a mesma experiência de luta dos militantes mais
velhos, tem a vantagem de não trazerem o ceticismo e desesperança resultados
das muitas lutas inglórias.

A juventude agrupa indivíduos e movimentos em torno de temas e lutas


especificas compondo, pois, um universo policlassista.

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Trazer a juventude para o bloco histórico da transformação social exige que o
proletariado suas organizações e partido(s) (e suas organizações comunistas,
socialistas trabalhistas etc.), incorporarem esse potencial ao programa de
transformação social, assimilando e desenvolvendo suas reivindicações e
anseios.

II ORGANIZAÇÃO de JUVENUDE

A Juventude para se desenvolver como movimento precisa construir um projeto


político autônomo bem como formas organizativas e financeiras autônomas. Ter
metas e táticas mantendo solidariedade com os movimentos sociais e os partidos
e organizações políticas que almejam a transformação social.

Isso significa que os movimentos de juventude não podem estar atrelados a


qualquer partido ou organização sindical ou social, mas manter através de seu
programa uma estreita solidariedade às forças anticapitalistas e socialistas na
sociedade.

Para tanto é importante que a composição do movimento de juventude seja


ampla, mas que sua direção seja composta por uma maioria de trabalhadores e
trabalhadoras do proletariado, que suas atividades políticas, sociais e culturais
sejam amplas, mas que sejam prioritariamente realizadas junto ao proletariado.

Se o seu potencial não for estimulado e articulado à transformação social, a


burguesia, através de suas instituições e com o alargamento do Estado, acaba
por institucionalizá-las e cooptá-las para o status quo estabelecido ou até para a
reação de extrema direita, como ocorreu na noite nazista e em outros episódios
como os vividos no pós 2013 no Brasil.

II RÁPIDAS NOTAS SOBRE JUVENTUDE no BRASIL

No Brasil, houve experiências importantes na mobilização da juventude: as


agremiações ligadas ou dirigidas por organizações marxistas, como as
juventudes comunistas e, entre 1970 e 1974, a União da Juventude Patriótica,
presentes em todos os embates progressistas; as de origem cristã, como a
Juventude Operária Católica – JOC – e a Juventude Universitária Católica – JUC
–, frequentemente vinculadas a igrejas; as articuladas em polos culturais

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diversificados, especialmente em torno de estilos, ritmos e agrupamentos
musicais; as pertencentes ao movimento estudantil, com destaque para a União
Nacional dos Estudantes – UNE – e a União Brasileira dos Estudantes
Secundaristas – Ubes –, cujas lutas tiveram papel importantíssimo ao longo da
história do Brasil. As manifestações juvenis continuam existindo e impulsionando
importantes mobilizações.

Pelas pesquisas realizadas nas primeiras décadas deste milênio (IBGE), a base
social disponível à construção de uma organização de juventude é muito ampla.
Cerca de 20% da população está entre 15 e 24 anos. Em torno de 78% do mundo
do trabalho é composto por jovens, na maioria desempregados. Dos
adolescentes de 15 a 17 anos, cerca de 47% nunca procuraram ocupação, 17%
trabalham, 15% buscam o primeiro posto e 21% estão desempregados. A taxa
de pessoas de 15 a 20 anos sem trabalho é 3,2 vezes superior à registrada entre
adultos, denunciando uma situação grave, com profundas implicações sociais.

Em torno de dois em cada três jovens economicamente ativos contribuem de


algum modo para o complemento da renda familiar, parcial ou integralmente.
Ademais, 77% ganham abaixo de três mínimos. Outra estatística significativa:
65% dos trabalhadores que recebem salário mínimo são jovens, em sua maioria
mulheres. Desses, 66% cumprem jornadas superiores a oito horas diárias e 54%
têm vínculo precário na ocupação. Entre os adolescentes há também
ocorrências muito maiores de trabalho em condições degradantes, de
criminalidade e de vitimação.

O Brasil tem aproximadamente dois milhões de estudantes universitários, que


representam apenas 1% da população. Quase todos pertencem a cursos sem
estrutura mínima, sem liberdade, sem criatividade e sem estímulo técnico-
científico. O perfil desse contingente mudou nas últimas décadas: hoje, a grande
maioria está em empresas educacionais privadas. Apesar disso, as
universidades públicas são responsáveis pela promoção de 90% das pesquisas
e investigações científicas no País, assim como pela maioria das bolsas de pós-
graduação. Boa parte dos formandos enfrenta o problema do desemprego, que
se agrava em períodos recessivos.

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O número de matrículas nas Instituições de Ensino Superior saltou de 516.663,
em 1991, para 8.052.254, em 2016 sendo que 70% dos universitários trabalham
(2014) e o número de 49% de evasão escolar (2016). Todavia, a educação
particular paga, realizada em verdadeiras indústrias de ensino, cuja principal
finalidade é acumular capital, abarca 82.8% dos estudantes o que explica
também a expansão dos cursos EAD hoje próximo a 20% das ofertas dos cursos.

Outra alteração significativa é que a maioria das vagas existentes no nível


superior é ofertada em cidades do interior contra as capitais. Igualmente, 62%
está em cursos noturnos contra 38 nos diurnos. Tais números mostram que a
expansão empresarial seguiu a demanda e a lógica de um mercado específico.

Os fatores responsáveis pelo aumento substancial do ensino superior privado


são o incentivo fiscal, o subsidio direto, o financiamento pelo BNDES, o Prouni e
o processo espontâneo de reprodução metabólica do capital, que agem
concomitantemente à redução nas verbas para as universidades públicas. Cada
vaga criada por incentivo governamental em faculdade particular equivale a
quatro renunciadas em estabelecimentos federais ou estaduais. Em suma,
houve um acirrado processo de privatização (e internacionalização) do ensino,
com a liberalização de vagas em benefício do mercado, sob amparo e estímulo
de políticas estatais, mesmo durante governos social-liberais, que se
constituíram com a promessa de fortalecer a coisa pública.

Por sua vez, o número de secundaristas matriculados em 2016 chegou a 48.8


milhões, cerca da metade entre 15 e 24 anos. A grande maioria tem pouca ilusão
na promessa de realização pelo estudo e vai aos poucos abandonando as salas
de aula para dirigir-se aos postos de trabalho ou simplesmente à marginalidade.
Registre-se que suas origens e composições são largamente proletárias.
Frequentemente, as escolas ficam dentro de bairros pobres, constituindo-se em
referência para a população local: eventos esportivos, festas, campanhas de
vacinação, sessões eleitorais e assim por diante. Esses jovens estão, porém,
dispersos: grande parte de suas entidades não têm autonomia em face das
direções escolares ou delegacias de ensino.

A educação básica carece de padrão sistematizado e conectado ao nível


universitário e à produção econômica. Ademais, tem-se revelado de pouca

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serventia prática para a realidade concreta da juventude. Em nível nacional, a
precariedade do projeto pedagógico das instituições é patente: as escolas
particulares indicam a preparação para o vestibular como sua perspectiva, ao
passo que as escolas públicas, não tendo recursos do Estado para garantir essa
regalia, ficam impossibilitadas de realizarem um ensino dedicado aos conteúdos,
à preparação para o trabalho ou a qualquer outro caminho factível, servindo mais
como dique do que como promotoras do desenvolvimento humano. As políticas
governamentais excluem o debate sobre a reforma do ensino médio e
fundamental, limitando-se à gestão administrativa.

Os índices educacionais se modificaram consideravelmente nos últimos 20 anos:


cerca de 97% dos jovens de 7 a 14 anos está na escola. Todavia, há
contradições alarmantes: na faixa entre 15 e 17 anos, menos da metade está
estudando; de 18 a 24 anos, apenas 10%. Por sua vez, o índice de analfabetismo
entre crianças e adolescentes está em 3,4%. Ademais, 55% dos alunos do 4o
ano carecem de habilidades na leitura compatível com as suas idades. Na 8a
série, a deficiência no aprendizado é de 26%, subindo a 38,6% no último ano do
médio e aumentando mais ainda quando se trata de matemática. O estudo médio
dos brasileiros fica em torno de 6,4 anos, índice que mantém o País na 55a
posição entre os 118 arrolados no ranking mundial da condição educacional.

IV JUVENTUDE e CONJUNTURA

A conjuntura construída com a Assembleia Constituinte de 1988 está sendo aos


poucos rasgada pela ação combinada das forças imperialistas e pelos interesses
imediatos das burguesias associadas e internas.

A crise do capitalismo de 2008 ainda não foi plenamente superada, para sê-lo
as forças burguesas precisam abaixar o preço dos insumos (mão de obra e
matéria prima) e ampliar a tecnologia. Nesse sentido, qualquer governo que
mantenha uma agenda minimamente distributiva (como foi o caso dos governos
petistas e de outros governos populares latinos americanos) devem ser
derrotados.

Essa estratégia vem acompanhado por uma ofensiva ideológica e belicosa da


direita, o que tem levado a movimentos de desarticulação de Governos

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progressistas como Venezuela, Bolívia, Peru, Argentina, Chile, Paraguai,
Honduras, Brasil e agora Nicarágua ..

No caso brasileiro a base de apoio da direita tem se desenvolvido em setores


das juventudes de classes médias vinculados a cursos universitários (e colégios
de classe médias) privados em especial em cursos tradicionais como medicina,
engenharia administração de empresas e direito; em ambientes como
academias de ginasticas em bairros de classes privilegiadas, em raves e boates;
em empresas com forte atividade individualistas como setores de software, TI,
setores de comércio de ponta, setores públicos/privado em áreas
administrativas, em agências de segurança especialmente privadas,
professores de faculdades e escolas particulares de classe média e etc. A
pequena burguesia também colabora com parcelas de profissionais liberais e o
setores do comércio varejista, vitimado com a escalada social da pobreza e a
ampla marginalização de setores do proletariado. Colabora também nesse
combo a militância de alguns cleros ultra conservadores como os templários
católicos que chegaram a mobilizar mais de 100 mil pessoas em atos na Praça
da Sé (SP) e de grupos ligados a igrejas new pentecostais.

Algumas entidades e movimentos como Movimento Brasil Livre, Vem Prá Rua,
Escola Sem Partido...agrupam e organizam esse sentimento e suas ideologias
como: a organização de ações contra o debate de gênero, contra religiões afro-
brasileira, contra manifestações artísticas, reivindicações sindicalistas, de sem
terra, sem teto etc

O que se observa nas páginas desse movimentos e que ali se cria o ambiente
entre debates “teóricos” e as pautas de rua como a intimidação de professores
em greve, de estudantes em ocupações, de artistas em exposições e mesmo a
exaltação a violência mais descabida etc.

Por seu turno, organizações tradicionais dos movimentos populares como


sindicatos, associações de bairro, movimentos de direitos civis não tem
desenvolvido atividades de organização da juventude, por diversos motivos
como: a fragilidade e inconsistência política, perda de vinculação com as bases
sociais, peleguismo, institucionalíssimo etc. Tudo Isso inibe a organização de
grupos de jovens para atuação política ação antifascista.

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Isso fragiliza a organização dos trabalhadores em especial quando realizam
assembleia ou manifestações reivindicativas que é exatamente quando a direita
e suas tropas de assalto atacam como ocorreu no caso da última greve do
funcionalismo público de SP, nos movimentos de ocupações de secundaristas e
universitários ou no emblemático caso Marielle.

Entidades estudantis como UNE, UEEs, UBES, CAs, GL etc estão muito
atrelados a aparatos institucionalizados ao Estados Burguês e na maioria dos
casos não tem conseguido representar os anseios e debates da juventude.
Acabando por vincular-se a uma pauta burocrática e pouco ativa, sendo, portanto
incapazes nesse momento de – liderar - uma contraofensiva da juventude
brasileira progressista, democrática e dos setores de esquerda à direita
reacionária.

A ação antifascista da juventude se dá pela iniciativa de pequenos grupos de


jovens, como tem sido o caso da proteção a produção filme Marighella ou em
manifestações de passe livre em SP ou como foi na proteção dos professores
em greve agora em Março/18.

Isso é um bom início, mas pouco para enfrentar e derrotar o fascismo. O que se
percebe é que onde a juventude trabalhadora apresentou-se organizada os
fascistas recuaram !!! Se compreendemos que a derrota da direita se dará com
as classes trabalhadoras nas ruas, compreendemos que a organização da
juventude será sua banda de música.

V ORGANIZAR a LUTA ANTIFASCISTA

Mariategui chama atenção que o fascismo é uma emoção, que proporciona ao


seu ativista um sentimento de poder e de soluções fáceis a problemas
complexos. É uma reação violenta aos avanços das reivindicações dos de baixo,
que visa voltar ao passado, que visa recuperar o status quo perdido, os
privilégios ameaçados tendo como pauta a violência e a violação de toda
legitimidade.

Igualmente Mariategui nos fala que para se enfrentar a reação exige-se uma
emoção maior, uma organização maior e mais resoluta. A diferença nas
emoções é que esse movimento não mira o passado, não sonha com privilégio,

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não pratica a exclusão. Este movimento mira e afirma racionalmente o futuro
democrático e socialista.

John Kennedy Ferreira é Sociólogo, doutor em História Econômica e professor


da UFMA

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