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UFCG - 2017.2
Sumário
2.6 Substituições . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
1
4 Equações Diferenciais Lineares de Segunda Ordem 35
2
Capı́tulo 1
3
Classificação pelo Tipo
Se uma equação contém somente derivadas ordinárias de uma ou mais variáveis de-
pendentes, com relação a uma única variável independente, ela é chamada de equação
diferencial ordinária (EDO).
Exemplos 1.
dy
a) − 5y = 1
dt
b) (y − x)dx + 4xdy = 0
du dv
c) − =x
dx dx
d2 y dy
d) 2
− 2 + 6y = 0
dx dx
são equações diferenciais ordinárias. Uma equação que envolve as derivadas parciais de
uma ou mais variáveis dependentes de duas ou mais variáveis independentes é chamada
de equação diferencial parcial (EDP).
Exemplos 2.
∂u ∂v
a) =−
∂y ∂x
∂u ∂u
b) x +y =u
∂x ∂y
∂ 2u ∂ 2u ∂u
c) 2
= 2
−2
∂x ∂t ∂t
4
Classificação pela Ordem
A ordem da derivada de maior ordem em uma equação diferencial é, por definição, a
ordem da equação. Por exemplo,
3
d2 y
dy
+5 − 4y = ex
dx2 dx
é uma equação diferencial ordinária de segunda ordem (ou de ordem dois). Como a
equação diferencial (y − x)dx + 4xdy = 0 pode ser escrita na forma
dy
4x +y =x
dx
trata-se, então, de uma equação diferencial ordinária de primeira ordem. A equação
∂ 4u ∂ 2u
a2 + 2 =0
∂x4 ∂t
é uma equação diferencial parcial de quarta ordem.
Embora as equações diferenciais parciais sejam muito importantes, seu estudo de-
manda um bom conhecimento da teoria de equações diferenciais ordinárias.
Uma equação diferencial é chamada de linear quando pode ser escrita na forma
dn y dn−1 y dy
an (x) n
+ a n−1 (x) n−1
+ · · · + a1 (x) + a0 (x)y = g(x).
dx dx dx
Observe que as equações diferenciais lineares são caracterizadas por duas propriedades:
(i) A variável dependente y e todas as suas derivadas são do primeiro grau, ou seja, a
potência de cada termo envolvendo y é 1.
5
(ii) Cada coeficiente depende apenas da variável independente x.
b) y 00 − 2y 0 + y = 0
d3 y 2
2d y dy
c) x3 − x + 3x + 5y = ex
dx3 dx2 dx
são EDO’s lineares de primeira, segunda e terceira ordens, respectivamente. Por outro
lado,
d3 y
yy 00 − 2y 0 = x ou + y2 = 0
dx3
são EDO’s não-lineares de segunda e terceira ordens, respectivamente.
Soluções
Como mencionamos antes, nosso objetivo é resolver ou encontrar soluções para EDO’s.
F (x, y, y 0 , · · · , y (n) ) = 0
é uma função f que possui pelo menos n derivadas e satisfaz a equação, ou seja,
para todo x ∈ I.
6
Exemplo 2. Verifique que y = xex é uma solução para a equação linear
Nem toda equação diferencial que escrevemos possui necessariamente uma solução.
Por exemplo: 2
dy
+1=0 e (y 0 )2 + y 2 + 4 = 0
dx
não possuem soluções. Por outro lado, a equação de segunda ordem (y 00 )2 + 10y 4 = 0
possui somente uma solução real.
Uma solução para a EDO (1.2) que pode ser escrita na forma y = f (x) é chamada de
solução explı́cita. Dizemos que uma relação G(x, y) = 0 é uma solução implı́cita de
uma EDO em um intervalo I, se ela define uma ou mais soluções explı́citas em I.
Número de soluções
É muito importante se acostumar com o fato de que uma dada EDO geralmente possui
um número infinito de soluções.
Exemplo 5.
7
a) As funções y = c1 cos(4x) e y = c2 sen(4x), em que c1 e c2 são constantes arbitrárias,
são soluções para a EDO y 00 + 16y = 0.
Mais terminologia
Uma solução para uma EDO que não depende de parâmetros arbitrários é chamada
de solução particular. Uma maneira de obter uma solução particular é escolher valores
especı́ficos para o(s) parâmetro(s) na famı́lia de soluções. Por exemplo, é fácil ver que
y = cex é uma famı́lia a um parâmetro de soluções para a equação de primeira ordem
muito simples y 0 = y. Para c = 0, −2 e 5, obtemos as soluções particulares y = 0,
y = −2ex e y = 5ex , respectivamente.
8
Às vezes, uma equação diferencial possui uma solução que não pode ser obtida espe-
cificando os parâmetros em uma famı́lia de soluções. Tal solução é chamada de solução
singular.
9
Capı́tulo 2
dy
= f (x, y) (2.1)
dx
dy
Resolva: = f (x, y) Sujeito a: y(x0 ) = y0 (2.2)
dx
10
para y 0 = y no intervalo (−∞, ∞). Se especificarmos, digamos, y(0) = 3, então y = 3ex
é uma solução do (PVI).
Em outras palavras, a equação diferencial dy/dx = f (x, y) possui uma solução cujo
gráfico passa pelo ponto (x0 , y0 )? E será que essa solução, se existir, é única?
dy
= xy 1/2
dx
possui pelo menos duas soluções cujos gráficos passam por (0, 0). As funções
∂f x
f (x, y) = xy 1/2 e = 1/2
∂y 2y
são contı́nuas no semiplano superior definido por y > 0. Daı́, pelo Teorema 1, dado
um ponto (x0 , y0 ) com y0 > 0, existe algum intervalo em torno de x0 no qual a equação
diferencial dada possui uma única solução y(t), tal que y(x0 ) = y0 .
11
Exemplo 11. O Teorema 1 garante que existe um intervalo contendo x = 0 no qual
y = 3ex é a única solução para o problema de valor inicial do Exemplo 8:
y 0 = y, y(0) = 3.
∂f
Isso segue do fato que f (x, y) = y e = 1 são contı́nuas em todo o plano xy.
∂y
Exemplo 12. Para
dy
= x2 + y 2
dx
∂f
observamos que f (x, y) = x2 + y 2 e = 2y são contı́nuas em todo o plano xy. Logo,
∂y
por qualquer ponto (x0 , y0 ) passa uma e somente uma solução para a equação diferencial.
dy
= g(x) (2.3)
dx
dy
Exemplos 4. a) = 1 + e2x
dx
dy
b) = sen x
dx
Definição 3 (Equação Separável). Uma equação diferencial da forma
dy g(x)
=
dx h(y)
12
Observe que, uma equação separável pode ser escrita como
dy
h(y) = g(x). (2.4)
dx
logo, Z Z
0
h(f (x))f (x)dx = g(x)dx + c. (2.5)
Método de solução
dy x
=− , y(4) = 3.
dx y
dy
= y 2 − 4, y(0) = −2.
dx
13
2.3 Métodos de Resolução: Equações Homogêneas
para algum número real n, então dizemos que f é uma função homogênea de grau n.
Exemplos 5.
a) f (x, y) = x2 − 3xy + 5y 2
p
3
b) f (x, y) = x2 + y 2
c) f (x, y) = x3 + y 3 + 1
x
d) f (x, y) = +4
2y
Definição 5 (Equação Homogênea). Uma equação diferencial da forma
para algum n ∈ R.
Método de Solução
Uma equação diferencial homogênea M (x, y)dx+N (x, y)dy = 0 pode ser resolvida por
meio de uma substituição algébrica. Especificamente, a substituição y = ux ou x = vy, em
14
que u e v são as novas variáveis independentes, transformará a equação em uma equação
diferencial de primeira ordem separável. Para ver isso, seja y = ux; então, sua diferencial
dy = udx + xdu. Substituindo em (2.8), temos
Desta forma,
xn M (1, u)dx + xn N (1, u)[udx + xdu] = 0
ou
[M (1, u) + uN (1, u)]dx + xN (1, u)du = 0,
assim,
dx N (1, u)du
+ = 0.
x M (1, u) + uN (1, u)
A fórmula acima não deve ser memorizada. O melhor é repetir o processo sempre que
for necessário. A prova que a substituição x = vy em (2.8) também leva a uma equação
separável é deixada como exercı́cio.
Exemplos 6. Resolva:
b) (x + y)dx + xdy = 0
Uma equação diferencial homogênea pode sempre ser expressa na forma alternativa
dy y
=F .
dx x
dy
Para ver isso, suponha que escrevamos a equação M (x, y)dx + N (x, y)dy = 0 como =
dx
f (x, y), em que
M (x, y)
f (x, y) = − .
N (x, y)
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A função f (x, y) deve ser necessariamente homogênea de grau zero quando M e N são
homogêneas de grau n. Desta forma,
xn M 1, xy M 1, xy
f (x, y) = − n =− .
x N 1, xy N 1, xy
y
A última razão é uma função da forma F . Deixamos como exercı́cio a demonstração
x
dy x
de que uma equação diferencial homogênea pode também ser escrita como =G .
dx y
Exemplo 18. Resolva o problema de valor inicial
dy
x = y + xey/x , y(1) = 1.
dx
2x + y 2 + 2xyy 0 = 0. (2.9)
A equação acima não é separável e nem homogênea, de modo que não podemos aplicar
aqui os métodos já estudados para esses tipos de equações. Entretanto, note que que a
função ψ(x, y) = x2 + xy 2 tem a propriedade
∂ψ ∂ψ
2x + y 2 = , 2xy = . (2.10)
∂x ∂y
Portanto, a equação diferencial pode ser escrita como
∂ψ ∂ψ dy
+ = 0. (2.11)
∂x ∂y dx
Supondo que y é uma função de x e usando a regra da cadeia, podemos escrever a expressão
à esquerda do sinal de igualdade (2.11) como dψ(x, y)/dx. Então, a equação (2.11) fica
na forma
∂ψ d 2
(x, y) = (x + xy 2 ) = 0. (2.12)
∂x dx
Integrando a equação (2.12), obtemos
ψ(x, y) = x2 + xy 2 = c, (2.13)
16
onde c é uma constante arbitrária.
dy
M (x, y) + N (x, y) = 0. (2.14)
dx
∂ψ ∂ψ
(x, y) = M (x, y) e (x, y) = N (x, y), (2.15)
∂x ∂y
d
ψ[x, f (x)] = 0. (2.16)
dx
Nesse caso, a equação (2.14) é dita uma equação diferencial exata. Soluções da equação
(2.14), ou da equação equivalente (2.16), são dadas implicitamente por
ψ(x, y) = c. (2.17)
∂M ∂N
(x, y) = (x, y), (2.18)
∂y ∂x
∂ψ ∂ψ
(x, y) = M (x, y) e (x, y) = N (x, y).
∂x ∂y
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Método de Solução
em que a função arbitrária g(y) é a constante de integração. Agora, derivando (2.20) com
∂f
relação a y e supondo = N (x, y):
∂y
Z
∂f ∂
= M (x, y)dx + g 0 (y) = N (x, y).
∂y ∂y
Assim, Z
0 ∂
g (y) = N (x, y) − M (x, y)dx. (2.21)
∂y
Finalmente, integre (2.21) com relação a y e substitua o resultado em (2.20). A solução
para a equação é f (x, y) = c.
Exemplos 7. Resolva:
18
Fator de Integração
Algumas vezes, é possı́vel converter uma equação diferencial não exata em uma equação
exata multiplicando-a por uma função µ(x, y) chamada fator de integração. Porém, a
equação exata resultante
µM (x, y)dx + µN (x, y)dy = 0
pode não ser equivalente à original no sentido de que a solução para uma é também a
solução para a outra. A multiplicação pode ocasionar perdas ou ganhos de soluções.
1
Exemplo 20. Resolva (x + y)dx + x ln xdy = 0, usando µ(x, y) = em (0, ∞).
x
Dividindo pelo coeficiente a1 (x), obtemos uma forma mais útil de uma equação linear:
dy
+ P (x)y = f (x). (2.22)
dx
Procuramos uma solução para (2.22) em um intervalo I no qual as funções P (x) e f (x)
são contı́nuas. A seguir, estaremos supondo que (2.22) possui solução.
Fator de Integração
19
Equações lineares possuem a propriedade através da qual podemos sempre encontrar uma
função µ(x) em que
µ(x)dy + µ(x)[P (x)y − f (x)]dx = 0 (2.24)
assim,
R
P (x)dx
µ(x) = e . (2.27)
a função µ(x) definida em (2.27) é um fator de integração para a equação linear. Note
que não precisamos usar uma constante de integração em (2.26), pois (2.24) não se altera
ao multiplicarmos por uma constante. Ainda, µ(x) 6= 0 para todo x ∈ I, e é contı́nua e
diferenciável.
É interessante observar que a equação (2.24) é ainda uma equação diferencial exata
mesmo quando f (x) = 0. Em verdade, f (x) não desempenha papel algum na deter-
minação de µ(x), pois vemos de (2.25) que (∂/∂y)µ(x)f (x) = 0. Logo, ambas
R R
P (x)dx P (x)dx
e dy + e [P (x)y − f (x)]dx
e
R R
P (x)dx P (x)dx
e dy + e P (x)ydx
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e verificamos que podemos escrevê-la como
h R i R
d e P (x)dx y = e P (x)dx f (x)dx.
ou Z
R R R
−
y=e P (x)dx
e P (x)dx
f (x)dx + ce− P (x)dx
. (2.28)
Em outras palavras, se (2.22) tiver uma solução, ela deverá ser da forma (2.28). Recipro-
camente, é imediato que (2.28) constitui uma famı́lia a um parâmetro de soluções para a
equação (2.22)
Resumo do Método
(i) Para resolver uma equação linear de primeira ordem, primeiro coloque-a na forma
(2.22).
P (x)dx dy
R R R
P (x)dx P (x)dx
e + P (x)e y=e f (x).
dx
d R P (x)dx R
[e y] = e P (x)dx f (x).
dx
21
dy 4
a) x − y = x6 e x
dx x
dy
b) − 3y = 0
dx
dy
c) (4 + x2 ) + 2xy = 4x
dx
d) y 0 − 4y = 4 − x
e) 2y 0 + y = 3x2
dy
+ P (x)y = f (x), y(x0 ) = y0 . (2.29)
dx
dy
a) + 2xy = x, y(0) = −3
dx
dy
b) x + y = 2x, y(1) = 0
dx
c) xy 0 + 2y = 4x2 , y(1) = 2
d) 2y 0 + xy = 2, y(0) = 1
22
2.6 Substituições
Equação de Bernoulli
A equação diferencial
dy
+ P (x)y = f (x)y n , (2.30)
dx
em que n é um número real qualquer, é chamada de equação de Bernoulli. Para n = 0
ou n = 1, a equação (2.30) é linear em y. Agora, se y 6= 0, (2.30) pode ser escrita como
dy
y −n + P (x)y 1−n = f (x). (2.31)
dx
dw dy
= (1 − n)y −n .
dx dx
dw
+ (1 − n)P (x)w = (1 − n)f (x). (2.32)
dx
Resolvendo (2.32) e depois fazendo y 1−n = w, obtemos uma solução para (2.30).
dy 1
a) + y = xy 2
dx x
b) x2 y 0 + 2xy − y 3 = 0
dy
c) = y(xy 3 − 1)
dx
Uma equação pode parecer diferente de todas as que vimos e estudamos até o momento,
porém fazendo uma mudança apropriada de variável, talvez possamos resolvê-lo com as
ferramentas que temos disponı́veis.
23
a) y(1 + 2xy)dx + x(1 − 2xy)dy = 0, com u = 2xy;
dy
b) 2xy + 2y 2 = 3x − 6, com u = y 2 ;
dx
x3 y/x
c) xy 0 − y = e , com u = y/x;
y
d) y 00 = 2x(y 0 )2 , com u = y 0
24
Capı́tulo 3
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Curvas Ortogonais
Em Geometria Analı́tica, duas retas r1 e r2 não paralelas aos eixos coordenados são per-
pendiculares se, e somente se, seus respectivos coeficientes angulares satisfazem a relação
m1 m2 = −1. Por essa razão, os gráficos de y = (−1/2)x + 1 e y = 2x + 4 são perpen-
diculares. Duas curvas C1 e C2 são ortogonais em um ponto se, e somente se, suas retas
tangentes T1 e T2 forem perpendiculares no ponto de intersecção. Exceto no caso em que
T1 e T2 são paralelas aos eixos coordenados, isso significa que os coeficientes angulares das
tangentes são negativos inversos um do outro.
Em outras palavras, uma trajetória ortogonal é uma curva que intercepta toda a curva
de uma famı́lia em ângulos reto.
Exemplos 12.
26
Método Geral
Crescimento e Decrescimento
Exemplo 27. Em uma cultura, há inicialmente N0 bactérias. Uma hora depois, t = 1,
o número de bactérias passa a ser (3/2)N0 . Se a taxa de crescimento é proporcional
ao número de bactérias presentes, determine o tempo necessário para que o número de
bactérias triplique.
27
Exemplo 28. Sabe-se que a população de uma certa comunidade cresce a uma taxa pro-
porcional ao número de pessoas presentes em qualquer instante. Se a população duplicou
em 5 anos, quando ela triplicará? Quando quadruplicará?
Exemplo 29. Suponha que a população da comunidade do Problema 1 seja 10.000 após
3 anos. Qual era a população inicial? Qual será a população em 10 anos?
Exemplo 30. A população de bactérias em uma cultura cresce a uma taxa proporcional
ao número de bactérias presentes em qualquer tempo. Após 3 horas, observa-se que há 400
bactérias presentes. Após 10 horas, existem 2000 bactérias presentes. qual era o número
inicial de bactérias?
Meia-vida
Exemplo 31. Um reator converte urânio 238 em isótopo de plutônio 239. Após 15 anos,
foi detectado que 0,043% da quantidade inicial A0 de plutônio se desintegrou. Encon-
tre a meia-vida desse isótopo, se a taxa de desintegração é proporcional à quantidade
remanescente.
Exemplo 32. O isótopo radioativo de chumbo, Pb-209, decresce a uma taxa proporcional
à quantidade presente em qualquer tempo. Sua meia-vida é 3,3 horas. Se 1 grama de
chumbo está presente inicialmente, quanto tempo levará para 90% de chumbo desaparecer.
28
Exemplo 33. Inicialmente, havia 100 miligramas de uma substância radioativa presente.
Após 6 horas, a massa diminuiu 3%. Se a taxa de decrescimento é proporcional à quan-
tidade de substância presente em qualquer tempo, encontre a quantidade remanescence
após 24 horas. Determine a meia-vida desta substância radioativa.
dT
= k(T − Tm ), (3.2)
dt
Exemplo 34. Quando um bolo é retirado do forno, sua temperatura é de 300◦ F . Três
minutos depois, sua temperatura passa para 200◦ F . Quanto tempo levará para sua tem-
peratuda chegar a 70◦ F , se a temperatura do meio ambiente em que ele foi colocado for
exatamente 70◦ F ?
Exemplo 36. A fórmula (3.2) também é válida quando o corpo absorve calor do meio
ambiente. Se uma pequena barra de metal, cuja temperatura inicial é de 20◦ C, é colocada
em um vasilhame de água em ebulição, quanto tempo levará para a temperatura da barra
atingir 90◦ C se é fato conhecido que sua temperatura aumenta 2◦ C em 1 segundo? Quanto
tempo levará para a temperatura da barra chegar a 98◦ C?
29
Circuitos em Série
di
L + iR = E(t), (3.3)
dt
Exemplo 38. Uma força eletromatriz (fem) de 30 volts é aplicada a um circuito em série
L-R no qual a indutância é de 0,5 henry e a resistência, 50 ohms. Encontre a corrente
i(t) se i(0) = 0. Determine a corrente quando t → ∞.
Exemplo 39. Uma força eletromotiva de 100 volts é aplicada a um circuito R-C em série
no qual a resistência é de 200 ohms e a capacitância, 10−4 farad. Encontre a carga q(t)
no capacitor se q(0) = 0. Encontre a corrente i(t).
30
Problemas de Misturas
Na mistura de dois fluidos, muitas vezes temos de lidar com equações diferenciais
lineares de primeira ordem.
Exemplo 40. Inicialmente, 50 gramas de sal são dissolvidos em um tanque contendo 300
litros de água. Uma solução salina é bombeada para dentro do tanque a uma taxa de 3
litros por minuto, e a solução bem misturada é então drenada na mesma taxa. Veja a
figura abaixo: Se a concentração da solução que entra é 2 gramas por litro, determine a
quantidade de sal no tanque em qualquer instante. Quantos gramas de sal estão presentes
após 50 minutos? E depois de um longo tempo?
Exemplo 41. Um tanque contém 200 litros de fluido no qual são dissolvidos 30 g de
sal. Uma solução salina contendo 1 g de sal por litro é então bombeada para dentro do
tanque a uma taxa de 4 litros por minuto; a mistura é drenada à mesma taxa. Encontre
a quantidade de gramas de sal A(t) no tanque em qualquer instante.
Exemplo 42. Um tanque está parcialmente cheio com 100 litros de fluido nos quais 10
g de sal são dissolvidos. Uma solução salina contendo 0,5 g de sal por litro é bombeada
para dentro do tanque a uma taxa de 6 litros por minuto. A mistura é então drenada a
uma taxa de 4 litros por minuto. Descubra quantos gramas de sal haverá no tanque após
30 minutos.
31
onde k é a taxa de crescimento ou declı́nio. No entanto, numa situação mais realista,
a taxa de crescimento ou declı́nio depende, de fato, da população, deve-se substituir a
constante k em (3.6) por uma função h(y) e obtemos, então, a equação modificada
dy
= h(y)y. (3.7)
dt
Agora, queremos escolher h(y) tal que h(y) ≈ k > 0 quando y é pequeno, h(y) diminui
quando y aumenta e h(y) < 0 quando y é suficientemente grande. A função mais simples
que tem essa propriedade é h(y) = k − ay, em que a também é uma constante positiva.
Análise Qualitativa
Iniciemos procurando soluções de (3.9) do tipo mais simples possı́vel, ou seja, funções
dy
constantes. Para tal solução, = 0 para todo t, de modo que qualquer solução constante
dt
de (3.9) tem de satisfazer a equação algébrica
y
k 1− y = 0.
R
Logo, as soluções constantes são φ1 (t) = 0 e φ2 (t) = R. São chamadas soluções de
equilı́brio de (3.9), já que não há variação ou mudança no valor de y quando t aumenta.
Para visualizar outras soluções de (3.9) e esboçar seus gráficos rapidamente, podemos
começar desenhando o gráfico de f (y) em função de y. No caso da equação (3.9), f (y) =
y
k 1− y, logo o gráfico é a parábola:
R
32
dy
Note que, > 0 para 0 < y < R, portanto, y é uma função crescente de t quando y
dt
dy
está nesse intervalo. Analogamente, se y > R, então < 0, logo y é decrescente.
dt
Nesse contexto, o eixo dos y é chamado de reta de fase e está reproduzida em sua
orientação vertical ususal.
Para esboçar os gráficos das soluções de (3.9) no plano, começamos com as soluções
de equilı́brio y = 0 e y = R, depois desenhamos outras curvas que são crescentes quando
0 < y < R, decrescentes quando y > R e cujas tangentes se aproximam da horizontal
quando y se aproximam da horizontal quando y se aproxima de 0 ou de R. Logo, os
gráficos das soluções da equação (3.9) devem ter a forma geral ilustrada abaixo:
Sendo um pouco mais detalhista, utilizando a regra da cadeia, temos que as soluções
são convexas quando 0 < y < R/2 ou y > R, e côncavas quando R/2 < y < R. Desta
maneira, temos que toda vez que o gráfico de y em função de t cruza a reta y = R/2
existe aı́ um ponto de inflexão.
Finalmente, note que R é a cota superior que é aproximada, mas nunca excedida,
por populações crescente começando abaixo deste valor. Assim, torna-se natural nos
referirmos a R como o nı́vel de saturação ou a capacidade de sustentação ambiental para
a espécie em questão.
Em muitas situações, basta obter a informação qualitativa ilustrada em (*) sobre uma
solução y = φ(t) de (3.9). Essa informação foi inteiramente obtida a partit do gráfico de
f (y) como função de y, sem resolver a equação diferencial (3.9). Entretanto, se quisermos
ter uma descrição mais detalhada do crescimento logı́stico, por exemplo, se quisermos
saber o número de elementos na população em um instante particular, então precisamos
resolver a equação (3.9) sujeita à condição inicial y(0) = y0 . Se y 6= 0 e y 6= R, podemos
33
escrever (3.9) na forma
dy
= kdt.
(1 − y/R) y
Usando uma expressão em frações parciais na expressão à esquerda do sinal de igualdade,
obtemos
1 1/R
+ dy = kdt.
y 1 − y/R
Integrando, temos
y
ln |y| + ln 1 − = kt + c. (3.10)
R
Sabemos que, se 0 < y0 < R, então y permanece nesse intervalo para todo o tempo.
Portanto, nesse caso, podemos remover as barras de módulo em (3.10) e, calculando a
exponencial de todos os termos em (3.10), obtemos
y
= cekt . (3.11)
1 − y/R
y0
c= .
1 − yR0
Desta forma,
y0 R
y= . (3.12)
y0 + (R − y0 )e−kt
Analogamente, se y0 > R. Note que, (3.12) contém as soluções de equilı́brio y = φ1 (t) = 0
e y = φ2 (t) = R que correspondem às condições iniciais y0 = 0 e y0 = R, respectivamente.
Exemplo 43. O modelo logı́stico tem sido aplicado ao crescimento natural da população
de linguado gigante em determinadas áreas do Oceano Pacı́fico. Seja y, medido em qui-
logramas, a massa total, ou biomassa, da população de linguado gigante no instante t.
Estima-se que os parâmetros na equação logı́stica tenham os valores k = 0, 71 por ano
e R = 80, 5 × 106 kg. Se a biomassa inicial é y0 = 0, 25R, encontre a biomassa 2 anos
depois. Encontre também, o instante τ para o qual y(τ ) = 0, 75R.
34
Capı́tulo 4
d2 y
dy
= f x, y, , (4.1)
dx2 dx
em que f é alguma função dada. A equação (4.1) é dita linear se a função f tem a forma
dy dy
f x, y, = g(x) − p(x) − q(x)y, (4.2)
dx dx
dy
ou seja, se f é linear em y e em . Sendo assim, podemos reescrever a equação (4.1),
dx
em geral, como
y 00 + p(x)y 0 + q(x)y = g(x). (4.3)
35
Porém, se P (x) 6= 0, podemos dividir a equação (4.4) por P (x), obtendo assim a equação
(4.3), com
Q(x) R(x) G(x)
p(x) = , q(x) = e g(x) = . (4.5)
P (x) P (x) P (x)
Em nosso estudo, estaremos restringindo as funções p, q e g onde elas são contı́nuas.
Se a equação (4.1) não puder ser escrita da forma (4.3) ou (4.4), então ela é dita
não-linear.
em que y0 e y00 são números dados que descrevem os valores de y e y 0 no ponto inicial x0 .
Uma equação linear de segunda ordem é dita homogênea se a função g(x) na equação
(4.3), ou G(x) na equação (4.4), for igual a zero para todo x. Caso contrário, a equação é
dita não-homogênea. Em consequência, a função g(x), ou G(x), é chamada de termo não
homogêneo. Vamos começar nossa discussão com equações homogêneas, que escrevemos
na forma
P (x)y 00 + Q(x)y 0 + R(x)y = 0 (4.7)
Vamos concentrar nossa atenção, neste curso, a equações nas quais as funções P , Q e
R são constantes. Ou seja, nos casos
ay 00 + by 0 + cy = 0 (4.8)
36
e encontre, também, a solução que satisfaz as condições iniciais
Explorando as ideias do exemplo acima, podemos resolver a equação (4.8) para quais-
quer valores de seus coeficientes e satisfazer, também, qualquer conjunto de condições
iniciais dado para y e y 0 . Começamos procurando soluções exponenciais da forma y = ert ,
em que r é um parâmetro a ser determinado. Segue que y 0 = rert e y 00 = r2 ert . Substi-
tuindo tais expressões na equação (4.8), obtemos
(ar2 + br + c)ert = 0,
Supondo que as raı́zes da equação caracterı́stica são reais e distintas, vamos denotá-las
por r1 e r2 em que r1 6= r2 . Então y1 (x) = er1 x e y2 (x) = er2 x são duas soluções da equação
(4.8). Como no exemplo anterior, segue que
37
ser satisfeitas pela escolha adequada das constantes na equação (4.12) torna plausı́vel a
ideia de que essa expressão inclui, de fato, todas as soluções da equação (4.8).
y 00 + 5y 0 + 6y = 0.
y 00 + 5y 0 + 6y = 0, y(0) = 2, y 0 (0) = 3.
38
em que x0 ∈ I e y0 , y00 ∈ R.
Gostarı́amos de saber se o problema com condição inicial acima, sempre tem solução
e se pode ter mais de uma solução. Gostarı́amos, também, de saber se é possı́vel dizer
alguma coisa sobre a forma e a estrutura das soluções que possa ajudar a encontrar
soluções de problemas particulares. As respostas a essas perguntas estão contidas nos
resultados que se seguem.
Observação 2. O problema de valor inicial tem uma solução, ou seja, existe uma solução.
Observação 3. O problema de valor inicial tem apenas uma solução, ou seja, a solução
é única.
Exemplo 48. Encontre o maior intervalo no qual a solução do problema de valor inicial
39
Teorema 4 (Princı́pio da Superposição). Se y1 e y2 são soluções da equação diferencial
(4.14),
L[y] = y 00 + p(x)y 0 + q(x)y = 0,
O Teorema 4 diz que, começando com apenas duas soluções da equação (4.14), pode-
mos construir uma famı́lia infinita de soluções através das combinações lineares c1 y1 +c2 y2 .
A próxima pergunta é se todas as soluções da equação (4.14) estão incluı́das nas com-
binações lineares ou se podem existir soluções com formas diferentes. Começamos a
estudar essa questão examinando se as constantes c1 e c2 na combinação linear podem ser
escolhidas de modo que a solução satisfaça as condições iniciais (4.15). Essas condições
iniciais obrigam c1 e c2 a satisfazerem as equações
c y (x ) + c y (x ) = y
1 1 0 2 2 0 0
(4.17)
c y 0 (x ) + c y 0 (x ) = y 0
1 1 0 2 2 0 0
Se W 6= 0, o sistema (4.17) têm uma única solução (c1 , c2 ), não importa quais sejam os
valores de y0 , y00 ∈ R. Esta solução é dada por
y0 y2 (x0 ) y1 (x0 ) y0
0 0 0 0
y0 y2 (x0 ) y1 (x0 ) y0
c1 = e c2 = . (4.19)
y1 (x0 ) y2 (x0 ) y1 (x0 ) y2 (x0 )
0
y1 (x0 ) y20 (x0 )
0
y1 (x0 ) y20 (x0 )
40
para denotar a expressão mais à direita na equação (4.18) enfatizando o fato de que o
Wronskiano depende das funções y1 e y2 e que é calculado no ponto x0 . Assim, temos o
resultado:
W = y1 y20 − y10 y2
não se anula em x0 .
Exemplo 50. Sabemos que y1 (x) = e−2x e y2 (x) = e−3x são soluções da equação diferen-
cial y 00 + 5y 0 + 6y = 0. Encontre o Wronskiano de y1 e y2 .
41
O teorema acima nos garante que a combinação linear c1 y1 + c2 y2 contém todas as
soluções da equação (4.14) se, e somente se, o Wronskiano de y1 e y2 não é identicamente
nulo. É, portanto, natural chamar a expressão
y = c1 y2 (x) + c2 y2 (x)
para todo x ∈ I.
Teorema 7 (Critério para Independência Linear de Funções). Suponha que f1 (x), · · · , fn (x)
sejam diferenciáveis pelo menos n − 1 vezes. Se o determinante
f1 f2 ··· fn
f10 0
··· 0
f2 fn
.. .. .. ..
. . . .
(n−1) (n−1)
· · · fn(n−1)
f1 f2
42
for diferente de zero em pelo menos um ponto do intervalo I, então as funções f1 (x), · · · , fn (x)
são linearmente independentes no intervalo.
Observando estes fatos da Álgebra Linear, podemos concluir que o Conjunto Funda-
mental de Soluções é, na verdade, um Espaço Vetorial formado pelas soluções da Equação
Diferencial (4.14). E mais, tal espaço tem dimensão 2, desde que dadas duas soluções
conhecidas y1 e y2 tenhamos o W (y1 , y2 ) não nulo em algum x0 . O conjunto {y1 , y2 } é a
base pra tal Espaço Vetorial de Soluções.
Exemplo 51. Suponha que y1 (x) = er1 x e y2 (x) = er2 x são duas soluções de uma
equação diferencial da forma (4.14). Mostre que elas formam um conjunto fundamen-
tal de soluções, se r1 6= r2 .
Exemplo 52. Mostre que y1 (x) = x1/2 e y2 (x) = x−1 formam um conjunto fundamental
de soluções da equação diferencial
cujos coeficientes p e q são contı́nuos em algum intervalo aberto I. Escolha algum ponto
x0 em I. Seja y1 uma solução da equação diferencial, satisfazendo as condições iniciais
y(x0 ) = 1 e y 0 (x0 ) = 0
y(x0 ) = 0 e y 0 (x0 ) = 1.
43
Exemplo 53. Encontre o conjunto fundamental de soluções especificado pelo teorema
acima para a equação diferencial y 00 − y = 0, usando o ponto inicial x0 = 0.
em que p e q são funções reais contı́nuas. Se y = u(x) + iv(x) é uma solução complexa
da equação diferencial (4.14), então suas partes real e imaginária, u e v, também, são
soluções desta equação.
em que c é uma certa constante que só depende de y1 e y2 , mas não de x. Além disso,
W (y1 , y2 )(x) ou é nulo para todo x ∈ I (se c = 0) ou nunca se anula em I (se c 6= 0).
44
Exemplo 54. Verifique o Teorema de Abel: Verificamos que y1 (x) = x1/2 e y2 (x) =
x−1 são soluções da equação
ay 00 + by 0 + cy = 0, (4.20)
em que a, b, c ∈ R. Sabemos que procuramos soluções da forma y = erx , então r tem que
ser raiz da equação caracterı́stica
ax2 + bx + c = 0. (4.21)
Mostramos que, se as raı́zes r1 e r2 forem reais e distintas, o que ocorre sempre que o
discriminante for positivo, então a solução geral da equação (4.20) será
Supondo, agora, que o discriminante seja negativo. Então, as raı́zes da equação (4.21)
são números complexos conjugados, denotemo-los por
r1 = λ + iµ e r2 = λ − iµ, (4.23)
e(λ+iµ)x = eλx eiµx = eλx (cos(µx) + i sen(µx)) = eλx cos(µx) + ieλx sen(µx) (4.25)
45
Exemplo 55. Encontre a solução geral da equação diferencial
y 00 + y 0 + 9, 25y = 0.
y(0) = 2 e y 0 (0) = 8.
As funções y1 (x) e y2 (x), dadas pelas equações (4.24) e com o significado expresso
acima, são soluções da equação (4.20) quando as raı́zes da equação caracterı́stica (4.21)
são números complexos. Infelizmente, as soluções y1 e y2 são funções que assumem valores
complexos, no entanto, em geral, preferimos ter soluções reais, já que a própria equação
diferencial só tem coeficientes reais. No entanto, usando o Teorema 9, é possı́vel obter
um conjunto fundamental de soluções reais escolhendo a parte real e a parte imaginária
de y1 (x) e de y2 (x). Assim, obtemos as soluções
em que c1 , c2 ∈ R.
46
4.4 Raı́zes Repetidas; Redução de Ordem
ay 00 + by 0 + cy = 0, (4.29)
ar2 + br + c = 0, (4.30)
O procedimento usado no exemplo acima pode ser estendido a uma equação geral cuja
equação caracterı́stica tenha raı́zes repetidas. Ou seja, supomos que os coeficientes da
equação caracterı́stica satisfazem b2 − 4ac = 0, neste caso
b
y 0 (x) = v 0 (x)e−bx/2a − v(x)e−bx/2a (4.35)
2a
47
e
b b2
y 00 (x) = v 00 (x)e−bx/2a − v 0 (x)e−bx/2a + 2 v(x)e−bx/2a . (4.36)
a 4a
Então, substituindo na equação (4.29), obtemos
b2
b 0 b
00
a v (x) − v (x) + 2 v(x) + b v (x) − v(x) + cv(x) e−bx/2a = 0.
0
(4.37)
a 4a 2a
b2 b2
00 0
av (x) + (−b + b)v (x) + − + c v(x) = 0. (4.38)
4a 2a
Sendo assim, como a parcela envolvendo v 0 (x) é, claramente, nula e a parcela envolvendo
v(x) é, em virtude do discriminante ser zero, nula, temos
v 00 (x) = 0, (4.39)
logo,
v(x) = c1 + c2 x. (4.40)
Portanto,
y(x) = c1 e−bx/2a + c2 xe−bx/2a . (4.41)
Como W (y1 , y2 )(x) nunca se anula, as soluções y1 e y2 dadas pela equação (4.42) formam
um conjunto fundamental de soluções. Além disso, a equação (4.41) é a solução geral da
equação (4.29) quando as raı́zes da equação caracterı́stica são iguais.
1
y 00 − y 0 + 0, 25y = 0, y(0) = 2, y 0 (0) = . (4.44)
3
48
Redução de Ordem
Vale a pena observar que o procedimento usando nesta seção para equações com co-
eficientes constantes é aplicável mais geralmente. Suponha que conhecemos uma solução
y1 (x), não identicamente nula, de
Então,
y 0 = v 0 (x)y1 (x) + v(x)y10 (x) (4.47)
e
y 00 = v 00 (x)y1 (x) + 2v 0 (x)y10 (x) + v(x)y100 (x). (4.48)
Por meio do método das variáveis separáveis é possı́vel obter v 0 e, consequentemente, por
integração obtemos v. Esse proceedimento é chamado de Redução de Ordem.
Exemplo 61. Sabendo-se que y1 (x) = x3 é uma solução para x2 y 00 − 6y = 0, use redução
de ordem para encontrar uma segunda solução no intervalo (0, ∞).
49
4.5 Equações Não-Homogêneas; Método dos Coefici-
entes indeterminados
Teorema 11. Se Y1 e Y2 são duas soluções da equação não-homogênea (4.51), então sua
diferença Y1 − Y2 é uma solução da equação homogênea associada (4.52). Se, além disso,
y1 e y2 formarem um conjunto fundamental de soluções para a equação (4.52), então
Teorema 12. A solução geral da equação não-homogênea (4.51) pode ser escrita na forma
O teorema acima, afirma que para resolver a equação não-homogênea (4.51), precisa-
mos fazer três coisas:
50
1. Encontrar a solução geral c1 y1 +c2 y2 da equação homogênea associada. Esta solução
é chamada, muitas vezes, de solução complementar, e pode ser denotada por yc (x).
Discutiremos dois métodos para obtenção de uma solução particular: Método dos
Coeficientes Indeterminados e o Método da Variação de Parâmetros.
O método dos coeficientes indeterminados (ou a determinar) requer uma hipótese ini-
cial sobre a forma da solução particular Y (x), mas com os coeficientes não especificados.
Substituı́mos, então a expressão hipotética na equação (4.51) e tentamos determinar os co-
eficientes de modo que a equação seja satisfeita. Se tivermos sucesso, teremos encontrado
uma solução da equação diferencial (4.51) e podemos usá-la como a solução particular
Y (x). Se não pudermos determinar os coeficientes, isso significa que não existe solução
da forma que supusemos. Nesse caso, temos que modificar a hipótese inicial e tentar
novamente.
51
Exemplo 62. Encontre uma solução particular da equação
y 00 − 3y 0 − 4y = 3e2x .
y 00 − 3y 0 − 4y = 2 sen x.
O método utilizado nos exemplos acima pode ser usado quando a expressão à direita
do sinal de igualdade é um polinômio. Assim, para encontrar uma solução particular de
y 00 − 3y 0 − 4y = 4x2 − 1, (4.55)
supomos, inicialmente, que Y (x) é um polinômio de mesmo grau que o termo não-
homogêneo, ou seja, Y (x) = Ax2 + Bx + C.
Resumindo: se o termo não-homogêneo g(x) na equação (4.51) for uma função expo-
nencial eαx , suponha que Y (x) é proporcional a essa mesma função exponencial; se g(x)
for igual a sen(βx) ou cos(βx), suponha que Y é uma combinação linear de sen(βx) e
cos(βx); se g(x) for um polinômio, suponha que Y (x) é um polinômio de mesmo grau. O
mesmo princı́pio se estende ao caso em que g(x) é um produto de quaisquer dois ou três
desses tipos de funções, como mostra o próximo exemplo.
y 00 − 3y 0 − 4y = −8ex cos(2x).
Suponha, agora, que g(x) é uma soma de dois termos, g(x) = g1 (x) + g2 (x), e suponha
que Y1 (x) e Y2 (x) são soluções das equações
ay 00 + by 0 + cy = g1 (x) e ay 00 + by 0 + cy = g2 (x),
ay 00 + by 0 + cy = g(x).
52
Exemplo 65. Encontre uma solução particular de
O procedimento realizado acima nos permite resolver uma classe grande de problemas
de um modo razoavelmente eficiente. No entanto, existe uma dificuldade que ocorre às
vezes. O próximo exemplo mostra como isso acontece.
y 00 − 3y 0 − 4y = 2e−x .
ay 00 + by 0 + cy = g(x),
3. Se g(x) = g1 (x)+· · ·+gn (x), ou seja, se g(x) é uma soma de n parcelas, então forme n
subproblemas, cada um dos quais contendo apenas uma das parcelas g1 (x), · · · , gn (x).
O i−ésimo subproblema consiste na equação
ay 00 + by 0 + cy = gi (x),
em que i varia de 1 a n.
53
4. Para o i−ésimo subproblema, suponha uma solução particular Yi (x) consistindo
na função apropriada, seja ela exponencial, seno, cosseno, polinomial ou uma com-
binação dessas. Se existir qualquer duplicidade na forma suposta de Yi (x) com as
soluções da equação homogênea, então multiplique Yi (x) por x ou (se necessário)
por x2 , de modo a remover a duplicidade.
5. Encontre uma solução particular Yi (x) para cada um dos subproblemas. Então a
soma Y1 (x) + · · · + Yn (x) será uma solução particular da equação não-homogênea.
a) y 00 + 4y 0 − 2y = 2x2 − 3x + 6
b) y 00 − y 0 + y = 2 sen(3x)
c) y 00 − 2y 0 − 3y = 4x − 5 + 6xe2x
y 00 + 4y = 3 csc x. (4.56)
54
No exemplo acima, o método de variação de parâmetros funcionou bem para deter-
minar uma solução particular e, portanto, uma solução geral para a equação diferencial
(4.56). A próxima pergunta é se esse método pode ser aplicado efetivamente a uma
equação arbitrária. Para tal, consideremos
onde p, q e g são funções contı́nuas dadas. Como ponto de partida, vamos supor que
conhecemos a solução geral
yc (x) = c1 y1 (x) + c2 y2 (x) (4.58)
Lembre que, até o momento, só mostramos como resolver tal equação nos casos de coefi-
cientes constantes.
Podemos então, tentar determinar u1 (x) e u2 (x) de modo que a expressão na equação
(4.60) seja solução da equação não-homogênea (4.57), ao invés da equação homogênea
(4.59). Diferenciando a equação (4.60), obtemos
y 0 = u01 (x)y1 (x) + u1 (x)y10 (x) + u02 (x)y2 (x) + u2 (x)y20 (x). (4.61)
Como no exemplo visto, vamos igualar a zero a soma das parcelas envolvendo u01 (x) e
u02 (x) na equação (4.61), ou seja, vamos exigir que
55
Derivando novamente, obtemos
y 00 = u01 (x)y10 (x) + u1 (x)y100 (x) + u02 (x)y20 (x) + u2 (x)y200 (x). (4.64)
u1 (x)[y100 (x)+p(x)y10 (x)+q(x)y1 (x)]+u2 (x)[y200 (x)+p(x)y20 (x)+q(x)y2 (x)]+u01 (x)y10 (x)+u02 (x)y20 (x) = g(x).
(4.65)
Cada uma das expressões acima entre colchetes é nula, pois ambas as funções y1 e y2 são
soluções da equação homogênea. Portanto, a equação acima, se reduz a
As equações (4.62) e (4.66) formam um sistema de duas equações lineares algébricas para
as derivadas u01 (x) e u02 (x) das funções desconhecidas.
56
em que x0 é qualquer ponto escolhido convenientemente em I. A solução geral é
Exemplos 14. Encontre a solução geral das equações abaixo, utilizando o método da
variação de parâmetros e o método dos coeficientes indeterminados.
a) y 00 − 5y 0 + 6y = 2ex
b) y 00 + 2y 0 + y = 3e−x
a) y 00 + y = tg x, x ∈ (0, π/2)
Equação de Euler
Note que, supondo que a equação de Euler tem uma solução da forma
y = xr , (4.72)
obtemos
L[xr ] = xr [r(r − 1) + αr + β] = 0. (4.73)
57
Como x > 0, temos que r é raiz da equação de segundo grau
Assim como no caso de equações diferenciais lineares de segunda ordem com coeficientes
constantes, é necessário considerar separadamente os casos nos quais as raı́zes são reais
e diferentes, reais e iguais, ou complexas conjugadas. De fato, o estudo sobre equações
de Euler é semelhante ao estudo que fizemos de equações diferenciais lineares de segunda
ordem com coeficientes constantes, com erx substituı́do por xr .
Se F (r) = 0 tem raı́zes r1 e r2 com r1 6= r2 , então y1 (x) = xr1 e y2 (x) = xr2 são
soluções da equação de Euler. Como
W (xr1 , xr2 ) 6= 0
y = c1 x r 1 + c2 x r 2 , x > 0. (4.75)
Raı́zes Iguais
Se F (r) = 0 tem duas raı́zes iguais r = r1 = r2 , obtemos apenas uma solução y1 (x) =
xr . Usando o método de redução de ordem, temos que a segunda solução é dada por
y2 (x) = xr ln x. Como
W (xr , xr ln x) 6= 0
58
Exemplo 71. Resolva a equação diferencial
x2 y 00 + 5xy 0 + 4y = 0, x > 0.
Raı́zes Complexas
x2 y 00 + xy 0 + y = 0, x > 0.
59
Capı́tulo 5
60