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DE RISCOS AMBIENTAIS
autora
MARJOLLY PRISCILLA BAIS SHINZATO
1ª edição
SESES
rio de janeiro 2016
Conselho editorial solange moura; roberto paes; gladis linhares; karen bortoloti;
marcelo elias dos santos
Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida
por quaisquer meios (eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em
qualquer sistema ou banco de dados sem permissão escrita da Editora. Copyright seses, 2016.
isbn: 978-85-5548-179-6
Prefácio 5
Bons estudos!
5
1
Meio Ambiente e
Riscos Ambientais
Caro(a) aluno(a), neste capítulo abordaremos conceitos e definições essenciais
para estudos sobre riscos ambientais, fazendo uma ligação entre as histórias
dos grandes acidentes ambientais e a criação do gerenciamento de riscos am-
bientais no Brasil e no mundo. Aproveitando este embasamento histórico, dis-
cutiremos como o gerenciamento de riscos ambientais contribui com os prin-
cípios do desenvolvimento sustentável.
OBJETIVOS
Espera-se que após a leitura e prática das atividades propostas neste capítulo, o aluno possa:
• Definir e contextualizar meio ambiente, poluição, passivo ambiental e desenvolvimen-
to sustentável;
• Estabelecer uma linha histórica dos principais acidentes que resultaram no surgimento do
gerenciamento de riscos ambientais;
• Introduzir conceitos de acidente, segurança, perigo, risco e gerenciamento;
• Expor tipos de análise e de gerenciamento de riscos ambientais;
• Contextualizar o gerenciamento de riscos e o desenvolvimento sustentável.
8• capítulo 1
1.1 Homem, meio ambiente e poluição
O meio ambiente muitas vezes é tratado apenas como a natureza, mas esta
abordagem restringe bastante o real significado do termo. Dependendo do
contexto, meio ambiente pode ter significados diversos, como pode ser verifi-
cado na tabela 1.1. Contudo, para definição nesta disciplina, meio ambiente ou
ambiente será tudo o que cerca o ser vivo, que o influencia e que é indispen-
sável à sua sustentação, incluindo o meio sociocultural e sua relação com os
modelos de desenvolvimento adotados pelo homem.
CONTEXTO DEFINIÇÃO
capítulo 1 •9
Condições sociais ou psicológicas que afetam as fun-
EMPRESA ções dos integrantes da empresa.
Figura 1.1 – Paisagens natural e urbana que cercam os seres vivos, ambas são considera-
das meio ambiente ou ambiente por definição.
10 • capítulo 1
(matéria prima extraída da natureza) ou produz e descarta rejeitos (sólidos, lí-
quidos, gasosos) para o meio. Por exemplo, o simples fato do homem se ali-
mentar para sobreviver já acarreta grandes impactos, por exemplo, as altera-
ções ocasionadas pela agricultura, pela pecuária, pela indústria de alimentos e,
outro exemplo mais peculiar, os rejeitos do próprio organismo humano (urina
e fezes) também podem causar consideráveis impactos à qualidade ambiental.
Na figura 1.2 é retratado um exemplo de uma comunidade sem sistema de cole-
ta de esgoto, o qual é lançado à céu aberto em canais de drenagem, tornando-se
fonte potencialmente poluidora de águas superficiais, de águas subterrâneas e
do solo. Adicionalmente, essa maneira de despejo do esgoto doméstico cria am-
bientes propícios para disseminação de doenças e para proliferação de vetores.
Figura 1.2 – Exemplo de uma destinação inadequada de esgoto doméstico, contendo rejei-
tos do próprio organismo humano que degradam o meio ambiente, com grandes possibilida-
des de danos à saúde pública.
capítulo 1 • 11
PERGUNTA
Quais são os impactos que suas atividades cotidianas causam ao meio ambiente? Explique
como cada uma dessas ações impactam o meio ambiente. Faça um levantamento de pelo
menos 5 impactos ambientais negativos.
Após esta breve discussão sobre como nossa simples existência é capaz de
causar tantos impactos ambientais, é indispensável que toda população mun-
dial reflita e se conscientize que suas atividades estão diretamente ligadas a
degradação da qualidade do meio ambiente, principalmente se realizadas in-
discriminadamente sem preocupação ambiental.
Além de estar ciente sobre os impactos que o homem está causando no
meio ambiente, é interessante saber que as alterações na qualidade da água, do
solo e do ar por ações, produtos ou resíduos das atividades humanas tem acom-
panhado a espécie humana desde o início das civilizações. Na tabela 1.2 são
12 • capítulo 1
citados alguns momentos importantes da história, levantados por Lora (2002),
responsáveis também por episódios de poluição ambiental.
Tabela 1.2 – Primeiras atividades humanas reconhecidas por causar impactos ambientais.
capítulo 1 • 13
A busca pelo progresso da sociedade nunca teve como objetivo poluir o
meio ambiente. Por outro lado, ao longo da evolução do ser humano, a ideia
de desenvolvimento se confundiu com uma progressiva dominação e transfor-
mação da natureza. E antes da conscientização ambiental ser despertada na
população, o desenvolvimento tecnológico e industrial somado à ausência de
programas eficazes de gestão ambiental resultaram em diversos eventos de po-
luição ambiental e contaminação ambiental espalhados pelo mundo.
CONCEITO
Poluição ambiental pode ser definida de maneira simplificada como a alteração das ca-
racterísticas naturais (físicas, químicas e biológicas) do ambiente (solo, ar, água) que afeta
negativamente a saúde, a sobrevivência e as atividades de organismos vivos.
Contaminação ambiental pode ser definida de maneira simplificada como a presença
de seres patogênicos ou de substâncias em concentração nociva para o ser humano.
14 • capítulo 1
Figura 1.3 – Ilustração da poluição atmosférica, exemplo mais comum para a população
sobre questões de poluição ambiental.
capítulo 1 • 15
e a vida de milhares de pessoas, além dos problemas ambientais locais como
inversão térmica, SMOG, chuva ácida, poluição indoor, e dos problemas am-
bientais globais como as mudanças climáticas associada a intensificação do
efeito estufa e a destruição da camada de ozônio estratosférico. O impacto do
ser humano no meio ambiente se tornou mais reconhecido e debatido pela so-
ciedade de uma forma geral.
CONCEITO
Inversão térmica é um fenômeno meteorológico natural que acontece quando uma camada
de ar quente se sobrepõe à uma camada menos quente e impede seriamente a mistura dos
gases da atmosfera por movimentos de convecção das camadas de ar, fazendo com que
poluentes sejam acumulados na camada de ar aprisionada junto à superfície terrestre.
SMOG é a combinação das palavras smoke (fumaça) e fog (nevoeiro) que consiste em
um fenômeno atmosférico que diminui a visibilidade do ambiente em função do alto nível de
emissão de poluentes.
Chuva ácida é um fenômeno de devolução da poluição sobre a superfície terrestre. Para
formação das chuvas é necessário vapor d’água e núcleos de condensação (NDC). Quando
os NDC são constituídos de poluentes que reagem com a água formando ácidos, tornam o
pH da chuva mais baixo, precipitando uma chuva ácida.
Poluição indoor é um fenômeno associado a Síndrome do Edifício Doente (SED), que é
causada pela liberação de poluentes (em concentrações críticas ou que acumulam devido a
problemas de circulação de ar) para ambientes internos, os quais provocam efeitos adversos
à saúde e ao conforto das pessoas que circulam, trabalham, habitam esses ambientes.
Efeito estufa é um fenômeno natural que sempre existiu e que sempre foi regulado a
temperatura do planeta. O fenômeno acontece a partir da entrada da luz solar pela atmosfera,
uma camada de gases do efeito estufa (GEE) aprisiona parte dessas radiações solares em
seu interior para devolver essas radiações como forma de calor para a atmosfera. Sem o efei-
to estufa com certeza as temperaturas médias da Terra seriam muito baixas, o que dificultaria
a existência de muitas formas de vida.
Mudanças climáticas é o termo atribuído aos impactos ambientais globais que o in-
cremento do efeito estufa vem causando no planeta. O efeito estufa tem se tornado cada
vez mais intenso devido à poluição ambiental provocada pelo homem (principalmente pela
queima de combustíveis fósseis e de outros tipos de matéria orgânica, bem como pelo lan-
çamento de grandes quantidades de GEE no ambiente). Este efeito estufa indesejável, tem
alterado consideravelmente a temperatura do planeta.
16 • capítulo 1
Camada de ozônio estratosférico é uma camada formada pelo pelo gás ozônio (O3)
que envolve o planeta em altitudes elevadas (na altura da estratosfera, aproximadamente na
porção entre 15 e 50 km da superfície terrestre) para filtrar os raios ultravioleta (UV) emitidos
pelo sol. Essa camada é de extrema importância para a manutenção da vida terrestre, pois
sem ela, as plantas teriam sua capacidade de fotossíntese reduzida e casos de câncer de
pele, catarata, alergias aumentariam consideravelmente.
Buraco na camada de ozônio estratosférico é um impacto ambiental global ocasio-
nado pelo lançamento de poluentes que reagem e destroem o ozônio estratosférico, tornan-
do esta camada mais fina e aumentando a deficiência dessa proteção natural que o planeta
tem contra os raios UV. Os principais poluentes que destroem a camada de ozônio são:
gases clorofluorcarbonos (CFC), óxidos nítricos e nitrosos, dióxido de carbono (CO2) etc.
Observação: apesar da camada de ozônio e do efeito estufa estarem relacionados aos
raios UV, os fenômenos associados aos mesmos são diferentes. É importante entender bem
a diferença entre o efeito estufa e a proteção da camada de ozônio. A camada de ozônio filtra
os raios UV, deixa apenas uma pequena porcentagem dos raios do sol entrar na atmosfera.
O efeito estufa age apenas com essa parcela de raios UV que a camada de ozônio deixou
passar e por reações químicas mantém parte dessa radiação próxima à superfície para for-
necer e manter o calor na Terra.
• Nas primeiras décadas nos anos 90, mais precisamente a partir da dé-
cada de 1920, a indústria alimentícia dos Estados Unidos da América (EUA)
manifestou interesse sobre às possíveis falhas e perigos oriundos de suas ati-
vidades, onde observaram que essas falhas poderiam causar perda de vida e
de propriedade;
• a década de 1930, pesquisadores de laboratórios de toxicologia, no setor
industrial, iniciaram avaliações das propriedades tóxicas de produtos poten-
cialmente perigosos;
capítulo 1 • 17
• Em 1931, o pesquisador H. W. Heinrich efetuou uma pesquisa sobre os
custos de um acidente em termos de “seguro social” e introduziu, pela primeira
vez, a filosofia de “acidentes com danos à propriedade. A partir desse momen-
to, diversos estudos sobre acidentes industriais com danos à propriedade mul-
tiplicaram-se, com o objetivo de estimar os custos derivados das perdas;
• No final dos anos 1960 surgiram vários relatórios sobre segurança nas
plantas das indústrias químicas na Grã-Bretanha, tais como a Safety and
Management (sobre o gerenciamento de elementos de segurança no ambien-
te de trabalho com foco no trabalhador), pela Association of British Chemical
Manufactures em 1964, e a Safe and Sound (sobre o gerenciamento adequa-
do de substâncias químicas para segurança à saúde humana e ao ambiente,
mas também com foco no trabalhador), pelo British Chemical Industry Safety
Council em 1969. Também, nos Estados Unidos, Frank Bird Jr. fundamentou
sua teoria de “Controle de danos” em 1966, a partir da análise de uma série de
acidentes ocorridos numa empresa metalúrgica americana.
• O desenvolvimento das tecnologias utilizadas pelas indústrias resultou
em grandes mudanças nas indústrias químicas e petroquímicas, tais como al-
terações nas condições de pressão e de temperatura, tendo como consequência
um aumento na energia armazenada nos processos (representando um peri-
go maior). Ao mesmo tempo, as instalações de processo começaram a crescer,
quase dez vezes mais, em tamanho. Também, começaram a operar em fluxo
contínuo, aumentando o número de interligações com outras plantas, para a
troca de subprodutos, tornando, dessa forma, os processos mais complexos.
Simultaneamente, outros temas (como a poluição ambiental) emergiram no
contexto social e começaram a se tornarem motivos de preocupação para o pú-
blico e para os governos. Como consequência, a indústria foi obrigada a exami-
nar os efeitos de suas operações sobre o público externo e, em particular, a ana-
lisar mais cuidadosamente os possíveis perigos decorrentes de suas atividades.
• Até o início da década de 1970, o foco principal em relação à segurança nas
indústrias centrava-se na segurança dos equipamentos e do projeto em ques-
tão. Assim, a ênfase concentrava-se na produção, em detrimento dos aspectos
de saúde e de segurança. A preocupação ambiental era praticamente ignorada
e esse tema quase não era mencionado nas discussões de investimentos das
empresas. Também não havia interferências externas, seja do poder público ou
da população. Os governos não impunham grandes exigências de controle de
poluição ambiental.
18 • capítulo 1
• A partir da década de 1970, devido à grande repercussão das consequên-
cias dos acidentes industriais que causaram a morte de milhares de pessoas e
impactos de grandes dimensões ao meio ambiente, esse tema veio à tona de
forma mais contundente, mobilizando os governos e a população. No Canadá
em 1970, John A. Fletcher propôs o estabelecimento de programas de controle
total de perdas, objetivando reduzir ou eliminar todos os acidentes que pudes-
sem interferir ou paralisar um sistema.
• Em 1972, criou-se uma nova mentalidade baseada nos trabalhos desen-
volvidos pelo engenheiro Willie Hammer, especialista em segurança de siste-
mas, o qual empregou a experiência adquirida na Força Aérea e nos progra-
mas espaciais norte-americanos para desenvolver diversas técnicas a serem
aplicadas na indústria, a fim de preservar os recursos humanos e os recursos
materiais dos sistemas de produção. Em paralelo, a indústria nuclear come-
çou a desenvolver atividades na área de confiabilidade e as demais categorias
industriais passaram a adotar estas técnicas desenvolvidas pelas autoridades
de energia atômica na avaliação de riscos maiores e na estimativa de taxas de
falhas de instrumentos de proteção. O especialista Norman Carl Rasmussen
foi contratado pelo Departamento de Engenharia Nuclear do MIT (Instituto
de Tecnologia de Massachusetts – nos EUA) e desenvolveu o documento Wash
1400 com estudos probabilísticos sobre segurança nuclear. Suas publicações
foram reconhecidas como um marco sobre as metodologias de análise de risco
em termos de segurança.
capítulo 1 • 19
animais e pessoas foram severamente afetadas, incluindo casos de morte e de
crianças com alterações congênitas. Este episódio foi marcado por fortes mo-
vimentos ambientalistas que pressionaram a indústria responsável pelo lança-
mento do poluente a solucionar o problema e a responder pelas consequências.
MULTIMÍDIA
Para entender melhor este desastre ambiental assista o vídeo Desastre de Minamata. Dis-
ponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=_zMG0MsyIQ0&feature=youtu.be>.
MULTIMÍDIA
Para entender melhor este desastre ambiental assista o vídeo Torrey Canyon Oil Spill Disas-
ter. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=GvrnbG_kzeM>.
MULTIMÍDIA
Para entender melhor este desastre ambiental assista o vídeo Acidente da Planta Industrial
de Flixborough. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=3W2i30gXGyw>.
20 • capítulo 1
• Acidente do Tarik na Baia de Guanabara (Brasil/1975): vazamento de
aproximadamente 6 milhões de litros de petróleo após colisão do navio Tarik
na Baia de Guanabara, Rio de Janeiro. Causou impactos negativos aos animais,
às atividades da pesca, do extrativismo e do turismo e contaminação de praias,
costões, manguezais, unidades de conservação e patrimônio histórico. Este
episódio foi um marco para a empresa Petrobrás, que admitiu o erro e passou a
investir em auditorias ambientais.
• Vazamento de dioxinas em Seveso (Itália/1976): um reator de uma in-
dústria farmacêutica liberou uma nuvem tóxica de dioxina sobre mais de 1.000
hectares de terra, afetando e matando milhares de pessoas e animais da região.
Este acidente ficou mundialmente famoso e chamou atenção sobre a questão
da periculosidade dos produtos químicos.
MULTIMÍDIA
Para entender melhor este desastre ambiental assista o vídeo Desastre Ambiental em Se-
veso, Itália, 1976. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=Zk2_mLcJ6jY>.
MULTIMÍDIA
Para entender melhor este desastre ambiental assista o vídeo AMOCO CADIZ derrame.
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=fH9ho9TEI_8>.
capítulo 1 • 21
MULTIMÍDIA
Para entender melhor este desastre ambiental assista o vídeo Acidente da Usina Nuclear
de Three Mile Island. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=m7ocVzJ2tXs>.
MULTIMÍDIA
Para entender melhor este desastre ambiental assista o vídeo Acidente em Bhopal. Dispo-
nível em: <https://www.youtube.com/watch?v=4xW2Rf71w5w>.
22 • capítulo 1
MULTIMÍDIA
Para entender melhor este desastre ambiental assista o vídeo A Verdade Apagada - Incên-
dio da Vila Socó. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=3vTmLLGIbpM>.
CONCEITO
BLEVE é uma abreviação de um termo da língua inglesa Boiling Liquid Expanding Vapor
Explosion. Fenômeno decorrente da explosão catastrófica de um reservatório, quando um
líquido nele contido atinge uma temperatura bem acima da sua temperatura de ebulição à
pressão atmosférica com projeção de fragmentos e de expansão adiabática.
MULTIMÍDIA
Para entender melhor este desastre ambiental assista o vídeo EXPLOSIONES EN SAN
JUANICO 1984. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=nngeCe8Kni8>.
capítulo 1 • 23
MULTIMÍDIA
Para entender melhor este desastre ambiental assista o vídeo Entenda o acidente nuclear
de Chernobyl. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=9-uDPiNVBlA>.
MULTIMÍDIA
Para entender melhor este desastre ambiental assista o vídeo Filme - Césio 137, O Pesadelo
de Goiânia (1990). Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=G9vaVoYK4i8>.
MULTIMÍDIA
Para entender melhor este desastre ambiental assista o vídeo Pior desastre ambiental no
Alasca (1989). Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=_BUeKiJX_Tw>.
24 • capítulo 1
A principal lição desses desastres ambientais é que não são apenas animais
e plantas que sofrem com a poluição causada pelo homem. Mesmo que aciden-
talmente, o próprio homem pode ser lesionado direta ou indiretamente (mor-
tes, doenças, perdas materiais, perdas econômicas etc.) em decorrência de suas
falhas, ações ou omissões. Logo, todos estes acidentes serviram de motivação
para o desenvolvimento de tecnologias e de metodologias para prevenção de
riscos ambientais e para proteção da população e do meio ambiente.
capítulo 1 • 25
Animais Lençol
Metano
e Insetos Freático
Chorume
Figura 1.4 – Esquema simplificado da poluição do ar, do solo e da água causada por depó-
sitos de resíduos aterrados. Como os resíduos (agente poluidor) permanecem no local e não
se sabe quando o lançamento de efluentes líquidos e gasosos é encerrado, estes locais de
armazenamento de resíduos tornam-se passivos ambientais por tempo indeterminado.
LEITURA
Uma dica de leitura para melhorar o entendimento sobre passivos ambientais é o artigo: Passi-
vo ambiental: revisão teórica de custos na indústria do petróleo. Disponível em: <http://
www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-65132004000100006>.
26 • capítulo 1
Como principais documentos e eventos internacionais estão: a criação da
EPA - Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos (1970); a Conferência
de Estocolmo (1972) que reconheceu a qualidade ambiental como direito huma-
no e a necessidade do uso racional dos recursos naturais; o Relatório Brundtland
(1987), documento onde o termo desenvolvimento sustentável é criado e defini-
do; o Protocolo de Montreal (1987) que limitou e proibiu o uso de CFC que des-
trói a camada de ozônio; criação do IPCC - Painel Intergovernamental sobre as
Mudanças Climáticas (1988) que propõe pesquisas de causas e efeitos do incre-
mento do efeito estufa no planeta; a Convenção da Basiléia (1989) que firmou
regras para movimentação e eliminação transfronteiriça de resíduos perigosos;
a Conferência Rio 92 (1992) e o Protocolo de Kyoto (1997) onde foi firmado um
tratado internacional para redução da emissão de gases estufa.
Apesar dessa evolução de ações em prol do meio ambiente, vale lembrar que
a Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, um dos documentos
mais antigos sobre os direitos do homem, já colocava o meio ambiente como
um bem de direito de todos e como um bem que todos devem cuidar.
“Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum
do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coleti-
vidade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações”
LEITURA
Uma dica de leitura para melhorar o entendimento sobre desenvolvimento sustentável é o
Caderno de debate Agenda 21 e sustentabilidade. Disponível em: <http://www.mma.
gov.br/estruturas/agenda21/_arquivos/CadernodeDebate_07.pdf>.
capítulo 1 • 27
Como reflexão positiva, percebe-se que esta responsabilidade e este direito de
qualquer indivíduo se preocupar com o presente e com o futuro da humanidade é
um dos grandes avanços que a sociedade atual adquiriu ao longo de um histórico
de transformações do meio onde vivemos. E por isso, o gerenciamento de riscos
ambientais surge como uma importante ferramenta de controle das atividades
humanas para evitar a poluição acidental e para minimizar os efeitos da poluição
quando imprevistos ou acidentes acontecerem. Esta ferramenta contribui para
melhorias na qualidade do planejamento das mudanças necessárias nos atuais
sistemas de produção, na organização da sociedade humana e do uso de recursos
naturais. É importante ressaltar que o objetivo não é interromper o crescimento
econômico ou o desenvolvimento da sociedade, mas sim garantir que a geração
atual supra suas necessidades sem comprometer a possibilidade das gerações
futuras de suprir as suas (figura 1.5). Este é o caminho por um desenvolvimento
sustentável e todos podem contribuir com esta busca.
Figura 1.5 – Imagem que representa muito bem um exemplo de um ambiente com foco no
desenvolvimento sustentável e de um ambiente sem preocupações com a sustentabilidade,
a população foi ou está sendo conscientizada de que é possível suprir nossas necessidades
atuais sem comprometer a possibilidade das gerações futuras de suprir as suas.
REFLEXÃO
Apesar da correria da vida moderna, deve haver ações do seu cotidiano que você faz, mesmo
que inconscientemente, para preservar o ambiente que será passado para seus filhos, netos
etc. Reflita e enumere quantas ações você faz que auxiliam na busca pelo desenvolvimen-
to sustentável.
28 • capítulo 1
A seguir você será introduzido ao mundo dos riscos ambientais. Espero que
o conteúdo exposto seja proveitoso para você, aluno(a) ou profissional do meio
ambiente, se torne “mais um” na busca pelo desenvolvimento sustentável.
capítulo 1 • 29
vamos definir os termos perigo, risco, acidente, e logo após, os conceitos e as
relações sobre gerenciamento e segurança.
O primeiro termo a ser definido é “PERIGO” que é uma fonte ou uma si-
tuação com potencial para provocar danos em termos de lesão, doença, dano
à propriedade, dano ao meio ambiente, ou uma combinação destes (definição
da BS 8800, hazard). Já o termo “RISCO” é a combinação da probabilidade de
ocorrência e da consequência de um determinado evento perigoso (definição
da BS 8800, risk). Atenção! Risco não é sinônimo de perigo. Um exemplo ge-
nérico para você concordar que risco não é a mesma coisa que perigo é: o ato
de descer uma escada representa um risco real de acidente, mas seria um tanto
exagerado chamar este ato de perigoso.
ATENÇÃO
PERIGO ≠ RISCO
Perigo, de uma forma mais explicativa, é uma característica de uma atividade ou de uma
substância que expressa a sua condição de causar algum tipo de dano a pessoas, a instala-
ções ou ao meio ambiente.
O perigo consiste em uma situação ou condição que tem potencial de acarretar conse-
quências indesejáveis. É a propriedade intrínseca de uma substância perigosa ou de uma
situação física de poder provocar danos à saúde humana e/ou ao ambiente.
Risco, de uma forma mais informal, é uma medida da capacidade que um perigo tem de
se transformar em um acidente.
O risco está relacionado com a chance de ocorrerem falhas que “libertem” o perigo e da
magnitude dos danos gerados por esta “libertação”.
Em outras palavras, risco é uma contextualização de uma situação de perigo, ou a possi-
bilidade da materialização do perigo ou de um evento indesejado ocorrer.
30 • capítulo 1
Após esta discussão sobre os termos perigo e risco, podemos definir o termo
“risco ambiental”. A definição a ser usada durante esta disciplina: risco am-
biental é a possibilidade da ocorrência de uma alteração adversa das caracte-
rísticas do meio ambiente em virtude da atividade antrópica. Apesar do risco
ambiental também estar associado a eventos naturais, que o homem não parti-
cipa, o foco do gerenciamento de riscos ambientais será sobre uma reflexão dos
impactos causados pelas atividades humanas, uma vez que os estudos de aná-
lise de riscos com foco no meio ambiente acontecem durante o licenciamento
ambiental de fontes potencialmente geradoras de acidentes ambientais.
CONCEITO
Antrópico é um termo usado em ecologia que se refere a tudo aquilo que resulta da atuação
humana. Por exemplo: ação antrópica é a ação do homem sobre o habitat e as modificações
dela resultantes.
Licenciamento ambiental é um procedimento administrativo pelo qual o órgão ambien-
tal competente licencia a localização, instalação, modificação, ampliação e a operação de em-
preendimentos ou atividades utilizadoras dos recursos ambientais, consideradas efetivas ou
potencialmente poluidoras ou aquelas que, sob qualquer forma, possam causar a degradação
ambiental, considerando as disposições legais e as normas técnicas aplicáveis ao caso.
capítulo 1 • 31
estes riscos e que evitassem acidentes, a fim de garantir segurança para a popu-
lação e para o meio ambiente.
O termo “gerenciamento” surgiu então como o conjunto de normas, de
procedimentos e de meios, humanos e materiais, que aplica métodos capazes
de permitir a administração da empresa na rota dos objetivos fixados. No caso
do termo “Gerenciamento de Riscos”, o objetivo fixado é prevenir, controlar
e reduzir os riscos existentes, de modo a torná-los toleráveis. Podemos definir
o termo “Gerenciamento de Riscos Ambientais” como um conjunto de nor-
mas e procedimentos que permite o desempenho normal da atividade ou do
empreendimento para prevenir, controlar e reduzir os riscos existentes, a fim
de garantir a segurança da população (incluindo trabalhadores) e do meio
ambiente. Portanto, qualquer programa de gerenciamento de riscos ambien-
tais deve contemplar os potenciais riscos da atividade ou do empreendimento,
identificando os prováveis impactos ambientais, bem como as medidas de mi-
tigação dos mesmos.
Observa-se que nesta contextualização sobre o gerenciamento de riscos am-
bientais, o termo “segurança” apareceu. A segurança está relacionada à prote-
ção contra riscos que podem ocorrer ao longo de um gerenciamento. Garantir
segurança é garantir tranquilidade ao indivíduo e à coletividade, geralmente
através de um conjunto de medidas preventivas que minimizam a ocorrência
de acidentes.
Você pode pensar em qualquer atividade ou empreendimento que produ-
za benefícios no nível pessoal, social, tecnológico, científico ou industrial. Em
qualquer empreendimento haverá um elemento de risco indispensável. Se to-
dos os perigos e riscos tivessem que ser eliminados antes de aprovar a ativida-
de, nenhum avião poderia voar, nenhum automóvel se mexer e nenhum navio
poderia sair ao mar. Logo, o importante não é eliminar os riscos e sim gerenciá
-los de maneira satisfatória para permitir que as atividades humanas aconte-
çam em segurança. Entretanto, alguns empreendimentos de alto risco (devido
a um conjunto de fatores) devem sempre ser cautelosos e rigorosamente avalia-
dos, desde a etapa de projeto (antes do início da sua instalação). Pois a simples
escolha do local de instalação de alguns empreendimentos já levanta riscos
ambientais de grandes proporções, por exemplo, escolher instalar uma usina
de álcool (que produz grandes quantidades de vinhaça) no meio do Pantanal
(ecossistema único de grande biodiversidade que pode ser visto na figura 1.6) é
com certeza uma decisão de alto risco. Você pode instalar os melhores sistemas
32 • capítulo 1
de gerenciamento de riscos e de mitigação de impactos ambientais, mas o risco
de acontecer algum evento perigoso que vá impactar o ambiente nunca deixará
de existir. E no caso de vazar vinhaça acidentalmente para o meio pode ocasio-
nar um grande desastre ambiental.
Figura 1.6 – Imagens do Pantanal no Brasil, um ecossistema único no planeta com grande
biodiversidade. Local com alta sensibilidade a impactos ambientais, que elevam a magnitude
dos riscos ambientais de muitos empreendimentos.
capítulo 1 • 33
para a tomada de decisão, através de critérios comparativos de riscos, para defi-
nição da estratégia de gerenciamento dos riscos e aprovação do licenciamento
ambiental de um empreendimento.
Histórico e Conceitos
Programas de Prevenção de Riscos
Risco e Pengo
Figura 1.7 – Exemplo de um mapa conceitual sobre as etapas de um estudo de riscos am-
bientais (a figura é do conteúdo on-line, portanto eu gostaria que o pessoal da imagem refi-
zesse esta figura com cores e mais legível)
34 • capítulo 1
As principais etapas da 1ª linha de estudo (análise de riscos ambientais) são
análise de riscos e avaliação de riscos. Estas duas etapas incluem resumidamente
a identificação do perigo e do risco, estudo de toxicidade, estudo de exposição,
caracterização, classificação e quantificação do risco. Aqui entram algumas me-
todologias bastante conhecidas na área de riscos: Análise Preliminar de Riscos
(APR) ou Análise Preliminar de Perigos (APP), Estudo de Perigos e Operabilidade
(HAZOP), Análise do Modos de Falha e Efeitos (AMFE), Análise de Árvore de
Falhas (AAF) etc. Algumas destas técnicas serão explicadas no capítulo 4.
A análise de riscos é a primeira ferramenta utilizada no estudo sobre riscos
ambientais, parece ser natural e obrigatória, uma vez que a previsão de eventos
indesejáveis possíveis de ocorrer no futuro pode trazer vantagens, ou no mínimo
atenuar grandes prejuízos. Apenas para distinguir, existem três principais tipos
de análise de riscos (tabela 1.3) com focos diferenciados: análise de riscos de se-
gurança; análise de riscos para a saúde humana e análise de riscos ecológicos.
TIPO DE ANÁLISE
FREQUÊNCIA E MAGNITUDE CARACTERÍSTICAS GERAIS
DE RISCOS
Efeitos agudos imediatos (impactos elevados em
curto espaço de tempo)
Baixa probabilidade Acidentais
SEGURANÇA Consequência de magnitu- Tempo de resposta crítico
de elevada Relações causa/efeito óbvias
Foco: segurança humana e patrimonial (essencial-
mente dentro do espaço de trabalho)
Efeitos crônicos retardados (impactos gerados por
exposições contínuas cujos efeitos podem não se
Elevada probabilidade
manifestar por longos períodos de tempo)
SAÚDE Consequência de baixa
Relações causa/efeito difíceis de estabelecer
magnitude
Foco: saúde humana (essencialmente fora do local
de trabalho)
Efeitos complexos (avalia alterações nas interações
entre populações, comunidades e ecossistemas ao
Baixa ou eleva- nível micro e macro)
da probabilidade Relações causa/efeito difíceis e com gran-
ECOLÓGICO Consequência de baixa ou des incertezas
elevada magnitude Foco: equilíbrio dos ecossistemas (podem se
manifestar bem distantes das fontes geradoras do
impacto)
Tabela 1.3 – Principais tipos de análise de riscos usados em estudos de riscos ambientais
capítulo 1 • 35
As principais etapas da 2ª linha de estudo (gerenciamento de riscos am-
bientais) são controle de riscos e monitoramento de riscos. Estas duas etapas
incluem resumidamente a determinação de critérios e ações para controlar os
riscos, programas de monitoramento e revisão (auditorias) e ações sistemáti-
cas a serem acionadas em curto, médio e longo prazos para os casos de aci-
dentes (planos de contingência). Aqui entram algumas metodologias bastante
conhecidas na área de riscos: Mapas de Risco, Programa de Condições e Meio
Ambiente de Trabalho (PCMAT), Programa de Prevenção de Riscos Ambientais
(PPRA), O Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO), Plano
Ação de Emergência (PAE) etc. Algumas destas metodologias serão explicadas
no capítulo 5.
Os programas de monitoramento de riscos devem ser continuamente apli-
cados nos processos e precisam ser realistas o suficiente ao adotarem níveis
de sensibilidade que produzam alertas. Uma das maneiras de delinear essas
estratégias de monitoramento é simular uma situação específica que se deseja
evitar e, então, avaliar se, com os erros é possível, pelo monitoramento, evitar a
situação indesejável prevista. Existem três tipos principais de monitoramento
de riscos:
1) De recomendação: monitoramento feito para acompanhar os planos
de ação (Recomendação);
2) De riscos ou vulnerabilidades: monitoramento que possibilita revisões
periódicas e auditorias internas (Revisões periódicas);
3) Do programa de gerenciamento de riscos: monitoramento que acom-
panha o processo como um indicador de performance (Indicadores).
36 • capítulo 1
TRATAMENTO DOS RISCOS Quais são as medidas que vão mitigar os riscos?
CONTROLE DE RISCO
MONITORAÇÃO DOS RISCOS Quais ações servirão para acompanhar o risco e seu
MONITORAMENTO DE RISCO desenvolvimento?
ATIVIDADES
01. A ideia de desenvolvimento sustentável tem sido cada vez mais discutida junto às ques-
tões que se referem ao crescimento econômico. De acordo com este conceito marque F para
para a(s) afirmação(ões) falsa(s) e V para a(s) afirmação(ões) verdadeira(s):
a) ( ) o meio ambiente é fundamental para a vida humana e, portanto, deve ser intocável.
b) ( ) os países subdesenvolvidos são os únicos que praticam esta ideia, pois, por sua
baixa industrialização, preservam melhor o seu meio ambiente do que os países ricos.
c) ( ) ocorre uma oposição entre desenvolvimento e proteção ao meio ambiente e, portan-
to, é inevitável que os riscos ambientais sustentem o crescimento econômico dos povos.
d) ( ) deve-se buscar uma forma de progresso socioeconômico que não comprometa
o meio ambiente sem que, com isso, deixemos de utilizar os recursos nele disponíveis.
e) ( ) são as riquezas acumuladas nos países ricos, em prejuízo das antigas colônias duran-
te a expansão colonial, que devem, hoje, sustentar o crescimento econômico dos povos.
02. Faça uma pesquisa sobre alguns acidentes nucleares e comente suas consequências
para a população e o meio ambiente.
REFLEXÃO
Neste capítulo, resumidamente você foi exposto a uma série de eventos históricos de polui-
ção ambiental e poluição acidental; foi alertado sobre a importância de ações que contribuem
para o desenvolvimento sustentável; familiarizou-se com termos técnicos sobre segurança e
capítulo 1 • 37
risco e; por fim, compreendeu o papel dos estudos de riscos ambientais no contexto da pre-
venção de desastres ambientais e da preservação do meio ambiente para gerações futuras.
LEITURA
ALVES, Antonio Fernando Silveira. Avaliação de riscos ambientais (apostila). Vitória: Editora UNISA,
2015. p. 107. Disponível em: <http://unisa.br/conteudos/9123/f1258221175/apostila/apostila.
pdf>. Acesso em: 14 jun. 2015.
BRILHANTE, Ogenis Magno; CALDAS, Luiz Querino de A. (coord.). Gestão e avaliação de risco em
saúde ambiental. Rio de Janeiro: Editora FIOCRUZ, 1999. p. 155.
DAGNINO, Ricardo de Sampaio; CARPI JUNIOR, Salvador. Risco Ambiental: Conceitos e Aplicações.
Climatologia e Estudos da Paisagem, Rio Claro, v. 2, n. 2, jul. dez. 2007, p.51.
SEMINÁRIO NACIONAL SOBRE DESASTRES AMBIENTAIS. Desastres ambientais. Seminário
realizado em 7 e 8 de novembro de 2000, Brasília: O CONFEA, 2001.p. 424.
TOMINAGA, Lídia Keiko; SANTORO, Jair; AMARAL, Rosangela do (Organizadores). Desastres
naturais: conhecer para prevenir. São Paulo: Instituto Geológico, 2009. p. 196.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALVES, Antonio Fernando Silveira. Avaliação de riscos ambientais (apostila). Vitória: Editora UNISA,
2015. p. 107. Disponível em: <http://unisa.br/conteudos/9123/f1258221175/apostila/apostila.
pdf>. Acesso em: 14 jun. 2015.
BRILHANTE, Ogenis Magno; CALDAS, Luiz Querino de A. (coord.). Gestão e avaliação de risco em
saúde ambiental. Rio de Janeiro: Editora FIOCRUZ, 1999. p. 155.
DAGNINO, Ricardo de Sampaio; CARPI JUNIOR, Salvador. Risco Ambiental: Conceitos e Aplicações.
Climatologia e Estudos da Paisagem, Rio Claro, v. 2, n. 2, julho/dezembro/2007, p. 51.
LORA, Electo Eduardo Silva. Prevenção e controle da poluição nos setores energético, industrial
e de transporte. 2 ed, Rio de Janeiro: Interciência, 2002. p. 481.
SEMINÁRIO NACIONAL SOBRE DESASTRES AMBIENTAIS. Desastres ambientais. Seminário
realizado em 7 e 8 de novembro de 2000, Brasília: O CONFEA, 2001. p. 424
TOMINAGA, Lídia Keiko; SANTORO, Jair; AMARAL, Rosangela do (Organizadores). Desastres
naturais: conhecer para prevenir. São Paulo: Instituto Geológico, 2009. p. 196.
38 • capítulo 1
2
Reconhecimento
de Produtos
Perigosos e
Acidentes Severos
Caro(a) aluno(a), neste capítulo você será introduzido ao processo de levanta-
mento de aspectos e impactos ambientais para ampliar sua visão sobre preven-
ção de acidentes. Serão apresentadas algumas considerações sobre substâncias
perigosas, objeto de estudo da maioria das análises de riscos ambientais, uma
vez que são caracterizadas por acidentes severos e acidentes ampliados. Você
poderá também imergir numa breve discussão sobre a evolução da legislação
ambiental, a qual será trabalhada aqui com ênfase no manejo e no transporte
de produtos perigosos.
OBJETIVOS
Espera-se que após a leitura e a prática das atividades propostas neste capítulo, você possa:
• Identificar os processos da transformação dos ambientes naturais;
• Iniciar um levantamento dos aspectos e impactos ambientais em estudos de ris-
cos ambientais;
• Explicar e identificar acidentes severos e acidentes ampliados;
• Familiarizar-se com as classes de riscos ambientais e com a legislação brasileira para o
transporte de produtos perigosos.
40 • capítulo 2
2.1 Transformação dos ambientes naturais
Conforme discutido no Capítulo 1, o homem vem transformando os ambientes
naturais ao longo de sua existência. O ecossistema de um ambiente natural era
completamente diferente do ecossistema existente atualmente nos locais habi-
tados pelo homem.
Mas você sabe me dizer o que é um ecossistema?
Definir ecossistema é importante, pois ele é o objeto alvo dos estudos de
riscos ambientais, já que é ele que sofrerá diretamente os danos causados pelas
atividades antrópicas. Assim, é essencial saber o significado e limitar o objeto
a ser avaliado em estudos de riscos ambientais. A definição adotada nesta dis-
ciplina será a definição ecológica, ecossistema é qualquer unidade que abranja
todos os organismos que funcionam em conjunto numa dada área, interagindo
com o ambiente físico de tal forma que um fluxo de energia produza estruturas
bióticas claramente definidas e uma ciclagem de materiais entre as partes vivas
e não vivas.
Continuando a linha de raciocínio sobre as transformações que o homem
faz no meio ambiente, eu te pergunto: Será que qualquer modificação do ecos-
sistema traz consequências ruins?
A resposta para esta pergunta é simples: não, a transformação dos ambien-
tes naturais nem sempre acarretam danos ao ecossistema local. Quando o am-
biente natural é remodelado para atender as necessidades humanas com os
devidos cuidados de mitigação de impactos ambientais, cria-se um ambiente
modificado, porém considerado um ambiente adequado (estes seriam os am-
bientes modificados dentro das diretrizes do desenvolvimento sustentável).
Mas então, porque será que sempre associamos as atividades antrópicas a
grandes impactos negativos?
Esta associação acontece porque a maioria das transformações que já acon-
teceram, principalmente antes do despertar da conscientização ambiental,
não tinha planejamento e não tinha preocupação com os impactos ambientais.
Portanto, essas alterações realizadas pelo homem culminaram em danos am-
bientais, que em alguns casos comprometeram a estabilidade do ecossistema
antigo e criaram ambientes modificados degradados (figura 2.1).
capítulo 2 • 41
Ambiente
Adequado
Transformação
Ambiente Ambiente
dos Ambientes
Natural Modificado
Naturais
Ambiente
Degredado
Figura 2.8 – Esquema simplificado para demonstrar que a transformação dos ambientes
naturais pode resultar em ambientes modificados adequados ou degradados (esta figura é
do conteúdo on-line, peço ao pessoal da imagem para melhora-la, padronizando a fonte e o
tamanho da fonte)
Uma vez que identificamos um dano ambiental, pode-se concluir que ha-
verá alguma modificação das características biológicas, físicas e químicas na
área afetada. E será que estes danos são reversíveis ou eles duram para sempre?
Cabe aqui abrir um parêntese para explicar dois conceitos interessantes
“pertubação ambiental” e “degradação ambiental”.
Geralmente, as alterações afetam diretamente o ecossistema local. A forma
como o meio ambiente alcança o reequilíbrio é o que define se o dano causou
perturbação ou degradação ambiental. Portanto, haverá perturbação sempre
que o local afetado retornar à condição original ou à outra condição dinamica-
mente estável sem ação antrópica, mas isso considerando que a fonte do dano
tenha cessado. Já a degradação acontecerá quando a resiliência e a estabilidade
do local forem perdidas, originando uma área degradada. Estas áreas degrada-
das, fruto da ação antrópica, somente retornarão a uma condição estável se o
próprio homem intervir ativamente sobre as mesmas.
CONCEITO
Área degradada é aquela que perdeu ou reduziu significativamente sua capacidade de resi-
liência (estabilidade do ecossistema), tornando-se improdutiva para o homem.
Destruição ou remoção de vegetação, expulsão ou extinção da fauna, perda de solo por
erosão, assoreamento e contaminação de corpos d’água são alguns exemplos de conse-
quências dos impactos ambientais que podem originar áreas degradadas.
42 • capítulo 2
Portanto, muitas atividades do homem que transformaram o meio ambien-
te são responsáveis pela criação de ambientes problemáticos nas áreas habita-
das pelo próprio homem. Se considerarmos isso em regiões metropolitanas,
que envolvem escalas de milhões de pessoas, esta situação se agrava ainda
mais, pois unimos isso às falhas dos sistemas urbanos atuais (gestão ineficien-
te das 4 esferas do saneamento – água, esgoto, resíduos, drenagem – que acar-
reta problemas para a saúde pública e para o meio ambiente). Neste contexto,
a identificação de aspectos e impactos ambientais tornam-se essenciais para
tornar a gestão dos empreendimentos e das cidades mais harmoniosa, com be-
nefícios sociais, ecológicos e econômicos.
capítulo 2 • 43
Análise de Riscos da CETESB. Aqui vamos focar no levantamento dos aspectos
e impactos ambientais, que servirá como ponto de partida para estes estudos
de riscos ambientais.
EXERCÍCIO RESOLVIDO
Você saberia dizer por que é importante levantarmos os aspectos ambientais e os impactos
ambientais para um programa de gerenciamento de riscos?
Resposta: reconhecer aspectos e impactos ambientais é importante para a identifica-
ção das atividades que causam impacto ao meio ambiente; a determinação da significância
destes impactos; o atendimento aos requisitos legais e normativos; a determinação de pro-
gramas de controle operacional; a conscientização sobre a importância do gerenciamento
adequado de resíduos; o estabelecimento de objetivos e metas de um programa de geren-
ciamento de riscos ambientais; a determinação de ações de monitoramento e de medição
(auditorias); a elaboração de planos de ação de emergência.
CONEXÃO
Você pode acessar um estudo de análise de risco (EAR) completo feito para a Usina Ter-
melétrica de Tefé, situada no Amazonas. Disponível em: <http://www.ipaam.am.gov.br/arqui-
vos/download/arqeditor/RIMA/ANEXO%20XII%20-%20EAR.pdf>.
44 • capítulo 2
ASPECTOS AMBIENTAIS IMPACTOS AMBIENTAIS (EFEITO)
(CAUSA)
EMISSÃO DE ENERGIAS
(CALOR, RADIAÇÃO, Alteração da qualidade ambiental
VIBRAÇÃO)
GERAÇÃO E DESCARTE DE Desequilíbrio dos ecossistemas
RESÍDUOS
Tabela 2.5 – Relações de causa e efeito sobre os aspectos e impactos ambientais
capítulo 2 • 45
• Buscar métodos de produção que sejam compatíveis com o racionamento
de recursos naturais;
• Investir em pesquisas e buscar alternativas de matérias-primas no lugar
de recursos raros e não-renováveis;
• Reciclar, reusar e reaproveitar os resíduos gerados pelas atividades, dimi-
nuindo o volume de material descartado;
• Sempre optar por programas de gerenciamento de resíduos que poluem
pouco ou não poluem o meio ambiente, respeitando as regras de manuseio,
tratamento, acondicionamento, transporte e disposição final;
• Trabalhar sempre em conformidade com os instrumentos da legislação
ambiental, trabalhista etc.
46 • capítulo 2
Existem algumas considerações a serem levantadas sobre os aciden-
tes severos:
CONEXÃO
Uma dica de leitura para melhorar o entendimento sobre o termo acidente ampliado é o
artigo Acidentes químicos ampliados: um desafio para a saúde pública. Disponível em:
<http://www.revistas.usp.br/rsp/article/viewFile/24155/26120>.
capítulo 2 • 47
Após a ocorrência de diversos acidentes químicos ampliados, a legislação
ambiental que trata de substâncias perigosas consolidou-se, auxiliando assim
a fiscalização de quem manipula produtos ou resíduos caracterizados como
perigosos.
LEITURA
Dicas de leitura do acervo de legislação ambiental para melhorar o entendimento sobre a
evolução do direito ambiental no Brasil:
Lei Federal nº 4.771, de 1965 (revogada) - Institui código florestal.
Lei Federal nº 5.197, de 1967 - Dispõe sobre a proteção à fauna e dá outras providências.
48 • capítulo 2
Lei Federal nº 6.938, de 1981 (alterada) - Dispõe sobre a Política Nacional do Meio
Ambiente, seus fins e mecanismos de formulação e aplicação, e dá outras providências.
Resolução Conama nº 001, de 1986 - Dispõe sobre critérios básicos e diretrizes gerais
para a avaliação de impacto ambiental.
Lei Federal nº 7.804, de 1989 - Altera a Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981, que
dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, seus fins e mecanismos de formulação e
aplicação, a Lei nº 7.735, de 22 de fevereiro de 1989, a Lei nº 6.803, de 2 de julho de 1980,
e dá outras providências.
Lei Federal nº 9.433, de 1997 - Institui a Política Nacional de Recursos Hídricos, cria o
Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos, regulamenta o inciso XIX do art.
21 da Constituição Federal, e altera o art. 1º da Lei nº 8.001, de 13 de março de 1990, que
modificou a Lei nº 7.990, de 28 de dezembro de 1989.
Resolução Conama nº 237, de 1997 - Dispõe sobre licenciamento ambiental; com-
petência da União, Estados e Municípios; listagem de atividades sujeitas ao licenciamento;
Estudos Ambientais, Estudo de Impacto Ambiental e Relatório de Impacto Ambiental.
Lei Federal nº 9.605, de 1998 - Dispõe sobre as sanções penais e administrativas deri-
vadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente, e dá outras providências.
Lei Federal nº 9.795, de 1999 - Dispõe sobre a educação ambiental, institui a Política
Nacional de Educação Ambiental e dá outras providências.
Lei Federal nº 9.985, de 2000 - Regulamenta o art. 225, § 1o, incisos I, II, III e VII da
Constituição Federal, institui o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza
e dá outras providências.
Resolução Conama nº 302, de 2002 - Dispõe sobre os parâmetros, definições e li-
mites de Áreas de Preservação Permanente de reservatórios artificiais e o regime de uso
do entorno.
Resolução Conama nº 303, de 2002 - Dispõe sobre parâmetros, definições e limites
de Áreas de Preservação Permanente.
Resolução Conama nº 357, de 2005 - Dispõe sobre a classificação dos corpos de
água e diretrizes ambientais para o seu enquadramento, bem como estabelece as condições
e padrões de lançamento de efluentes, e dá outras providências.
Resolução Conama nº 430, de 2011 - Dispõe sobre as condições e padrões de lan-
çamento de efluentes, complementa e altera a Resolução no 357, de 17 de março de 2005,
do CONAMA.
Lei Federal nº 12.651, de 2012 - Dispõe sobre a proteção da vegetação nativa; altera as
Leis nos 6.938, de 31 de agosto de 1981, 9.393, de 19 de dezembro de 1996, e 11.428, de
22 de dezembro de 2006; revoga as Leis nos 4.771, de 15 de setembro de 1965, e 7.754,
capítulo 2 • 49
de 14 de abril de 1989, e a Medida Provisória nº 2.166-67, de 24 de agosto de 2001; e dá
outras providências.
CURIOSIDADE
Na esfera estadual, 3 órgãos merecem destaque: a CETESB de São Paulo; a Fundação
Estadual de Proteção Ambiental Henrique Luiz Roessler (FEPAM) do Rio Grande do Sul e o
Instituto Estadual do Ambiente (INEA) do Rio de Janeiro.
50 • capítulo 2
ao patrimônio público e privado. E uma das primeiras ações a ser executada
em um cenário acidental envolvendo o transporte de produtos perigosos, é a
pronta identificação das substâncias envolvidas. O acesso às informações so-
bre as características do produto irá subsidiar as medidas de controle, redu-
zindo os riscos para a comunidade, aos próprios atendentes da ocorrência e
ao meio ambiente. Portanto, esta classificação dos produtos perigosos (tabela
2.2) permitiu a diferenciação nas formas de armazenar, manusear, transportar
e descartar variados tipos de substâncias perigosas. É importante ressaltar que
produtos relacionados às classes 3, 4, 5 e 8 e da subclasse 6.1 classificam-se,
para fins de embalagem, segundo três grupos, conforme o nível de risco que
apresentam: embalagem tipo I (alto risco); embalagem tipo II (médio risco)
e embalagem tipo III (baixo risco). As embalagens devem obedecer aos crité-
rios estabelecidos pela Resolução nº 420 da Agência Nacional de Transportes
Terrestres (ANTT, 2004).
capítulo 2 • 51
CLASSIFICAÇÃO SUBCLASSE DEFINIÇÕES
Sólidos inflamáveis, substâncias auto reagentes e explosivos
sólidos insensibilizados: sólidos que, em condições de transporte,
CLASSE 4 sejam facilmente combustíveis, ou que por atrito possam causar
SÓLIDOS INFLAMÁ- 4.1 fogo ou contribuir para tal; substâncias auto reagentes que
VEIS; SUBSTÂNCIAS possam sofrer reação fortemente exotérmica; explosivos sólidos
SUJEITAS À COM- insensibilizados que possam explodir se não estiverem suficiente-
BUSTÃO ESPONTÂ- mente diluídos.
NEA; SUBSTÂNCIAS Substâncias sujeitas à combustão espontânea: substâncias sujei-
QUE, EM CONTATO 4.2 tas a aquecimento espontâneo em condições normais de transpor-
COM ÁGUA, EMITEM te, ou a aquecimento em contato com ar, podendo inflamar-se.
GASES INFLAMÁVEIS Substâncias que, em contato com água, emitem gases inflamá-
veis: substâncias que, por interação com água, podem tornar-se
4.3
espontaneamente inflamáveis ou liberar gases inflamáveis em
quantidades perigosas.
Substâncias oxidantes: são substâncias que podem, em geral pela
CLASSE 5 5.1 liberação de oxigênio, causar a combustão de outros materiais ou
SUBSTÂNCIAS contribuir para isso.
OXIDANTES E PERÓ- Peróxidos orgânicos: são poderosos agentes oxidantes, conside-
XIDOS ORGÂNICOS 5.2
rados como derivados do peróxido de hidrogênio, termicamente
instáveis que podem sofrer decomposição exotérmica auto
acelerável.
Substâncias tóxicas: são substâncias capazes de provocar morte,
CLASSE 6 6.1 lesões graves ou danos à saúde humana, se ingeridas ou inaladas,
SUBSTÂNCIAS TÓ- ou se entrarem em contato com a pele.
XICAS E SUBSTÂN- Substâncias infectantes: são substâncias que contém ou possam
CIAS INFECTANTES 6.2 conter patógenos capazes de provocar doenças infecciosas em
seres humanos ou em animais.
CLASSE 7 Qualquer material ou substância que contenha radionuclídeos, cuja
MATERIAL - concentração de atividade e atividade total na expedição (radia-
RADIOATIVO ção), excedam os valores especificados.
CLASSE 8 São substâncias que, por ação química, causam severos danos
SUBSTÂNCIAS - quando em contato com tecidos vivos ou, em caso de vazamento,
CORROSIVAS danificam ou mesmo destroem outras cargas ou o próprio veículo.
CLASSE 9
SUBSTÂNCIAS E São aqueles que apresentam, durante o transporte, um risco não
ARTIGOS PERIGO- -
abrangido por nenhuma das outras classes.
SOS DIVERSOS
Tabela 2.6 – Classificação dos riscos de produtos perigosos conforme a Organização das
Nações Unidas
52 • capítulo 2
A partir do momento que foi identificada a necessidade de gerenciar ade-
quadamente e separadamente as substâncias perigosas, muitas vezes envol-
vendo transporte para locais não muito próximos, percebeu-se a necessidade
da criação de normas para que isso ocorra da forma mais segura possível. O
Decreto Federal nº 96.044, de 18/05/1988, aprova o regulamento para o trans-
porte rodoviário de produtos perigosos e ressalta a proibição do transporte
destas substâncias juntamente com animais; alimentos ou medicamentos des-
tinados ao consumo humano ou animal, ou com embalagem de produtos des-
tinados a estes fins; e outro tipo de carga, salvo se houver compatibilidade en-
tre os diferentes produtos transportados. A legislação vigente, incluindo a NBR
7.500 (ABNT, 2004), determina que todos os veículos que transportam produtos
perigosos devem portar informações que facilitem a identificação dos produ-
tos transportados e de seus respectivos riscos.
A NBR 7.500 (Identificação para o transporte terrestre, manuseio, movi-
mentação e armazenamento de produtos) propõe sinalização na carga através
de rótulo de risco e painel de segurança.
O painel de segurança, sinalização obrigatória para produtos perigosos, se
baseia em placas retangulares (medindo 30 cm de altura e 40 cm de largura) de
cor laranja, afixadas nos veículos de transporte de produtos perigosos, possuin-
do na parte superior o número de risco e na parte inferior o número ONU, de
identificação do produto, com inscrições de cor preta.
Já o rótulo de risco é uma etiqueta afixada externamente nas embalagens
(medindo 10 cm por 10 cm) e em placas no afixadas nos veículos (medindo 30
cm por 30 cm), com forma de um quadrado apoiado por um de seus vértices.
Estas sinalizações apresentam, através de símbolos e/ou expressões emol-
duradas, informações claras e objetivas, referentes à natureza do produto peri-
goso, forma de manuseá-lo e dados de sua identificação. Os símbolos e núme-
ros usados nestas sinalizações podem ser verificados na figura 2.2.
capítulo 2 • 53
Placas de Sinalização das Classes de Produtos
Classe 2
Gases 2 2 2 2 2
Subclasse 2.1 Subclasse 2.2 Subclasse 2.2
Gases Inflamáveis Gases não-inflamáveis, não tóxicos Gases tóxicos
Classe 3
Líquidos
inflamáveis 3 3
Classe 4 4 4 4 4
Subclasse 4.1 Subclasse 4.2 Subclasse 4.3
Sólidos inflamáveis Substâncias sujeitas a Substâncias que em contato com
combustão espontânea a água emitem gases inflamáveis
Classe 6
6 6
Subclasse 6.1 Subclasse 6.2
Substâncias tóxicas Substâncias infecciosas
Classe 7
Materiais
Radioativos 7 7 7 7
Classe 9
Classe 8
Substâncias
Corrosivos
8 8 perigosas diversas 9
Figura 2.9 – Placas de sinalização das nove classes de produtos perigosos. Fonte: http://
www.marica.rj.gov.br/defesa/placas.php#topo
LEITURA
Uma dica de leitura para melhorar o entendimento sobre os termos referentes ao transporte
de substâncias perigosas é a NBR 7.501 - Transporte terrestre de produtos perigosos -
Terminologia.
54 • capítulo 2
Além das placas de sinalização, toda carga de substâncias perigosas ou de
resíduos perigosos deve estar acompanhada de uma ficha de emergência e en-
velope para o transporte terrestre de produtos perigosos. A NBR 7.503 (ABNT,
2013) especifica as características e as dimensões para a confecção da ficha de
emergência e do envelope para o transporte terrestre de produtos perigosos,
bem como as instruções para o preenchimento da ficha e do envelope.
A ficha de emergência (Figura 2.4) deve ser confeccionada em papel branco,
tamanho A4 (210 mm x 297 mm), carta (216 mm x 279 mm) ou ofício (216 mm x
355 mm), com gramatura de 75 g/m2 a 90 g/m2. A ficha de emergência deve ser
impressa em uma única folha, não podendo ser plastificada. Toda a impressão
deve ser na cor preta, com exceção da tarja, que deve ser na cor vermelha, com
largura mínima de 5 mm e comprimento mínimo de 250 mm. O padrão da cor
da tarja está estabelecido na NBR 7.503. A largura mínima entre as faixas deve
ser de 188 mm. A impressão deve ser feita em fonte legível, similar à Arial, cor-
po mínimo 10, sendo que os títulos Ficha de Emergência, Riscos e Em Caso de
Acidente devem estar em letras maiúsculas (caixa-alta). Estes requisitos não se
aplicam à impressão da logomarca da empresa. Os campos discriminados na fi-
cha devem conter no mínimo as informações estabelecidas na NBR 7.503, con-
forme instruções fornecidas pelo fabricante ou importador do produto trans-
portado contidas na Ficha de Informação de Segurança de Produtos Químicos
(FISPQ), conforme a NBR 14.725/Parte 4 (ABNT, 2012). Estas informações de-
vem ser impressas em gráfica ou em impressora de computador. O idioma deve
ser o português oficial do Brasil. Não é permitido o uso de etiquetas na ficha
de emergência. Pode haver variação na pontuação dos textos, desde que não
seja comprometido o entendimento das informações. É admitido somente o
modelo de ficha de emergência, conforme a figura 2.3. Não é necessário que as
linhas divisórias horizontais, que devem ter as dimensões mínimas definidas
na figura A.1 (da NBR 7.503), estejam encostadas às tarjas laterais. As linhas
horizontais de início e final da ficha de emergência são opcionais.
capítulo 2 • 55
FICHA DE EMERGÊNCIA
Expedidor Nome apropriado Número de Risco:
para o embarque Número de ONU:
Endereço Classe ou subclasse de risco:
Tel.: Descrição da classe ou
subclasse de risco:
Grupo de embalagem
Aspecto:
RISCOS
Fogo:
Mínimo 250 mm
Saúde:
Meio ambiente:
EM CASO DE ACIDENTE
Vazamento:
Fogo:
Poluição:
Envolvimento
de pessoas:
Informações
ao médico:
Observações:
5 Mínimo 188 mm 5
56 • capítulo 2
O envelope (figura 2.4) deve ser confeccionado em papel produzido pelo
processo Kraft ou similar, nas cores ouro (pardo), puro ou natural, com grama-
tura mínima de 80 g/m2 e tamanho de 190 mm x 250 mm com tolerância de ±
15 mm. Toda impressão do envelope deve ser na cor preta. A logomarca da em-
presa pode ser impressa em qualquer cor. Não é permitido o uso de etiquetas
no envelope. Pode haver variação na pontuação dos textos, desde que não seja
comprometido o entendimento das informações.
Logotipo do expedidor
e/ou razão social
90 mm±15
Redespacho:
Tranportador: 15 mm
250 mm ±15
OUTRAS PROVIDÊNCIAS
• usar EPI.
• isolar a área afastando os curiosos.
• sinalizar o local do acidente.
• eliminar ou manter afastadas todas as fontes de
ignição.
• entregar a(s) ficha(s) de emergência aos socorros
públicos, assim que chegarem.
• avisar imediatamente ao transportador, ao expedidor
do produto, ao corpo de bombeiros e à polícia.
avisar imediatamente ao(s) órgão(s) ou entidade(s) de
trânsito.
(OUTRAS INFORMAÇÕES JULGADAS NECESSÁRIAS)
Figura 2.11 – Exemplo da frente e do verso do envelope para ficha de emergência, a ser
transportado junto ao motorista, para transporte de produtos perigosos. Sua confecção deve
seguir critérios estabelecidos pela NBR 7.503 (ABNT, 2013). Fonte: http://www.crq4.org.
br/sms/files/image/fichaemergencia.jpg e http://www.inmetro.gov.br/painelsetorial/pales-
tras/GeraldoFontoura.pdf
capítulo 2 • 57
É admitido somente o modelo de envelope conforme critérios da NBR 7.503,
para impressão em gráfica ou impressora de computador. O envelope deve
conter a ficha de emergência apenas do produto acondicionado na unidade de
transporte. No caso de transporte de ácido fluorídrico, o guia de tratamento
médico e o guia para primeiros socorros, previstos na NBR 10.271 (ABNT, 2012),
devem estar também dentro do envelope, acompanhando a ficha de emergên-
cia. O envelope também pode conter laudos técnicos dos produtos, documen-
tos fiscais ou outros documentos relacionados aos produtos transportados.
O envelope deve ser usado para as fichas de emergência com tarja verme-
lha, podendo também ser usado para produto não classificado como perigoso
(ficha com tarja verde). Esta ficha deve conter título, informar as características
do produto; listar as atitudes quanto à segurança pública; e descrever o plano
de ação de emergência (conforme NBR 7.503).
Quando for o caso, o veículo transportador deve portar o conjunto de equi-
pamentos para situações de emergência indicado pela NBR 9.735 (ABNT, 2000)
ou, na inexistência desta, os equipamentos recomendados pelo fabricante do
produto. Exemplos desses equipamentos: equipamentos de proteção indivi-
dual (EPI); equipamentos para sinalização, isolamento da área de ocorrência;
extintores de incêndio.
No caso de você participar da elaboração de rótulos de risco, painéis de sina-
lização de risco, fichas de emergência, também é importante consultar outras
normas e resoluções da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) e
da Associação Brasileira de Normas técnicas (ABNT).
ATIVIDADES
01. Quais os principais aspectos e impactos ambientais de uma Estação de Tratamento
de Esgoto (empreendimento com alto potencial de risco para poluição ambiental) que você
indicaria para o estudo de riscos ambientais?
02. Qual a relação entre estudo de impacto ambiental (EIA) e gerenciamento de ris-
cos ambientais?
58 • capítulo 2
( ) radioatividade.
( ) inflamabilidade de líquidos (vapores) e gases ou líquido sujeito a auto-aquecimento.
( ) emissão de gás devido a pressão ou reação química.
( ) efeito oxidante (favorece incêndio).
( ) inflamabilidade de sólidos, ou sólidos sujeito a auto-aquecimento.
( ) corrosividade.
( ) toxidade.
a) 8, 6, 7, 2, 9, 4, 5.
b) 5, 4, 3, 8, 7, 6, 8.
c) 7, 3, 2, 5, 4, 8, 6.
d) 4, 8, 6, 7, 3, 2, 5.
e) 6, 9, 8, 5, 7, 4, 2.
REFLEXÃO
Neste capítulo, resumidamente você recebeu dicas de como iniciar um levantamento de as-
pectos e impactos ambientais para o gerenciamento de riscos; foi alertado sobre acidentes
severos e acidentes ampliados; familiarizou-se com alguns instrumentos importantes da le-
gislação ambiental, incluindo a classificação de produtos perigosos e; por fim, compreendeu
a importância da identificação dos produtos perigosos e dos veículos que os transportam no
contexto dos planos de emergência e mitigação dos impactos ambientais
LEITURA
ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 7.500 - Identificação para o transporte
terrestre, manuseio, movimentação e armazenamento de produtos, de 19/04/2013.
ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 7.503 - Transporte terrestre de produtos
perigosos - Ficha de emergência e envelope - Características, dimensões e preenchimento, de
10/06/2013.
CETESB - COMPANHIA DE TECNOLOGIA DE SANEAMENTO AMBIENTAL (CETESB). Manual
(P4.261): orientação para a elaboração de estudos de análise de riscos. São Paulo: CETESB,
2003. Disponível em: <http://www.cetesb.sp.gov.br/wp-content/uploads/sites/11/2013/11/P4261-
revisada.pdf>. Acesso em: 01 jun. 2015.
capítulo 2 • 59
DAGNINO, Ricardo de Sampaio; CARPI JUNIOR, Salvador. Risco Ambiental: Conceitos e Aplicações.
Climatologia e Estudos da Paisagem, Rio Claro, volume 2, n.2, julho/dezembro/2007, p.51.
FEPAM - FUNDAÇÃO ESTADUAL DE PROTEÇÃO AMBIENTAL HENRIQUE LUIZ ROESSLER.
Manual de análise de riscos industriais. Porto Alegre: FEPAM, 2001. Disponível em: <http://www.
fepam.rs.gov.br/central/formularios/arq/manual_risco.pdf>. Acesso em 20 jun. 2015.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 9.735 - Conjunto de equipamentos para
emergências no transporte rodoviário de produtos perigosos, de 25 maio 2012 (versão corrigida
2:2014).
ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 7.500 - Identificação para o transporte
terrestre, manuseio, movimentação e armazenamento de produtos, de 19 abr.2013.
ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 7.503 - Transporte terrestre de produtos perigosos
- Ficha de emergência e envelope - Características, dimensões e preenchimento, de 10 juh. 2013.
ANTT - Agência Nacional de Transportes Terrestres. Resolução nº 420, de 12/02/2004. Aprova as
Instruções Complementares ao Regulamento do Transporte Terrestre de Produtos Perigosos. 2004.
ALVES, Antonio Fernando Silveira. Avaliação de riscos ambientais (apostila). Vitória: Editora UNISA,
2015. 107p. Disponível em: <http://unisa.br/conteudos/9123/f1258221175/apostila/apostila.pdf>.
Acesso em 14 jul.2015.
BRASIL. Lei Federal nº 6.938, de 31/08/1981. Dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente,
seus fins e mecanismos de formulação e aplicação, e dá outras providências. 1981.
BRASIL. Decreto Federal nº 96.044, de 18/05/1988. Aprova o Regulamento para o Transporte
Rodoviário de Produtos Perigosos e dá outras providências. 1988.
BRASIL. Lei Federal nº 9.605, de 12/02/1998. Dispõe sobre as sanções penais e administrativas
derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente, e dá outras providências. 1998.
BRILHANTE, Ogenis Magno; CALDAS, Luiz Querino de A. (coord.). Gestão e avaliação de risco em
saúde ambiental. Rio de Janeiro: Editora FIOCRUZ, 1999. p. 155.
CONAMA - Conselho Nacional do Meio Ambiente. Resolução nº 001, de 23 de janeiro de 1986. Diário
Oficial da União, Brasília, DF, 17 fev. 1986. Disponível em: <http://www.mma.gov.br/port/conama/res/
res86/res0186.html>. Acesso em: 30 maio 2013.
CETESB - COMPANHIA DE TECNOLOGIA DE SANEAMENTO AMBIENTAL (CETESB). Manual
(P4.261): orientação para a elaboração de estudos de análise de riscos. São Paulo: CETESB,
2003. Disponível em: <http://www.cetesb.sp.gov.br/wp-content/uploads/sites/11/2013/11/P4261-
revisada.pdf>. Acesso em 01 jun. 2015.
60 • capítulo 2
DAGNINO, Ricardo de Sampaio; CARPI JUNIOR, Salvador. Risco Ambiental: Conceitos e Aplicações.
Climatologia e Estudos da Paisagem, Rio Claro, v. 2, n.2, julho/dezembro/2007, p.51.
FEPAM - FUNDAÇÃO ESTADUAL DE PROTEÇÃO AMBIENTAL HENRIQUE LUIZ ROESSLER.
Manual de análise de riscos industriais. Porto Alegre: FEPAM, 2001. Disponível em: <http://www.
fepam.rs.gov.br/central/formularios/arq/manual_risco.pdf>. Acesso em 20 jun. 2015.
FONTOURA, Geraldo André Thurler. Base normativa: Normas brasileiras para o transporte
terrestre de produtos perigosos. Painel Setorial Inmetro. Disponível em: <http://www.inmetro.gov.br/
painelsetorial/palestras/GeraldoFontoura.pdf>. Acesso em 20 jul. 2015.
IBAMA - Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis. Coletânea de
legislação do direito ambiental federal e do estado de Mato Grosso do Sul. IBAMA, Gerência
Executiva em MS. Campo Grande, MS, 2004.p. 250.
SEMINÁRIO NACIONAL SOBRE DESASTRES AMBIENTAIS. Desastres ambientais. Seminário
realizado em 7 e 8 de novembro de 2000, Brasília: O CONFEA, 2001. p. 424.
capítulo 2 • 61
62 • capítulo 2
3
Introdução a
Análise Qualitativa
e Quantitativa de
Riscos Ambientais
Caro(a) aluno(a), neste capítulo serão introduzidos conceitos, aspectos e fer-
ramentas para análise qualitativa e quantitativa de riscos ambientais. Classes
dos riscos ambientais serão apresentadas para identificação da natureza dos
mesmos, visando facilitar os trabalhos de percepção dos riscos, de análise de
vulnerabilidade e de modelagem ambiental. Aproveitando todo este conteúdo,
discutiremos condutas essenciais para a elaboração e a execução de um plano
de contingência, que definirá o sucesso das ações quando um evento aciden-
tal acontecer.
OBJETIVOS
Após o estudo deste capítulo, espera-se que você seja capaz de:
• Classificar os diferentes riscos ambientais para análise qualitativa;
• Reconhecer e diferenciar acidentes naturais e acidentes tecnológicos;
• Elaborar um estudo qualitativo de riscos ambientais em função da frequência e consequência;
• Apontar fatores de percepção ambiental e princípios de culpa e confiabilidade;
• Explicar os processos de modelagem ambiental e de planos de contingência.
64 • capítulo 3
3.1 Estimativa de riscos ambientais
Como já foi visto nos capítulos anteriores, a identificação dos riscos ambientais
auxilia na previsão de possíveis danos à saúde humana ou aos ecossistemas.
Esta identificação é um dos primeiros passos em estudos de riscos ambientais.
Dentre os diferentes tipos de riscos ambientais é importante classificá-los con-
forme a natureza do risco. Esta classificação faz parte da análise qualitativa dos
riscos ambientais e permite limitar o objeto afetado e os estudos de causa e efeito.
Adicionalmente, avaliar os eventos causadores dos danos ambientais em
função do espaço e do tempo permite uma análise quantitativa dos riscos am-
bientais, sendo importante para a sensibilização das pessoas sobre a relevância
de ações preventivas para evitar a poluição ambiental crônica e a poluição aci-
dental. Pode-se dizer que expressar os riscos em formatos visíveis e quantificá-
veis (através de números, escalas, mapas etc.) é o jeito mais eficiente de expli-
car causas e efeitos dos fenômenos avaliados e de convencer as pessoas sobre a
existência dos riscos e sobre a importância da prevenção.
Riscos
Ambientais
Riscos Riscos
Naturais Antrópicos
capítulo 3 • 65
Riscos naturais são associados a fenômenos e a desequilíbrios da natureza
que atuam independentemente da ação humana. Entretanto, deve-se levar em
consideração que alguns acidentes naturais podem ser iniciados, acelerados
ou intensificados por alguma ação do homem. Em geral, os desastres naturais
são consequência destes riscos naturais, originados por algum fenômeno natu-
ral de grande intensidade, como por exemplo (figura 3.2): chuvas intensas pro-
vocando inundações, erosão e escorregamentos, tornados, furacões, tsunamis,
maremotos, terremotos, vulcanismo etc.
Figura 3.13 – Ilustrações de dois fenômenos naturais associados a riscos ambientais natu-
rais e a acidentes naturais: furacão e terremoto.
LEITURA
O livro Desastres naturais – Conhecer para prevenir é uma ótima dica de leitura para
você se aprofundar sobre riscos naturais e acidentes naturais. O livro digital está disponível
em: <http://www.igeologico.sp.gov.br/downloads/livros/DesastresNaturais.pdf>.
66 • capítulo 3
dengue, febre amarela, picadas de animais, doenças provocadas por vírus e
bactérias, pragas (roedores, gafanhotos etc.), epidemias de gripe etc. Os riscos
associados à flora estão relacionados a doenças provocadas por fungos, pragas,
ervas tóxicas e venenosas etc. Já os riscos físicos são associados aos processos
do meio físico, sendo divididos em 3 grupos: riscos atmosféricos (ar), riscos
geológicos (solo e rocha) e riscos hidrológicos (água).
Do outro lado, na categoria dos riscos antrópicos existe a subdivisão em: ris-
cos sociais e riscos tecnológicos. Os riscos sociais podem ser causados pela socie-
dade ou são riscos com consequências para a sociedade humana, como assaltos,
guerras etc. Já os riscos tecnológicos são aqueles cuja origem está diretamente
ligada à atividade humana (figura 3.3), como vazamentos de produtos tóxicos ou
inflamáveis, radioativos, quedas de aviões, colisão de automóveis etc.
Figura 3.14 – Ilustrações de duas atividades antrópicas associadas a riscos ambientais an-
trópicos e a acidentes tecnológicos: geração de resíduos radioativos e condução de com-
bustível por gasodutos.
capítulo 3 • 67
3.1.2 Estimativa quantitativa de riscos ambientais
68 • capítulo 3
CONCEITO
Erro humano é considerado como ações indesejáveis ou omissões decorrentes de proble-
mas de sequenciamento, tempo, conhecimento, interfaces e/ou procedimentos, que resultam
em desvios de parâmetros estabelecidos ou normais e que colocam pessoas, equipamentos
e sistemas em risco.
capítulo 3 • 69
indústrias, áreas rurais, escolas, hospitais etc); efeitos em diferentes períodos
(diurno e noturno) e respectivas condições meteorológicas, para o adequado
dimensionamento do número de pessoas expostas; características das edifica-
ções onde as pessoas se encontram, de forma que possam ser levadas em con-
sideração eventuais proteções.
CONCEITO
Curva F-N é uma curva referente ao risco social determinada pela plotagem das frequên-
cias acumuladas de acidentes com as respectivas consequências expressas em número de
fatalidades.
70 • capítulo 3
Região 1 Região 2
Aplicar Aplicar
probabilidade probabilidade
0,75 0,25
Fonte de Vazamento
Curva de 50% Curva de 1%
de probabilidade de probabilidade
de fatalidade de fatalidade
Portanto, o número de vítimas fatais para cada um dos eventos finais pode-
rá ser estimado pela equação 3.1.
capítulo 3 • 71
CONCEITO
Flashfire é um incêndio de uma nuvem de vapor em que a massa envolvida não é suficiente
para atingir o estado de explosão. É um fogo extremamente rápido em que todas as pessoas
que se encontram dentro da nuvem recebem queimaduras letais.
Limite Inferior de Inflamabilidade (LII) é a mínima concentração de gás que, mistura-
da ao ar atmosférico, é capaz de provocar a combustão do produto, a partir do contato com
uma fonte de ignição. Concentrações de gás abaixo do LII não são combustíveis, pois, nessa
condição, tem-se excesso de oxigênio e pequena quantidade do produto para a queima. Essa
condição é denominada “mistura pobre”.
Fi = fi . pk . pi (Equação 3.3)
Onde:
Fi = frequência de ocorrência do evento final i;
fi = frequência de ocorrência do evento i;
pk = probabilidade do vento soprar no quadrante k;
pi = probabilidade de ignição.
O número de pessoas afetadas por todos os eventos finais deve ser determi-
nado, resultando numa lista do número de fatalidades, com as respectivas fre-
quências de ocorrência. Esses dados devem, então, ser trabalhados em termos
de frequência acumulada, possibilitando assim que a curva F-N seja construí-
da; através da equação 3.4.
FN = ∑ Fi (Equação 3.4)
72 • capítulo 3
Onde:
FN = frequência de ocorrência de todos os eventos finais que afetam N ou
mais pessoas;
Fi = frequência de ocorrência do evento final i;
Ni = número de pessoas afetadas pelos efeitos decorrentes do evento final i.
O risco individual pode ser definido como o risco para uma pessoa presente na
vizinhança de um perigo, considerando a natureza do dano que pode ocorrer
e o período de tempo em que este dano pode acontecer. Os danos às pessoas
podem ser expressos de diversas formas, embora as injúrias sejam mais difíceis
de serem avaliadas, dada a indisponibilidade de dados estatísticos para serem
utilizados em critérios comparativos de riscos. Assim, o risco individual deverá
ser estimado em termos de danos irreversíveis ou fatalidades.
Este tipo de risco pode ser estimado para aquele indivíduo mais exposto a
um perigo, para um grupo de pessoas ou para uma média de indivíduos presen-
tes na zona de efeito. Para um ou mais acidentes, o risco individual tem diferen-
tes valores. A apresentação do risco individual deverá ser feita através de curvas
de iso-risco, uma vez que estas possibilitam visualizar a distribuição geográfica
do risco em diferentes regiões. Assim, o contorno de um determinado nível de
risco individual deverá representar a frequência esperada de um evento capaz
de causar um dano num local específico.
CONCEITO
Curva iso-risco é uma curva referente ao risco individual determinada pela intersecção de
pontos com os mesmos valores de risco de uma mesma instalação industrial. Também co-
nhecida como “contorno de risco”.
capítulo 3 • 73
n
RIx,y = ∑ RIx,y,i (Equação 3.5)
i=1
Onde:
RIx,y = risco individual total de fatalidade no ponto x,y (chance de fatalidade
por ano (ano-1))
RIx,y,i = risco de fatalidade no ponto x,y devido ao evento i (chance de fatali-
dade por ano (ano-1))
n = número total de eventos considerados na análise.
74 • capítulo 3
Aqui se assume o termo risco como uma medida de perda econômica e/ou
danos à vida humana (neste caso, fatalidades), e seguindo os princípios da de-
finição do risco apresentada no capítulo 1, e é resultante da combinação entre
a frequência de ocorrência de um evento indesejável e a magnitude das perdas
ou danos (consequências). Esta definição de risco permite um cálculo do risco
associado a cada evento danoso (Equação 3.7).
Ri = ∑ Fi . Ci (Equação 3.7)
Onde:
Ri = Risco associado para o evento i
Fi = frequência de ocorrência do evento i
Ci = magnitude da consequência desse evento i
CONCEITO
Para ilustrar de uma forma mais clara estes conceitos e já utilizando os conceitos de risco
individual e social, vejamos este estudo de caso de análise de vulnerabilidade, feito na Cidade
de Cabo Frio (Rio de Janeiro).
Dados de entrada:
150.000 visitantes por ano
150 ocorrências de afogamento por ano
1 morte por afogamento a cada 10 ocorrências
capítulo 3 • 75
Estas análises qualitativas e quantitativas dos riscos ambientais permitem
o diagnóstico e a delimitação de áreas de risco, auxiliando análises de vulnera-
bilidade ambiental. A identificação das vulnerabilidades permite entender as
carências que uma área ou uma comunidade possuem, pois, a abordagem da
vulnerabilidade pode acontecer em diferentes escalas (individual x social) e/ou
a partir de diferentes temas (social x socioambiental). Destaco que a busca por
segurança e por qualidade ambiental é crescente pela população mundial. Para
isso, é preciso conhecer o funcionamento dos fenômenos perigosos e avaliar as
consequências dos mesmos nas áreas de estudo, mas com prioridade nas áreas
mais vulneráveis a desastres ambientais (áreas de risco).
LEITURA
Uma dica de leitura sobre riscos sociais e ambientais é o artigo intitulado por Vulnerabili-
dade socioambiental no estado do Acre: riscos sociais e ambientais na microbacia
hidrográfica do Igarapé Fundo. Disponível em: <http://www.anppas.org.br/encontro5/
cd/artigos/GT11-300-215-20100903164828.pdf>.
Um exemplo bastante visto de áreas de risco, são áreas povoadas (tanto para
fins residenciais quanto comerciais) às margens de rios ou córregos que sofrem
problemas de inundações e alagamentos (figura 3.5). Os danos ambientais, ma-
teriais, econômicos, sociais, patrimoniais, entre outros são muitas vezes imen-
suráveis, dependendo da magnitude da chuva e da inundação. Como são danos
decorrentes de um fenômeno natural, o risco é classificado como risco natural
físico e hidrológico. Contudo, como abordado no item 3.3.1, alguns acidentes
naturais podem ser iniciados ou intensificados por alguma ação antrópica, que
é o caso das frequentes inundações das áreas urbanas.
76 • capítulo 3
Figura 3.16 – Exemplificação de áreas de risco para problemas ambientais relacionados a
inundações e alagamentos.
capítulo 3 • 77
CONCEITO
Cheia ou enchente é o aumento temporário do nível da água no canal de drenagem (cór-
regos ou rios) devido a um aumento na vazão, atingindo a cota máxima do canal, mas sem
transbordamento de água.
Inundação é o transbordamento das águas de um canal de drenagem, atingindo as
áreas marginais (planícies de inundação ou áreas de várzea).
Alagamento é o acúmulo de água nas superfícies de ruas e calçadas, por problemas
de drenagem.
Bacia hidrográfica é uma unidade territorial formada por superfícies vertentes que cap-
tam e drenam a água das chuvas por cursos de água que confluem até resultar em um único
ponto de saída (o exutório da bacia).
Ciclo hidrológico é o movimento contínuo da água, alimentado pela força da gravidade
e pela energia do sol, que provocam a evaporação, a precipitação e a movimentação das
águas entre oceanos, continentes (superfície, solo e rocha) e atmosfera.
Uma das maiores dificuldades nas atividades relativas à gestão de riscos é o en-
tendimento da dinâmica do ambiente com o qual se trabalha e por isso traba-
lhamos bastante com métodos de modelagem ambiental, independentemente
se é um ambiente natural, pouco modificado ou muito alterado. Para se iniciar
uma modelagem ambiental é necessário traçar planos, baseados em fatores de
78 • capítulo 3
percepção de riscos para melhor compreender e gerenciar uma determinada
área.
Entender o processo de percepção de riscos, os conceitos de culpa e confia-
bilidade, e as etapas de uma modelagem ambiental, são etapas essenciais para
elaborar um plano de contingência, que nada mais é do que a representação do
estado de preparação dos atores envolvidos de uma ocorrência acidental.
capítulo 3 • 79
conscientes da vulnerabilidade, o que vai determinar a noção de cautela. Só
para lembrar, vale a pena mencionar novamente que o risco em si não se consti-
tui num desastre, mas sim num fator que propicia a eminência de um desastre.
Para efeito de exemplificação, apresento aqui um roteiro de identificação
de riscos ambientais publicado por Dagnino & Carpi Junior (2007). Trata-se
de uma proposta de estudos preliminares de riscos ambientais bastante in-
teressante, a qual foi desenvolvida pelo Prof. Dr. Oswaldo Sevá Filho, docen-
te da Faculdade de Engenharia Mecânica da Unicamp, e o Dr. Carlos Eduardo
C. Abrahão, médico sanitarista da Coordenadoria de Vigilância Sanitária de
Campinas. Este roteiro consiste no delineamento de 6 situações ambientais ur-
banas que podem oferecer riscos para moradores e trabalhadores na cidade de
Campinas/SP:
1. Situações de acidentes graves: quedas de aeronaves, de balões, de tor-
res altas e linhas de transmissão de alta voltagem; desmoronamentos, desaba-
mentos de edifícios, de pontes e viadutos, de casas, de galpões; vazamentos e
emanações de produtos voláteis, inflamáveis, contaminantes, nuvens tóxicas;
rompimento de tubulações de petróleo ou derivados, e de gás; incêndios, explo-
sões, principalmente envolvendo estoques de compostos perigosos; acidentes
de trânsito com cargas perigosas, inflamáveis, radiativas, e de risco biológico;
2. Ocasiões de chuvas fortes e períodos chuvosos prolongados: afogamen-
tos; o nado forçado e percursos dentro d’água; enxurradas contaminadas com
dejetos, material orgânico, produtos químicos; disseminação de resíduos e
produtos arrastados pela área inundada; vazamentos de fossas por saturação,
extravasamento de valas e de córregos canalizados; deterioração mais rápida de
gêneros, alimentos, embalagens, medicamentos por causa de umidade e mul-
tiplicação de fungos; quedas de postes, fiação, andaimes e tapumes, muros,
telhados;
3. Exposição à atmosfera poluída: emissões e emanações constantes e
picos de aumento, em fábricas, caldeiras e motores diesel de compressores e
geradores (poeiras, material particulado e gases CO; CO2, NOx; SO2; hidrocar-
bonetos, compostos clorados, fluorados, amoniacais), além das vias de maior
tráfego e dos pontos de estacionamento numeroso, garagens, frotas; participa-
ção ou proximidade de acidentes operacionais e de estocagem de produtos quí-
micos contaminantes ou de seus compostos precursores, e de vazamentos de
cargas químicas em veículos ou vagões ferroviários;
80 • capítulo 3
4. Períodos prolongados de calmaria, de secura no ar e de inversão térmi-
ca: menor dispersão de poluentes atmosféricos, maior demanda de água pelos
seres vivos; aumento provável de concentração de gás ozônio nas horas mais
luminosas do dia; acúmulo de poeiras e fumaça em toda a camada baixa da
atmosfera; maior risco de fogo, com propagação mais rápida;
5. Riscos pelo uso e pela ingestão de água contaminada: item que pode ser
dividido em duas partes. A primeira trata da água de poço raso ou meio raso (até
20 m em áreas mais elevadas), e abrange: proximidade de fossas, bota-foras,
pilhas de lixo, sucata e resíduos industriais; proximidade de áreas com aplica-
ção de herbicidas, fungicidas, inseticidas; proximidade de criações de animais.
Observando-se que, mesmo a água de poços profundos e artesianos, 100 m ou
mais deve ter sua composição química e biológica analisada sistematicamen-
te, pois embora a probabilidade de contaminação seja bem menor do que nos
casos acima, ela não é zero, e pode mudar ao longo do tempo, em uma região
com os solos bastante contaminados como a de Campinas, SP. A segunda par-
te desse item trata do caso da água canalizada da empresa de saneamento lo-
cal: as fontes de onde se capta água bruta são o rio Atibaia, em Souzas, ao lado
da via Dom Pedro, pista sentido Campinas (aproximadamente 3.600 L/s) e o
rio Capivari, ao lado da rodovia dos Bandeirantes, sentido SP, após o trevo da
rodovia Santos Dumont (aproximadamente 400 L/s); a poluição dos dois rios
é muito variável, e nunca é zero nesses dois pontos, pois os rios já chegam aí
com um bom volume de esgotos não-tratados, de descargas industriais e com
algum teor de resíduos de agroquímicos. Se o sistema de alerta da companhia
de saneamento não funcionar com precisão, os contaminantes entrarão como
a água bruta nas estações de tratamento de água (ETA), e poderão ser retira-
dos ou não pelos tratamentos adotados. Durante o tratamento, a adição de
produtos químicos também pode atingir dosagens arriscadas de compostos
organohalogenados (de cloro, de flúor etc.); possibilidade de contaminação da
água durante seu trajeto nas adutoras, nos reservatórios dos bairros, nas caixas
d’água residenciais e canalizações internas dos prédios e até nos potes e garra-
fas onde é guardada pelos usuários.
6. Focos de risco sanitário pela proximidade, convivência, ou passagem
eventual em locais explicitamente arriscados: depósitos de entulho, lixo e re-
síduo industrial, atividades de separação e reciclagem ou reaproveitamen-
to; locais com fossas saturadas, valetas e córregos com água servida e esgoto;
capítulo 3 • 81
ribeirões e rios com esgoto bruto, cavas inundadas, lagoas, açudes; especial-
mente pontos de lançamento de grande volume, de coletividades, de indústrias.
Enfim, este roteiro pode ser utilizado como referência para levantamentos
de situações de riscos ambientais, principalmente em ambientes urbanos. Mas
lembre-se que toda abordagem de riscos deve sempre ser adaptada às condi-
ções de cada local estudado.
82 • capítulo 3
após este prazo será atribuída aos responsáveis pelo processo (operador, técni-
co de segurança, proprietário etc.).
Mas qual o sentido da palavra culpa? É necessário culpar algo ou alguém
nos casos de poluição ambiental?
A palavra culpa tem como definições no dicionário popular: ato repreensí-
vel praticado contra a lei ou a moral; falta, crime, delito, pecado. Acidentes ope-
racionais muitas vezes estão associados a atos inseguros, que devem ser ava-
liados para determinação e punição dos culpados, os quais são encaminhados
para programas de reciclagem pessoal ou para demissão, quando for o caso.
No entanto, a culpa ambiental envolve aspectos mais amplos. A culpa no
âmbito do direito ambiental não precisa necessariamente estar relacionada a
um ato contra lei. Para a legislação ambiental, incluindo o direito à qualidade
ambiental para toda coletividade, a culpa está inserida na teoria do risco: aque-
le que através de sua atividade cria um risco de dano para terceiros (pessoas,
animais ou meio ambiente), deve ser obrigado a repará-lo, ainda que sua ativi-
dade e o seu comportamento sejam isentos de culpa. Isto é, uma determinada
empresa pode estar obedecendo todos os limites de poluição legalmente es-
tabelecidos, mas mesmo assim ser responsabilizada pelos danos causados ao
meio ambiente, isto porque sua responsabilidade deriva do risco assumido no
desenvolvimento da sua atividade. Portanto a culpa ambiental não precisa ser
comprovada, uma vez que se comprova a existência do dano e seu nexo causal,
já se configura a responsabilidade por danos ambientais.
capítulo 3 • 83
Fenômeno de Interesse
Observação + Medição
Modelo Conceptual
Modelo Matemático
Pré-processamento
(Modelagem de Resultados)
Calibração e Validação
Mapas, Gráficos e Tabelas Confere com Não
Observação + Medição
Relatório com Mapas, Gráficos e Tabelas, Para Sim
Auxílio em Processo de Tomada de Decisão
LEITURA
Para verificar exemplos da aplicação de modelagem ambiental, vale a pena consultar
A tese de doutorado intitulada por Modelagem ambiental com tratamento de incer-
tezas em sistemas de informação geográfica: o paradigma geoestatístico por indica-
ção. Disponível em: <http://mtc-m05.sid.inpe.br/col/sid.inpe.br/deise/2001/08.03.12.35/
doc/publicacao.pdf>.
A dissertação de mestrado intitulada por Gerenciamento de recursos hídricos em
bacias hidrográficas: modelagem ambiental com a simulação de cenários preserva-
84 • capítulo 3
cionistas. Disponível em: <http://cascavel.cpd.ufsm.br/tede/tde_arquivos/21/TDE-2007-
10-23T190934Z-922/Publico/ANDERSONRUHOFF.pdf>.
• Introdução;
• Estrutura do plano;
• Descrição das instalações envolvidas;
• Cenários acidentais considerados;
• Área de abrangência e limitações do plano;
• Estrutura organizacional, contemplando as atribuições e responsabilida-
des dos envolvidos;
capítulo 3 • 85
• Fluxograma de acionamento;
• Ações de resposta às situações emergenciais compatíveis com os cenários
acidentais considerados, de acordo com os impactos esperados e avaliados no
estudo de análise de riscos, considerando procedimentos de avaliação, contro-
le emergencial (combate a incêndios, isolamento, evacuação, controle de vaza-
mentos etc.) e ações de recuperação;
• Recursos humanos e materiais;
• Divulgação e integração com outras instituições e manutenção do plano;
• Tipos e cronogramas de exercícios teóricos e práticos (simulações), de
acordo com os diferentes cenários acidentais estimados;
• Documentos anexos: plantas de localização da instalação e layout, incluindo
a vizinhança sob risco, listas de acionamento (internas e externas), listas de equipa-
mentos, sistemas de comunicação e alternativos de energia elétrica, relatórios etc.
86 • capítulo 3
As simulações de acidentes são essenciais para nortear e integrar a equipe de
profissionais acionada para atender o acidente e a comunidade. Os exercícios
simulados devem: ter objetivos claros, realísticos e mensuráveis; ser simples
e mais frequentes; contar com pessoal experiente e competente; reconhecer e
gratificar quando um exercício for bem-sucedido e dar feedback aos participan-
tes da simulação. Se você analisar cada acidente severo citado no Capítulo 1
quanto aos planos de contingência, planos de ação de emergência e os tempos
de resposta das ações, pode-se perceber que quanto maior é a demora e maior
é o despreparo dos recursos humanos, maiores são os desastres ambientais.
Conclui-se que todas as fases dos estudos ambientais são importantes, mas
apesar de existir ferramentas de análise e gerenciamento dos riscos ambientais,
os acidentes podem acontecer. Pode-se dizer então que os estudos ambientais
auxiliam a previsão de acidentes e a elaboração dos planos de contingência. Na
prática, uma correta execução dos planos de contingência, em tempo rápido de
resposta é o que determinará o sucesso da mitigação dos impactos do acidente
e da poluição acidental, salvando vidas, ecossistemas (meio físico e meio bióti-
co) e bens materiais.
ATIVIDADES
01. Conforme a classificação dos riscos ambientais, epidemias de doenças são considera-
dos riscos naturais, na subclasse de riscos biológicos. Embora esta classificação esteja cor-
reta, podemos afirmar que algumas epidemias são ocasionadas ou intensificadas por ações
antrópicas. Explique como e exemplifique.
02. Qual é a relação do tempo de resposta do plano de ação de emergência com a magni-
tude dos danos ambientais? Contextualize sua resposta explicando um pouco do caso do pó
da China no Rio de Janeiro (1982).
REFLEXÃO
Neste capítulo você compreendeu a diferença entre acidentes naturais e tecnológicos; foi
introduzido a temas básicos para análise qualitativa e quantitativa de riscos ambientais, in-
cluindo estudos de frequência e consequência; diferenciou os cálculos para determinação
do risco social e do risco individual, inclusive por análise de vulnerabilidade; foi exposto a as-
capítulo 3 • 87
pectos importantes para percepção de riscos ambientais; tratou sobre os princípios da culpa
e confiabilidade; e por fim aprendeu elementos importantes para uma modelagem ambiental
e para a elaboração de planos de contingência.
LEITURA
ALVES, Antonio Fernando Silveira. Avaliação de riscos ambientais (apostila). Vitória: Editora UNISA,
2015. 107p. Disponível em: <http://unisa.br/conteudos/9123/f1258221175/apostila/apostila.pdf>.
Acesso em: 14 jul. 2015.
BRILHANTE, Ogenis Magno; CALDAS, Luiz Querino de A. (coord.). Gestão e avaliação de risco em
saúde ambiental. Rio de Janeiro: Editora FIOCRUZ, 1999. p. 155.
CETESB. Norma técnica P4.261 - Manual de orientação para a elaboração de estudos de
análise de riscos. São Paulo, 2003. p. 122
DAGNINO, Ricardo de Sampaio; CARPI JUNIOR, Salvador. Risco Ambiental: Conceitos e Aplicações.
Climatologia e Estudos da Paisagem, Rio Claro, v. 2, n.2 , julho/dezembro/2007, p.51.
TOMINAGA, Lídia Keiko; SANTORO, Jair; AMARAL, Rosangela do (Organizadores). Desastres
naturais: conhecer para prevenir. São Paulo: Instituto Geológico, 2009. p. 196.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALVES, Antonio Fernando Silveira. Avaliação de riscos ambientais (apostila). Vitória: Editora UNISA,
2015. 107p. Disponível em: <http://unisa.br/conteudos/9123/f1258221175/apostila/apostila.pdf>.
Acesso em 14 jul. 2015.
BRILHANTE, Ogenis Magno; CALDAS, Luiz Querino de A. (coord.). Gestão e avaliação de risco em
saúde ambiental. Rio de Janeiro: Editora FIOCRUZ, 1999. p. 155.
CETESB. Norma técnica P4.261 - Manual de orientação para a elaboração de estudos de
análise de riscos. São Paulo, 2003. p. 122.
DAGNINO, Ricardo de Sampaio; CARPI JUNIOR, Salvador. Risco Ambiental: Conceitos e Aplicações.
Climatologia e Estudos da Paisagem, Rio Claro, v. 2, n.2, julho/dezembro/2007, p.51.
TOMINAGA, Lídia Keiko; SANTORO, Jair; AMARAL, Rosangela do (Organizadores). Desastres
naturais: conhecer para prevenir. São Paulo: Instituto Geológico, 2009. p. 196.
88 • capítulo 3
4
Metodologias para
Estudos de Riscos
Ambientais
Caro(a) aluno(a), neste capítulo você vai estudar as metodologias mais usadas
em análise e avaliação de riscos ambientais: Análise Preliminar de Perigos
(APP), Análise de Perigos e Operabilidade (HAZOP), Análise de Modos de Fa-
lha e Efeitos (AMFE), Análise de Árvore de Falhas (AAF). Também aprenderá as
equações e conceitos necessários para calcular índice de risco de instalações
ou atividades.
OBJETIVOS
Após o aprendizado deste capítulo, espera-se que você consiga:
• Identificar qual a melhor metodologia de análise de risco é melhor a ser aplicada em dife-
rentes casos de estudos ambientais.
• Compreender o processo da árvore de falhas que é bastante útil na compreensão das
causas dos riscos.
• Calcular massa de referência, fator de perigo, fator de distância, salvaguardas e índice
de risco.
90 • capítulo 4
4.1 Técnicas de análise e avaliação de riscos
No meio científico, não existem investigações teóricas nem científicas sem um
processo criterioso e metodológico de classificação, que define as ferramentas
necessárias à seleção e ordenação dos fenômenos que o pesquisador precisa
estudar. Sob esse ângulo, não existe uma só organização social na qual os cri-
térios para todos os tipos de risco tenham já todos sidos estabelecidos. Apesar
disso, todos os conceitos de risco têm um elemento em comum: a distinção
entre realidade e possibilidade. A partir dessa afirmação, temos o compromis-
so de propor metodologias e análises de perigo, ainda não pensadas, para um
melhor gerenciamento de riscos ambientais.
E quais metodologias para estudos de riscos já existem? Como podem ser
aplicadas no contexto dos riscos ambientais?
capítulo 4 • 91
corretivas). A APP pode ser usada apenas como uma etapa preliminar, seguida
de outras ferramentas de análise em um mesmo estudo de riscos ambientais.
Como os estudos de riscos ambientais envolvem conhecimentos em diver-
sas áreas, a equipe responsável pela elaboração da APP deve ser formada por
integrantes de diferentes formações (equipe multidisciplinar), os quais devem
ser mencionados no documento do estudo, com suas respectivas funções no
grupo e na empresa. Preferencialmente, a equipe que realizará a APR deverá
ser composta de: um especialista em análise de riscos, que deve explicar aos
demais membros do grupo como se faz a aplicação da técnica e conduzir as
reuniões; um membro da gerência da planta; um engenheiro de projeto; um
engenheiro ou técnico ligado à produção; um engenheiro de instrumentação;
um técnico envolvido nas rotinas operacionais do setor avaliado; um secretário.
Enfim, a elaboração da APP compreende as seguintes etapas:
Dados demográficos.
REGIÃO Dados climatológicos.
Premissas do projeto.
Especificações técnicas de projeto.
INSTALAÇÃO Especificações de equipamentos.
Layout da instalação.
Descrição dos principais sistemas de proteção e segurança.
92 • capítulo 4
Propriedades físico-químicas.
SUBSTÂNCIAS Características de periculosidade (inflamabilidade, toxicidade
etc).
Ainda no processo de levantamento dos dados para uma APP, pode-se usar
uma planilha simples que relaciona dados gerais sobre cada perigo identifica-
do (um modelo desta planilha é apresentado na tabela 4.2).
CATEGORIA DE OBSERVAÇÕES E
PERIGO CAUSA EFEITO
SEVERIDADE RECOMENDAÇÕES
capítulo 4 • 93
acidentais que têm potencial para causar danos às instalações, aos operadores,
ao público ou ao meio ambiente. Portanto, os perigos referem-se, por exemplo,
a eventos como a liberação de material classificado como perigoso;
• 2ª coluna (Causa): as causas de cada perigo são discriminadas nesta co-
luna. Essas causas podem envolver tanto falhas intrínsecas de equipamentos
(vazamentos, rupturas, falhas de instrumentação etc.) quanto erros humanos
de operação e manutenção;
• 3ª coluna (Modo de detecção): os modos disponíveis na instalação para
a detecção do perigo identificado na primeira coluna devem ser relacionados
nesta terceira coluna. A detecção da ocorrência do perigo tanto pode ser realiza-
da através de instrumentação (alarmes de pressão, de temperatura etc.) quanto
através de percepção humana (visual, odor etc.);
• 4ª coluna (Efeito): os possíveis efeitos danosos de cada perigo identifica-
do são listados nesta quarta coluna. Os principais efeitos dos acidentes envol-
vendo substâncias perigosas, por exemplo, incluem: incêndio em nuvem, ex-
plosão de nuvem, formação de nuvem tóxica;
• 5ª coluna (Categoria de frequência do cenário): no âmbito da APP, um
cenário de acidente é definido como o conjunto formado pelo perigo identi-
ficado, suas causas e cada um dos seus efeitos. Como exemplo de cenário de
acidente possível, podemos exemplificar uma grande liberação de substância
inflamável devido à ruptura de tubulação, podendo levar à formação de uma
nuvem inflamável e tendo como consequência incêndio ou explosão da nuvem.
De acordo com a metodologia de APP adotada, os cenários de acidentes foram
classificados em categorias de frequência, as quais fornecem uma indicação
qualitativa da frequência esperada de ocorrência para cada um dos cenários
identificados, conforme indicado a seguir, na tabela 4.4.
CATEGORIA DE
DENOMINAÇÃO DESCRIÇÃO
FREQUÊNCIA
Cenários que dependem de falhas múltiplas dos sistemas de
proteção e/ou de danos físicos nos equipamentos e estrutu-
A Muito improvável
ras, portanto são extremamente improváveis de acontecerem
durante a vida útil do processo/instalação.
94 • capítulo 4
CATEGORIA DE
DENOMINAÇÃO DESCRIÇÃO
FREQUÊNCIA
Cenários que dependem de uma única falha (ou dos equipa-
C Ocasional
mentos, ou erros humanos).
Tabela 4.10 – Classificação das categorias de frequência dos cenários para APP.
CATEGORIA DE
DENOMINAÇÃO DESCRIÇÃO
SEVERIDADE
I Desprezível Nenhum dano ou danos não mensuráveis.
capítulo 4 • 95
SEVERIDADE
MATRIZ DE RISCOS
I II III IV
E 3 4 5 5
D 2 3 4 5
FREQUÊNCIA C 1 2 3 4
B 1 1 2 3
A 1 1 1 2
LEGENDA
Categorias de frequência Categorias de severidade Categorias de risco
A: muito improvável I: desprezível 1: desprezível
B: improvável II: marginal 2: menor
C: ocasional III: crítica 3: moderado
D: provável IV: catastrófica 4: sério
E: frequente 5: crítico
EXERCÍCIO RESOLVIDO
Este exemplo revela como iniciar uma APP: Considere um processo que utilizará H2S líquido
bombeado. O analista de APP só dispõe da informação de que esse produto será usado no
processo e nenhum outro detalhe do projeto.
O analista sabe que o H2S é tóxico e identifica sua liberação como um perigo. Assim é
necessário levantar as causas que levarão a liberação desta substância perigosa: (1) se o
cilindro pressurizado vazar ou romper; (2) se o processo não consumir todo H2S; (3) se as
linhas de alimentação de H2S apresentarem vazamento ou ruptura; (4) se ocorrer um vaza-
mento durante o recebimento do H2S na planta.
96 • capítulo 4
O analista determina, então, o efeito dessas causas. Nesse caso, havendo liberações
maiores, poderão ocorrer mortes. A tarefa seguinte consiste em oferecer orientação e crité-
rios para os projetistas aplicarem no projeto da planta, reconhecendo cada um dos mecanis-
mos de liberação em potencial significativos. Por exemplo, para o primeiro item, vazamento
no cilindro, o analista poderia recomendar:
capítulo 4 • 97
4.1.2 Análise de perigos e operabilidade (hazop)
OBSERVAÇÕES E
PALAVRA-GUIA PARÂMETRO DESVIO CAUSAS EFEITOS
RECOMENDAÇÕES
98 • capítulo 4
possa ser suficiente para a análise de uma planta pequena. Ressalta-se que uma
equipe com um número maior de integrantes pode diminuir o rendimento dos
estudos. Para a análise de um novo projeto, a equipe pode ser composta por:
engenheiro de projeto; engenheiro de processo; engenheiro de automação; en-
genheiro eletricista; e líder da equipe. Alguns projetos necessitarão da inclusão
de diferentes disciplinas, como, por exemplo, engenheiro civil e farmacêutico-
bioquímico, entre outros. O líder da equipe deve ter experiência na condução
de estudos de HAZOP e que tenha em mente fatores importantes para assegu-
rar o sucesso das reuniões, como: não competir com os membros da equipe, ter
o cuidado de ouvir a todos, não permitir que ninguém seja colocado na defensi-
va, manter o alto nível de energia, fazendo pausas quando necessário.
Embora o objetivo geral consista na identificação dos perigos e problemas
de operabilidade, a equipe deve se concentrar em outros itens importantes
para o desenvolvimento do estudo, tais como:
Como característica deste método, como pode ser visto na tabela 4.7, deter-
minadas palavras-guia são usadas para identificar desvios ou afastamentos da
normalidade. Observe, a seguir, alguns exemplos de palavras-guia, parâmetros
de processo e desvios usados em HAZOP (tabelas 4.8 e 4.9).
capítulo 4 • 99
PALAVRA-GUIA SIGNIFICADO
100 • capítulo 4
PALAVRA-GUIA PARÂMETRO DESVIO
Material errado
Outros Produto Presença de
contaminantes
capítulo 4 • 101
DESVIOS POSSÍVEIS CAUSAS
102 • capítulo 4
vantagem dessa discussão é que ela estimula a criatividade e gera ideias. Essa
criatividade resulta da interação da equipe com diferentes formações.
A melhor ocasião para a realização de HAZOP é a fase em que o projeto se
encontra razoavelmente consolidado, pois o método requer consultas a P&IDs
(diagramas de tubulação e instrumentação), fluxogramas de processo e balan-
ço de materiais, plantas de disposição física da instalação, desenhos isométri-
cos, memorial descritivo do projeto, folha com os dados dos equipamentos,
planos de atividades no caso de operadores fisicamente envolvidos em alguns
processos, diagrama lógico de intertravamentos juntamente com a descrição
completa, entre outros documentos. Nesta fase, o projeto está definido, o que
permite a formulação de respostas expressivas às perguntas do estudo. Além
disso, nesse ponto ainda é possível alterar o projeto sem grandes despesas.
Do ponto de vista de custos, esta análise é ótima quando aplicada a novas
plantas, no momento em que o projeto está estável e documentado, ou para
plantas existentes no caso de necessidade de um remodelamento.
Entre os benefícios resultantes de uma análise HAZOP, podem ser citados:
capítulo 4 • 103
Entre as deficiências, pontos fracos ou dificuldades que podem ser encon-
tradas durante a aplicação do HAZOP, destacam-se:
104 • capítulo 4
CONCEITO
What if é um método de análise geral, qualitativa, cuja aplicação é bastante simples e útil
para uma abordagem em primeira instância na detecção exaustiva de riscos, tanto na fase
de processo, projeto ou pré-operacional, não sendo sua utilização unicamente limitada às
empresas de processo.
EXERCÍCIO RESOLVIDO
Considere, como um exemplo simples, o processo contínuo onde o ácido fosfórico e a amô-
nia são misturados, produzindo uma substância inofensiva, o fosfato de diamônio (DAP).
Se for acrescentada uma quantidade inferior de ácido fosfórico, a reação será incom-
pleta, com produção de amônia. Se a amônia for adicionada em quantidade inferior, haverá
produção de uma substância não perigosa, porém indesejável. A equipe de HAZOP recebe a
incumbência de investigar “os perigos decorrentes da reação”.
Ácido Fosfórico
Nodo 1
B Nodo 2
Amônia C Nodo 3
Fosfato de Diamônio
capítulo 4 • 105
UNIDADE DE PROCESSO: PRODUÇÃO DE DAP (NODO 1)
Observações e
PALAVRA-GUIA Parâmetro Desvio Causas Efeitos
recomendações
Válvula “A” Excesso Fechamento
fechada, de amônia automático da
Estoque de rea- no reator, válvula “B” na
Nenhuma gentes esgotado, Liberação falta de vazão de
NENHUM Vazão
vazão Entupimento de amônia ácido fosfórico
ou ruptura da para área de
tubulação de trabalho.
alimentação.
Válvula “A” parcial- Excesso Fechamento
mente fechada, de amônia automático da
Entupimento par- no reator, válvula “B” no
MENOS Vazão Menos vazão cial ou vazamento Liberação caso de reduzir
na tubulação de de amônia a vazão de ácido
alimentação. para área de fosfórico.
trabalho.
Excesso de
ácido fosfó-
rico degrada
MAIS Vazão Mais vazão o produto.
Nenhum peri-
go para área
de trabalho.
Fornecedor Excesso Sempre verificar
entrega produ- de amônia a concentra-
Ácido fosfó- to com me- no reator, ção do ácido
EM PARTE Vazão rico menos nor concentração, Liberação fosfórico após
concentrado Erro no enchimen- de amônia preenchimento
to do tanque de para área de do tanque.
ácido fosfórico. trabalho.
106 • capítulo 4
mais rigorosa desta análise, realiza-se um sumário do conhecimento de como
um produto ou um processo é desenvolvido, incluindo uma análise de itens
que poderiam falhar, baseado na experiência e em assuntos passados. Assim,
a aplicação da técnica AMFE, em sistemas ou plantas industriais, permite: (1)
analisar como diferentes equipamentos/processos que podem falhar e, (2) defi-
nir melhorias de projetos que irão aumentar a confiabilidade dos sistemas em
estudo, ou seja, diminuir a probabilidade da ocorrência de falhas indesejáveis.
Alguns exemplos de falhas são: falha durante operação (ex.: exaustor para
de funcionar; rompimento de tubulação); falha sob demanda (ex.: bomba de
incêndio não parte; válvula não fecha); atuação indevida (ex.: abertura de válvu-
la de segurança).
Uma variação da AMFE é a AMFEC (Análise de Modos de Falhas, Efeitos e
Criticidade), cuja diferença fundamental consiste em considerar, na análise
das falhas identificadas, uma graduação do nível de criticidade dos efeitos de-
correntes dessas falhas. Portanto, a AMFEC, além dos objetivos e resultados ob-
tidos com a aplicação da AMFE, propicia também a avaliação comparativa das
diferentes falhas identificadas, em termos de importância ou prioridade para a
definição do estabelecimento de modificações ou ações de gerenciamento das
possíveis anormalidades.
A AMFE pode ser utilizada nas etapas de projeto, construção e operação. Na
etapa de projeto, a técnica é útil para a identificação de proteções adicionais,
que possam ser facilmente incorporadas para a melhoria e o aperfeiçoamento
dos aspectos de segurança dos sistemas. Na fase de construção, a AMFE pode
ser utilizada para a avaliação das possíveis modificações que possam ter surgi-
do durante a montagem de sistemas, o que é bastante comum; por fim, para
instalações já em operação, a técnica é útil para a avaliação de falhas indivi-
duais que possam induzir a acidentes potenciais.
Diferente das técnicas descritas anteriormente, a aplicação da AMFE pode
ser realizada por dois analistas que conheçam perfeitamente as funções de
cada equipamento ou sistema, assim como a influência destes nas demais par-
tes ou sistemas de uma linha ou processo. Em sistemas complexos, o número
de analistas é, normalmente, incrementado, de acordo com a complexidade e
especificidades das instalações.
De forma geral, para se garantir a efetividade na aplicação da técnica, de-
ve-se dispor de lista dos equipamentos e sistemas; conhecimento das funções
dos equipamentos, sistemas e planta industrial; fluxogramas de processo e
capítulo 4 • 107
instrumentação (desenhos, P&IDs etc.); diagramas elétricos, entre outros docu-
mentos e informações, de acordo com a instalação ou processo a ser analisado.
Na aplicação da AMFE, devem ser contempladas as seguintes etapas:
Empresa: Unidade:
Referência: Data:
Analistas: Página:
OBSERVAÇÕES E
ITEM COMPONENTE MODE DE FALHA EFEITOS
RECOMENDAÇÕES
Empresa: Unidade:
Referência: Data:
Analistas: Página:
MÉTODOS DE OBSERVAÇÕES E
COMPONENTE MODE DE FALHA EFEITOS SEVERIDADE
DETECÇÃO RECOMENDAÇÕES
108 • capítulo 4
A definição do problema e das condições de contorno deve contemplar a de-
terminação prévia do que efetivamente será analisado; assim, de forma geral,
como elementos mínimos devem ser considerados:
EFEITO SEVERIDADE
A falha não acarreta nenhum dano ou gera um dano não mensurável. 1
A falha não resulta numa degradação maior do sistema, não requerendo a parada
2
do processo.
A falha pode degradar o sistema representando riscos às instalações, pessoas e
3
meio ambiente. Requer a parada programada do processo.
A falha pode produzir severa degradação do sistema, podendo resultar em perdas
e impactos significativos, lesões ou até morte das pessoas expostas. Requer a 4
paralisação do processo em regime emergencial.
EXEMPLO
A figura 4.2 representa, de forma simplificada e esquemática, uma caixa d’água de uso do-
miciliar, para a qual foi desenvolvida uma AMFE, de forma a se estudar as possíveis perdas
decorrentes de falhas de seus componentes.
Válvula de entrada
Bóia
Saída d’água
Reservatório
capítulo 4 • 109
Na sequência, a planilha resultante da aplicação da técnica AMFE para a caixa d’água é
apresentada na tabela 4.15.
110 • capítulo 4
4.1.4 Análise por árvore de falhas (AAF)
CONCEITO
Álgebra Booleana: ramo da matemática que descreve o comportamento de funções lineares
ou variáveis binárias: on/off; aberto/fechado; verdadeiro/falso. Todas as árvores de falhas
coerentes podem ser convertidas numa série equivalente de equações “booleanas”. Para
proceder ao estudo quantitativo da AAF, é necessário conhecer e relembrar algumas defi-
capítulo 4 • 111
nições da Álgebra de Boole. A Álgebra Booleana foi desenvolvida pelo matemático George
Boole para o estudo da lógica.
112 • capítulo 4
SÍMBOLO DENOMINAÇÃO DESCRIÇÃO
capítulo 4 • 113
eventos são definidos a partir de uma hipótese acidental, são reconhecidos
como os riscos mais críticos em função da maior probabilidade de ocorrência,
identificados pelas técnicas APP, HazOp, AMFE etc.);
• Revisão dos fatores intervenientes: ambiente, dados do projeto, exigên-
cias do sistema etc., determinando as condições, eventos particulares ou falhas
que possam vir a contribuir para ocorrência do evento-topo selecionado;
• Construção da árvore de falhas, determinando os eventos que contri-
buem para a ocorrência do evento-topo, estabelecendo as relações lógicas entre
os mesmos;
• Montagem, através da diagramação sistemática, dos eventos contribuin-
tes e falhas levantadas na etapa anterior, mostrando o inter-relacionamento
entre esses eventos e falhas, em relação ao evento-topo. O processo inicia com
os eventos que poderiam, diretamente, causar tal fato, formando o primeiro
nível – o nível básico;
• Seguir esse procedimento para os eventos intermediários até a identifica-
ção dos eventos básicos em cada um dos “ramos” da árvore;
• À medida que se retrocede, passo a passo, até o evento topo, são adiciona-
das as combinações de eventos e falhas contribuintes. Desenhada a árvore de
falhas, o relacionamento entre os eventos é feito através das comportas lógicas;
• Realizar uma avaliação qualitativa da árvore elaborada, dando especial
atenção para a ocorrência de eventos repetidos;
• Através de álgebra Booleana são desenvolvidas as expressões matemáti-
cas adequadas, que representam as entradas da árvore de falhas. Cada compor-
ta lógica tem implícita uma operação matemática, podendo ser traduzidas, em
última análise, por ações de adição ou multiplicação;
• Aplicação das probabilidades ou frequências nos eventos básicos;
• Cálculo das frequências dos eventos intermediários, de acordo com as re-
lações lógicas estabelecidas, ou seja, determinação da probabilidade de falha
de cada componente;
• A probabilidade de ocorrência do evento-topo será investigada pela com-
binação das probabilidades de ocorrência dos eventos que lhe deram origem.
114 • capítulo 4
Um exemplo de estrutura de uma árvore de falhas é apresentado na figura
4.3.
capítulo 4 • 115
EXERCÍCIO RESOLVIDO
A falha catastrófica de uma luminária é: “Falha da luminária em acender”; logo, esse será o
“evento-topo” da árvore de falhas. Considerando que os componentes desse sistema (lumi-
nária) são, de forma simplificada, a lâmpada, o fio, o interruptor e a corrente elétrica.
O analista deve procurar identificar cada uma das possíveis causas (falhas) desses com-
ponentes, de forma a estabelecer uma relação lógica entre elas para subsidiar a elaboração
da árvore de falhas; assim, as possíveis causas (falhas) que podem levar ao evento-topo (fa-
lha da luminária em acender) incluem: (1) falha da lâmpada em ascender: lâmpada queimada
ou não há lâmpada na luminária; (2) falta de corrente elétrica: falha do interruptor, luminária
desconectada do interruptor, não há energia elétrica na tomada; (3) fio cortado; (4) fusível
queimado; (5) não há energia elétrica na residência.
Tomando por base a identificação desses eventos (falhas), podemos estruturar a árvore
de falhas para o evento-topo definido, conforme mostra a f|gura 4.4.
Falha da luminária
em acender
+ +
Falta de
Fio
energia na
cortado
residência
Fusível
queimado
Figura 4.21 – Exemplo de uma árvore de falhas para a falha de uma luminária.
116 • capítulo 4
LEITURA
Uma dica de leitura sobre os métodos APP e HAZOP é a apostila intitulada por Metodolo-
gias de análise de riscos APP e HAZOP. Este material inclusive possui mais exemplos prá-
ticos dos métodos. Disponível em: <http://professor.pucgoias.edu.br/SiteDocente/admin/
arquivosUpload/13179/material/APP_e_HAZOP.pdf>.
IR = FP (Equação 4.1)
FD
Onde:
IR é o índice de risco
FP é o fator de perigo
FD é o fator de distância.
capítulo 4 • 117
O fator de perigo é definido como o quociente entre duas grandezas de mas-
sa (equação 4.2).
FP = MLA (Equação 4.2)
MR
Onde:
FP é o fator de perigo, que representa uma medida da intensidade da fonte
de risco. Quanto maior for a quantidade de material que puder ser liberada aci-
dentalmente, maior será o perigo e, portanto, maior será o risco.
MLA é a massa de substância perigosa liberada acidentalmente (em quilos)
MR é a massa de referência da substância perigosa (em quilos).
CONCEITO
Massa Liberada Acidentalmente (MLA) é a maior quantidade de material perigoso ca-
paz de participar de uma liberação acidental de substância perigosa devido a vazamento ou
ruptura de tubulações, componentes em linhas, bombas, vasos, tanques, etc. ou por erro de
operação ou de reação descontrolada ou de explosão confinada, nas instalações em licen-
ciamento. Na ausência de informações mais precisas, a MLA deve ser considerada como
igual a 20% (vinte por cento) da massa de material estocado ou em processo. Havendo
sistemas de segurança automáticos ou procedimentos que justifiquem o uso de um tempo
de vazamento menor do que o necessário para vazar menos do que 20% (vinte por cento) da
massa do material considerado, a MLA poderá ser estimada com base neste tempo desde
que devidamente justificado. Substâncias perigosas que possam ter origem em outro tipo
de acidente tais como produtos de decomposição em reação descontrolada ou gerados por
combustão devem também ser devidamente considerados.
Massa de Referência (MR) é definida em quilos (kg) para cada substância perigosa
(conferir Apêndice 1 do Projeto de manual de análise de riscos n.º 01/2001 da FEPAM).
Esta massa pode ser entendida como a menor quantidade da substância capaz de causar da-
nos a uma certa distância do ponto de liberação. Ressalta-se que nem todas as substâncias
perigosas possuem massa de referência no apêndice da FEPAM, neste caso, deve-se com-
binar algumas características da substância (pressão de vapor, ponto de fulgor, explosividade
etc.) e na dúvida consultar o órgão ambiental.
118 • capítulo 4
O fator distância é definido como o quociente entre duas distâncias (equa-
ção 4.3).
Onde:
FD é o fator distância em metros
1ª distância é a menor distância entre o ponto de liberação e o ponto de
interesse onde estão localizados os recursos vulneráveis
2ª distância é a distância de 50 metros.
Tabela 4.23 – Classificação das instalações/atividades com base no índice de risco (IR)
capítulo 4 • 119
de risco. O risco industrial está diretamente ligado à intensidade de perigo e
inversamente a quantidade de salvaguarda (equação 4.4).
Recursos Vulneráveis
120 • capítulo 4
Estas equações e classificações sobre o índice de risco descritas neste livro
são da agência ambiental estadual do Rio Grande do Sul, a FEPAM. Pode ser
que outros estados tenham metodologias próprias para classificação das insta-
lações/atividades em categorias de risco.
ATIVIDADES
01. Quais os principais objetivos visados na utilização das técnicas de análises de riscos?
02. Faça uma pesquisa sobre outras metodologias de estudos de análises de riscos que
existem, sem contar com as técnicas explicadas neste livro.
REFLEXÃO
Neste capítulo você se deu conta de algumas metodologias de trabalho a serem usadas em
estudos de riscos ambientais. Além disso, aprendeu a calcular índice de risco e os compo-
nentes de sua fórmula para classificar os riscos de uma instalação ou atividade.
REFLEXÃO
AMORIM, Eduardo Lucena C. Curso completo de análise de risco. Notas de Aula. Maceió, 2013.
Disponível em: <www.ctec.ufal.br/professor/elca>. Acesso em: 30 maio 2013.
BRILHANTE, Ogenis Magno; CALDAS, Luiz Querino de A. (coord.). Gestão e avaliação de risco em
saúde ambiental. Rio de Janeiro: Editora FIOCRUZ, 1999. p. 155.
DAGNINO, Ricardo de Sampaio; CARPI JUNIOR, Salvador. Risco Ambiental: Conceitos e Aplicações.
Climatologia e Estudos da Paisagem, Rio Claro, v. 2, n.2, julho/dezembro/2007, p.51.
FEPAM - FUNDAÇÃO ESTADUAL DE PROTEÇÃO AMBIENTAL HENRIQUE LUIZ ROESSLER.
Manual de análise de riscos industriais. Porto Alegre: FEPAM, 2001. Disponível em: <http://www.
fepam.rs.gov.br/central/formularios/arq/manual_risco.pdf>. Acesso em: 20 jun. 2015.
SEVÁ FILHO, A. O. No limite dos riscos e da dominação: a politização dos investimentos industriais
de grande porte. 1988. Tese (Livre-Docência) – Instituto de Geociências, Universidade Estadual de
Campinas, Campinas, 1988.
capítulo 4 • 121
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALVES, Antonio Fernando Silveira. Avaliação de riscos ambientais (apostila). Vitória: Editora UNISA,
2015. 107p. Disponível em: <http://unisa.br/conteudos/9123/f1258221175/apostila/apostila.pdf>.
Acesso em: 14 jul. 2015.
AMORIM, Eduardo Lucena C. Curso completo de análise de risco. Notas de Aula. Maceió, 2013.
Disponível em: <www.ctec.ufal.br/professor/elca>. Acesso em: 30 maio 2013.
BRILHANTE, Ogenis Magno; CALDAS, Luiz Querino de A. (coord.). Gestão e avaliação de risco em
saúde ambiental. Rio de Janeiro: Editora FIOCRUZ, 1999. p. 155.
CONAMA - Conselho Nacional do Meio Ambiente. Resolução nº 001, de 23 de janeiro de 1986.
Diário Oficial da União, Brasília, DF, 17 fev. 1986. Disponível em: <http://www.mma.gov.br/port/
conama/res/res86/res0186.html>. Acesso em: 30 maio 2013.
CETESB - COMPANHIA DE TECNOLOGIA DE SANEAMENTO AMBIENTAL (CETESB). Manual
(P4.261): orientação para a elaboração de estudos de análise de riscos. São Paulo: CETESB, 2003.
Disponível em: <http://www.cetesb.sp.gov.br/wp-content/uploads/sites/11/2013/11/P4261-
revisada.pdf>. Acesso em: 01 jun.2015.
DAGNINO, Ricardo de Sampaio; CARPI JUNIOR, Salvador. Risco Ambiental: Conceitos e Aplicações.
Climatologia e Estudos da Paisagem, Rio Claro, volume 2, n.2, julho/dezembro/2007, p.51.
FEPAM - FUNDAÇÃO ESTADUAL DE PROTEÇÃO AMBIENTAL HENRIQUE LUIZ ROESSLER.
Manual de análise de riscos industriais. Porto Alegre: FEPAM, 2001. Disponível em: <http://www.
fepam.rs.gov.br/central/formularios/arq/manual_risco.pdf>. Acesso em: 20 jun.2015.
IBAMA - INSTITUTO BRASILEIRO DO MEIO AMBIENTE E DOS RECURSOS NATURAIS
RENOVÁVEIS. Manual de procedimentos para o licenciamento ambiental federal, documento
de referência. Brasília, DF: IBAMA, 2002. Disponível em: <http://www.em.ufop.br/ceamb/petamb/
cariboost_files/manual_20de_20licenciamento_20ibama.pdf>. Acesso em: 20 jun.2015.
SÁNCHEZ, L. E. Avaliação de impacto ambiental: conceitos e métodos. São Paulo, Oficina de
Textos, 2006.
SEVÁ FILHO, A. O. No limite dos riscos e da dominação: a politização dos investimentos industriais
de grande porte. 1988. Tese (Livre-Docência) – Instituto de Geociências, Universidade Estadual de
Campinas, Campinas, 1988.
122 • capítulo 4
5
Prevenção de
Riscos Ambientais
Caro(a) aluno(a), este capítulo apresenta aspectos essenciais para a elaboração
de um plano de gerenciamento de riscos ambientais. Você aprenderá a identi-
ficar e priorizar os riscos conforme os agentes de riscos ambientais Dicas sobre
tratamento de riscos ambientais, reconhecimento e gerenciamento de riscos
ambientais também podem ser encontradas neste capítulo.
OBJETIVOS
Após o estudo deste último capítulo você deverá:
• Reconhecer um gerenciamento de riscos ambientais;
• Definir agentes de risco e sua classificação;
• Analisar o programa de prevenção de riscos ambientais (PPRA);
• Explicar como é feito o tratamento dos riscos no PPRA;
• Definir as etapas de reconhecimento de riscos;
• Reconhecer um fluxograma causal e de prevenção.
124 • capítulo 5
5.1 Gerenciamento de riscos ambientais
para prevenção
Risco
Prevenção Proteção
Gerenciamento do Risco
capítulo 5 • 125
Para que o gerenciamento ocorra, é necessário estruturar conceitualmente
as prioridades conforme a exposição humana e os efeitos na saúde (Figura 5.2).
A exposição humana (número de pessoas) pode ser estimada por volumes de
produção, emissões, concentrações ambientais, entre outros tipos de dados.
Os efeitos na saúde podem ser estimados através de testes de toxicidade, dados
epidemiológicos, entre outros tipos de avaliação e de dados. Entenda a relação
desses fatores e o grau de priorização dos riscos: no caso de um alto grau de
exposição humana e de um alto grau de efeitos na saúde, surge uma alta prio-
ridade para este risco. Já um baixo grau de exposição humana e um alto grau
de efeitos na saúde (ou o contrário, um alto grau de exposição humana e um
baixo grau de efeitos na saúde), caracteriza-se como uma média prioridade. Por
fim, um baixo grau de exposição humana e um baixo grau de efeitos na saúde,
designa uma baixa prioridade.
Exposição Humana
Alta Baixa
Alta Média
Efeitos na Saúde
Alta
Prioridade Prioridade
Média Baixa
Baixa
Prioridade Prioridade
Figura 5.24 – Priorização dos riscos conforme grau de efeitos na saúde e grau de exposi-
ção humana.
126 • capítulo 5
5.1.1 Programa de prevenção de riscos ambientais (PPRA)
CURIOSIDADE
O foco prioritário da NR-9 é o trabalhador, tanto que a definição de riscos ambientais neste
documento é “agentes físicos, químicos e biológicos existentes nos ambientes de trabalho
que, em função de sua natureza, concentração ou intensidade e tempo de exposição, são
capazes de causar danos à saúde do trabalhador”. Não é errado trabalhar com este foco no
gerenciamento de riscos ambientais, entretanto é um equívoco não contemplar riscos refe-
rentes ao meio ambiente nos processos de análise e de gerenciamento de riscos ambientais.
Portanto, o PPRA deve ser abrangente, pode-se deixar o detalhamento sobre os riscos am-
bientais que podem afetar o trabalhador para o Programa de Condições e Meio Ambiente
de Trabalho (PCMAT), estabelecido na NR-18, ou por programas mais específicos como o
PPR (Programa de Proteção Respiratória) ou o PCA (Programa de Conservação Auditiva).
capítulo 5 • 127
A elaboração de um PPRA contemplando os riscos ambientais, no seu senti-
do mais amplo, pode ser dividido em 6 etapas (figura 5.3).
Etapa 1
Política e Introdutória
Etapa 3 Etapa 2
Estrutura Organização
Desenvolvimento Descrição
PPRA Trabalho
PPRA
Etapa 5
Etapa 4
Implementação
Riscos Ambientais
Plano de Ação
Etapa 6
Registro e Metas
PPRA
Figura 5.25 – Exemplo da divisão das etapas para elaboração de uma PPRA para proteção
do trabalhador, do meio ambiente e da população.
128 • capítulo 5
d) periodicidade e forma de avaliação do desenvolvimento do PPRA.
Ressalta-se que pelo menos uma vez ao ano, ou sempre que se julgar neces-
sário, uma análise global do PPRA deve ser efetuada para avaliação do seu de-
senvolvimento e realização dos ajustes necessários e estabelecimento de novas
metas e prioridades. A elaboração, a avaliação e a alteração do documento po-
derão ser feitas pelo Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e em
Medicina do Trabalho (SESMT) ou por pessoa ou equipe de pessoas que, a cri-
tério do empregador, tenham atribuição para tal. Todas as versões do PPRA de-
vem ser apresentadas na Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA),
no caso de existir, conforme recomendação da NR-5. Este documento e suas al-
terações deverão estar sempre disponíveis, de modo a proporcionar o imediato
acesso às autoridades competentes.
A avaliação dos agentes de risco (físicos, químicos e biológicos) é essencial
em um PPRA. Agentes físicos são definidos como “as diversas formas de ener-
gia a que possam estar expostos os trabalhadores, tais como: ruído, vibrações,
pressões anormais, temperaturas extremas, radiações ionizantes, radiações
não ionizantes, bem como o infrassom e o ultrassom”. Agentes químicos são
“as substâncias, compostos ou produtos que possam penetrar no organismo
pela via respiratória, nas formas de poeiras, fumos, névoas, neblinas, gases ou
vapores, ou que, pela natureza da atividade de exposição, possam ter contato
ou ser absorvidos pelo organismo através da pele ou por ingestão”. E agentes
biológicos são “as bactérias, fungos, bacilos, parasitas, protozoários, vírus, en-
tre outros”. Esses agentes possuem uma classificação em categorias conforme
o seu grau de risco (tabela 5.1).
capítulo 5 • 129
GRAU DE CATEGORIA SIGNIFICADO
RISCO
Tabela 5.24 – Classificação das categorias dos agentes físicos, químicos e biológicos con-
forme grau de risco
130 • capítulo 5
valores financeiros. Portanto, dentre os diversos benefícios da adoção deste
plano estão: garantia do bem-estar dos trabalhadores; maior produtividade e
qualidade em função da queda do número de acidentes; redução do número
de processos trabalhistas de indenização; diminuição do absenteísmo e afas-
tamento por doenças do trabalho; diminuição de custo na contratação e trei-
namento de novos funcionários; redução dos custos com monitoramento am-
biental através da adoção de medidas de controle coletivo.
Para finalizar este tópico, algumas considerações gerais sobre o PPRA são
feitas:
LEITURA
Recomenda-se a leitura do PPRA da metalúrgica Albe Ltda Facas Ginete. Disponível em:
<http://www.jfrs.jus.br/sjrs/smaadm/pericias/LA_150.pdf>.
capítulo 5 • 131
análise ou de gerenciamento de riscos ambientais. Este tópico então aborda
considerações gerais sobre PCMSO, PCMAT, SESMT, CIPA e mapa de riscos.
O Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO), previsto
na NR-7, surgiu quando um médico em época de guerra, no século XVII, cha-
mado Bernardino Ramazzini percebeu que muitos soldados ficavam impos-
sibilitados de batalhar ou até mesmo morriam devido a doenças relacionadas
ao trabalho. Este médico incluiu em suas consultas a pergunta “Qual o seu
trabalho?” e então ele percebeu que cada atividade ou função gerava algumas
doenças específicas. Mas o PCMSO não é tão simples como esta pergunta. Este
programa tem o objetivo de promover e preservar a saúde dos trabalhadores,
bem como, prevenir, rastrear e diagnosticar precocemente os problemas de
saúde que os trabalhadores possam desenvolver devido às suas atividades pro-
fissionais, inclusive quando o indivíduo doente não apresenta nenhum sinal
ou sintoma aparente. Segundo a NR-7, o PCMSO é um programa obrigatório a
todas as empresas e instituições que admitem trabalhadores contratados, as-
sim como o PPRA. E também há um padrão e diretrizes mínimas a serem segui-
das. Como foi mencionado anteriormente, o PCMSO e o PPRA são programas
intimamente ligados um ao outro. O médico do trabalho depende do PPRA da
empresa para saber os riscos que cada colaborador está exposto. A NR-7 deter-
mina que a responsabilidade de fornecer as informações sobre os riscos que
os colaboradores estão expostos, ou seja, o PPRA, é do empregador. Acabando,
assim, com a necessidade do médico do trabalho de ir até a empresa e avaliar o
ambiente e processo do trabalho de cada colaborador. O PCMSO deve incluir,
entre outros, a realização obrigatória dos exames médicos admissionais, perió-
dicos, de retorno ao trabalho, de mudança de função e demissionais. Vale des-
tacar que a NR-7 aponta também a necessidade de que todo estabelecimento
esteja equipado com material de primeiros socorros, o qual deve ficar sob os
cuidados de uma pessoa treinada em primeiros socorros.
O Programa de Condições e Meio Ambiente de Trabalho (PCMAT) está esta-
belecido na NR-18. O PCMAT deve garantir, por ações preventivas à integridade
física e à saúde do trabalhador, funcionários terceirizados, fornecedores, con-
tratantes, visitantes etc. Enfim, às pessoas que atuam direta ou indiretamente
na realização de um serviço da empresa. A elaboração do PCMAT se dá pela an-
tecipação dos riscos inerentes às atividades da empresa. De modo semelhante
à confecção do PPRA, métodos e técnicas são aplicados para o reconhecimento,
132 • capítulo 5
avaliação e controle dos riscos encontrados nas atividades e processos laborais.
A partir deste levantamento, são tomadas providências para eliminar, minimi-
zar e controlar estes riscos, através de medidas de proteção coletivas ou indivi-
duais. É importante que o PCMAT também tenha sólida ligação com o PCMSO.
Este programa é elaborado a princípio pelo próprio Serviço Especializado em
Segurança e Medicina do Trabalho - SESMT da empresa ou instituição. Caso o
empregador esteja desobrigado de manter um serviço próprio, ele deverá con-
tratar uma empresa especializada em assessoria em segurança e medicina do
trabalho para elaborar, implementar, acompanhar e avaliar o PCMAT.
O Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e em Medicina do
Trabalho (SESMT) estabelecido pela NR-4 e a Comissão Interna de Prevenção
de Acidentes (CIPA) estabelecida pela NR-5 foram criados como dois grupos
importantes para a garantia da integridade dos trabalhadores. A CIPA é um gru-
po de trabalhadores – que não precisam ser necessariamente especialistas no
assunto – eleito pelos próprios trabalhadores para realizar uma série de ações
para descobrir e identificar os possíveis riscos aos funcionários e eliminar estes
riscos por meio de ações eficazes, baseadas na lei trabalhista. Já o SESMT é um
grupo de especialistas em alguma área de medicina ou engenharia do trabalho
que atua dentro das empresas para garantir a integridade física e mental dos
trabalhadores, durante suas atividades dentro da empresa. Existe um número
mínimo de especialistas do SESMT que devem estar dentro das empresas e este
número é determinado por meio do dimensionamento do SESMT, que é feito
com base no grau de risco da atividade exercida pela empresa, relacionado ao
número de funcionários que ela possui. Estes dois grupos devem trabalhar em
conjunto por um objetivo comum que é evitar que os trabalhadores sofram le-
sões decorrentes do seu trabalho.
Os mapas de riscos são representações gráficas dos riscos presentes em
cada unidade da instalação. São obrigatórios em empresas com grau de risco
e número de empregados que exijam a constituição de uma CIPA. Estes mapas
devem ser fixados nos diferentes ambientes de trabalho e mostrar claramente
todos os riscos ambientais levantados (inerentes ou não ao processo produti-
vo). Os mapas são elaborados pela CIPA em colaboração com o SESMT, quan-
do houver. O mapeamento ajuda a criar uma atitude mais cautelosa por parte
dos trabalhadores diante dos riscos identificados e graficamente sinalizados.
capítulo 5 • 133
Desse modo, contribui para a eliminação ou controle dos riscos detectados,
como também permite a identificação de pontos vulneráveis na sua planta.
No mapa de riscos, círculos de cores e tamanhos diferentes mostram os lo-
cais e os fatores que podem gerar situações de perigo pela presença de agentes
físicos (cor verde), químicos (cor vermelha), biológicos (cor marrom), ergonô-
micos (cor amarela) e mecânicos ou de acidentes (cor azul). Riscos físicos são
provocados por agentes físicos como ruídos, vibrações, radiações ionizantes
e não ionizantes, pressões anormais, temperaturas extremas, iluminação de-
ficiente, umidade etc. Riscos químicos são provocados por agentes químicos
como poeiras, fumos névoas, vapores, gases, produtos químicos em geral, ne-
blina etc. Riscos biológicos são provocados por agentes biológicos como vírus,
bactérias, protozoários, fungos, bacilos, parasitas, insetos, cobras, aranhas etc.
Riscos ergonômicos são provocados por trabalho físico pesado, posturas in-
corretas, treinamento inadequado/inexistente, trabalhos em turnos, trabalho
noturno, atenção e responsabilidade, monotonia, ritmo excessivo etc. Riscos
mecânicos ou de acidentes são decorrentes de arranjo físico inadequado, má-
quinas e equipamentos sem proteção, ferramentas inadequadas ou defeituo-
sas, iluminação inadequada, eletricidade, probabilidade de incêndio ou ex-
plosão, armazenamento inadequado, animais peçonhentos, outras situações
de risco que poderão contribuir para a ocorrência de acidentes. Os símbolos e
cores usados na elaboração dos mapas de riscos são apresentados na figura 5.4.
Observe que o tamanho dos círculos varia de acordo com o tamanho do risco
no local.
Risco Ergonômico
Risco Biológico Médio Risco Físico Médio
Médio
Risco Ergonômico
Risco Biológico Grande Risco Físico Elevado
Elevado
Figura 5.26 – Símbolos e cores para representação dos principais riscos ambientais em ma-
pas de riscos.
134 • capítulo 5
Apenas para exemplificar um mapa de risco de um layout de uma empresa
é apresentado na figura 5.5.
Jardim
Refeitório
Linha de Montagem
Cozinha
Dispensa
Tornearia e Soldagem Depósito
LEITURA
Sugestão de leitura do artigo Mapeamento de riscos ambientais à escorregamentos na
área urbana de Juiz de Fora, MG. Disponível em: <http://www.uel.br/revistas/uel/index.
php/geografia/article/view/6710/6054>.
capítulo 5 • 135
5.2 Estratégias para gerenciamento de
riscos ambientais
Razoavelmente
Inexpressiva Remota Provável
Provável
PROBABILIDADE
Figura 5.28 – Atitudes a serem tomadas sobre os riscos ambientais quando se associa a
probabilidade ao grau de severidade do risco.
136 • capítulo 5
A alta administração (proprietários, sócios, profissionais superiores) pode-
rá determinar seu posicionamento frente aos riscos, considerando seus efeitos,
grau de aversão e resposta, complementada por uma análise de custo-benefí-
cio. As várias alternativas para tratamento dos riscos são descritas abaixo, ini-
ciando-se pelo dilema básico: evitar ou aceitar o risco (tabela 5.2).
Intervir
Ações são tomadas para minimizar a probabili-
ou
dade e/ou o impacto do risco.
Reduzir
capítulo 5 • 137
suas diferenças: (1) Evitar o risco: uma organização decide se desfazer de uma
unidade de negócios; (2) Aceitar e reter o risco: a diretoria da empresa decide
nada investir em melhorias, assumindo que os riscos são toleráveis; (3) Aceitar
e transferir o risco: uma concessionária de energia elétrica identificou e ava-
liou os riscos de falhas naturais com danos elétricos em seus equipamentos
turbo-geradores e de potência de grandes usinas. Após analisar a melhor es-
tratégia a ser adotada no que tange às despesas, constitui-se um seguro destes
equipamentos junto ao mercado, transferindo este risco operacional categori-
zado como de alto impacto e baixa frequência, inerente ao processo de opera-
ção e manutenção; (4) Aceitar e intervir no risco: uma organização financeira
identificou e avaliou o risco de seus sistemas permanecerem inoperantes por
um período superior a três horas e concluiu que não aceitaria o impacto dessa
ocorrência. A organização investiu no aprimoramento de sistemas de autode-
tecção de falhas e de backup para reduzir a probabilidade de indisponibilida-
de do sistema. Além disso, depende também de fatores pessoais (cooperação)
e organizacionais (controle, comunicação, equipamentos e matérias-primas,
ambiente de trabalho) para que o planejamento e a execução do tratamento de
riscos ambientais sejam bem-sucedidos.
138 • capítulo 5
ITEM COMPARADO PPRA PPR
Visa a preservação da saúde Visa o controle de doenças
e da integridade do trabalha- ocupacionais provocadas pela
OBJETIVO dor, através da antecipação, inalação de poeiras, fumos,
avaliação e controle de riscos névoas, fumaças, gases e
ambientais. vapores.
Planejamento anual com o Administração do programa.
estabelecimento de metas, Procedimentos operacio-
prioridades e cronograma. nais escritos.
Estratégia e metodologia Limitações fisiológicas e
de ação. psicológicas dos usuários
ESTRUTURA Forma de registro, manutenção de respiradores.
e divulgação dos dados. Critérios para seleção
Periodicidade e forma de de respiradores.
avaliação do desenvolvimento Treinamento.
do PPRA.
Identificação do risco. Determinar os contaminantes.
Determinação e localização Verificar existência de da-
das fontes. dos toxicológicos.
Identificação das trajetórias Verificar se existe risco poten-
e propagação. cial de deficiência de oxigênio.
Identificação das funções e Medir ou estimar
trabalhadores expostos. a concentração.
RECONHECIMENTO DE RISCOS Dados indicativos de possíveis Determinar estado físico
comprometimentos da saúde. dos contaminantes.
Verificar se pode ser absorvido
pela pele.
Gás e vapor, verificar se
possuem boas propriedades
de alerta.
Estabelecer, implementar e Fornecer respirador apropriado.
assegurar o cumprimento do Ser responsável pelo PPR.
RESPONSABILIDADE DO PPRA, como atividade perma- Permitir que o usuário deixe
EMPREGADOR nente da empresa. a área de risco por qualquer
motivo relacionado com o uso
do respirador.
Colaborar e participar na Usar o respirador conforme
implantação e execução instruções recebidas.
do PPRA. Guardar o respirador enquanto
Seguir orientações recebidas. não estiver em uso.
RESPONSABILIDADE DO Informar ocorrências que Deixar a área de risco, se per-
TRABALHADOR possam implicar riscos à saúde ceber que o respirador não está
dos trabalhadores. funcionando adequadamente.
Comunicar qualquer alteração
em seu estado de saúde ao
responsável.
capítulo 5 • 139
Conclui-se, através dessa análise, que a melhor defesa contra contribuições
indevidas dos riscos ambientais é um PPRA bem feito, que é mais abrangen-
te. Outra dica para efetuar o reconhecimento dos riscos ambientais é fazer um
check list com o levantamento de informações necessárias, por exemplo: a de-
terminação e a localização das possíveis fontes geradoras; trajetórias e meios
de propagação; caracterização das atividades e do tipo de exposição; identifi-
cação das funções e determinação do número de pessoas expostas ao risco; ob-
tenção de dados existentes no lugar; indicativos de possível comprometimento
da saúde decorrentes do trabalho; possíveis danos à saúde relacionados aos
riscos identificados.
Um fluxograma causal é exemplificado na figura 5.7, entenda como funcio-
na o reconhecimento de riscos ambientais usando este fluxograma.
Erro Incidente
Falha Acidente
140 • capítulo 5
Máquinas
Métodos e Processos
Matéria Prima
FALHA
Meio Ambiente
Humana
Políticas
Atitudes
Impróprias
Personalidade
ERRO
Falta de
Treinamento
Falta de
Supervisão
capítulo 5 • 141
Incidentes
Evitabilidade/
Falhas
Expectativa/
Probabilidade
Intenção/
Erros
Acidentes
Erro Incidente
Risco/Perigo
Falha Acidente
Figura 5.33 – Exemplo de fluxograma de prevenção para levantamento de dados para pro-
jeto de gerenciamento de riscos ambientais.
142 • capítulo 5
Após a elaboração do projeto de gerenciamento de riscos ambientais, mui-
tas questões ainda devem ser levadas em consideração para sua implementa-
ção, tais como: aspectos ambientais; conformidade legal; consistência; emer-
gência e gerenciamento dos fornecedores. As três afirmações mais óbvias, mas
igualmente as que mais são esquecidas na hora de se iniciar um projeto, são:
1º Leia a norma cuidadosamente e nos mínimos detalhes, observe os itens
que constam "você deverá";
2º Inicie o processo com base no que você tem e tente ao máximo evitar
a burocracia;
3º Leia a norma em uma das duas línguas oficiais, pois algumas traduções
apresentam problemas.
capítulo 5 • 143
ATIVIDADES
01. Qual a norma regulamentadora (NR) que rege o PPRA e qual o objetivo visado
pela mesma?
02. O que é mapa de riscos, qual seu objetivo e qual a NR que atribui a sua execução?
REFLEXÃO
Neste capítulo você se deu conta sobre aspectos importantes a serem considerados em
projetos de gerenciamento de riscos ambientais. Aprendeu sobre os agentes de risco, classi-
ficação e priorização. Atentou para o uso de documentos de prevenção de riscos ambientais,
como o PPRA. Atentou para como é feito o tratamento dos riscos no programa de prevenção
de riscos ambientais. Aprendeu sobre as etapas de reconhecimento de riscos ambientais e
como usar fluxogramas de causas e de prevenção.
LEITURA
ALVES, Antonio Fernando Silveira. Avaliação de riscos ambientais (apostila). Vitória: Editora UNISA,
2015. p. 107. Disponível em: <http://unisa.br/conteudos/9123/f1258221175/apostila/apostila.
pdf>. Acesso em: 14 jul. 2015.
AMORIM, Eduardo Lucena C. Curso completo de análise de risco. Notas de Aula. Maceió, 2013.
Disponível em: <www.ctec.ufal.br/professor/elca>. Acesso em: 30 maio 2013.
ATLAS. Segurança e Medicina do Trabalho. 52 ed. São Paulo: Equipe Atlas (Ed.). Editora Atlas S.A.,
2003. p. 715. (Manuais de legislação Atlas).
DAGNINO, Ricardo de Sampaio; CARPI JUNIOR, Salvador. Risco Ambiental: Conceitos e Aplicações.
Climatologia e Estudos da Paisagem, Rio Claro, v. 2, n.2, julho/dezembro/2007, p.51.
FEPAM - FUNDAÇÃO ESTADUAL DE PROTEÇÃO AMBIENTAL HENRIQUE LUIZ ROESSLER.
Manual de análise de riscos industriais. Porto Alegre: FEPAM, 2001. Disponível em: <http://www.
fepam.rs.gov.br/central/formularios/arq/manual_risco.pdf>. Acesso em: 20 jun. 2015.
144 • capítulo 5
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALVES, Antonio Fernando Silveira. Avaliação de riscos ambientais (apostila). Vitória: Editora UNISA,
2015.p. 107. Disponível em: <http://unisa.br/conteudos/9123/f1258221175/apostila/apostila.
pdf>. Acesso em: 14 jul. 2015.
MORIM, Eduardo Lucena C. Curso completo de análise de risco. Notas de Aula. Maceió, 2013.
Disponível em: <www.ctec.ufal.br/professor/elca>. Acesso em; 30 maio 2013.
ATLAS. Segurança e Medicina do Trabalho. 52 ed. São Paulo: Equipe Atlas (Ed.). Editora Atlas S.A.,
2003. p. 715. (Manuais de legislação Atlas).
RILHANTE, Ogenis Magno; CALDAS, Luiz Querino de A. (coord.). Gestão e avaliação de risco em
saúde ambiental. Rio de Janeiro: Editora FIOCRUZ, 1999. p. 155.
ETESB - COMPANHIA DE TECNOLOGIA DE SANEAMENTO AMBIENTAL (CETESB). Manual
(P4.261): orientação para a elaboração de estudos de análise de riscos. São Paulo: CETESB, 2003.
Disponível em: <http://www.cetesb.sp.gov.br/wp-content/uploads/sites/11/2013/11/P4261-
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DAGNINO, Ricardo de Sampaio; CARPI JUNIOR, Salvador. Risco Ambiental: Conceitos e Aplicações.
Climatologia e Estudos da Paisagem, Rio Claro, volume 2, n. 2, julho/dezembro/2007, p.51.
FEPAM - FUNDAÇÃO ESTADUAL DE PROTEÇÃO AMBIENTAL HENRIQUE LUIZ ROESSLER.
Manual de análise de riscos industriais. Porto Alegre: FEPAM, 2001. Disponível em: <http://www.
fepam.rs.gov.br/central/formularios/arq/manual_risco.pdf>. Acesso em: 20 jun. 2015.
GABARITO
Capítulo 1
01. F – F – F – V – F
02. Os quatro acidentes nucleares podem ser:
(1) Goiânia, no Brasil, em setembro de 1987, exposição à radiação ionizante, resultou em
4 mortos, 129 contaminados e a geração de 13,4 toneladas de lixo contaminado com Cé-
sio-137.
(2) Chernobyl, na Rússia, em abril de 1986, com explosão em usina nuclear, com missão
de Urânio e 135.000 pessoas evacuadas. O acidente contaminou radioativamente uma área
de aproximadamente 150.000 km² (corresponde a mais de três vezes o tamanho do estado
do Rio de Janeiro), sendo que 4.300 km² possuem acesso interditado indefinidamente. Até
capítulo 5 • 145
180 quilômetros distantes do reator situam-se áreas com uma contaminação de mais de 1,5
milhões de Becquerel por km², o que as deixa inabitáveis por milhares de anos.
(3) A falha de resfriamento pode ser causada por erros humanos, impacto de catástrofes
naturais ou ataques terroristas. Foram falhas de funcionários no caso do acidente da usina
Three Mile Island perto de Harrisburg, Pensilvânia, EUA, que levou à destruição completa do
reator e ao vazamento de substâncias radioativas com mais de 1,6 • 1015 Bq no dia 28 de
março de 1979 (nível 5 na escala INES).
(4) Um terremoto da 8,9 na escala Richter e o subsequente tsunami levou ao acidente
nuclear de Fukushima I (nível 7 na escala INES). A falha de resfriamento fez os níveis de
água nos tanques de arrefecimento baixar, provocando aquecimento dos combustíveis e a
formação de hidrogênio em 4 dos 6 blocos da central. As seguintes explosões destruíram os
prédios e causaram vazamentos em contêineres de segurança com liberação de materiais ra-
dioativos.
Capítulo 2
02. Um Estudo de Impacto Ambiental (EIA) com seu respectivo Relatório de Impacto Am-
biental (RIMA) é obrigatório para todas as atividades potencialmente poluidoras (ou por se-
rem grandes extratores e produtores, ou por manusear produtos e resíduos perigosos) e
um dos itens principais a ser incluído no EIA/RIMA é um estudo de riscos ambientais (por
146 • capítulo 5
exemplo um Estudo de Análise de Risco - EAR) para se trabalhar aspectos relacionados
com a identificação, a prevenção e a mitigação da poluição crônica e da poluição acidental.
03. C
Capítulo 3
01. Os casos de epidemia de cólera por exemplo estão diretamente relacionados a falta de
destinação e tratamento adequado das excretas humanas. Os casos de epidemia de dengue
estão associados a maus hábitos humanos que permitem o acúmulo de água em diversos
locais, criadouros dos vetores.
02. O tempo de resposta a um acidente ou a um episódio de risco está intimamente ligado
a magnitude dos danos associados. Quanto mais demorada a tomada de decisão ou o início
das ações de emergência, mais tempo o fenômeno tem para se espalhar e para fazer efeito.
Um exemplo de um tempo de resposta rápida foi no caso da contaminação com o produto
químico pentaclorofenato de sódio, conhecido popularmente como pó da China. Este epi-
sódio foi reconhecido como uma sequência de erros e negligência quanto aos riscos do
produto, o qual não tinha identificação e nenhuma restrição ou menção de cuidados para
transporte e manuseio. Aconteceu dia 13 de janeiro de 1982 no mercado São Sebastião
no Rio de Janeiro (RJ). Apesar do processo de manuseio e transporte ter sido todo errado,
e dos responsáveis não possuírem planos de contingência, a defesa civil agiu rapidamente,
em tempo suficiente para prevenir o espalhamento da contaminação e evitar uma catástrofe
ambiental com mortes. No total houve 3 mortes dos funcionários que entraram em contato
direto com o produto. O plano de ação da defesa civil neste caso foi muito elogiado e após
este episódio, o Governo Federal percebeu a complexidade que é lidar com produtos perigo-
sos e ordenou a elaboração imediata de normas específicas.
Capítulo 4
01. Os principais objetivos visados na utilização das técnicas de análises de riscos são: (1)
relacionar todos os riscos, avaliando-os qualitativamente e quantitativamente, e (2) implantar
medidas para controlar e eliminar os riscos de acidentes.
02. Outras técnicas que podem ser usadas para estudos de riscos ambientais são:
- Técnica de Incidentes Críticos (TIC);
- What-If (WI);
- Brainstorming;
- Check-List ou Lista de verificações;
capítulo 5 • 147
- Análise de Árvores de Eventos (AAE);
- Análise por Diagramas de Blocos (ADB);
- Análise de Causas e Consequências (ACC);
- Management Oversight and Risk Tree (MORT);
- Análise Comparativa;
- Análise pela Matriz de Interações;
- Inspeção Planejada;
- Registro e Análise de Ocorrências (RAO).
Capítulo 5
01. A NR-9 que rege o Programa de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA). O objetivo
visado pela mesma é o da preservação da saúde e da integridade dos trabalhadores, através
da antecipação, reconhecimento, avaliação e consequente controle da ocorrência de riscos
ambientais existentes ou que venham a existir no ambiente do trabalho, tendo em considera-
ção a proteção do meio ambiente e dos recursos naturais.
02. Mapa de riscos é um mapa constituído de uma vista em planta do ambiente de trabalho,
na qual estão indicados, através de círculos coloridos, os diversos tipos de riscos existentes
naquele ambiente do trabalho. Ele deve ser colocado num quadro e num lugar bem a vista
de todos aqueles que trabalham naquele ambiente. O objetivo deste mapa é indicar todos os
riscos existentes no ambiente de trabalho, de modo a orientar, prevenir e a evitar possíveis
acidentes. O mapa de riscos é atribuído pela NR-5 (Anexo IV).
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