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subjetividade na escola.
Introdução:
A presente proposta tem como objetivo, a partir de uma inquietação pessoal e singular,
apresentar uma alternativa epistemológica e filosófica para a abordagem e o ensino dentro da
sala de aula.
Afrocentricidade: o conceito
As bases dos currículos em todos os níveis, desde o ensino fundamental, até o médio e
propositalmente no ensino superior, possuem estruturalmente um conteúdo eurocêntrico. É
necessário para pensar a educação em todos esses níveis, uma visão menos colonizadora e mais
humana, nesse sentido que a Afrocentricidade enquanto método e alternativa se faz presente
para responder indagações e alargar o limite de uma educação que não pensa a subjetividade
do negro enquanto humano e sujeito histórico. Mas o que define esse método? O que ele
significa? Qual sua base teórica?
Eis, o nosso objetivo, como fundamentar uma educação afrocentrada? Para responder
todas essas perguntas, é necessário caracterizar o que significa afrocentricidade enquanto
conceito. Em Molefi Asante1 na década de 1980 encontramos a primeira teoria, sistematizada,
de uma concepção afrocêntrica. A raiz desse pensamento está no projeto político pan-africanista
que teve início em meados do final do século XIX com W.E.B. Dubois, e se repaginou a partir
da segunda metade do século XX, com os estudos pós-coloniais, autores como Aimé Césaire e
Frantz Fanon, que após a segunda guerra mundial se proporão a discutir e fundamentar um
debate sobre a subjetividade do negro no pós-colonial. Mas foi definitivamente em Asante, que
a afrocentricidade recebeu seu primeiro tratamento teórico sistemático (RABAKA, 2009 apud
NOGUERA, 2010 p.130).
1
Molefi Kete Asante é doutor em comunicação social e professor titular do Departamento de Estudos Afro-
Americanos da Universidade de Temple, Filadélfia, EUA.
2
Ao longo do texto e das referências bibliográficas citadas, o termo africano (s) designa os povos africanos e
suas descendências afro-diásporas.
“Estou fundamentalmente comprometido com a noção de que os
africanos devem ser vistos como agentes em termos econômicos,
culturais, políticos e sociais. O que se pode analisar em qualquer
discurso intelectual é se os africanos são agentes fortes ou fracos,
mas não deve haver dúvida que essa agência existe. Quando ela
não existe, temos a condição da marginalidade – e sua pior forma
é ser marginal na própria história. ” (ASANTE, 2009, p. 95)
A desagência cunhado por Asante é justamente o oposto de ser e se localizar no mundo,
é a ausência de protagonismo em seu próprio mundo. A negação de sua própria história
enquanto humano. A localização determina seu lugar de partida, e a importância da sua
localização psicológica.
Noguera3, alerta para uma reflexão pertinente para pensar as diferenciações propostas,
a relação do que ele descreve e eu concluo como crivo interpretativo da modernidade:
3
Renato Noguera é doutor em filosofia e professor adjunto de Filosofia do Departamento de Educação e
Sociedade (DES), do Programa de Pós-Graduação em Filosofia da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro
(UFRRJ)
estranhamento que esse choque de “ideologias” pode causar, que é necessário para pensar
alternativas. A alternativa é justamente pensar uma relação diferente da que a modernidade
ocidental estabeleceu, nesse sentido que a afrocentricidade se torna opção para uma realidade
distinta, como a da sala de aula, nunca homogênea. Uma concepção que altera a relação
educando e conhecimento e inevitavelmente, sujeito e natureza. E nesse sentido, a natureza não
é reduzida apenas a meio-ambiente ou supermercado de recursos naturais, existe uma
intrínseca ligação e noção de comunidade em torno de uma topologia africana.
4
Aníbal Quijano, sociólogo Peruano que desenvolveu o conceito de “colonialidade do poder”
Como a “racialização” que a colonização promoveu ajuda a pensar particularidades do
presente? A realidade de um negro brasileiro, não foge de uma constante que não mudou,
apenas se adaptou. O racismo, o não-ser que Fanon teorizou5, o não estar que a herança da
colonização deixou. Não deve estar presente na educação, a reflexão afrocêntrica que proponho
a partir de autores do século passado, não é apenas mais uma teoria, é um grito existencial que
a filosofia deve ouvir e desenvolver sobre uma ótica humana, reinventar sentidos a partir de
lugares negros. Uma saída para respeitar uma subjetividade historicamente mutilada.
Conclusão
Referências bibliográficas:
5
Ver “Pele Negras, Mascaras Brancas” de Frantz Fanon.