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HISTÓRIA DO TEMPO PRESENTE

QUEM TRIPUDIA DIREITOS HUMANOS É ANALFABETO POLÍTICO:

Eduardo Martins, um professor de história de Nova Andradina/MS

O primeiro dever do historiador é não trair a


verdade, não calar a verdade, não ser suspeito
de parcialidades ou rancores.
Cícero (106–43 a.C.)

“Os Direitos Humanos só servem para proteger bandido”. É com grande piedade,
pesar e profunda desolação que tenho ouvido pessoas falando esse absurdo
ultimamente. Outro absurdo é constatar que tal fala vem de indivíduos que
inadvertidamente considera os Direitos Humanos coisa de esquerda. Tanto a primeira
fala quanto a segunda, via de regra, é feita pelo mesmo perfil de pessoa; analfabeto
político, aqui me apropriando do conceito elaborado pelo dramaturgo alemão, poeta e
socialista, perseguido pelo nazismo Bertold Brecht: “O pior analfabeto é o analfabeto
político. Ele não ouve, não fala, nem participa dos acontecimentos políticos. Ele não sabe o
custo de vida, o preço do feijão, do peixe, da farinha, do aluguel, do sapato e do remédio
dependem das decisões políticas. O analfabeto político é tão burro que se orgulha e estufa o
peito dizendo que odeia a política. Não sabe o imbecil que, da sua ignorância política, nasce a
prostituta, o menor abandonado, e o pior de todos os bandidos, que é o político vigarista,
pilantra, corrupto e lacaio das empresas nacionais e multinacionais”.

Há 69 anos a ONU decretou para o mundo que “Artigo 3 - Todo ser humano tem
direito à vida, à liberdade e à segurança pessoal”. A edição da Declaração Universal dos
Direitos Humanos, em 10 de dezembro de 1948 teve um propósito histórico, a saber,
demarcar que os seres humanos são redutos de paz e inviolabilidade. Isso se fez
emergente historicamente, pois o mundo acabava de sair de duas Grandes Guerras
Mundiais, um nazi-fascismo e duas bombas atômicas foram explodidas nas cidades
japonesa de Hiroshima e Nagasaki destruindo parte de sua cultura material, mas
sobretudo matando milhares de pessoas indiscriminadamente, tal como mulheres,
crianças e velhos e indefesos.

A Declaração Universal dos Direitos Humanos, nasce, então com o firme propósito
de garantir os Direitos primários e básicos do ser humano que são a dignidade; leia-se,
não pode haver nenhum tipo de discriminação, pois essa Carta Magna garante o
tratamento equinâmine em relação a justiça, da presunção de inocência, até que se prove
o contrário, garante ainda o direito de ir e vir, além de muitos outros Direitos Humanos
que uma pessoa inadvertida faz uso no seu dia a dia e ignora. Também como o direito
da liberdade de expressão, justa remuneração pelo seu trabalho, propriedade privada e
por ai segue conclamando todos os Direitos que as pessoas humanas precisam para bem
viver.

Parece-me que esse velho amigo de 69 anos de idade, anda meio cansado e,
sobretudo desacreditado. A ponto de muita gente achar que ele é um mero instrumento
de bandido ou de esquerdistas. Tanto num caso quanto no outro a ignorância é a mesma,
pois a ONU que publicou essa Lei Maior não defende bandido, muito menos
esquerdista (sem saber muito bem o que significa esse termo muito utilizado em tempos
obtusos).

Gostaria de registrar aqui um momento da história do Brasil em que os Direitos


Humanos foram desacreditados, suspensos e ultrajados me refiro aos 21 anos de
Ditadura civil-militar que golpeou a nação. A cada Ato Institucional decretado os
ditadores militares atacavam mortalmente os Direitos Humanos subjugando assim os
trabalhadores, estudantes, professores, negros, índios, movimentos de lutas no campo,
movimentos LGBT. O absurdo kafkiano e o tiro morteiro na Declaração dos Direitos foi
a publicação da Lei de Segurança Nacional, em 1967, pelo ditador Castelo Branco, por
meio desse documento desumano a sociedade se viu acuada e totalmente entregue aos
poderes truculentos e desproporcional dos militares contra os civis que teimavam em
pensar e propor a volta da democracia.

Se não bastasse essa Lei ditatorial acima citada no ano seguinte em 13 dezembro de
1968, os militares, em um ato de golpe de estado (dentro do golpe), o ditador Castelo
Branco, fechou o Congresso desferiu o mais duro ataque nos trabalhadores e nos
intelectuais brasileiro e nos Direitos Humanos em geral, o Ato Institucional nº 5 (AI 5),
entre tantas desumanidades foi suspenso o habeas corpus, ou seja, o fim total dos
direitos humanos. Sem habeas corpus toda e qualquer acusação e os abusos dos
ditadores e seus aliados civis corriam solta nas prisões, torturas, exílio e assassinatos em
emboscadas armadas pelo regime militar antidemocrático. Segue uma informação de
suma relevância; a saber, a sociedade civil deu ampla cobertura, apoio e base de
sustentação para os ditadores militares agirem de forma desumana. Segue uma listinha
dos comparsas: FIESP, OAB, poderes legislativos municipais e estaduais, poderes
judiciários municipais e estaduais e quase todos os prefeitos e governadores, além de
outras ordens e sobretudo o Partido Político ARENA, esse foi a marionete por 21 anos,
no plano civil, para os ditadores militares cometerem todos os tipos de abusos no
Direitos Humanos. Por isso a historiografia aborda tal temática como ditadura civil-
militar. Cabe o registro aqui de que o partido político MBD, ainda que timidamente,
procurava fazer algum tipo de resistência aos ditadores militares. Com pesar registro
aqui o Poder Judiciário, esse mesmo que caça Lula como um animal feroz tendo na
figura de um policialesco Javert, o personagem da obra “os miseráveis”, sem a honra
dessa emblemática figura imortalizada por Hugo, travestido de toga e chamado de juiz.
Esses mesmos “podres poderes” que disse Veloso fez vistas grossas ao golpe contra
Dilma foi sutilmente conivente com a ditadura desumana militar e dela se valeu! Hoje
repete a dose, vide o aumento de 41,5% em suas remunerações logo após o golpe.

Apesar dos retrocessos nos Direitos por conta da ditadura civil-militar a


Constituição de 1988 trouxe um novo alento ao anunciar no seu preâmbulo que somos
um Estado Democrático, pluralista e sem preconceitos. Tivemos avanços importantes
no respeito à dignidade humana, porém, nos dias atuais uma onda conservadora e
reacionária voltou a assombrar o país, tal qual aconteceu no nazi-fascismo ou na
ditadura civil-militar em que a palavra direitos humanos passou a vista como algo
negativo, pejorativo ou coisa de “esquerdopata”.

Diferente do que muitos desses confundem, os direitos humanos não são uma
agenda de esquerda ou de direita, mas é um pacto mínimo de convivência, baseado nos
valores liberais, lembrando que não há nada mais liberal do que a “mãe” dos Direitos
Humanos, a ONU. Por fim, acreditar que os Direitos Humanos só servem para proteger
bandido é uma atitude de analfabeto político.

Assim concluo esse artigo que teve o objetivo de relembrar os 69 anos da


Declaração Universal dos Direitos Humanos, porém o fiz mostrando a falta que faz a
sua ausência ou a sua supressão. Busquei analisar o que foi a sociedade sem ele em
períodos de guerras e nazi-fascismo e com ele em tempos sombrios de ditaduras e
finalmente uma história do tempo presente apontando que aquele que ignora ou
desdenha dos Direitos Humanos não passa de um analfabeto político.

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