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AS PRATICAS PROFISSIONAIS
E OS MODELOS
'DE ENFERMAGEM
JOÃO MANUEL GALHANAS MENDES
Prof. Adjunto na Escola Superior de Enfermagem de S. João de Deus - Évora
Durante todo este percurso na, universo prestigioso que ceptuais que nos dão indicações
na prática da enfermagem, che- para o leigo conserva o seu muito precisas sobre os concei-
gámos ao mome,nto em que mistério". tos que caracterizam a enferma-
segundo COLLlERE (1989), Foi neste contexto da história gem (cuidados de enfermagem,
emergem duas ideologias distin- da enfermagem que surgiu a pessoa, saúde e ambiente),
tas que serviram de base às aderência das enfermeiras ao assim como as relações que se
questões relacionadas com a modelo bio-médico, dado que estabelecem entre eles porque
identidade profissional; estas rapidamente começaram a isolados não são suficientes para
- a ideologia que se inspira nas desejar um modelo de identifi- caracterizar e esclarecer a con-
motivações profissionais, for- cação muito próximo do mode- tribuição da enfermeira nos çui-
temente ligadas a uma con- lo médico. dados de saúde.
cepção idealizada e baseada Refere no entanto RI BEIRO
em valores tais como voca- (1995), que, de Nightingale a
ção, dever, dedicação, cari- Henderson, a busca da especifi-
nho, caridade. Num estudo de
1967 em que COLLI ERE se
cidade do conteúdo da enfer-
magem sempre atravessou duas 2. os MODELOS
baseou para diferenciar as vertentes essenciais, uma relaci- CONCEPTUAIS
onada com a necessidade de
ideologias refere-se que nesta
um conhecimento e saber técni-
DE ENFERMAGEM
época um terço das enfermei-
ras diz ter escolhido esta pro- cos próprios e a outra com a
Os modelos, segundo STEELE
fissão por ideal. Atraída pela exigência de competências rela-
(1992) podem definir-se como
beleza moral desta actividade cionais, ti das como essenciais:
esquemas estruturais compostos
ou por uma vocação; uma atitude de ajuda e substi-
por conceitos organizados e
tuição do utente.
- a ideologia que deriva da tec- relacionados; são "representaçõ-
nicidade, que se encontra Pensamos ser na junção des- es simbólicas que mostram os
ligada às circunstâncias do tas duas componentes que se aspectos mais simplificados de
desempenho profissional e ao projecta uma prática profissio- um conceito ou de conceitos
crescente interesse por con- nal com autonomia para que o considerados relevantes para a
textos onde os cuidados assu- contributo social e económico medição dos resultados específi-
dos cuidados de enfermagem cos de uma disciplina".
mem grande complexidade
seja relevante para a sociedade. Para PEARSON e VAUG-
como por exemplo cuidados
intensivos, urgências hospita- Defende COLLIERE (1989) HAN (1992) um modelo de
lares e outros. A enfermeira que a chave da evolução da enfermagem é "uma imagem ou
assume-se neste campo como profissão parece ser a clarifica- representação do que a enfer-
uma profissional que domina ção da identidade dos cuidados magem é na realidade, repre-
cada vez mais o corpo de de enfermagem, não só pelo senta a verdadei ra mercadoria
conhecimentos próprios da período do que o enfermeiro é, que é fornecida ao cliente".
medicina. "A ideologia que deve fazer ou se deve tornar, Nem todas as concepções
vem do aspecto técnico do mas principalmente pela identi- s ão modelos conceptuais
ofício representa uma das ficação da natureza, a razão de (KEROUAC, (1994), porque
mais importantes fontes de ser, a significação, a estimativa pelo facto de qualquer enfer-
satisfação". Para a enfermeira social e económica da presta- meira ter uma concepção mais
não importa apenas o saber ção de cuidados oferecida aos ou menos clara do serviço que
fazer, o que lhe agrada é tam- uti Iizadores. presta, não se pode afirmar que
bém utilizar completamente Vários autores de enferma- tenha constituído um modelo
os conhecimentos aprendidos gem como OREM (1971), HEN- conceptual. Foi a necessidade
na escola e acompanhar os DERSON (1969); ROPER (1987) de clarificar a especificidade
doentes que necessitam de entre outros, apontam para dife- dos desempenhos profissionais
muitos cuidados e vigilância. rentes concepções sobre a que levou algumas enfermeiras,
Agrada-lhe acompanhar o enfermagem como formas dife- sobretudo americanas, a elabo-
médico na visita porque assim rentes de conceber um serviço rar modelos conceptuais para a
pode compreender melhor a específico que as enfermeiras profissão.
afecção de que o doente prestam à sociedade. Estes modelos servem de
sofre. A enfermeira "afirma-se Refere KÉROUAC (1994) que guia à prática, à formação, à
assim como uma pessoa qua- quando uma concepção deste investigação e à gestão dos cui-
lificada, que domina o seu tra- tipo é completa e explícita é dadosdeenfurmagem.
balho e que é iniciada numa chamada de modelo con- Segundo ADAM (1994),
ciência complexa, a medici- ceptual. São os modelos con- considera-se modelo con-
as pessoas como seres físicos, A divisão do utente dos ser- meira e o sentimento de mal
também as enfermeiras que o viços de saúde em aparelhos e estar instalado na profissão,
seguem centram a sua activida- órgãos tem resultado num cada sobretudo a partir de meados do
de nas necessidades físicas do vez maior número de especiali- séc. XX e mais concretamente a
doente. zações (RIBEIRO, 1995) o que partir dos anos 60, têm levado
Para PEARSON e VAUGHAN entre nós se tem reflectido nos alguns autores (COLLlERE, 1989;
(1992) as enfermeiras que sucessivos currículos dos Cursos ADAM, 1982; MARRINER,
seguem as orientações deste de Enfermagem e continua a 1989; RIBEIRO, 1995, entre
modelo, valorizam acima de verificar-se nos actuais Cursos outros), a produzir reflexões
tudo a realização das tarefas visí- Superiores de Enfermagem, sobre a enfermagem e sobre a
veis associadas a cuidados físi- assim como nos Cursos de necessidade de se seguirem
cos, às rotinas e pouco ou Especialização em Enfermagem, modelos orientadores para a prá-
nenhum tempo é deixado para os correndo o risco de se poder vir tica, formação e investigação.
aspectos personalizados dos cui- também a verificar nos Cursos
dados. Todos os autores que se de Estudos Superiores Especia-
referem a este modelo lizados em Enfermagem, já que
(COLLlERE, 1989; WATSON, alguns continuam a adoptar o
1989; PEARSON e VAUGHAN, nome de especialidades médi-
1992) apontam como meta privi- cas (Enfermagem médico-cirúr-
legiada a cura da doença e por gica, Enfermagem obstétrica,
isso as enfermeiras que nele se Enfermagem pediátrica etc.).
baseiam também procuram esse O modelo bio-médico tem
resultado. As enfermeiras que tra- sido ultimamente alvo de críti-
balham em unidades onde os cas dos enfermeiros que têm
doentes não podem recuperar ou reflectido sobre enfermagem
restabelecer-se completamente (RIBEIRO, 1995; WATSON,
como sejam as unidades de inter- 1989; COLLlERE, 1989) entre
namento de doentes do foro psi- outros, propondo-se um aban-
quiátrico, em unidades de defici- dono deste modelo na prática
entes físicos, ou com pessoas que profissional e o encaminhamen-
se encontram perante as situaçõ- to para modelos próprios de
es actuais de doença para a qual enfermagem que valorizem a
não se conhece a cura, confron- intervenção profissional orienta-
tam-se permanentemente com a da para o cuidar.
incapacidade de conseguirem O apareçimento de novas
obter resultados positivos a partir doenças, como seja a SI DA, Estes modelos, denominados
dos cuidados que julgam ade- onde a cura ainda não é possí- modelos de enfermagem, apoiam-
quados para a cura. vel e uma nova estrutura da se em teorias sobretudo oriundas
A organização da prática dos população imposta pelo aumen- das ciências sociais e humanas
cu idados nesta perspectiva to da esperança de vida, trouxe- (RIBEIRO, 1995) e têm em comum
reflecte o papel de auxiliar do ram novos problemas a que o uma perspectiva de cuidados cen-
médico, pois a actividade profis- modelo biomédico não respon- trada na pessoa como sujeito activo
sional assenta em cumprimento de (RIBEIRO, 1995). Afirma desses mesmos cuidados e uma
de prescrições, rotinas estandar- mesmo esta autora que nestas relação de parceria entre quem
dizadas e relacionadas com o circunstâncias "o cuidar é um presta e quem recebe cu idados
diagnóstico feito pelo médico, imperativo imposto pela falên- (COLLlERE,1989).
sendo a importância desta activi- cia do tratar devendo estar pre- Todos os modelos em qual-
dade profissional centrada no sente ao longo do tratamento". quer disciplina têm a sua ori-
cumprimento das prescrições gem em teorias e conceitos. Três
médicas. Os cuidados de enfer- grandes teorias são reconheci-
magem segundo STUSSI (1985) das como sendo relevantes para
ficam reduzidos a uma série de a enfermagem (PEARSON e
actividades e de tarefas que
"indiciam que os profissionais de
4. os MODELOS DE VAUGHAN, 1992): a teoria dos
sistemas, a teoria do desenvolvi-
enfermagem perderam a noção
ENFERMAGEM mento e a teoria da interacção.
do seu papel como auxiliares da Alguns modelos centram-se
pessoa ou do grupo social e A análise das práticas profis- principalmente sobre uma des-
mesmo da concepção do sionais na tentativa de clarifica- tas teorias, alguns associam
homem como ser humano" . ção do papel social da enfer- duas delas ou todas as três, mas
todos os modelos incluem em si características: "a unicidade do referida por PEARSON e VAUG-
a essência de todas elas, de indivíduo, o significado e a fina- HAN (1992), quando defendem
uma forma ou de outra. lidade das vidas humanas com que "todos os doentes deviam
Apesar de cada modelo de prioridade sobre as verdades possuir a liberdade de identifi-
enfermagem estar mais Iigado a relativas a todo o universo e ao car as suas próprias necessida-
esta ou àquela teoria, existe no seu funcionamento, e a liberda- des e de decidir como estas
entanto uma perspectiva mais de do indivíduo poder escolher". deveriam ser satisfeitas".
ou menos uniforme que assenta Para o existencialismo esta é a O conceito de autonomia
na visão holística da pessoa, na característica humana de maior não pode no entanto ser inter-
visão humanista da pessoa, na valor, dado que ao indivíduo é pretado de uma forma tão sim-
autonomia de doentes e clientes reconhecida a liberdade para plificada, dado que na prática
e na necessidade de se estabele- poder dirigir a sua própria vida, da prestação dê cuidados a falta
cer uma relação produtiva e escolher os seus pontos de vista de informação dos utentes, a
terapêutica entre os que pres- e comportamentos. situação de saúde ou a proble-
tam cu idados de enfermagem e O existencialismo humanista mática contextual da situação
aqueles a quem são prestados é definido por BEVIS (1978) que poderão estar a viver
(PEARSON e VAUGHAN, como a natural filosofia rnatura- podem ser de tal forma comple-
1992). No entanto, são vários os cional da enfermagem. De facto xas que o utente tem por vezes
autores que apontam para que existem, dentro da filosofia do impedimentos para o exercício
os conceitos chave dos modelos existencialismo hurnanista, mui- dessa mesma autonomia.
sejam: os conceito de pessoa, tas ideias que as enfermeiras Relativamente à problemáti-
de saúde, de ambiente e de debatem actualmente, tais ca da autonomia e da relação
enfermagem. como o valor do ser humano, a entre prestador e receptor de
Alguns dos modelos podem sua unicidade como indivíduo, cuidados (PEARSON e VAUG-
classificar-se segundo o seu a qualidade de vida e a liberda- HAN (1992) referem que a mai-
principal centro de referência de de escolha. or parte dos modelos de enfer-
teórico; a maioria deles em Uma das características da magem preconizam que se deve
representação da complexidade maioria dos modelos de enfer- dar aos utentes o poder de deci-
da enfermagem, incluem ele- magem é a crença de que os direm eles próprios como que-
mentos teóricos que predomi- clientes ou doentes são indiví- rem ser tratados, o que pode ter
nam noutros. Em quase todos duos que têm o direito de ser como consequência o utente
aparecem a i nteracção, o envolvidos nas tomadas de escolher certas maneiras espe-
desenvolvimento, o auto-cuida- decisão esclarecidas sobre si ciais de perfazer as actividades
do, o stress e a adaptação. mesmo e sobre o seu futuro. de vida diária ou de decidir dar
As duas correntes de pensa- Esta crença é frequentemente a responsabilidade das tomadas
mento que estão na base dos chamada de autonomia do indi- de decisão à enfermeira, porque
modelos de enfermagem são o víduo. É desta forma que os não se sente bem e está incapaz
holismo e o humanismo (PEAR- indivíduos têm um papel activo de decidir por si mesmo. Esta
SON e VAUGHAN (1992): o no processo de cu idados. Para última ideia torna-se necessário
hol ismo refere-se ao estudo do isso é necessário que estejam e importante ser valorizada,
organismo como um todo, ou informados sobre si e sobre o porque dar autonomia ao doen-
de sistemas completos. seu futuro e que sejam envolvi- te não significa necessariamente
Subjacentes à visão holística da dos efectivamente nas tomadas que ele seja obrigado a tomar
pessoa existem duas premissas de decisão, dentro do limite das sempre decisões, mas significa
ou crenças básicas: "O indiví- suas competências. apenas que tem o poder sufici-
duo reage sempre como um A crença na autonomia do ente para escolher se quer deci-
todo unificado; o indivíduo, doente/cliente, inerente a mui- dir ele mesmo ou permitir que
como um todo, é diferente de, e tos modelos de enfermagem, os outros decidam por ele.
mais do que a soma das partes". baseia-se no facto de que, se a Verificámos as caracteristicas
PEARSON e VAUHGAN responsabilidade pela vida sã e principais dos modelos de
(1992) associam de forma parti- pelos cu idados de saúde fôr enfermagem, vejamos então
cular o humanismo ao existen- dada ao indivíduo em questão e como se podem estes classificar.
cialismo, quando afirmam que não ao profissional, a saúde e a Existem várias classificações
"a corrente filosófica humanista recuperação têm maior probabi- que derivam essencialmente das
assenta no valor do ser humano, lidade de ocorrer (PEARSON e teorias em que os modelos se
na existência e na qualidade VAUGHAN,1992). apoiam para a explicitação dos
dessa existência". O existencia- Do que foi exposto é lógico seus conceitos chave (homem,
lismo dá primazia ao ser huma- que uma conclusão terá que saúde, ambiente e enfermagem)
no individual e apresenta três sobressair, conclusão que é e das relações entre estes.
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AS PRÁTICAS PROFISSIONAIS E OS IV\ODELOS DE ENFERIV\AGEIV\
QUADRO 1 - Tipo de situações encontradas em alguns Serviços de Saúde que caracterizam a forma
como os enfermeiros estão na profissão
Serviços onde as equi- Os enfermeiros sentem- Neste tipo de condições Como demonstrar que o Organizar o trabalho de
pas seguem o modelo se descontentes com os os enfermeiros estão trabalho que o enfermei- forma a que cada enfer-
biomédico ou seja, cuidados que prestam, descontentes com o que ro realiza é indispensá- meiro esteja mais tempo
centram os cuidados pensam no que poderá fazem e querem mostrar vel e diferente do traba- junto do doente para,
no tratamento da ser feito para melhorar os que têm um papel lho dos outros técnicos. conhecendo-o bem,
doença, no curar, cuidados, comparam o importante na equipa de poder melhorar os
numa parte co corpo que fazem com o que saúde. cu idados que presta e
e não na pessoa na sua sabem que se faz transmitir e discutir com
totalidade, quaisquer noutros serviços ou é os médicos os cuidados
que sejam as razões do ensinado nas escolas e de saúde de que
seu mal estar. querem demonstrar que a pessoa carece.
é possível mel horar os
cuidados de enfermagem
Serviços onde na equí- Os enfermeiros sabem: Estudam vários Como identificar e valo- - Analisar os modelos
pe predominam enfer- - que a sua actuação conceitos rizar o que é feito, em teóricos já divulgados,
meiros que sabem que leva os utentes a senti- de enfermagem, relação ao que os teóri- para o que é indispensável
prestar cuidados de rem-se melhor, a uma o processo cos de enfermagem já aplicá-los, pelo menos
enfermagem é uma mais elevada qualidade de enfermagem clarificaram ou seja, a um número limitado
actividade criativa e de vida, a um maior e modelos teóricos será que se está a segu ir de casos;
científica própria dos bern-estar., e apesar disso não um modelo teórico já - decidir adoptar um
enfermeiros, distinta de - distinguir as suas actu- relacionam o que fazem existente ou um modelo deles;
outros técnicos. ações independentes com os valores, próprio? - utilizar o processo de
das interdependentes, premissas e teorias enfermagem de acordo
perante os problemas do que estão na base com o modelo adoptado.
cliente; da sua prática. Estão
- explicar o como e o descontentes e têm
porquê da sua actuação; dificuldade em explicar
- registar a sua actua- o como e o porquê da
ção, valorizando a for- enfermagem.
ma como comunicam
com o cliente;
- utilizar um raciocínio
lógico
Adaptado de: BASTO, Maria Lima - Cuidados de enfermagem em Portugal. O como e o porquê. p. 77-78
SERVIR-VOl.NO. AS-N°. 1
AS PRÁTICAS PROFISSIONAIS E OS NlODELOS DE ENFERNlAGENl
o primeiro grupo de enfer- to organizacional que não ope- Emergem destas conclusões
meiros desempenha uma activi- racionalizam a enfermagem por duas orientações da prática pro-
dade profissional quase inteira- essa via. fissional: uma mais de acordo
mente dependente da Parecem-nos emergir desta com os pressupostos do modelo
actividade profissional do médi- análise dos cuidados de enfer- bio-rnédico e outra que se enca-
co e as tarefas que não decor- magem duas formas também minha para uma futura prática
rem das prescrições médicas diferentes de conceber a orien- profissional de acordo' com os
são consideradas tarefas meno- tação da prática profissional: modelos de enfermagem, mas
res (cuidados com a higiene, uma orientação para o tratar (na que é o resultado dos discursos
vestir, despir, alimentação etc.) primeira e segunda situação) e das teóricas de enfermagem e
a comunicação decorre das res- uma orientação para o cuidar dos professores e não resu Ita de
tantes tarefas, os registos são (na terceira situação). uma experiência vivida e reflec-
tarefas incómodas e desagradá- Num estudo aprofundado tida.
veis. (tese de doutoramento) sobre o Uma outra autora que anali-
O segundo grupo centra processo de mudança dos com- sou as práticas profissionais das
toda a sua prática numa pers- portamentos profissionais das enfermeiras em Espanha,
pectiva do modelo bio-rnédico enfermeiras, FRADE (1995) che- ALBERDI CASTELL (1988), dis-
e os enfermeiros consideram gou à conclusão de que "as tinguiu três formas diferentes de
uma utopia orientar a activida- perspectivas das enfermeiras perceber a profissão em resulta-
de profissional segundo um sobre o seu trabalho inclui um do da existência de perspectivas
modelo de enfermagem. conflito de papéis, de funcioná- de exercício profissional muito
No grupo restante, os enfer- ria e de profissional. Este último distintas: «as enfermeiras cuida-
meiros estão em condições de papel, simbolizado pelo discur- doras; as enfermeiras tecnológi-
guiar a actividade profissional so profissional utilizado por teó- cas e as enfermeiras ATS (auxili-
de acordo com um modelo de ricas de enfermagem e por pro- ares técnicas de saúde). Os
enfermagem, uma vez que fessoras. Como funcionárias as dados estão agrupados num
entendem a natureza dos cuida- enfermeiras actuam essencial- quadro que apresentamos a
dos de enfermagem e provavel- mente de acordo com os valo- seguir, para que melhor se dife-
mente será mais por um contex- res dos médicos". renciem as ideias da autora.
TAXINOMIA
ENFERMEIRAS CUIDADORAS ENFERMEIRAS TECNOLÓGICAS ENFERMEIRAS ATS
ELEMENTOS
OBjEGIVO A satisfação das necessidades do doente Conseguir o diagnóstico e o tratamento O maior rendimento do trabalho do
DO TRABALHO mais eficaz. médico,
ÁREA DE AGUAÇÃO - Enfermarias gerais. - Cuidados intensivos. - Qualquer área onde o médico
MAIS ADEQUADA - Serviços de saúde pública. - Urgências. necessite de ajuda.
- Enfermarias de doentes crónicos - Bloco operatório.
- Serviço de queimados.
ÁREAS DE FORMAÇÃO Especializações baseadas nas necessida- Especializações de acordo com Modelo de formação que mais se asse-
PÓS-BÁSICA des do indivíduo ao longo do ciclo vital. as especializações médicas. melha ao modelo de formação médica,
FINALIDADE DO DISCURSO - Formular claramente uma identidade - Definir áreas de responsabilidade Nota:
PROFtSSIONAL diferenciadora, redefinindo as áreas de actuais. As enfermeiras ATS ao conceberem-se
responsabilidade actuais. - Assumir as novas áreas de actuação como ajudantes não necessitam definir o
- Demonstrar a necessidade do seu con- que surgem à volta do diagnóstico e seu contributo específico nos cuidados
tributo específico para o sistema de do tratamento, adaptando as funções de saúde.
saúde. da enfermeira a essas especialidades.
Adaptado de: ALBERDI CASTELL, Rosa 'Maria - Sobre las conceptiones de la enfermeria. p. 25-30