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A família que viveu isolada na Sibéria por 42 anos sem saber da 2ª


Guerra Mundial e da viagem à Lua
Por BBC

De 1936 a 1978, os Lykov sobreviveram longe da civilização, após fugirem das patrulhas
comunistas que estavam matando cristãos ortodoxos no país.

A família Lykv levava uma vida bastante primitiva e repleta de privações (Foto: Wikicommons)

Durante mais de quatro décadas, a família Lykov viveu completamente isolada da civilização em
meio à neve do sul da Sibéria, na Rússia, para fugir da morte pelas mãos do regime soviético.
Foi assim que, vivendo sem rádio ou televisão, Karp, Akulina, Savin, Dmitriy, Natalia e Agafia
nunca tomaram conhecimento dos horrores da 2ª Guerra Mundial ou da chegada do homem à Lua.
Sua existência só foi descoberta em 1978, quando quatro geólogos que exploravam a região de
helicóptero avitaram primeiro o jardim dos Lykov e, depois, a cabana de madeira onde moravam há
42 anos.
Até então, não havia qualquer registro de atividade humana naquela área, e o assentamento mais
próximo ficava a 200 km de distância.
"Quando nos aproximamos da cabana, um senhor com uma barba comprida saiu um pouco
assustado. Era Karp, o pai", disse a geóloga Galina Pismenskaya ao jornalista russo Vasily Peskov,
que revelou a história em 1994 no livro Perdidos na Taiga.
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Guerra Mundial e da viagem à Lua
"Nós o cumprimentamos, mas não fomos correspondidos de imediato. Depois de alguns minutos,
ele disse: 'Se vieram de tão longe, é melhor que entrem."

'Velhos crentes'
Pouco a pouco, os geólogos começaram a interrogar os membros da família para saber como
haviam chegado até ali e, principalmente, como haviam sobrevivido ao rigor do clima siberiano por
tanto tempo.
Logo nos primeiros intercâmbios de histórias, o que mais chamou atenção da família foi uma caixa
que os geólogos levaram para a cabana: era uma televisão.

Geólogos descreveram o interior da cabana de madeira e sem janelas onde os Lykov moravam
como 'medieval' (Foto: Wikicommons)

De acordo com o relato de Peskov ao jornalista britânico Mike Dash na revista Smithsonian
Magazine, por causa do isolamento, os Lykov haviam se esquecido um pouco do idioma russo que
falavam quando abandonaram a civilização.
Depois de várias visitas e conversas não só com Karp, mas também com outros membros da
família, os geólogos conseguiram saber o motivo que os levou àquele lugar.
Karp e sua mulher, Akulina, eram o que se chama na Igreja Ortodoxa Russa de "velhos crentes",
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cristãos partidários de ritos e da liturgia mais antiga.
Os "velhos crentes" não aceitavam as profundas mudanças que haviam ocorrido em sua igreja em
1654 com a chamada Reforma de Nikon. Por isso, foram perseguidos não só pelos czares, mas
também pelo regime comunista que se instalou no país a partir de 1917.

Agafia (esq.) é a única sobrevivente da família; sua irmã Natalia faleceu em 1981 (Foto:
Wikicommons)
Essa perseguição chegou a Karp e Akulina em 1936. O homem narrou como eles decidiram fugir
após uma patrulha bolchevique atirar em seu irmão quando eles trabalhavam nos arredores da
cidade onde viviam no sul da Rússia.
Com sua mulher e os filhos que tinham até o momento (Savin e Natalia), ele pegou alguns
pertences, vários tipos de sementes que tinha guardados e submergiu nas profundezas da taiga, o
bosque de árvores e neve siberiano.
Ali, começaram uma nova vida, longe das patrulhas que queriam executá-los por suas crenças e
isolados de tudo que acontecia no restante do mundo.
Nesse tempo, ocorreu a 2ª Guerra Mundial, o assassinato do presidente americano John F. Kennedy,
a chegada do homem à Lua. Enquanto isso, a família se dedicava a ler a Bíblia, a semear e caçar sua
própria comida e a fazer roupas a partir de peles de animais.
Nesse lugar inóspito, a família cresceu conforme o casal teve mais dois filhos: Dmitriy e Agafia.
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Guerra Mundial e da viagem à Lua

Luta pela sobrevivência


A maioria das reservas de petróleo e gás natural da então União Soviética - e, hoje, da Rússia -
repousam sob o solo siberiano. Os quatro geólogos buscavam um novo local de exploração quando
avistaram a cabana dos Lykov e mudaram de planos.

A maioria dos membros da família morreram poucos anos depois de serem encontrados (Foto:
Wikicommons)
A descoberta gerou uma comoção nacional, segundo Peskov. As pessoas queriam saber como uma
família havia conseguido chegar e, sobretudo, sobreviver ali sem que o inverno russo a aniquilasse.
Não foi fácil. Os testemunhos dos cinco membros restantes da família (Akulina havia morrido em
1961), registrados por Peskov, dão conta de uma luta pela sobrevivência sem as ferramentas
adequadas.
Para comer, contavam apenas com os alimentos que cresciam a partir das sementes trazidas com
eles e com os animais que caçavam, muitas vezes com os pés descalços, até mesmo no inverno.
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A família que viveu isolada na Sibéria por 42 anos sem saber da 2ª


Guerra Mundial e da viagem à Lua
"Sua vida era bastante primitiva, especialmente porque não podiam substituir as ferramentas que
haviam levado em sua fuga em 1936", explicou Dash.
Por quase uma década, eles viveram o que chamaram de "anos de fome", quando tinham de decidir
se comiam o que havia resistido às pragas e aos animais selvagens ou se deixavam algumas
sementes para cultivá-las no ano seguinte.
Em certa ocasião, tiveram de comer o couro de seus sapatos e se vestir com as peles de ursos e
outros animais que matavam.
As condições extremas também haviam feito com que se mudassem para cada vez mais longe dos
centros urbanos e pequenos vilarejos - e essa foi a principal razão de tal isolamento.

Mortes seguidas
Segundo Peskov, o interior da cabana onde a família vivia parecia medieval: as vasilhas eram feitas
com madeira, o chão era forrado com folhagens do bosque, e as paredes não tinham janelas, porque
não havia vidro para protegê-los do frio.
Foi por meio da televisão trazida pelos geólogos que eles se deram conta de tudo que havia ocorrido
do mundo naquele tempo, dos horrores da guerra aos avanços da ciência, entre muitas outras
mudanças da vida cotidiana.
Quando souberam da existência de satélites, compreenderam o que tinham visto no céu, mas não
conseguiam explicar: "Ah, essas são as estrelas que pareciam girar cada vez mais rápido".
A princípio, a única coisa que a família recebeu dos geólogos foi sal. "Foi uma tortura viver por
todos esses anos sem isso", disse o patriarca, que, a não ser por isso, pretendia continuar a levar a
mesma vida.
Mas foi inevitável retomar o contato com as localidades mais próximas. Os Lykov começaram a
receber cada vez mais coisas e também se renderam à magia da televisão.
Ainda que Peskov e Dash digam que o que se passou a seguir não se deveu ao contato com a
civilização, três dos cinco integrantes da família morreram em 1981 por causa de diferentes
doenças.
Dmitry e Natalia desenvolveram uma infecção nos rins - devido à limitada dieta que levaram por
anos -, e Savin não resistiu a uma pneumonia causada por uma infecção. Por sua vez, Karp morreu
em 1988.
A única sobrevivente, Agafia, decidiu ficar longe das cidades, como lhe ensiram seus entes
queridos. Ela queria morrer no mesmo lugar onde havia aprendido a viver.

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