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Usando como base dados do aplicativo Fogo Cruzado, os dois meses pré-intervenção (janeiro e
fevereiro) tiveram 1.299 tiroteios no Estado do Rio de Janeiro. Nos dois meses seguintes ao
decreto (março e abril), o número aumentou para 1.502 trocas de tiros.
"Quando a gente compara o que aconteceu no Rio de Janeiro nos últimos dois meses, sob
intervenção, com o que havia antes, que foi o que a justificou, a gente percebe que as condições
de segurança e criminalidade se mantiveram em um nível tão alto como o que estava antes ou
pioraram como no caso dos crimes contra o patrimônio e dos roubos de rua", destacou Silvia
Ramos, coordenadora do Observatório da Intervenção.
Mais chacinas
De acordo também com os dados do aplicativo Fogo Cruzado, os meses de março e abril do ano
passado registraram seis chacinas com 22 vítimas. Este ano, nos mesmos meses, foram 12
chacinas com 52 mortos. Os pesquisadores usaram o termo "chacina" para eventos que contaram
com 3 ou mais mortos.
Já segundo a coleta de dados divulgados pela imprensa e pelo Comando Militar do Leste, desde
o começo das ações coordenadas pelos militares 70 operações aconteceram, envolvendo mais de
40 mil agentes. Durante essas ações, 25 pessoas morreram, 140 armas foram apreendidas, sendo
77 pistolas, 42 fuzis, 20 revólveres e uma espingarda.
Vigilância
O Observatório da Intervenção é formado por pesquisadores e entidades da sociedade civil que
procuram identificar, analisar e divulgar os impactos da Intervenção Militar na segurança pública
do Rio de Janeiro. O laboratório faz parte do Centro de Estudos de Segurança e Cidadania
(Ceseg) da Universidade Cândido Mendes e conta com entidades apoiadoras como a Defensoria
Pública, o Ministério Público Federal e a Anistia Internacional.
O relatório também questiona a falta de transparência dos dados divulgados sobre a intervenção
na segurança. Os pesquisadores afirmam que faltam informações sobre o custo das operações e
sobre metas a serem atingidas.
“É muito preocupante que a gente veja o aprofundamento de um modelo de política de
segurança pública que não reduz a violência, que a gente sabe que não dá certo, que vai custar
muito caro, que não tem transparência e que vai resultar em mais violações de direitos humanos",
destacou Renata Neder, coordenadora de pesquisas da Anistia Internacional no Brasil. Ela
também citou os efeitos da militarização da segurança pública no México, que viu um
crescimento no número de alguns tipos de crimes.
Questionado sobre o relatório, o Gabinete de Intervenção Federal afirmou ao G1 que está
dedicado aos objetivos estabelecidos de diminuir progressivamente os índices de criminalidade e
fortalecer as instituições da área de segurança pública do Estado do Rio de Janeiro. Ainda
segundo ele, medidas emergenciais e estruturantes estão sendo tomadas e serão observadas ao
longo do período previsto de intervenção.
O governador Luiz Fernando Pezão disse que não tinha informações sobre o relatório. "Depois
de ver a gente comenta. Só hoje recebi aqui o informe de que a gente já apreendeu só este ano 90
fuzis. Isso não é trivial. Então, é um trabalho grande, um trabalho imenso, a gente tem de cada
vez mais valorizar o trabalho dos nossos policiais”.