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Hélio Manhique
1. INTRODUÇÃO
A presente monografia científica corresponde a um trabalho de investigação no âmbito do
curso de Gestão Desportiva, leccionado na Faculdade de Educação física e Desporto,
elaborado sob orientação do Prof. Doutor Vicente Tembe.
Entre as instituições com as quais a faculdade tem protocolos, optamos por realizar o
nosso estudo nos jovens e adolescentes de várias escolas da cidade de Maputo com o
apoio dos professores de Educação Física bem como dos nossos colegas da Faculdade. A
nossa escolha deve-se ao intercâmbio existentes com estes profissionais do desporto bem
como a facilidade na recolha de informações para o nosso estudo.
Causas do Abandono dos Jovens da Prática de Basquetebol Competitivo em Maputo. Monografia sob orientação do Prof. Doutor Vicente Tembe,
apresentada à Universidade Pedagogia-FEFD com vista a obtenção do titulo de licenciatura em Gestão do Deporto. Maputo, 2013.
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Causas do Abandono dos Jovens da Prática de Basquetebol Competitivo em Maputo. Monografia sob orientação do Prof. Doutor Vicente Tembe,
apresentada à Universidade Pedagogia-FEFD com vista a obtenção do titulo de licenciatura em Gestão do Deporto. Maputo, 2013.
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Carmo et. al (2009) relacionam os motivos mais comuns que levam os jovens a
abandonarem o desporto, que são : pressão externa (técnico, pais), lesões, stress de
competição e treinamento excessivo.
Questiona-se então: seriam realmente estes factores responsáveis pela desistência de
atletas de basquetebol na cidade de Maputo? Seria a falta de apoio das entidades
responsáveis pela promoção da modalidade? Ou existe um desinteresse geral por parte
dos jovens na prática do desporto? Quais os principais motivos que levam os jovens ao
abandono da prática do basquetebol em Maputo? O estudo destas questões poderá
contribuir com o basquetebol na cidade de Maputo para reflexões em busca de maior
envolvimento na participação dos jovens na modalidade.
1.2. OBJECTIVOS
1.3. JUSTIFICATIVA
Entende-se que a realização deste estudo poderá contribuir cientificamente para um
melhor aproveitamento dos nossos jovens na prática do basquetebol na cidade de
Maputo, onde são apontados os motivos destes atletas a abandonarem o basquetebol,
Causas do Abandono dos Jovens da Prática de Basquetebol Competitivo em Maputo. Monografia sob orientação do Prof. Doutor Vicente Tembe,
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CAPITULO III
2. REVISÃO DA LITERATURA
2.1. O BASQUETEBOL
O basquetebol como um desporto competitivo e sendo uma modalidade colectiva,
proporciona aos seus praticantes o desenvolvimento do espírito de iniciativa e da
criatividade, de decisões rápidas e precisas, a disciplina e o espírito de equipa.
O basquetebol é um desporto colectivo jogado por duas equipas de 5 jogadores, que têm por
objectivo passar a bola por dentro de um cesto colocado nas extremidades do campo, seja
num ginásio ou ao ar livre.
É um conjunto de corridas, saltos e lançamentos. Pela prática do basquetebol pode-se
determinar como objectivos directamente ligados ao praticante o seu desenvolvimento nos
planos físicos, técnico-táctico, psicológico e moral neste desporto (Menoncin Jr,2003)
No plano físico pode-se desenvolver as capacidades físicas básicas envolvidas na execução
dos fundamentos, tais como: coordenação, ritmo, equilíbrio, agilidade, força, velocidade,
flexibilidade e resistência cardiorrespiratório.
Em relação as exigências musculares, pode-se dizer que no basquetebol os membros
inferiores são os que recebem maior destaque, devido a constantes deslocamentos e saltos,
onde são exigidos potencia, elasticidade e velocidade de contracção. Outros grupos
musculares, como os dos membros superiores, mais exigidos em termos de coordenação,
velocidade de contracção e precisão, pois destas qualidades dependem os bons lances e os
passes precisos.
Em relação ao plano técnico é necessário que o atleta tenha um óptimo domínio dos
fundamentos/gestos técnicos específicos de modo que possa ter uma boa evolução na
modalidade de basquetebol, exigindo deste modo uma correcta execução dos gestos
técnicos, para que o jogador possa praticar a modalidade de uma forma mais natural e com
melhor performance.
Os gestos técnicos podem ser classificados de acordo com as suas características (ataque,
defesa, com bola e sem bola) e possuem tipos diferentes, que implicam variadas mecânicas
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de execução (Rose & Ferreira, 2003). No quadro seguinte indica os gestos técnicos, suas
características e tipos.
Gestos técnicos
Tipos Características
Sem bola.
Controle de corpo Paragens bruscas, saídas rápidas, saltos, rotações,
Defesa
corridas e deslocamentos
Ataque
Controle de bola Com bola.
Habilidades diversas
Sem bola
Dribles Alto, baixo, parado, em velocidade e com mudança de Com bola
direcção Ataque
Com as duas mãos, a altura do peito, acima da cabeça,
por baixo e picado. Com bola
Passes Com um das mãos, picado, a altura do ombro, tipo Ataque
gancho e por baixo
Lançamento Com bola
Bandeja, com uma das mãos, suspensão e tipo gancho
Ataque
Técnica individual Sem bola.
Posição básica defensiva
defensiva Defesa.
Deslocamento
Ofensivo Fase com bola
Ressalto
Defensivo Fase sem bola
Tabela 1 fundamentos do basquetebol, seus tipos e características
Para um bom desenvolvimento táctico, importa frisar que não é suficiente que a equipe seja
composta por jogadores com um valor individual, é necessário que se forme uma equipe coesa e
organizada, constituída por jogadores com diferentes qualidades, (Paula, 1994). Assim, há
necessidade de uma rotina de treinamentos e jogos, onde se aprende e desenvolve-se tácticas
ofensivas e defensivas. Uma equipe tacticamente bem montada é aquela onde há um equilíbrio
entre a defesa e o ataque, pois no basquetebol todos os atletas atacam e todos também exercem
função de marcação.
Quanto ao plano psicológico e moral envolvidos na prática do basquetebol, pode-se afirmar que
o praticante desenvolve a confiança em si mesmo, a responsabilidade, a sociabilidade, o espírito
de cooperação, espírito de luta, o reconhecimento da vitória e da derrota e a agressividade
criativa, que é a determinação e a coragem para tomar decisões e realizar tarefas durante um jogo
(Ferreira, 1987).
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2.2. O ADOLESCENTE
Gallahue (1989), cit. p/ Tourinho Filho & Tourinho (1998), considera que o início da puberdade
marca a transição da infância para a idade adulta no entanto apesar de ser um processo altamente
variável, considera que os rapazes iniciam o seu salto pubertario com os 9 anos e estabilizam as
velocidades de crescimento aos 15 anos. Já as raparigas, por sua vez, iniciam os seus surtos de
crescimento por volta dos 9 anos, atingindo a velocidade pico com 11 anos e estabilizando-se por
volta dos 13 anos de idade (Malina & Bouchard, 1991).
Na segunda fase da puberdade (14/15 anos até aos 18/19 anos) ocorre a fase de crescimento.
Nesta fase verifica-se uma diminuição de todos os parâmetros de crescimentos e de
desenvolvimento. O rápido crescimento em comprimento é substituído por um crescimento mais
marcado em largura. As proporções corporais ficam mais harmoniosas o que faz com que haja a
recuperação de um novo equilíbrio entre as diferentes componentes corporais. (Barata, 1999 cit.
p/ Mota, 2005).
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“A adolescência é de facto, a época de preparação para a vida adulta, sendo esta uma época
frequentemente agitada, repleta de mágoas e problemas. Trata-se de um período de questões,
desafios, de exploração e de exame crítico das acções de colegas, amigos e adultos. Nesta fase é
frequente não haver uma obediência cega a autoridade mas, uma liderança sensata, modelos
positivos de papéis a desempenhar e uma orientação que desenvolva a coragem são essências
para um processo psicossocial saudável e produtivo de desenvolvimento desses anos
atribulados” ( Lee,2005, cit. p/ Mota,2005).
Nesta nova fase da vida, o jovem tende a torna-se autónomo em termo de pensamentos, pois ele
já possui aptidões para pensar em si próprio, e muitas vezes havendo contradições com a
sociedade na qual ele se encontra inserida, surgindo assim elevadas pressões da multidão a fim
de seguir os seus princípios (Sprinthall & Sprinthall, 1993, cit. p/ Mota, 2005).
Por sua vez Barata (1999) cit. p/ Mota, 2005 defende não ser correcto considerar o jovem
praticante como sendo um adulto, pois é um ser humano que ainda não pertence este mundo,
estando ainda na fase de desenvolvimento que poderá ser influenciada pelo treinador dependendo
da forma como procede o treino e a sua formação desportiva.
O treino não prejudica a formação do jovem atleta, antes pelo contrário, estimula valores em
crise no sistema educativo: auto-disciplina, assiduidade, pontualidade, auto-superação,
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competitividade com regras. A prática desportiva de crianças e jovens deve ser portadora de um
elevado valor formativo. A preparação deve respeitar a unidade entre os factores de treino
(físico, psicológico, técnico e táctico), contribuindo para a própria unidade dos meios de
preparação geral específica (Coelho e Silva, 1999).
O treino de jovens devera, então, ser uma actividade dirigida para uma população alvo que é
muito heterogénea, quer ao nível da maturação biológica, quer psicológica e da personalidade,
com diferentes níveis de capacidade física e motoras e de desenvolvimento cognitivo e
intelectual, com motivações e interesses variados e formas de relacionamento e integração social
diversos (Barata, 1999, cit. p/ Mota, 2005).
Lima (1990) cit. p/ Mota, 2005, é da opinião que a competição devera ter um carácter formativo.
Para este autor, os adultos, o objectivo principal deve ser fazer melhor resultado do que os
outros, demonstrar superioridade e ganhar. Para as crianças e jovens, o objectivo é ter êxito, é ser
bem-sucedido mostrando aos seus companheiros que são capazes de fazer coisas. Por esse
motivo, a organização do desporto para crianças e jovens devera proporcionar: muita actividade,
muitos jogos, muitas competições e muitos torneiros, de modo a que as oportunidades de ter
sucesso desportivo sejam frequentes e diversificadas.
Segundo Gomes (1997), definir quando deve começar a participação e competição desportiva de
uma criança, depende da prontidão da mesma, ou seja, do momento em que se possa afirmar que
estão reunidas condições para ela iniciar a sua prática.
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Malina (1988) define prontidão desportiva como o momento em que o crescimento, a maturação
e as características do desenvolvimento do praticante vão ao encontro das exigências específicas
de um desporto, havendo assim um equilíbrio entre as exigências próprias do treino e da
competição desportiva e a aptidão de resposta do jovem.
Para Passer (1996), cit. p/ Gomes (1997), a prontidão depende de inúmeros factores: físicos,
psicológicos e de desenvolvimento social, das exigências específicas de cada modalidade
desportiva, dos pais e de todo o contexto social mais vasto.
Roberts (1980), cit. p/ Menoncin Jr. (2003), refere que as crianças não conseguem perceber o
processo de competição antes dos 12 anos de idade, uma vez que antes disso não existe um
equilíbrio entre os factores de crescimento, desenvolvimento e a maturação sexual. Esse mesmo
autor relata que é de relevante importância que o jovem, pré-adolescente e adolescente, seja
competente para poder participar no processo de comparação social, inevitável dentro da
competição. Essa avaliação feita pelos pares, quando é favorável torna-se muito importante, pois
pode significar a sua aceitação no grupo, visto que é muito comum nesses grupos a sua estrutura
hierárquica ser baseada nas habilidades dos praticantes. A criança que não atinge esse nível de
realização pode ficar fora do processo social e ter como consequência desequilíbrios de
comportamento, podendo ate trocar de modalidade e em última analise abandonar a prática
desportiva.
A família pode ser considerada, de acordo com Marques e Kuroda (2000) cit. p/ Fechio et al.
(2012) um dos principais responsáveis pela iniciação da criança na prática desportiva. Porém, ela
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pode servir tanto como elemento facilitador quanto complicador para a permanência nessa
prática (Harwood & Knight, 2012, cit. p/ Fechio et al., 2012).
No início da prática desportiva, as crianças, além de sua vontade própria, recebem uma grande
quantidade de influências externas, sendo as mais relevantes aquelas vindas da família. Essa
relevância pode ser explicada pela importância que os familiares, especialmente os pais, têm na
vida da criança (Machado, 2006). Porem, a influência dos pais sobre os filhos é mais forte nos
primeiros anos de desenvolvimento, pois as crianças reproduzem os seus comportamentos e
adoptam o seu sistema de crenças (Bois et al., 2002) e, para além disso, passam a maior parte do
tempo com os pais, tomando-os, por isso, como modelos.
Na adolescência, já que ainda não têm desenvolvido seus traços de personalidade, surgem outras
fontes externas que se vão constituir como as mais influentes e tomar maior relevo, como os
amigos e outros adultos - modelos. No entanto, a influência dos pais não desaparece: torna-se
menos destacável (Hellstedt, 1995).
Analisando ainda a conduta de pais de jovens desportistas, de acordo com Meirelles et al.
(2009), verifica-se que existem os que se dedicam a apoiar com moderação, outros que nunca
estão presentes e ainda outros que só perturbam por sua conduta totalmente desequilibrada. Essa
preocupação dos pais pode desencadear reacções inversas nas crianças, como a ansiedade e o
stress; medo de competir, cobrança excessiva e até mesmo o abandono do desporto são alguns
casos que podem ser encontrados.
A tabela 2 apresenta a divisão feita por Byrne (1999) cit. p/ Fechio et al. (2012); quanto ao
comportamento dos pais em relação ao envolvimento dos filhos no desporto.
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O treinador tem uma função importante na massificação do jovem atleta, principalmente nos
aspectos físicos, psicológico, emocional e sociais. Para além disso o treinador deve proporcionar
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os seus atletas o gosto pela modalidade, ensina-los a lidar com os altos e baixos da competição e
a desenvolver a auto-estima e auto-confiança (Campbell, 1998; cit. p/ Mota, 2005).
Macgregor (1988), cit. p/ Mota, (2005), propõe que o treinador devera proporcionar aos seus
atletas um acompanhamento e apoio permanente, tanto em ambiente público quer em privado e
ajuda-los no desenvolvimento da modalidade especifica.
Smoll (2000) refere que o treinador no desempenho da sua função devera recorrer a uma
intervenção positiva, por oposição a uma via negativa de influenciar o comportamento do atleta.
Esta via positiva envolve a utilização do elogio e do encorajamento, no sentido de fortalecer e
influenciar o tipo de comportamento desejado. Pelo contrário o recurso a uma atitude negativa
nesta relação, implica o uso de várias formas de punição, tendo em vista eliminar as
características indesejáveis do referido comportamento. Contudo estudos realizados sobre este
tema, demonstram que a intervenção pela negativa aumenta a pressão sobre os praticantes, faz
diminuir o gosto pela prática e provoca nos jovens uma certa antipatia em relação ao treinador.
Campbell (1998) cit. p/ Mota, (2005), separa as idades dos praticantes desportivos em três
períodos distintos que são: dos sete aos dez anos (idades iniciais), dos onze aos catorze anos
(idades intermédias) e os chamados jovens adultos (quinze aos dezoito anos). Dado que o
desenvolvimento de cada jovem ocorrem em diferentes fases e de formas distintas, estas razões
tornam o papel do treinador mais complexa na formação do jovem atleta podendo ate levar muito
tempo para ter o retorno esperado.
As crianças com idades compreendidas entre os sete aos dez anos, corresponde aos anos iniciais
da prática de uma modalidade, onde os pais são excelentes colaboradores dos treinadores. Nesta
fase o treinador devera proporcionar algumas orientações específicas aos pais especialmente na
maneira como deve apoiar os filhos durante a prática desportiva, pois sem esta colaboração entre
o treinador e os pais, poderá causar nas crianças um descontentamento com o desporto, e até
mesmo influenciar no abandono precoce da modalidade em causa.
As crianças dessas idades gostam de actividades que sejam atractivas, que representem desafios e
que ao mesmo tempo, sejam possíveis de realizar. Assim os treinadores devem então adaptar as
tarefas de maneiras a irem ao encontro das capacidades de todos e não apenas dos praticantes
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mais dotados, apoiando-lhe no desenvolvimento das suas actividades e, acima de tudo, dar à
prática desportiva um carácter de alegria e diversão.
O período que envolve a faixa etária dos onze aos catorze anos, o grupo torna-se bem mais
importante para ela, tendo uma influência importante sobre a utilização do seu tempo livre. A
função do treinador é de continuar a desenvolver as capacidades técnicas individuais dos
praticantes, sem esquecer as grandes modificações que acontecem ao mesmo tempo. Deve ainda,
nesta fase, começar a identificar e a desenvolver os potenciais talentos que eventualmente
surjam.
Na etapa dos quinze aos dezoito anos (jovens adultos), uma das formas de obter melhores
resultados, depende da aptidão do treinador em planear o programa de treino do jovem
praticante, bem como ajudá-lo a organizar melhor a sua rotina de vida, de modo que tenha um
maior aproveitamento no seu tempo, sem sacrificar a educação escolar.
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aprender algo, não estando relacionado com recompensas exteriores mas sim com o superar das
próprias limitações, com um desafio mental ou com descobrir algo que seja considerado útil.
Cratty (1989) afirma que a motivação extrínseca está relacionada com recompensas externas para
a melhoria da performance e é evidenciada principalmente em crianças entre os cinco e os nove
anos.
De acordo com Thomas (1983), quando uma criança é motivada intrinsecamente para executar
um determinado movimento desportivo, o seu interesse cinge-se ao próprio movimento, ou seja,
o seu objectivo é executá-lo de forma contínua, dominada e com sucesso. Mas se, pelo contrário,
a realização do movimento passa a ser o meio para alcançar o objectivo, a acção em si e a
performance alcançada são para a criança irrelevantes, já que apenas a recompensa esta no centro
dos seus interesses.
Brito (2001) refere que os motivos mais citados podem ser classificados em sete forças:
necessidade de movimento, prazer proporcionado pelo exercício, convívio com a natureza,
conhecimento de si e afirmação pessoal, desejo de filiação e participação no grupo, outras formas
(equilíbrio e compreensão, canalização da agressividade natural, gosto pelo risco e aventura) e
compensação monetária ou profissão.
Alonzo et al. (1997) cit. p/ Mota (2005) num estudo sobre os motivos de inicio, manutenção,
troca e abandono da modalidade desportiva, constataram que no caso de basquetebol, os
principais motivos que levam os jovens a praticar são: o divertimento, a manutenção da forma
física, o poder competir, o atingir certas metas, a busca de um ambiente saudável, a afiliação,
ocupação dos tempos livres e o superar-se a si mesmo.
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abandono da prática desportiva, pois existe uma distância enorme entre um jovem que decide
cessar toda e qualquer actividade desportiva e um outro que decide simplesmente passar a
praticar uma actividade desportiva diferente da que já pratica até então.
Gould (1987), cit. p/ Fonseca (2004), propôs que o abandono desportivo seja entendido em
função de um continuum que vai desde o abandono de uma actividade específica acompanhado
de uma transferência para outra actividade ate ao abandono total de toda a actividade desportiva.
Linder et al. (1991), cit. p/ Petlichkoff, (1996) apresenta outros tipos de abandono: abandono de
transferência que ocorre quando um atleta deixou de estar num programa desportivo particular,
mas pode entrar noutro e abandono participante, ocorre quando um individuo esteve ligado a
vários desportos durante anos, podendo ter competido a vários níveis, deixando de corresponder
as suas necessidades, ou simplesmente o atleta vivenciou um caso de burnout.
Burnout, para Smith (1986) é uma situação extrema do abandono desportivo, em que o atleta
abandona completamente o desporto e o envolvimento desportivo, como resposta a um estado de
stress crónico, consequente muitas vezes de especialização precoce e do elevado tempo
dispendido na actividade. O burnout, engloba um abandono psicológico, emocional e físico de
uma actividade, como resposta a um a situação de descontentamento e stress excessivo.
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Oliveira et al. (2007) citados por Santos (2008), estudaram o abandono na natação e verificaram
que 42% dos indivíduos abandonaram nos escalões mais jovens (juvenis), em junior 33% e 8%
em seniores, prevalecendo o abandono até aos 16 anos de idade. As motivações para esse
abandono seriam: os resultados negativos, a falta de apoio, as lesões, a falta de conciliação dos
estudos com o desporto, a rotina dos treinos e a falta de integração social.
No que diz respeito aos motivos que levam os adolescentes a abandonar a modalidade
desportiva, Gomes (2001) afirma que “ são várias as causas apontadas, sendo referidas como
mais frequentes: ter outras coisas para fazer, a modalidade não ser tão boa quanto pensavam, a
modalidade não ser suficientemente divertida, o facto de querer praticar outras modalidades,
sentir-se aborrecido, não gostar do treinador e o treinador ser demasiadamente duro.
Num outro estudo feitas as investigações ainda sobre esta temática, apontou-se como principais
causas do abandono desportivo a falta de tempo de jogo, atitude do treinador, capacidades
físicas, stress da competição, falta de sucesso e a excessiva organização do desporto. (Martens
1980, Cruz 1996,cit. p/ Abreu, 2011)
Veigas et al. (2009) investigaram as motivações que levam os alunos à prática ou não prática do
desporto escolar, com uma amostra de 289 alunos, dos quais 182 não praticantes e 107
praticantes. Os resultados apresentados para a não prática, revelaram como causas mais
importantes: ter outras coisas para fazer; horários de treino não serem os mais adequados e a falta
de iniciativas por parte da autarquia
De acordo com outras investigações (Gonçalves, 1992 citado por Gonçalves, 1999; Matos &
Cruz, 1997), estas permitiram identificar cinco conjuntos de factores explicativos para o
abandono da prática desportiva federada: castigos dos pais pelos maus resultados escolares,
devido à dificuldade em estudar e treinar; não ter oportunidade de jogar; problemas com o
treinador, devido aos treinos monótonos ou muito duros e exigentes; ênfase na vitória, pressão
dos treinadores e dos pais, bem como falta de divertimento e não gostar do ambiente de trabalho
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Carmo,et al. (2009), realizaram um estudo que tinha como objectivo comparar diferenças
motivacionais quanto ao início e ao abandono da prática desportiva, relacionando-os com a
idade, sexo, modalidade desportiva, tempo de prática e nível de competição de atletas brasileiros.
Participaram 385 atletas, praticantes de diferentes modalidades desportivas competitivas no
estados do Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais com idade entre 16 e 30 anos e que estavam
em processo de treinamento. Utilizou-se, o questionário de Motivos de Início, Manutenção,
Mudança e Abandono desportivos versão brasileira MIMCA-BR (Carmo et al., 2007a; Carmo et
al., 2008), abordando dois momentos da vida desportiva: início e abandono. Foi feita a análise
comparativa pelo Teste “t” de Student para amostras independentes (p<0,05).Diferenças
significativas (p<0,05) relacionadas ao sexo (tanto no inicio quanto no abandono desportivo)
aparecem em motivos como “superar a mim mesmo” e “manter-me em forma”; quanto à idade,
“divertir-me” e “não conseguir resultados que desejo” aparecem como motivos com diferença
significativa; nas modalidades, o facto de “ter amigos que praticam o desporto” e “não
concretizar sonhos como atleta” são mais presentes em modalidades colectivas e individuais
respectivamente; “não ter condições físicas” e “não ter apoio federativo” são mais determinantes
para o abandono em atletas de nível regional. Concluiu-se que existem diferenças significativas
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nos motivos que levam atletas a iniciar e abandonar uma prática desportiva relacionada ao
género, idade, modalidade e nível de prática. Não foram encontradas diferenças significativas
(p<0,05) com relação ao tempo de prática.
Da Rocha & Dos Santos (2010) ambos realizaram um estudo no âmbito do atletismo. Os
objectivos deste estudo foram investigar os motivos do abandono de talentos e identificar a
orientação para a prática desportiva de atletas na transição da categoria juvenil para a de adulto
no atletismo. Dele participaram talentos do atletismo: atletas (n=16) e ex-atletas (n=11). Foram
aplicados dois protocolos: a Escala Multidimensional de Orientação de Prática Esportiva (atletas)
de Vallerand et al. 1997, adaptada por Vissoci et al. (2008), e um questionário com questões
fechadas, sobre os motivos do abandono do atletismo (ex-atletas).Para análise dos dados foram
utilizados o ANOVA e o Teste de Wilcoxon (p>0,05). Para os atletas, o “respeito pelas regras e
juízes” foi a mais evidente (4,21 ± 0,91). Com relação aos ex-atletas, 81% deles apontaram que
abandonaram o atletismo por falta de infra-estrutura, de assistência governamental e patrocínio, e
pela desvalorização da modalidade. O comprometimento dos atletas com o desporto e com a vida
diária resultou em conflitos que levaram atletas de atletismo a abandonar a modalidade na
transição da categoria juvenil para a categoria adulta.
Ainda no Brasil, Bara Filho & Garcia (2008), realizaram um estudo que tinha como objectivo de
avaliar os motivos do abandono no desporto em jovens com idades compreendidas entre 10 e 20
anos, comparando modalidades desportivas, género e faixas etárias. A amostra foi composta por
332 jovens (179 meninos e 153 meninas) que haviam abandonado seus respectivos desportos
(Futebol, basquetebol, natação, ginástica artística e andebol). Aos sujeitos do estudo foi aplicado
um questionário aberto sobre os motivos do abandono da prática desportiva. A pergunta principal
consistia em quais motivos o levaram a abandonar o desporto. Após receber todos os
questionários, passou-se a categorizar os motivos citados pelos atletas para quantificar as
respostas. Os principais motivos gerais do abandono foram: estudos (34% dos ex-atletas), falta
de tempo para amigos/ namoro/ lazer (17%), outros interesses fora do desporto (16%).
Diferenças significativas (p <0,05) ocorreram na comparação de ex-atletas de modalidades
colectivas e individuais, com maior incidência dos motivos outros interesses, monotonia dos
treinos, desmotivação, esgotamento e excessivo tempo de dedicação como mais significativos
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SOUSA, 2010 realizou um estudo sobre os factores do abandono dos atletas na prática do remo
competitivo. A amostra, foi composta por 60 ex remadores do sexo masculino que competiram
desde o nível regional até o olímpico, sendo todos registados em qualquer federação do remo do
Brasil. Os participantes foram divididos em 3 grupos de acordo com a idade em que
abandonaram o desporto: categoria júnior (16 a 18 anos), constituída por 15 sujeitos, categoria
sénior B (19 a 22 anos), constituída por 20 sujeitos e categoria sénior A (23 a 30 anos),
constituída por 25 sujeitos. Foi utilizado o instrumento dos factores de abandono do desporto da
Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) elaborado por Samulski (1992) e adaptado por
Scalon (1988). Os resultados obtidos mostraram que independentemente da idade de abandono
da prática do remo, os principais motivos de abandono da respectiva modalidade foram a falta de
patrocínio e apoio financeiro e a necessidade de trabalhar para ajudar no sustento da família. Os
outros factores mais apontados pelos entrevistados foram: o prejuízo nos estudos e vontade de
fazer outras actividades (categoria Júnior); falta de apoio técnico, preferência de treinador por
outros colegas, poucas competições e dificuldade em melhorar os resultados (categoria sénior B);
já a categoria sénior A indicaram a falta de apoio técnico, vontade de fazer outras actividades.
No que se refere aos factores relacionados ao relacionamento com os treinadores, destaca-se a
importância das competências técnicas e pedagógicas desse profissional, além de sua capacitação
para manter motivadas suas equipes, detectar e solucionar problemas que possam aumentar os
riscos de burnout.
Já em Portugal foram também feitos vários estudos sobre esta temática, dentre os quais um dos
mais recentes feito por Abreu, (2011), que investigou as Causas de Abandono do Desporto
Escolar em algumas escolas de Lisboa, na qual a amostra foi constituída por alunos de ambos os
sexos, de diversas escolas de Lisboa, num total de 174 inquiridos dos ensinos básico e
secundário, que abandonaram a prática do desporto escolar durante o ano lectivo 2011/2012. Foi
aplicado como instrumento de medida o Questionário de Razões para o Abandono da Prática do
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Desporto Escolar – QRAPDE inspirado nos instrumentos utilizados por Gill et al. (1981), Gould
et al. (1982) e Cruz et al. (1988, 1995) adaptado por Matos & Cruz (1997)
Os resultados evidenciam como causas mais importantes para o abandono as questões
relacionadas com a dimensão “ Falta de tempo” com média de 1,84, seguida da dimensão
“Orientação desportiva” apresentando uma média de 1,44 e, como causa menos importante, a
dimensão “Indicadores de treino e competição” (1,26).
De entre muitos autores que se dedicaram ao estudo sobre o abandono da prática desportiva, há ,
no entanto a necessidade de realçar o trabalho desenvolvido por Abreu, (2011), que estudou
sobre Causas de Abandono do Desporto Escolar pela sua proposta na aplicado como instrumento
de medida o Questionário de Razões para o Abandono da Prática do Desporto Escolar –
QRAPDE Adaptado por Matos & Cruz (1997). Na qual nos baseamos no nosso estudo para a
colheita de dados, devido a sua validade bem como o seu ajustamento a realidade do presente
estudo.
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CAPITULO III
3. METODOLOGIA
Como podemos observar no quadro abaixo, a população total do estudo foi de 115 jovens, na
qual foi feita após a recolha de dados um estudo da analise e adequação dos dados recolhidos que
consistiu na rejeição de alguns questionários que não foram respondidos correctamente, onde foi
extraída a amostra de 105 correspondente a ex-altetas de ambos os sexos (51 feminino e 54
masculinos).
As tabelas seguintes mostram as idades dos ex-atletas inquiridos que variavam entre 14 a 21 anos
de idades, e as idades que abandonaram a modalidade de basquetebol compreendidas entre 10 a
18 anos de idade.
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17 19 17 36
18 13 15 28
19 5 6 11
20 1 1 2
21 1 0 1
total 54 50 104
Tabela 5 Idades dos ex-atletas
Verificou-se que entres as épocas 2007 a 2013, a maior parte os ex-atletas do sexo masculino
abandonaram o basquetebol com idades entre 14 a 16 anos, enquanto as mulheres com idades
entre 14 a 17 anos.
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questionário foi inspirado nos instrumentos utilizados por Gill et al.(1981), Gould et al.(1982) e
Cruz et al.(1988,1995) citados por Matos & Cruz (1997).Além disso, este questionário foi
também por nós ajustado a realidade da nossa amostra, como por exemplo a colocação de um
item da idade que abandonou a modalidade e outro item sobre os anos de prática de basquetebol.
Também foram adaptados todos os itens do questionário a ambos os sexos, visto que este iria ser
aplicado tanto a rapazes como a raparigas.
Em termos estruturais, o questionário é constituído por 36 itens, existindo uma escala de Likert
com respostas entre 1 e 3, correspondente a 3 níveis de importância (pouco importante,
importante e muito importante). Pretende-se que o ex-atleta identifique o nível de importância
dos motivos que, em sua opinião, possam ter contribuído para a decisão de abandonar o
basquetebol.
Para facilitar o tratamento dos dados, os itens presentes no questionário serão agrupados de
acordo com a análise de conteúdo no quadro seguinte:
Dimensões Indicadores/Item
Tempo (A) 1(A1), 5 (A2), 13 (A3), 33 (A4), 36 (A5)
Capacidade Individuais (B) 6(B1), 7 (B2), 9 (B3), 12 (B4), 25 (B5), 27 (B6), 28 (B7)
Treinador (C) 15(C1),17 (C2),18 (C3),19 (C4),30 (C5),35 (C6)
Divertimento/Ambiente/Clima (D) 2(D1), 3 (D2), 4 (D3), 8 (D4), 11 (D5), 14 (D6), 23 (D7), 29 (D8), 31 (D9),
32(D10)
Condicionantes familiares e sociais 20(E1), 21 (E2), 22 (E3), 24 (E4), 26 (E5)
(E)
Orientação Desportiva (F) 10(F1), 16 (F2),34 (F3)
Tabela 6 Agregado dos itens de acordo com a análise do conteúdo
Para a realização do estudo, pediu-se uma autorização para a recolha de dados nas aulas de
Educação Física aos directores e aos professores de Educação Física dessas escolas. Após
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informado aos professores de Educação Física os objectivos do nosso estudo, seguiu-se com
identificação durante as aulas de educação física os ex-atletas que abandonaram a prática do
basquetebol, e depois foram transmitidas todas informações importantes e necessárias para o
preenchimento do questionário, no sentido de garantir a sua execução correcta.
Não foi permitido aos alunos levarem o questionário consigo para uma entrega posterior ao
entrevistado, garantindo-se, assim, a realização do mesmo e a fiabilidade das respostas.
No momento anterior ao preenchimento dos questionários por parte dos entrevistados, explicou-
se de forma objectiva e breve os objectivos do estudo bem como a sua pertinência para o
desenvolvimento futuro do desporto e como preencher o questionário.
Foram no total encaminhados 115 questionários na forma já citadas dentre, os quais foram
seleccionados os questionários que foram respondidos de forma correcta para participar na
amostra do nosso estudo.
Nesta primeira hipótese, importa avaliar o grau de consistência interna de cada dimensão e a
capacidade de predição que cada variável da dimensão apresenta sobre o total da dimensão.
Podemos desta forma determinar as variáveis mais importantes no estudo de uma dimensão e
qual o seu peso relativo. Pode-se ainda questionar a permanência de uma variável dentro da
dimensão e, consequentemente, questionar a sua validade na medição do abandono da prática
desportiva.
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Para a análise estatística dos dados colectados através do questionário foi utilizado o programa
estatístico SPSS versão 16.0. No tratamento dos dados foram utilizadas as seguintes técnicas
estatísticas:
i. Estatística descritiva
Descrição dos valores de cada variável e da respectiva dimensão quanto as causas invocadas ao
abandono da pratica do desportiva pelos ex-atletas através do calculo das medias e desvios
padrões .
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Divertimento/Ambiente/Clima,
Condicionantes familiares e sociais,
Orientação Desportiva,
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CAPITULO IV
A consistência interna (tabela 5) das dimensões do QRAPDE foi analisada com recurso ao
coeficiente de consistência interna Alfa de Cronbach. Os valores encontrados, variam entre um
mínimo de 0,17 (fraco mas inaceitável) na dimensão tempo, e um máximo de 0,68 (razoável) na
dimensão Treinador. Para a sua validação vamos analisar até que pontos as principia
componentes dessas variáveis explicam variância total da dimensão tempo, através da uso do
critério de Kaiser de extracção dos componentes, onde são extraídas valores superiores ou iguais
a 1.
Como podemos observar nos anexos 2.1 foram extraídas 3 componentes (indicadores) que
explicam 70.23% da variância total da dimensão tempo.
Avaliámos a consistência interna (anexos 2.2) também de todos itens através do teste alpha de
cronbach. Verificamos que existe uma consistência boa entre os mesmos (alpha=0,751),
significando que todos estes itens não têm nada em específico, pois medem todos a mesma coisa,
o abandono desportivo, considerando deste modo valido o questionário enquanto instrumento de
investigação.
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DIMENSÃO A ( TEMPO)
Mínimo Máximo Media Desvio Padrão
A1 1 3 1.93 0.827
A2 1 3 1.97 0.769
A3 1 3 1.95 0.829
A4 1 3 1.66 0.832
A5 1 3 1.12 0.402
Tabela 8 Estatística Descritiva da Dimensão A (Tempo)
A dimensão A ė a que teve valores médios mais elevados de todas as dimensões (anexos 3.2),
com valores médios bastante próximo das variáveis A1,A2,A3, que divergem do valor médio da
variável A5, o que indica ,que os grupos inquiridos dão maior importância a falta do tempo ter
influenciado bastante o seu abandono a pratica do basquetebol .Poderemos mesmo
(estatisticamente) no conjunto das quatro variáveis desprezar o valor obtido na variável A5.
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B2- As minhas capacidades físicas não eram ajustadas á modalidade (indicador 7),
B6- A maioria dos meus (minhas) colegas eram melhore que eu (indicador 27),
As variáveis B4 e B5 apresentam valores médios bastantes próximos que são confirmados pelas
variáveis B3,B6 e B7, na qual ambos grupos inquiridos na sua maioria são unânimes em afirmar
que o facto das suas capacidades individuais não se ajustar na prática da modalidade influenciou
no seu abandono da prática do basquetebol, enquanto que os indicadores B1,B2 indicam uma
menor importância invocada pelos ex-atletas quanto ao seu abandono da pratica desportiva do
basquetebol.
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DIMENSÃO C (TREINADOR)
A dimensão C apresenta resultados médios divergentes que vão de 1.71 a 1.30 respectivamente
em relação a variável C3 e C4. Este valores levam-nos a concluir que apesar dos ex-atletas
afirmarem terem abandonado a pratica do basquetebol devido ao não reconhecimento dos seus
esforços pelos treinadores, eles demonstraram terem boas relações com treinadores.
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D5- Tinha problemas com alguns (mas) colegas da equipe (indicador 11),
D9- Os (As) meus (minhas) colegas não me davam atenção (indicador 31),
DIMENSÃO D (DIVERTIMENTO/AMBIENTE/CLIMA)
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Já os resultados da dimensão D mostram que os ex-atletas consideram como uma das causas
importantes que levou o seu abandonado a prática do basquetebol, o facto de ser uma modalidade
demasiada série e competitiva (D8) bem como a exigência e dificuldade durante os treinos. Mas
apesar disso o item D2 mostra que os ex-atletas gostavam muito de praticar a modalidade de
basquetebol.
A dimensão E apresenta valores médios bastantes divergentes, na qual a variável E1 é valor mais
alto entre todas as variáveis (anexo 3.1) dando evidências que a maioria dos ex- atletas afirmam
ter abandonado a prática do desporto, pois este não lhes proporcionava tempo suficiente para
estudar. No entanto a variável E5 indica-nos que apesar da existência deste inconveniente os pais
apoiavam os seus filhos (ex-atletas) na prática do desporto.
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Foi ainda realizado o teste de fiabilidade das variáveis de abandono da prática desportiva
(anexo2.2) que obtiveram o valor de Alpha = 0.751.Este valor atestam a consistência dos
resultados obtidos.
Sig. 0.000
Os resultados indicam através do teste de K.M.O que pode-se usar a analise das componentes
principais para avaliação total das dimensões de abandono desportivo e o teste de esfericidade de
bartlett indica-nos que a existência da correlação das variáveis iniciais.
Os resultados da análise factorial é indicado no anexo 4.1,na qual obtiveram-se inicialmente 13
variáveis que explicavam 67.5% da variância total e forçamos a extracção de mais uma variável
ficando assim 14 componentes que explicam cerca de 70% da variância dos dados.
Analisando Scree Plot (gráfico dos valores próprios por cada componente) para a análise
factorial das componentes do abandono desportivo na figura1, considerou-se apenas significativo
analisar 5 componentes principais que por si só representam 38% da variância.
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Esta medida prendeu-se com o facto dos valores apresentados pelas restantes componentes não
se diferenciarem significativamente e pelos seus valores próprios se aproximarem de zero, dando
inicio à formação de uma recta quase horizontal.
Importa também realçar que todas as variáveis tem valores de comunalidades superiores a 0.30
(anexo 4.2) o que indica-nos que todas elas explicam e contribuíram para a definição das
componentes principais.
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Component
1 2 3 4 5
B5 0.607 -0.100 0.211 -0.269 0.354
C3 0.592 -0.224 -0.029 -0.066 -0.102
C6 0.579 -0.087 0.165 0.258 -0.021
B3 0.528 -0.426 0.187 -0.280 0.202
B4 0.524 -0.026 -0.117 -0.059 0.113
D9 0.506 0.037 0.189 -0.456 0.182
C5 0.497 -0.389 0.198 -0.338 0.075
B6 0.494 0.259 0.012 0.028 -0.075
C1 0.492 -0.469 0.008 -0.078 0.154
D3 0.470 0.173 -0.441 0.208 0.102
D10 0.458 0.127 0.268 -0.070 -0.227
D6 0.448 0.020 -0.117 0.058 0.213
E3 0.440 0.045 -0.408 -0.045 0.198
D8 0.422 0.327 -0.362 0.125 0.103
A5 0.416 -0.028 -0.283 0.166 0.102
E4 0.409 0.320 -0.057 0.049 0.048
A4 0.003 0.624 0.189 -0.308 -0.021
B7 0.287 0.441 0.121 0.188 0.134
F1 0.223 0.437 -0.017 -0.392 -0.323
A2 -0.161 0.383 0.379 -0.186 0.264
F3 0.228 0.360 -0.325 -0.217 -0.308
D1 0.301 0.224 -0.568 -0.027 -0.218
C2 0.415 -0.062 0.431 0.287 -0.371
A3 -0.109 0.389 0.407 -0.018 0.201
A1 -0.065 0.339 0.060 -0.488 0.021
F2 0.152 0.119 0.295 0.457 -0.076
E2 -0.013 0.349 -0.086 0.325 0.524
E5 0.067 -0.082 0.023 0.111 0.488
C4 0.370 0.156 0.203 0.007 -0.458
D7 0.294 0.251 0.245 0.383 0.055
D2 0.014 0.125 -0.091 0.081 0.006
B2 0.165 -0.198 -0.085 0.027 -0.164
D5 0.296 -0.159 0.168 0.315 -0.220
B1 0.385 0.255 0.163 0.100 -0.113
E1 -0.081 0.269 0.221 0.152 0.293
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A dimensão F (Orientação desportiva) surge de seguida como um factor também importante para
o abandono da prática do desporto pelos jovens atletas, no entanto com valores médios baixos.
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A análise dos dois grupos estratégicos (sexo masculino e feminino) foi feita em separado
seguindo os mesmos procedimentos adoptados no ponto anterior que teve como base os quadros
da análise factorial, matriz de componentes principais e o gráfico de scree plot, descritos no
anexo 4.2, na qual encontramos algumas diferenças significativas que passaremos a expor.
Verificou-se que os ex-atletas do sexo masculino possuem número inferior de componentes
principais em relação ao do sexo feminino o que levou-nos a concluir que os homens foram mais
objectivos e definiram com mais exactidão as dimensões que acharam terem influenciado o seu
abandono na prática do basquetebol em relação as mulheres, na qual no caso dos homens
determinaram 5 componentes principais que explicam cerca de 50% da variância total, enquanto
nas mulheres determinaram para a mesma percentagem 6 componentes principais.
SEXO
A tabela 16, mostrou que ambos os grupos foram unânimes em invocarem a dimensão B
(capacidade individual) como o factor mais importante que motivou-lhe ao abandono da prática
do basquetebol, no entanto para além da dimensão B, os homens apontaram ainda outro factor
importante a dimensão C (treinador) enquanto as mulheres consideraram a dimensão D
(divertimento/ambiente/clima).
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Observou ainda que o segundo factor mais importante que influenciou o abandono desportivo, os
homens invocou a dimensão A (tempo) enquanto as mulheres apontaram 2 dimensões
nomeadamente dimensão D (divertimento/ambiente/clima) e a dimensão E (condicionantes
familiares).
Assim verificou-se que a diferença existente entre os dois grupos quanto aos factores do
abandono no desporto centra-se na dimensão C que foi invocada pelos homens e na dimensão E
invocada pelas mulheres, facto que veio a ser comprovado na revisão da literatura da grande
influência que estas duas dimensões têm no abandono da prática desportiva nos jovens.
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No entanto, são contrários a alguns mencionados por Carmo,et al. (2009), tais como não ter
condições físicas” e “não ter apoio federativo. Por sua vez Martens 1980, Cruz 1996, citaram
motivos que não foram encontrados no nosso estudo, tais como os resultados negativos, a falta
de apoio, as lesões, a rotina dos treinos e a falta de integração social, no entanto o mesmo autor
citou um dos motivo semelhante ao nosso estudo como a falta de conciliação dos estudos com o
desporto.
Contrariamente aos resultados alcançados no nosso estudo, De Abreu (2011) no seu estudo
sobres as causas de abandono no desporto escolar em jovens de algumas escolas de Lisboa, as
razões apontados por ambos sexos foram as dimensões tempo e orientação desportiva.
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6. CONCLUSÃO
Ao analisar no presente estudo sobre as causas que levam os jovens a abandonarem a prática de
basquetebol na cidade de Maputo foi possível chegar as seguintes conclusões:
A primeira conclusão a que podemos chegar neste estudo relaciona-se com a relação das
variáveis do questionário com as dimensões a que pertence. Os resultados dos valores da
estatística descritiva (media, desvio padrão) e da consistência interna de cada dimensão e o
conjunto dos variáveis calculados através do alpha cronbach permitiram a selecção das variáveis
que maior relação detém com a própria dimensão. Esta selecção deve respeitar a exequibilidade
do projecto de investigação, as características do estudo e a própria capacidade de predição e
menor erro associado a mensuração das diversas variáveis.
Assim os resultados permitiram rejeitar a primeira hipótese nula HO1, mostrando que existe uma
relação entre as variáveis e dimensão a que pertencem e que podem ser seleccionadas algumas
variáveis para predizer com baixa certeza os valores associadas a própria dimensão.
A quarta grande conclusão deste estudo diz respeito à confirmação da terceira hipótese H03. Os
dados extraídos da análise factorial dos grupos estratégicos em separado, confirmaram
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semelhanças e diferenças na percepção que dos géneros quanto as causas do abandono da prática
desportiva.
Os resultados mostraram que as semelhanças são mais notórias que as diferenças, no entanto, as
diferenças encontradas foram estaticamente significativas.
As dimensões semelhantes escolhidas por ambos sexos como causas do abandono desportivos
estiveram relacionadas com as capacidades individuais, tempo e divertimento/ambiente/clima,
centrando-se as diferenças de opinião nas dimensões ligadas ao treinador e condicionantes
familiares.
Contudo, para além de todos os aspectos referidos pensamos que será fundamental dar
continuidade ao nosso estudo, pelo que deixamos algumas sugestões:
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8. REFERÊNCIAS
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Dissertação apresentada para a obtenção do Grau de Mestre em Educação Física e Desporto, no
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COELHO E SILVA, Manuel et al. Procura desportivo satisfeito e razões para o abandono da
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DE SOUSA, Luciano Luz. Factores de Abandono dos atletas na prática do remo competitivo,
Monografia apresentada como requisitam para conclusão do Curso de Licenciatura em Educação
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Conteúdo
1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................................ 1
1.1. DEFINIÇÃO DO PROBLEMA ....................................................................................... 2
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3. METODOLOGIA ................................................................................................................... 22
3.1. TIPO DE ESTUDO ........................................................................................................ 22
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6. CONCLUSÃO ........................................................................................................................ 43
7. LIMITAÇÕES E SUGESTÕES PARA PRÓXIMOS ESTUDOS......................................... 44
8. REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 45
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Índice de Tabelas
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