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Marcelo Kayath O retorno, com estilo, de um grande talento

VIOLAO Ano 2 - Número 12 - Agosto 2016


www.violaomais.com.br

Xangai E mais:
O estudo das Tríades
“Carícia” de Jacob do Bandolim
Cantadô e violero Viola caipira e a prosa com pássaros

de verdade
Saltos na digitação
O compositor Douglas Lora

Nelson Machado Carreira no exterior valorizando a MPB


editorial
Prontos para o ano II
Doze edições não é pouca coisa. São doze meses procurando, sempre, trazer o que há
de melhor nos assuntos em que o violão e seus parentes acústicos estão envolvidos.
A busca por uma coluna que traga realmente informações importantes, uma entrevista
com algum personagem interessante do meio, informações sobre cursos, concursos e
CDs, nos motiva a criar, enfim, um ponto de encontro dos amantes da música e desses
instrumentos. Esperamos estar conseguindo transformar a Violão+ nesse ponto de
encontro! Na capa de nossa edição 12, está o cantador e violeiro Xangai, que tem
emprestado sua voz e, às vezes sua presença física, a uma novela em horário nobre.
Ele não está aqui por isso, mas por seu trabalho diferenciado, em que o violão é apoio
a uma voz diferente, que canta o sertão brasileiro de maneira única e emocionante.
Inclusive, fez uma gravação exclusiva para nós! Também tivemos o prazer de conversar
com Marcelo Kayath, que acaba de lançar novo trabalho depois de anos afastado.
Em Conexão Internacional, temos Nelson Machado, que viveu mais de 20 anos na
Itália e, atualmente, vive dividido entre o Brasil e a Europa, onde volta todos os anos
para temporadas de shows. Uma grande
história! Em No Player, falamos sobre
Dilermando Reis, que completaria cem
anos no mês que vem. Uma grande
obra, um grande legado: não deixemos
de relembrar Dilermando! As colunas
especializadas trazem informação para
quem já toca e para quem quer tocar ou
se informar, tudo feito com muito carinho,
para você, para nós, para todos. Estamos
muito felizes por este primeiro ciclo ter
sido completado com tanto sucesso.
Muitas alegrias, algumas falhas, mas
muita dedicação e respeito ao leitor,
sempre. Um abraço!
Luis Stelzer
Editor-técnico

VIOLAO Ano 2 - N° 12 - Agosto 2016


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Os artigos e materiais assinados são de responsabilidade de seus
autores. É permitida a reprodução dos conteúdos publicados aqui
Editor-técnico
Luis Stelzer
editor@violaomais.com.br

Colaboraram nesta edição


Breno Chaves, Cleber Assumpção,
Eduardo Padovan, Fabio Miranda,
Luisa Fernanda Hinojosa Streber,
desde que fonte e autores sejam citados e o material seja enviado Reinaldo Garrido Russo, Ricardo Luccas,
para nossos arquivos. A revista não se responsabiliza pelo conteúdo Valéria Diniz e Thales Maestre
dos anúncios publicados.
índice

4 20
Você na V+ Conexão
Internacional
6 26
Em Pauta Mundo

51
Siderurgia

54
Em Grupo

10 59
Retrato Viola Caipira

18 62
No Player Iniciantes

30 44 67
Xangai Sete Cordas De Ouvido
48
40 Como 72
História Estudar Coda

Publisher e jornalista responsável Foto de capa


Nilton Corazza (MTb 43.958) Divulgação
publisher@violaomais.com.br
Publicidade/anúncios
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Regina Sobral
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você na violão+
Edição 11
Parabéns pelo projeto Violão+, que é
repleto de profissionais capacitados
e com conteúdos diversificados no
campo do violão. É superimportante
para nós que somos da área, receber
informações completas, úteis, estudos
de caso, entrevistas, produtos, enfim.
Eu quero dizer que admiro e reconheço
o imenso valor deste trabalho. Fico
admirado com a reunião de tantas
pessoas capacitadas em diversas áreas
que o violão abrange! (Ricardo Miranda
de Novais, por e-mail)
Gostaria de parabenizá-los pelo
excelente trabalho. Creio que este
material é de suma importância para
estudantes e amantes do violão.
Parabéns” (Renan Nishimura, por email)

Mostre todo seu talento!


Os violonistas do Brasil têm espaço garantido em nossa revista.
Como participar:
1. Grave um vídeo de sua performance.
2. Faça o upload desse vídeo para um canal no Youtube ou para um servidor de
transferência de arquivos como Sendspace.com, WeTransfer.com ou WeSend.pt.
3. Envie o link, acompanhado de release e foto para o endereço editor@violaomais.com.br
4. A cada edição, escolheremos um artista para figurar nas páginas de Violão+, com
direito a entrevista e publicação de release e contato.

Violão+ quer conhecer melhor você, saber sua


opinião e manter comunicação constante, trocando
experiências e informações. E suas mensagens
podem ser publicadas aqui! Para isso, acesse,
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preferir, envie críticas, comentários e sugestões para o e-mail contato@violaomais.com.br

4 • VIOLÃO+
você na violão+

viola caipira com


violão 7 cordas
O Duo de Cordas Dedilhadas, dos Hora, Wilson Moreira, Paulão 7 Cordas
cariocas Marcelo Lopes e Ramon e Paulinho da Viola.
Araújo, tem qualidades inegáveis. São O grande barato é a combinação: viola
instrumentistas de mão cheia, tocam caipira com violão 7 cordas. A sonoridade
inegavelmente muito bem, os dois. resultante é muito boa, umas das mais
Marcelo Lopes é violeiro mineiro radicado felizes que ouvi nos últimos tempos. O
no Rio de Janeiro. Já excursionou pela aço das cordas da viola dá um brilho
Europa apresentando-se em países diferente à sonoridade um pouco mais
como Espanha, França, Inglaterra fechada nylon do 7 cordas. Embora não
e Portugal. Pesquisador de nossas se veja essa formação por aí todos dias,
tradições musicais, é Doutor em música ela soa muito brasileira. Acertaram em
na Universidade Federal do Estado cheio! O repertório do duo é outro ponto
do Rio de Janeiro. Ramon Araújo é forte, pelo ecletismo, indo de Villa-
Bacharel em Violão pela UFRJ. Estudou Lobos a Hermeto Pascoal, de Fernando
com Bartholomeu Wiese Filho e Marco Sor a Milton Nascimento. Pare para
Pereira e Turíbio Santos. Vem realizando ouvir e veja se você não concorda,
apresentações e gravações profissionais especialmente no choro “Brasileirinho”,
regulares ao lado de artistas como Rildo de João Pernambuco, que está no link.

VIOLÃO+ • 5
EM PAUTA

CONSAGRAÇÃO INTERNACIONAL
O compositor e violonista piauiense Josué Costa ganhou o prêmio Andrés
Segovia de melhor violonista do Curso de Guitarra de Santiago de Compostela,
na Espanha. O curso tem 55 anos de tradição e um dos fundadores foi Segovia,
expoente do violão clássico no século 20. Josué Costa concorreu ao prêmio com
oito violonistas de países como México, Argentina, Espanha, Colômbia e Estados
Unidos. Dentre estes, o músico foi eleito o melhor e ainda ganhou uma bolsa para
voltar ao curso, com duração de cinco anos.
6 • VIOLÃO+
EM PAUTA

Inédito
Expoente da criação do choro no
violão, João Pernambuco (1883-1947),
uma das fontes e inspirações de Villa-
Lobos, ainda tem pedaços de sua obra
encontrados em velhos baús. É o caso
de um choro inédito, composto a quatro
mãos com o parceiro Alfredo Medeiros
(1893-1961) e apresentado em um
sarau em Ipanema, em 5 de novembro
de 1958. A gravação em áudio dura
dois minutos. O choro da dupla, de
título desconhecido, foi localizado pelo
pesquisador Alexandre Dias, pianista e
diretor do Instituto do Piano Brasileiro
e foi disponibilizado recentemente
no Acervo Digital do Violão Brasileiro
(www.violaobrasileiro.com.br).

A primeira
Foi um escândalo quando Nair de Teffé
(1886-1981), esposa do presidente
Hermes da Fonseca, promoveu, no
Palácio do Catete, um sarau de música
popular, até então algo inimaginável
para a elite. A primeira dama era tida,
até agora, como a primeira mulher a
tocar violão no Brasil. Mas descobertas
recentes da violonista e musicóloga
Márcia Taborda mostram que,
aproximadamente cem anos antes,
a Imperatriz Leopoldina (1797-1826)
tocou violão no bairro de São Cristóvão.
“Trata-se de um marco na história da
introdução do violão no Brasil”, diz o
historiador José Murilo de Carvalho.
VIOLÃO+ • 7
EM PAUTA

Balneário Camboriú, em Santa Catarina, recebe o Festival & Concurso


de Violão Simili, de 7 a 11 de setembro. As atividades acontecerão no
Teatro Municipal Bruno Nitz e na SIMILI música. Entre os músicos
convidados são Marcus Llerena, Eduardo Meirinhos e Gilson Antunes,
além de Marcos Pablo Dalmacio, violonista e professor de Santa Catarina.
As inscrições podem ser feitas pelo site www.similimusica.com.br.

8 • VIOLÃO+
RETRATO Por Luis Stelzer

Marcelo Kayath

O retorno de um
GRANDE TALENTO
Volta? Sim, mas diferentemente do que se podia
esperar, sem muitos concertos, turnês longas e
agendas lotadas. Marcelo não quer nada disso. Só
quer (ainda bem!) gravar e tocar o que quiser, na
hora que quiser

10 • VIOLÃO+
RETRATO
Marcelo Kayath foi uma espécie de passa a enxergar a vida de outro jeito.
cometa do violão. Em meados dos anos Naturalmente, comecei a pensar o violão
1980, aparece de maneira contundente e a minha música de maneira diferente,
para a comunidade violonística, a começar pela própria concepção
vencendo, em um mesmo ano, os maiores sonora e a escolha de instrumento. Hoje,
concursos do mundo. É aclamado pela quando pego para tocar alguma coisa,
crítica internacional. Salas de concerto, a música parece que “canta” para mim,
gravações, recitais pelo mundo todo! De me dizendo o que tem que ser feito,
repente, não se ouve mais falar dele. enquanto que, nos velhos tempos, eu não
Professores comentam que Marcelo enxergava as coisas com tanta clareza.
abandonou a carreira, foi trabalhar no Muita coisa que tocava, eu o fazia sem
mercado financeiro. Várias coisas passam convicção, por absoluta indecisão sobre
na cabeça de seus contemporâneos, o que fazer com a música, e acabava
todos tentando assimilar esse fato me guiando pelo meu instinto. Existe
raro: um músico de grande sucesso e um processo de amadurecimento que
projeção simplesmente sai de cena, por ocorre naturalmente, com o instrumento
vontade própria. Depois de muitos anos, em mãos ou não. Ouvi isso de todos os
Marcelo Kayath foi se reaproximando: meus professores e mentores quando eu
um masterclass daqui, outro dali, e era adolescente, ficava inconformado,
surge um novo trabalho, maravilhoso mas hoje vejo que é verdade. Pouca
como sempre, maduro como nunca. coisa pode ser feita para acelerar o
Com gravações emocionantes, seu CD processo, a não ser dar tempo ao tempo.
é sucesso. E tempo para refletir foi o que não me
faltou nos últimos 25 anos. Obviamente,
Violão+: Por que voltar ao violão? o fato de tudo estar mais claro na minha
Dei o meu último recital na sala St John’s cabeça não significa que todo mundo
Smith Square em Londres em abril vai gostar, mas o importante é que me
de 1990, e, logo na semana seguinte, sinto tocando com mais convicção e
gravei o meu CD Barrios/Ponce Latin segurança das minhas ideias musicais.
American Vol 2. Em 1991, ainda arrumei Sobre a escolha do repertório desse CD,
tempo para gravar em Londres um CD a coisa foi simples: No passado, várias
de ¨Favorites for Guitar¨. Depois disso, vezes tive que gravar o que a gravadora
parei completamente as atividades queria. Dessa vez, escolhi o que eu
musicais. Na verdade, nunca abandonei mais tinha vontade de tocar, e pronto.
o violão, apenas me afastei da carreira Além disso, ouvindo meus CDs antigos,
de músico professional. Nessa minha notei que, na maioria das vezes, acabei
fase de muda, mesmo passando longos gravando peças isoladas. Pensei então
períodos longe do instrumento, senti que que deveria preencher essa lacuna na
amadureci como músico. Não porque minha produção artística gravando só
estava estudando muito, ao contrário. Suítes e Sonatas inteiras. E são quatro
Na verdade, o que aconteceu é que fui compositores que adoro, e de quem
ficando mais velho e, com a idade, a gente nunca havia gravado nada em nenhum
VIOLÃO+ • 11
RETRATO

CD no passado. Por último, eu queria público por todo o incentivo para que
de qualquer maneira gravar uma Suíte esse projeto acontecesse e chegasse a
de Bach! Aliás, foi assim que nasceu o bom termo.
projeto todo. Uma vez, perguntaram ao
grande violoncelista espanhol Pablo Seu começo de carreira foi arrasador.
Casals porque ele tocava Bach todos os Grandes concursos, recitais nos
dias da vida dele, e sempre antes do café grandes teatros do mundo, discos
da manhã. A resposta singela e certeira gravados... Qual foi sua trajetória até
foi: “o sol é sempre o sol¨. Uma coisa que chegar a esse ponto?
gostaria de mencionar é sobre a parte Minha mãe era professora de piano, e eu
técnica da gravação. A equipe técnica ganhei um violão aos dez anos de idade.
da GuitarCoop não deixa nada a dever a No entanto, nessa época, eu não tinha
nenhuma equipe que utilizei em Londres nenhum interesse em estudar violão
no passado. Pelo contrário. A técnica a sério. Isso só ocorreu aos 13 anos,
de som é do grande Ricardo Marui e a quando comecei a estudar com o Léo
montagem e edição é praticamente toda do Soares na Pró-Arte do Rio de Janeiro.
excepcional Henrique Caldas, sem o qual O Léo foi muito importante na minha
nada disso teria sido possível. Ao Sergio formação, incutindo em mim o gosto pela
Abreu, amigo de todos os momentos, música, em tocar com um som bonito,
principalmente nas muitas vezes que em buscar aquele ¨algo mais¨ em tudo
pensei em desistir, faço o agradecimento que eu tocasse. Depois, completei os
12 • VIOLÃO+
RETRATO
meus estudos formais de violão com o do Garoto. A partir daí, resolvi gravar
Jodacil Damaceno e com Turíbio Santos. quatro faixas da música de Garoto,
O Jodacil teve uma grande importância revisando todas as partituras a partir
em aperfeiçoar a minha técnica e a das gravações do próprio compositor.
posição das mãos, principalmente a Isso me deu muita satisfação! Fiquei tão
direita. Turíbio foi crucial para que eu feliz com o resultado que, anos depois,
recebesse um polimento final e desse gravei duas peças de Garoto no meu CD
o salto que eu precisava para poder Guitar Favorites. Cabe ressaltar que,
fazer os concursos internacionais. Ele realmente, não tínhamos as facilidades
também foi muito importante para que virtuais do mundo de hoje, mas tínhamos
eu aprendesse o significado de ser o Ronoel Simões, que era a maior
um artista e músico profissional. Além enciclopédia viva do mundo para violão,
desses mestres formais, sempre tive com um arquivo inigualável de músicas
a ajuda constante dos irmãos Sérgio e e gravações.
Eduardo Abreu, ao longo de toda a minha
trajetória. Os dois irmãos foram cruciaisVocê tinha violões incríveis nessa
para me abrir a cabeça, me mostrando época. Eles ainda estão com você?
caminhos novos e atalhos para que eu Quais violões utiliza atualmente e por
superasse as dificuldades técnicas e que os escolheu?
musicais. Desde a minha adolescência, sempre
tive interesse em formar uma pequena
Seu repertório, em meados dos coleção de instrumentos de ponta.
anos 1980, tinha, além dos clássicos Ao longo dos anos, tive a felicidade
e contemporâneos conhecidos, de aproveitar várias oportunidades
também lançamentos e repertório excelentes e hoje tenho uma coleção de
brasileiro, como Garoto, por exemplo, instrumentos que me satisfaz, que me
hoje muito revisitado, mas nem tanto proporciona enorme prazer e alegria.
naquela época. Como esse repertório
chegava até você sem as facilidades
virtuais de hoje?
Quando eu estudava com o Turíbio, no
Rio de Janeiro, ele tocava muita coisa
da MPB, como Pernambuco etc. Quando
a gravadora 3M/RCA me procurou, em
1986, para gravar um disco de Villa-
Lobos antes do fim daquele ano, hesitei,
porque não tinha o repertório para
encher um LP inteiro com Villa-Lobos.
Nessa época, o Paulo Belinatti estava
começando a tocar e divulgar as obras
de Garoto, e o Ronoel Simões tinha
me dado um cassete com gravações Marcelo Kayath, Sergio Abreu e Leo Brower

VIOLÃO+ • 13
RETRATO
Na minha primeira fase, utilizei um o violão inteiro, dá oportunidades ao
Fleta maravilhoso, de 1981, em quase violonista de mostrar a que veio, todos
todas as gravações e concertos. Nesse os movimentos são muito bons, enfim,
CD ¨Suítes & Sonatas¨, eu estava com é uma grande peça e eu estou muito
outro ideal sonoro na cabeça, então feliz de ter tido a chance de gravá-la.
usei dois violões Hauser I. Na Suíte O segundo e o terceiro movimentos
de Bach e na Sonata de Castelnuovo- são maravilhosos, ao passo que os
Tedesco, utilizei um Hauser I de 1948 movimentos da ponta abrem e fecham
que, aliás, foi o violão que usei quando a sonata de maneira magistral. De
toquei Granados na Masterclass de toda a gravação, talvez a Sonata seja
Andrés Segóvia, em 1986. Para a Suíte onde o som do Hauser se apresenta
de Weiss e a Sonata de Sor, usei um por inteiro em toda a sua majestade,
Hauser I de 1930, que foi do grande principalmente nos baixos pesados que
violonista argentino Cacho Tirao. O só um violão antigo possui.
Cacho usou bastante esse Hauser na
carreira dele, inclusive na gravação No auge do sucesso como concertista,
pioneira que ele fez do “Adiós Nonino”, você se retira do meio, parte para uma
na década de 1970. Essa sonata de atividade completamente distinta do que
Tedesco, para mim, é uma das melhores fazia. Muita gente não entende, até hoje.
peças do repertório. Ela tem tudo! Usa O que te levou a fazer essa escolha?

14 • VIOLÃO+
RETRATO
As coisas aconteceram naturalmente.
Na época em que ganhei os concursos
internacionais e desenvolvi intensa
atividade de concertista, eu também
era estudante do curso de engenharia
eletrônica na UFRJ. Em 1987, quando
me formei, tinha tido três anos
espetaculares na música, além de
vários trabalhos já gravados, que iriam
repercutir ao longo de dois ou três anos.
Estava um pouco cansado de toda como louco nas horas vagas? Pegava
aquela atividade musical, então resolvi no violão de uma maneira mais leve,
que, dado que eu tinha um diploma de já que não tinha uma agenda de
engenharia duramente conquistado (o concertista a cumprir? Ou guardou o
curso na UFRJ era pesado), deveria violão no estojo?
experimentar fazer outra coisa por um Durante os anos 1990, eu estava
ou dois anos, até para ver como era bastante ocupado com o meu trabalho
¨o outro lado¨ e, até mesmo, firmar no mercado financeiro. Nessa época,
minha convicção de que realmente realmente sobrava pouco tempo para
queria ser músico professional. Foi tocar. Nos anos 2000, na medida em
só nesse momento que eu senti que que fui progredindo em minha atividade
ser violonista era uma coisa e ser profissional, comecei a ter um pouco
músico profissional era outra coisa mais de liberdade. Aos poucos, fui
completamente diferente. Descobri que começando a tocar com mais frequência,
o que eu realmente gostava de fazer ainda assim só nos finais de semana.
era de tocar e de ser violonista, mas Nesses anos, aprendi uma lição muito
não de ser músico profissional. Foi importante, que era de aproveitar e fazer
essa a opção que fiz: nunca abri mão de render ao máximo o pouco tempo que
tocar e de ser violonista, mas, naquele eu tinha. O meu estudo, quando existia,
momento, decidi que não queria ser um era muito focado e voltado a resolução
profissional da música. Se a música ia de problemas e tocar músicas inteiras,
ser uma profissão, preferi desenvolver mesmo que eu errasse bastante e
uma atividade profissional em outra estivesse com os dedos enferrujados.
área, ficando apenas com o lado bom Aprendi a tocar mais com a cabeça e
da música, que é tocar. Nunca me menos com os dedos, o que fez toda a
arrependi. Até acho que, ao desenvolver diferença a partir de 2011, quando resolvi
uma outra profissão, me ajudou a ver o que queria tocar de novo de maneira
mundo de outra maneira e amadurecer mais efetiva.
na música também.
Como surgiu a ideia da volta? Quanto
Nesse período de afastamento, qual foi tempo precisou estudar para sentir o
a sua relação com o violão? Estudava domínio do instrumento?
VIOLÃO+ • 15
RETRATO

Na verdade, eu nunca pensei em ¨voltar¨. isso. Escolhi um repertório pesado. A


O que aconteceu foi que, a partir de 2008, partir daí, fui refinando as coisas ao
comecei a tocar com mais frequência e longo de dois anos, amadurecendo as
passei a mostrar o resultado para alguns músicas de maneira lenta. Na reta final,
amigos mais próximos, principalmente o comecei a estudar de novo como nos
Sergio Abreu. Ele rapidamente passou velhos tempos, mas ainda tendo que
a me incentivar muito, dizendo que eu dividir meu tempo com outras atividades
tinha melhorado bastante e que deveria profissionais. Nas semanas anteriores
fazer um registro desse novo repertório. a gravação cheguei a acordar as 5 da
O Henrique Pinto me convidou para manhã várias vezes para conseguir
dar uma masterclass no Conservatório estudar duas horas antes de ir para o
Souza Lima, em São Paulo, o Ricardo trabalho! Foi um sacrifício grande, mas
Dias e o Ricardo Marui me convidaram felizmente deu certo. Estou feliz com o
para dar um minicurso numa faculdade resultado.
em São Paulo, o GFA me convidou para
ser jurado no concurso internacional de Quais as diferenças que você sente
2014. As coisas começaram a acontecer entre o jovem concertista de meados
naturalmente. Ao fazer 50 anos, decidi dos anos 1980 e o cara mais maduro
que precisava marcar a data com alguma dos tempos atuais? O que mudou e o
coisa especial, então, tomei a decisão que permanece intacto?
de fazer o CD como um presente a mim Os princípios básicos permanecem os
mesmo. Era um desafio grande e queria mesmos: compromisso com a excelência
provar que ainda era capaz de fazer musical, querer sempre fazer o melhor
16 • VIOLÃO+
RETRATO
e nunca aceitar a própria preguiça ou divulgação, lançamentos de trabalhos,
ceder à acomodação da mediocridade. DVDs, CD físicos e virtuais... É possível
A grande diferença que sinto hoje é que fazer um paralelo e se entender no
toco o que quero, quando quero, do jeito meio de tantas mudanças?
que quero e sem nenhuma preocupação Acredito que o mundo mudou,
com a opinião dos críticos ou do público.principalmente depois da explosão da
Não é que não me importe com isso, ao internet. Uma das principais mudanças
contrário, fico muito feliz quando vejo que
foi a morte do modelo tradicional de
meu trabalho é apreciado pelos amantes negócios na música com o declínio das
da boa música. Apenas acontece que gravadoras. Hoje, a carreira é muito mais
toco de maneira despreocupada, leve desenvolvida a partir de vídeos e de
mesmo, sem medo de ser feliz com a concertos ao vivo, enquanto no passado
música. Ajuda muito o fato que hoje havia grandes músicos que podiam até
só toco o que me traz grande prazer e se dar ao luxo de viver só de gravações,
satisfação. Sinto que isso aparece com como, por exemplo, o pianista canadense
clareza no meu modo de tocar e de sentir Glenn Gould. Acredito que as mudanças
a música. Hoje em dia, sinto as coisas tecnológicas atualmente em curso ainda
de maneira muito mais intensa. Tudo vão trazer muitas novidades, como os
que faço no violão acontece por amor a concertos que começam agora a ser
música. Essa é a grande diferença. transmitidos ao vivo para o mundo todo
pela internet. A morte das gravadoras
Como está sua agenda? Pretende democratizou a mídia musical, mas
retomar a carreira com toda força? infelizmente a perda desse filtro trouxe
Não tenho nenhum plano de voltar a ser à tona muito lixo também. Acho que os
concertista profissional com uma agenda próximos anos trarão mais clareza em
pesada de concertos. Tenho planos de relação ao que será o novo modelo de
ficar mais ativo no meio musical e de negócios. No violão, especificamente,
colaborar para lapidar novos talentos, acredito que houve uma grande evolução.
além de ajudar a aumentar o prestígio do Mas, do lado negativo, vejo uma
violão como instrumento. Recebo convites preocupação enorme em tocar rápido e
para todo tipo de evento envolvendo de maneira maquinal, com uma ênfase
o violão, mas, infelizmente, não tenho menor na beleza da música, na poesia,
como aceitar a maioria desses convites na arte, no som doce e nas variações
por absoluta falta de tempo. Pretendo de timbre, que eram mais comuns na
fazer novas gravações e novos vídeos minha adolescência. Acredito que as
para deixar um registro da minha maneira referências que a minha geração teve -
de tocar. Minha próxima gravação já está Bream, Williams, Segovia - se perderam,
em gestação e trará algumas surpresas e as novas gerações precisam descobrir
para os amigos que me acompanham. o próprio caminho, mas sem perder o
De quando você parou para os dias de lado da poesia e da beleza sonora. Afinal
hoje, muita coisa mudou também no de contas, é isso que diferencia o violão
meio musical, espaços para concertos, dos outros instrumentos.
VIOLÃO+ • 17
NO PLAYER Por Luis Stelzer

Abismo de Rosas
Houve um tempo em que ouvir Dilermando Reis era
considerado brega no meio violonístico. Era uma
época cheia de preconceitos, com certeza. Mas, será
que estamos livres disso?

Natural de Guaratinguetá, interior anos a fio. Esteve nos programas de


de São Paulo, Dilermando Reis teve rádio, chegando, inclusive, a migrar
uma carreira fantástica. O violonista para a TV.
tocou nos cassinos do Rio de Janeiro, No ano de seu centenário, sinto um certo
produziu uma discografia muito boa e abandono da figura de Dilermando.
belos arranjos e composições saíram Suas biografias não são tão fáceis
de suas mãos, numa tocada segura. de encontrar (a da Wikipédia é uma
Pode ser que o seu som de cordas de vergonha). Sua discografia é mais fácil,
aço incomode, que suas interpretações via YouTube. Os grandes nomes do
não fossem as mais profundas. Mas ele violão - exceção honrosa ao grande
foi a cara do violão no Brasil, durante Marco Pereira, que lançou o CD Dois

18 • VIOLÃO+
NO PLAYER
Destinos (maravilhoso, por sinal) - não
estão mostrando disposição para fazer
homenagens como ele merece.
Quem tem na família alguém que toque
ou aprecie o violão solo e que esteja
na considerada terceira idade, sabe
muito bem quem é Dilermando Reis e
já ouviu “Sons de Carrilhões”, “Abismo
de Rosas”, “Marcha dos Marinheiros”
e tantos outros hits (isso mesmo, hits,
um amante do violão à antiga conhece
essas interpretações décor!). Durante
muito tempo, ouvi meus tios falando,
ao me ouvir tocando as primeiras
notas: já toca “Abismo de Rosas”? E
“Sons de Carrilhões”? Ou “Marcha dos
Marinheiros”? Ainda não? Então, ainda
não está bom, não quero nem ouvir! copiar. Mas me emociona.
Lógico que eu não gostava, pois o peso Sugiro, a quem não conhece, uma
era grande. Tinha que logo me igualar passada por Dilermando. O disco
ao ídolo deles, o que fez com que me Abismo de Rosas, da gravadora
afastasse desse repertório. Continental, do final dos anos 1950, é
Felizmente, o tempo passa, a gente uma boa escolha. Está bem gravado,
vai deixando os preconceitos pelo embora tenha um reverb um pouquinho
caminho (se quiser, é claro!), e pude exagerado, mas nada que atrapalhe. A
me reaproximar desse trabalho, que é quem conhece, o convite a uma nova
lindo. E bem tocado por Dilermando. audição, em homenagem aos cem anos
Realmente, não é um som que eu queira de nascimento do mestre.

VIOLÃO+ • 19
CONEXÃO INTERNACIONAL Por Luis Stelzer

Nelson Machado

20 • VIOLÃO+
CONEXÃO INTERNACIONAL

Lá e cá
O paulistano Nelson Machado já tinha uma carreira em
pleno desenvolvimento, tanto como violonista popular
quanto no Flamenco. Ainda muito jovem, teve a chance
de tocar na Itália. Foi, gostou, foi ficando e passou 24
anos lá! Depois de conhecer vários palcos europeus,
lançar trabalhos autorais, estudar com grandes
mestres, aprender a cantar, perceber e valorizar a
repercussão da música popular brasileira, está de
volta ao Brasil, compartilhando toda essa vivência em
projetos socioculturais. E conta para nós um pouco
desta bela história

Violão+: Como foram seus estudos Cheguei a gravá-lo em um de meus


musicais no Brasil? Desde quando discos. Me formei no conservatório,
estuda e com quais professores fez com muito chorinho e música popular
sua formação? na bagagem, e fui à faculdade São
Nelson Machado: Antes de tudo, Judas Tadeu, onde tive o prazer de
gostaria muito de agradecer pela estabelecer amizades para a vida toda.
oportunidade desta entrevista. Gosto O professor foi Giacomo Bartoloni,
muito da revista e da proposta de valorizar grande mestre que me fez enxergar o
o violão e os músicos que dedicam a instrumento de outra maneira. Conheci
vida ao instrumento. Comecei a estudar novos modos de interpretação, cresci
música na casa de uma professora no muito musicalmente. Após a faculdade,
meu bairro, a Dona Marina, mas eu era continuei meus estudos eruditos com o
muito jovem. Bona, Pozzoli, estudos de professor Henrique Pinto, que dispensa
piano, e só posteriormente o violão... comentários. Foi um mestre de vida,
eu não podia imaginar o percurso onde amigo, e ainda hoje me lembro de nossas
aquilo tudo iria me levar. Ingressei conversas. Em 1986, não existia a
no Conservatório Heitor Villa-Lobos consciência acadêmica que existe hoje.
ainda adolescente e, ali, o professor Jamais passara pela minha cabeça a
de violão era um chorão respeitável, ideia de cursar um mestrado em violão,
João Da Silva. Existe um chorinho ou doutorado em musicologia, nem
lindo de sua autoria chamado “Minha sabia que isso fosse possível, mas ainda
Homenagem”, que ainda toco até hoje. carregava muitas dúvidas a respeito de
VIOLÃO+ • 21
CONEXÃO INTERNACIONAL
serviço da música popular. É nisso
que você acredita?
Em minha formação, sempre procurei
me manter aberto, procurei estudar
violão erudito e música popular também.
Adorava Rock and Roll, Jazz, Blues,
Flamenco, o violão de Baden Powel,
Dino Sete Cordas e Raphael Rabello.
Disso tudo nasceu meu modo de tocar.
Acredito que o músico brasileiro tem
muita sorte em ter como base uma das
músicas mais ricas e complexas do
mundo. Existe um pensamento estético
na Itália que sempre me deixou muito
irritado, isto é, a classificação da “musica
leggera”, pop, da “musica séria”, música
clássica. Tudo bem, estou sendo crítico
demais, e todo este contexto se aplica
à música italiana em geral, mas não se
pode classificar a música brasileira como
“leggera”, assim como é a música de
Eros Ramazzotti, por exemplo. A Música
Popular Brasileira assume um papel
único no mundo, sem comparações com
qual tipo de música eu viria a fazer no nenhum outro gênero. A complexidade
futuro. Fiz vários cursos organizados e a beleza da obra de Ernesto Nazareth,
pelo professor Henrique Pinto, a maioria Noel Rosa, Tom Jobim, Chico Buarque
deles no Centro Cultural de São Paulo, de Hollanda ou Egberto Gismonti são
e o curso internacional em Porto Alegre. inquestionáveis.
Fui cursar “Composição e Regência”
na Unesp, onde estudei com Sergio Quando surgiu o desejo de morar
Vasconcellos Corrêa, grandíssimo
fora? Demorou para esse desejo se
professor, e, no mesmo ano, fui escolhido
encontrar com a realidade?
Acho que não pensei muito, as coisas
a participar do 1° Seminário da Música
foram acontecendo. Do final do curso
Instrumental Brasileira em Ouro Preto,
organizado por Toninho Horta. Isso,de Bacharelado até o aeroporto, não
decididamente, mudou minha vida. demorou muito. Eu já tocava violão e
guitarra elétrica em bares noturnos. Me
Sei que você trabalhou muito com lembro de ter tocado em quase todos os
música popular. Lembro até de uma bares da Rua 13 de Maio, em São Paulo.
frase dita por você, mais ou menos Que saudade... Tocava em diversas
assim: sou um músico erudito a formações: tinha um grupo de flamenco
22 • VIOLÃO+
CONEXÃO INTERNACIONAL
com o violonista Julio Cezar Peralta, Eu não tinha uma ideia clara do que iria
do grupo Raíces de América, grupos de acontecer e de quanto tempo tudo aquilo
MPB, um grupo de choro e jazz... Logo iria durar, então aproveitei para fazer
surgiu uma proposta interessante de ir cursos de música. Foi então que consegui
tocar em uma casa noturna em Bolonha, uma vaga no curso de férias na Accademia
na Itália. Chigiana di Siena, com o grande Maestro
Narciso Yepes. Para mim, foi o momento
Como foram os primeiros anos de mais alto de todos os meus anos de
Itália? Como fez para se estabelecer? estudo de violão erudito. Estar ali entre
As primeiras experiências foram bizarras. tantos virtuoses me deu novos estímulos
Só conhecia da língua italiana os termos para a pesquisa e o estudo do violão
técnicos da música erudita: rallentando, em geral. Embora gostasse de tantos
piano, scherzo, allegro... gêneros musicais, sempre tive receio
Demorei uns meses até conhecer melhor de que a música popular não pudesse
a língua e a cultura daquele País. Tive oferecer garantias de uma vida digna.
grande ajuda do pianista de jazz Maurizio Embora trabalhasse muito com choro,
Messini, que me hospedou por uns meses
e, digamos, me educou à moda italiana.
Me lembro que ganhava muito dinheiro,
mas era muita grana e não sabia o que
fazer daquilo. Ainda existia a Lira Italiana,
e eu tocava todas as noites, exceto às
segunda feiras. O lugar se chamava
Brasil Club e a casa era lotada todas as
noites. Bolonha sempre foi minha cidade.
Embora tenha rodado outras cidades do
norte da Itália, Bolonha era especial. Me
apaixonei pela arquitetura, pela história
do lugar, pelas pessoas e pela praticidade
das coisas acontecerem. De repente,
me vi livre de todas aquelas paranoias
da época da faculdade: me vi um músico
profissional, muito estimado e com a vida
toda pela frente.

Muitos músicos tentam a carreira na


Europa com a música clássica e o
chorinho. Você já pendeu mais para
a música popular brasileira, cantada,
muitas vezes, autoral. Conseguiu,
inclusive, gravar lá. Como foram essas
experiências?
VIOLÃO+ • 23
CONEXÃO INTERNACIONAL
jazz e música instrumental brasileira, brotava do nada, acabou logo e tive que
existia em mim um certo preconceito em trabalhar muito para ter minhas coisas.
relação à música popular. No fundo, eu Tive uma vida intensa como violonista
vinha do conservatório musical, tinha e cantor. Rodei por toda a Itália e por
formação erudita, e esta era a formação grande parte da Europa fazendo shows
“certa”. Tudo isso veio abaixo quando de MPB, com canções minhas também.
comecei a perceber que os ingressos para Formei o Brasil Class - quarteto vocal
um show de João Gilberto se esgotavam que chegou a tocar nas casas mais
instantaneamente e custavam uma famosas de Bolonha -, compus canções
fortuna, Isto também valia para os shows em parceria com autores italianos como
de Tom Jobim, Chico Buarque, e Toquinho. Franz Campi, toquei violão em várias
Comecei a dar um peso diferente à gravações, fiz arranjos para diversos
musica da minha terra. Na Europa, João cantores e cantoras. Meu primeiro
Gilberto era recebido da mesma forma disco, com o titulo Iluminado, surgiu em
como Michael Jackson era recebido no 1994 com o grupo Sambahia, formado
Brasil. Passei a consumir tudo o que era por músicos italianos e um americano.
produzido no Brasil: a música de João Músicos excelentes, com os quais
Pernambuco, Jackson Do Pandeiro, o cresci muito. Em 2004, foi a vez do CD
maracatu, o afoxé, a importância de Luiz Brasiliano, em parceria com o letrista Léo
Gonzaga, Dominguinhos e por aí afora. Nogueira, que já foi lançado no Japão
Achei muito espaço para encaixar meu e está sendo lançado agora no Brasil.
violão nisso tudo. E aprendi a cantar, isto
O disco conta com a participação de
é, ainda estou tentando... (risos) músicos excepcionais, como Oswaldinho
do Acordeon, os primos Daniel e Vitor
Você também fez participações em Alcântara, Douglas Alonso, Sergio Bello
trabalhos de músicos de lá? e tantos outros. Em 2005, fiz mais dois
Aquele período inicial, em que o dinheiro CDs para a etiqueta italiana Philology, o
primeiro, com o título Jobim e Outros, e
o segundo, chamado De Letra.

Conte-nos sobre o acidente que você


sofreu na Itália. É verdade que te
deram como morto?
Pois é, vivi essa terrível experiência: um
acidente automobilístico quando voltava
de um show. Foi praticamente um
impacto frontal. Por causa das condições
dos veículos, um jornal de Bolonha
noticiou que o músico Nelson Machado
havia falecido após o terrível acidente.
Por sorte, o violonista Nelson sempre
bateu na madeira, e esse falso alarme
24 • VIOLÃO+
CONEXÃO INTERNACIONAL
não passou de um boom jornalístico.
Tive traumas e diversas fraturas, fiquei
um ano e meio parado, em meio a tanta
fisioterapia, mas com muito esforço e
dedicação, voltei a tocar e a conviver
bem com as sequelas.
Há alguns anos, você voltou a fixar
residência no Brasil. O que mudou para
você voltar para cá?
Morei na Itália por 24 anos. Tenho o
visto permanente e, por isso, devo estar
por lá quase sempre. Vou todos os anos
para fazer shows, rever tantos amigos,
e mangiare la buona pasta! Decidi ficar
perto dos meus pais nesta fase da vida
deles. Foram muitos anos de ausência
e senti que precisava voltar para tirar
tantas dúvidas. A minha visão do País
ainda era aquela que deixei em 1988,
embora tivesse sempre vindo em férias.
Mas morar aqui é outra coisa.

O que você tem feito aqui no Brasil?


Como você vê o momento atual da
nossa música e o mercado de trabalho? fiz na Itália, continuo fazendo aqui no
Assim que cheguei, meus amigos de Brasil. De repente, a minha música de
faculdade Paulo de Tarso Salles e Luis referência, a Música Popular Brasileira,
Stelzer me disseram que meu curso de já não é mais conhecida. Outros gêneros
bacharelado não era mais o suficiente, passaram a dominar o mercado, como
que seria necessário um curso acadêmico o funk. Embora o reconheça como um
para voltar a trabalhar no Brasil. Após fenômeno cultural, um grito da periferia,
muita cerveja, me convenceram a fazer vejo que carece de alma, não há poesia,
uma pós-graduação na Faculdade é somente um grito desesperado. Isso
Santa Marcelina. Uma pós em canção, me dá motivos para querer compor,
que curti muito, me abriu realmente produzir e ensinar boa música. Vou
novos canais. Um amigo me indicou lançar meu disco Brasiliano este ano.
para uma entrevista no Catavento Pretendo voltar a fazer shows e, quem
Cultural e, hoje, sou educador cultural sabe, servir de referência aos jovens
numa Fábrica de Cultura, onde posso que hoje vivem a angustia e a dúvida se
passar muito da minha experiência a viver de arte é uma boa ideia. E é neste
crianças de comunidades locais ou de momento que estufo o peito e respondo
bairros adjacentes. Sinto que, o que que teria feito tudo igual novamente.
VIOLÃO+ • 25
mundo Por Luisa Fernanda Hinojosa Streber

O Shamisen
(seda musical)
O Shamisen, humildemente, além de manifestar uma
cultura, se dá ao luxo de ser o crisol onde se conjugam
seres de todos os âmbitos em sua construção, na sua
interpretação e inspiração

Quem não tem na mente imagens de Puccini. Fiquei absolutamente


absolutamente delicadas e refinadas hipnotizada por essa cultura. A vida me
do Japão, que combina sua sofisticação deu de presente um dos meus melhores
com explosões culturais como as cores e amigos, Aaron Silva Kamino (e a sua
desenhos dos quimonos, artes marciais esposa Araceli), a quem dedico este
e as lendas dos heroicos Samurais, a artigo, já que Aaron, mesmo sendo
beleza de seus magníficos jardins e mexicano, tem ascendência japonesa
os pagodes típicos desse país? E nem e tem me ensinado a amar, respeitar
falemos da comida! e admirar ainda mais esse País,
Minha primeira aproximação com além de entender seus costumes e
o Japão foi com Madame Butterfly, tradição cultural.

26 • VIOLÃO+
mundo
Um pouco de historia
Reza a lenda que na antiga China
existiram oito tipos de instrumentos:
Metal, Pedra, Seda, Bambu, Abóbora,
Argila, Couro e Madeira. O Shamisen,
instrumento em questão neste artigo, se
classifica de Seda, pelas suas cordas. Ele
surgiu no século 13, na China (dinastia
Yuan), quando era chamado de saxian,
e foi introduzido nas ilhas pelo Sudoeste
(Okinawa) formalmente no século 16,
chegando para acompanhar o teatro
kabuki em Osaka tempos depois, com
o interprete Takata Hyoshiro. No início,
o instrumento esteve só ao alcance dos
nobres (chamados Ryükyüan), sendo
popularizado no século 19.
Os três estilos musicais do shamisen são:
• Uta-mono (estilo cantado)
• Katari-mono (estilo narrativo)
• Minyo (canções folclóricas)
O estilo mais antigo se denomina
samishem–kumuita ou Ji-uta, que
consistia em canções locais da área
da Kamigata, mas o Katari-mono é o
estilo mais difundido e característico da
música desse instrumento

O instrumento
O Shamisen japonês é construído com
quatro peças de madeira e se recobre
com pele de cachorro ou gato. Se diz
que, antigamente, era feito com pele
de serpente píton trazida da Índia, mas
na escassez, isso foi alterado. Tanto
assim que, logo após a Segunda Guerra Suas três cordas são feitas de seda, e
Mundial, era construído com latas e o plectro com o qual são tocadas tem
tecido de paraquedas, chamando-se forma de machado. Ele é feito de carey,
kankara sashin. Seu braço, de um metro material translúcido extraído da carcaça
de comprimento aproximadamente, das tartarugas marinhas. Este plectro é
atravessa o corpo do instrumento e chamado de Bachi, e há quem diga que
sobressai ligeiramente no extremo oposto. também é feito de chifre de búfalo.
VIOLÃO+ • 27
mundo

As afinações modernas

Como se sabe, no extremo oriente, os que os ocidentais podem compreender,


tons e as notas não são entendidos fruto da globalização temperada há vários
como no ocidente, pois são como sílabas séculos. As afinações, é obvio, variam em
construindo pensamentos, em que a função do intérprete e do cantor. São elas:
harmonia é criada no pensamento de • Honchoshi: Si, Mi, Si
quem escuta, como uma poesia. Mas • Niagari: Si, Fa#, Si
existem, atualmente, certas afinações • Sansagari: Si, Mi, La

Curiosidades Existem alguns


instrumentos de corda
japoneses que, além
de agradar nossos
ouvidos com seu som,
também são armas
mortais, como o
Tonkori, que pode ter
uma espada no braço,
para ser usada em
alguma emergência.

28 • VIOLÃO+
matéria de capa

Verda
Por Luis Stelzer

O baiano Eugênio Avelino cresceu ouvindo


seus familiares tocando acordeon. Meio
tímido, não ousou começar cedo a tocar,
mas já fazia serenatas com sua voz única.
Chegou ao violão só aos 19 anos. Aprendeu
praticamente sozinho. Começou, então, a
tocar as músicas “do seu jeito”, jeito esse
que foi conquistando o seu espaço, como
um cantadô e violero, como diz a música
de um de seus mestres, o também baiano
Elomar. Esse jeito forte, de voz com agudos
e timbre único, foi reconhecido até pelo
grande maestro cubano Leo Brouwer, que
chegou a convidá-lo para encerrar um de
seus famosos festivais ao lado de nomes
como Silvio Rodrigues e Pablo Milanés. E
como tem história para contar! Aqui, alguma
coisa da obra deste homem que resume a
sua música em uma única palavra: verdade!

adeiro
xangai
Violão+: Vamos começar por esse O que aconteceu?
trabalho que você está apresentando, Ele fez um desafio que eu cheguei a
o lançamento deste CD com seu nome. gelar: que eu tocasse e cantasse tudo! O
Como foi esse processo? Como surgiu resultado está aí. É um disco modesto,
esse disco especificamente? mas é uma verdade gravada. Porque eu
Esse disco não saiu do jeito que eu sei que, se tivesse o violão dele, estaria
queria. Há vinte e tantos anos eu conheci musicalmente muito mais bem realizado,
o Mario Ulhoa, que é um violonista isso é uma verdade. Não sou de ficar
extraordinário da Costa Rica. Pra você mentindo, enfiando conversa fiada... Na
ter uma ideia, ele foi por anos e anos, e hora, ele falou: “você já fez algum disco
ainda é, considerado, se fizéssemos um só você tocando? Você tocar violão e
ranking, talvez entre os cinco melhores cantar, do seu jeito?”. Interessante. Não
do mundo. Ganhou vários concursos é modéstia, mas sempre desconfio que
quando estudou na Alemanha. Hoje, é o meu violão não é perfeito, como um
doutor em música. Quando o conheci, a violonista de verdade deve tocar. Mas,
gente se encantou um pelo outro, um pela para mim, me serve muito. Acredito que
arte do outro, eu pelo seu toque, ele pelo tem uma magia nisso. As pessoas dizem
meu jeito de cantar. Então propusemos isso, gostam muito. E ele, inclusive, o
um ao outro fazermos um disco juntos, mestre. Ele disse: “vamos fazer assim,
ele tocando e eu, cantando. O tempo e ainda você vai ganhar prêmio!”. E o
passou, até que chegou a hora de eu disco foi indicado como melhor álbum.
poder fazer esse disco com ele Falamos: E ainda ganhei esse prêmio de melhor
“Vamos?” “Vamos!” Tudo combinado e cantor... Eu não vejo esse cantor todo,
tal, fomos para o lugar combinado...e mas... (risos).
não tem uma nota sequer do violão dele
nesse disco. Mas tem muita gente que concorda
com ele!
A gente gravou isso em um sítio, está
dito em um pequeno comentário que
eu faço no encarte, o Sítio da Ponta da
Torta, que é de um compadre meu, perto
de Feira de Santana, no município de
São Gonçalo. Um lugar muito calmo,
muito agradável, com a natureza nos
proporcionando inspiração.

Além do Ulhoa, seu produtor, tem


gente que também se rasga elogios a
você, como o Leo Brouwer, que falou
muito da sua voz...
Leo Brouwer é meu amigo! Uma ocasião,
eu estava tocando na Martinica. Estavam
32 • VIOLÃO+
xangai

lá Gilberto Gil, Elomar, Geraldo Azevedo, “Serás recebido como um rei” (voltando
Baden Powell, Paulinho da Viola, ao português). E eu fui, mesmo. O lugar
uma plêiade de músicos brasileiros onde fui melhor tratado do que esta vez,
extraordinários. Brouwer me viu cantando em Cuba, só quando eu mamava no peito
na casa do produtor daquele festival. Ele da minha mamãe (risos). Fui muito bem
tamborilava na mesa assim (faz como tratado lá, foi maravilhoso. Ele me pôs
que um trêmolo com os dedos a, m e para encerrar o festival, dividindo o palco
i, os violonistas vão me entender!). Ele com Silvio Rodrigues e Pablo Milanês.
havia sofrido um acidente, tinha rompido Então, Leo me tem um grande carinho,
o tendão de um dos dedos, então ficava mesmo. Já faz tempo que não falo com
toda hora tamborilando assim; Aí, peguei ele, mas estou com muito saudade.
um violão. Depois que o Geraldinho Pretendo em breve visitá-lo.
(Azevedo) tocou uma música, passou o
violão para mim. Eu cantei uma música, e E isso foi nos anos 1990?
ele, imediatamente, disse: “estas invitado Ah, tem um tempão, já.
por mi festival!”. Fiz cara de surpresa.
Ele continuou: “porque tienes la voz Mas é sensacional o violonista
mas insólita que já tenga ouvido” (tento, clássico, o maestro, acompanhando
aqui, reproduzir o portunhol de Xangai). a música de um cantador de um país
VIOLÃO+ • 33
xangai

que não é o seu, de uma língua que por perto. O pai do meu pai também tocava.
não é a sua... E minha irmã formou-se em acordeon.
E a música do Brouwer é diferente, Mas sempre tive certo acanhamento,
considerado por muitos, junto de talvez pela criação. Minha mãe, cheia
Villa-Lobos, um dos mais importantes de meninos para dar conta, tinha certa
compositores do século 20. Você austeridade: “Menino, não mexe aí...”,
conhece este instrumento? (me passa senão, seríamos uns cabras muito
seu violão, um Suguiyama). Esse violão safados também. O que não faltava era
parece um piano! O disco foi gravado peraltice de menino. Então, eu não tinha
com ele. coragem de pegar em instrumento algum
do meu pai. Com 19 anos, peguei um
O contato com o violão, vem desde violão pela primeira vez! Mas eu já fazia
quando? serenata para as namoradas dos meus
Rapaz, que interessante. Eu, desde irmãos antes mesmo de ter namorada.
criancinha, canto. Quando fui ficando Dos meus irmãos e dos meus amigos.
maiorzinho, meu pai, que, além de Eu é que cantava as modas da época.
vaqueiro, peão, pequeno fazendeiro, era Voltando ao violão, um amigo ensinou os
tocador de sanfona e tinha sempre uma primeiros acordes. Por isso digo que não
34 • VIOLÃO+
xangai
sou um violonista, mesmo. Tinha alguns tive que me virar. E comecei a compor
acordes que eu estava treinando, meu as músicas, já tinha uma veia de poesia.
pai passou na sala, viu e disse assim: “tá Sempre fui um apreciador de música
querendo aprender a tocar violão?”. Eu boa. Se tenho uma qualidade mesmo,
disse: “é, pai”. Ele: “Mario Dantas, meu não é de tocar nem de cantar. É que me
amigo, diz que violão não é para ficar considero uma espécie de filtro, porque
batendo assim, violão é pra dedilhar!”. quando se vai coar o café, o coador não
Aquilo veio para mim e, veja que coisa pode ter rasgo, para não passar borra.
interessante: a maneira correta de tocar Então, no meu repertório, não tem borra!
um violão (enquanto toca um acorde de É assim que vejo a música, é assim que
7a menor com brincadeiras nos baixos) tenho uma filtragem, primeiro, para mim
é com o polegar e esses três dedos mesmo, para o meu próprio deleite,
(indicador, médio e anular). Eu tive para o meu próprio gosto. Depois, pela
uma dificuldade: por não ter professor, responsabilidade que tenho diante de
comecei a dedilhar usando o dedo quem me dá valor, entende? Então,
mindinho (mínimo) também. Uso até tenho o melhor público do Brasil! E não
hoje. Então, sou um autodidata. Descobri sou eu só, não. Tem uma casta pequena
um jeito de tocar, o meu jeito, porque de autores, de compositores. Sabe quem

VIOLÃO+ • 35
xangai
tem também o melhor público? Renato Ao que me parece, ele já estava na
Teixeira, Elomar, Caetano Veloso, faculdade em Salvador. Ele vinha todo
Paulinho da Viola... Por que? Porque começo de setembro para treinar a
a obra que eles fazem é verdadeira. É escola, havia uma competição do melhor
desse jeito que eu me posiciono: como desfile escolar do 7 de setembro. E eu
um filtro. Minha melhor qualidade. Não é era louco para tocar. Ficava com aqueles
exaltação. É apenas para que se entenda “zóião”, medroso... Mas eu sabia que
como eu me vejo dentro desse cenário, sabia (risos). Alguma coisa me dizia
dentro dessa coisa toda. que eu precisava tocar. Elomar então
vinha pra ensaiar os meninos. Quando
E esse encontro com Elomar e com ele chegava, já pedia pro pessoal ir
outros tantos, começou a se dar tocando, ia dividindo os instrumentos.
quando? Todos eram maiores do que eu, então
O Cantoria? (lendário LP de 1984, da não sobrou nada para mim. Na caixa
Kuarup discos, com Xangai, Elomar, clara (tarol), estava o primo dele, que
Vital Farias e Geraldo Azevedo). Conheci não se saiu bem e foi tirado. Para o
o Elomar quando tinha 10 anos. Eu lugar, ele perguntou quem tocava aquilo.
estudava na escola de Tia Rosália, irmã Daí eu disse: “eu, eu toco!”. Ele deu a
de tia Eurídice, que é a mãe dele. Se ordem, fui no ritmo, deu tudo certinho.
chamava Educandário Judêncio Terra. Elomar disse: quem sabe, já nasce feito!

36 • VIOLÃO+
xangai

Fiquei bobo, e encantado. Não sabia Eu sou bode do mesmo chiqueirinho


nada, mas me virei. Teve mais uns dois das cabras, galo do mesmo terreiro, a
ensaios. Pegamos uma amizade, uma linguagem que ele escreve, para mim,
intimidade. Mas não demos continuidade. não é estranha, eu também falo daquele
Elomar seguiu por anos na arquitetura. jeito, entendo da mesma forma. Quando
Quando voltei a me encontrar com ele, canto as músicas dele, para mim, é
já era meados da década de 1970. Ele natural. Apenas porque sei o que é, não
ficou encantado, eu já tocava, até umas é nenhuma vantagem de outro tipo.
músicas dele. Morava no Rio de Janeiro,
e ele em Vitória da Conquista. Ficamos E o Cantoria? Como aconteceu?
muito unidos, religou-se o que estava Vocês ensaiaram muito?
interrompido. Viramos amigos e irmãos. Começo de 1984, há 32 anos. Limonge,
Eu não canto melhor que ninguém. Meu amigo nosso que fazia umas produções,
cantor favorito é Ray Charles. Ele me faz me convidou para cantar com Elomar -
ver o que até mesmo ele não vê, através eu já vinha há bastante tempo cantando
do seu sentimento, da sua interpretação. com Elomar -, para fazer um “trabalhinho”
Então, por que canto as músicas de no Teatro Castro Alves, com outros dois,
Elomar quase sem erros? Ele escreve Geraldinho Azevedo e Vital Farias. Eu
numa linguagem dos catingueiros, do morava no Rio de Janeiro nessa época,
povo, que é da minha terra também. mas estava sempre na Bahia, tocando
VIOLÃO+ • 37
xangai

38 • VIOLÃO+
xangai
com Elomar. Ele me fez esse convite para E tem explicação essa magia de você
eu fazer uma espécie de participação. pegar uma música que não é sua e
Vital e Geraldo eu também já conhecia. fazer uma coautoria?
Geraldo é muito amigo meu também. Eu já ouvi mais de uma vez, Milton
Então, legal, vamos fazer! Chegamos lá Nascimento, Chico Buarque, falando a
no Castro Alves sem ensaiar. respeito de Elis Regina e Ney Matogrosso:
são compositores! Eu não conheço
Sem ensaiar? nenhuma música de Elis nem de Ney. Eu
Sim, sem ensaiar! Cada um cantou o que digo: por que? Eles respondem: porque
quis. E, como eu tinha uma proximidade eu faço uma música assim e eles fazem
com o Elomar, com o Geraldo e mesmo ela virar uma outra coisa. Quer ver um
com o vital Farias, no Rio de Janeiro, compositor, ou melhor, dois? Música de
eu sabia cantar algumas canções deles. Milton Nascimento e Chico Buarque, “Cio
Também fiz vocalizes, sendo um meio da Terra”. Pena Branca e Xavantinho
de ligação entre todos. O bacana é fizeram uma nova música. No dia em que
que foi um concerto tão espontâneo, e eu ouvi, falei: que coisa estranha! Achei
honesto, e verdadeiro, que se tornou feio. Depois, fui ouvindo... É a melhor
essa maravilha. Quem ouve tudo aquilo interpretação, não deixando de gostar das
tá vendo que tem um fundo real, de outras. Mas Pena Branca e Xavantinho
verdade. pegaram a música para eles, direto para
o coração do povo, de uma maneira tão
Não dá para acreditar que vocês singela, tão bonita... Outra, do Caetano,
fizeram esse trabalho praticamente que eles cantam, chamada “O Ciúme”,
sem ensaiar... também está demais. São parceiros.
Praticamente, não, sem ensaiar. Sem
ensaio nenhum! Hoje recebi uma ligação E você?
de um jornalista do Correio Braziliense, Eu vou “respostar” para você, com o
perguntando quando íamos ensaiar. Nós máximo de honestidade, de verdade. Eu
nunca ensaiamos. Não chega a ser um suspeito que isso ocorre sabe por quê?
jazz, mas são três violonistas excelentes. Porque não tenho competência para
O que se aproxima mais do clássico são fazer a música do jeito que tinha que
o Elomar e o Vital. Geraldinho é de uma ser! Então, tenho que dar o meu jeito,
habilidade fantástica no pop. É uma magia criar uma maneira. A música era de um
para tocar, encanta a todo mundo, encanta jeito que não sei fazer, mas sei como
a mim, com certeza. O meu violão é mais é a música, ela está dentro de mim, aí
modesto, mas quem bota a voz sou eu, ela começa a sair de dentro de mim.
em todas as cantigas. Todos fazem muito Essa é a maneira que eu gosto de fazer.
bem o seu trabalho, ora como atacante, Às vezes, me chamam para fazer uma
ora como zagueiro. Digamos que sou o gravação, sem tempo de maturar, de a
meia de ligação (risos). Tudo encaixou, música entrar nas moléculas da gente.
foi uma coisa que marcou para o público Então, fica bom, mas não tanto. É outra
e para cada um de nós. coisa quando a música sai de dentro.
VIOLÃO+ • 39
história Por Rosimary Parra

A arte da canção
acompanhada Parte V
O século 18 foi um período de transição na trajetória dos instrumentos
da família das guitarras

A guitarra barroca, que até o início do por exemplo, na forma de tocar que
século 18 teve grande êxito no ambiente privilegiava o uso do estilo rasgueado,
musical cortesão, passa a ter papel com ênfase na execução de acordes e
menos importante para o gosto musical ritmos bem marcados pela mão direita.
da época, sendo aos poucos substituída Assim, o estilo punteado, de grande
por instrumentos como o cravo e a harpa. refinamento melódico e muito valorizado
Esse novo papel influenciará em nas décadas anteriores, saiu de cena.
questões técnicas do instrumento como, Foi durante o século 18 que aconteceram

Fernando Sor Mauro Giuliani

40 • VIOLÃO+
história
muitas transformações na organologia
do instrumento quanto a dimensões, ao
número de ordens, à mudança do uso de
cordas em pares para cordas simples, ao
mosaico central aberto, à decoração mais
sóbria e padronização da afinação com o
uso da 6ª corda. Dessa forma, chegamos
ao instrumento conhecido como guitarra
romântica, já muito próximo do violão
moderno, com o mesmo número de
cordas e mesma afinação.
Todos esses acontecimentos propiciaram
o ressurgimento da guitarra no século
19. O instrumento voltou a brilhar nos
salões europeus, nas mãos de grandes
virtuoses, como Fernando Sor, Dionísio
Aguado, Mauro Giuliani, Matteo Carcassi
e Ferdinando Carulli.
Entre 1820 e 1840, a guitarra estava
na moda, principalmente em Paris, e
falava-se dessa motivação guitarrística Fernando Sor - “Nel cor più non mi siento”
como sendo a guitaromanie. Publicado
em Paris, o livro “La guitaromanie”, de o caso da canção “Adelaide, Op. 46”,
Charles Marescot, retrata muito bem de Beethoven, editada em 1807, com
esse momento, mostrando o ambiente transcrição para canto e acompanhamento
dos salões musicais da época. de guitarra de Wenzel Matiegka.
Apesar da grande presença da
guitarra como instrumento solista no Sor e Giuliani
repertório do século 19, seu viés como Fernando Sor (1778-1839) e Mauro
instrumento para acompanhamento Giuliani (1781-1829) são duas
continuou se desenvolvendo. Algumas importantes referências para o gênero
publicações confirmam tal fato: na de canto acompanhado desse período.
revista La Giulianad, publicada entre Publicadas em 1813, As Seguidillas, de
1833 e 1836, há fragmentos de obras Sor, reúnem peças para canto e guitarra
vocais de Mozart, Schubert e Paisiello, que têm como base melodias muito
com acompanhamento de guitarra. Em conhecidas e ouvidas na Espanha em
La Lira de Apolo, periódico editado na princípios do século 19. Encontramos
Espanha, há canções de Moretti e Sor. elementos rítmicos dos bailes da
Outros compositores escreveram obras época dialogando com o canto em um
com acompanhamento de guitarra, como discurso musical refinado, valorizando
Ignaz Pleyel, Johann Nepomuk Hummel as possibilidades contrapontísticas do
e Carl Maria von Weber. Há, também, instrumento.
VIOLÃO+ • 41
história
Sor também compôs uma série de Ariette – poesia de Metastasio Op. 95,
Ariettas, seguindo a tradição do bel canto com acompanhamento de piano forte
e indo ao encontro do gosto da burguesia ou guitarra; Sei Cavatine Op. 39, com
por árias italianas. Tais peças tinham acompanhamento de guitarra ou piano.
acompanhamento de piano forte, mas Essas peças não exibem o virtuosismo
duas delas – Lagrime mie e Nel cor più de suas obras para guitarra solista, mas
non mi siento – têm os acompanhamentos desenvolvem acompanhamento simples
originais de Sor em seu método de 1830. e delicado, em harmonia de poucos
Mauro Giuliani compôs Cavatinas e acordes, com arpejos que apoiam e dão
Ariettas para canto e guitarra: Sei graça e liberdade ao canto.

Para ouvir
Fernando Sor - Cinco Seguidillas

Fernando Sor - Cesa de atormentarme

Fernando Sor - Mis Descuidados Ojos

Mauro Giuliani - Quando sarà quel di (arietta)

Mauro Giuliani - Le dimore amor non ama (arietta)

Mauro Giuliani - Confuso, smarrito (cavatina)

Referências bibliográficas
COELHO, Victor Anand. Performance on lute, guitar and vihuela.
Cambridge University Press, 1977.
CUOGHI, Francesco. Guitar especial – la chitarra barocca. Rasgueado
della intavolature al Novecento. Rosimary Parra
GARCIA BLANCO, Paulino. Texto do encarte do CD Las Mujeres Violonista com mestrado em Música pela Universidade
y Cuerdas – Songs and guitar pieces from Spain na Italy, c. 1800. Estadual Paulista (UNESP). Professora de violão clássico na
Glossacabinet. Fundação das Artes de São Caetano do Sul (FASCS).

42 • VIOLÃO+
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VIOLÃO+ • 43
sete cordas

Acompanhamento
de “Carícia”
Cleber Assumpção
cleberassumpcao@gmail.com

Bem-vindos a mais uma edição de Violão+ ! Nesta lição,


daremos continuidade à proposta apresentada na edição
anterior, em que aplicamos o conteúdo estudado até o
momento dentro do acompanhamento de uma peça do
repertório de choro. Desta vez, a peça escolhida para
estudo é a música “Carícia”, de um dos maiores gênios da
música brasileira: o bandolinista Jacob Pick Bittencourt,
conhecido como “Jacob do Bandolim”. O arranjo é uma
compilação de ideias de frases, utilizando as notas dos
acordes (arpejos), as notas das escalas dos acordes e,
mais uma vez, muita aproximação cromática.
Não se esqueça de aplicar as levadas rítmicas sempre
que possível! Outro elemento técnico importante são os
ligados, que podem ser aplicados com frequência para
dar mais fluência ao fraseado. Propositalmente, não
indiquei os ligados na partitura e tablatura para que você
possa aplicá-los livremente. Um grande abraço a todos
e bom estudo!

Jacob do Bandolim

44 • VIOLÃO+
sete cordas

“Carícia”
Jacob do Bandolim

VIOLÃO+ • 45
sete cordas

46 • VIOLÃO+
sete cordas

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como estudar

Prelúdios de
Villa-Lobos Parte 6
Breno Chaves
brechaves@gmail.com

Quando Villa-Lobos esteve em Paris pela primeira vez, em


1923, o pianista Arthur Rubinstein apresentou-o ao editor Max
Eschig, que, posteriormente, publicou e divulgou a obra do
compositor brasileiro na Europa. No processo de edição, os
manuscritos entregues por Villa-Lobos continham algumas
informações (em português) que os editores ignoraram.
Em obras polifônicas, Villa-Lobos utilizava a notação
proporcional: o uso de diferentes tamanhos de notas para
ajudar a visualizar a textura com mais clareza. Na obra
editada, digitações importantes não foram especificadas,
há andamentos e marcas de expressão que divergem do
original e sinais de repetição não aparecem em alguns
trechos, além de seções serem simplesmente omitidas.
Vamos dedicar as próximas edições de Violão+ aos “Cinco
Prelúdios” de Villa-Lobos para passar algumas dicas no
que se refere a digitações e demais elementos musicais
que possam gerar dúvidas. Vamos ao Prelúdio Nº 5, que
foi dedicado à vida social do Rio de Janeiro e composto na
forma A B C A.
Na primeira seção, temos uma melodia com caráter
seresteiro em compasso 6/4, à qual é necessário prestar
atenção, pois deverá ser tocada do modo mais ligado
possível. Para que isso aconteça, é preciso que alguns
dedos sejam utilizados como “dedo guia” (dedo 3), fazendo
os portamentos necessários para que o fio melódico não
se quebre. Veja o exemplo a seguir:

48 • VIOLÃO+
como estudar
Na digitação indicada acima, as semínimas do segundo
acorde não terão a duração exata proposta pelo compositor.
A melodia ficará mais ligada caso a digitação siga o exemplo
que segue:

Outro fator importante é o caráter binário da seção A, que


deve ser respeitado para que o ritmo obedeça a pulsação
em 2, e não a cada semínima.
Com isso, as cadências ficam mais claras. Com relação à
mão direita, deve-se ter atenção especial ao toque do dedo
anular, onde a melodia está na maioria das vezes – com
excessão do compasso 2, no segundo e no último tempo,
notas Mi e Ré, respectivamente (dedo m), do compasso
11, no segundo tempo, nota Sol na 2ª corda (dedo m) e
do compasso 14, onde a melodia se encontra nos graves
(dedo p).
Segue uma sugestão de digitação que favorece a duração
das mínimas no final da parte A, nos compassos 14 e 15:

Parte B (Meno)
Muita atenção no andamento na parte B! Na parte A, o
indicado pelo compositor era Poco Animato. Na nessa
seção B, ele pede Meno. Geralmente, o que se observa
nessa seção é que ou a pulsação permanece a mesma, ou
é executada em um andamento ainda superior ao da parte
A. Deve-se prestar atenção na proporção!
VIOLÃO+ • 49
como estudar

Parte C (a tempo Piu Mosso)


O mesmo caso se aplica nesta seção no que diz respeito à
pulsação e à proporção em relação ao tempo primo, para
que o mesmo não seja executado rápido demais. Para esta
seção, gostaria de compartilhar algumas opções de digitação
da mão esquerda nos três compassos que seguem.

50 • VIOLÃO+
siderurgia

Estudos de
Tríades
Eduardo Padovan
edupadovan@gmail.com

Olá, amigos leitores de Violão+! Nesta coluna, vou dar


início a uma série de estudos sobre um dos assuntos mais
importantes no cotidiano de um músico. Falarei sobre
Tríades.
Tríades são conjuntos de três notas, geralmente
organizadas por empilhamento em intervalos de terças,
que formam os acordes naturais. Ou seja, as tríades são
a síntese dos acordes que não possuem sétimas.
Você pode estar pensando: “Como assim?! Quando toco
o bom e velho G (Sol Maior), eu toco as seis cordas do
violão, portanto, seis notas!” Ok, você tem razão, em
parte. Mas vou explicar uma coisa: o acorde G (Sol maior)
só possui três notas, mesmo quando você toca todas as
cordas do seu violão. Isso mesmo!
Faça o teste: monte o acorde G (Sol Maior) no braço do
violão e identifique as notas que você está tocando. Você
verá que são apenas as notas Sol, Si e Ré se repetindo em
regiões diferentes do instrumento. E não para por aí. Saiba
que, tocando apenas essas três notas, em qualquer que seja
a ordem, você já está tocando o acorde de Sol Maior.
Essa série de estudos servirá para entendermos melhor os
tipos mais comuns de tríades (Maiores, Menores, Aumentadas
e Diminutas) e para nos familiarizarmos com suas possíveis
inversões no braço do violão. Vou começar falando da tríade
maior. A estrutura de intervalos necessária para formar uma
tríade Maior é a seguinte: Tônica, 3ª Maior e 5ª Justa.
Passando para a prática, um acorde de Dó Maior (C) é
formado pela tríade de Dó Maior, com as notas Dó (Tônica),
Mi (3ª Maior) e Sol (5ª Justa). Não importa o formato de
acorde que você usar (sem pestana, com pestana na terceira
casa, com pestana na oitava casa etc.): as notas do acorde
de Dó Maior serão sempre Dó, Mi e Sol. Essa estrutura de
intervalos de notas se aplica a todas as tríades maiores, e,
consequentemente, todos os acordes maiores.
VIOLÃO+ • 51
siderurgia siderurgia
Outro ponto importante é o fato de que essas três notas
podem estar dispostas de outras maneiras, além da sua
posição fundamental (Tônica, 3ª Maior e 5ª Justa). Ou seja,
elas podem ser invertidas, e mesmo assim continuarão a
ser uma tríade maior. Se tocarmos as notas na disposição
Mi, Sol e Dó, tendo a 3ª Maior como nota mais grave, a
tríade maior estará na sua primeira inversão. No caso de
tocarmos as notas da tríade na ordem Sol, Dó e Mi, dessa vez
com a 5ª Justa como nota mais grave, estaremos tocando
o que chamamos de segunda inversão da tríade – e ainda
estaremos tocando uma tríade de Dó Maior.
Nos exercícios que proponho, quero que você perceba que
estou utilizando formatos de acordes presentes no dia a dia,
e deles separando grupos de três notas que mantenham as
notas da tríade que os formam, colocando em prática as
três posições de tríades: Fundamental, Primeira Inversão e
Segunda Inversão.

Exercício 1
Utilizo o acorde de Sol Maior como base e transponho esse
formato de acorde para tocar os acordes de Lá Maior e
também para Si Maior.

Exercício 2
O acorde utilizado como referência é o Lá Maior. Transponho
para o acorde Si Maior e depois o acorde Dó Sustenido Maior.

Exercício 3
Parto do formato do acorde Dó Maior. Seguindo o mesmo
formato, vou para Ré Maior e para Mi Maior.

Exercício 4
Nesse exercício o acorde Ré Maior dá origem aos acorde Mi
Maior e Fá Sustenido Maior.

Exercício 5
No último exercício dessa série, uso como referência o
acorde Mi Maior e passo para os acordes Fá Sustenido Maior
e depois Sol Sustenido Maior.
Observem que nos exercícios as tríades são executadas
tanto no sentido ascendente quanto no descendente.Espero
que aproveitem. Grande abraço!
52 • VIOLÃO+
Tríades Maiores siderurgia

A B
Ex. 1

4 G
   
    
3 3

 4   
3 3
  
3 3

      
   
      
3 3

        
 
3
     
6

     
3 3

               
3 3 3

3 3 3 3 3
  
3
Ex. 2.

       
A B C♯
 
3
  
9

  
3 3
  
3
      
3 3
           
    
3 3

14
      
3
         
3 3

3 3
        
3 3
 
3
Ex. 3.

   
C D E

3

16


3

 
3 3
     
       

20
          
3

3
       
3
    
3

3 3 3 3

  F♯  
Ex. 4.
         
D E
  
3
   
22

 
3
 
3
   
      
3 3
3 3
3
         
     
27

         
3 3

 
3 3

3 3 3 3
Ex. 5.
29

E
 
F♯
 G♯
  
3 3

3 3
   
3 3 3 3
        
                
   
    
34
         
             
3 3

3

  
3
 
3 3 3 3

VIOLÃO+ • 53
em grupo

Douglas Lora
Thales Maestre
Douglas Lora figura entre os grandes artistas brasileiros. thalesmaestre@gmail.com
Por meio de seu trabalho como violonista e compositor,
podemos ter certeza de que a música brasileira está muito
bem representada mundo afora. Sua sólida e premiada
carreira internacional ilustra bem o que estou dizendo. É
referência para todo violonista e isso se estende também
para quem trabalha com educação musical.
O trabalho de todo grande músico é constantemente
mencionado em salas de aulas e auxilia o professor nos
momentos em que é preciso oferecer aos alunos exemplos de
bons referenciais estéticos, domínio técnico, possibilidades
de carreira. Essa “presença” indireta proporciona aos
estudantes e professores imensa contribuição.

Douglas Lora

54 • VIOLÃO+
em grupo
Mas existem artistas que, além dessa contribuição indireta,
têm a sensibilidade de trazer o olhar para o trabalho
pedagógico. Entendem a sua importância na construção
da cena musical, pois sabem que é ali que fervilha o
ambiente de formação, ambiente este que colabora para
a aquisição de valores e que proporciona uma bagagem
cultural aos envolvidos. Ambiente que prepara futuros
músicos e forma público.
Douglas Lora tem demonstrado ser um desses artistas.
É sobre ele e sua peça original para camerata de violões
que a coluna desta edição irá tratar. Assim, seguimos
com o propósito, iniciado na edição anterior de Violão+,
de apresentar as obras e os compositores que criaram
para a Camerata de Violões Infantojuvenil do Programa
Guri Santa Marcelina, com base nos parâmetros por ela
estabelecidos. Uma produção de extrema relevância,
tendo em vista que obras originais para esse tipo de
agrupamento são escassas.
Em meio à sua agenda apertada, Douglas nos visitou
espontaneamente. Tivemos a honra de recebê-lo em um
dos nossos ensaios e também em um dos concertos na
época da estreia da peça. A alegria foi enorme, pois os
alunos tiveram a chance de ver um de seus grandes ídolos
do mundo violonístico ali, em seu ambiente de ensaio e na
plateia, prestigiando seu trabalho. Um valioso estímulo e,
sem dúvida, uma grande honra.
Na ocasião de sua visita, recebemos preciosas orientações
acerca da interpretação de sua peça, e, depois, ele
concedeu uma entrevista para os integrantes da camerata,
momento registrado em vídeo, um bate-papo no qual conta
sobre sua carreira, sua visão acerca dos programas de
educação musical e a importância de seus professores.
Também oferece conselhos para a turma, dicas de estudo,
e explica como compôs a peça para a camerata. Esse
registro, a exemplo do publicado na edição anterior, está
sendo divulgado pela primeira vez aqui.
A estreia da peça se deu em 2013 e figurou no programa
do grupo durante a temporada 2014. A obra em questão
é o “Baião Guri”, na qual o compositor valoriza a cultura
musical brasileira. Segundo ele, assim que recebeu o
convite para compor para o grupo, logo estabeleceu um
pré-requisito a si mesmo: um gênero brasileiro deveria ser
VIOLÃO+ • 55
em grupo
contemplado, de preferência uma dança. E assim nasceu
o “Baião Guri”. Construída para cinco blocos de naipes,
distribuídos em vinte e cinco violões, “Baião Guri” tem a
sua primeira seção desenvolvida dentro do característico
Ré Mixolídio, presente em diversas manifestações
musicais do Nordeste brasileiro. Os elementos típicos
do baião e a inspiração nos trios de forró são evidentes.
Os naipes 4 e 5 iniciam a peça reproduzindo o padrão
rítmico do baião. Um naipe complementa o outro como
se um fosse a baqueta que fere a pele superior da
zabumba, e o outro, o “bacalhau”, que fere a pele inferior.
Ao mesmo tempo, esses naipes são responsáveis pela
condução harmônica, enquanto os demais iniciam seus
fraseados com motivos rítmicos que são repetidos ao
longo da peça, transitando entre os naipes por toda
a seção. Já os fraseados se apresentam por meio de
claros “diálogos” entre esses naipes. Dessa forma, os
executantes de cada naipe têm em sua linha elementos
musicais atrativos e desafiadores. Não há, portanto,
um naipe que poderia ser descartado sem prejuízos
para a peça, tal como ocorre em muitos trabalhos
pedagógicos. Pelo contrário, a orquestração é pensada
para que todos os naipes assumam um protagonismo.
Isso, aliado à disposição espacial do grupo, resulta
num rico jogo sonoro.
Douglas Lora não se prende às características do baião
por toda a peça. A segunda seção é contrastante. Está

Brasil Guitar Duo

56 • VIOLÃO+
em grupo
em Lá menor e destaca uma melodia lenta e muito
expressiva, ora feita pelo naipe 1, explorando a região
média do violão, e depois pelo naipe 5, onde a região
grave é explorada. Como pano de fundo, uma belíssima
orquestração com recursos de técnica expandida
produz um efeito por meio da esfregação dos dedos
sobre as cordas, do uso de pizzicatos com articulações
determinadas em staccato e naipes que se colocam
em contraponto com a linha melódica que estava em
destaque. Depois, ocorre a retomada dos elementos
apresentados na seção A e a inserção de vinte compassos
que anunciam o caminho para o final da peça, como que
numa grande Coda que culmina em um acorde feito por
todos os naipes. “Baião Guri” prova que é possível fazer
música séria para grupos pedagógicos!

O compositor
O interesse de Douglas Lora pelo violão se deu a partir dos
sete anos de idade. Era seu brinquedo favorito. Aprendeu
os primeiros acordes com sua mãe e passava o tempo
“tirando” suas músicas favoritas “de ouvido”. Ouvia muito
rock. Raul Seixas, Titãs, Legião Urbana, o rock brasileiro
dos anos 1980 e 1990.
Esse interesse o levou a procurar por aulas de guitarra.
Tocou o instrumento por alguns anos. Um roqueiro legítimo
até que, por volta dos quinze anos, decidiu retomar o violão.
Pela necessidade de dominar a técnica do instrumento,
optou pelo violão clássico e passou a ter aulas com Floriano
Gomes, que lhe proporcionou o embasamento necessário
para ingressar na Faculdade de Artes Alcântara Machado
(FAAM), onde foi orientado pelo professor Henrique Pinto.
Douglas considera Henrique o seu professor da vida.
Foram cerca de dezesseis anos de convivência com esse
mestre, que se tornou um dos grandes responsáveis pela
sua maneira de pensar o violão. Em 2006, concluiu seu
mestrado na Universidade de Miami (EUA).
Na FAAM, conheceu seu parceiro de duo, João Luiz
Rezende, com quem forma o consagrado Brasil Guitar
Duo. A formação do duo aconteceu na aula de música
de câmara da faculdade, com o fundamental incentivo de
Henrique Pinto. Eis um belo exemplo do que pode surgir
como consequência de uma disciplina obrigatória da
VIOLÃO+ • 57
em grupo
faculdade ser levada a sério.
Lora e Rezende confirmam a tradição brasileira de formar
grandes duos de violões, e certamente são, ao lado do
Duo Siqueira Lima, nossos maiores representantes dessa
formação, depois dos Irmãos Abreu e dos Irmãos Assad.
Já são dezoito anos de intensa carreira, com inúmeros
prêmios, nacionais e internacionais, participações nos mais
importantes festivais do mundo, parcerias com músicos
consagrados, obras dedicadas ao duo, concertos com
orquestras, estreias de obras e gravações contundentes.
Douglas Lora transita entre a música popular e a erudita
com maestria. Optar por um desses seguimentos, segundo
ele, não o faria feliz. Essa versatilidade se evidencia em
sua obra e em seus trabalhos de conjunto. O Brasil Guitar
Duo desenvolve um repertório equilibrado entre o clássico
e o popular. Paralelamente ao duo, Lora toca choro,
samba, maracatu, maxixe, entre outros ritmos nacionais,
com o seu Trio Brasileiro, ao lado de seu irmão, Alexandre
Lora, na percussão e do bandolinista Dudu Maia. As obras
dos nossos geniais compositores desses gêneros ganham
interpretações refinadas nas mãos do trio, que também
realiza trabalho autoral. Na linha do samba e do choro, e no
melhor estilo roda de choro, Lora atua no grupo Caraivana,
formado por seis instrumentistas de diferentes estados
que se conheceram na cidade de Caraíva, na Bahia. E
mantém um primoroso trabalho com a cantora Irene
Atienza, unindo Brasil e Espanha por meio do cancioneiro
popular de ambos os países. Ao leitor que não o conhece,
sugiro que se deleite com seus sofisticados trabalhos. A
voz de Irene, por exemplo, é de nos deixar, como definiu
bem o próprio Lora, “embasbacados”! São boleros, valsas,
bossas, sambas e tangos em interpretações arrebatadoras.
E embasbacados ficamos também com o Lora! Não só
pela grande arte que nos oferece, mas também pela sua
generosidade, humildade e simplicidade. A forma amável
como se apresentou diante do nosso trabalho, dos nossos
alunos e da nossa equipe, ficará marcada em nossas
memórias como exemplo de grandeza proveniente de
alguém que carrega consigo elevados valores morais.
É isso, meus caros! Não se esqueçam de acessar os links
indicados! Assistam ao vídeo com a entrevista! Assistam
ao vídeo com a peça “Baião Guri”, e até a próxima!
58 • VIOLÃO+
VIOLA caipira

Proseando
com pássaros Fábio Miranda
www.fabiomirandavioleiro.com

O violeiro tem uma capacidade musical muito criativa:


transportar a natureza para o bojo da viola. Ele faz isso
traduzindo os sons de seu ambiente em toques de viola
capazes de descrever paisagens e conversar com os
animais.
O violeiro e rabequeiro Zé Côco do Riachão, em sua música
instrumental “No terreiro da fazenda”, imita animais como
o burro, a galinha e o galo. A violeira Helena Meirelles
também dava um jeito de trazer os cantos dos pássaros,
como os das arapongas e seriemas para seus solados de
viola. Manoel de Oliveira, ou Manelim, violeiro de Urucuia
(Minas Gerais), também costuma criar um toque de
viola para cada animal daquelas bandas: pica-pau, grilo,
tartaruga, veado, sapo... Um pássaro muito querido da
violeirada é, sem dúvida, a inhuma, ou iúna, que inspira
ponteados de violeiros de diversas regiões.

VIOLÃO+ • 59
VIOLA caipira
Mais do que exercitar técnicas por meio de exercícios
para tocar músicas prontas, o aprendiz de violeiro que não
desenvolve essa audição criativa com sua viola corre o risco
de perder o que há de mais fantástico no seu aprendizado:
a capacidade de conversar com os animais.

Para desenvolver essa habilidade é preciso abrir bem os


ouvidos e escutar. Pegue sua viola e vá para algum lugar
em que possa ouvir algum pássaro cantando. Caso more
num lugar muito urbanizado, procure um parque ou praça.
Preste atenção ao som do ambiente, identifique um pássaro
e faça o seguinte exercício:
1) Ouça o que o pássaro tem a dizer;
2) Tente entender o que ele está dizendo;
3) Pense numa resposta;
4) Responda.
Para ouvir bem, é preciso estar bem atento ao canto
do pássaro com que se quer conversar, escutando com
bastante atenção o que ele está dizendo. Para entender
o que ele diz é preciso ouvir musicalmente: o ritmo de
seu canto, o gesto da melodia, o timbre de seu cantar e a
forma como repete.
60 • VIOLÃO+
VIOLA caipira
Ao pensar numa resposta, é importante que tente responder
falando a mesma língua do pássaro.Então, deve-se
responder a partir dos mesmos parâmetros do penado. É
importante estar com a viola nos braços para pesquisar
a sonoridade exata para responder ao canto do bichinho.
Quando estiver com o toque na ponta dos dedos, comece
a conversa.

No início pode parecer difícil − pode até acontecer de o


pássaro não te dar muita bola −, mas com o tempo a técnica
de diálogo vai melhorando e a prosa vai ficando cada vez
mais folgada. Chegará um dia em que difícil vai ser é parar
de prosear!

VIOLÃO+ • 61
iniciantes

Saltos Ricardo Luccas


rnluccas@gmail.com
Estamos, nesta edição, finalizando os exercícios técnicos
para mão esquerda, que envolvem a parte de aquecimento
e coordenação. Já trabalhamos o toque frontal, o toque
oblíquo e ligados diversos. Agora, veremos os saltos.
Treinar saltos é importante para conseguir execuções
limpas, sem ruídos de mudança de posição dos dedos,
infelizmente, muito comuns no universo violonístico. Nesses
exercícios, devemos tocar, por exemplo, os dedos 1 e 2 na
mesma corda; daí, tirar a mão do encontro com a corda e
saltar com o dedo 1 para a casa em que estava o dedo 2 na
sequência ascendente. Quando executarmos a sequência
de saltos na sequência descendente, acontecerá o inverso:
o dedo 2 saltará para a casa em que estava o dedo 1.
Também podemos combinar outras opções, como o dedo
saltar para a casa seguinte ao último dedo tocado. Isso
deve ser tocado corda a corda, da 6ª à 1ª, e depois subindo
novamente até a 6ª. O modelo na partitura aqui apresentada
está apenas sobre a corda 6, mas vamos executar no vídeo
as seis cordas, lembrando que indico a ida e volta nas seis
cordas para cada modelo.
Vamos à explicação da videoaula, com especial atenção
ao relaxamento do polegar, que, muitas vezes, por não ser
atuante na pressão das cordas, fica em segundo plano.
Esse relaxamento é de fundamental importância – até para
evitar futuras lesões, que atrapalham a execução.
O metrônomo está marcando semínima igual a 72, mas
sugiro que, antes de tocarem junto comigo no vídeo, treinem
entre 50 e 60, conforme Técnica
se sentirem Paraconfortáveis.
Mão Esquerda Não é
interessante para esse exercício ultrapassar os 72 que
Exercício de Saltos: Primeiro tira-se a mão do braço do instrumento em movimento frontal, e depois
sugeri no vídeo. salta-se
Executem lentamente.
para o objetivo em movimento lateral. Repetir em todas as cordas.

1) [1-2]

44
ascendente descendente

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62 • VIOLÃO+
ascendente descendente
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ascendente descendente

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Nesta edição, 1 4 1 4 1 4 1 4 4 1 4 1 4 1 4 1

a progressão
1
1 II44 V vista
1
1 4na edição
4 1
1 4 anterior,
4 1
1 4 mas com
4 4
4 1acordes
1 4
4
1
1
4
4
1
1
4
4
1
1
que usam sétimas (7), nonas (9), nonas menores (9b),
décimas-terceiras (13) e décimas-terceiras menores (13b).
O que conversamos na edição passada com relação aos
Shapes – desenhos das posições – continua valendo, e
muito. Reparem nos acordes mais abaixo e percebam que
acordes com o mesmo tipo, como menor com sétima e
nona (m7/9) ou com sétima e décima terceira (7/13), por
exemplo, têm o mesmo formato, mudando apenas de casa
para execução.
VIOLÃO+ • 63
iniciantes
A música desta edição é “A Rã”, composição de João Donato
em parceria com Caetano Veloso. Vamos aprender o ritmo
da melodia dessa bossa, que tem uma extensão melódica
de quarta justa, sendo a nota mais grave um Ré e a nota
mais aguda um Sol, passando pelo Mi e pelo Fá. A melodia
está dentro da tonalidade de Dó Maior.
A seguir estão as células rítmicas, que dão a sensação de
vaivém do salto de uma rã. A música começa em anacruse
na melodia, que significa um impulso, um movimento para
cairmos no tempo forte do próximo compasso.

Segue a partitura da música e, no vídeo, a explicação de


como tocar em duas regiões do braço do violão. A região
sugerida é a da 5ª casa, sendo a nota Ré na 3ª corda
da casa 7 e as notas Mi-Fá-Sol na 2ª corda, casas 5-6-
8, respectivamente. Os números na partitura representam
os dedos da mão esquerda, e os números dentro da bola
representam as cordas a serem tocadas.

Acordes

64 • VIOLÃO+
iniciantes
Batida básica de bossa-nova para acompanhar o
playback no vídeo ou em MIDI

P P
I I I
M M M
A A A

A Rã
(João Donato e Caetano Veloso)

Intro: Dm7/9 G7/13 Dm7/9 G7/13


Dm7/9 G7/13
Coro de cor Sombra de som de cor
Dm7/9 G7/13
De mal me quer De mal me quer de bem
Dm7/9 G7/13
De bem me diz De me dizendo assim
Dm7/9 G7/13
Serei feliz Serei feliz de flor
Dm7/9 G7/13
De flor em flor De samba em samba em som
Dm7/9 G7/13
De vai e vem De verde verde ver
Fm7/9 Bb7/13
Pé de capim Bico de pena pio
E7/13 E7/13b Em7 A7/9b
De bem te vi Amanhecendo sim
F7M Fm6
Perto de mim Perto da claridade
E7/13 E7/13b Em7 A7/9b
Da manhã A grama a lama tudo
D7/13 D7/13b Dm7 G7/13
É minha irmã A rama o sapo o salto
A7M
De uma rã

VIOLÃO+ • 65
A RÃ
A RÃ JOÃO DONATO/CAETANO VELOSO
iniciantes A RÃ 7/13 JOÃO DONATO/CAETANO VELOSO
A RÃG
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críticas deste canal
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66 • VIOLÃO+
de ouvido

Ouvir
tonalmente Parte 6
Reinaldo Garrido Russo
www.musikosofia.com.br
duemaestri@uol.com.br

O leitor já se deu conta de que os escritos sobre a


percepção auditiva, até o momento, são apenas o início
do início? Estamos caminhando na estrada que nos levará
a compreender um pouco do que envolve a ciência (e a
consciência) na execução das notas musicais de maneira
sucessiva, no âmbito tonal. Puxa, que complicado!
De forma mais rudimentar, poderíamos dizer que estamos
no começo do entendimento das melodias. Não é à toa
que sugiro ao leitor solfejar cantando (com os nomes das
notas) as melodias mais conhecidas e mais simples do
universo das canções folclóricas brasileiras e as canções
infantis mais antigas. As músicas de outros países contêm
intervalos estranhos ao nosso costume, e as canções
atuais são repletas de influências do gospel, do blues
(blues notes, por exemplo) e também estão cheias dos
uníssonos do RAP. A intenção não é a da crítica, muito
pelo contrário: a música evolui e não desejamos que seja
diferente para as músicas infantis. A música folclórica
virou peça de museu, infelizmente.
Zoltan Kodaly*, músico erudito húngaro, fez seu país
aprender a solfejar à primeira vista muito competentemente
e em prazo muito curto, por meio de seu método, que de
tão famoso leva seu nome. Todo o método foi baseado
no folclore húngaro. O conhecido “Do Re Mi Fa Sol La
Ti Do”, do célebre filme “A Noviça Rebelde”, é detalhe
do Método Kodaly de leitura e solfejo, que foi importado
para os EUA. Mas, professor, nota Ti? E a nossa notinha
Si? Morreu? Eis a grande ideia desse gênio, professor e
compositor, que vamos deixar para matéria futura.
Bohumil Med**, em seus livros de solfejo, trocou os
monossílabos “Do Re Mi...” por “Um Dois Três...” –
exatamente como penso estar ensinando aos leitores.
Algo importante a dizer para compreender melhormente
a situação: o problema do solfejo no Brasil é que as
notas musicais “Dó Ré Mi Fá Sol Lá Si” tornaram-se fixas
VIOLÃO+ • 67
de ouvido

Zoltan Kodaly

no solfejo cantado ou falado, portanto, dependentes da


transposição com sustenidos e bemóis para outros tons
no próprio solfejo, como veremos adiante.
Depois dessa explanação complexa, vamos simplificar as
coisas, voltando ao nosso caminho. Continuem a praticar
os exercícios propostos. Cantar as canções folclóricas ou
infantis conhecidas, com os nomes das notas, e fazer a
conferência ao violão ou piano é o mais importante nesse
caminho. Isso tem de ser praticado diariamente. Teste agora.

Exercício 1
Cante a escala de Dó algumas vezes.
Agora cante acompanhando o que vem a seguir:

Sol Fá Mi Ré Mi Fá Sol Sol Sol...

Continue, se souber qual é a canção.


Chegou ao final? Sabe de cor? Repita até o conjunto das
notas soar como se fosse a letra da canção. Não faça por
menos, insista!
68 • VIOLÃO+
de ouvido
Relembrando e aprendendo um pouco da Teoria Musical
- Grau conjunto é o grau vizinho na escala.
- Grau disjunto é o grau separado por uma ou mais notas
na escala.
Veja o exemplo escrito em pauta:

- Intervalo melódico é o intervalo entre duas notas tocadas


ou cantadas separadamente, sucessivamente.
- Intervalo melódico ascendente é o intervalo formado
por uma nota e outra mais aguda tocadas ou cantadas
separadamente, nessa ordem.
- Intervalo melódico descendente é o intervalo formado
por uma nota e outra mais grave tocadas ou cantadas
separadamente, nessa ordem.
- Intervalo harmônico é o intervalo entre duas notas
tocadas ou cantadas ao mesmo tempo, simultaneamente.
- Quantidade intervalar é o número de notas existente
entre duas notas que formam um intervalo.
- Qualidade intervalar é a diferença qualitativa entre duas
notas com a mesma quantidade intervalar.
Veja o exemplo escrito em pauta:

A escala menor
Mesmo não tendo chegado ao aprendizado ideal do
solfejo nas canções fáceis em tonalidade maior, vamos
estudar a escala menor, pois o ajudará a entender as
diferenças existentes na qualidade intervalar.
Antes de qualquer novo tópico, vamos fazer um
exercício importante.
VIOLÃO+ • 69
de ouvido
Exercício 2
Cante a escala de Dó ascendente e descendente,
repetidamente:

Do Ré Mi_Fá Sol Lá Si_Dó_Si Lá Sol Fá_Mi Ré Dó

Repare que o espaço existente entre Mi-Fá e Si-Dó são


menores. Cante a mesma escala, começando na nota Si
e terminando em Si.

Si_Dó Ré Mi_Fá Sol Lá Si Lá Sol Fá_Mi Ré Dó_Si

Agora cante a escala começando em Lá e terminando em Lá

Lá Si_Dó Ré Mi_Fá Sol Lá Sol Fá_Mi Ré Dó_Si Lá

Veja as três escalas escritas na pauta musical:

Prossiga cantando. Comece na nota Sol e termine em Sol.


- Comece na nota Fá e termine em Fá.
- Comece em Mi e termine em Mi.
- Comece em Ré e termine em Ré.
70 • VIOLÃO+
de ouvido
Exercício 3
Repita, cantando, todas as escalas do Exercício 2 até ouvir
como tônica ou nota de repouso a nota inicial – e não mais
a nota Dó, como o fizemos até então.
Se o leitor seguiu todas as instruções à risca, vai ter a noção
exata do que são os Modos. Estes são os conhecidos Modos
Gregos, cujo nome é incorreto. A escala de Dó, como a
conhecemos hoje, não é a primeira a surgir na história da
música. Veremos mais adiante esse assunto, porém vamos
nos ater no modo que começa em Lá e termina em Lá.
No exemplo seguinte, repare que a disposição dos semitons
é diferente da escala de Dó. Chamaremos a primeira de
Escala Maior – por ter no III grau uma 3M em relação à
fundamental – e a segunda de Escala Menor, por ter no III
grau uma 3m. Existem outras diferenças além dessa.

Exercício 4
Todos os exercícios que fizemos até agora para cantar e
ouvir a escala de Dó, repita-os na Escala Menor de Lá.

Lá Si Dó Ré Mi Fá Sol Lá Sol Fá Mi Ré Do Si Lá
1 2 3 4 5 6 7 8 7 6 5 4 3 2 1

Cante a escala até que fiquem de maneira bem consciente


os intervalos de semitom localizados entre os II e III graus
e entre os V e VI graus.
Na próxima edição, retomaremos o tema Qualidade
Intervalar, estudando 3M e 3m, 6M e 6m, 7M e 7m, com
exercícios. Até lá!
* Zoltan Kodaly (pronuncia-se Codái) nasceu em 1882, em Budapeste, e faleceu em 1967.
Compositor, etnomusicólogo, educador e pedagogista, linguista e filósofo da Hungria.
** Bohumil Med, nascido em 1939 na antiga Tchecoslováquia, foi professor da Universidade de
Brasília (UnB) e trompista da Orquestra Sinfônica Brasileira (OSB). Escreveu vários livros musicais,
entre os quais “Teoria da Música” é o mais importante e o mais procurado pelos estudantes.

VIOLÃO+ • 71
coda

Lembranças
que vem e vão
Luis Stelzer

Às vezes, num workshop, aparecem assuntos muito


mais interessantes que o objeto do mesmo

Quando você é convidado para dar aparecer uma nova modalidade de


um worshop, uma palestra, antes do palestra: a da história da sua vida. Pois
dinheiro, vem uma sensação boa de que é, envelheci. Mas não fico chateado:
confiam no seu trabalho, não é mesmo? colecionei e ainda coleciono histórias
Bom, para mim, pelo menos, funciona ótimas, encontros, desencontros, coisas
assim. Já fiz isso em vários Estados do que deram muito certo ou muito errado.
Brasil, muitas cidades Tudo vira assunto. Se
do interior, algumas resistiu na memória,
capitais. O que mais Pois é, envelheci. Mas é porque marcou, de
gosto é de trocar com não fico chateado: alguma forma.
as pessoas. Cada vez Nesses 52 anos de
menos acredito que a
colecionei e ainda vida e mais de trinta
gente ensine alguma coleciono histórias de profissão, trabalhei
coisa: a gente passa ótimas, encontros, em diversos lugares.
uma visão de alguma Também em várias
experiência, a forma desencontros, coisas profissões, mas isso
que você resolveu que deram muito certo fica para outro papo. Um
determinado problema, dos lugares que tenho
o caminho que você ou muito errado. guardado no coração, de
tomou para chegar a tal verdade, foi a Faculdade
objetivo. de Música de Pindamonhangaba (São
Já dei palestras sobre violão Paulo), que se chamava FAMUSC,
(obviamente!), história da música, depois FASC. Lecionei lá durante quase
metodologia, fiz também os famosos 15 anos. É um tempão! Muita gente,
workshows, aqueles que o pessoal te muita mesmo, passou pela minha mão.
contrata para tocar e comentar sobre o Meus alunos se tornaram professores
que tocou. Tudo é muito gostoso. Agora dessa Faculdade. É uma delícia ver
que estou mais velhinho, começa a isso acontecer!
72 • VIOLÃO+
coda
Há alguns meses, fui chamado por uma que não pareciam ter lugar ali. Mas que
professora, a Jaqueline, para fazer ficaram ótimas!
um workshop na Semana Cultural da História 1: depois que toquei, muita
Faculdade. Topei na hora. Ela propôs gente veio perguntar do meu violão. Eu
que eu dividisse o tempo do workshop uso um Tessarin de 1998, que considero
com um ex-aluno, o Gabino, que um ótimo instrumento. Quando contei
é um grande cantador, com vários isso para eles, olhei para o Alexandre,
CDs lançados. Achei ótimo. “E o que que é professor atualmente na FASC
eu falo?”, perguntei. A resposta da e que foi meu aluno. Aí, lembrei
Jaqueline: fale de você, de seu trabalho dessa história: ele pediu para que
depois de sair do corpo docente eu comprasse um violão
da faculdade, o que fez e o Tessarin na época em
que faz da vida. Então, que fazia aula comigo.
fiquei pensando em Esse violão, como
como seria essa minha vários violões de
palestra. luthier, não ficam
A vida passa correndo, prontos na hora.
não é mesmo? Pisquei Às vezes, leva
o olho, chegou a tal um ano ou mais
semana. Preparei para ser entregue.
alguma coisa para Em seguida,
tocar, além de encomendei um
levar virtualmente também para mim.
todos os exemplares Acontece que, passado
da VIOLÃO+. No um ano, o violão ficou
mais, improviso! pronto, mas o Alessandro,
Não tinha ideia do passando um perrengue
público que viria financeiro, não pode
a s s i s t i r. P r o v a v e l m e n t e , comprá-lo, teve que
alunos da Faculdade. Na desistir. Então, o próximo
época, eu dava aulas no curso de da fila de espera era eu, que
Bacharelado em Instrumento, que fiquei com o instrumento. O mesmo
não existe mais lá. O jeito é esperar e que estava lá, comigo. Virei para o
ver no que dá... Ao chegar, fui muito bem Alessandro, lembrei da história, sem
recebido. A sala, ótima, estava cheia contar que o instrumento era aquele.
de gente. A palestra correu muitíssimo Ele disse: “puxa, e eu nem toquei no
bem, obrigado! Tanto eu quanto o violão! ”. Eu falei: “não seja por isso!
Gabino tivemos tempo e empatia ”. E estendi o violão para ele. Foi
com o público. Tão bom, que a gente um momento legal, bobo até. Mas de
não corre o risco de esquecer. Mas uma emoção diferente, tanto para ele
duas coisas especiais, no improviso, quanto para mim. A outra história? Eu
aconteceram, abrindo outras histórias conto na próxima edição.
VIOLÃO+ • 73

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