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Curitiba
Agosto de 2010
1- Título
Distribuição espacial e caracterização de fontes de poluentes orgânicos em sedimentos de
ambientes aquáticos urbanos.
2- Resumo
Neste trabalho, foram realizados testes em cromatografia gasosa para se determinar o
melhor método para realizar a avaliação de esteróis, utilizados como marcadores fecais, em
amostras de sedimento aquático, e também em amostras líquidas. Os testes foram realizados
utilizando diversas condições nos equipamentos e uma solução padrão com concentração
conhecida.
Em seguida, após a avaliação dos métodos cromatográficos, foi criada a curva de
calibração utilizando diversas soluções contendo padrões em concentrações diferentes. A curva
foi proposta com duas rampas, sendo as duas tendo linearidade próxima ao verificado na
literatura.
3- Objetivos
O objetivo deste trabalho consiste em:
• Realizar levantamento bibliográfico sobre extração e quantificação de esteróis;
• Treinamento de técnicas de extração, clean-up, e na técnica analítica de cromatografia
em fase gasosa acoplado ao espectrômetro de massas;
• Otimização de tais técnicas;
• Coleta e preparo de amostras naturais;
• Avaliação do protocolo analítico, com base em testes de recuperação e materiais
certificados de referência.
4- Introdução
A avaliação de poluentes orgânicos em amostras de sedimento e líquidas é importante
na química ambiental, pois com sua utilização é possível determinar, com melhor precisão do
que outros métodos, a origem de poluição, sendo que com hidrocarbonetos alifáticos e
policíclicos aromáticos (HPA) é usado para investigar se a poluição é de origem humana ou
natural (Grimalt, et al., 1990).
Para possibilitar a análise da presença de dejetos oriundos de esgoto, normalmente são
usados marcadores biológicos, como contagem de coliformes fecais, entre outros, para
determinar se o ambiente analisado está sendo contaminado por tais rejeitos. Para realizar uma
análise com maior confiabilidade, é proposto um método de análise de esteróis, que estão
correlacionados à matéria fecal, visto que são mais estáveis, e por estar em ambiente em
quantidade similar aos meios biológicos.
Os esteróis podem ser produzidos desde bactérias até em seres vivos macroscópicos,
tendo grande importância natural. E este fato permite que a análise possa dizer, se é
majoritariamente material fecal humano, ou não-humano.
5- Revisão Bibliográfica
Durante muito tempo, convivemos com a natureza de forma pacífica e amistosa. Mas
primeiramente, com o advento da agricultura, e avançando cronológicamente, o advento da
industrialização, houve um grande crescimento demográfico, gerando a ocupação irregular de
terras e, um aumento de poluição de forma descontrolada (Fronza, 2006). Como tal crescimento
se deu às margens de fontes de água, devido a necessidade da água e dos recursos que ela
pode oferecer, tais locais foram os primeiros a sofrerem degradações. (Del Rosso, 2005)
Tais degradações apresentam caracteristicas de acordo com a utilização da área onde
estão as fontes aquáticas. E em quase sua totalidade, tais degradações são gerados por
derrames, despejos e efluentes, sendo estes ilegais ou não. Os contaminantes dessas
atividades antrópicas, em suma maioria, se mantém no sedimento, gerando um acúmulo no tal
(Favaro, 2010).São de grande importância tais sedimentos, uma vez que refletem a qualidade da
água, e também por serem facilmente utilizados para determinação de compostos não solúveis
em água. Uma vez que tais sedimentos carregam poluentes, se houverem mudanças ambientais
e físico-quimicas no sistema aquático, pode haver a liberação desses poluentes, afetando a
qualidade da água e a bioacumulação por intermédio de transferência na cadeia alimentar.(Lima
et al., 2001)
5.3- Determinação
6- Materiais e Métodos
6.1- Reagentes
Como a realização das análises dos compostos se dá em nível traço, existem diversas
precauções que devem ser tomadas, para que qualquer tipo de interferente seja minimizado. Por
isto, é necessário utilizar solventes com alto grau de pureza (grau HPLC). Os solventes acetona,
diclorometano e hexano são da Mallinckrodt Inc. (USA). O detergente Extran® neutro foi
adquirido da Merck® (Brasil). Os padrões de esteróis são da marca Sigma Aldrich®, todos com
pureza igual ou superior a 95%, exceto o campesterol com pureza de 65%. O reagente
derivatizante N,O–bis (trimetil-silil-triflúor-acetamida)/trimetil-cloro-silano (BSTFA/TMCS –
99:1)foram adquiridos da Supelco(???). Os gases utilizados como gás de arraste foram o
hidrogênio, nitrogênio, ar sintético e hélio, possuindo 99,999% de pureza, adquirido da White
Martins (Brasil).
A identificação de cada composto foi realizada injetando uma solução de padrões com
concentração conhecida, utilizando os tempos de retenção do composto, no cromatógrafo.
Devido aos esteróis possuírem baixa volatilidade, e massa molar alta, foi necessário uma etapa
de derivatização, que é a troca do hidrogênio na hidroxila (-OH) pelo agrupamento trimetil-silícico
do reagente N,O–bis(trimetil-silil-triflúor-acetamida)/trimetil-cloro-silano (BSTFA/TMCS – 99:1).
Cada ponto da curva de calibração reagiu com 40 μL do reagente derivatizante, após terem o
solvente seco com ajuda de fluxo gentil de nitrogênio. As reações duraram cerca de 60 minutos,
em banho-maria de 80°C.
Foi utilizado o CG-EM para determinação dos esteróis, sendo as condições
operacionais descritas abaixo:
7- Resultados
• Vazão dos gases no detector: 350 mL.L-1 para Ar e 35 mL.L-1 para H2.
Figura 3 – Cromatograma do Metodo 1 CG-DIC
Legenda: 1 – Androstanol; 2 – Colestano; 3 – Coprostanol; 4 – Epicoprostanol; 5 –
Coprostanona; 6 – Colesterol; 7 – Colestanol; 8 – Campesterol; 9 – Estigmasterol; 10 – β-
Sitoesterol; 11 – Estigmastanol.
Método 2 CG-DIC
• Temperatura do forno: início a 60°C; 10°C.min-1 até 265°C e 1,5°C.min-1 até 300°C, onde
permanece por 5 minutos;
• Temperatura do injetor: 280°C;
• Temperatura do detector: 310°C;
• Vazão do gás de arraste: 3 mL.L-1 (N2)
• Vazão dos gases no detector: 350 mL.L-1 para Ar e 35 mL.L-1 para H2.
Figura 4 – Cromatograma do Metodo 2 CG-DIC
Legenda: 1 – Androstanol; 2 – Colestano; 3 – Coprostanol; 4 – Epicoprostanol; 5 –
Coprostanona; 6 – Colesterol; 7 – Colestanol; 8 – Campesterol; 9 – Estigmasterol; 10 – β-
Sitoesterol; 11 – Estigmastanol.
Método 3 CG-DIC
• Temperatura do forno: início a 120°C; 15°C.min-1 até 270°C; 0,5°C.min-1 até 275°C;
4°C.min-1 até 280°C; 0,5°C.min-1 até 285°C; e 10°C.min-1 até 300°C, onde permanece por
5 minutos;
• Temperatura do injetor: 280°C;
• Temperatura do detector: 310°C;
• Vazão do gás de arraste: 3 mL.L-1 (N2)
Método 4 CG-DIC
• Temperatura do forno: início a 60°C; 50°C.min-1 até 260°C; 10°C.min-1 até 270; 0,1°C.min-
1
até 274°C; 10°C.min-1 até 282°C; 0,2°C.min-1 até 284°C, e 50°C.min-1 até 300°C onde
permanece por 5 minutos;
• Temperatura do injetor: 280°C;
• Temperatura do detector: 310°C;
• Vazão do gás de arraste: 2 mL.L-1 (N2)
• Temperatura do forno: início a 60°C; 15°C.min-1 até 250°C; 1°C.min-1 até 280°C e;
5°C.min-1 até 300°C mantendo nesta temperatura por 5 minutos.
Dados do espectrômetro nesse método:
• Modo fullscan (massa atômica avaliada de 50 a 550 u.m.a.);
• Temperatura da fonte do espectrômetro: 200°C;
• Temperatura da linha de transferência: 380°C;
• Taxa de aquisição: 3 varreduras.seg-1;
• Impacto eletrônico: 70 eV.
A partir do tempo de retenção, é possível analisar a saída dos analitos com base no
cromatograma produzido pelo equipamento, para determinar o melhor método a ser utilizado na
avaliação dos esteróis. Como neste método o espectrômetro estava em modo fullscan, ele não
utilizou os íons de quantificação de cada esterol para separá-los, fazendo com que os picos
informassem todos os íons que aparecessem no detector.
Figura 7 – Espectrograma dos esteróis no método 1
No segundo método para CG-EM, foi utilizado o modo de monitoramento seletivo de
íons (SIM), isto é, a cada fração de tempo analisada, apenas alguns íons seriam quantificados
pelo equipamento, partindo dos íons de quantificação de cada esterol (tabela). A primeira etapa
de análise partiu dos 5 min. até 30,45 min., analisando os íons do androstanol, colestano,
coprostanol e epicoprostanol; de 30,45 min. até 35 min. monitorando a coprostanona, colesterol
e o colestanol, e dos 35 min. até o fim, monitorando os íons de campesterol, estigmasterol, β-
sitosterol e estigmastanol. Fora tal mudança no modo de monitoramento, o método se mantém
igual ao método 1 CG-EM.
Figura 8 – Espectrograma dos esteróis no método 2
No terceiro método para CG-EM, houve novamente o monitoramento seletivo de íons,
com faixas de análise: 5 min. até 30,45 min., supervisionando os íons do androstanol, colestano,
coprostanol e epicoprostanol; de 30,45 min. até 35 min. monitorando a coprostanona, colesterol
e o colestanol; 35 min. até 38,60 min. acompanhando os íons do estigmasterol e; 38,60 min. até
o fim, monitorando o β-sitosterol e o estigmastanol. Não foi injetado o campesterol nesse teste,
mas estaria incluso na terceira faixa de tempo (35 até 38,60 min.). Parâmetros do cromatógrafo
foram iguais ao do método 1 para CG-EM.
O campesterol teve a curva feita com base nas concentrações de 0,4; 0,6; 0,8; 2; 3; 4 e
10 μg·mL-1, tendo pouca diferença entre o menor e o maior ponto da curva, e por tal motivo não
necessitou de duas faixas de concentrações em sua curva de calibração.
8- Discussão
Com base nos cromatogramas mostrados, podemos analisar que utilizando os métodos
testados no CG-DIC, houve a co-eluição de alguns compostos com tempos de retenção
parecidos. No método 1 CG-DIC, é possível observar que coprostanol e epicoprostanol,
colesterol e colestanol e, β-sitosterol e estigmastanol co-eluiram, ou seja, seus picos interferem
um no outro, dificultando assim sua caracterização. Os testes subsequentes realizados com
detecção por ionização em chama (método 2 CG-DIC, método 3 CG-DIC,e método 4 CG-DIC)
apresentaram a mesma situação do primeiro método, como se pode observar nas figuras 3, 4, 5
e 6 por consequente produzindo resultados insatisfatórios.
O sistema CG-DIC/DFI com coluna de 60 metros não teve o resultado esperado, que
venha a ser por deficiência da coluna em questão, pois possui como limite a temperatura de
240°C e os compostos eluiram em temperaturas mais altas no cromatógrafo com detector CG-
DIC.
Após tais resultados insatisfatórios, realizou-se testes no CG-EM, onde foi possível
distinguir com grande clareza os esteróis analisados. No primeiro método pode-se observar pelo
cromatograma que cada composto tem seu tempo de retenção, e a partir dos íons de
quantificação, é possível discerni-los com grande clareza, sem que haja, no momento de
identificação, a identificação por íons quantificadores (modo fullscan). O método 2 para CG-EM,
com monitoramento seletivo de íons, houve comprometimento do sinal os compostos colesterol,
campesterol, estigmasterol e β-sitosterol, devido a restrição de identificação por apenas os íons
selecionados. No terceiro método para CG-MS, também com monitoramento seletivo de íons, os
esteróis estigmasterol e β-sitosterol tiveram melhoras aparentes comparados com o método 2
CG-EM, e não foi possível analisar a melhora para o campesterol, devido a não injeção do
composto nesse teste.
Apesar da melhoria no método 3 CG-EM, utilizando o modo SIM, optou-se por utilizar
para determinações futuras o método fullscan, devido a capacidade de identificar outros
compostos além dos esteróis aqui analisados.
A curva de calibração apresentou valores concordantes com a literatura consultada
(Braun, 2006; Martins, 2001), e com base nesses dados consultados seus resultados foram
considerados satisfatórios.
9- Conclusão
Com base no trabalho realizado, confere-se que apesar de diversas fontes da literatura
citarem o método utilizando o cromatógrafo com detector de ionização em chama (CG-DIC), a
sua otimização é dificilmente alcançada, sendo verificado pelos resultados obtidos nos testes
realizados, mesmo com as condições de o equipamento serem precisamente controladas.
O cromatógrafo acoplado com espectrômetro de massas obteve a separação dos
compostos após as variáveis que controlam o equipamento terem sido otimizadas. O
equipamento possui boa sensibilidade, tendo em vista que o menor ponto da curva de calibração
obteve resultados favoráveis a quantificação dos compostos.
A curva de calibração está dentro do esperado pela literatura, sendo fundamental nas
próximas etapas do processo de otimização do método para avaliação dos esteróis em amostras
reais.
10 - Referências Bibliográficas
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