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CENTRO DE TECNOLOGIA
CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DE PETRÓLEO
ENGENHARIA DE PETRÓLEO
Junho, 2017
NATAL, RN
Trabalho de Conclusão de Curso – Engenharia de Petróleo –CEP/CT/UFRN 2017.1
Junho, 2017
NATAL, RN
BORGES, Beatriz Bruna Gomes. Tratamento da água produzida do petróleo para injeção em
mananciais. 2017. 78 f. TCC (Graduação) - Curso de Engenharia de Petróleo, Universidade
Federal do Rio Grande do Norte, Natal, Brasil, 2017.
RESUMO
___________________________________________________________________________
A água associada à produção de petróleo é uma das maiores fontes de efluentes da atividade de
exploração e produção de petróleo, o que a torna uma das grandes preocupações para a indústria
que precisa tratá-la e acondicioná-la da forma correta para que não ocorram impactos ao meio
ambiente, demandando muito tempo e investimento. Esse grande volume de água produzida
pode ser utilizado para reabastecer os mananciais, evitando o desperdício. Nesse contexto, o
trabalho tem como objetivo propor um sistema de tratamento aplicado a água analisada que
permita a posterior injeção em reservatório natural para acumulação de água tratada seguindo
a legislação ambiental vigente para consumo humano. O reservatório proposto para receber e
armazenar a água tratada é fictício, não acumulador de hidrocarbonetos, a fim de criar uma
nova reserva, utilizando a própria rocha como uma etapa de reposição de minerais. O objetivo
é que o sistema virtual proposto seja comercialmente sustentável. Ele receberá a água
produzida contaminada de uma produtora de petróleo, especificando-a e oferecerá solução para
a problemática da empresa, quais sejam o tratamento e o destino do contaminante.
BORGES, Beatriz Bruna Gomes. Tratamento da água produzida do petróleo para injeção em
mananciais. 2017. 78 f. TCC (Graduação) - Curso de Engenharia de Petróleo, Universidade
Federal do Rio Grande do Norte, Natal, Brasil, 2017.
ABSTRACT
__________________________________________________________________________
The water associated with oil production is one of the largest sources of effluent from the oil
exploration and production activity, making it one of the major concerns for the industry that
needs to treat and package it properly so that it does not occur Impacts on the environment,
requiring a lot of time and investment. This large volume of produced water can be used to
replenish the springs, avoiding waste. In this context, the objective of this work is to propose a
treatment system applied to analyzed water that allows the subsequent injection into a natural
reservoir for the accumulation of treated water following the current environmental legislation
for human consumption . The proposed reservoir to receive and store the treated water is a
fictitious, non-hydrocarbon accumulator in order to create a new reserve, using the rock itself
as a step of replenishing minerals. The goal is for the proposed virtual system to be
commercially sustainable. It will receive contaminated water produced from an oil producer,
specifying it and will offer solution to the company's problems, what the treatment and the
destination of the contaminant.
DEDICATÓRIA
AGRADECIMENTOS
Aos meus pais e irmão, Rejane, Evanaldo e Davi, por todo o amor.
Ao meu noivo, João Bosco, pela paciência, atenção e apoio.
Aos meus amigos, Nayara Nagly, Liélson Andrade e os demais do grupo “Picolé de
cimento”, por terem tornado essa caminhada acadêmica mais suave e agradável.
Ao meu orientador, Wilaci Eutrópio, por todo o tempo que dedicou a me ajudar durante
o processo de realização desse trabalho.
À Universidade Federal do Rio Grande do Norte e todo seu corpo docente, além da
direção e a administração, que realizam seu trabalho com dedicação e me proporcionaram as
condições necessárias para que alcançasse meus objetivos
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO 1
2 OBJETIVOS 3
2.1 Objetivos Gerais 3
2.2 Objetivos Específicos 3
3 ASPECTOS TEÓRICOS 4
3.1 Panorama Sobre a Água no Brasil e no Mundo 4
3.2 Aquíferos 6
3.3 Petróleo: Definição, Origem e Formação 8
3.4 Água Produzida do Petróleo 9
3.4.1 Origem 9
3.4.2 Volumes gerados de água produzida no Brasil 10
3.4.3 Composição química 11
3.4.4 Danos causados pela água produzida 14
3.4.5 Questões ambientais 15
3.5 Tratamento da Água Produzida 18
3.5.1 Tratamento Preliminar 19
3.5.2 Separação trifásica 20
3.5.3 Tratamento primário 21
3.5.3.1 Sedimentação 22
3.5.3.1.1 Separadores gravitacionais 22
3.5.3.2 Coagulação / Floculação 23
3.5.3.3 Flotação 24
3.5.3.3.1 Hidrociclone 25
3.5.3.4 Precipitação química 26
3.5.4 Tratamento secundário 27
3.5.4.1 Adsorção 27
3.5.4.2 Sistemas de filtração 29
3.5.4.3 Separação por membranas 31
3.5.4.4 Troca iônica 34
3.5.4.5 Oxidação química 35
3.6 Legislação e Qualidade da Água Para Consumo Humano 35
3.7 Destino da Água Após Adequação ao Consumo Humano 37
3.7.1 Consumo imediato 37
3.7.2 Armazenamento em tanques 37
3.7.3 Recarga de mananciais 38
3.7.4 Criação de aquífero 39
4 MATERIAIS E MÉTODOS 41
4.1 Fazenda Pocinhos 41
4.1.1 Caracterização das instalações 41
4.1.2 Volume de Efluentes 42
4.1.3 Sistema atual de tratamento para descarte 42
4.1 Caracterização de Água Produzida: Estudo de Caso 44
4.2 Água Produzida x Água Para Consumo Humano 44
5 RESULTADOS E DISCUSSÕES 46
5.1 Considerações Para a Escolha do Método de Tratamento 46
5.2 Proposta de Tratamento 52
5.3 Cálculo do Dimensionamento do Aquífero a Ser Criado 54
5.4 Função Econômica, Social e Ambiental do Reuso 56
6 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES 58
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 59
ÍNDICE DE FIGURAS
LISTA DE TABELAS
A/O – Água/Óleo
ANA – Agência Nacional de Águas
ANP – Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis;
API – American Petroleum Institute
BRS – Bactérias Redutoras de Sulfato
BTEX – Grupo de compostos formado pelos hidrocarbonetos Benzeno, Tolueno, Etilbenzeno
e Xileno
CNRH – Conselho Nacional de recursos Hídricos
CO – Monóxido de Carbono
CO2 - Dióxido de Carbono
CONAMA – Conselho Nacional do Meio Ambiente
COPASA – Companhia de Saneamento de Minas Gerais
CPI – Corrugated Plate Interceptor
CPRM – Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais
DBO – Demanda Bioquímica de Oxigênio
DQO – demanda Química de Oxigênio
EC-ARG – Estação central de Alto do Rodrigues
EC-CAM – Estação Central de canto do Amaro
EC-ET - Estação Central de Estreito
EC-FP – Estação Central de Fazenda Pocinho
ETE – Estação de Tratamento de Efluentes
ETO – Estação de Tratamento de Óleo
GMR - Guamaré
H2S – Ácido Sulfídrico;
HPA – Compostos Policíclicos Aromáticos;
IDEMA – Instituto de Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente
NFD - Grupo de compostos formado pelos naftalenos, fenantrenos e dibenzotiofenos
°C – Graus Celsius;
Km - Quilômetros
mm – Milímetro;
m – Metro;
m² - Metro quadrado;
m³ - Metro cúbico;
mD – Mili-Darcy
mg/L- Miligrama por litro;
nm – Nano metro
ppm – Partes Por Milhão
μm – Micro metro;
unT – Unidade de Turbidez;
1 INTRODUÇÃO
especificada, podendo solicitar ainda mais verbas a depender da substância tóxica a ser
removida.
A crescente preocupação com a quantidade e qualidade dos recursos hídricos, aliada à
perspectiva de crescimento da explotação de petróleo no Brasil e o enorme volume de água
produzida nesse setor, têm sido os principais motivos para a busca de práticas ambientais que
visem a adequação dessa indústria à regulação ambiental vigente.
Nesse cenário, o reuso é uma realidade, pois reduz os custos, o que o torna
economicamente vantajoso, e ainda diminui o volume de efluente descartado. Além do ponto
de vista ambiental e econômico, essa atitude tem reflexo direto e potencial na imagem da
empresa, corroborando o aumento da conscientização do setor com a relação à preservação
ambiental e responsabilidade social, assim como sobre o aumento da competitividade
empresarial.
Diante do exposto, este trabalho se propõe a desenvolver uma nova combinação de
processos para o tratamento de água a fim de proporcionar um efluente apto à injeção em
mananciais para o posterior consumo humano.
A nova combinação proposta se baseia na utilização de separação água-óleo, flotação,
filtração por argila organofílica seguida de filtro cartucho, microfiltração e osmose reversa.
Com a finalidade de avaliar a água de produção após o tratamento proposto, serão
estudados e analisados os limites de contaminantes permitidos pela legislação vigente que
apresenta as instruções ambientais para adequação ao consumo humano.
Para a realização do trabalho foi utilizado como base o Campo de Fazenda Pocinho
localizada na Bacia Potiguar, à cerca de 15Km da cidade de Pendências, no estado do Rio
Grande do Norte.
2 OBJETIVOS
3 ASPECTOS TEÓRICOS
junto ao Oceano Atlântico, onde se encontra 45,5% da população, estão à disposição apenas
2,7%.
Dessa forma, as bacias mais populosas que estão localizadas em área de baixa
disponibilidade de água e que apresentam altos índices de demanda hídrica enfrentam a
escassez e a dificuldade para a obtenção de recursos hídricos. Os fenômenos climáticos e o
regime pluviométrico influenciam fortemente o abastecimento dessas regiões.
De acordo com a ANA (2016), em 2015, 1.192 municípios (21% do total de municípios
do País) publicaram 1.870 decretos devido à ocorrência de estiagem ou seca. A maior
concentração de registros partiu do Rio Grande do Norte, 92%, seguido da Paraíba, 88%, e
Ceará com 83% dos municípios com algum tipo de decreto de seca. Os reduzidos valores de
disponibilidade hídrica na região Nordeste se devem aos baixos índices de precipitação e a
irregularidade de seu regime.
O consumo total de água estimado para o Brasil foi de 2.275,07 m³/s, quando
considerada a vazão retirada dos mananciais. O setor de irrigação foi responsável pela maior
parcela de retirada (55% do total), seguido das vazões de retirada para fins de abastecimento
humano urbano, industrial, animal e abastecimento humano rural. A vazão efetivamente
consumida foi de 1.209,64 m³/s (ANA, 2016).
O esgotamento dos recursos hídricos pode colocar em risco a saúde humana, além de
ameaçar o desenvolvimento socioeconômico e a paz da sociedade. O Relatório da UNESCO
(2015) prevê um aumento de 55% da demanda hídrica mundial, para o ano de 2050. O aumento
da demanda de água segue, certamente, o crescimento populacional que gera uma maior
necessidade de recursos hídricos para expansão da agricultura, da criação de animais, da
indústria, além dos fins sanitários em áreas urbanas. Ainda segundo a UNESCO, até 2050, a
agricultura precisará produzir globalmente 60% a mais de alimentos, e 100% a mais nos países
em desenvolvimento.
A insuficiência e a degradação dos recursos hídricos exigem uma mudança de atitude
das autoridades e da sociedade em relação ao uso da água, principalmente em áreas mais
intensamente ocupadas, nas quais o consumo é exagerado. Hoje, tem-se uma maior
preocupação com o desenvolvimento de tecnologias e processos industriais que utilizem a água
de maneira mais eficiente evitando o desperdício. Uma das formas utilizadas pelas empresas
para um uso mais consciente dos recursos hídricos tem sido o tratamento de seus efluentes
visando sua reutilização, o que tem se tornado uma importante prática, não só como forma de
viabilizar a solução dos problemas de escassez desse recurso, mas também como uma
ferramenta para o controle da poluição e, consequentemente, preservação do meio ambiente
(COSTA, 2010a).
3.2 Aquíferos
Aquífero livre
Segundo a Associação Brasileira de Águas Subterrâneas – ABAS – (2017), também
chamado de aquífero freático, é parcialmente saturado de água. A base é uma camada
semipermeável ou impermeável, e o topo é limitado pela própria superfície da água. Por ser de
fácil acesso, é o tipo de aquífero mais explorado pelo homem, porém é o tipo de aquífero que
apresenta maiores problemas de contaminação.
Aquífero confinado
Também conhecido como aquífero sob pressão, é completamente saturado de água.
Ambos, o teto e a base, são extratos semipermeáveis ou impermeáveis. A água desse tipo de
aquífero está sob pressão superior à atmosférica, por este motivo, a maioria dos poços
perfurados tende a ser surgente. A fonte natural de recarga é a precipitação através de infiltração
em regiões chamadas de áreas de recarga (CPRM, 2017).
Aquífero poroso
Ocorrem em rochas sedimentares consolidadas, sedimentos inconsolidados e solos
arenosos, onde a circulação da água se faz nos poros formados entre os grãos de areia, silte e
argila de granulação variada. São mais comuns e armazenam grandes quantidades de água
abrangendo grandes áreas. (CPRM, 2017)
Uma de suas peculiaridades é a porosidade quase sempre homogênea, o que permite que
a água escoe para qualquer direção em função dos diferenciais de pressão hidrostática
existentes.
Aquífero fraturado
Ocorrem em rochas ígneas, cristalinas ou metamórficas que tendem a apresentar fraturas
que são ocupadas pela água. De acordo com a CPRM (2017), a capacidade de acumulação desse
tipo de aquífero está relacionada à quantidade de fraturas abertas e em comunicação. Poços
perfurados nessas rochas fornecem baixa vazão de água. A produção dependerá tão somente de
o poço interceptar uma fratura capaz de conduzir água.
Aquífero cárstico
Ocorrem em rochas carbonáticas, como o calcário, que apresentam bastante
sensibilidade ao desgaste por ação da água devido à dissolução do carbonato pela água. Por
esse motivo, as fraturas desse tipo de aquífero se alargam devido ao fluxo de água, criando
aberturas muito grandes. (ABAS, 2017)
O petróleo é um líquido oleoso, menos denso que a água e altamente inflamável. Trata-
se de uma mistura de hidrocarbonetos de ocorrência natural. Sua composição e cor variam de
acordo com sua gênese (THOMAS, 2001).
Segundo a teoria orgânica, esse combustível fóssil tem origem a partir da decomposição
de grandes quantidades de matéria orgânica (restos vegetais, algas, alguns tipos de plâncton e
restos de animais marinhos), que depositada, juntamente com sedimentos, em depressões de
lagos e mares antigos, sofre transformações físico-químicas por milhares de anos
(CARVALHO, 2015).
O acúmulo das camadas de sedimentos acarreta o aumento da pressão, da temperatura
e a compactação da matéria orgânica. A união desses fatores aliados à qualidade da matéria
depositada, favorecem o crescimento e desenvolvimento de bactérias que culminam na
formação de hidrocarbonetos e água.
A depender das condições de formação, essa mistura pode ser encontrada nos estados
sólido, liquido e gasoso, assim como podem apresentar uma única fase ou mais de uma. À fase
no estado gasoso, dá-se o nome de gás natural e, em geral, apresenta hidrocarbonetos mais
leves. Já à mistura na fase líquida, dá-se o nome de óleo cru, este apresenta em sua composição,
além de hidrocarbonetos líquidos, gases dissolvidos e impurezas (ROSA, 2006).
Em geral, após formado o petróleo migra da rocha na qual foi gerado (rocha geradora),
sob ação de pressões, até uma rochosa permeável adjacente, que, se cercada por uma rocha
impermeável (rocha capeadora), aprisiona-o em seu interior. É a partir dessa formação que o
óleo é extraído (SILVA, 2003).
É comum que, a depender da pressão e da localização da jazida, as partes mais altas do
interior do reservatório sejam ocupadas pelo gás natural, enquanto a água ocupa a parte mais
inferior, devido à diferença de densidade e à imiscibilidade entre as fases.
3.4.1 Origem
Conforme Thomas (2001), para cada m3/dia de petróleo produzido, em média, são
gerados três a quatro m3/dia de água. Em alguns casos específicos, esse número pode chegar a
sete ou mais.
De acordo com dados da ANP (2017), em fevereiro de 2017, no Brasil, a produção
onshore de petróleo foi de cerca de 134,5 mil barris por dia, enquanto a produção de água foi
de 1,8 milhões de barris por dia. Já a produção offshore foi de cerca de 2,5 milhões de barris
por dia de petróleo e 2,1 barris por dia de água.
Somando as produções onshore e offshore, para uma produção de aproximadamente
2,67 milhões de barris de petróleo por dia foram registrados cerca de 3,99 milhões de barris de
água. São quase 1,5 barril de água para cada 1 de petróleo. A produção de água representou
praticamente 60% da produção total de líquido nesse período.
Na produção onshore, a Bacia Potiguar lidera o ranking de produção total desse efluente
com mais de 1 milhão de barris por dia, o que se deve ao maior número de poços, 5.037
produtores no Rio Grande do Norte e 806 no Ceará. O segundo maior produtor é o Recôncavo
Baiano que produz 492 mil barris de água por dia em 1.963 poços, dos quais se destacam os
três poços que mais produzem água, todos os três apresentam tempo de produção superior a
660 anos. O ranking segue com Sergipe (284.000 bbl/dia), Espírito Santo (362.000 bbl/dia),
Amazonas (21.523 bbl/dia) e Alagoas (6.147 bbl/dia)
Já na produção offshore, os maiores volumes são extraídos na bacia de Campos que
produz cerca de 1,98 milhões de barris por dia de 866 poços dos quais se destacam os três poços
que mais produzem água. Seguida pela bacia Potiguar que produz 27.641,5 bbl/dia,
apresentando uma Razão Água-Óleo (RAO) de 4,9. Embora não seja o maior produtor, o
Recôncavo Baiano apresenta RAO de 3,8.
Óleo
O óleo presente na água produzida é formado por uma mistura de diversos compostos
como benzeno, tolueno, etilbenzeno e xileno (BTEX), naftalenos, fenantrenos e
dibenzotiofenos (NFD), hidrocarbonetos poliaromáticos (HPA) e fenóis.
O óleo pode estar presente na água sob as seguintes formas (BADER, 2007):
Óleo livre: óleo disperso sob a forma de gotas de grandes diâmetros, formado
por hidrocarbonetos praticamente insolúveis. Pode ser facilmente removido da
água, através de separadores gravitacionais poiso diâmetro das gotas facilita a
coalescência.
Óleo emulsionado: óleo disperso presente sob a forma de pequenas gotículas.
Também formada por hidrocarbonetos praticamente insolúveis, essa forma de
óleo é mais difícil de ser separada da água.
Óleo solúvel: composto por hidrocarbonetos menos insolúveis na água, como
BTEX e fenóis.
Sólidos da produção
A erosão das rochas e as interações da água com a formação provocam a presença de
sólidos (areia, sílte, argila, carbonatos), produtos de corrosão e incrustação, bactérias, ceras e
asfaltenos.
Gases dissolvidos
Comumente são encontrados o gás natural (metano, etano, propano e butano), dióxido
de carbono (CO2), Sulfeto de hidrogênio (H2S). O Oxigênio (O2) não é encontrado naturalmente
na AP, mas sim incorporado quando esta é trazida à superfície (STEWART & ARNOLD,
2011).
Microrganismos
Poucos são os microrganismos que sobrevivem à toxicidade do efluente, porém algumas
bactérias anaeróbicas e redutoras de sulfato podem se fazerem presentes (MOTTA et al, 2013).
As classes BTEX e NFD, por serem mais solúveis em água, apresentam-se em maiores
concentrações na água de produção. Os aromáticos são essencialmente solúveis e não podem
ser removidos por tratamentos convencionais de separação por gravidade (OGP, 2002).
As emulsões de petróleo do tipo água em óleo (A/O), em que a água é a fase dispersa e
o óleo a fase contínua, são geradas pelo contato da água com o óleo e possuem viscosidade
superior à do petróleo desidratado, o que pode afetar as operações de elevação e escoamento
em função do aumento das perdas de carga, que podem levar à perda de produção e à perda de
eficiência do sistema de bombeio e transferência.
dar origem a precipitados. O H2S, por sua vez, também pode estar presente naturalmente ou ser
produzido por bactérias redutoras de sulfato (BRS). Pode causar incrustação por sulfeto de ferro
e ser tóxico, se inalado. O O2 pode causar problemas como tornar a água corrosiva e produzir
sólidos insolúveis, devido às reações de oxidação (STEWART & ARNOLD, 2011).
Precipitados, em geral, podem gerar incrustações que representam um grande problema
para a produção de petróleo. Esse tipo de formação pode ocasionar redução do fluxo de fluidos
obstruindo os poros ou até mesmo a própria tubulação do poço reduzindo o diâmetro dos dutos,
além de casar danos à formação e às bombas elétricas submersíveis.
Ainda podemos encontrar na água de produção o gás natural que é constituído por
hidrocarbonetos leves como o metano, etano, propano e butano. Quando o efluente é conduzido
à superfície, esses gases podem, além da corrosão, produzir sólidos insolúveis devido às reações
de oxidação (STEWART & ARNOLD, 2011).
A Água Produzida é potencialmente nociva para o meio ambiente pois é composta por
diversos elementos tóxicos. A combinação de alguns desses elementos, a quantidade e as
características do local onde o efluente é descartado devem ser levados em conta para avaliar um
possível problema ambiental. O impacto provocado pelo descarte da água produzida é, comumente,
avaliado pela toxicidade de seus constituintes, assim como suas concentrações, quantidade de
compostos orgânicos e inorgânicos e o tipo de comunidade biótica a qual foi exposta. Os
contaminantes podem causar diferentes efeitos ao meio ambiente, por causa da permanência, a
depender da concentração e da toxicidade. Acredita-se que os efeitos mais perigosos para o meio
ambiente sejam aqueles relacionados aos compostos que conservam-se solúveis após o descarte
(OLIVEIRA & OLIVEIRA, 2000).
Segundo Motta et al (2013) as principais causas potenciais de poluição do meio
ambiente atribuídas à água produzida são as seguintes:
Alta Salinidade
A salinidade pode causar impactos negativos aos mananciais de água doce, como
aquíferos, lagos e rios destinados ao consumo humano.
Sólidos Suspensos
A presença de grandes quantidades de sólidos pode intervir na autopurificação de rios,
gerando depósitos de lama, danificando pontos de pesca e alterando o visual de mananciais
adicionando coloração à água, além de estar intrinsecamente ligado à toxicidade desse efluente
em função das concentrações de elementos nocivos (SOARES, 2013).
Radioatividade
Elementos radioativos tendem a bioacumular, como isótopos do elemento químico
Rádio (RA-226 e RA-228) e isótipo de Einstenio (Es-90) (SOARES, 2013).
Metais Pesados
Esse tipo de elemento pode ser tóxico aos seres humanos. Dentre os problemas
ocasionados, o principal é a capacidade de bioacumulação na cadeia alimentar (BARROS JR,
2001).
Compostos inorgânicos
Elementos como chumbo, bário, mercúrio, manganês, cobre, zinco e cádmio podem ser
tóxicos aos seres humanos.
A Tabela 2 a seguir apresenta algumas doenças causadas por elementos inorgânicos.
Gradeamento
Remove sólidos suspensos e corpos flutuantes com diâmetro superior a 10 mm. Os
dispositivos de remoção são constituídos de barras paralelas de ferro ou aço posicionadas
transversalmente no canal de chegada do efluente. Nas estações de grande porte, as barras
necessitam de um dispositivo mecanizado de remoção do material retido (CARVALHO, 2015).
A Figura 1 a seguir apresenta alguns esquemático dos sistemas de gradeamento.
Peneiras
Trata-se de um processo mecânico que separa as partículas por tamanho. Peneiras
revestidas com uma tela fina retém sólidos grosseiros e suspensos mais finos, com diâmetros
superiores a 1 mm. Dois dos inconvenientes desse sistema são o entupimento e a necessidade
de limpeza frequente (MARTINS, 2015).
Desarenadores
Remove areia e materiais abrasivos. Seu princípio de funcionamento consiste na ação
da força da gravidade sobre as partículas.
Equalização
Consiste em tanque de aeração e agitação que evita odores e depósitos de sólidos.
Melhora a performance de uma planta e aumenta a sua capacidade útil. Homogeneíza o efluente
com características físico-químicas (CARVALHO, 2015).
Após a produção, os fluidos são encaminhados para separadores que podem ser bifásicos
ou trifásicos. O separador bifásico faz a separação gás/líquido, enquanto que o trifásico, faz,
também, a separação óleo/água. Além da função, os separadores são distinguidos entre
horizontais e verticais, sendo o último mais eficiente, mas, por outro lado, a geometria dificulta
a remoção de sólidos.
Um separador típico possui diversos dispositivos em seu interior a fim de aumentar a
eficiência de separação, como, por exemplo, defletores de entrada, válvulas de segurança,
extrator de névoa. De acordo com Silva et al (2007), comumente esse tipo de equipamento
possui quatro seções:
Seção de separação primária: separa a maior parte do líquido através da mudança
de velocidade e direção do fluxo;
Seção de acúmulo de líquido: retém o líquido no fundo do vaso permitindo a
separação do gás remanescente;
Seção secundária: as gotículas maiores de líquido são separadas por decantação;
Seção de aglutinação: as gotículas arrastadas pelo fluxo são removidas através
de meios porosos que facilitam a coalescência e decantação.
O óleo livre presente na água produzida, por apresentar gotas de diâmetros maiores, é
facilmente removido através da separação gravitacional convencional. Pode se tratar de uma
etapa lenta por basear-se na atuação da gravidade através da diferença de densidade entre os
fluidos.
Em geral, é o primeiro estágio do tratamento em campos terrestres. As seguintes técnicas
são empregadas nesta fase:
Sedimentação
Coagulação / floculação
Flotação
Precipitação química
Ao final da aplicação de uma combinação dos processos citados, a água ainda possui
elevada concentração de elementos que precisam ser removidos por tratamentos avançados.
3.5.3.1 Sedimentação
Esse tipo de equipamentos são tanques de decantação com tamanhos maiores que
utilizam a gravidade como forma de separação, através da diferença de densidades entre os
líquidos. Parte do óleo se acumula na superfície da lâmina líquida por possuir densidade
específica menor do que a da água. Os sólidos, mais pesados, sedimentam no fundo do
separador. O uso de tensoativos desemulsificantes auxiliam na quebra de emulsões e promovem
uma maior redução do teor de óleos e graxas (TOG)
De acordo com Silva et.al (2007), as instalações são subdivididas em separadores API
(American Petroleum Institute), PPI (Parallel Plate Interceptor) e CPI (Corrugated Plate
Interceptor).
A Figura 3 mostra um representativo de um Separador Água-Óleo.
Separadores API
Trata-se de grandes tanques de decantação pelo qual o efluente escoa. O óleo livre e os
sólidos decantáveis separam-se e são removidos da fase aquosa. Para ascenderem e serem
coletadas, as gotículas de óleo devem percorrer grandes distancias o que requer grandes áreas
de instalação.
3.5.3.3 Flotação
3.5.3.3.1 Hidrociclone
Essa fase do tratamento consiste em uma série de processos que objetivam melhorar a
qualidade do efluente proveniente dos tratamentos primários.
Para isso, a redução da estabilidade das emulsões é fundamental de forma a separar as
duas fases líquidas (óleo e água). O óleo emulsionado dificilmente é separado através da força
gravitacional por isso exige a utilização de mecanismos mais sofisticados tais como:
Adsorção
Filtração
Separação por membranas
Troca iônica
Oxidação química
3.5.4.1 Adsorção
Carvão ativado
Muitas vezes, após o tratamento com coagulação, sedimentação e filtração, ainda há
compostos orgânicos não-biodegradáveis. Esse tipo de composto é detectado pelo teste de
Demanda Química de Oxigênio (DQO) e pode ser removido por adsorção em carvão ativado.
Esse tipo de tecnologia também permite a remoção de cor, óleos e odor além de substâncias
orgânicas dissolvidas (CAMMAROTA, 2011).
O carvão ativado é um tipo de carbono que recebe tratamento específico para aumentar
suas propriedades de adsorção. Trata-se de um material poroso natural com grande área
superficial interna. Devido a essa configuração, o carvão ativado é capaz de adsorver grandes
quantidades de gases e solutos.
Características da fase líquida, como pH, viscosidade, temperatura e tempo de contato,
além de características do adsorvente e adsorbato, podem afetar a capacidade de adsorção do
carvão. Além do que, os tipos de interações com os adsorbatos são determinados pela presença
de grupos químicos que influenciam fortemente a capacidade de adsorção.
Além do reduzido custo com energia e a alta eficiência de remoção em baixa
concentração inicial, o carvão ativado apresenta a possibilidade de ser recuperado puro e
reutilizado. Segundo Cammarota (2011), depois de saturado, o carvão pode ser reativado por
meio de aquecimento desentupindo os poros. O material adsorvido é queimado e o carvão
recupera a sua eficiência.
Em geral, em 10 a 14 regenerações há uma perda de 7 a 10% em volume e uma perda
da capacidade de adsorção, a isso acrescenta-se o problema relacionado à disposição final do
carvão exaurido e não reciclável (CAMMAROTA, 2011).
Filtro de areia
Trata-se de tanques ou equipamentos que contém uma camada de material granuloso
(areia) com o objetivo de reter partículas orgânicas e inorgânicas (CARVALHO, 2016).
Os filtros podem ser constituídos de um ou mais materiais com granulometrias
diferentes. Uma das classificações possíveis leva em conta a taxa ou velocidade de filtração. Os
filtros lentos removem as impurezas que se acumulam na camada superior do leito através de
limpeza manual. Já os filtros rápidos são limpos em operações de contracorrente, além de
Microfiltração
É indicado para retenção de bactérias, protozoários, alguns vírus, materiais em
suspensão e emulsão. Essa tecnologia apode ser utilizada em conjunto com outras, como, por
exemplo, a nanofiltração e a osmose reversa, nesse caso ela funciona como proteção para o
processo, já que remove as partículas maiores e, principalmente, os sólidos em suspensão que
danificam alguns equipamentos (TARGUETA; SANTANA, 2016).
Os processos de separação por membranas apresentam vantagens por proporcionar
plantas compactas e de simples implantação e operação, demandam um baixo consumo de
energia, são facilmente integrados a outros processos de tratamento além de fornecerem um
efluente de ótima qualidade. Porém, existem alguns fatores que limitam esses processos, pois,
por exemplo, exige que os fluidos apresentem baixo percentual de sólidos. Além do que,
algumas membranas estão sujeitas ao ataque químico e pode ocorrer a formação de uma camada
de soluto que pode oferecer resistência ao fluxo permeado (NUVOLARI; COSTA, 2010).
Ultrafiltração
Também conhecida como filtração molecular, e utilizada para separar substâncias de
acordo com peso e tamanho molecular (NÓBREGA, 2016). As membranas da ultrafiltração
apresentam poros menores se comparadas com as da microfiltração. Em parte, por esse motivo
faz-se necessário a utilização de pressões de operações maiores.
Nanofiltração
É capaz de separar soluções heterogêneas e solutos que se encontram dissolvidos. A
membrana atua como barreira seletiva permitindo a passagem apenas de determinado
componente, consequentemente, impedindo a passagem de outros. Esse processo retém sais
bivalentes com 0,001µm. Essa tecnologia é capaz de remover íons monovalentes e compostos
orgânicos de baixo peso molecular, podendo ser utilizada em processos de remoção de cor da
água ou desmineralização, sendo sua principal aplicação na dessulfatação da água do mar para
reinjeção (NUVOLARI, COSTA, 2010).
Segundo Nuvolari & Costa (2010), a troca iônica é uma tecnologia baseada na troca de
íons contaminantes do líquido a ser tradado por íons presente sem uma resina. Esse método
pode remover compostos fenólicos, ácidos orgânicos, sílica e carbono.
A escolha da resina deve ser feita de acordo com sua seletividade, afinidade pela troca
de íons, número máximo de sítios ativos por grama e o sistema no qual será em pregada.
As vantagens desse tipo de processo estão relacionadas à qualidade do efluente
fornecido remoção seletiva de espécies indesejáveis, aplicação para volumes de grandes e
pequenos volumes de efluentes, além de o sistema pode ser automático ou manual. Já as
desvantagens se referem à periculosidade de alguns produtos químicos envolvidos no processo
de regeneração, são necessárias paradas para regeneração, há a possibilidade de degradação das
resinas além da geração de efluentes com alta concentração de contaminantes (NUVOLARI,
COSTA, 2010).
No Brasil, o uso da água para consumo humano é regulamentado por normas específicas
que determinam a quantidade aceitável de determinados contaminantes.
O Ministério da Saúde publicou a Portaria Nº2.914, em 12 de dezembro de 2011, que
dispõe sobre os procedimentos de controle e de vigilância da qualidade da água para consumo
humano e seu padrão de potabilidade. São definidas as competências e responsabilidades da
União, do Estado, dos Municípios, do responsável pelo sistema de abastecimento de água para
consumo humano e dos laboratórios de controle e vigilância.
Ainda de acordo com essa portaria, toda agua para consumo humano, fornecida
coletivamente, deverá passar por processo de desinfecção ou cloração. Alguns dos níveis de
substâncias permitidos citados na Portaria:
Dureza: 500 mg/L
Sódio: 200 mg/L
Cloro residual livre: 5 mg/L
A Portaria nº 635, de 30 de janeiro de 1976, também do Ministério da Saúde, aprova as
normas e padrões sobre a fluoretação da água, obedecendo a imposição da Lei 6050/74 que
dispõe sobre a fluoretação da água em sistemas de abastecimento quando existir estação de
tratamento.
O Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) através da resolução Nº 357, de
17 de março de 2005, estabelece a classificação dos corpos de água e as diretrizes ambientais
Tendo em vista os volumes diários, após tratada, a água pode ser encaminhada para
consumo imediato, ser armazenada para consumo posterior ou injetada em um manancial pré-
existente.
A ideia principal deste projeto é que a água seja inserida em uma rocha porosa e
permeável de maneira a criar uma nova fonte de água para ser utilizada posteriormente a longo
ou curto prazo.
Após o tratamento que será proposto, a água produzida estará especificada para
consumo humano de acordo com as imposições da Resolução 357 do CONAMA, enquadrada
na Classe 1 das Águas Doces.
Sendo assim, estará apta para consumo imediato. A água poderá ser encaminhada para
o sistema de abastecimento da população através de tubulações. Para isso, será necessário o uso
de bombas e a inclusão de uma etapa de tratamento simplificado que inclua a clarificação por
meio de filtração e desinfecção e correção de pH quando necessário.
Faz-se necessário a adição de cloro, que elimina germes nocivos à saúde, e garante a
qualidade da água nas redes de distribuição e nos reservatórios.
Segundo a Companhia de Saneamento de Minas Gerais (COPASA MG), para proteger
as canalizações das redes e das casas contra corrosão ou incrustação, a água precisa receber
uma dosagem de cal, que corrige o pH, e ser fluoretada, em atendimento à Portaria nº 635 do
Ministério da Saúde. Além de uma dosagem de composto de flúor (ácido fluossilícico, fluoreto
de cálcio, fluossilicato de sódio ou fluoreto de sódio) conforme descrito em lei.
Para que seja armazenada em tanques para consumo posterior, a água tratada deverá
cumprir, da mesma forma, as exigências da Resolução 357 do CONAMA. Os tanques utilizados
para o armazenamento devem ser produzidos em material inerte que não reaja nem libere
resíduos nem substâncias tóxicas, além de evitar a contaminação pelo meio externo, garantindo
a vedação. Assim como deverá receber as doses de cal e flúor conforme o descrito na Portaria
635 e exigido na Lei 6050/74.
Nesse caso, a água seja injetada em uma formação rochosa a fim de criar um novo
manancial destinado a uso das gerações futuras.
A criação do aquífero artificial inicia-se com a seleção da rocha armazenadora a partir
de dados geológicos, principalmente de permeabilidade e porosidade. A necessidade de uma
camada seladora que impeça a fuga por caminhos preferenciais da água injetada é um fato que
não poderá ser ignorado. A rocha deverá ser não-acumuladora de hidrocarbonetos e deve reagir
minimamente com a água.
Dessa forma, o ideal seria a criação de um aquífero poroso e confinado, tendo em vista
que esse tipo de formação geológica é mais facilmente encontrado. É recomendado evitar
reservatórios cársticos, pois, devido à alta capacidade de dissolução dessa rocha na água, os
níveis de dureza, por exemplo, poderiam ser alterados.
O volume de água a ser armazenado no reservatório criado dependerá diretamente do
volume poroso disponível.
Depois de passar pelos processos de tratamento que removeriam as impurezas, a água
seria encaminhada para poços injetores. A frente de água na rocha avançaria até que alcançasse
os poços produtores.
O período que levaria da entrada da água na rocha até a chegada da frente de avanço nos
poços produtores depende diretamente da distância entre esses dois pontos, de características
intrínsecas da formação geológica, assim como da vazão de injeção.
A Figura 9 apresenta um esquemático do processo de injeção e produção.
4 MATERIAIS E MÉTODOS
Para que seja elaborado o projeto do um sistema de tratamento para adequação ao consumo
humano da água produzida, utilizou-se como base a caracterização da indústria (empresa) geradora,
assim como a caracterização e volume da água produzida, além da frequência com que ela é
recebida. Com tais informações, avaliou-se as tecnologias disponíveis mais viáveis em termos
econômicos e operacionais. Assim, foram analisados diversos processos de tratamento disponíveis
na indústria, até que escolheu-se o que melhor adequou-se para a especificação da água com a
finalidade de reutilizá-la para consumo humano.
Segundo a ANP (2017), o campo produziu, em fevereiro deste ano (2017), cerca de
2.800 bbl/dia de óleo e 84.000 bbl/dia de água. Já, em janeiro de 2010, produziu
aproximadamente 43.000 bbl/dia de água, quase metade da produção atual, enquanto a
produção de óleo era de mais de 29.000 bbl/dia.
A redução da produção de óleo provavelmente se deve ao amadurecimento do campo.
Enquanto que o aumento da produção de água pode ter mais de um agravante, pois, além da
proximidade com aquífero, a injeção de vapor no reservatório também fornece água para a
produção.
Pequenas estações coletoras realizam a coleta dos fluidos (basicamente óleo e água) e
os bombeiam para cinco Estações Centrais (EC): EC-CAM (Canto do Amaro), EC-ET (Estreito
A e B), EC-ARG (Alto do Rodrigues), EC-FP (Fazenda Pocinhos). Essas estações centrais, por
sua vez, bombeiam o petróleo bruto, produzido em terra, até a Unidade de Processamento de
Gás Natural (UPGN-GMR) onde é misturado com o óleo produzido nos poços offshore. A água
separada do óleo é encaminhada para a Estação de Tratamento de Efluentes (ETE-GMR).
Logo que recebida, a água produzida é disposta em diques na Estação de Tratamento de
Óleo (ETO), onde a fração de água livre se separa do óleo por ação da gravidade. Na ETE, a
água passa por um separador água-óleo (SAO), em seguida por um tanque de mistura para
adentrar no flotador e posteriormente ser encaminhada para o descarte no ambiente via
Parâmetros Resultados
Cloretos (mg/L) 296,20
Salinidade (NaCl – mg/L) 488,10
pH 7,95
Sólidos totais dissolvidos (mg/L) 1.460,00
Dureza total (CaCO3 mg/L) 375,21
Sulfato (mg/L) 2,610
Óleo e graxas (mg/L) 2000
Ferro (mg/L) 0,40
H2S (mg/L) 21,94
Fonte: FERNANDES JÚNIOR (2006), LIMA (1996), CARVALHO (2011) e ANP (2016),
5 RESULTADOS E DISCUSSÕES
Metais (ferro)
O tratamento exige a oxidação do ferro, uma vez que diminui a concentração solúvel do
metal viabilizando a remoção em processos de separação sólido/líquido. A oxidação pode ser
Beatriz Bruna Gomes Borges 46
Trabalho de Conclusão de Curso – Engenharia de Petróleo –CEP/CT/UFRN 2017.1
executada recorrendo a vários químicos como cloro ou ozono, mas também poderá ser feita
com ar comprimido. Essas substâncias tornam os metais insolúveis na água facilitando a sua
remoção nas etapas posteriores do tratamento.
O dióxido de cloro tem sido utilizado desde há muito tempo na desinfecção de água
potável. É utilizado no pré-tratamento pois remove eficazmente os compostos de ferro, funciona
como agente floculante e remove também odor e sabor indesejáveis. Na fase pós-tratamento,
promove a desinfecção no interior do sistema de distribuição. Por tais motivos, aparenta ser a
melhor escolha para aplicação na etapa de oxidação de metais.
Sólidos
O uso de flotadores, assim como de hidrociclone, nesse ponto, pode ser bem aceito e
fornecer um efluente com níveis de sólidos e óleo consideravelmente reduzidos.
Nesse ponto a água ainda contém impurezas que não foram sedimentadas no processo
de decantação. Por esse motivo, faz-se necessário o uso de filtros finos, como o filtro cartucho,
que reterão as partículas dispersas ainda restante.
O processo de filtração tem sido largamente aplicado para remoção de sólidos mais
finos. Os filtros de areia com baixa granulometria retêm parte considerável de sólidos dispersos.
A inclusão de um filtro cartucho, conhecido como filtro fino, remove partículas micrométricas
residuais. Os filtros de argila, além de removem boa parte dos sólidos, também adsorvem parte
considerável do material orgânico e de outras substâncias.
Esse tipo de remoção se faz necessária principalmente quando um dos processos
posteriores apresenta problemas devido à presença de sólidos no efluente, como as membranas
que são tamponadas.
Dureza
A remoção de dureza, ou abrandamento, pode ser feita por precipitação química, troca
catiônica ou nanofiltração, sendo as duas últimas tecnologias mais caras e exigem pré-
tratamento intensivo.
O processo a base de cal (CaO) e carbonato de sódio, pode remover níveis consideráveis
de dureza, a pesar de não removê-la completamente. É possível a utilização de hidróxido de
cálcio, porém o custo é mais alto. A cal eleva o pH do efluente fornecendo a alcalinidade
necessária ao processo, e o carbonato de cálcio, além de auxiliar a alcalinidade, fornece os íons
carbonatos necessários.
O abrandamento por troca iônica consiste em fazer a água atravessar uma resina
catiônica que captura os íons Ca2+ e Mg2+, substituindo-os por íons que formarão compostos
solúveis e não prejudiciais ao homem. As resinas possuem limites para a troca iônica, e ficam
saturadas de Ca2+ e Mg2+. Para garantir a eficiência do processo, deve ser feita a regeneração
da resina com a adição de solução de Cloreto de Sódio (NaCl).
Cloretos
Salinidade
Quantidades excessivas de magnésio, cálcio e sódio influenciam negativamente na saúde
humana, pois desencadeiam problemas no desenvolvimento de crianças, além de riscos gerais à
saúde também de adultos. A OR é capaz de reter elevadas quantidades de sais e deixar a água
praticamente isenta de moléculas inorgânicas de baixa massa molar como sódio, cálcio e
magnésio. Porém, ao contrário das outras atividades de reuso, para o consumo humano a
ausência de algumas dessas substâncias pode causar problemas de saúde. Dessa forma, após a
OR, pode existir a necessidade de regular as concentrações de alguns nutrientes, como cálcio e
magnésio, para fins de consumo humano. (SOARES, 2013).
A OR também reduz em até 99% a condutividade e dureza, além de eliminar 100% das
bactérias e impurezas presentes na água, garantindo uma água desmineralizada, límpida, pura
e confiável.
Porém, o processo de OR exige um pré-tratamento para funcionar eficientemente, como
a microfiltração por exemplo. O objetivo do uso de filtração antes da OR é evitar o entupimento
das membranas da OR, reduzindo o teor de sólidos e de óleos. Os filtros eliminarão os sólidos
que ainda se encontram em suspensão, moléculas orgânicas, cromatos, sulfetos e cloro.
O processo de injeção dos minerais necessários, que foram removidos quase que
completamente pela OR, pode ser substituído pelo próprio contato com a rocha no caso de
recarga de mananciais ou criação de aquífero.
Sulfato e Sulfeto
Um método de precipitação química que tem apresentado resultados positivos é o da
precipitação do sulfato em solução na forma do mineral Estringita.
Por tratar-se de íon solúvel em água, o sulfato só pode ser completamente removido por
processos especiais, como por exemplo a troca-iônica ou a osmose reversa.
A técnica de dessulfurização da água do mar largamente aplicada atualmente é a
nanofiltração que tem apresentado resultados excelentes.
TOG
A remoção de óleos e graxas inicia-se na separação gravitacional que remove
significativamente a porção de óleo livre.
A parcela de óleo emulsionado pode ser removida através de um tratamento químico,
mediante a adição de eletrólitos capazes de deslocar os surfactantes da interface água-óleo sob
condições específicas de pH. Nesse caso, faz-se necessário o uso conseguinte de um sistema e
flotação ou hidrociclones por exemplo. Apesar da boa eficiência, esse processo apresenta
algumas desvantagens como a utilização de produtos químicos, que podem ser caros, e a
geração de lodo, que deve ser tratado e descartado de forma adequada (STEWART; ARNOLD,
2011).
A utilização do filtro de carvão ativado tem apresentado, historicamente, níveis de
redução de TOG consideráveis. O carvão ativado apresenta grande afinidade por substâncias
de caráter orgânico, em virtude de tratar-se de uma substância não polar. O leito é capaz de
absorver compostos orgânicos dissolvidos, alguns metais pesados e BTEX (benzeno, tolueno,
etilbenzeno e xileno) solúveis.
Um tipo de filtro de adsorção utilizado para remoção de óleos e graxas é o filtro de argila
que tem apresentado capacidade de remoção excelente, em muitos casos, superior à do carvão
ativado.
O processo de separação por membranas também tem apresentado resultados excelentes
quanto a remoção de compostos orgânicos de baixo peso molecular, principalmente a OR e a
ultrafiltração.
dissolvido
agua/óleo
Filtro de cartucho
Separador argila
Separador agua/óleo Separador
Criação de aquífero
Após o uso do Separador água-óleo, que reduziria a aproximadamente 200 mg/L o teor
de óleo livre na água, além de remover alguns sólidos suspensos, pode-se optar pela utilização
de flotador a ar dissolvido, ou hidrociclone que poderiam remover óleo emulsionado e
partículas sólidas dispersas.
Posteriormente, é possível utilizar filtro de areia ou filtro de argila, ambos seguidos por
filtro cartucho, ou apenas o filtro de carvão ativado. A utilização do filtro cartucho se justifica
pela remoção de partículas sólidas mais finas residuais do processo de filtração anterior. A
finalidade dessa etapa é remover óleo solúvel além de sólidos finamente dissolvidos como
metais precipitados.
A opção por Microfiltração ou Ultrafiltração é justificada pela adequação do efluente ao
processo posterior que exige pré-tratamento. Esse processo tem o objetivo de remover óleo
solúvel residual, alguns compostos de cloro, parte da salinidade, e eliminar as partículas sólidas
residuais.
O uso de Microfiltração ou Osmose Reversa eliminaria completamente a presença de
compostos orgânicos e inorgânicos, cloretos, sulfatos, sulfetos, dureza, salinidade e minerais.
trabalham a baixas vazões, por esse motivo pode ser necessário a aplicação de mais de um
equipamento em paralelo na planta.
Nesse ponto, inicia-se uma espécie de pré-tratamento para a OR que possui limitações
quanto a presença de sólidos e de TOG. Recomenda-se o uso de membranas de Microfiltração
para remoção das substâncias que possam tamponar os poros da OR. A ultrafiltração se
mostraria um custo adicional desnecessário. A microfiltração por si só já é suficiente para evitar
a formação de incrustações nas membranas do processo de Osmose Reversa
Por fim, é apropriado a passagem pelo filtro de OR para finalizar a especificação da
água, já que o processo elimina quase toda a matéria orgânica e inorgânica do efluente, além de
sulfato, sulfeto, cloretos, salinidade, dureza e minerais. Essa última etapa do tratamento também
remove alguns nutrientes minerais essenciais para a saúde humana, fazendo-se necessário a
adição posterior dessas substâncias. Para o caso em que o destino da água é a criação de aquífero
ou o reabastecimento de mananciais, a passagem pela rocha pode suprir essa necessidade.
Para o consumo será necessário a desinfecção com cloro que pode ser atribuída ao
responsável pela entrega ao consumidor.
Após as considerações, a planta final contaria com: o processo gravitacional para
redução da quantidade de óleo livre e partículas maiores de sólidos, o Separador água-óleo; o
processo de Flotação no qual seriam reduzidos os precipitados e mais partículas de sólidos; o
Filtro de argila organofílica seguido de filtro cartucho para redução de sólidos e de TOG; a
Microfiltração como pré-tratamento para a Osmose Reversa.
A Figura 12 demonstra o esquemático da Planta de tratamento final.
Água proveniente
dos campos
Separador Filtro
Filtro de
agua/óleo Flotação
argila cartucho
Rocha Osmose
Microfiltração
Reversa
Porosidade efetiva
A porosidade efetiva é uma das características mais importantes pois definirá a
capacidade de armazenamento da rocha, ou seja, o volume de vazios útil disponível. Segundo
Rosa (2006). É definida como a relação entre o volume poroso interconectado da rocha e o
volume total da mesma, ou seja:
De posse das equações listadas pode-se efetuar o cálculo do volume prévio de rocha
necessário. Admitindo-se um volume diário de 84.000 bbl/dia de água produzida, o equivalente
a aproximadamente 13.354,93 m3/dia, contabilizando quase 4.900.000 m3 de água por ano (365
dias), e que o volume poroso efetivo deve ser maior ou igual a esse volume para armazená-lo,
além de considerar a rocha como sendo um arenito com 30% de porosidade efetiva, temos os
seguintes dados:
∅𝑒 = 0,3
𝑉𝑝𝑖 = 4.900.000
Assim, substituindo os valores citados anteriormente na Equação 2, temos:
𝑉𝑡 = 4.900.000 𝑚3⁄0,3
𝑉𝑡 = 16.333.333,33 𝑚3
Ou seja, o volume total necessário de rocha arenítica, com porosidade de 30%, para
armazenar todo o volume de água produzida tratada por um ano, com folga, seria de
aproximadamente 16,4 MMm3.
Considerando o aquífero como um prisma quadricular com altura de 150 m, que é a
média de altura dos aquíferos naturais. e utilizando a fórmula seguinte para cálculo de volume
de um objeto com esse formato, chegou-se a um dimensionamento de 150 m de altura, 131 m
de comprimento e 131 m de largura. A Figura 13 apresenta uma ilustração do formato do
aquífero a ser criado.
contar que a comercialização, por parte da empresa responsável, dessa água pode representar
uma nova forma de obter lucro.
Além dos benefícios econômicos e sociais, é possível citar os ganhos ambientais com a
diminuição do descarte na natureza que, apesar de ser responsável e fiscalizado, ainda lança no
meio ambiente substâncias razoavelmente nocivas, assim como a redução da captação de água
para abastecimento.
Dessa forma, a aplicação do projeto discutido nesse trabalho abre portas para a
preservação ambiental, reforçando o perfil responsável da empresa, assim como resguarda as
gerações futuras da escassez. Além de representar uma nova fonte de recursos hídricos para a
população, representa uma nova fonte de obtenção de lucros.
6 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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