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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE TECNOLOGIA
CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DE PETRÓLEO
ENGENHARIA DE PETRÓLEO

TRATAMENTO DA ÁGUA PRODUZIDA DO PETRÓLEO PARA


INJEÇÃO EM MANANCIAIS

Beatriz Bruna Gomes Borges

Junho, 2017
NATAL, RN
Trabalho de Conclusão de Curso – Engenharia de Petróleo –CEP/CT/UFRN 2017.1

Beatriz Bruna Gomes Borges

TRATAMENTO DA ÁGUA PRODUZIDA DO PETRÓLEO PARA INJEÇÃO EM


MANANCIAIS

Trabalho apresentado ao Curso de


Engenharia de Petróleo da Universidade
Federal do Rio Grande do Norte como
requisito parcial para a obtenção do título
de Engenheiro de Petróleo.

Orientador (a): Dr. Wilaci Eutrópio Fernandes Júnior

Junho, 2017
NATAL, RN

Beatriz Bruna Gomes Borges ii


Trabalho de Conclusão de Curso – Engenharia de Petróleo –CEP/CT/UFRN 2017.1

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Trabalho de Conclusão de Curso – Engenharia de Petróleo –CEP/CT/UFRN 2017.1

BORGES, Beatriz Bruna Gomes. Tratamento da água produzida do petróleo para injeção em
mananciais. 2017. 78 f. TCC (Graduação) - Curso de Engenharia de Petróleo, Universidade
Federal do Rio Grande do Norte, Natal, Brasil, 2017.

Palavras-Chaves: Água produzida, Tratamento, Reuso, Mananciais

Orientador: Prof. Dr. Wilaci Eutrópio Fernandes Júnior

RESUMO
___________________________________________________________________________
A água associada à produção de petróleo é uma das maiores fontes de efluentes da atividade de
exploração e produção de petróleo, o que a torna uma das grandes preocupações para a indústria
que precisa tratá-la e acondicioná-la da forma correta para que não ocorram impactos ao meio
ambiente, demandando muito tempo e investimento. Esse grande volume de água produzida
pode ser utilizado para reabastecer os mananciais, evitando o desperdício. Nesse contexto, o
trabalho tem como objetivo propor um sistema de tratamento aplicado a água analisada que
permita a posterior injeção em reservatório natural para acumulação de água tratada seguindo
a legislação ambiental vigente para consumo humano. O reservatório proposto para receber e
armazenar a água tratada é fictício, não acumulador de hidrocarbonetos, a fim de criar uma
nova reserva, utilizando a própria rocha como uma etapa de reposição de minerais. O objetivo
é que o sistema virtual proposto seja comercialmente sustentável. Ele receberá a água
produzida contaminada de uma produtora de petróleo, especificando-a e oferecerá solução para
a problemática da empresa, quais sejam o tratamento e o destino do contaminante.

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BORGES, Beatriz Bruna Gomes. Tratamento da água produzida do petróleo para injeção em
mananciais. 2017. 78 f. TCC (Graduação) - Curso de Engenharia de Petróleo, Universidade
Federal do Rio Grande do Norte, Natal, Brasil, 2017.

Keywords: Produced Water, Treatment, Reuse, Springs

Tutor: Profª. Drª. Wilaci Eutrópio Fernandes Júnior

ABSTRACT
__________________________________________________________________________
The water associated with oil production is one of the largest sources of effluent from the oil
exploration and production activity, making it one of the major concerns for the industry that
needs to treat and package it properly so that it does not occur Impacts on the environment,
requiring a lot of time and investment. This large volume of produced water can be used to
replenish the springs, avoiding waste. In this context, the objective of this work is to propose a
treatment system applied to analyzed water that allows the subsequent injection into a natural
reservoir for the accumulation of treated water following the current environmental legislation
for human consumption . The proposed reservoir to receive and store the treated water is a
fictitious, non-hydrocarbon accumulator in order to create a new reserve, using the rock itself
as a step of replenishing minerals. The goal is for the proposed virtual system to be
commercially sustainable. It will receive contaminated water produced from an oil producer,
specifying it and will offer solution to the company's problems, what the treatment and the
destination of the contaminant.

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DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho a Deus, pela força, aos meus pais, ao


meu irmão e ao meu noivo, pelo carinho, e ao meu
orientador pelo incentivo.

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AGRADECIMENTOS

Aos meus pais e irmão, Rejane, Evanaldo e Davi, por todo o amor.
Ao meu noivo, João Bosco, pela paciência, atenção e apoio.
Aos meus amigos, Nayara Nagly, Liélson Andrade e os demais do grupo “Picolé de
cimento”, por terem tornado essa caminhada acadêmica mais suave e agradável.
Ao meu orientador, Wilaci Eutrópio, por todo o tempo que dedicou a me ajudar durante
o processo de realização desse trabalho.
À Universidade Federal do Rio Grande do Norte e todo seu corpo docente, além da
direção e a administração, que realizam seu trabalho com dedicação e me proporcionaram as
condições necessárias para que alcançasse meus objetivos

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO 1

2 OBJETIVOS 3
2.1 Objetivos Gerais 3
2.2 Objetivos Específicos 3

3 ASPECTOS TEÓRICOS 4
3.1 Panorama Sobre a Água no Brasil e no Mundo 4
3.2 Aquíferos 6
3.3 Petróleo: Definição, Origem e Formação 8
3.4 Água Produzida do Petróleo 9
3.4.1 Origem 9
3.4.2 Volumes gerados de água produzida no Brasil 10
3.4.3 Composição química 11
3.4.4 Danos causados pela água produzida 14
3.4.5 Questões ambientais 15
3.5 Tratamento da Água Produzida 18
3.5.1 Tratamento Preliminar 19
3.5.2 Separação trifásica 20
3.5.3 Tratamento primário 21
3.5.3.1 Sedimentação 22
3.5.3.1.1 Separadores gravitacionais 22
3.5.3.2 Coagulação / Floculação 23
3.5.3.3 Flotação 24
3.5.3.3.1 Hidrociclone 25
3.5.3.4 Precipitação química 26
3.5.4 Tratamento secundário 27

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3.5.4.1 Adsorção 27
3.5.4.2 Sistemas de filtração 29
3.5.4.3 Separação por membranas 31
3.5.4.4 Troca iônica 34
3.5.4.5 Oxidação química 35
3.6 Legislação e Qualidade da Água Para Consumo Humano 35
3.7 Destino da Água Após Adequação ao Consumo Humano 37
3.7.1 Consumo imediato 37
3.7.2 Armazenamento em tanques 37
3.7.3 Recarga de mananciais 38
3.7.4 Criação de aquífero 39

4 MATERIAIS E MÉTODOS 41
4.1 Fazenda Pocinhos 41
4.1.1 Caracterização das instalações 41
4.1.2 Volume de Efluentes 42
4.1.3 Sistema atual de tratamento para descarte 42
4.1 Caracterização de Água Produzida: Estudo de Caso 44
4.2 Água Produzida x Água Para Consumo Humano 44

5 RESULTADOS E DISCUSSÕES 46
5.1 Considerações Para a Escolha do Método de Tratamento 46
5.2 Proposta de Tratamento 52
5.3 Cálculo do Dimensionamento do Aquífero a Ser Criado 54
5.4 Função Econômica, Social e Ambiental do Reuso 56

6 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES 58

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 59

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ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 1: Sistemas de gradeamento. 19


Figura 2: Esquema de um separador trifásico vertical. 21
Figura 3: Representativo de um Separador Água-Óleo 22
Figura 4: Esquemático de flotador a ar dissolvido 24
Figura 5: Esquemático de hidrociclone 26
Figura 6: Representativo de reação de precipitação. 27
Figura 7: Equipamento para filtração. 29
Figura 8: Comparativo entre osmose e osmose reversa. 33
Figura 9: Esquemático do processo de criação de aquífero. 40
Figura 10: ETE do Polo Industrial de Guamaré. 43
Figura 11: Fluxograma dos possíveis processos de tratamento. 51
Figura 12: Fluxograma da planta final de tratamento. 54
Figura 13: Ilustração do aquífero a ser criado. 56

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Algumas doenças causadas por compostos orgânicos. 17


Tabela 2:Algumas doenças causadas por compostos inorgânicos 17
Tabela 3: Comparativo entre os principais tipos de filtração por membranas. 34
Tabela 4: Caracterização de água produzida. 44
Tabela 5: Comparativo entre a água produzida e a exigida para o destino. 45

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LISTA DE ABREVIATURAS E/OU SIGLAS

A/O – Água/Óleo
ANA – Agência Nacional de Águas
ANP – Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis;
API – American Petroleum Institute
BRS – Bactérias Redutoras de Sulfato
BTEX – Grupo de compostos formado pelos hidrocarbonetos Benzeno, Tolueno, Etilbenzeno
e Xileno
CNRH – Conselho Nacional de recursos Hídricos
CO – Monóxido de Carbono
CO2 - Dióxido de Carbono
CONAMA – Conselho Nacional do Meio Ambiente
COPASA – Companhia de Saneamento de Minas Gerais
CPI – Corrugated Plate Interceptor
CPRM – Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais
DBO – Demanda Bioquímica de Oxigênio
DQO – demanda Química de Oxigênio
EC-ARG – Estação central de Alto do Rodrigues
EC-CAM – Estação Central de canto do Amaro
EC-ET - Estação Central de Estreito
EC-FP – Estação Central de Fazenda Pocinho
ETE – Estação de Tratamento de Efluentes
ETO – Estação de Tratamento de Óleo
GMR - Guamaré
H2S – Ácido Sulfídrico;
HPA – Compostos Policíclicos Aromáticos;
IDEMA – Instituto de Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente
NFD - Grupo de compostos formado pelos naftalenos, fenantrenos e dibenzotiofenos

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Offshore – Produção de Petróleo no Mar


Onshore – Produção de Petróleo em Terra
OR – Osmose Reversa
pH - potencial Hidrogeniônico
Pp – Potencial poluidor
PPI – Parallel Plate interceptor
RAO – Razão Água-Óleo
RGO – Razão Gás-Óleo
RN – Rio Grande do Norte
SAO- Separador Água-Óleo
SDT – Sólidos Dissolvidos Totais
SST - Sólidos em Suspensão Totais
TDS – Total de Sólidos Dissolvidos (Total Dissolved Solids)
TOC – Carbono Orgânico Total
TOG – Teor de Óleos e Graxas
UFRGS – Universidade Federal do Rio Grande do Sul
UNESCO - Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura
UPGN – Unidade de Processamento de Gás Natural
UTPF – Unidade de Tratamento e Processamento de Fluidos

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LISTA DE UNIDADES E/OU SÍMBOLOS

°C – Graus Celsius;
Km - Quilômetros
mm – Milímetro;
m – Metro;
m² - Metro quadrado;
m³ - Metro cúbico;
mD – Mili-Darcy
mg/L- Miligrama por litro;
nm – Nano metro
ppm – Partes Por Milhão
μm – Micro metro;
unT – Unidade de Turbidez;

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1 INTRODUÇÃO

A problemática ambiental tem ganhado grande destaque em todos os setores da


sociedade, e isso se deve à crescente preocupação como meio ambiente. Por este motivo muitas
pesquisas estão sendo desenvolvidas como objetivo de reduzir ou extinguir os impactos
ambientais causados pelos diversos tipos de resíduos industriais, que, em geral, são descartados
no solo, na água e/ou no ar. A água é uma substancia vital presente na natureza, sendo um
recurso natural renovável de extrema importância para o desenvolvimento dos ecossistemas e
para toda a população terrestre (TELLES & COSTA, 2010).
No contexto ambiental, a indústria de petróleo e gás é tida como grande fonte de
poluição por gerar diversos efluentes desde a etapa de perfuração de um poço até as refinarias.
Muitos desses efluentes podem ser tóxicos e devem passar por tratamento especial para que
sejam descartados.
A indústria petrolífera apresenta diversos segmentos que podem causar impactos ao
meio ambiente através da poluição direta ou indireta. No segmento de explotação de petróleo e
gás (plataformas onshore e offshore), a água produzida é o poluente que mais se sobressai,
devido ao seu grande volume e à sua composição tóxica (CUNHA et al., 2007).
A água associada ao petróleo contém diversos elementos nocivos, entre eles resíduos de
produtos químicos advindos das operações realizadas no poço, óleo disperso e dissolvido,
metais pesados, sólidos e outros. Dado o elevado volume produzido e a complexidade de sua
composição, o direcionamento desse efluente tem se tornado um problema cada vez mais
preocupante para o setor. Principalmente, no Brasil, após o advento da Lei 6938/1998 que
dispõem sobre crimes ambientais e responsabiliza o gerador do resíduo por sua deposição final.
Tal lei ainda caracteriza as atividades de perfuração de poços e produção de petróleo e gás, que
se enquadram na categoria “Extração e Tratamento de Minerais”, como tendo Potencial
poluidor (Pp) alto.
O descarte desse tipo de efluente exige tratamento específico para cumprir as normas
ambientais. Esse tratamento demanda altos custos devido à quantidade de água a ser

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especificada, podendo solicitar ainda mais verbas a depender da substância tóxica a ser
removida.
A crescente preocupação com a quantidade e qualidade dos recursos hídricos, aliada à
perspectiva de crescimento da explotação de petróleo no Brasil e o enorme volume de água
produzida nesse setor, têm sido os principais motivos para a busca de práticas ambientais que
visem a adequação dessa indústria à regulação ambiental vigente.
Nesse cenário, o reuso é uma realidade, pois reduz os custos, o que o torna
economicamente vantajoso, e ainda diminui o volume de efluente descartado. Além do ponto
de vista ambiental e econômico, essa atitude tem reflexo direto e potencial na imagem da
empresa, corroborando o aumento da conscientização do setor com a relação à preservação
ambiental e responsabilidade social, assim como sobre o aumento da competitividade
empresarial.
Diante do exposto, este trabalho se propõe a desenvolver uma nova combinação de
processos para o tratamento de água a fim de proporcionar um efluente apto à injeção em
mananciais para o posterior consumo humano.
A nova combinação proposta se baseia na utilização de separação água-óleo, flotação,
filtração por argila organofílica seguida de filtro cartucho, microfiltração e osmose reversa.
Com a finalidade de avaliar a água de produção após o tratamento proposto, serão
estudados e analisados os limites de contaminantes permitidos pela legislação vigente que
apresenta as instruções ambientais para adequação ao consumo humano.
Para a realização do trabalho foi utilizado como base o Campo de Fazenda Pocinho
localizada na Bacia Potiguar, à cerca de 15Km da cidade de Pendências, no estado do Rio
Grande do Norte.

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2 OBJETIVOS

2.1 Objetivos Gerais

Desenvolver um projeto de tratamento de água produzida para adequação à injeção em


uma formação rochosa acumuladora para o posterior consumo humano.

2.2 Objetivos Específicos

 Definir os critérios para a adequação da água produzida à criação de mananciais;


 Analisar os dados de caracterização da água produzida;
 Definir os processos ideais para a remoção dos contaminantes
 Enquadrar a água produzida na legislação em vigor referente às águas destinadas ao
consumo humano.

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3 ASPECTOS TEÓRICOS

3.1 Panorama Sobre a Água no Brasil e no Mundo

A água, historicamente, adquiriu valores econômicos, sociais e culturais, tornando-se


essencial ao desenvolvimento de diversas atividades humanas. Mas, apesar de ser um recurso
renovável, ela não se mantém inesgotável e de boa qualidade durante todo o tempo. Seu
consumo é significativamente influenciado por alguns fatores como o aumento da população
mundial, a contaminação dos mananciais, as alterações climáticas, a sua crescente demanda e
desperdício. Assim, há um desequilíbrio entre a quantidade de água potável disponível no
planeta e o seu consumo. Por conseguinte, há uma crise dos recursos hídricos, que vem
preocupando autoridades e cientistas no mundo inteiro (UNESCO, 2015).
Há cerca de 1.386 milhões de quilômetros cúbicos de água existentes no planeta, porém
97,5% desse valor é de água salgada (mares e oceanos) e apenas 2,5% é de água doce, dos quais
apenas 0,3% estão disponíveis em rios ou lagos (REBOUÇAS, 1999 apud COSTA, 2010b).
O mundo está para enfrentar uma crise de abastecimento, pois apenas uma pequena
quantidade de água está disponível para o consumo humano. Atualmente, vinte nove países já
sofrem com a falta de água, e esse quadro só tende a piorar. Uma projeção indica que, em 2025,
dois de cada três habitantes serão afetados de alguma forma pela escassez de água (SCARE,
2003).
Segundo a Agência Nacional de Águas – ANA – (2016), o Brasil possui grande oferta
de água, cerca de 12% da água doce disponível no globo. Passam pelo território brasileiro em
média cerca de 260.000 m3/s de água, dos quais 205.000 m3/s estão localizados na bacia do
Amazonas, restando para o restante do território 55.000 m3/s de vazão média.
Apesar da amplitude dessa oferta hídrica, o país possui uma expressiva divergência entre
suas regiões hidrográficas no que diz respeito à demanda e oferta de água. De acordo com a
ANA (2016), há 91.300 m3/s de água superficial disponível no Brasil. Desses recursos, 81%
está disposto na região Norte, onde apenas 5% da população brasileira reside, já nas bacias

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junto ao Oceano Atlântico, onde se encontra 45,5% da população, estão à disposição apenas
2,7%.
Dessa forma, as bacias mais populosas que estão localizadas em área de baixa
disponibilidade de água e que apresentam altos índices de demanda hídrica enfrentam a
escassez e a dificuldade para a obtenção de recursos hídricos. Os fenômenos climáticos e o
regime pluviométrico influenciam fortemente o abastecimento dessas regiões.
De acordo com a ANA (2016), em 2015, 1.192 municípios (21% do total de municípios
do País) publicaram 1.870 decretos devido à ocorrência de estiagem ou seca. A maior
concentração de registros partiu do Rio Grande do Norte, 92%, seguido da Paraíba, 88%, e
Ceará com 83% dos municípios com algum tipo de decreto de seca. Os reduzidos valores de
disponibilidade hídrica na região Nordeste se devem aos baixos índices de precipitação e a
irregularidade de seu regime.
O consumo total de água estimado para o Brasil foi de 2.275,07 m³/s, quando
considerada a vazão retirada dos mananciais. O setor de irrigação foi responsável pela maior
parcela de retirada (55% do total), seguido das vazões de retirada para fins de abastecimento
humano urbano, industrial, animal e abastecimento humano rural. A vazão efetivamente
consumida foi de 1.209,64 m³/s (ANA, 2016).
O esgotamento dos recursos hídricos pode colocar em risco a saúde humana, além de
ameaçar o desenvolvimento socioeconômico e a paz da sociedade. O Relatório da UNESCO
(2015) prevê um aumento de 55% da demanda hídrica mundial, para o ano de 2050. O aumento
da demanda de água segue, certamente, o crescimento populacional que gera uma maior
necessidade de recursos hídricos para expansão da agricultura, da criação de animais, da
indústria, além dos fins sanitários em áreas urbanas. Ainda segundo a UNESCO, até 2050, a
agricultura precisará produzir globalmente 60% a mais de alimentos, e 100% a mais nos países
em desenvolvimento.
A insuficiência e a degradação dos recursos hídricos exigem uma mudança de atitude
das autoridades e da sociedade em relação ao uso da água, principalmente em áreas mais
intensamente ocupadas, nas quais o consumo é exagerado. Hoje, tem-se uma maior
preocupação com o desenvolvimento de tecnologias e processos industriais que utilizem a água
de maneira mais eficiente evitando o desperdício. Uma das formas utilizadas pelas empresas

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para um uso mais consciente dos recursos hídricos tem sido o tratamento de seus efluentes
visando sua reutilização, o que tem se tornado uma importante prática, não só como forma de
viabilizar a solução dos problemas de escassez desse recurso, mas também como uma
ferramenta para o controle da poluição e, consequentemente, preservação do meio ambiente
(COSTA, 2010a).

3.2 Aquíferos

Segundo a Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais (CPRM), vinculada ao


Ministério de Minas e Energia, aquífero é a nomenclatura dada à formação geológica que
contém água e possui permeabilidade suficiente para permitir que volumes consideráveis dessa
água se movam no seu interior sob a ação de um diferencial hidrostático.
Os aquíferos possuem dois tipos de classificação: quanto a formação rochosa
acumuladora, ou em função da pressão das águas nas superfícies limítrofes (superior chamada
topo e inferior chamada base), assim como da capacidade de transmissão de água das
respectivas camadas limítrofes.

Aquífero livre
Segundo a Associação Brasileira de Águas Subterrâneas – ABAS – (2017), também
chamado de aquífero freático, é parcialmente saturado de água. A base é uma camada
semipermeável ou impermeável, e o topo é limitado pela própria superfície da água. Por ser de
fácil acesso, é o tipo de aquífero mais explorado pelo homem, porém é o tipo de aquífero que
apresenta maiores problemas de contaminação.

Aquífero confinado
Também conhecido como aquífero sob pressão, é completamente saturado de água.
Ambos, o teto e a base, são extratos semipermeáveis ou impermeáveis. A água desse tipo de
aquífero está sob pressão superior à atmosférica, por este motivo, a maioria dos poços

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perfurados tende a ser surgente. A fonte natural de recarga é a precipitação através de infiltração
em regiões chamadas de áreas de recarga (CPRM, 2017).

Aquífero poroso
Ocorrem em rochas sedimentares consolidadas, sedimentos inconsolidados e solos
arenosos, onde a circulação da água se faz nos poros formados entre os grãos de areia, silte e
argila de granulação variada. São mais comuns e armazenam grandes quantidades de água
abrangendo grandes áreas. (CPRM, 2017)
Uma de suas peculiaridades é a porosidade quase sempre homogênea, o que permite que
a água escoe para qualquer direção em função dos diferenciais de pressão hidrostática
existentes.

Aquífero fraturado
Ocorrem em rochas ígneas, cristalinas ou metamórficas que tendem a apresentar fraturas
que são ocupadas pela água. De acordo com a CPRM (2017), a capacidade de acumulação desse
tipo de aquífero está relacionada à quantidade de fraturas abertas e em comunicação. Poços
perfurados nessas rochas fornecem baixa vazão de água. A produção dependerá tão somente de
o poço interceptar uma fratura capaz de conduzir água.

Aquífero cárstico
Ocorrem em rochas carbonáticas, como o calcário, que apresentam bastante
sensibilidade ao desgaste por ação da água devido à dissolução do carbonato pela água. Por
esse motivo, as fraturas desse tipo de aquífero se alargam devido ao fluxo de água, criando
aberturas muito grandes. (ABAS, 2017)

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3.3 Petróleo: Definição, Origem e Formação

O petróleo é um líquido oleoso, menos denso que a água e altamente inflamável. Trata-
se de uma mistura de hidrocarbonetos de ocorrência natural. Sua composição e cor variam de
acordo com sua gênese (THOMAS, 2001).
Segundo a teoria orgânica, esse combustível fóssil tem origem a partir da decomposição
de grandes quantidades de matéria orgânica (restos vegetais, algas, alguns tipos de plâncton e
restos de animais marinhos), que depositada, juntamente com sedimentos, em depressões de
lagos e mares antigos, sofre transformações físico-químicas por milhares de anos
(CARVALHO, 2015).
O acúmulo das camadas de sedimentos acarreta o aumento da pressão, da temperatura
e a compactação da matéria orgânica. A união desses fatores aliados à qualidade da matéria
depositada, favorecem o crescimento e desenvolvimento de bactérias que culminam na
formação de hidrocarbonetos e água.
A depender das condições de formação, essa mistura pode ser encontrada nos estados
sólido, liquido e gasoso, assim como podem apresentar uma única fase ou mais de uma. À fase
no estado gasoso, dá-se o nome de gás natural e, em geral, apresenta hidrocarbonetos mais
leves. Já à mistura na fase líquida, dá-se o nome de óleo cru, este apresenta em sua composição,
além de hidrocarbonetos líquidos, gases dissolvidos e impurezas (ROSA, 2006).
Em geral, após formado o petróleo migra da rocha na qual foi gerado (rocha geradora),
sob ação de pressões, até uma rochosa permeável adjacente, que, se cercada por uma rocha
impermeável (rocha capeadora), aprisiona-o em seu interior. É a partir dessa formação que o
óleo é extraído (SILVA, 2003).
É comum que, a depender da pressão e da localização da jazida, as partes mais altas do
interior do reservatório sejam ocupadas pelo gás natural, enquanto a água ocupa a parte mais
inferior, devido à diferença de densidade e à imiscibilidade entre as fases.

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3.4 Água Produzida do Petróleo

3.4.1 Origem

A água produzida de petróleo é o efluente de maior volume e complexidade na indústria


petrolífera. Trata-se da água carreada durante a produção de petróleo e é separada deste nos
processos de separação existentes nas estações coletoras e de tratamento (AMINI, 2012)
Durante o processo de gênese do petróleo quantidade considerável de água é expulsa
dos sedimentos. Devido à diferença de densidade, a água da formação pode ficar abaixo da zona
de óleo e, mesmo depois da segregação e migração do óleo, ainda pode haver contato com
aquíferos (THOMAS, 2001).
Durante a extração de petróleo a água em contato com o óleo pode ser carreada de várias
formas. Quando no estado líquido, pode ser produzida como água livre, dissolvida ou
emulsionada como gotículas dentro do óleo, ou na forma de vapor.
Um comportamento esperado é que essa produção de água ocorra, inicialmente, em
pequenas quantidades. Posteriormente, com o tempo de produção, devido à redução de pressão
nas extremidades do reservatório, essa quantidade aumente (THOMAS, 2001).
Segundo Silva (2000):

“A água produzida pode se aproximar de 100% à medida que o poço chega


ao fim de sua vida produtiva. Quando a produção de petróleo é acompanhada de
elevados teores de água, diz-se que o campo é maduro, sendo este teor avaliado pelo
ensaio de BS&W (Basic Water and Sediment) que determina também o teor de
sedimentos”

O aumento da produção de água com o tempo se deve à alteração no nível do contato


água/óleo por causa do rearranjo dos fluidos dentro do reservatório com a diminuição de
pressão.
Em alguns casos, poços podem ter suas zonas de produção perfuradas próximas ao
contato água/óleo do reservatório, estes produzem quantidades de água superiores aos poços
que têm zona produtora localizada exclusivamente na zona de óleo (BARROS JR, 2001).
Beatriz Bruna Gomes Borges 9
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O mecanismo natural de produção do reservatório também influencia na quantidade de


água que chega à superfície. O mecanismo de Influxo de água tende a fornecer maiores vazões
de água durante a extração de petróleo, principalmente quando o campo se torna maduro ou
quando a região produtora fica muito próxima ao contato óleo/água (FALLER, 2006).
Uma das causas da alta produção de água pode ser uma falha no revestimento do poço
aliada a uma cimentação mal feita em um ponto acima da zona produtora de óleo, permitindo
que a água de uma zona superior entre no poço e contamine a produção (BARROS JR, 2001).
Outra razão que contribui para o aumento de volume desse efluente é o método de
recuperação secundária utilizado, por exemplo a Injeção de água e a Injeção de vapor nos quais
água na forma líquida ou de vapor é injetada no reservatório com o objetivo de manter ou
aumentar a produção de óleo, o que contribui para a quantidade de efluente a ser carreado
(FALLER, 2006)

3.4.2 Volumes gerados de água produzida no Brasil

Conforme Thomas (2001), para cada m3/dia de petróleo produzido, em média, são
gerados três a quatro m3/dia de água. Em alguns casos específicos, esse número pode chegar a
sete ou mais.
De acordo com dados da ANP (2017), em fevereiro de 2017, no Brasil, a produção
onshore de petróleo foi de cerca de 134,5 mil barris por dia, enquanto a produção de água foi
de 1,8 milhões de barris por dia. Já a produção offshore foi de cerca de 2,5 milhões de barris
por dia de petróleo e 2,1 barris por dia de água.
Somando as produções onshore e offshore, para uma produção de aproximadamente
2,67 milhões de barris de petróleo por dia foram registrados cerca de 3,99 milhões de barris de
água. São quase 1,5 barril de água para cada 1 de petróleo. A produção de água representou
praticamente 60% da produção total de líquido nesse período.
Na produção onshore, a Bacia Potiguar lidera o ranking de produção total desse efluente
com mais de 1 milhão de barris por dia, o que se deve ao maior número de poços, 5.037
produtores no Rio Grande do Norte e 806 no Ceará. O segundo maior produtor é o Recôncavo
Baiano que produz 492 mil barris de água por dia em 1.963 poços, dos quais se destacam os

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três poços que mais produzem água, todos os três apresentam tempo de produção superior a
660 anos. O ranking segue com Sergipe (284.000 bbl/dia), Espírito Santo (362.000 bbl/dia),
Amazonas (21.523 bbl/dia) e Alagoas (6.147 bbl/dia)
Já na produção offshore, os maiores volumes são extraídos na bacia de Campos que
produz cerca de 1,98 milhões de barris por dia de 866 poços dos quais se destacam os três poços
que mais produzem água. Seguida pela bacia Potiguar que produz 27.641,5 bbl/dia,
apresentando uma Razão Água-Óleo (RAO) de 4,9. Embora não seja o maior produtor, o
Recôncavo Baiano apresenta RAO de 3,8.

3.4.3 Composição química

Além do volume, a composição química da água produzida pode variar


consideravelmente a depender de alguns fatores como a formação geológica e a localização
geográfica do reservatório, assim como a composição do óleo.
Alguns parâmetros merecem maior atenção, é o caso do Teor de Carbônico Orgânico
Total (TOC), Demanda Química de Oxigênio (DQO), Sólidos em Suspensão Totais (SST) e
Teor de Óleos e Graxas (TOG). Os motivos pelos quais tais parâmetros são importantes serão
mencionados no tópico 3.4.4.
Os principais constituintes envolvem sais da formação, gases dissolvidos, sólidos em
suspensão, compostos orgânicos provenientes do contato com o óleo, compostos químicos
residuais das operações no poço, microrganismos, além da possível presença de metais pesados
e componentes com algum tipo de radiação.
Os principais elementos presentes na água produzida são descritos a seguir.

Óleo
O óleo presente na água produzida é formado por uma mistura de diversos compostos
como benzeno, tolueno, etilbenzeno e xileno (BTEX), naftalenos, fenantrenos e
dibenzotiofenos (NFD), hidrocarbonetos poliaromáticos (HPA) e fenóis.
O óleo pode estar presente na água sob as seguintes formas (BADER, 2007):

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 Óleo livre: óleo disperso sob a forma de gotas de grandes diâmetros, formado
por hidrocarbonetos praticamente insolúveis. Pode ser facilmente removido da
água, através de separadores gravitacionais poiso diâmetro das gotas facilita a
coalescência.
 Óleo emulsionado: óleo disperso presente sob a forma de pequenas gotículas.
Também formada por hidrocarbonetos praticamente insolúveis, essa forma de
óleo é mais difícil de ser separada da água.
 Óleo solúvel: composto por hidrocarbonetos menos insolúveis na água, como
BTEX e fenóis.

Minerais dissolvidos da formação


Abrange os compostos a seguir (STEWART & ARNOLD, 2011):
 Sólidos dissolvidos totais (SDT): trata-se de constituintes inorgânicos
compostos por cátions (Na+, K+, Mg2+, Ba2+, Ca2+, Sr2+, Fe2+) e ânions (Cl-, SO42-
, CO32-, HCO3-).
 Metais pesados: traços de metais como cádmio, cromo, cobre, chumbo,
mercúrio, níquel, prata e zinco.
 Materiais radioativos naturalmente ocorrente: a principal fonte desse tipo de
atividade radioativa nas incrustações são íons rádio.

Compostos químicos residuais de operações


São sobras dos compostos usados para tratar ou para prevenir problemas operacionais
durante a produção de petróleo, como inibidores de incrustação e de corrosão,
desemulsificantes, dispersantes e biocidas (BADER, 2007).

Sólidos da produção
A erosão das rochas e as interações da água com a formação provocam a presença de
sólidos (areia, sílte, argila, carbonatos), produtos de corrosão e incrustação, bactérias, ceras e
asfaltenos.

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Gases dissolvidos
Comumente são encontrados o gás natural (metano, etano, propano e butano), dióxido
de carbono (CO2), Sulfeto de hidrogênio (H2S). O Oxigênio (O2) não é encontrado naturalmente
na AP, mas sim incorporado quando esta é trazida à superfície (STEWART & ARNOLD,
2011).

Microrganismos
Poucos são os microrganismos que sobrevivem à toxicidade do efluente, porém algumas
bactérias anaeróbicas e redutoras de sulfato podem se fazerem presentes (MOTTA et al, 2013).

Compostos Orgânicos Dissolvidos e Dispersos


Os compostos orgânicos presentes na água produzida são divididos em quatro grupos:
alifáticos (incluindo os naftênicos), aromáticos, polares e ácidos graxos. Os compostos
alifáticos (em maior quantidade), juntamente com os aromáticos, constituem os chamados
“hidrocarbonetos da água produzida” (OLIVEIRA & OLIVEIRA, 2000).
Segundo Gabardo (2007), existe uma grande variedade de dados na literatura a respeito
de características físico-químicas de compostos aromáticos, o que traz a necessidade de divisão
em subgrupos.
De acordo com a OGP (2002), os aromáticos são separados em três grupos:
 BTEX – benzeno, tolueno, etilbenzeno e xilenos. Estes são os compostos mais
abundantes na água produzida.
 NFD – naftalenos, fenantrenos e dibenzotiofenos.
 HPA – compostos policíclicos aromáticos representados pelo 16HPA
prioritários (exceto naftalenos, fenantrenos).

As classes BTEX e NFD, por serem mais solúveis em água, apresentam-se em maiores
concentrações na água de produção. Os aromáticos são essencialmente solúveis e não podem
ser removidos por tratamentos convencionais de separação por gravidade (OGP, 2002).

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3.4.4 Danos causados pela água produzida

As emulsões de petróleo do tipo água em óleo (A/O), em que a água é a fase dispersa e
o óleo a fase contínua, são geradas pelo contato da água com o óleo e possuem viscosidade
superior à do petróleo desidratado, o que pode afetar as operações de elevação e escoamento
em função do aumento das perdas de carga, que podem levar à perda de produção e à perda de
eficiência do sistema de bombeio e transferência.

Por outro lado, se essas emulsões forem desestabilizadas durante a elevação,


pode ocorrer um aumento da taxa de corrosão dos dutos e das linhas de produção,
podendo desencadear o aparecimento de depósitos inorgânicos (incrustação),
principalmente no interior da coluna de produção, em função do aparecimento de água
livre que contém sais em sua composição (SILVA et al, p.6, 2007).

Os sais presentes na composição da água produzida, tais como cloretos, sulfatos e


carbonatos de sódio, cálcio, bário e magnésio, dentre outras espécies químicas, podem provocar
a corrosão e a formação de depósitos inorgânicos nas instalações de produção, transporte e
refino.
De acordo com Silva (2000), determinados constituintes podem causar danos às
instalações do poço e prejudicar o processo de produção. A presença exagerada de sólidos em
suspensão, por exemplo, pode causar problemas, tais como depósito de lama, danificar pontos
de pesca e ainda, contaminar mananciais.
Segundo Silva et al (2007), outro problema resultante do surgimento de água livre
durante a elevação é a formação de hidrato, que pode obstruir total ou parcialmente as linhas
de produção e gerar perda de produção. O hidrato é uma estrutura cristalina formada a partir da
água e das frações leves do petróleo (metano, etano e propano), a baixas temperaturas e em
elevadas pressões. A presença de hidrato é crítica durante uma parada de produção, pois a água
livre e o gás, mantidos pressurizados no interior das linhas de produção, serão resfriados pelas
correntes marítimas profundas.
Já o CO2 pode estar presente naturalmente e pode ser corrosivo ou se precipitar como
carbonato de cálcio (CaCO3). Além do que a remoção de CO2 gera um aumento no pH, podendo
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dar origem a precipitados. O H2S, por sua vez, também pode estar presente naturalmente ou ser
produzido por bactérias redutoras de sulfato (BRS). Pode causar incrustação por sulfeto de ferro
e ser tóxico, se inalado. O O2 pode causar problemas como tornar a água corrosiva e produzir
sólidos insolúveis, devido às reações de oxidação (STEWART & ARNOLD, 2011).
Precipitados, em geral, podem gerar incrustações que representam um grande problema
para a produção de petróleo. Esse tipo de formação pode ocasionar redução do fluxo de fluidos
obstruindo os poros ou até mesmo a própria tubulação do poço reduzindo o diâmetro dos dutos,
além de casar danos à formação e às bombas elétricas submersíveis.
Ainda podemos encontrar na água de produção o gás natural que é constituído por
hidrocarbonetos leves como o metano, etano, propano e butano. Quando o efluente é conduzido
à superfície, esses gases podem, além da corrosão, produzir sólidos insolúveis devido às reações
de oxidação (STEWART & ARNOLD, 2011).

3.4.5 Questões ambientais

A Água Produzida é potencialmente nociva para o meio ambiente pois é composta por
diversos elementos tóxicos. A combinação de alguns desses elementos, a quantidade e as
características do local onde o efluente é descartado devem ser levados em conta para avaliar um
possível problema ambiental. O impacto provocado pelo descarte da água produzida é, comumente,
avaliado pela toxicidade de seus constituintes, assim como suas concentrações, quantidade de
compostos orgânicos e inorgânicos e o tipo de comunidade biótica a qual foi exposta. Os
contaminantes podem causar diferentes efeitos ao meio ambiente, por causa da permanência, a
depender da concentração e da toxicidade. Acredita-se que os efeitos mais perigosos para o meio
ambiente sejam aqueles relacionados aos compostos que conservam-se solúveis após o descarte
(OLIVEIRA & OLIVEIRA, 2000).
Segundo Motta et al (2013) as principais causas potenciais de poluição do meio
ambiente atribuídas à água produzida são as seguintes:

Alta Salinidade
A salinidade pode causar impactos negativos aos mananciais de água doce, como
aquíferos, lagos e rios destinados ao consumo humano.

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Em caso de uso na agricultura para irrigação, o sódio torna-se potencialmente nocivo


uma vez que torna o solo improdutivo, já que, em altas concentrações, pode ser prejudicial aos
sistemas vegetais, pois podem acumular-se no solo, inibindo a germinação e o crescimento das
plantas (MANCUSO & SANTOS, 2003).

Sólidos Suspensos
A presença de grandes quantidades de sólidos pode intervir na autopurificação de rios,
gerando depósitos de lama, danificando pontos de pesca e alterando o visual de mananciais
adicionando coloração à água, além de estar intrinsecamente ligado à toxicidade desse efluente
em função das concentrações de elementos nocivos (SOARES, 2013).

Radioatividade
Elementos radioativos tendem a bioacumular, como isótopos do elemento químico
Rádio (RA-226 e RA-228) e isótipo de Einstenio (Es-90) (SOARES, 2013).

Metais Pesados
Esse tipo de elemento pode ser tóxico aos seres humanos. Dentre os problemas
ocasionados, o principal é a capacidade de bioacumulação na cadeia alimentar (BARROS JR,
2001).

Orgânicos Dissolvidos e dispersos


Responsáveis por efeitos tóxicos agudos, tornam-se um problema para o tratamento e
disposição de efluentes por ser de difícil remoção.
Segundo Mariano (2005), alguns desses compostos podem promover intoxicações
agudas em organismos aquáticos, como a narcose – uma intoxicação causada pelo acúmulo de
substâncias químicas, o benzeno por exemplo, nas membranas celulares interferindo em seu
funcionamento. Os efeitos são reversíveis, entretanto a narcose prolongada pode levar esse tipo
de organismo à morte. Além disso, pesquisas demonstraram que, para os humanos, “comer
alimentos ou beber líquidos que contenham altos níveis de benzeno pode causar vômitos,
irritação do estômago, tonturas, sonolência, convulsões, ritmo cardíaco rápido, coma e morte”

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(GUIMARÃES et al, 2011). A exposição ao benzeno ainda pode prejudicar a formação e de


fetos, além de ser associada ao desenvolvimento de leucemia aguda por causar danos às células
sanguíneas, especialmente à medula óssea afetando a produção normal do sangue.
A Tabela 1 a seguir apresenta algumas doenças causadas por compostos orgânicos.

Tabela 1: Algumas doenças causadas por compostos orgânicos.

Composto Químico Órgão Afetado/Doença Causada


Benzeno Risco de câncer
Etilbenzeno Fígado, rins, sistema nervoso, risco de câncer
Estireno Fígado, sistema nervoso
Tolueno Fígado, rins, sistema nervoso
Xileno Fígado, rins, sistema nervoso
Diclorometano Risco de câncer
Vinil cloretos Risco de câncer
Fonte: Adaptado de MANCUSO & SANTOS (2003).

Compostos químicos residuais de operações


Além de poder ser tóxico a muitos organismos, produtos biodegradáveis também podem
ser altamente perigosos em concentrações elevadas (SOARES, 2013).

Compostos inorgânicos
Elementos como chumbo, bário, mercúrio, manganês, cobre, zinco e cádmio podem ser
tóxicos aos seres humanos.
A Tabela 2 a seguir apresenta algumas doenças causadas por elementos inorgânicos.

Tabela 2:Algumas doenças causadas por compostos inorgânicos

Composto Químico Órgão Afetado/Doença Causada


Cádmio Fígado, Rins, Ossos, Circulação
Chumbo Rins, Sistema nervoso (risco de câncer)
Cobre Distúrbios gastrointestinais

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Cromo total Fígado, Rins, Circulação


Mercúrio Rins, Sistema nervoso central
Nitrato Metalglobinemia
Fonte: Adaptado de MANCUSO & SANTOS (2003).

3.5 Tratamento da Água Produzida

Os tratamentos aplicados à água produzida são de extrema importância para a redução


das concentrações de diversos compostos químicos tóxicos e nocivos ao meio ambiente.
Atualmente, as tecnologias de tratamento disponíveis melhoraram significativamente. Parte
dessa melhora se deve às regulamentações ambientais, assim como a iniciativa da própria
indústria (GABARDO, 2007).
Em condições normais, óleo e água são praticamente imiscíveis o que torna mais fácil
o processo de separação. Entretanto, devido às condições de formação e migração do petróleo
e do longo tempo de confinamento, parcelas de hidrocarbonetos podem se solubilizar na água.
Por causa da agitação causada nas operações de produção, formam-se emulsões (gotículas
dispersas de um líquido dentro de outro), um sistema estável e com propriedades físico-
químicas distintas das duas fases originais (FRANCO et al,1988, apud BARROS JR, 2001).
O objetivo de tratar esse efluente é atingir os parâmetros necessários para descarte,
reinjeção para recuperação secundária ou em alguma outra estrutura geológica para disposição
(OGP, 2012b).
Apesar dos diversos métodos empregados para remoção do óleo, ainda permanecem
micro gotas finamente dispersas.
Após a separação das fases óleo/ água, o óleo é encaminhado às refinarias enquanto a
água contendo óleo emulsionado, óleo suspenso, óleo solúvel e sólidos em suspensão é tratada
e descartada.

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3.5.1 Tratamento Preliminar

O tratamento preliminar objetiva a remoção de sólidos grosseiros em suspensão e o


acondicionamento da água produzida para os processos seguintes. Essa etapa evita problemas
futuros com a planta de tratamento.
Segundo Carvalho (2015), os mecanismos mais utilizados são os seguintes:
 Gradeamento
 Peneiras
 Desarenadores
 Equalização

Gradeamento
Remove sólidos suspensos e corpos flutuantes com diâmetro superior a 10 mm. Os
dispositivos de remoção são constituídos de barras paralelas de ferro ou aço posicionadas
transversalmente no canal de chegada do efluente. Nas estações de grande porte, as barras
necessitam de um dispositivo mecanizado de remoção do material retido (CARVALHO, 2015).
A Figura 1 a seguir apresenta alguns esquemático dos sistemas de gradeamento.

Figura 1: Sistemas de gradeamento.


Fonte: CARVALHO (2015)

Peneiras
Trata-se de um processo mecânico que separa as partículas por tamanho. Peneiras
revestidas com uma tela fina retém sólidos grosseiros e suspensos mais finos, com diâmetros
superiores a 1 mm. Dois dos inconvenientes desse sistema são o entupimento e a necessidade
de limpeza frequente (MARTINS, 2015).

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Desarenadores
Remove areia e materiais abrasivos. Seu princípio de funcionamento consiste na ação
da força da gravidade sobre as partículas.

Equalização
Consiste em tanque de aeração e agitação que evita odores e depósitos de sólidos.
Melhora a performance de uma planta e aumenta a sua capacidade útil. Homogeneíza o efluente
com características físico-químicas (CARVALHO, 2015).

3.5.2 Separação trifásica

Após a produção, os fluidos são encaminhados para separadores que podem ser bifásicos
ou trifásicos. O separador bifásico faz a separação gás/líquido, enquanto que o trifásico, faz,
também, a separação óleo/água. Além da função, os separadores são distinguidos entre
horizontais e verticais, sendo o último mais eficiente, mas, por outro lado, a geometria dificulta
a remoção de sólidos.
Um separador típico possui diversos dispositivos em seu interior a fim de aumentar a
eficiência de separação, como, por exemplo, defletores de entrada, válvulas de segurança,
extrator de névoa. De acordo com Silva et al (2007), comumente esse tipo de equipamento
possui quatro seções:
 Seção de separação primária: separa a maior parte do líquido através da mudança
de velocidade e direção do fluxo;
 Seção de acúmulo de líquido: retém o líquido no fundo do vaso permitindo a
separação do gás remanescente;
 Seção secundária: as gotículas maiores de líquido são separadas por decantação;
 Seção de aglutinação: as gotículas arrastadas pelo fluxo são removidas através
de meios porosos que facilitam a coalescência e decantação.

A Figura 2 a seguir apresenta o esquemático de um separador trifásico vertical.

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Figura 2: Esquema de um separador trifásico vertical.


Fonte: THOMAS (2001)

3.5.3 Tratamento primário

O óleo livre presente na água produzida, por apresentar gotas de diâmetros maiores, é
facilmente removido através da separação gravitacional convencional. Pode se tratar de uma
etapa lenta por basear-se na atuação da gravidade através da diferença de densidade entre os
fluidos.
Em geral, é o primeiro estágio do tratamento em campos terrestres. As seguintes técnicas
são empregadas nesta fase:
 Sedimentação
 Coagulação / floculação
 Flotação
 Precipitação química
Ao final da aplicação de uma combinação dos processos citados, a água ainda possui
elevada concentração de elementos que precisam ser removidos por tratamentos avançados.

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3.5.3.1 Sedimentação

A sedimentação permite remover o material particulado que se contra sedimentado com


eficiência entre 70 e 80%. A remoção da Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO) fica na
faixa de 30 a 40% (SILVA et al, 2007)
O processo é governado pela concentração de partículas e ação da gravidade. O principal
tipo de equipamento utilizado são os Separadores gravitacionais.

3.5.3.1.1 Separadores gravitacionais

Esse tipo de equipamentos são tanques de decantação com tamanhos maiores que
utilizam a gravidade como forma de separação, através da diferença de densidades entre os
líquidos. Parte do óleo se acumula na superfície da lâmina líquida por possuir densidade
específica menor do que a da água. Os sólidos, mais pesados, sedimentam no fundo do
separador. O uso de tensoativos desemulsificantes auxiliam na quebra de emulsões e promovem
uma maior redução do teor de óleos e graxas (TOG)
De acordo com Silva et.al (2007), as instalações são subdivididas em separadores API
(American Petroleum Institute), PPI (Parallel Plate Interceptor) e CPI (Corrugated Plate
Interceptor).
A Figura 3 mostra um representativo de um Separador Água-Óleo.

Figura 3: Representativo de um Separador Água-Óleo


Fonte: Naturaltec

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Separadores API
Trata-se de grandes tanques de decantação pelo qual o efluente escoa. O óleo livre e os
sólidos decantáveis separam-se e são removidos da fase aquosa. Para ascenderem e serem
coletadas, as gotículas de óleo devem percorrer grandes distancias o que requer grandes áreas
de instalação.

Separadores PPI e CPI


Baseiam-se nos mesmos princípios dos separadores API, exceto que utilizam placas
paralelas para facilitar a coalescência das gotículas, minimizando a distância de ascensão entre
elas. Nos separadores CPI faz-se uso de placas corrugadas, e no PPI, placas lisas.

3.5.3.2 Coagulação / Floculação

O processo de coagulação / floculação visa remover o material coloidal e partículas finas


que sedimentam lentamente.
Os coloides são materiais com propriedades elétricas que geram uma força de repulsão
impedindo a aglomeração e sedimentação, o que dificulta a remoção por processos físicos
tradicionais.
A coagulação desestabiliza os coloides por meio de calor, agitação, adição de agentes
coagulantes químicos, processos de passagem de corrente elétrica, entre outros. A adição de
coagulantes é muito utilizada por ser prática e fornecer um efluente com boa qualidade, porém
os produtos utilizados são caros e geram um maior volume de lodo (CACHEIRA, 2012).
A floculação atua na agregação das partículas neutralizadas na coagulação, formando
flocos com a ajuda de um floculante, em geral um polímero, que se liga às partículas. Os flocos
aumentam de peso e tamanho viabilizando a decantação por ação da gravidade e a remoção por
decantação ou filtração.

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3.5.3.3 Flotação

A flotação visa a remoção de partículas em suspensão ou flutuantes nos casos em que a


densidade da fase dispersa é menor do que a da fase contínua. Esse tipo de sistema recupera o
resíduo de óleo através de separação gravitacional. Por esse motivo, é pouco eficiente na
remoção de sais e metais. Seu princípio de funcionamento consiste na formação de bolhas de
ar em torno das partículas de óleo tornando-as mais leves e viabilizando a flutuação. Segundo
Cammarota (2011), esse processo pode ser classificado em:
 Flotação por ar induzido: opera a partir da formação de um sistema partícula-
bolha através da injeção de ar através de injetores ou difusores. As bolhas de
pequeno diâmetro fixam-se às partículas carreando-as para o topo do
equipamento devido ao aumento das forças de empuxo.
 Flotação por ar dissolvido – consiste na saturação de ar solúvel no líquido
pressurizado, através do aumento de pressão. O ar previamente dissolvido no
efluente sob pressão. No flotador, sujeito à uma pressão mais baixa, o ar tende a
se desprender do líquido. O excesso de ar é liberado em microbolhas que
envolvem as gotículas de óleo favorecendo a ascensão.

O processo de flotação geralmente é precedido de uma etapa de coagulação/floculação


para melhoria da eficiência.
A Figura 4 apresenta o esquemático de um equipamento de flotação por ar dissolvido.

Figura 4: Esquemático de flotador a ar dissolvido


Fonte: Naturaltec (http://www.naturaltec.com.br/)

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3.5.3.3.1 Hidrociclone

Também conhecido como flotador centrífugo, os hidrociclones geram acelerações


centenas de vezes maiores do que a da gravidade. Esse tipo de equipamento é utilizado para
acelerar o processo de separação gravitacional. Segundo Thomas (p.264, 2001):

“A água oleosa é introduzida sob pressão tangencialmente no trecho de maior


diâmetro do hidrociclone, sendo direcionada internamente em fluxo espiral em
direção ao trecho de menor diâmetro. Este fluxo é acelerado pelo contínuo decréscimo
de diâmetro, criando uma força centrífuga que força os componentes mais pesados
(água e sólidos) contra as paredes. Devido ao formato cônico do hidrociclone e ao
diferencial de pressão existente entre as paredes e o centro, ocorre na parte central do
equipamento, um fluxo axial reverso. Esta fase líquida central contendo óleo em maior
proporção é denominada rejeito.”

Os hidrociclones possuem grande capacidade de tratamento por área instalada, não


requerem o uso de polieletrólitos e requerem baixa manutenção mecânica além de baixo
consumo de energia. Em compensação, em uma passagem, dificilmente esse equipamento
consegue reduzir o TOG a menos de 20mg/L, podem sofrer abrasão comprometendo a estrutura
interna dos liners, que possuem pequeno diâmetro e, por isso, são susceptíveis à incrustação
(SILVA et al., 2007).
A Figura 5 abaixo apresenta um esquemático de um hidrociclone.

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Figura 5: Esquemático de hidrociclone


Fonte: CAMMAROTA (2011)

3.5.3.4 Precipitação química

A precipitação química se aplica à remoção de material inorgânico dissolvido, em


particular os metais pesados. Em geral, metais são solubilizados em condições ácidas e
precipitam em condições alcalinas. A precipitação ocorre com a formação de hidróxidos
metálicos. Após o ajuste de pH, os íons metálicos dissolvidos são convertidos a um sólido
insolúvel através de uma reação química (CAMMAROTA, 2011).
Para converter os metais dissolvidos na forma de partículas sólidas, um reagente de
precipitação é adicionado à mistura. Para remover as partículas sólidas criadas quimicamente
na mistura pode ser usado um dos tipos de processos de filtração.
A precipitação química tem limitações, principalmente pelo fato dos efluentes tratados
por este método não poderem ser recirculados devido ao teor de sais dissolvidos. A geração de
grandes volumes de lodo e a demanda de produtos químicos são as principais preocupações
ambientais.
A Figura 6 mostra um representativo do que ocorre em uma reação química de
precipitação.

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Figura 6: Representativo de reação de precipitação.


Fonte: Wikiwand

3.5.4 Tratamento secundário

Essa fase do tratamento consiste em uma série de processos que objetivam melhorar a
qualidade do efluente proveniente dos tratamentos primários.
Para isso, a redução da estabilidade das emulsões é fundamental de forma a separar as
duas fases líquidas (óleo e água). O óleo emulsionado dificilmente é separado através da força
gravitacional por isso exige a utilização de mecanismos mais sofisticados tais como:
 Adsorção
 Filtração
 Separação por membranas
 Troca iônica
 Oxidação química

3.5.4.1 Adsorção

O processo de adsorção consiste na transferência de massa de um ou mais constituintes


(adsorbatos) de uma fase fluida (adsortivo) para uma superfície de uma fase sólida (adsorvente)
(SANTIAGO, 2009).

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O fenômeno da adsorção acontece porque os átomos superficiais têm uma posição


incomum em relação aos átomos do interior do sólido. Dentre esse fenômeno pode-se distinguir
duas classes de interações entre as moléculas envolvidas no processo, entre o material adsorvido
e a superfície adsorvente, em química (quimiossorção) ou física (fisiossorção).
A adsorção física ocorre devido a uma diferença de energia e/ou forças de atração, de
forma que a natureza química do adsorbato é inalterada. Trata-se de um tipo de adsorção
reversível, pouco específica e geralmente é um processo rápido.
A adsorção química abrange interações químicas entre o fluido adsorvido e o sólido
adsorvente. Durante o processo há o compartilhamento de elétrons entre os compostos
adsorvidos e a superfície adsorvente, alterando a distribuição das cargas eletrônicas da molécula
adsorvida. Tal fenômeno ocorre lentamente e é irreversível. Trata-se de um tipo de adsorção
muito específica, pois ocorre apenas entre determinados adsorventes e compostos a serem
adsorvidos, além de ser acompanhada de uma forte variação da energia de ativação
(CARVALHO, 2015).
Adsorventes de baixo custo têm sido desenvolvidos. A busca pela produção de
adsorventes alternativos ao carvão ativado tem se intensificado. Particularmente, as argilas têm
chamado a atenção como materiais para remoção de óleos emulsificados em água.

Filtro de argila organofílica


A argila organofílica recebe um tratamento especial pois sua superfície original é
hidrofílica o que a torna ineficaz de remoção de compostos orgânicos. A introdução de
surfactante catiônico na estrutura argilosa a torna organofílica com capacidade surpreendente
de adsorção (PARK et al, 2011).
As argilas organofílicas possuem propriedades como elevada capacidade de troca de
cátions resultantes de substituições isomórficas, características estruturais de facilidade de
intercalação de compostos orgânicos e inorgânicos.
Oliveira (2012) caracterizou e comparou o uso de carvão ativado e argilas organofílicas
como adsorventes no processo de separação água/óleo. Os testes de capacidade de adsorção
comprovaram as melhores eficiências das argilas em relação ao carvão ativado, independente
do solvente utilizado.

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Além das características já citadas os filtros de argila organofílica podem retirar a


amônia, metais pesados como cobre e mercúrio, odores, cloro, gostos desagradáveis, carga
orgânica como DBO e DQO, dureza entre outros compostos.
A Figura 7 mostra um representativo de um equipamento utilizado para filtração.

Figura 7: Equipamento para filtração.


Fonte: STF Filter

3.5.4.2 Sistemas de filtração

O processo de filtração consiste na passagem da água por um meio poroso com o


objetivo de remover as partículas suspensas. Durante a infiltração da água, ocorre a purificação
por mecanismos físicos, resultante do peneiramento, e químicos, que se processam pela
adsorção de determinados compostos. Diversos materiais granulosos podem ser utilizados
como meio poroso, embora os mais comuns sejam a areia e o carvão ativado (TONETTI et al,
2004).

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Carvão ativado
Muitas vezes, após o tratamento com coagulação, sedimentação e filtração, ainda há
compostos orgânicos não-biodegradáveis. Esse tipo de composto é detectado pelo teste de
Demanda Química de Oxigênio (DQO) e pode ser removido por adsorção em carvão ativado.
Esse tipo de tecnologia também permite a remoção de cor, óleos e odor além de substâncias
orgânicas dissolvidas (CAMMAROTA, 2011).
O carvão ativado é um tipo de carbono que recebe tratamento específico para aumentar
suas propriedades de adsorção. Trata-se de um material poroso natural com grande área
superficial interna. Devido a essa configuração, o carvão ativado é capaz de adsorver grandes
quantidades de gases e solutos.
Características da fase líquida, como pH, viscosidade, temperatura e tempo de contato,
além de características do adsorvente e adsorbato, podem afetar a capacidade de adsorção do
carvão. Além do que, os tipos de interações com os adsorbatos são determinados pela presença
de grupos químicos que influenciam fortemente a capacidade de adsorção.
Além do reduzido custo com energia e a alta eficiência de remoção em baixa
concentração inicial, o carvão ativado apresenta a possibilidade de ser recuperado puro e
reutilizado. Segundo Cammarota (2011), depois de saturado, o carvão pode ser reativado por
meio de aquecimento desentupindo os poros. O material adsorvido é queimado e o carvão
recupera a sua eficiência.
Em geral, em 10 a 14 regenerações há uma perda de 7 a 10% em volume e uma perda
da capacidade de adsorção, a isso acrescenta-se o problema relacionado à disposição final do
carvão exaurido e não reciclável (CAMMAROTA, 2011).

Filtro de areia
Trata-se de tanques ou equipamentos que contém uma camada de material granuloso
(areia) com o objetivo de reter partículas orgânicas e inorgânicas (CARVALHO, 2016).
Os filtros podem ser constituídos de um ou mais materiais com granulometrias
diferentes. Uma das classificações possíveis leva em conta a taxa ou velocidade de filtração. Os
filtros lentos removem as impurezas que se acumulam na camada superior do leito através de
limpeza manual. Já os filtros rápidos são limpos em operações de contracorrente, além de

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exigirem pré-tratamento (coagulação, floculação e /ou decantação) como garantia de eficácia


do método (VENANCIO, 2013).
De acordo com Machado et al. (2004), os filtros de areia possuem vantagens como:
operam em maiores taxas, reduzem consideravelmente a quantidade de sólidos (1 a 10mg/L-1),
operam à pressão atmosférica, suportam alta concentração de sólidos (20 a 150 mg/L-1).

3.5.4.3 Separação por membranas

As membranas atuam como barreiras físicas separando as substâncias a partir de forças


motrizes como gradiente químico, diferencial de concentração ou pressão. A parcela de
substância que atravessa a membrana recebe o nome de permeado e o material retido, de
concentrado.
Em geral, os processos de separação por membranas são classificados em termos do
tamanho dos poros ou do peso molecular de corte, podendo ser divididos em quatro classes
principais: microfiltração, ultrafiltração, nanofiltração e osmose reversa (NÓBREGA, 2016).

Microfiltração
É indicado para retenção de bactérias, protozoários, alguns vírus, materiais em
suspensão e emulsão. Essa tecnologia apode ser utilizada em conjunto com outras, como, por
exemplo, a nanofiltração e a osmose reversa, nesse caso ela funciona como proteção para o
processo, já que remove as partículas maiores e, principalmente, os sólidos em suspensão que
danificam alguns equipamentos (TARGUETA; SANTANA, 2016).
Os processos de separação por membranas apresentam vantagens por proporcionar
plantas compactas e de simples implantação e operação, demandam um baixo consumo de
energia, são facilmente integrados a outros processos de tratamento além de fornecerem um
efluente de ótima qualidade. Porém, existem alguns fatores que limitam esses processos, pois,
por exemplo, exige que os fluidos apresentem baixo percentual de sólidos. Além do que,
algumas membranas estão sujeitas ao ataque químico e pode ocorrer a formação de uma camada
de soluto que pode oferecer resistência ao fluxo permeado (NUVOLARI; COSTA, 2010).

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Ultrafiltração
Também conhecida como filtração molecular, e utilizada para separar substâncias de
acordo com peso e tamanho molecular (NÓBREGA, 2016). As membranas da ultrafiltração
apresentam poros menores se comparadas com as da microfiltração. Em parte, por esse motivo
faz-se necessário a utilização de pressões de operações maiores.

Nanofiltração
É capaz de separar soluções heterogêneas e solutos que se encontram dissolvidos. A
membrana atua como barreira seletiva permitindo a passagem apenas de determinado
componente, consequentemente, impedindo a passagem de outros. Esse processo retém sais
bivalentes com 0,001µm. Essa tecnologia é capaz de remover íons monovalentes e compostos
orgânicos de baixo peso molecular, podendo ser utilizada em processos de remoção de cor da
água ou desmineralização, sendo sua principal aplicação na dessulfatação da água do mar para
reinjeção (NUVOLARI, COSTA, 2010).

Osmose reversa (OR)


Através da passagem do fluido pela membrana, sob alta pressão, podem ser retidos sais
dissolvidos (cálcio, magnésio, cloretos, fluoretos, sulfatos, entre outros), dureza, bactérias,
protozoários, vírus, coloides, sílica, contaminantes orgânicos e outros componentes
indesejáveis. Por possuir poros muito pequenos, a pressão aplicada, necessária para a
movimentação do fluido, é maior do que nos demais tipos de membranas.
Nesse tipo de método o fluxo permeado é no sentido inverso ao do fluxo osmótico
normal. Consiste na movimentação do solvente do lado mais concentrado para o de menor
concentração, através de uma membrana semipermeável que permite a passagem do solvente
retendo o soluto (TARGUETA; SANTANA, 2016).
A Figura 8 a seguir apresenta um comparativo entre a osmose e a osmose reversa.

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Figura 8: Comparativo entre osmose e osmose reversa.

As membranas de OR possuem alta capacidade de remoção de sílica e material coloidal


de alto e baixo peso molecular, o que possibilita a sua utilização nos tratamentos de
dessalinização.
De acordo com Nuvolari & Costa (2010), é importante que o efluente passe por um pré-
tratamento (filtração, carvão-ativado e reação com agentes químicos redutores), para evitar
problemas com incrustações e degradação da membrana, que são materiais muito sensíveis.
O processo de OR apresenta diversas vantagens, entre elas as que mais se destacam são
o baixo consumo de produtos químicos, menor área de implantação, possui sistema
automatizado e operação contínua. Desvantagens como o elevado consumo de energia elétrica
e a necessidade de pré-tratamento de efluentes, além de limitações de projeto relacionadas à
temperatura, turbidez, pH e cloro livre representam os principais problemas com o método.
Na Tabela 3, pode-se observar um comparativo entre as principais técnicas de filtração
por membranas.

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Tabela 3: Comparativo entre os principais tipos de filtração por membranas.

Tipo de processo Característica do Tipos de elementos Dimensões dos


permeado removidos poros
Microfiltração Água + sólidos SST, turbidez, 0,1 a 1,0 µm
dissolvidos protozoários e
algumas bactérias
Ultrafiltração Água + moléculas Macromoléculas, 0,001 a 0,1 µm
pequenas coloides e algumas
bactérias
Nanofiltração Água + moléculas Muitas moléculas 5 a 10 Å
pequenas, íons pequenas, cor,
dureza, sulfatos,
nitrato, sódio e
outros íons
Osmose reversa Água + moléculas Macromoléculas, Membrana densa
pequenas, íons coloides e bactérias

Fonte: Adaptado de NUVOLARI & COSTA (2010).

3.5.4.4 Troca iônica

Segundo Nuvolari & Costa (2010), a troca iônica é uma tecnologia baseada na troca de
íons contaminantes do líquido a ser tradado por íons presente sem uma resina. Esse método
pode remover compostos fenólicos, ácidos orgânicos, sílica e carbono.
A escolha da resina deve ser feita de acordo com sua seletividade, afinidade pela troca
de íons, número máximo de sítios ativos por grama e o sistema no qual será em pregada.
As vantagens desse tipo de processo estão relacionadas à qualidade do efluente
fornecido remoção seletiva de espécies indesejáveis, aplicação para volumes de grandes e
pequenos volumes de efluentes, além de o sistema pode ser automático ou manual. Já as
desvantagens se referem à periculosidade de alguns produtos químicos envolvidos no processo
de regeneração, são necessárias paradas para regeneração, há a possibilidade de degradação das
resinas além da geração de efluentes com alta concentração de contaminantes (NUVOLARI,
COSTA, 2010).

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3.5.4.5 Oxidação química

Nos processos de oxidação química, as reações alteram a estrutura e as propriedades


químicas das substâncias orgânicas. As partículas são quebradas em fragmentos menores.
A vantagem dessa tecnologia está no fato de se tratar de processos destrutivos, quando
comparados aos processos físicos. Porém, em alguns casos, o processo pode ser lento e possuir
baixa seletividade.

3.6 Legislação e Qualidade da Água Para Consumo Humano

No Brasil, o uso da água para consumo humano é regulamentado por normas específicas
que determinam a quantidade aceitável de determinados contaminantes.
O Ministério da Saúde publicou a Portaria Nº2.914, em 12 de dezembro de 2011, que
dispõe sobre os procedimentos de controle e de vigilância da qualidade da água para consumo
humano e seu padrão de potabilidade. São definidas as competências e responsabilidades da
União, do Estado, dos Municípios, do responsável pelo sistema de abastecimento de água para
consumo humano e dos laboratórios de controle e vigilância.
Ainda de acordo com essa portaria, toda agua para consumo humano, fornecida
coletivamente, deverá passar por processo de desinfecção ou cloração. Alguns dos níveis de
substâncias permitidos citados na Portaria:
 Dureza: 500 mg/L
 Sódio: 200 mg/L
 Cloro residual livre: 5 mg/L
A Portaria nº 635, de 30 de janeiro de 1976, também do Ministério da Saúde, aprova as
normas e padrões sobre a fluoretação da água, obedecendo a imposição da Lei 6050/74 que
dispõe sobre a fluoretação da água em sistemas de abastecimento quando existir estação de
tratamento.
O Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) através da resolução Nº 357, de
17 de março de 2005, estabelece a classificação dos corpos de água e as diretrizes ambientais

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para seu enquadramento e institui as condições e padrões de lançamento de efluentes. A norma


visa controlar o lançamento no meio ambiente de poluentes, proibindo o descarte em níveis
nocivos ou perigosos para os seres humanos e outras formas de vida. Além de criar instrumentos
para avaliar a evolução da qualidade das águas, em relação às classes estabelecidas no
enquadramento.
As águas doces, salobras ou salinas podem ser classificadas em treze classes, de acordo
com seu nível de qualidade, avaliado por condições e padrões específicos. Neste trabalho a
classe de águas que receberá atenção é a Classe 1 das águas doces, descritas na Seção I da
norma supracitada. Segundo a própria norma esse tipo de água poderá ser destinado para:
a) O abastecimento para consumo humano, após tratamento simplificado;
b) A proteção das comunidades aquáticas;
c) A recreação de contato primário, tais como natação, esqui aquático e mergulho,
conforme Resolução CONAMA nº 274, de 2000;
d) A irrigação de hortaliças que são consumidas cruas e de frutas que se desenvolvam
rentes ao solo e que sejam ingeridas cruas sem remoção de película; e
e) A proteção das comunidades aquáticas em terras Indígenas.
Ainda segundo a legislação, as águas doces de classe 1 deverão apresentar as seguintes
características e padrões:
 Não verificação de efeito tóxico crônico a organismos, de acordo com os
critérios estabelecidos pelo órgão ambiental competente, ou, na sua ausência,
por instituições nacionais ou internacionais renomadas, comprovado pela
realização de ensaio eco toxicológico padronizado ou outro método
cientificamente reconhecido;
 Materiais flutuantes, inclusive espumas não naturais: virtualmente ausentes;
 Óleo e graxas: virtualmente ausentes;
 Substâncias que comuniquem gosto ou odor: virtualmente ausentes;
 Corantes provenientes de fontes antrópicas: virtualmente ausentes;
 Resíduos sólidos objetáveis: virtualmente ausentes;
 DBO 5 dias a 20ºC até mg/L O2;
 Turbidez até 40 unidades nefelométrica de turbidez

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3.7 Destino da Água Após Adequação ao Consumo Humano

Tendo em vista os volumes diários, após tratada, a água pode ser encaminhada para
consumo imediato, ser armazenada para consumo posterior ou injetada em um manancial pré-
existente.
A ideia principal deste projeto é que a água seja inserida em uma rocha porosa e
permeável de maneira a criar uma nova fonte de água para ser utilizada posteriormente a longo
ou curto prazo.

3.7.1 Consumo imediato

Após o tratamento que será proposto, a água produzida estará especificada para
consumo humano de acordo com as imposições da Resolução 357 do CONAMA, enquadrada
na Classe 1 das Águas Doces.
Sendo assim, estará apta para consumo imediato. A água poderá ser encaminhada para
o sistema de abastecimento da população através de tubulações. Para isso, será necessário o uso
de bombas e a inclusão de uma etapa de tratamento simplificado que inclua a clarificação por
meio de filtração e desinfecção e correção de pH quando necessário.
Faz-se necessário a adição de cloro, que elimina germes nocivos à saúde, e garante a
qualidade da água nas redes de distribuição e nos reservatórios.
Segundo a Companhia de Saneamento de Minas Gerais (COPASA MG), para proteger
as canalizações das redes e das casas contra corrosão ou incrustação, a água precisa receber
uma dosagem de cal, que corrige o pH, e ser fluoretada, em atendimento à Portaria nº 635 do
Ministério da Saúde. Além de uma dosagem de composto de flúor (ácido fluossilícico, fluoreto
de cálcio, fluossilicato de sódio ou fluoreto de sódio) conforme descrito em lei.

3.7.2 Armazenamento em tanques

Para que seja armazenada em tanques para consumo posterior, a água tratada deverá
cumprir, da mesma forma, as exigências da Resolução 357 do CONAMA. Os tanques utilizados

Beatriz Bruna Gomes Borges 37


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para o armazenamento devem ser produzidos em material inerte que não reaja nem libere
resíduos nem substâncias tóxicas, além de evitar a contaminação pelo meio externo, garantindo
a vedação. Assim como deverá receber as doses de cal e flúor conforme o descrito na Portaria
635 e exigido na Lei 6050/74.

3.7.3 Recarga de mananciais

Um dos encaminhamentos possíveis para a água já tratada seria a recarga artificial de


mananciais pré-existentes. Nesse caso, além da Resolução CONAMA 357, devem ser
observadas também as imposições da Resolução CONAMA 396, de 2008, que dispõe sobre a
classificação e diretrizes ambientais para o enquadramento das águas subterrâneas, e da
Resolução nº 153 do Conselho Nacional de Recursos Hídricos (CNRH) de dezembro de 2013,
que estabelece critérios e diretrizes para a implantação de recarga artificial de aquíferos no
território brasileiro.
Segundo a CNRH nº 153, compreende-se como recarga artificial de aquíferos a “[...]
Introdução não natural de água em um aquífero, por intervenção antrópica planejada, por meio
da construção de estruturas projetadas para este fim”.
De acordo com a CONAMA 396, a recarga artificial em aquíferos, conjunto de aquíferos
ou porções desses, não poderá causar alteração da qualidade das águas subterrâneas que
provoque restrição aos usos principais.
Tal atividade deverá ter o controle dos órgãos competentes com o objetivo de alcançar
ou manter os padrões de qualidade para os usos preponderantes e prevenir riscos ambientais.
Para isso, deverá ser implantado um programa específico de monitoramento da qualidade da
água subterrânea. A frequência inicial desse monitoramento deverá ser no mínimo semestral e
definida em função das características hidrogeológicas e hidrogeoquímicas dos aquíferos, das
fontes de poluição e dos usos pretendidos, podendo ser reavaliada após um período
representativo (CONAMA 396, 2008).

Beatriz Bruna Gomes Borges 38


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3.7.4 Criação de aquífero

Nesse caso, a água seja injetada em uma formação rochosa a fim de criar um novo
manancial destinado a uso das gerações futuras.
A criação do aquífero artificial inicia-se com a seleção da rocha armazenadora a partir
de dados geológicos, principalmente de permeabilidade e porosidade. A necessidade de uma
camada seladora que impeça a fuga por caminhos preferenciais da água injetada é um fato que
não poderá ser ignorado. A rocha deverá ser não-acumuladora de hidrocarbonetos e deve reagir
minimamente com a água.
Dessa forma, o ideal seria a criação de um aquífero poroso e confinado, tendo em vista
que esse tipo de formação geológica é mais facilmente encontrado. É recomendado evitar
reservatórios cársticos, pois, devido à alta capacidade de dissolução dessa rocha na água, os
níveis de dureza, por exemplo, poderiam ser alterados.
O volume de água a ser armazenado no reservatório criado dependerá diretamente do
volume poroso disponível.
Depois de passar pelos processos de tratamento que removeriam as impurezas, a água
seria encaminhada para poços injetores. A frente de água na rocha avançaria até que alcançasse
os poços produtores.
O período que levaria da entrada da água na rocha até a chegada da frente de avanço nos
poços produtores depende diretamente da distância entre esses dois pontos, de características
intrínsecas da formação geológica, assim como da vazão de injeção.
A Figura 9 apresenta um esquemático do processo de injeção e produção.

Beatriz Bruna Gomes Borges 39


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Figura 9: Esquemático do processo de criação de aquífero.

A passagem da água pelas camadas rochosas, durante os processos de injeção, avanço e


produção, pode funcionar como um sistema de filtração, promovendo um tratamento in situ e
permitindo, em função do tipo de efluente considerado, de condições hidrogeológicas e dos
usos previstos, eliminar a necessidade de sistemas de tratamento avançados (BARBOSA;
MATTOS, 2008).
O tratamento de desinfecção seria realizado após o período de armazenamento na rocha.

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4 MATERIAIS E MÉTODOS

Para que seja elaborado o projeto do um sistema de tratamento para adequação ao consumo
humano da água produzida, utilizou-se como base a caracterização da indústria (empresa) geradora,
assim como a caracterização e volume da água produzida, além da frequência com que ela é
recebida. Com tais informações, avaliou-se as tecnologias disponíveis mais viáveis em termos
econômicos e operacionais. Assim, foram analisados diversos processos de tratamento disponíveis
na indústria, até que escolheu-se o que melhor adequou-se para a especificação da água com a
finalidade de reutilizá-la para consumo humano.

4.1 Fazenda Pocinhos

4.1.1 Caracterização das instalações

O campo de Fazenda Pocinho está localizado na porção central/nordeste da Bacia


Potiguar, à cerca de 15Km da cidade de Pendências, no estado do Rio Grande do Norte.
De acordo com a ANP (2016), o campo conta com 557 poços perfurados, dos quais 414
são produtores e encontram-se equipados com bombeio mecânico ou de cavidade progressiva.
Também dispõe de uma estação Central e oito estações coletoras que contam com manifolds e
de tanques de teste. Devido as suas características o campo não possui sistema de
processamento de óleo e gás natural, sendo este último queimado após a separação.
Os principais reservatórios do campo são arenitos grosseiros fluviais cretáceos da
formação Açu, com porosidade variando entre 18,8% e 23,4%, permeabilidade entre 20mD e
2500 mD, saturados com óleo de 18º e 25º API. Os mecanismos primários de produção são
influxo de água de aquíferos de fundo e laterais e a expansão de fluidos, principalmente óleo e
capa de gás natural.
Como método de recuperação avançada é realizado, desde 1999, a injeção cíclica de
vapor. Até dezembro de 2015 haviam sido injetadas 1,12 milhões de toneladas de vapor

Beatriz Bruna Gomes Borges 41


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Depois de separado o óleo é bombeado, através de dois oleodutos, para a Unidade de


Tratamento e Processamento de Fluidos (UTPF), localizada no Polo de Guamaré
A Estação Central é voltada exclusivamente para transferência e possui tanques de
armazenamento, bombas de transferência, assim como um sistema de medição da produção por
apropriação

4.1.2 Volume de Efluentes

Segundo a ANP (2017), o campo produziu, em fevereiro deste ano (2017), cerca de
2.800 bbl/dia de óleo e 84.000 bbl/dia de água. Já, em janeiro de 2010, produziu
aproximadamente 43.000 bbl/dia de água, quase metade da produção atual, enquanto a
produção de óleo era de mais de 29.000 bbl/dia.
A redução da produção de óleo provavelmente se deve ao amadurecimento do campo.
Enquanto que o aumento da produção de água pode ter mais de um agravante, pois, além da
proximidade com aquífero, a injeção de vapor no reservatório também fornece água para a
produção.

4.1.3 Sistema atual de tratamento para descarte

Pequenas estações coletoras realizam a coleta dos fluidos (basicamente óleo e água) e
os bombeiam para cinco Estações Centrais (EC): EC-CAM (Canto do Amaro), EC-ET (Estreito
A e B), EC-ARG (Alto do Rodrigues), EC-FP (Fazenda Pocinhos). Essas estações centrais, por
sua vez, bombeiam o petróleo bruto, produzido em terra, até a Unidade de Processamento de
Gás Natural (UPGN-GMR) onde é misturado com o óleo produzido nos poços offshore. A água
separada do óleo é encaminhada para a Estação de Tratamento de Efluentes (ETE-GMR).
Logo que recebida, a água produzida é disposta em diques na Estação de Tratamento de
Óleo (ETO), onde a fração de água livre se separa do óleo por ação da gravidade. Na ETE, a
água passa por um separador água-óleo (SAO), em seguida por um tanque de mistura para
adentrar no flotador e posteriormente ser encaminhada para o descarte no ambiente via

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emissário submarino. O Óleo recuperado no processo é disposto em tanques de armazenamento


para retornar à ETO.
De acordo com as informações do acervo pessoal do Instituto de Desenvolvimento
Sustentável e Meio Ambiente do Rio Grande do Norte (IDEMA-RN), foram descartados via
emissário submarino 82.869 m3/dia de efluente tratado no período de 1 de novembro de 2014 a
31 de janeiro de 2015. A Figura 10 apresenta a planta baixa da ETE.

Figura 10: ETE do Polo Industrial de Guamaré.


Fonte: Acervo pessoal do IDEMA (2015), apud MARTINS (2015).

Os padrões para lançamento de efluentes são determinados, atualmente, pela Resolução


do CONAMA nº 430, de maio de 2011. A água lançada via emissário submarino pelo Polo de
Guamaré deve seguir esses padrões e é fiscalizado pelo IDEMA.

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4.1 Caracterização de Água Produzida: Estudo de Caso

A Tabela 4 foi construída utilizando os dados existentes nos trabalhos de Fernandes


Júnior (2006), Lima (1996) e Carvalho (2011), bem como da ANP (2016), visando possibilitar
insumos para a definição do sistema de tratamento mais adequado para a caracterização de uma
água produzida contaminada similar àquela produzida pelos campos, devido a não
disponibilização de dados reais pela indústria

Tabela 4: Caracterização de água produzida.

Parâmetros Resultados
Cloretos (mg/L) 296,20
Salinidade (NaCl – mg/L) 488,10
pH 7,95
Sólidos totais dissolvidos (mg/L) 1.460,00
Dureza total (CaCO3 mg/L) 375,21
Sulfato (mg/L) 2,610
Óleo e graxas (mg/L) 2000
Ferro (mg/L) 0,40
H2S (mg/L) 21,94
Fonte: FERNANDES JÚNIOR (2006), LIMA (1996), CARVALHO (2011) e ANP (2016),

4.2 Água Produzida x Água Para Consumo Humano

A água produzida no campo de Fazenda Pocinho apresenta composição diferente da que


é exigida pelos órgãos ambientais para as águas destinadas ao consumo humano. A fim de
adequar a água produzida de petróleo aos parâmetros obrigatórios exigidos, é necessário que
seja feita, antes da determinação do sistema de tratamento, uma comparação entre tais
composições.

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A Tabela 5 apresenta o comparativo entre a composição da água produzida simulada e


a exigida pela Resolução CONAMA 357 e pela Portaria 2.914 do Ministério da Saúde.

Tabela 5: Comparativo entre a água produzida e a exigida para o destino.


Parâmetros Resultados VMP*
Cloretos (mg/L) 296,20 250
Salinidade (NaCl – mg/L) 488,10 5%
pH 7,95 6–9
Sólidos totais dissolvidos (mg/L) 1.460,00 500
Dureza total (CaCO3 mg/L) 375,21 100
Sulfato (mg/L) 2,610 250
Óleo e graxas (mg/L) 2000 Ausentes
Ferro (mg/L) 0,40 0,3
H2S (mg/L) 21,94 0,002
*VMP= valor máximo permitido pela resolução CONAMA nº 357 e Portaria 2.914 do Ministério da Saúde.
Fonte: FERNANDES JÚNIOR (2006), LIMA (1996), CARVALHO (2011) e ANP (2016) .

Analisando os comparativos apresentados, observou-se que diversos parâmetros


apresentaram-se em desacordo com a especificação para o destino, com exceção do pH.

O sistema de tratamento será definido de acordo com os parâmetros a serem corrigidos


levando em consideração as limitações operacionais de cada método.

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5 RESULTADOS E DISCUSSÕES

5.1 Considerações Para a Escolha do Método de Tratamento

A escolha do método de tratamento é feita em função da composição da água produzida.


Os tratamentos especificados devem remover os componentes indesejados a fim de enquadrar
a composição no que é exigido por lei.
Alguns outros pontos devem ser observados antes da decisão final de instalação da
planta determinada para evitar falhas no tratamento e, consequentemente, prejuízos. Entre esses
parâmetros encontram-se:
 Composição do efluente
 Área de instalação dos equipamentos
 Consumo energético
 Viabilidade econômica do projeto
 Vazão de água a ser tratada
 Capacidade de processamento da planta
 Capacidade de consumo/retenção do destino

Levando-se em consideração a Tabela 4 apresentada no item anterior (5.1), o sistema de


tratamento deve remover alguns componentes para adequação. Descreve-se, a seguir, os
componentes que precisam ser especificados e os tratamentos adequados.

Metais (ferro)

A remoção de metais, principalmente ferro que encontra-se dissolvido na água, é,


geralmente, feita em duas etapas: a oxidação e a eliminação do precipitado formado.

O tratamento exige a oxidação do ferro, uma vez que diminui a concentração solúvel do
metal viabilizando a remoção em processos de separação sólido/líquido. A oxidação pode ser
Beatriz Bruna Gomes Borges 46
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executada recorrendo a vários químicos como cloro ou ozono, mas também poderá ser feita
com ar comprimido. Essas substâncias tornam os metais insolúveis na água facilitando a sua
remoção nas etapas posteriores do tratamento.

O dióxido de cloro tem sido utilizado desde há muito tempo na desinfecção de água
potável. É utilizado no pré-tratamento pois remove eficazmente os compostos de ferro, funciona
como agente floculante e remove também odor e sabor indesejáveis. Na fase pós-tratamento,
promove a desinfecção no interior do sistema de distribuição. Por tais motivos, aparenta ser a
melhor escolha para aplicação na etapa de oxidação de metais.

Sólidos

A remoção das partículas maiores de sólidos e de óleo inicia-se em um tanque


gravitacional ou Separador água-óleo, a partir da ação da gravidade viabilizando a
sedimentação ou decantação.

Mesmo após o processo gravitacional, provavelmente, ainda existirá um percentual de


partículas sólidas que serão removidas em um tanque de mistura rápida com a adição de
coagulante, como hidróxido de alumínio ou cloreto férrico, utilizados comumente no tratamento
de água de captação superficial. Recomenda-se, anteriormente, a adição de uma substância
reguladora de pH, como cal ou barrilha (carbonato de sódio), por exemplo, para otimização do
processo.

A injeção de floculante facilitará a união dos flocos que sedimentarão separando-se da


água e depositando-se no fundo do tanque.

O uso de flotadores, assim como de hidrociclone, nesse ponto, pode ser bem aceito e
fornecer um efluente com níveis de sólidos e óleo consideravelmente reduzidos.

Nesse ponto a água ainda contém impurezas que não foram sedimentadas no processo
de decantação. Por esse motivo, faz-se necessário o uso de filtros finos, como o filtro cartucho,
que reterão as partículas dispersas ainda restante.

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O processo de filtração tem sido largamente aplicado para remoção de sólidos mais
finos. Os filtros de areia com baixa granulometria retêm parte considerável de sólidos dispersos.
A inclusão de um filtro cartucho, conhecido como filtro fino, remove partículas micrométricas
residuais. Os filtros de argila, além de removem boa parte dos sólidos, também adsorvem parte
considerável do material orgânico e de outras substâncias.
Esse tipo de remoção se faz necessária principalmente quando um dos processos
posteriores apresenta problemas devido à presença de sólidos no efluente, como as membranas
que são tamponadas.

Dureza

A remoção de dureza, ou abrandamento, pode ser feita por precipitação química, troca
catiônica ou nanofiltração, sendo as duas últimas tecnologias mais caras e exigem pré-
tratamento intensivo.

O processo a base de cal (CaO) e carbonato de sódio, pode remover níveis consideráveis
de dureza, a pesar de não removê-la completamente. É possível a utilização de hidróxido de
cálcio, porém o custo é mais alto. A cal eleva o pH do efluente fornecendo a alcalinidade
necessária ao processo, e o carbonato de cálcio, além de auxiliar a alcalinidade, fornece os íons
carbonatos necessários.

Considerando que a dureza, nesse ponto em que o magnésio foi significativamente


removido, deva-se principalmente ao cálcio, o processo de abrandamento pode ser feito sem
excesso de cal e carbonato. Esse processo deve ser feito anteriormente aos processos de
coagulação, floculação, sedimentação e filtração.

O abrandamento por troca iônica consiste em fazer a água atravessar uma resina
catiônica que captura os íons Ca2+ e Mg2+, substituindo-os por íons que formarão compostos
solúveis e não prejudiciais ao homem. As resinas possuem limites para a troca iônica, e ficam
saturadas de Ca2+ e Mg2+. Para garantir a eficiência do processo, deve ser feita a regeneração
da resina com a adição de solução de Cloreto de Sódio (NaCl).

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Cloretos

Os tratamentos convencionais não eliminam o íon cloreto por se tratar de íons em


solução. A tecnologia de tratamento da água para a remoção de cloretos mais utilizada é a troca
iônica ou a tecnologias de membranas, por exemplo a osmose reversa, muito utilizada quando
é feito o aproveitamento de água do mar para produção de água de consumo humano.
Infelizmente, tratam-se de processos complexos e caros.
O cloreto de sódio pode ser reduzido, até valores muito baixos, depois de uma segunda
etapa de OR utilizando membranas específicas, que também pode reduzir a valores próximos
de zero as concentrações residuais de cálcio e magnésio.

Salinidade
Quantidades excessivas de magnésio, cálcio e sódio influenciam negativamente na saúde
humana, pois desencadeiam problemas no desenvolvimento de crianças, além de riscos gerais à
saúde também de adultos. A OR é capaz de reter elevadas quantidades de sais e deixar a água
praticamente isenta de moléculas inorgânicas de baixa massa molar como sódio, cálcio e
magnésio. Porém, ao contrário das outras atividades de reuso, para o consumo humano a
ausência de algumas dessas substâncias pode causar problemas de saúde. Dessa forma, após a
OR, pode existir a necessidade de regular as concentrações de alguns nutrientes, como cálcio e
magnésio, para fins de consumo humano. (SOARES, 2013).
A OR também reduz em até 99% a condutividade e dureza, além de eliminar 100% das
bactérias e impurezas presentes na água, garantindo uma água desmineralizada, límpida, pura
e confiável.
Porém, o processo de OR exige um pré-tratamento para funcionar eficientemente, como
a microfiltração por exemplo. O objetivo do uso de filtração antes da OR é evitar o entupimento
das membranas da OR, reduzindo o teor de sólidos e de óleos. Os filtros eliminarão os sólidos
que ainda se encontram em suspensão, moléculas orgânicas, cromatos, sulfetos e cloro.
O processo de injeção dos minerais necessários, que foram removidos quase que
completamente pela OR, pode ser substituído pelo próprio contato com a rocha no caso de
recarga de mananciais ou criação de aquífero.

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Sulfato e Sulfeto
Um método de precipitação química que tem apresentado resultados positivos é o da
precipitação do sulfato em solução na forma do mineral Estringita.
Por tratar-se de íon solúvel em água, o sulfato só pode ser completamente removido por
processos especiais, como por exemplo a troca-iônica ou a osmose reversa.
A técnica de dessulfurização da água do mar largamente aplicada atualmente é a
nanofiltração que tem apresentado resultados excelentes.

TOG
A remoção de óleos e graxas inicia-se na separação gravitacional que remove
significativamente a porção de óleo livre.
A parcela de óleo emulsionado pode ser removida através de um tratamento químico,
mediante a adição de eletrólitos capazes de deslocar os surfactantes da interface água-óleo sob
condições específicas de pH. Nesse caso, faz-se necessário o uso conseguinte de um sistema e
flotação ou hidrociclones por exemplo. Apesar da boa eficiência, esse processo apresenta
algumas desvantagens como a utilização de produtos químicos, que podem ser caros, e a
geração de lodo, que deve ser tratado e descartado de forma adequada (STEWART; ARNOLD,
2011).
A utilização do filtro de carvão ativado tem apresentado, historicamente, níveis de
redução de TOG consideráveis. O carvão ativado apresenta grande afinidade por substâncias
de caráter orgânico, em virtude de tratar-se de uma substância não polar. O leito é capaz de
absorver compostos orgânicos dissolvidos, alguns metais pesados e BTEX (benzeno, tolueno,
etilbenzeno e xileno) solúveis.
Um tipo de filtro de adsorção utilizado para remoção de óleos e graxas é o filtro de argila
que tem apresentado capacidade de remoção excelente, em muitos casos, superior à do carvão
ativado.
O processo de separação por membranas também tem apresentado resultados excelentes
quanto a remoção de compostos orgânicos de baixo peso molecular, principalmente a OR e a
ultrafiltração.

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A Figura 11 apresenta um fluxograma contendo os possíveis processos de tratamento.

Água proveniente Filtro de


dos campos areia
Flotador a ar Filtro
Separador

dissolvido
agua/óleo
Filtro de cartucho

Separador argila
Separador agua/óleo Separador

agua/óleo Hidrociclone agua/óleo


Carvão
ativado

Osmose Reversa Microfiltração


Adição de
minerais Ultrafiltração
Troca Iônica

Criação de aquífero

Figura 11: Fluxograma dos possíveis processos de tratamento.

Após o uso do Separador água-óleo, que reduziria a aproximadamente 200 mg/L o teor
de óleo livre na água, além de remover alguns sólidos suspensos, pode-se optar pela utilização
de flotador a ar dissolvido, ou hidrociclone que poderiam remover óleo emulsionado e
partículas sólidas dispersas.
Posteriormente, é possível utilizar filtro de areia ou filtro de argila, ambos seguidos por
filtro cartucho, ou apenas o filtro de carvão ativado. A utilização do filtro cartucho se justifica
pela remoção de partículas sólidas mais finas residuais do processo de filtração anterior. A
finalidade dessa etapa é remover óleo solúvel além de sólidos finamente dissolvidos como
metais precipitados.
A opção por Microfiltração ou Ultrafiltração é justificada pela adequação do efluente ao
processo posterior que exige pré-tratamento. Esse processo tem o objetivo de remover óleo

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solúvel residual, alguns compostos de cloro, parte da salinidade, e eliminar as partículas sólidas
residuais.
O uso de Microfiltração ou Osmose Reversa eliminaria completamente a presença de
compostos orgânicos e inorgânicos, cloretos, sulfatos, sulfetos, dureza, salinidade e minerais.

5.2 Proposta de Tratamento

Inicialmente, com objetivo de reduzir o teor de óleo livre e sólidos no efluente,


recomenda-se o uso de separadores água-óleo.
Para a remoção das demais partículas maiores de sólidos, aconselha-se a adição de
coagulante e floculante em tanques de mistura seguido de um sistema de filtração para remoção
dos flocos.
A fim de remover metais, em especial o ferro, é recomendado a inserção de dióxido de
cloro a fim de desencadear a oxidação e precipitação dessas substâncias. Para remover os
precipitados formados com a adição do oxidante, faz-se necessário a posterior utilização de um
sistema de separação sólido/líquido. A passagem por um flotador a ar dissolvido é preferencial
por possuir maior eficiência.
A separação do óleo por flotação consiste na melhor alternativa frente ao uso de
hidrociclones, esteja o óleo livre ou emulsionado, pois é de baixo custo, fácil operação e alta
eficiência, garantindo o cumprimento das exigências legais, assim como trabalham a altas
vazões. Além disso os hidrociclones não operam satisfatoriamente quando as fases apresentam
diferença de densidade baixa.
O uso do filtro de areia foi eliminado por apresentar eficiência de remoção baixa em
comparação com os outros dois métodos. A utilização de filtros de argila, anteriormente ao uso
de filtro cartucho, é mais recomendada pois, além de remover sólidos finamente dispersos, essa
etapa elimina parcela substancial de componentes orgânicos. Sem contar que tal processo
remove também o cloro que é incompatível com a maioria das membranas. E ainda apresenta
capacidade de adsorção maior do que os filtros de carvão ativado. OS filtros cartuchos

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trabalham a baixas vazões, por esse motivo pode ser necessário a aplicação de mais de um
equipamento em paralelo na planta.
Nesse ponto, inicia-se uma espécie de pré-tratamento para a OR que possui limitações
quanto a presença de sólidos e de TOG. Recomenda-se o uso de membranas de Microfiltração
para remoção das substâncias que possam tamponar os poros da OR. A ultrafiltração se
mostraria um custo adicional desnecessário. A microfiltração por si só já é suficiente para evitar
a formação de incrustações nas membranas do processo de Osmose Reversa
Por fim, é apropriado a passagem pelo filtro de OR para finalizar a especificação da
água, já que o processo elimina quase toda a matéria orgânica e inorgânica do efluente, além de
sulfato, sulfeto, cloretos, salinidade, dureza e minerais. Essa última etapa do tratamento também
remove alguns nutrientes minerais essenciais para a saúde humana, fazendo-se necessário a
adição posterior dessas substâncias. Para o caso em que o destino da água é a criação de aquífero
ou o reabastecimento de mananciais, a passagem pela rocha pode suprir essa necessidade.
Para o consumo será necessário a desinfecção com cloro que pode ser atribuída ao
responsável pela entrega ao consumidor.
Após as considerações, a planta final contaria com: o processo gravitacional para
redução da quantidade de óleo livre e partículas maiores de sólidos, o Separador água-óleo; o
processo de Flotação no qual seriam reduzidos os precipitados e mais partículas de sólidos; o
Filtro de argila organofílica seguido de filtro cartucho para redução de sólidos e de TOG; a
Microfiltração como pré-tratamento para a Osmose Reversa.
A Figura 12 demonstra o esquemático da Planta de tratamento final.

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Água proveniente
dos campos

Separador Filtro
Filtro de
agua/óleo Flotação
argila cartucho

Rocha Osmose
Microfiltração
Reversa

Figura 12: Fluxograma da planta final de tratamento.

5.3 Cálculo do Dimensionamento do Aquífero a Ser Criado

O volume de rocha necessário para armazenar a quantidade de água produzida a ser


tratada pode ser calculado com base em características da própria rocha. Para isso, será
explicitada, a seguir, uma das características importantes para esse cálculo, a porosidade.
Outras características, como, por exemplo, permeabilidade e compressibilidade, também são
importantes para a escolha da rocha armazenadora, porém não são necessárias para o cálculo
básico que será feito.

Porosidade efetiva
A porosidade efetiva é uma das características mais importantes pois definirá a
capacidade de armazenamento da rocha, ou seja, o volume de vazios útil disponível. Segundo
Rosa (2006). É definida como a relação entre o volume poroso interconectado da rocha e o
volume total da mesma, ou seja:

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∅𝑒 = 𝑉𝑝𝑖 ⁄𝑉𝑡 Equação (1).


Onde ∅𝑒 é a porosidade efetiva, 𝑉𝑝𝑖 é o volume poroso interconectado e 𝑉𝑡 é o volume
total da rocha.
Dessa forma, o volume total de rocha pode ser calculado por:
𝑉𝑡 = 𝑉𝑝𝑖 ⁄∅𝑒 Equação (2).
Os arenitos, o tipo de rocha mais frequentemente encontrada como reservatório,
apresentam valores de porosidade entre 20% e 30%. (ROSA, 2006)

De posse das equações listadas pode-se efetuar o cálculo do volume prévio de rocha
necessário. Admitindo-se um volume diário de 84.000 bbl/dia de água produzida, o equivalente
a aproximadamente 13.354,93 m3/dia, contabilizando quase 4.900.000 m3 de água por ano (365
dias), e que o volume poroso efetivo deve ser maior ou igual a esse volume para armazená-lo,
além de considerar a rocha como sendo um arenito com 30% de porosidade efetiva, temos os
seguintes dados:
 ∅𝑒 = 0,3
 𝑉𝑝𝑖 = 4.900.000
Assim, substituindo os valores citados anteriormente na Equação 2, temos:

𝑉𝑡 = 4.900.000 𝑚3⁄0,3
𝑉𝑡 = 16.333.333,33 𝑚3

Ou seja, o volume total necessário de rocha arenítica, com porosidade de 30%, para
armazenar todo o volume de água produzida tratada por um ano, com folga, seria de
aproximadamente 16,4 MMm3.
Considerando o aquífero como um prisma quadricular com altura de 150 m, que é a
média de altura dos aquíferos naturais. e utilizando a fórmula seguinte para cálculo de volume
de um objeto com esse formato, chegou-se a um dimensionamento de 150 m de altura, 131 m
de comprimento e 131 m de largura. A Figura 13 apresenta uma ilustração do formato do
aquífero a ser criado.

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Figura 13: Ilustração do aquífero a ser criado.

5.4 Função Econômica, Social e Ambiental do Reuso

Frente ao cenário atual de escassez dos recursos hídricos, principalmente na região


nordeste do Brasil que apresenta um histórico de períodos de seca graves e intensos, a busca
por novas fontes de água adequada para o consumo humano tem sido constante.
Em contrapartida, grandes quantidades de água produzida associada ao petróleo são
descartadas no ambiente após tratamento básico. O volume crescente da produção de água em
campo, principalmente em campos maduros, demanda altos custos e expansão das Estações de
Tratamento.
Enquanto isso as previsões, para as gerações futuras quanto a quantidade de água doce
disponível no globo, são pessimistas e exigem um posicionamento mais firme e ativo a respeito
da preservação desse recurso.
Nesse cenário, a adequação da água produzida para o consumo humano surge como uma
alternativa à escassez e ao racionamento. Além de reduzir os custos da empresa responsável
pela extração de petróleo, o reuso é uma opção ambientalmente sustentável.
O armazenamento da água tratada em formações rochosas, de forma a criar aquíferos,
pode ser uma excelente maneira de garantir o abastecimento hídrico das gerações futuras. Sem
Beatriz Bruna Gomes Borges 56
Trabalho de Conclusão de Curso – Engenharia de Petróleo –CEP/CT/UFRN 2017.1

contar que a comercialização, por parte da empresa responsável, dessa água pode representar
uma nova forma de obter lucro.
Além dos benefícios econômicos e sociais, é possível citar os ganhos ambientais com a
diminuição do descarte na natureza que, apesar de ser responsável e fiscalizado, ainda lança no
meio ambiente substâncias razoavelmente nocivas, assim como a redução da captação de água
para abastecimento.
Dessa forma, a aplicação do projeto discutido nesse trabalho abre portas para a
preservação ambiental, reforçando o perfil responsável da empresa, assim como resguarda as
gerações futuras da escassez. Além de representar uma nova fonte de recursos hídricos para a
população, representa uma nova fonte de obtenção de lucros.

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6 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES

A água produzida no campo de Fazenda Pocinho apresenta composição diferente da que


é exigida pelos órgãos ambientais para as águas destinadas ao consumo humano. A fim de
adequá-la aos parâmetros obrigatórios exigidos, é necessário que seja feita, antes da
determinação do sistema de tratamento, uma comparação entre tais composições.
A partir de tal comparação, observou-se que diversos componentes encontravam-se em
desacordo, com quantidades significativamente acima do permitido pela Resolução 357,
fazendo-se necessário a implementação de um sistema de tratamento.
Após estudo e comparação entre os métodos de tratamento, chegou-se à conclusão de
que o melhor sistema, ou planta de tratamento, incluiria: separação água-óleo, flotação, filtração
por carvão ativado, microfiltração e osmose reversa.
A escolha do sistema deu-se a partir da capacidade de cada um deles de remover
diferentes compostos a fim de enquadrá-los na legislação.
A comercialização da água tratada no sistema proposto, além de reduzir os custos com
o descarte via emissário submarino, poderia gerar benefícios econômicos, sociais e ambientais.
Para trabalhos futuros, recomenda-se a busca por processos que demandem menos
custos, mas que possuam a eficiência desejada. A análise econômica do projeto em questão se
faz necessária para comprovação da viabilidade do sistema. Indica-se também o estudo e
projeção da formação geológica destinada a receber a água tratada, assim como a possibilidade
de a passagem por tal formação suprir a necessidade de um dos tratamentos previstos, além da
reposição de minerais.

Beatriz Bruna Gomes Borges 58


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