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TRANSCENDENTAL DO INDIVÍDUO
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Mestranda em Filosofia Contemporânea pela UEL. E-mail: costa_amanda@rocketmail.com
A concepção schopenhaueriana acerca da liberdade transcendental do indivíduo
1. Introdução
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Doravante MVR. As indicações I e II dizem respeito aos respectivos tomos.
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Segue-se aqui a grafia da tradução de Jair Barboza: Vontade com “V” maiúsculo corresponde à coisa-
em-si, enquanto com “v” minúsculo faz referência à vontade individual, isto é, à objetidade da Vontade.
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Doravante LV.
E continua Schopenhauer:
Uma vontade livre, então, seria a vontade que não é determinada por
princípios – e, desde que tudo que determine outra coisa deva ser um
princípio, [...] isto é, uma causa – uma vontade livre não seria
determinada por absolutamente nada. As manifestações particulares
desta vontade (volições) procederiam, então, absoluta e
originariamente da vontade em si mesma, sem serem trazidas
necessariamente por condições antecedentes, e por isso também sem
serem determinadas de acordo com uma regra (LV, 2005, p. 08,
tradução nossa).
3. Sobre o indivíduo
isto é, na instância que toma conhecimento das coisas externas. Há, no entanto, uma
diferença fundamental entre a consciência animal e a consciência humana: a primeira é
equipada de entendimento – a faculdade responsável pela percepção sensível do mundo;
a segunda, por sua vez, além de entendimento, também é dotada de razão. A razão é a
faculdade que permite ao ser humano a abstração de conceitos gerais do mundo por
meio da linguagem, permitindo-lhe refletir sobre o passado e projetar o futuro. Os
animais, no entanto, vivem sempre no presente e têm um campo de visão mais limitado
do que o homem. Devido à sua capacidade de reflexão, o ser humano pode apresentar a
si mesmo os motivos que exercem influência sobre a sua vontade. Diz Schopenhauer:
O homem, ao contrário dos animais, é livre da coerção imediata imposta pelos objetos
da percepção. Ele pode determinar os seus motivos por meio de seus pensamentos. No
entanto, isto não significa que o homem seja livre absolutamente, mas apenas em
relação aos animais. Para Schopenhauer, um motivo (que é um pensamento, portanto,
abstrato) corresponde a algo tão real e material quanto um objeto concreto da percepção.
Por isso, a capacidade de deliberação não sustenta a ideia de liberdade da vontade como
livre-arbítrio: o homem é determinado pelos seus pensamentos, que são produtos de
uma impressão recebida em algum momento e em algum lugar do mundo exterior (cf.
LV, 2005, p. 36-37).
Assim, a capacidade de deliberar do homem não lhe proporciona nada além de
um conflito torturante entre motivos, dominado pela indecisão. Os motivos trabalham
uns contra os outros a fim de atingir sua efetividade na vontade – o mais forte deles
determina-a – “isto se chama resolução e realiza-se com completa necessidade como
consequência da luta” (LV, 2005, p. 37, tradução nossa). Nós não vemos o embate entre
os motivos, pois a consciência do homem é seu campo de batalha, no entanto, vemos os
seus efeitos – as ações do indivíduo.
4. O caráter do indivíduo
Dessa maneira, Schopenhauer delimita o alcance do conceito de liberdade: ele não pode
residir na vontade do indivíduo, pois nela define-se o limite no qual a consciência de si
já não pode mais se pronunciar. Se, todavia, a vontade individual não é livre – no
sentido de poder direcionar a si mesma – é possível a afirmação de alguma liberdade?
O “operari” de um indivíduo é dado pelo seu caráter empírico, isto é, pelos traços
distintivos de cada indivíduo, por sua natureza particular, cujos limites se encerram nas
formas de representação (tempo, espaço e causalidade). Diz Schopenhauer: “a diferença
dos caracteres é inata e indelével. A maldade é tão inata ao maldoso como o dente
venenoso ou a glândula venenosa da serpente. Também como ela, ele não pode mudar”
(FM, 1995, p. 181). Assim, o caráter empírico não conhece a liberdade, não pode ser de
outro modo, pois
cada coisa no mundo age de acordo com aquilo que ela é, de acordo
com a sua natureza, na qual, por isso, todas as suas manifestações já
estão contidas como ‘potentia’ [segundo a possibilidade], mas
acontecem como ‘actu’ [na realidade], quando causas exteriores a
produzem; por meio do que, pois, aquela própria natureza se
manifesta. Este é o caráter empírico (FM, 1995, p. 91).
5
Sobre o fundamento da moral.
5. Considerações finais
Referências
______. Essay on the freedom of the will. Trad. Konstantin Kolenda. New York: Dover,
2005.
______. Sobre o fundamento da moral. Trad. Maria Lúcia Cacciola. São Paulo: Martins
Fontes, 1995.
SILVA, H. A Liberdade de Escolha em Bergson e Schopenhauer. Trans/Form/Ação.
Marília, volume 40, número 1, p. 25-50, 2017.