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O Parque da Serra do Curral

trabalho de campo, caracterização e estudo

estudantes Diego G. Soares


Halle A.G.M. Marques
Paulo R. S. Junior
Matheus Pires
professor Matusálem Duarte
disciplina T.E. Estudos de Categorias Espaciais Aplicados a Eng. Ambiental
CEFET MG

Belo Horizonte, 03 de abril de 2013

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“Olhem bem as Montanhas

Olhai as montanhas,
Olhai as montanhas, mineiros,
Como a Serra do Curral, mutilada,
Vós que não as defendeis, olhai-as enquanto vivem pois,
A golpes de tratores vão sendo assassinadas,
Pela culpa única de suas entranhas de ferro.
Mineiros, por que não percebeis que essa ferrugem que vos
empoeira os olhos,
Essa terra, vermelha, é o vosso sangue,
Injustamente derramado, na luta que vos abate.
...”

Carlos Drummond de Andrade


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1- HISTÓRICO DA CRIAÇÃO DA UNIDADE DE CONSERVAÇÃO - PARQUE SERRA DO CURRAL

A Serra do Curral, antes chamada de Serra das Congonhas, é um dos cartões postais mais belos da Região
Metropolitana de Belo Horizonte e foi tombada pela Lei Orgânica do Município e pelo Instituto do
Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), e é tratada hoje como Unidade de Conservação para todos
os efeitos. Essa Serra permaneceu praticamente intocada até o início do século XX, quando iniciaram
algumas atividades mineradoras irregulares. A partir da década de 60 foi autorizada a exploração da Serra,
realizada por quase 20 anos, quando foi feita a implantação do parque, que tinha a função de preservar a
área da Serra. Na mesma década, as partes próximas a Serra do Curral foram ocupadas por camadas mais
abastadas da população, vindas da parte central de Belo Horizonte, criando assim o bairro das Mangabeiras
e expandindo os bairros Anchieta, Cruzeiro e Serra. Porém, junto com a ocupação, o parque passou a ser
explorado e deteriorado ambiental e socialmente pelos seus frequentadores, o que levou à população
desses bairros nobres sugerir à prefeitura o fechamento do parque.

O Parque da Serra do Curral foi reinaugurado no dia 8 de setembro de 2012, e abrange uma área
aproximada de 400 mil metros quadrados. Sua reinauguração veio para garantir a proteção da paisagem e
recursos ambientais da Serra e garante à cidade um novo ponto turístico. Pois por meio de trilhas seguras, os
visitantes poderão realizar caminhadas esportivas ou passeios para observar o local e a cidade.

Com a implantação do Parque, foram construídas portarias de acesso e controle, guarita de vigilância, praça,
bancos, equipamentos de ginástica, bebedouros e recuperação das trilhas e mirantes existentes. A Fundação
de Parques Municipais contribui para a diminuição dos focos de incêndios, além da recuperação da mata na
base da Serra e o controle dos processos erosivos, proporcionando mais segurança e acessibilidade nas
trilhas locais.

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2- CARACTERIZAÇÃO AMBIENTAL DO PARQUE DA SERRA DO CURRAL

A caracterização ambiental é o estudo integrado das componentes da paisagem. Esta é a retratação do meio
ambiente e de toda sua complexidade. Para se realizar uma caracterização ambiental, diversas variantes
ambientais, tanto naturais quanto antrópicas, são consideradas com o objetivo de obter o máximo de
informações e conhecimento a respeito de uma região.

Em posse de tais conhecimentos é possível elaborar estratégias de ocupação e defesa do território,


transformação do ambiente e gestão de riscos ambientais.

Por isso, a caracterização ambiental do Parque da Serra do Curral, a seguir, foi elaborada com o intuito de
desenvolver o conhecimento da paisagem, da região e do território em que se localiza esse patrimônio
natural. Também é uma tentativa de interpretação histórica e geográfica de parte do município de Belo
Horizonte.

Não obstante, o entendimento da área, em suma, traz consigo a compreensão da interdependência das
componentes ambientais. Embora o estudo tenha sido redigido de forma compartimentada, ele não
despreza essa confluência significativa entre os elementos paisagísticos.

foto aérea onde se vê a Serra do Curral e suas vertentes mais


baixas ocupadas pelo aglomerado da Serra, Mangabeiras,
bairro Serra e as três minas da região.
1-Mina da Ferrobel
2-Mina das Aguas Claras
3- Mina da Baleia
Fonte: Emerson Zamprogno / Panormio

2-1 Hidrografia
O município de Belo Horizonte não é banhado por nenhum grande rio, entretanto é recortado por alguns
córregos importantes, sendo a maioria desses já canalizada. A cidade e sua vizinha Contagem são banhadas
por duas sub-bacias, a do Ribeirão Arrudas e a do Ribeirão do Onça, ambas afluentes da bacia do Rio das
Velhas. Estas ocupam uma área de 528,58 km² e abrigam 2.776.543 milhões de pessoas.

Quanto a Serra do Curral que abrange o parque, é em sua vertente norte que afloram grande parte dos
córregos que percorrem Belo Horizonte e a RMBH, todos afluentes da margem direita do Ribeirão Arrudas.
Não por menos, essa região é conhecida como Olhos D’água. Nessa bacia também brotam os córregos do
Clemente e o do Capão que atravessam o Barreiro e parte de Ibirité. Já os córregos do Cercadinho, do Acaba
Mundo e do Serra nascem próximos ao parque e recortam a capital mineira. Enquanto o córrego do Serra se
mantem bem preservado, os córregos do Cercadinho e do Acaba Mundo apresentam consideráveis
modificações em suas cabeceiras. O córrego do Cercadinho é recortado pelas rodovias Mg-30 e Br-356, já o
do Acaba Mundo tem grande exploração mineral como a mina de dolomita que pode ser avistada já no inicio
das trilhas do parque.

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2-2 Clima e Microclima
O clima de Belo Horizonte é caracterizado como tropical de altitude que é dividido regionalmente em duas
grandes unidades. Estas são a Tropical de Altitude da Depressão de Belo Horizonte e a Tropical de Altitude
das Serras do Quadrilátero Ferrífero onde se situa o alvo desse trabalho.

A altitude impõem características térmicas e de precipitação que trazem uma singularidade para a região.
Nos verões a estação costuma ser úmida e quente com temperaturas inferiores a 30º. Já os invernos são
secos e temperaturas mais baixas, o que provê uma amplitude térmica anual considerável.

A amplitude térmica diária também é considerável. Nos momentos iniciais e finais do dia o parque da serra
apresenta temperaturas mais baixas, em função da altitude elevada. Por volta do meio dia as medições se
tornam mais amenas, levando a um pico nas temperaturas.

O parque, devido à vegetação exuberante e as diversas nascentes que o permeiam apresenta uma umidade
relativa elevada superior a 65% e medias pluviométricas em torno de 1500 mm.

A verticalização do município nas ultimas três décadas resultou em modificações nos padrões de umidade,
temperatura e ventilação. A área da Serra do Curral também sofre com esses impactos. Estudos históricos e
geográficos confirmam modificações negativas na região, tal com queda na umidade relativa e aumento das
temperaturas mediais anuais. Esses fatos estão diretamente relacionados com o desmatamento para
exploração mineradora e alterações nas bacias, decorrentes do crescimento urbano.

2-3 Hipsometria
A análise a hipsometrica do centro
do estado de Minas Gerais não pode
deixar de destacar a Serra do Curral
e o Parque da Serra do Curral. O
parque é um dos pontos mais altos
do interior do estado e apresenta
altitudes variando entre 1200 e 1380
metros acima do nível do mar.
Acima dessas altitudes somente o
parque do Itacolomi em Ouro Preto.

A leitura da carta hipsometrica do


município apresenta um tom mais
forte da região dos Olhos d’água
onde está o monumento natural.

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2-4 Biogeografia e Zoogeografia
O Parque da Serra do Curral, assim como seu entorno, apresenta vegetação típica da região do Quadrilátero
Ferrífero, por isso a maioria das espécies estão adaptadas a níveis altos de ferro e outros minerais metálicos
abundantes no solo. Muitas espécies são endêmicas, ou seja, ocorrem apenas ali e em nenhum outro local
do planeta, o que traz uma singularidade à serra e também uma preocupação com a conservação daquelas
que sofrem riscos de extinção.

A alta umidade relativa, as diversas nascentes e o relevo propício a áreas de convergência e recarga hídrica
articulam o desenvolvimento de espécies vegetais de médio porte e em maior densidade. Essa exuberância
traz consigo a lembrança das áreas de mata atlântica típica. Ela é a mais expressiva nas adjacências, como no
Parque das Mangabeiras e na Mata do Jambreiro, constituindo assim um importante corredor ecológico de
vegetação preservada.

A região também é uma área de transição entre cerrado e mata atlântica, daí a grande variedade de
espécies. A fisionomia típica do Cerrado se destaca pelos campos rupestres, que ocorrem nas áreas
rochosas da crista da serra, e, principalmente, pelas formações como o campo limpo, o campo sujo e campo
cerrado, que se sucedem gradativamente da crista até a base da serra.

Não somente plantas como também animais ocorrem em variedade e demonstrando essa zona de transição.
O parque detém 17 exemplares de anfíbios, répteis, aves típicas do cerrado e dezenas de mamíferos de
pequeno porte como roedores, tatus e quatis.

A avifauna é muito diversificada. Mais de 130 especies de aves já foram catalogadas. Dessas algumas são
endêmicas tal como a campainha-azul. Muitas outras são típicas de áreas de altitude, como a águia-chilena
que também é encontrada nos Andes.

Uma curiosidade do parque o torna único: em uma visita técnica em


janeiro de 2012 foi avistado um exemplar de falcão-cauré (Falco
rufigularis), que nunca antes fora visto no município. Em nossa visita
também pudemos observar um exemplar de Oxyrhopus guibei,
conhecida como falsa coral. Tal serpente terrícola tem essa fama devido
ao mimetismo, uma característica zoológica peculiar na natureza e que
fora apreciada pelo grupo na ocasião.

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2-5 Geologia
A constituição geológica da serra é composta, em suma, por itabiritos hematitas. Como são mais resistentes
ao intemperismo, se localizam nas partes mais altas, formando a crista. Essas rochas cristalinas de alto teor e
pureza de ferro e, por isso, sempre fizeram da serra um depósito mineral cobiçado. Nas partes mais baixas
se encontram dolomitos, como na Mina do Acaba Mundo, e filitos. Estas são rochas mais susceptíveis ao
processo erosivo e responsáveis pela formação de terraços na região da Lagoa Seca. Quartzitos e xistos
também são encontrados.

2-6 Geomorfologia
As formas do relevo são marcos para a
fundação da cidade de Belo Horizonte, já
que se situa entre o Vale do Arrudas e a
Serra do Curral. A cidade esta inserida em
um domínio de variedades litológicas e
relevo acidentado cuja máxima expressão
é a unidade de conservação abordada.

A serra é uma dobra que se dá apenas em


uma parte do relevo, essa forma é
denominada de monoclinal. Faz parte do
conjunto de serras que se estende desde
o Carmo do Cajuru até as proximidades do
município de Caeté e se situa na borda
norte do Quadrilátero Ferrífero

Sua fisiografia serrana é estreitamente


ligada a uma relação entre os atributos
geológicos (litologia + estrutura) e as
Imagem do inicio dos anos 60 em que se vê a Mina do Acaba Mundo
formas de relevo. As camadas de itabirito da Acervo IBGE
Formação Cauê, protegidas da erosão pelo seu
laterito, formam a crista e a parte superior da
escarpa sub-vertical da serra, onde se situa o parque.

Na serra os processos modeladores do relevo se destacam. Acredita-se que a erosão da parte da Serra
localizada entre a Mina das Aguas Claras e a MG-30, ocorreu
em função de agentes intempéricos. Como consequência, as
temperaturas médias da cidade se elevaram quando ocorreu
a verticalização do Belvedere na década de 1990. Os
processos naturais, principalmente a ação dos ventos, que
ocorrem nessa proporção da Serra, foram modificados. Os
prédios construídos numa ocupação urbana desenfreada na
região desse bairro, causaram o bloqueio das massas de ar.

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3- Descrição e caracterização dos elementos da PAISAGEM a partir do parque: elementos visíveis,
possibilidades de estudos a partir da paisagem do parque, elaboração de estratégia de sensibilização
ambiental a partir do uso da paisagem.

Para relacionar o contexto do Parque da Serra do Curral e da categoria espacial paisagem, é necessário
entender alguns elementos da categoria, como, por exemplo, o fato da paisagem poder ser expressa como
uma sobreposição contínua de elementos históricos que afetaram aquele espaço; o que pode ser percebido
no Parque pelos marcos no local, seja do tombamento da curva da Serra, ou dos visíveis impactos causados
pela exploração mineradora do local, que refletem as atividades que ocorreram no local em diferentes
épocas. Junto com esses elementos perceptíveis na visita ao Parque, é possível estudar o local a partir da
paisagem, visto que é possível, do local, conhecer detalhes da vegetação – já que o Parque é situado, como
Belo Horizonte, em uma zona de transição de vegetação entre Mata Atlântica e Cerrado –, do planejamento
urbano de Belo Horizonte – já que os mirantes instalados na Serra proporcionam uma excelente visão da
cidade, especialmente da Avenida Afonso Pena e do bairro Mangabeiras e adjacentes – além de permitir
uma análise da atividade extrativista realizada na cidade, já que nas proximidades das trilhas, há uma forte
presença de construções relacionadas à atividade administrativa de mineradoras, além da vista do lago de
dejetos da Vale. Concluindo, a beleza cênica do local, além do fato de ser um dos mais conhecidos e
principais cartões postais da cidade, destacam a importância do Parque, agora, aberto à população e
preservado pelo poder público e pelos usuários da instalação – os cidadãos de Belo Horizonte e turistas.

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4 – O TERRITÓRIO DA UNIDADE DE CONSERVAÇÃO

A questão do território é significante no estudo e na caracterização do parque. Os precedentes históricos


revelam a importância da abordagem dessa categoria. O processo de criação do parque foi repleto de
polêmicas. Drummond questionava a defesa da área a partir de uma territorialização da mesma ainda na
década de 70. Para o poeta e outros ambientalistas, políticos e cidadãos a Serra do Curral estava se tornando
um território de empresas multinacionais e não um território de soberania social.

Anos mais a frente, após a degradação máxima da serra e saída das empresas, a área passou a ser
frequentada por vândalos, usuários de bebidas alcoólicas e entorpecentes, gangues e grupos marginalizados.
Tal fato serviu de mote para um movimento da população residente nos bairros das Mangabeiras, Serra e
Cruzeiro que já se articulavam. Nesse momento, a Serra do Curral deixa de ser apenas questionada
ambientalmente, para ser também uma polemica social de clara exemplificação das relações de poder.

De posse de um poder econômico influente, movimento social desses moradores conseguiu a criação de um
parque que delimitava o acesso a Serra e estabelecia fronteiras. Como explicado por um dos guias durante a
visita ao Parque da Serra do Curral, recentemente houve essa restrição ao público para a trilha percorrida.

Ocorreu então, a territorialização da área. Não mais aberta para qualquer pessoa, ela e a mata não são mais
degradadas por queimadas, poluição evidente e descuido para com os animais da fauna. Não obstante, os
moradores conseguiram reduzir o conflito social, culminante à violência urbana, que se processava aos pés
do monumento.

Dessa forma, para um


maior controle, a
administração do parque,
juntamente com o poder
estatal e com o apoio de
uma grande empresa
mineradora da região, a
Vale, implantou um
cadastro que deve ser feito
com antecedência para
que esta trilha seja
acompanhada por
profissionais. Com essas
novas diretrizes de manejo,
foi possível reduzir
significantemente os
problemas antigos.

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