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HISTÓRIA DA CONSTRUÇÃO DA
ARQUEOLOGIA HISTÓRICA BRASILEIRA
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Estudos Bibliográficos: Ensaios - Rev. do Museu de Arqueologia e Etnologia, São Paulo, 13: 269-301, 2003.
acidente e sim uma necessidade”, com a teoria da localização de “casas fortes”, que foram construídas
evolução de Charles Darwin, que as Ciências no século XVI, por Gabriel Soares de Souza em
Naturais vão se desdobrar. suas penetrações no sertão baiano. Nessa mesma
O surgimento das sociedades científicas, das época, Loureiro Fernandes desenvolveu um
universidades, dos museus, as revistas especializadas trabalho pioneiro na Serra Negra, no Paraná,
e o empenho dos naturalistas viajantes associado quando investigou ossadas humanas e vestígios de
com a realização de grandes expedições de argila destinados a lacrar as aberturas na rocha que
exploração compõem o ambiente intelectual foram utilizadas para sepultar corpos. Esses
inquieto que marca, de maneira profunda, o século túmulos foram identificados como pertencentes a
XIX. Como decorrência, ampliam-se a Geologia, a negros quilombolas, mas não foram feitos estudos
Botânica, a Zoologia, assim como a Anatomia mais detalhados. Na década de 1940, Virgínia
Humana desdobra-se em estudo comparado das Watson estudou a Ciudad Real do Guaira, antiga
raças e evolução do homem. É nessa outra grande vila espanhola quinhentista no Paraná, analisou as
tradição do pensamento ocidental que se insinua a cerâmicas e abriu caminho para futuros trabalhos
pré-história e que, muito posteriormente, se nesse povoado.
desdobra em Arqueologia Histórica. Já na década de 1950, ocorrem vários
A definição de Arqueologia Histórica Brasileira estudos: Padre Luiz Gonzaga Jaeger fez interven
é o campo de saber que pretende dar conta da ções assistemáticas nas missões jesuíticas de São
introdução e do desenvolvimento no território que Nicolau, São Luiz Gonzaga e São Borja. Foram
se transformou na nação brasileira de novas feitas escavações na capela do antigo Colégio dos
práticas políticas, sociais e econômicas que Jesuítas, em Paranaguá, por Loureiro Fernandes,
caracterizavam países europeus em seu processo tendo como objetivo auxiliar os trabalhos de
de expansão territorial e ocupação das terras restauração do prédio. Inaugura-se um aspecto que
indígenas na América do Sul. vai marcar a trajetória da Arqueologia Histórica - o
A estruturação da Arqueologia Histórica, em desenvolvimento de estudos associados aos
diferentes países, é recente. Na Inglaterra, a prática trabalhos de restauração.
da Arqueologia em contexto medieval está presente Continuando com Andrade Lima (1993),
desde 1840, mas é só em 1957 que surge a durante um longo período, a Arqueologia Histórica
Society fo r M edieval Archaeology. Nos Estados brasileira dedica-se ao estudo de prédios coloniais,
Unidos, cresceu lentamente até a década de 1960, investiga igrejas, missões, conventos, fortificação e
quando se deu a criação, em 1967, da Sociedade solares etc.. E fortemente impregnada pela ideolo
de Arqueologia Histórica. No mesmo ano foi criada gia então vigente nas esferas patrimoniais, cuja
a Sociedade de Arqueologia Pós-Medieval, na concepção elitista e arquitetônica de bem cultural
Inglaterra. A Austrália, três anos antes, já havia privilegia os monumentos de pedra e cal. Dessa
formado sua sociedade de Arqueologia Histórica. forma, a Arqueologia teve, como seu principal
Atualmente, em diferentes países da América Latina interesse, o estudo dos segmentos dominantes da
e no Canadá, há uma multiplicação de centros de sociedade brasileira. Foi reduzida, na maioria dos
pesquisas, sociedades científicas, cursos de pós- casos, a uma técnica a serviço de outras áreas de
graduação voltados para o estudo dos processos conhecimento, como a História e a Arquitetura.
relacionados com o estabelecimento dos europeus. Operou em um nível meramente arqueográfico, sem
(M eneses 1983a; Orser 1996). explorar o seu potencial interpretativo, ficando em
A Arqueologia Histórica é assim considerada um plano de relativa marginalidade frente à História,
uma disciplina recente no contexto cientifico. No à Arquitetura e à própria Arqueologia Pré-histórica.
Brasil, embora desde a década de 1930 algumas Analiso, agora, algumas características da
intervenções tenham sido realizadas em sítios pesquisa arqueológica no Brasil, no momento em
históricos na região Sul, foi apenas a partir da que surge um maior interesse em relação aos sítios
década de 1960 que a Arqueologia, como um todo, históricos. Na década de 1950, a Arqueologia
e a Arqueologia Histórica, em particular, adquiriram brasileira passa por um momento bastante impor
características científicas mais sistemáticas. tante no que se refere a sua estruturação em termos
Segundo Andrade Lima (1993), já no final da científicos. São contribuições importantes a Missão
década de 1930, Hermán Kruse empenhou-se na Francesa e a influência de pesquisadores america
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nos. Os arqueólogos franceses, seguindo o modelo tradições arqueológicas encontradas no Brasil que
adotado pelas várias missões francesas na América ainda hoje é uma referência importante para a pré-
do Sul, dedicaram-se aos estudos de sítios de história. No que se refere à análise de outros tipos
caçadores e dos grafismos rupestres e os pesquisa de sítios, a fragilidade teórico-metodológica dessa
dores americanos voltaram as suas atenções linha de pesquisa fica extremamente evidente e este
especialmente para os sítios cerâmicos e para os é o caso específico da abordagem de sítios
sambaquis (Barreto 1999). históricos.
É de particular interesse, a contribuição de É na década de 1960 que surgem os primeiros
Betty Meggers e Clifford Evans, especialmente as trabalhos de Arqueologia Histórica efetivamente
pesquisas desenvolvidas no bojo do Programa sistemáticos, tanto no sul como no nordeste do
Nacional de Pesquisa Arqueológica (PRONAPA), país. No Rio Grande do Sul, seguindo a orientação
ativo no período compreendido entre 1965/70 e do PRONAPA, são investigadas as missões
que construiu o primeiro panorama da pré-história jesuíticas e é criada a primeira fase cultural referen
brasileira. Vou deter-me na contribuição do casal te ao período histórico, a fase Missões. São os
Evans, pois materiais históricos foram recuperados, trabalhos de localização de povoados cobertos
analisados e interpretados segundo a perspectiva pela vegetação, análise de materiais provenientes
abraçada por eles. Perspectiva esta que se difundiu de coletas de superfície e sondagens e identificação
amplamente no Brasil e, até os dias de hoje, é uma de técnicas introduzidas pelos europeus. No
referência. Em um determinado período, especial nordeste, à mesma época, surgiram pesquisas em
mente a década de 1970 e até mesmo 1980, as fortificações e igrejas de Pernambuco. No decorrer
estratégias de campo e de análise adotadas pelo dos anos 1970, os estudos relacionados com as
PRONAPA foram recorrentes na arqueologia Missões foram enfatizados tanto no sul como no
brasileira. Pode-se dizer que era a maneira nordeste do Brasil. Os estudos realizados nas
preponderante de se fazer pesquisa, muito embora Missões Jesuíticas-guarani apontaram para um
louváveis exceções sempre tivessem se destacado. tema de pesquisa que iria receber atenção significa
Trata-se de uma linha de pesquisa fortemente tiva dos arqueólogos. São as investigações sobre
influenciada pela Ecologia Cultural americana, de contatos interétnicos e os fenômenos de aculturação,
Julian Steward, e especialmente pela visão de Betty que seriam aprofundados na década de 80
Meggers que prioriza os fenômenos naturais ao (Andrade Lima 1993).
construir interpretações sobre mudança social. No No Rio de Janeiro, Ondemar Dias identifica
PRONAPA, o casal Evans adotou como estratégia uma cerâmica que denomina de “cabocla”
de ataque dos sítios arqueológicos a realização de resultado do contato entre índios e europeus, material
coletas de superfície e de pequenas sondagens que passou a integrar a tradição Neobrasiliera e
feitas a partir de níveis artificiais. Os materiais que se refere ao período colonial. Segundo
foram ordenados segundo a seriação Ford, definição apresentada em Chmyz (1976:145), a
procedimento que organiza os vestígios a partir de tradição cultural Neobrasiliera é “...caracterizada
tipologias concebidas para detectar mudanças pela cerâmica confeccionada por grupos familiares,
através do tempo e do espaço. Segundo esta linha neobrasileiros ou caboclos, para uso doméstico,
de pesquisa, os materiais são classificados segundo com técnicas indígenas e de outras procedências,
as categorias de fase e tradição inspirados em onde são diagnosticadas as decorações: corrugada,
W illey& Phillips (1955). escovada, incisa, aplicada, digitada, roletada, bem
Para M eggers & Evans (1985), fase e tradição como asas, alças, bases planas em pedestal,
mantêm a mesma relação que gênero biológico cachimbos angulares, discos perfurados de
possui com a espécie, sendo que a tradição persiste cerâmica e pederneira”
por mais tempo e ocupa áreas mais extensas do A tradição Neobrasileira é um instrumento de
que a fase. A fase por sua vez é definida segundo análise que pretende dar conta do processo
uma seqüência seriada e representa a expressão desencadeado com a chegada dos europeus ao que
arqueológica de uma comunidade etnográfica. viria ser a nação brasileira. Porém, na maioria dos
No que se refere aos sítios cerâmicos, as trabalhos onde se observa o uso do termo, ele está
pesquisas realizadas no âmbito do PRONAPA voltado quase exclusivamente para a descrição de
forneceram um panorama espaço-temporal das cacos cerâmicos e a caracterização das técnicas de
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confecção. Investe-se, especialmente, no estudo da está vinculada apenas à filiação que se dá mediante
cerâmica colonial, outros materiais eventualmente exigências mínimas e à periodicidade das reuniões.
presentes nos sítios raramente são mencionados. Destaco, ainda, que a S AB é resultado do proces
A visão reducionista desse esquema, fortemen so de amadurecimento da disciplina e que para seus
te marcado pelo determinismo ambiental, pouco se congressos são eleitos temas considerados como
adequa à interpretação de fenômenos pós-contato pertinentes e significativos pela comunidade
com europeu. A riqueza documental sobre este científica.
período - quer seja relato de cronistas, de religio Escolhi analisar os cadernos de resumos dos
sos ou toda a produção sobre o Brasil Colônia, encontros da SAB pois, diferentes dos anais das
Império e República - mostra a complexidade dos reuniões, eles melhor expressam os interesses
fatos sociais. Evidencia a inadequação dos instru enfocados em cada reunião. Corroborou minha
mentos de análise, amplamente utilizados pela opção o fato de os anais, muitas vezes, terem sido
Arqueologia brasileira, para dar conta do período divulgados de maneira tão tardia que, praticamente,
histórico. A tradição Neobrasileira, um dos coincidem com a reunião seguinte (este foi o caso
produtos do PRONAPA, teve vida curta. da X SAB, em 1999). Além do mais, por diferentes
A restrição de seu uso é um indicador de que motivos, nem todas as comunicações apresentadas
rapidamente a comunidade de pesquisadores nos encontros resultam em contribuições para os
percebeu que as premissas abraçadas pelo anais dos congressos. Alguns autores preferem
PRONAPA não poderiam dar conta de uma divulgar em outros meios e certos trabalhos não
realidade que envolvia os reinos de Portugal, têm fôlego para se transformarem em artigo. Dessa
Inglaterra, França e Holanda, diferentes povos forma, considero que os livros de resumos melhor
indígenas e nações africanas. As nações européias e expressam os interesses da comunidade no
suas colônias, em pleno mercantilismo e com momento de realização de cada congresso.
sofisticado controle de exploração do ambiente, Infelizmente, não encontrei o programa da IH
dificilmente poderiam ser estudadas à luz da versão reunião da SAB que ocorreu em Goiânia, em 1985.
da Ecologia Cultural introduzida no Brasil por Betty Para proceder à análise das contribuições
Meggers e Clifford Evans. estabeleci 10 categorias: caçadores, pescadores/
É nesse contexto científico que surge um dos coletores, horticultores/ceramistas, nativos,
desdobramentos da Arqueologia, a Arqueologia grafismos, antropologia física, teoria e método,
Histórica. Para avaliar o seu desenvolvimento, e abordagens regionais, patrimônio cultural, estudos
especialmente as relações com a Arqueologia Pré- de região, arqueologia histórica, arqueologia
histórica, analisarei as publicações relevantes que clássica e notícias. A categoria “caçadores” inclui as
divulgam os resultados de pesquisa no Brasil. Optei contribuições que versam sobre o início da
por fazer um balanço apoiando-me nos anais do III ocupação do território brasileiro, as reflexões sobre
Seminário Goiano, realizado em 1980, e, sempre as tradições Umbu, Humaitá e Itaparica, bem como
que possível, nos cadernos de resumos divulgados os estudos de indústrias líticas. “Pescadores/
pela Sociedade de Arqueologia Brasileira (S AB). coletores” refere-se aos grupos sociais que
Informo que não tive acesso nem ao caderno de ocuparam o litoral brasileiro, às tradições ou fases
resumos nem aos anais da reunião da S AB que denominadas de Macaé e Itaipu, aos estudos sobre
ocorreu em 1985. sambaquis sujos ou limpos e às adaptações
O III Seminário Goiano foi um momento litorâneas. “Horticultores/ceramistas” é a categoria
importante na história da disciplina, pois a comuni que agrupa os estudos relacionados com as
dade de pesquisadores se reuniu para elaborar uma tradições ceramistas e grupos horticultores, já a
síntese da ocupação pré-histórica do território categoria “nativos” reúne reflexões sobre grupos
nacional. Neste encontro, também, foi amadurecida indígenas quer seja da perspectiva da etnoarqueologia
a idéia de formar uma sociedade de arqueologia. ou da etnohistória.
A escolha em analisar os volumes das reuniões “Grafismo” aglutina as contribuições sobre
científicas da S AB para acompanhar a constituição pintura e gravura rupestre. “Antropologia Física”
da Arqueologia Histórica recai nos seguintes fatos: reúne os trabalhos que tratam de análise dos
a associação congrega número significativo de esqueletos humanos, já “teoria e método”, confor
profissionais, a apresentação e publicação de idéias me o próprio título informa, incorpora reflexões
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sobre o tema. Neste caso, é preciso ressaltar que a arquitetônico. Os “estudos de caso” reúnem os
grande maioria das contribuições trata preferencial resumos que apresentam apenas os dados básicos
mente de métodos e que são raras as reflexões em relação a um determinado sítio histórico e até
teóricas. O item “patrimônio cultural” trata dos mesmo a um conjunto de sítios sem que seja
inventários de sítios, das avaliações e dos debates explicitado nenhum tipo de reflexão sobre hábitos
sobre política de preservação. Os “estudos de ou costumes. Já a categoria “estudo de materiais e
região” incorporam todos os levantamentos de área técnicas de análise”, como deixa claro a denomina
e a arqueologia da paisagem. Já a categoria ção escolhida, agrupa comunicações que versam
denominada “Arqueologia Histórica” agrupa as sobre materiais típicos de sítios históricos, tal como
reflexões voltadas para o modo de vida que se a faiança, e técnicas de análise, quer seja de
estabeleceu após a colonização européia. “Arqueo materiais ou do próprio sítio.
logia clássica” agrupa as contribuições sobre Egito, A categoria “estudos de práticas cotidianas e
Mediterrâneo e outros. A categoria “notícias” mentalidades” reúne os trabalhos que enfocam
reúne os debates sobre os diferentes meios e os aspectos da vida cotidiana relacionado com o sítio em
diferentes fins de divulgação (educação, museus, estudo (práticas de higiene, poder, espaço, memória),
In ternet,...). E, também, o espaço destinado para a já as “reflexões sobre teoria e metodologia”
divulgação de resultados relacionados com novas agrupam os estudos que se caracterizam pela
técnicas de análise. (Tabela 1 e Gráfico 1). reflexão teórica. “Notícias” é uma categoria
Quero ressaltar os limites desta classificação bastante heterogênea e reúne apresentações de
que visa exclusivamente delinear a incorporação da projetos, notas de intenção de estudo, notícias de
temática da Arqueologia Histórica no seio da sítios e outros.
principal reunião científica de arqueólogos brasilei Bem sei que muitas contribuições poderiam se
ros. As primeiras reuniões caracterizam-se por encaixar em duas ou três categorias estabelecidas
tratar e ordenar os temas de maneira bastante mas cada uma delas integra uma única. Muito
empírica e de forma estanque. Com o desenvolvi embora as sessões (sejam simpósios, grupos de
mento da disciplina, eles vão se imbricando, trabalho ou mesa redonda) tenham sido preparadas
desdobrando-se e tomando-se mais complexos. para aprofundar temas específicos e que, portanto,
Um bom exemplo é o grafismo, no início era todas as contribuições poderiam ser encaixadas,
tratado de maneira isolada, praticamente restrito à em bloco, em uma mesma categoria, decidi
descrição de desenhos nas rochas e sua distribui reordená-las segundo os temas estabelecidos.
ção espacial. Atualmente, há todo um investimento Procedi desta maneira por considerar que o resumo
em associá-lo com os vestígios de solo e investigar expressa de maneira mais significativa a questão
as regras sociais que orquestraram a sua execução. focal da pesquisa e considerei, também, que, muitas
Com o passar dos anos e com o acúmulo de vezes, questões de ordem política também interfe
conhecimento, a ordenação dos temas passou a ser rem na composição dos membros das sessões. A
menos empiricista e toma-se uma árdua tarefa Tabela 2 enfoca as contribuições de Arqueologia
enquadrá-los no modelo que regia os primeiros Histórica apresentadas nas reuniões da SAB e a
encontros da Sociedade de Arqueologia. Porém, sua respectiva classificação temática. O Gráfico 2,
como a Arqueologia Histórica inaugura a sua elaborado com os mesmos dados, permite uma
participação na V IS A B , em 1987, e já se passa melhor visualização da evolução desse campo de
ram mais sete encontros, optei por ater-me à saber e, em anexo, estão listados todos os traba
ordenação temática das primeiras reuniões. lhos que foram analisados.
No que se refere especificamente à Arqueolo Na publicação que resultou do seminário de
gia Histórica e, também, a partir da leitura dos Goiás ficou bem claro quais os temas que os
resumos, estabeleci seis categorias: arqueologia de arqueólogos queriam priorizar: paleo-índio, arcaico
restauração, estudos de caso, estudos de materiais do litoral e do interior, cultivadores do planalto e do
e técnicas de análise, estudos de práticas cotidianas litoral e arte rupestre. Não foi feita qualquer
e mentalidades, reflexões sobre teoria e metodologia referência sobre Arqueologia Histórica, muito
e notícias. “Arqueologia de restauração” refere-se embora alguns pesquisadores já tivessem voltadas
às pesquisas que estão diretamente relacionadas suas atenções para o período colonial. Como já
com os trabalhos de recuperação do patrimônio mencionei, Virginia Watson já havia realizado
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trabalho com enfoque de Arqueologia Histórica na Logo após, em outubro de 1985, a Secretaria
cidade Real do Guaira, Chmyz (1963; 1964) deu do Patrimônio Histórico Artístico Nacional, atual
continuidade às suas pesquisas. Blasis, em 1961, Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico
já havia publicado trabalho considerado pioneiro na Nacional, órgão responsável pela preservação do
Missão Jesuítica de Santo Inácio Mini. Na realida patrimônio cultural brasileiro, e a Fundação Pró-
de, desde a década de 60, ocorreram várias Memória, organizaram o Seminário de Arqueologia
abordagens de sítios históricos. Histórica, no Paço Imperial, no Rio de Janeiro. O
Logo após o III Seminário Goiano, em 1981, encontro reuniu um grande número de participantes,
ocorre a I reunião científica da SAB. O livro de cerca de 340 pessoas. Segundo Andrade Lima
resumos conta com 39 contribuições agrupadas em (1993), nesse momento, a disciplina foi parcial
grandes temas: caçadores e coletores, início da mente resgatada da inferioridade em relação ao
agricultura e horticultores, modelos etnográficos campo da pré-história, iniciando uma nova etapa.
para a arqueologia, arte rupestre, temas variados. Foi, de fato, uma surpresa a quantidade e a
Nenhuma sessão intitulada arqueologia histórica e qualidade de trabalhos apresentados.
nenhuma linha sobre material histórico. Significati Nesses dois seminários, o de São Paulo e o do
vamente, apesar de já existir um certo acúmulo de Rio de Janeiro, fica bem clara uma das característi
informações, não ocorre nenhuma referência a cas que marcam o início da arqueologia histórica.
qualquer tipo de questão relacionada ao período Surge atrelada ao processo de recuperação da
pós-contato com os europeus. Isso indica que, até memória nacional que investe de maneira significati
então, os arqueólogos definiam o seu perfil como va na restauração de prédios e monumentos.
estudiosos do período antes do contato com o Processo que é levado adiante, principalmente por
europeu. Só na reunião de 1987 é que temas como arquitetos e historiadores, e é com os primeiros que
sítios do século XIX, trabalhos sobre restauração, se dão os maiores conflitos. Como numa batalha,
guerras, entre outros, são tratados no âmbito das pois é assim que, segundo Bourdieu (1983), se
reuniões da SAB. A Arqueologia Histórica surge na pode pensar as relações entre as disciplinas - os
IV reunião da SAB, em 1987, com peso e forte arqueólogos disputam verba, tempo, espaço e
determinação de marcar presença, entre todas as interpretação com os arquitetos, já que são estes
categorias é a que apresenta maior número de profissionais que tocam as obras e, em certas
contribuições. A partir desse momento, com alguma circunstâncias, convocam arqueólogos. Essa
oscilação, só vai crescer e se desdobrar (ver situação marcou os trabalhos apresentados nos
Tabela 1, Gráfico 1). seminários. Muitos projetos foram concebidos sem
É na esfera pública que lida com a preservação a participação de arqueólogos e as equipes tiveram
do patrimônio histórico cultural da nação que a uma série de dificuldades em impor o seu ritmo de
pesquisa em Arqueologia Histórica ganha evidência. trabalho e p osições.
Algumas prefeituras reconhecem a importância do A disputa da Arqueologia Histórica é com
trabalho de arqueólogos. Em São Paulo é celebra arquitetos, pois nesse momento a Arqueologia
do um convênio entre a prefeitura e a Universidade Histórica ainda não produz conhecimento que
de São Paulo e Margarida Andreatta coordena uma pudesse contrariar interpretações já existentes.
série de estudos. As informações obtidas, apesar Disputa espaço para realizar trabalhos de campo,
de certas dificuldades que marcam o desenvolvi em seu próprio ritmo de pesquisa, e não pressiona
mento da pesquisa, começam a influenciar os da por cronograma de obra. Significativamente, o
trabalhos de restauração. Lá também, ocorre o I embate, nesse momento, não se dá com a História,
Seminário do Patrimônio Histórico da Cidade de pois esta disciplina recebe, com certa simpatia, as
São Paulo. É um grupo restrito que se reúne e fica contribuições de arqueólogos. Para alguns domínios
claro o confronto entre arqueólogos e arquitetos, os da história, a incorporação de informações obtidas
primeiros sendo vistos claramente como empecilho a partir da análise da cultura material é mesmo uma
para o cronograma de obras. Ulpiano Bezerra de tradição, sendo recorrente nos estudos de Egito e
Meneses explicita que uma nova ordem precisa ser Grécia.
imposta - os trabalhos de arqueologia devem Por outro lado, a própria História começa
preceder as intervenções arquitetônicas e de rever criticamente o potencial informativo do
restauração. documento escrito, especialmente no que se refere
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ao fato de o documento escrito ser essencialmente comunidade missioneira sem relacioná-la com uma
representação (Meneses 1983b). Nesse mesmo realidade mais ampla na qual está inserida. Pedro
movimento, começa a valorizar outras evidências Paulo Funari, por sua vez, um dos mais combativos,
da cultura material que, por sua vez, passam a ser inúmeras vezes ressalta a especificidade da
consideradas também como documentos. Arqueologia Histórica (Funari 1991,1996).
Os arqueólogos historiadores são implacáveis Já na SAB, em 1987, a Arqueologia Histórica
nos seus argumentos, A mo Kem, Pedro Paulo marca sua presença com 14 comunicações sob a
Funari e Carlos Guimarães, separadamente e em coordenação de A mo Kem. Vários arqueólogos,
diferentes situações, ressaltam a importância do até então voltados exclusivamente para a pré-
tipo de informação que pode ser obtida através do história, passam também a divulgar os resultados
estudo da cultura material. Na visão desses autores, de estudos de materiais provenientes do período de
a cultura material permite lançar “um novo olhar” contato com os europeus. O próprio Arno abando
sobre determinadas realidades sociais. Entre as na os estudos em sambaqui e volta-se para o
várias peculiaridades que a caracterizam, está a estudo das Missões Jesuíticas, Gabriela Martin
possibilidade de dar voz aos segmentos menos apresenta os estudos em Missão Vila Flor, M arga
privilegiados que não tiveram a oportunidade de rida Andreatta e Dorath Uchôa analisam uma
registrar, por escrito, a sua experiência social. caieira que fabricava a cal proveniente de um
Nesse sentido, a cultura material permite sambaqui e Tânia Andrade Lima estuda os sítios
desvendar informações que nunca foram menciona históricos do Rio de Janeiro. A partir de 1993 são
das nos relatos das elites dominantes (religiosa, mais recorrentes os trabalhos no campo da
política ou econômica) por desconhecimento, por Arqueologia Histórica. É destaque o grupo de
não considerar relevante ou simplesmente pelo puro trabalho intitulado Arqueologia Africana no Brasil,
desejo de omitir. Permite estudar, em detalhe, por coordenado por Pedro Paulo Funari e o curso
exemplo a organização nos Quilombos, o seu denominado Arqueologia Histórica no Brasil,
cotidiano, estratégias de sobrevivência e proteção. coordenado por A mo Kem com a participação de
Destruir certas pré-noções amplamente divulgadas Paulo Tadeu de Albuquerque e Tania Andrade
pela história, quer seja que os Quilombos manti- Lima
nham-se praticamente isolados ou que todas as A maioria dos trabalhos é descritiva, outros
Missões eram iguais em decorrência do traçado são apenas informes de intenções. Alguns são
urbanístico imposto pelas ordens religiosas, e tc .... decorrentes de obras de restauração e se limitam a
(Funari 2000; K em 1994) contribuir para o processo de recuperação de
A pesquisa de A m o Kern: (1994,1998) prédios e monumentos. O seu número indica o
mostra, de um lado, a complexidade das relações grande peso que essa linha de atuação tem na
entre jesuítas e Guarani; de outro, as relações do Arqueologia brasileira. Porém, destacam-se alguns
Povo das Missões com outros grupos indígenas, que já apresentam questões mais elaboradas como
com a coroa espanhola e com a portuguesa sempre o estudo do processo de implantação de ordem
à procura de mão de obra já “civilizada”. Apresen burguesa na cidade do Rio de Janeiro. Tania
ta, em detalhes, o processo que denomina de Andrade Lima, em 1987, apresenta “a tralha
“transculturação”, a manutenção de uma série de doméstica” recuperada em sítios históricos do Rio
costumes indígenas, a mistura de determinados de Janeiro. O criativo título de seu trabalho permite
hábitos em certos domínios (o traçado urbanístico vislumbrar a leitura inovadora do modo de vida que
europeu e a permanência de grandes casas para se instalou no Brasil com a chegada da corte
familias extensas), e a imposição de certos hábitos portuguesa e que teve desdobramentos com “Chá e
pelos jesuítas, como o uso do arado por homens. simpatia”, em 1999, título também sugestivo, no
Am o Kem, historiador de formação e treinado qual é investigada como a cerimônia se estruturou
em arqueologia no Rio Grande do Sul, estado que na Inglaterra e as feições que tomou no Brasil
cedo desenvolveu uma sólida tradição de pesquisa patriarcal.
em Missões, é um dos primeiros a estabelecer um Se existia restrição, por parte dos pre
debate acirrado com a História. Em diversas historiadores, em relação àqueles que se voltam
situações, critica a maioria dos trabalhos de história para os temas históricos, tal conduta já não se
que se limita a uma análise interna estrutural da sustenta. Vários profissionais que integram a SAB,
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considerada até então como domínio dos estudio disciplina científica. Muitos consideraram que a
sos do período pré-colonial, passam a dedicar-se solução para este problema era incorporar os
ao tema. Em todos os encontros há trabalhos de métodos e fundamentos das ciências experimentais,
Arqueologia Histórica e cada vez é maior o número mas predominou uma perspectiva assumida por
de intervenções (grupos de trabalho, mesas David Clarke que tratou de transformar a Arqueo
redondas, vídeos, cursos, painéis) (ver Tabela 1 e logia em ciência, atribuindo-lhe um campo específi
Gráfico 1). co, com objetivo e método próprios. Para tom ar a
Por volta de meados da década de 1990, os Arqueologia uma ciência capaz de explicar
pesquisadores que se dedicam ao estudo do diferenças e similitudes culturais inspiraram-se em
período colonial consideraram que tinham questões três linhas de pesquisa. 1) no Evolucionismo
e problemas específicos e iniciaram um movimento Americano, de Leslie White, que procurou
para criar uma associação, seguindo, assim, o estabelecer relações comensuráveis entre energia
modelo de outros países. Cabe perguntar, por que, tecnológica e o desenvolvimento das civilizações; 2)
diferente do que ocorreu na Austrália, Inglaterra e na Ecologia Cultural, de J. Steward, com o seu
Estados Unidos, o projeto não se concretizou. Não evolucionismo multilinear - entendido no âmbito
creio que a iniciativa de criar uma associação das articulações da cultura e meio-mabiente.; 3) No
específica não tenha se efetivado em decorrência Funcionalismo da antropologia britânica (de
do pequeno número de profissionais engajado no Radcliff Brown e Malinoswski) principalmente no
projeto, já que um grupo restrito de pesquisadores conceito de adaptação, que termina por tom ar a
teve fôlego para criar o Fórum de Arqueologia, cultura equivalente a um sistema adaptativo.
quando discordaram dos caminhos adotados pela Foi um movimento efervescente com significa
SAB. Até hoje o projeto não se concretizou e tiva produção, novas abordagens e com repercus
parece não ser mais necessário. Pesquisadores que são importante na própria definição da Arqueolo
se dedicam ao estudo da Arqueologia Histórica gia. Segundo essa corrente teórica, o objeto de
foram presidentes da SAB - Gabriela Martin, eleita estudo é o sistema cultural, quer seja no passado
em 1991; A m o Kern, em 1993; Paulo Tadeu de longínquo dos primeiros caçadores quer seja na
Albuquerque, em 1995 eTania Andrade Lima, em atualidade. Fica para trás o recorte temporal que
1999 - e o espaço está aberto para tratamento de desde o início da Arqueologia delimitou esse campo
temas relacionados com o período após o contato de saber. A disciplina deixa de se restringir a um
com os europeus. determinado período (o pré-histórico), etapa na
Fica claro que a arqueologia no Brasil ampliou qual não se conta com documentos escritos.
significativamente o seu campo de estudo, o Caracteriza a Nova Arqueologia uma preocupação
período pós-contato com europeus passou a ser, sistemática em estabelecer analogias com gmpos
também, foco de interesse de muitos estudiosos, atuais e, portanto, uma valorização dos estudos de
especialmente após 1999 quando ocorre uma etnoarqueologia. São inúmeras as pesquisas com
espécie de boom da Arqueologia Histórica. sociedades vivas.
Considero que o abandono do projeto de criação Apesar das fortes críticas que recebeu,
de uma sociedade voltada para o estudo do algumas bem merecidas, a Nova Arqueologia foi
período histórico está relacionado com a mudança um dos movimentos mais criativos da Arqueologia.
que ocorreu na própria definição da Arqueologia Uma verdadeira tempestade de idéias. Convém
em países que influenciam a disciplina no Brasil. lembrar que as influências da Nova Arqueologia só
Na década de 1960, ocorreu um importante chegaram ao Brasil por volta da década de 1980.
movimento nos Estados Unidos e Inglaterra. Segundo Andrade Lima (2000) enquanto nos países
Ulpiano Bezerra de Meneses (mimeo) fornece um de língua inglesa condenavam-se as tipologias, as
balanço das contribuições que resumo a seguir. construções cronológicas, as infindáveis descrições
Trata-se de uma reação ao Histórico Culturalismo, com fim em si mesmas e o método indutivo, no
approach de pesquisa difundido por Franz Boas e Brasil ocorria um movimento oposto. Florescia uma
que dominava as pesquisas arqueológicas desde o ecologia cultural bastante equivocada. As exceções
início do século passado. Foi um movimento são pesquisas de etnoarqueologia, padrões de
capitaneado por Lewis Binford e que teve como assentamento abordando caçadores, sambaquieiros
preocupação central tomar a Arqueologia uma e horticultores e, na Arqueologia Histórica, os
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Estudos Bibliográficos: Ensaios - Rev. do Museu de Arqueologia e Etnologia, São Paulo, 13: 269-301, 2003.
estudos voltados para entender fenômenos de do. Este é o tema de pesquisa, inúmeras vezes
aculturação e a instalação do modo de vida burguês mencionado, do projeto coordenado por William
no Brasil colônia e república (Barreto 2000). Rathje (1996). Trabalho que é utilizado como um
Uma avaliação das premissas teórico-metodológicas exemplo do potencial informativo da cultura
difundidas pela Arqueologia Processual deixa claro material e mostra que geralmente “o que a pessoa
que elas não são adequadas para dar conta de diz” é muito diferente “do que a pessoa faz”
processos de interação e conflito cultural que Rathje e seus colegas coletaram lixo doméstico na
marcaram o período histórico no Brasil. Refiro-me cidade de Tucson, Arizona, e estudaram seu
a toda diversidade de grupos indígenas, os diferen conteúdo. Na análise, ficou claro que as estimativas
tes contingentes europeus (portugueses, franceses, dos habitantes desta cidade, sobre o total de lixo
holandeses) com interesses distintos e contraditóri que eles produzem, é totalmente incorreta. E
os, que abrangem uma enorme gama de motivações especialmente equivocada em relação ao descarte
que vão desde aspirações religiosas até a mais pura de latas de cerveja, sendo esta conduta uma
exploração comercial. Completa, ainda, o panora estratégia para camuflar o alto consumo de álcool.
ma a forte presença de diferentes etnias africanas. É também uma especificidade do Pós-
Toda esta complexidade, dificilmente, poderia ser processualismo encorajar vozes alternativas na
aprofundada a partir de uma visão normativa de Arqueologia. Ocorre, lentamente, um crescimento
cultura difundida pela Nova Arqueologia. do pluralismo interpretativo e a interação de
É no que se pode chamar de “segunda múltiplos pontos de vista para construir conheci
revolução da Arqueologia”, movimento denominado mento. Assim, nas últimas duas décadas, a Arqueo
de Arqueologia Pós-processual que a Arqueologia logia Ocidental passou por processo bastante
Histórica brasileira, já com o seu lugar assegurado decisivo de debates, críticas e revisões de linhas
na comunidade acadêmica, vai florescer. teóricas dominantes, desembocando em pluralismo
A crítica mais agressiva à Arqueologia Proces teórico, temático e metodológico jamais visto na
sual veio de Cambridge e começou minando o história da Arqueologia. Este movimento foi
positivismo da Nova Arqueologia. Critica-se o desencadeado pelas críticas de Cambridge à
approach sistêmico, a influência da Ecologia Arqueologia Processual e depois continuou com o
Cultural e dos esquemas evolucionarlos que aparecimento de um novo leque de perspectivas
dominaram os estudos das sociedades. Ian Hodder, teóricas. Deste conturbado período surge uma
um dos destaques desse movimento, mostrando a Arqueologia mais reflexiva quanto a sua natureza
influência da Escola de Frankfurt, resiste a toda Trata-se de um quadro muito mais favorável
tentativa de transformar a Arqueologia em uma para o desenvolvimento da Arqueologia Histórica.
Ciência Natural. Volta as suas atenções para o Não se questiona mais se estudar o período
artefato enquanto símbolo. Propõe que símbolos histórico é Arqueologia ou não. Valoriza-se, na
materiais refletem e simultaneamente criam a lógica análise, o uso de múltiplas fontes - cultura material,
interna que guia as ações práticas para todos os documento escrito e discurso - cada uma com suas
membros da comunidade. Comportamento é especificidades para construir interpretações.
negociação entre indivíduos e entre diferentes Enfoca-se o conflito entre segmentos sociais que
subgrupos (classes, gêneros e minorias) onde esses compartilham e fazem leitura divergente de uma
símbolos circulam (Mclntosh 1996). Em suas mesma prática social. Entram em foco a Arqueolo
interpretações, os processualistas recuperam a gia de gênero, de classes de idade, classes sociais,
abordagem de Leroi-Gourhan, especialmente sua diferentes etnias e credos religiosos.
idéia de cadeia de atividades, e apoiam-se no Apoiada na reflexão de Barreto (2000), é
estruturalismo, não na corrente de Lévi-Strauss pertinente avaliar a repercussão na Arqueologia
com sua perspectiva mais transcultural, mas sim no Brasileira das mudanças ocorridas nos Estados
particularismo de Clifford Geertz. Unidos e Europa. Como já ressaltei, a partir da
Ian Hodder (1992) proclam a que a Arqueolo década de 80 chegam ao país os reflexos da Nova
gia é o estudo da cultura material, em qualquer Arqueologia. Velhos temas são tratados sob novas
tempo e lugar. Desta maneira, fomece total perspectivas. A antigüidade da ocupação do
legitimidade aos estudos históricos e aos contem território brasileiro, que vem sendo estudada desde
porâneos. Até o lixo, recém-descartado, é estuda os primordios da Arqueologia, passa a ser analisa
277
Estudos Bibliográficos: Ensaios - Rev. do Museu de Arqueologia e Etnologia, São Paulo, 13: 269-301, 2003.
da à luz de teorias sobre a entrada do homem na Bahia. No esforço para sair do isolamento em que
América. Os sambaquis, outro tema mais que se colocou em decorrência de um a série de opções
centenário, recebe novo tratamento. Investiga-se a criticáveis, as Arqueologias (a pré e a histórica)
organização social e padrões de assentamento. saem juntas para correrem atrás do tempo perdido.
Novos temas são incorporados. Processo de Mas significativas, ainda, para a Arqueologia
mudança, sedentarização, transição para a agricul Histórica, são as reuniões de Teoria Arqueológica
tura e complexificação social. São abandonadas as na América do Sul, iniciadas em 1998. Trata-se de
estáticas categorias de pré-cerâmico, cerâmico ou um alinhamento com os colegas da América do Sul
histórico. Surgem novas abordagens como as com os quais é possível compartilhar as especificidades
pesquisas de etnoarqueologia e ocorre a integração do fazer Arqueologia nos trópicos. A Arqueologia
de novas fontes de informação, arqueólogos Histórica se faz presente através de um dos
passam a lidar com dados históricos, lingüísticos e organizadores do evento, Pedro Paulo Funari.
biológicos. A Arqueologia Histórica se fortalece. Porém, há ainda um longo caminho a percor
A Arqueologia brasileira, seguindo uma rer. Segundo a avaliação de Tânia Andrade Lima
tendência ocidental, é mais auto-reflexiva sobre a (2000), são poucos, muito poucos, os que incorpo
própria produção. São significativos os esforços de ram os preceitos da Nova Arqueologia e muito
síntese e as avaliações históricas sobre os rumos da menos os que acompanham as críticas feitas pelos
disciplina ou de temas específicos. São destaques arqueólogos de Cambridge. Mais raras ainda são
as contribuições de Prous (1991), Mendonça de as pesquisas que direcionam suas investigações
Souza (1991), Funari (1989), Barreto (1999; para o estudo de relações de poder e dominação,
2000), Robrahn-González (2000). para aspectos cognitivos e simbólicos, identificando
Arqueólogos brasileiros fazem enorme esforço o indivíduo como negociador ativo das regras
para sair do isolamento que aprisiona a disciplina. A sociais e admitindo suas escolhas como ideologica
série de seminários organizados por Edna Morley, mente determinadas, valorizando a estrutura mental,
do Instituto do Patrimônio Histórico Artístico os sistemas de crenças e ideologia e considerando
Nacional, traz ao Brasil vários profissionais conflito e contradição cultural. O pluralismo
americanos, entre eles Michael Schiffer, J. Parson, interpretativo ainda vai demandar muito tempo para
Norman Yoffe, Suzanne e Paul Fish. Estas visitas se instalar no país, muito embora, já tenha imprimi
científicas culminam com o que já é considerado um do algumas de suas marcas na Arqueologia
marco do atual período - o Congresso sobre Histórica que mais facilmente incorpora as inova
Teoria e Método realizado na Universidade de São ções teóricas.
Paulo, em 1995. Nele, arqueólogos brasileiros, Apesar de muitos trabalhos ainda serem
americanos e franceses sentam, lado a lado, em um eminentemente descritivos e outros tantos atrelados
profícuo intercâmbio científico. A troca de informa ao que se denomina “Arqueologia da Restauração”
ção científica substituiu o tradicional treinamento em esse campo da Arqueologia apresenta particulari
técnicas especializadas que durante muito tempo dades interessantes que permitem um desenvolvi
caracterizou a contribuição de arqueólogos mento rápido da disciplina que a partir de 1980 se
estrangeiros (Castro Faria 1989). impôs enquanto campo de saber e abriu espaço
Com a globalização, a difusão de informações junto aos arquitetos, historiadores e pré-historiado-
através de meios eletrônicos e a popularização das res. Construiu interpretações inovadoras sobre
viagens de avião, os pesquisadores brasileiros hábitos, costumes e mentalidades do Brasil colônia
passam a freqüentar, com regularidade, os centros e república. Temas nunca imaginados, são explora
mais avançados de Arqueologia. dos. Fala-se de práticas obsessivas em relação à
No primeiro simpósio brasileiro apresentado excreção de humores como forma de comporta
na Society fo r American Archaeology, em 1996, mento disciplinar da sociedade carioca do século
denom inado “A P anoram a o f B razilian XIX, estuda-se globalização (Andrade Lima 1996,
Archaeology”, coordenado por M aria Dulce 2002 ).
Gaspar, Paulo De Blasis e Edna Morley, uma das Cabe pensar o que este domínio da Arqueolo
importantes contribuições é um trabalho de gia tem de particular. O aspecto ímpar da Arqueo
Arqueologia Histórica. Paulo Zanettini apresentou logia Histórica é a sua capacidade de dispor
as práticas de guerra adotadas em Canudos, na simultaneamente do registro documental e do
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Gráfico 2 - Abordagens mais recorrentes em Arqueologia Histórica publicadas em livros de resumos das
reuniões científicas da Sociedade de Arqueologia Brasileira.
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Estudos Bibliográficos: Ensaios —Rev. do Museu de Arqueologia e Etnologia, São Paulo, 13: 269-301, 2003.
ANEXO
Classificação dos resumos de Arqueologia Histórica publicados em livros de resumos
das reuniões científicas da Sociedade de Arqueologia Brasileira
Ano Abordagens Título Autores
1987 Estudos de A tralha doméstica em meados do século XIX: Lima, T.A.; da Fonseca,
materiais e um estudo comparado de utensílios cotidianos M.P.R; Sampaio, A.C.O.;
técnicas de em sítios históricos do Rio de Janeiro Nepomuceno, A.F-. &
análise Martins, A.H.D.
1987 Notícias Análise dos vestígios arqueológicos de São Kem, A. A.; Cunha, J.;
Lourenço em laboratório Cazetta, M.; Nobre, E.;
Santos, R. & Ribeiro, C.
283
Estudos Bibliográficos: Ensaios - Rev. do Museu de Arqueologia e Etnologia, São Paulo, 13\ 269-301, 2003.
ANEXO (cont.)
Classificação dos resumos de Arqueologia Histórica publicados em livros de resumos
das reuniões científicas da Sociedade de Arqueologia Brasileira
Ano Abordagens Título Autores
284
Estudos Bibliográficos: Ensaios - Rev. do Museu de Arqueologia e Etnologia, São Paulo, 13: 269-301, 2003.
ANEXO (cont.)
Classificação dos resumos de Arqueologia Histórica publicados em livros de resumos
das reuniões científicas da Sociedade de A rqueologia Brasileira
Ano Abordagens Título Autores
1991 Estudos de A faiança portuguesa do século XVI a XIX no Albuquerque, P.T.S.
materiais e sítio Vila Flor - RN
técnicas de
análise
1991 Práticas Projeto Ouro Preto. Locus I: casa da festa. Junqueira, P.A.
cotidianas e
mentalidades
285
Estudos Bibliográficos: Ensaios - Rev. do Museu de Arqueologia e Etnologia, São Paulo, 13: 269-301, 2003.
ANEXO (cont.)
Classificação dos resumos de Arqueologia Histórica publicados em livros de resumos
das reuniões científicas da Sociedade de Arqueologia Brasileira
Ano Abordagens Título Autores
1993 Notícias Subsídios docum entais para a pesq u isa Assis, V.M.A.
arqueológica: as missões religiosas no nordeste
brasileiro. (C)
286
Estudos Bibliográficos: Ensaios - Rev. do Museu de Arqueologia e Etnologia, São Paulo, 13: 269-301, 2003.
ANEXO (cont.)
Classificação dos resumos de Arqueologia Histórica publicados em livros de resumos
das reuniões científicas da Sociedade de Arqueologia Brasileira
Ano Abordagens Título Autores
Higiene e saúde nos lixos domésticos do Rio Lima, T. A.; Sousa, A.C.;
de Janeiro - século XIX. (C) Ferreira, L.F.; Araújo, A. &
Rangel, A.
287
Estudos Bibliográficos: Ensaios - Rev. do Museu de Arqueologia e Etnologia, São Paulo, 13\ 269-301, 2003.
ANEXO (cont.)
Classificação dos resumos de Arqueologia Histórica publicados em livros de resumos
das reuniões científicas da Sociedade de Arqueologia Brasileira
Ano Abordagens Título Autores
Intervenção arqueológica na casa Fernão Dias; Paula, F.L.; Veloso, T.G & col.
Pedro Leopoldo - Minas Gerais. (C)
1995 Notícias Intervenções arqueológicas em Porto Alegre, RS, Cappelletti, A. & Tocchetto, F.
Brasil o exemplo de dois sítios históricos na área
central da cidade. (C)
288
Estudos Bibliográficos: Ensaios - Rev. do Museu de Arqueologia e Etnologia, São Paulo, 13: 269-301, 2003.
ANEXO (cont.)
Classificação dos resumos de Arqueologia Histórica publicados em livros de resumos
das reuniões científicas da Sociedade de Arqueologia Brasileira
Ano Abordagens Título Autores
289
Estudos Bibliográficos: Ensaios - Rev. do Museu de Arqueologia e Etnologia, São Paulo, 13: 269-301, 2003.
ANEXO (cont.)
Classificação dos resumos de Arqueologia Histórica publicados em livros de resumos
das reuniões científicas da Sociedade de Arqueologia Brasileira
Ano Abordagens Título Autores
1997 Notícias Projeto de intervenção arqueológica em Porto Etchevame, C. & Motta, L.B.
Seguro. (P)
290
Estudos Bibliográficos: Ensaios - Rev. do Museu de Arqueologia e Etnologia, São Paulo, 13: 269-301, 2003.
ANEXO (cont.)
Classificação dos resum os de Arqueologia Histórica publicados em livros de resumos
das reuniões científicas da Sociedade de Arqueologia Brasileira
Ano Abordagens Título Autores
291
Estudos Bibliográficos: Ensaios - Rev. do Museu de Arqueologia e Etnologia, São Paulo, 13: 269-301, 2003.
ANEXO (cont.)
Classificação dos resumos de Arqueologia Histórica publicados em livros de resumos
das reuniões científicas da Sociedade de Arqueologia Brasileira
Ano Abordagens Título Autores
1999 Estudos de 0 estudo da telha na arqueologia histórica, uma Macedo, J.; Suarez, S.M. &
materiais e proposta de sistematização: a experiência na Najjar, R.
técnicas de Igreja da Venerável Ordem Terceira de São
análise Francisco da Penitência, Rio de Janeiro/RJ. (C)
292
Estudos Bibliográficos: Ensaios —Rev. do Museu de Arqueologia e Etnologia, São Paulo, 13: 269 301, 2003.
ANEXO (cont.)
Classificação dos resumos de Arqueologia Histórica publicados em livros de resumos
das reuniões científicas da Sociedade de Arqueologia Brasileira
Ano Abordagens Título Autores
1999 Notícias O sítio histórico arqueológico Santa Clara - Baeta, A.M.; Paula, F.L. &
um marco da colonização no vale do rio Mucuri Mazzoni Filho, M.
no século X IX -M G . (C)
293
Estudos Bibliográficos: Ensaios - Rev. do Museu de Arqueologia e Etnologia, São Paulo, 13: 269-301, 2003.
ANEXO (cont.)
Classificação dos resumos de Arqueologia Histórica publicados em livros de resumos
das reuniões científicas da Sociedade de Arqueologia Brasileira
Ano Abordagens Título Autores
L evan tam en to dos bens arq u eo ló g ico s Chmyz, I.; Chmyz, J.C.G &
associados às ruínas de Ciudad Real dei Brochier, L.L.
G u a y rá , com p r o p o s ta s p a ra o
d e s e n v o lv im e n to tu r ís tic o e g e s tã o
patrimonial. (C)
Exposição ricos e pobres no século XIX: uma Tocchetto, F.B. & Costa, F.M.
arqueologia da diferença. (PA)
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Estudos Bibliográficos: Ensaios - Rev. do Museu de Arqueologia e Etnologia, São Paulo, 13: 269-301, 2003.
ANEXO (cont.)
Classificação dos resumos de Arqueologia H istórica publicados em livros de resumos
das reuniões científicas da Sociedade de Arqueologia Brasileira
Ano Abordagens Título Autores
Projeto Casa de Orações dos Jesuítas. (C) Soares, I.D.C. & col.
2001 Teoria e Lecturas de la sociedad moderna: cultura Zarankin, A. & Senatore, M.X.
metodologia material, discursos y practicas cotidianas. (S)
2001 Estudos de caso Arqueologia Histórica do novo milênio. (S) Funari, P.P. A.
295
Estudos Bibliográficos: Ensaios - Rev. do Museu de Arqueologia e Etnologia, São Paulo, 13: 269-301, 2003.
ANEXO (cont.)
Classificação dos resumos de Arqueologia Histórica publicados em livros de resumos
das reuniões científicas da Sociedade de Arqueologia Brasileira
Ano Abordagens Título Autores
Abastecimento de água na cidade de São Paulo Vilar, D.D. & Fonseca, F.P.
no final do século XIX: o Sistema Cantareira -
exemplo de arqueologia industrial
296
Estudos Bibliográficos: Ensaios - Rev. do Museu de Arqueologia e Etnologia, São Paulo, 13: 269-301, 2003.
ANEXO (cont.)
Classificação dos resumos de Arqueologia Histórica publicados em livros de resumos
das reuniões científicas da Sociedade de Arqueologia Brasileira
Ano Abordagens Título Autores
297
Estudos Bibliográficos: Ensaios - Rev. do Museu de Arqueologia e Etnologia, São Paulo, 13: 269-301, 2003.
ANEXO (cont.)
Classificação dos resumos de Arqueologia Histórica publicados em livros de resumos
das reuniões científicas da Sociedade de Arqueologia Brasileira
Ano Abordagens Título Autores
298
Estudos Bibliográficos: Ensaios - Rev. do Museu de Arqueologia e Etnologia, São Paulo, 13: 269-301, 2003.
ANEXO (cont.)
Classificação dos resumos de Arqueologia Histórica publicados em livros de resumos
das reuniões científicas da Sociedade de Arqueologia Brasileira
Ano Abordagens Título Autores
299
Estudos Bibliográficos: Ensaios - Rev. do Museu de Arqueologia e Etnologia, São Paulo, 13: 269-301, 2003.
Referências bibliográficas
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Estudos Bibliográficos: Ensaios - Rev. do Museu de Arqueologia e Etnologia, São Paulo, 13: 269-301, 2003.
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