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‘The journals produced oa very Nigh standard a shod be a erase forall libraries al information users concerned with len sues Infomation Dvelgent (Lander), Volume 7, Number 4, aes 24-241 “Ths joural dg a singular sence to the coue of the publi of oii eretre cn lane etre and elation ils dese pets Every scholar of ame tues should fel nde to ou for 1s sere PROFESSOR SM, RAZAULLAH ANSARI Presiden, Ineretinal Union of History and Phi ony of Science TUS) Commision for Scene and Technology in samle Citation, New Dl, Idi, (Pein Shame is) an ineluabe pie. PROFESSOR BILL KATZ ary Jura (New Yo) Volume 18, Number 21 pee 184 evades amici met alae tion oor reference clleton PROFESSOR WOLFOANG BEEN ‘Union Casigue of ami Publis, Stns PewicherKukerbests Ben, Germany us econmended for al rexcarchUnories end scholar ofthe Ile eo ‘DR RICHARDR. CENTING ‘NaluCalol Review (West, Connected, Vlune 2,Number page ‘Yu shold be conrauated on Pvoiea sania which should prove tobe a aluae jour vo persons neested in slam andthe entre Muslin Word "AMBASSADOR (RTD. CHRISTOPHER VAN HOLLEN “The Middle Est laste, Washegton DC USA erode Waicas a iterations cones jal ns quate les reeds bls ef contents rom 3 wide vty of eras peda anole ecuing peas weldaie. These pina publications ate selected {ocindsing by Periods amie on te basis of hel slnicanc fo rou, cla soloecnomi and potcal Mis of be hin wo Povodes Iams reir source of eference fr ll milion dscouses on th wold of som. ‘ranting though a ee of Prods mites ie viii your ar 10 ines oer Far ees 3 eu ina ighiy ‘np oma dlr nspersable ivomaton ona bow spctum of tlie xp or ply reed > bane ue. you war to knw the Mstin wold beter, you need to kao Poi sea beter, —---34 aut 0 De saa ons Inetaoitieimes PERL ODIGA Gea or © tee sh Cems TST"AMICA Pees on, 2 a ons Lamport hanvestenes = Subscription Order Form ‘Annual Subveiptin Rates (D inaiviguat Ussco.on Chtastition Us8248.00 Nam Adtess. ity, State, Code Country. 1 Bion ara Q | cutee Oe Qooooooooo0000000 mas Driweyecee OE pais pregame oversees oyun von Esa“ Ay leet Cac cane aati CLERS I MALAYSIL MAY PAY AN EQUNALENT AMOUNT IV INCCTE UI) AP THE PREVAILING EXCIANGE RATE CLE COPIAS NPCOPIAS:__ 44 a A construgao da raga eo Estado-Nagao* Anthony W. Marx** ‘Pubticad rigintmente mn Wot ols 48, de jc de 196, sab ilo “Race mling ond the Nation Stte™ Recebio para publicagdo ‘cmnovenbro de 1995, sProfestor do Departmente de CiénisPoltice de Universidade de Colinbin. Por que a doninagdo racial oficial fol insiiuida na Africa do Sul e nos EstadasUnides, enquanto nada compardvelao apartheid ov ao in Crow folerigdo ‘no Brasil? Bscravidao e colonalisma esiabeleceram o padrao da dscriminegao Inicial em todos os ts casos e, no entanto, as ondens raciais pds-aboligao divergiram entre si. A miseigenaedo infuencion as rewuliados posteriores,asvin como feztambén a competigdo econéinic, porén nenluma dasduasfoidecisva, As interprtagdesdesses fatoresecondmicose histrices ganharem forma com os ddesenvolvinentasposteriores. Este artigo argumanta que as odens racicis péscboligdo foram signficat- ‘amen influenciadas em sua forma pelo processoda consirugdo do Estado-Nagdo em cada contexto, Na Africa do Sul e nos Estados Unidos, 08 confliosétnicas ou regionals “entre brancos” Impedindo a consolidagto do Bsiado-Nagao foram ‘contidos pela dominagao racial. Os brancos se unifcaram, excluindo os nepros, ‘em uma dindmica progressiva que tomeu diferentes formas. Competizaoe tensdes Coutiauas entre o Norte e 0 Sul americanos ou entre os inglesese os aftikaners da Africa do Sul eram repelidamente resolides ou diminuldos através de una maior {fortifcagéo do Jin Crow ou da apartheid. Com nenhum conflto compardvel gue necessitassereconciliagéo no Brasil, nenhuna dominagao racial oftial fol ergide, ‘enbora a discrininagdo cominuasse. As dindnicas da construcao do Bstado-Ne- {0 so ent revsias para explicar variagdes na mobilizagao negra eo fim do Apartheid e doin Crow. Palavras-chave: Domtinagi rain raga; constugo racial; Nagéo; Estado esra- ido; colonialism; miscigenagio; cultura; clase; mobilizagdo;confito, labora ‘glo da tage; negro; mulato; de cor; par. Estudos AfroAsitcos (2949-86, margo de 1996 problema da linha de cor” foi “O testi por WEB, Di Bos como preocupacio central deste século. De fato, nos Estados Unidos © ‘a Africado Sul, nossa 6poca assis cons- Aeugio da segroga,io edos protestos pSs-¢s- cravidio, Essa experiéncis frstaram as expectativastanto de marxistas como de te6- ricosda modernizagio, que esperavam que a ‘dentificagio © a mebilizaio racins se tor assem meros residuos areaios. A indus- twializacfo,o confit de classes ea onda do racionalismo intonsficaram a dominacio © © conflto em Fangio da raga (Miles, 1989; Omi ¢ Winan, 1989; Rex, 1970; Wilson, 1973). Bmbora eses processos paregam in teligados, ainda 6 preciso especifcar plena- mente assituagbes que moldaram o diseurs0 ¢ a prétca rachis, produzicam uma idcn- tidade racial jardicamente codificada e sus- citaram confito. © fim do sfeulo pode ser uma época partcularmente oportuna para essa avaiagio. ‘Qualquerandlise da ideologia, domina- so © contlto racinis deve comecar pela Aquestio prévia de por que a raga adquire proeminéncia — nfo basi alegar que certos faloressociais polerizam asrlagbes rac pois em tal afirmagdo a raga 6 tomada como categoria preexistente. Assim, embora ac roe imagensdediferenca primordial de fato paregam onipresentes quando pessoas eom ‘gencalogia diversa entram em contato, essa semelhanga nfo d& conta das diferentes ma- nas como a raga foi construida eusada. A raga nfo 6 encontrada, mas feita. Assim, precisamos deixarde dserevoraraga“eomo ferramenta do anslise”, passando a con- sideré-a “como objeto de anlise” (Taylor, 1994). Em primeiro lugar por queecomo as distingSese confit scinis vém a se pro- jelados em termos do diferenes fsieas de cor ou suposta raga? Mais precisamente, por “que os negos, em particulary, foram to cate- A constr da aga 0 Estado-Nagio ovizadose submetidos a uma dominagio tspectficn em fungio da raga, provocando confit ou nto? roponto-me analisar a5 causa e con- seqléncias da construgdo da raga por meio dle uma andlise compaatva entre AMtia do Sul, Estados Unidos e Brasil, e408 mais destacados em que colonos europeus dor natamos ives eexcravizaram poplagdes deorigemaficana! Bm todas ess grandes potencies regina, as mensuragbes © coonfmiea indicam disparidads signi cativase persistentesenttenegros ebrancos, tnseadas na heranga da esravidio, No tanto, os diferentes contextes dei dente, etre os ts casos, uma distinca que ‘05 toma iii para um estido comparativo sobreadindmicada dominagéo racial oficial. Os holandeses,britiicos e portugueses le varam divers pris rligiese radigbes para suas colnis,o que explica os cami thos divergentes adotados nos respectivos desenvalvimentos econdmicos ena consol dagio do Esado, ‘Aocontirio dx Africa do Sul, 0s Estados Unidos sempre prometeram direitos iguais ‘emsva Constuigi,d qual o aft-america- tos podiam recorer, e de fato recortiam. A emografatambém era diferenteras pessoxs de origem afficana sempre foram minoria tos Estados Unidos, enquanto os aicanos tativos sempre consituram maioria na ‘Airica do Sul ¢, n0 Brasil, © nimero ge psoas com antepassaosaficanos¢ eur0- pus pasou a ser praticamente igual ‘Aiscriminagio racial foi onpresente no oda histia da Africa do Sul, a passo que nos Esados Unids eno Brasil as poi- teas estatais pés-aboligo codiiaram or- dens racsis muito diferentes. A época éa consolidagéo do Estado emergente, todos os {us casos enfrentaram longos momentos de repertério de configuragées raciais possiveis Estudos Afo-Astiticos 29 * maryo de 1996 # 10 na esteira da escravidio. Tanto na Aftica do ‘Sul comonos Estedos Unidos, o resultado foi — com diferengas signifcativas — 0 es- {abelecimento de ideologi racial oficial, ca- tegorias de segregagio ¢ conflito impostas © 6 desmonie apenas recente de discriminagio legal. © Brasil pbs-aboligho, a0 contéto, ov {ou distngSes legais bascadas na race, roje- tando uma imagem de democracia racial. [Embora oracismofosse comume desigual- dade continua, nfo se aprovou nada equiva lente 20 apartheid ou a Jim Crow’. Esses resultados diferenciados apresentam um quobra-eabega interessante para urna andlise comparativa, ‘ Neste texto, valio inicialmente as ex- plicagées que foram dadas & construgéo da rac, s0b a alegagio do quo s0,bascava em diferengas entre 0s tipos de escravido, cul tura, govorno colonial miscigenagio. © desenvolvimento econdmico, Essesinfluén- cias dovom ser incorporadas & presente and lise, mas questiono o argumento que afrma quo esses logndos einterescespredispuseram tuna ordem racial mais tolerante no Brasil. ios podem ter reinterpretado re- trospectivamente seu. passad, reforcando, assim, maimagem de oleranciaracial,mas, naverdade,o racismossevidenciou tio cedo ‘no Brasil como nos Estados Unidos ou na Arca do Sul (embora de forma de modo que a desigualdade persis Bstados Unidos ¢ na Africa do Sul, diferen- temente, a disci passed foi assu- ‘mida eusada para jusficarasegregacéo ea cexclusio, Essa diferonga do tipo nfo 50 ox- plica por graus compardveis de discrimina- ho ov exploragio. ‘Os projetasofciais de Jim Crow nos Es- tados Unidos e do apartheid na Africa do Sul Anthony W. Mane foram plasmados por vias edesafios difecen- tesna construgio do Estado-Nagio. As con- {endas em toro do tratamento a ser dado a nnegros ¢ escravoscontribufram para aumen- taras tensées entre brancos que culminaram, respectivamento, na Guerra de Secessioe na Guerra dos Bécres. Fortalecidos por esses conflitos, os sulistas norte-americanos e os afriednderes provaram ser uma ameaga que precisava se levada em conta para que fosse \de eodesenvol- ‘se mostraram c2- pazes de gerar igual dilaceramento, j& ha- vviam sido diferenciados por um racismo an- terior podiam ser exclurdos para aplacar as reivindicagées de sulistas ¢ africinderes. © ‘acordo em torno de um ouro racialmente definido como inimigo comum determinou € incentivou a unidade dos brancos. Assim, ’8 medida que a dominagéo racial transfor- ‘mava gradualmente um conflito triangular potencial, entre as facgGes brancas © 08 ne- ‘gr, numa forma bilateral mais controtavel C08 contra negros”, a mesma ques que exacerbara conflitos anteriores foi usada para aplacé-los. Esse ajuste es- lralégico pode ser esquematicamente des- crito coma “unidade amortecedora”, Con- tudo, a politica que, vista retrospectivamen- (6, parece funcional na verdade provém de conflits, competigioe manobras.onstantes de stores & procura de solugées para proble- ‘mas reais. Embora tenia subsistido, a tensio enire brancos foi contida dentro de uma po- itica nificada. A dominagio racial foi repe- idamentereforcada no intuito de consolidar © Estado-Nagio. (© Brasil proporciona uma comparagéo jal, pois nenhum conilito énico ou regional de tamanha violéncia impediu a consolidagio do Estado-Nagio. A unidade * Jim Crow" — peticasdistiminatéries adotadss nos Estados Unidos; expresso € uma forma pejorativa de designaros negro. (N. da.) 41 © Eudes Afo-Asilics 29 © mao de 1996 A constusio da raga ¢o Estado-Nagio io exit a mule racial da ciseriminagéo formal; democraca racial surgi, ate, como projet ideoligico do um Estado que ansiava por unfit 0 apoio popule, sem uma exluséo formal, Assi, a form of cialnenteconsruas categorias explicit ddedomnagioracial,incontivandoseasima- gonsdetolerincia passadss. CConehiei iseutind a maneia como as politica esti provocaameplasmaran 0 Protesta negro, seabande por frgaosban- dono da dsciminagio ofcal I onde fora promalgad Na Attica do Senos Estados Unidos, dominagio racial que unifcavacs brancosmostrouseruma facade dois gues, pois eve a conseqiénca involuntiria de in- Citar protesto negro. Osesforgospaaresol- ver um conflito exacerbaram outro. Pés-se, ‘no, fina lim Crow eo apartheid, pois protesto dos ngrostomiouolugardocoafito intrabrancos emo ameagamispremente0 Esiado-Negio, No Brasil sem um alvo claro contra 0 qual se organiza, em termos de ideoloiaestatal e potica segregacionisa = nio hvia apartheid nem Jim Crow a desafiar ou reformar —, surgiram poucos protests de afro-brasleirs, evitando-se ‘em grande medida oconfito racial, apesar ‘ir eonsierivel desigualdade socioecon6- Explicagées hist6ricas culturais sobre raga Aaustncia de calegorizagho, dominacio is tos no Brasil p6s- aboligio tem sido explicada como resultado «ka tolerincia racial impottada pelos calonos. portugueses. AimposicSoda dominagio edo ‘conffto raciaisnos Estados Unidos ena Afri- ‘ca do Sul seria, enti, explicada pelas pro- pporgies do conjunto de influéncias opostas ‘exerci por britfnieose holandesos. Al ‘6ria nos ajudaré a avaliar essa discus respeito de influtncias colonais. Seré que os portuguesesrealmenteimportaramatolerin- ciaracial parao Brasil, ou se trata aqui deum cexemplo de interpretagdo ex past facto? No Brasil, nos Estados Unidose na Attica a escravidio comegou sob o regime a, que estabeleceu 0 padrio fun: ‘damental das relagBes raciais. Na década de {rinta, Gilberto Freyre e outros anaistas su- {geriram que aescravido no Brasil fora rela- tivamente benigna, tradigdo que os autores afirmam ter sido transmitida as rlagies ra- ciais mais tolerantes no perfodo pés-aboli- Gio, Segundo a “tese Tannenbaum”, a es- cravidio brasileira foi notével pelo reconhe- cimento da natureza humana dos escravos: podiam casar-se, ser proprietériose até com- prar sua prépria liberdade (Tannenbaum, 1946; Berghe, 1967, p.67). Arealidade, con- tudo, se opde aesse argumento: aescravidio brasileira foi particularmente brutal. Os es- cravos $6 tiveram 0 direito de comprar sua pr6prialiberdade apés 1871 (e mesmo entfo a diffi), 0 casamento entre si era raro, a propricdade dos escravos estava constante- ‘mente ameacada ¢ a alforria de afticanos ‘menos produtivos significava que os idosos ‘edoentes eram abandonados & prépria sorte pbs anos de trabalho (Degler, 1971, cap. 2) totalmente dependente da importagéo con- tinua de novos eseravos porque as érduas condigées em que os afticanos viviam néo suficiento, Bstima-se que a mortalidade in- antl entre eseravos tena sido de 80% e que aquoles que trabathavam nas minas geral- ‘mente sobreviviam apenas entre sete © dez ‘anos (Conrad, 1974, p. 150; Movra, 1989, p. sm tor para onde fugir, os escravos so revoltayam em nimeras ex- pressivos (Moura, 1980, p. 15.22). Estudos Afio-Asliicos 29 margo de 1996 # 12 Aathony W. Mans ‘A tose de Tannenbaum se baseia nama interpretagio elaramente generosa das con- digées reais da escravidio no Brasil. ver- dade quo os portugueses implantaram uma diviséo um pouco menos estita enre es- cxavose livres do que aexistentenosEstados ‘Unidos, mas também eriram uma forma partcularmente moral de sevidio. ‘gem do “bom senkor” brasileronada mais € «que um mito. Tannenbaum também ignorou as imagens compardveisde paternalism em relagio os escravosmo Sul dos Estados Uni- ddos (Genovese, 1972). Esse patemalismo ‘io impediu a dominagio racial apésa aboli- ‘io, nos Estados Unidos, como supostamen- tc teria ocorrido no Brasil. E a aboligi pre coce da Attica do Sul também néo imps 2 segregagio ¢ a excluséo. Embora tenha sssumido formas diferentes no Brasil, nos Estados Unidos ¢ na Alica do Sul, nesses {ees pases a escravidio promoveuatitudes ‘que implicam uma inferioridade negra es- seneial eestabeleceu padr6es de dominagio ce desigualdade, Essasemelhanga nio dficon- ta da diferenca entre as ordens raciais, diferentes implantadas ap6s a aboligéo. ‘Uma caractetstica especitica de discus sto sobre a escravido brasileira se refere & inflvéncia do catolicismo. Tannenbaum ale- ‘ga que “a doutsina catlica da igualdade de {todas os homens diante de Deus” suscitow ‘um melhor tratamento dos escravos e, de ‘maneira geral, maior tlerdncia racial do que ‘o protestantsmo mais elitista de holandeses c britinicos A hierarquia da Igreja Calica também supostamente miltou contra uma divisio exclusivamente biracial, claro ‘que, quando se considera a histria das Cru- zadas, da Inquisigh ¢ do colonialism pre- ‘dal6rio de espanhsiseportugueses apoiedos pela Igrea, 6 difelevitar 0 ceticismo em relagio&tolerfncia catlica oficial. A Igreja também aplicou suas préprias potas inter- nas do diseriminagho racial no Brasil. Além disso, no Brasil la nunca teve peso suficen- te para forcar a aboligo ¢, portanto, Yaunca pide cumprir sua promessa inicial de ser ‘uma forga contréria a0 regime escravista” (Genovese, 1972, p. 177; Prado Jr, 1969, p. 327; Jordan, 1968, p. 106). Assim, a afirma- ‘glo de que ocatolicismo projetou uma ima ‘gem mais includente ou tolerante € m: Teflexo de uma interpretagio retrospectiva, {que de uma ealidade hisrica, 0 colonialismo no Brasil se distingue principalmente pela intervengfo direta do Estado portugués. 16 0s holandesese bri ‘08 se basearam em empresas privadas para desenvolver suas col6nias (Anderson, 1962). © colonialismo portugués se desenvolveu cedlo,antes queumsctor privado forte pudes: se surgit na metrépole, De fato, 0 proprio desenvolvimento econémico de Portugal foi {ardio om relacio ae hotandés ao britanico, dde modo que nunca houve um seior privado jgualmente forte. A coroa portuguesa nfo teve escolha a nio ser usar seus pr recursos, estabelecendo um perfil de forte consolidagio do Estado © 0 poder central nado. ‘Serd que esse maior grau de envolvimen- to ditoto © centralizado do Estado no colo: ialismo portugues gerou uma tolerinciara- cialnicial? A hist6riasugerequenio. Afinal, foi o Estado portugués que empreendew um dos mais fortes teficos de escravos da his- \6ria, Aaboligio da escravatura em Portugal, jem 1773, nio impediu a presenga da es- 0, generalizada e teimosamente man- fem suas col6nias, O trfico de eseravos para o Brasil s6 terminou por pressio da Gri-Bretanhae conduziuaaboligio gradual, porém tardia. O Estado portugues aprovou sua prépria “exclusdo de cor”, no pafs © no exterior, motivo pelo qual hé relativamente ‘poucos funcfoniriosesatais“depeleescura” (Boxor,s/4,p.42).Ocolonialismo portugués na Attica foi igualmente discriminario: 213 # Etudes Afro Asiticos 29 # mano de 1996 com seu uso do trabalho forgado,proguziu “o adit absolutamente literal da miséria africana" (Anderson, 1962, p. 93; Bender, 1978) erty Anderson (idem, 110-3) con- cli que“evidente falsidadedaafirmacio portuguese no que diz respeitoasua tolerdn- cinespecial” equoo mito desstolerincia foi deliberadamente projtado para encobrir “o tras cconémico e social’, O Estado colo nial portugués era mais forte que seu setor privadoo usou ess frga para projetar uma Jimagem exagerada de toler Brasil apis a aboligio foi explicada como sendo resultado das politcas coloniais por- tuguesas — escravidio humanitéria — ou ism, Mas 0 colonialismo por- violentos; 0 primeiro Bstado brasileiro nfo {oj cogo cor ea Ireja Catélica, na melhor das hip6teses, foi ambigua em relagéo aos negros e certamente incapaz de forgar um mello para eles. O raclsmo n0 Basil poca foi diferent, masinda assim comparivelao dos tados Unidaseda Aft ado Sul —queisificarasva dominagio ‘aca expfita com base nas antiga rengas pads de escravidio © disciminacio. ‘Apisaaboligio osbrastrosabandonaram 6 visurso afl do racisoe abragarmn ineprctageshistrcascompatveis com a iia de democracin racial. No Brasil, 0 Tendo isi de desguldae foi more mane cumutldoo, portant obi ds afro brasil fiicentivada, Oracs- mmo inal nfo foi removido pois, como Edvard aid sugte em outro context, ima- gens de infeioridadeo a relidade da de- Sigvaldade continvaram benetciando 0s tvanoos Sid, 1978). Ao conti dos é- mais pate, porém, © passado fol recon- ido camo imagem begs quenioespe- thava 0s fats histrees. Bm vez disso, v= tis interprtagbes e conseqibaciss foram Acconstrugio da raga ¢ Estado-Nagio rmoldadas por processos subseqientes com ‘base no passado. O argumento da miseigenagio Carl Degler apresenta uma das explica- ‘q8e8.mais comumente defendidas sobre a diferenga entre as manciras como a raga foi socialmente construfda, Alega que o Bra no podia desenvolver uma idcologi bi racial nem formalizar uma classficagio © dominagio racisisrgidasdevidoaoaltograu do mistura ene as ragas. A miseigenagio supastamente proporcionara maior Muidez social 20 Brasil, pois as pessoas de ragas rmescladas podiam ascender @ um status SO- cioecon6mico mais elevado por meio da *safda de emergtneia do mulnio", Como conseqifnci as relagdes eram menos po rizadaseconflivas que nos Estados Unidos ‘ou, nesse sentido, na Africa do Sul. Nesses casos, as diferengas fisicas mais marcadas conatitutam supostamente a beso da exte- goria racais oficiais que reforgaram a di ‘eximinagio socioecondmica. ‘Aforgado argumento de Degler reside no fatohistrico das do Brasil, Os colonialistas portugueses iam para o Brasil mais para comerciar que para se instal, partcularmente quando compa- rados aos holandesese britnicos que foram para os Estados Unidos e Africa do Sul. ‘Também comparativamente, havia poucas rulheres entre os portugueses (Prado Jt 1968, p. 119; Burns, 1970, p37). homens portugueses pratcavam niveis sig- nificativamente elevados de miscigenagio. s costumes sociis € os gostas ¢ préticas sexuais se desenvolveram de acordo com ‘essa situagéo, gerando uma populagio que 1a hoje 6 notéve pelo continuum de sua -vaiagio fisica, Em 1872, 0 censo brasileiro registrou que 42% da populagéo eram mula- tos, grupo usado para desempenhar fungies Estudos Afro-Astbtcos 29 ¢ mao de 1996 6 14 ‘Antony W. bare intermedidtias de controle sobre 0s escravos mais escuros (Wood ¢ Carvalho, 1988, p. 141; Harris, 1964). [Emboraa miscigenagio no Brasil seja um {ato histérico, os efticus de Degler contes- tam sua interpretagio dessefato. Mesmo du ante. escravidio, os mulatos permaneciam Sujeltos & reeseravizagao e a diseriminacio (Conrad, 1972,p.12; Skidmore, 1992,p. 15). (Com poucase notéveis excegdes, os mulatos foram e continuam sendo menos favorec (da de emergéncia se fechou, ou De fato,o pr6prio Degler nfo forneceu nenhuma comprovagio estatistica da mobilidade dos negros, nada além da sdemonstragio do nivel de miseigenagio. Es- tudos académicos recentes estabeleceram ‘que adiforonga entroo status socioeconémi- code mulatose negros éinsignificante quan- do comparada 20 privilégio relative dos brancos: Descobriu-se que a renda média dos brancos & ceea do dobro des de nito- brancos tanto em 1960 como em 1976 (Gilva, 1985, p. 4; Siva © Hasenbalg, 1992) Portanto, o Brasil construiu uma ordem racial informal allamente diseriminatéria contra negras e pardos, de tal maneira quea @osel, 1991). No entant, as pressdes do «pital poruma forma foram repelidas plo Estado, que stuou protegendo os interesses da mio-de-obrabranca, em sa maioriaaft- clnder. De fto, aps @ Revol Rand dos tincirosafticinderes — que em 1922 pro- tetavam contr 0s esforgos ds capitalistas aa subsitutos por negro sub-remunera. dos —, 0 novo govemo de Herzog, que reforgou a deliitagio racial, dando pete Estudos Afro-Astitcos 29 ¢ marjo de 1996 © 16 réncia aos trabalhadores brancos (Jonhstone, ‘© governo do Partido Nacional, que waram praticando ‘nderes, maioria do eleitorado, Temendo a repeticfo da Revolta Rend por patie dos Irabalhadores brancos que protegiam seus privilégios,o capital aquiesceu, aplacado por luctes continuos (Wilson, 1972, p. 11; Greenberg, 1980, p, 129. 151). "Nem os interesses do capital sul-afticano nem a racionalidade econ6mica geral foram to determinantes como os interesses da rio, portato, 0 medo q africinderes “de que os inglesesusassem os volos dos néo-brancos para foralecer sua piGpria posigéo”.® Assim, 0 conflto entre sicdnderes © inglesesrecuoudesuaposicio de principal preocupagio politica, quejé en- corajara.0 uso da sogrogagio com meio de tnificaros brancos. A medida que aumentava 0 custo da sogregagio legal, os sul-afticanos brancos acabaram concordando em pér fim 20 apa theid, © que exigiu uma transigio politica ‘mais fundamental que dos Estados Unidos, Era prego dos grandes protesos negros, da divisio da elite, das sangbes © das opor- fades de crescimento de mercado que hhaviam sido perdidas. Esses eustos se tor- naram insuportéveis, pois 0s brancos depen- diam eada vez mais dos negros. Em 1992, Ferdinand W. de Kletk conseguiu surpreen- dontes 68,7% dos votos de afticinderes inglesesreunidos num plebiscitoa favor das nogociagoes destinadas a pdr termo a0 sgovemo de minoria, Os brancos abracaram. 4 perspectiva trangtilizadora de uma par- ceria De Kletk-Mandela,¢ 05 eleitores in- slesesapoiavam eade vez mais um Partido Nacional reformista (Adam e Moodley, 1993, p. 2; Sisk, 1995, p. 137). A coalizio banca aconteceta e a situagto prviteginda dosbrancosse consolidou ainda mais. Aessa altura, protesto negro substiturao confito africdnderes-ngleses como principal amea- 62 paz. A dominacéo racial oficial fun- cionara mas depois se tornow contraprodu cente,sendo por fim abandonada, apesar da resisténcia da dircita branca. Além «ssa ransigioexigiu uma nova Constitigéo, pois © Estado sul-africano havia sido mais coxplicitamente projetado com base na ddominagao racial. Nos Estados Unidos, a0 contrério, a autoridade central impusera a reforma de acordo com precetos consttucionas, © mesmo processo de eliminagio da ddominagéo racial no fo aplicdvel 0 Brasil, pois néo fora construfda uma order racial comparivel, no havia um ponto de politica oficial eapez do unificar a mobiiacéo da iminagéo social ‘ou adesigualdade econsmica fossem menos ‘evidontes no Brasil. Ao contrétio,« inexis- {ncia de uma ordem racial oficial, que po deria ter provocado uma mobilizagio mais forte, fez com que a discriminagio per- ‘manecesse, em grande medida, intocada, Implicagées ‘Acconstrugéo da raga nfo fem un doter- ‘minante Gnico, mas suas origens © con: soqincias podem ser especificadss. Nos tues casos comparados aqui, a desigualdade ‘onipresente © as imagens de inferiridade ‘primordial foram heranga da escravidio, co- Uificadss, porém, de vérias formas apés a abolicfo. A miscigenacfo influenciou as dis- ‘ingies raciais €0 potencial de confit, mas ‘um continuo de cores de pele deu margem a categoria oficiais mutéveis, Osintefessesde

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