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AMANDA CAVALHEIRO CÂNDIDO

BIOTOXINAS DO PESCADO

CUIABÁ

2009

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SUMÁRIO

1.0 INTRODUÇÃO................................................................................. 01

2.0 REVISÃO DE LITERATURA........................................................... 02

2.1 Tetrodotoxina.................................................................................. 02

2.2 Ciguatoxina..................................................................................... 03

2.3 Paralytic Shellfish Poison……....................................................... 04

2.4 Diarrheic Shellfish Poison……......................................................... 06

2.5 Neurotoxic Shellfish Poison….….................................................. 08

2.6 Amnesic Shellfish Poison….......................................................... 08

2.7 Outras Toxinas................................................................................ 10

3.0 CONCLUSÃO / CONTROLE............................................................ 12

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS................................................. 14

ii
iii
1.0 INTRODUÇÃO

O conjunto de espécies piscícolas, aproximadamente 15 mil em todo o mundo, possui cerca


de 500 espécies que albergam permanentemente ou temporariamente substâncias tóxicas em
glândulas da pele, na base dos dentes, no sangue, fígado, ovas e no músculo.
Desde os tempos longínquos que a ingestão de peixes tóxicos se tornou uma das
formas mais antigas de envenenamento, causando às vezes intoxicações letais. A atribuição
de potenciais toxigênicos a alguns peixes é reconhecida há milhares de anos, salientando-se
as primeiras referências à V dinastia egípcia. Na bíblia, proibia-se o consumo de peixes em
escama (mariscos e peixes de pele nua), reconhecendo-se empiricamente que algumas
lampréias, moréias, e outros peixes popularmente conhecidos por “peçonhentos” poderiam
afetar gravemente a saúde dos consumidores (LISBOA, 2003).

Todos se alimentam, ainda que muitas pessoas saibam tão pouco sobre as doenças
transmitidas pelos alimentos (MOLENDA, 1989). Nos Estados Unidos, as doenças
transmitidas por alimentos são uma das maiores causas de morbidade, e mesmo que os
resultados das estimativas feitas variem bastante, sempre mostram grandes cifras: variam de
6.5 a 81 milhões de casos por ano. Isso gera custos substanciais às pessoas doentes e à
economia do país como um todo, com um valor estimado em US$ 7.7 bilhões anualmente
(BEAN; GRIFFIN, 1990).

As toxinas elaboradas por microorganismos de origem marinha ou microorganismos


que proliferam em alimentos marinhos são responsáveis por um grande número de casos de
doenças transmitidas por alimentos. Estas toxinas podem ser produzidas por algas
(ciguatera, saxitoxinas, brevitoxinas, etc.) ou bactérias (histamina). Peixes marinhos são
primariamente implicados em algumas doenças associadas com doenças como a intoxicação
por ciguatera e a intoxicação por histamina. Bivalves são relacionados com outras doenças,
como o envenenamento paralisante de bivalves, o envenenamento neurotóxico de bivalves e
diarréias (TAYLOR, 1988). As biotoxinas marinhas são responsáveis por um número
substancial de doenças relacionadas com o pescado (HUSS, 1997).

Assim, dentro do contexto das biotoxinas encontram-se diferentes grupos químicos


capazes de determinar envenenamentos graves no homem. Por outro lado, uma ampla
variedade de peixes e frutos do mar pode estar envolvida com este tipo de intoxicação
(GERMANO et al., 1997), embora GANOWIAK (1994) e FAO (1975) afirmem que apenas um

iv
pequeno número de espécies aquáticas contenham biotoxinas de importância para o homem
que ingere a carne desses animais. Geralmente, estas biotoxinas não são encontradas em
peixes capturados em águas frias e temperadas; em compensação, como aparecem às
vezes em peixes de águas tropicais e subtropicais, podem proporcionar graves problemas de
saúde pública de caráter local. Os moluscos de águas frias, temperadas e tropicais podem
ser eventualmente tóxicos (FAO, 1975).

Afortunadamente, no Brasil, onde não se costuma consumir produtos marinhos "in


natura", não se observam muitos casos de intoxicações dessa natureza (OGAWA; MAIA,
1999).

v
2.0 REVISÃO DE LITERATURA

2.1 TETRODOTOXINA (TTX)

As gônadas, fígado, intestinos e pele dos peixes da ordem Tetraodontiformes


contém níveis de toxina suficientes para provocar morte rápida e violenta. A toxina foi
também isolada em outras espécies de peixes não pertencentes a esta ordem, bem como
polvos e caranguejos. Recentemente descobriu-se que certas estirpes de bactérias, família
Vibrionaceae, Pseudomonas spp, e Photobacterium phosphoreum também produzem esta
toxina. A fonte metabólica de tetrodotoxina não foi ainda descoberta, mas, devido ao fato de
ser produzida por bactérias, as quais estão comumente associadas a animais marinhos,
começa-se a crer na sua origem bacteriana (LISBOA, 2003)

A tetradotoxina encontra-se em várias espécies de baiacu, pertencendo os membros mais


tóxicos à família Tetraodontotidae, mas nem todas as espécies desta família contém a toxina. Mesmo
assim, a ingestão deste peixe tem causado um grande número de óbitos entre os japoneses. Tal
intoxicação apresenta uma taxa de mortalidade de 50%, e deve-se a processos culinários
inadequados. Dependendo da espécie de baiacu, a intoxicação pode ser débil ou severa. Mesmo para
uma mesma espécie de peixe, o grau de toxidez pode variar entre indivíduos e em função da época do
ano. A força de intoxicação é 1.000 vezes maior que a ação do cianeto de sódio (NaCN) e age
tornando a membrana celular impermeável ao íon Na e inibindo a transmissão dos estímulos aos
nervos, músculos, etc. (FAO, 1975; HUSS, 1997; OGAWA; MAIA, 1999).
GANOWIAK (1994) e FAO (1975) relatam que os peixes "puffer", pertencentes
principalmente ao gênero Fugu e encontrados nas regiões tropicais do Pacífico, Atlântico e
Oceano Índico, são aproveitados como alimento após a retirada de suas gônadas e fígado,
que contém a toxina em quantidades variáveis dependendo da estação do ano. Esse fato
provoca uma grave doença com alta taxa de mortalidade. Entre 1991 e 1992, três pessoas
adoeceram ao consumir peixes da Família Tetraodontidae na Venezuela (FAO, 1996).

A TTX constitui a substância ativa da referida intoxicação e sua fórmula química já


se encontra bem definida. Seu peso molecular é de 319 e a dose letal (DL50) para ratos é de
8,7 g/kg, sendo termoestável (GANOWIAK, 1994; OGAWA; MAIA, 1999). Os sintomas, em
seres humanos, têm lugar 20 minutos a 6 horas após a ingestão do pescado, segundo
OGAWA; MAIA (1999). HUSS (1997) descreve que o início dos sintomas neurológicos
iniciam-se de 10 a 45 minutos após a ingestão. Os sintomas são a sensação de
formigamento na face e nas extremidades, paralisia e colapso cardiovascular. Em certos

vi
casos, a morte advém depois de 90 minutos a 8 horas. Dentre os sintomas, observa-se a
paralisação do sistema nervoso periférico e em circunstâncias graves, o sistema respiratório
é comprometido (HUSS, 1997; OGAWA; MAIA, 1999).

O acúmulo de princípios tóxicos no baiacu foi esclarecido com base na dieta do


peixe, constituída de plâncton, algas, etc. Encontram-se também bactérias Vibrio sp., Vibrio
alginolyticus, Alteromonas sp., etc. (OGAWA; MAIA, 1999).

2.2 CIGUATOXINA (CTX)

A ciguatera é uma forma de envenenamento causado pelo consumo de algumas


espécies de peixes marinhos de zonas tropicais e sub tropicais. Estes peixes acumulam a
toxina naturalmente através das suas dietas. As toxinas (ciguatoxina e maitotoxina) são
produzidas por algumas espécies de algas dinoflageladas comuns em zonas onde a
ciguatera é endêmica (TAYLOR, 1988; OGAWA; MAIA, 1999). Provavelmente esta seja a
forma mais comum de intoxicação causada por animais marinhos (FAO, 1975; GANOWIAK,
1994).

A sintomatologia dessa intoxicação é complexa, assemelhando-se à observada no


caso da tetraodotoxina. Manifesta-se por vômitos, diarréia, etc., sendo que esta toxina
(C60H86O19, PM = 1.110) é aproximadamente vinte vezes mais potente que a TTX, ou seja,
DL50 em ratos é 0,45 g/kg, além de ser termoestável. A função farmacêutica da CTX é
aumentar a entrada do íon Na na célula, sendo que esta reação é antagonizada pela
tetraodotoxina. A CTX é originada do plâncton Gambierdiscus toxicus, que vive junto dos
recifes de corais estreitamente ligado a macroalgas. Observa-se um aumento da produção de
dinoflagelados tóxicos quando os recifes são perturbados, através de furacões, destruição
dos recifes, etc. (FAO, 1975; GANOWIAK, 1994; HUSS, 1997; OGAWA; MAIA, 1999).

A origem do envenenamento por ciguatera foi um mistério até 1977, quando o


primeiro relato foi publicado relacionando o aparecimento de um dinoflagelado tóxico (G.
toxicus) com esta doença. Desde a identificação inicial de G. toxicus no Pacífico Sul, outros
dinoflagelados tóxicos também têm sido associados com o envenenamento por ciguatera. Na

vii
área do Caribe, as espécies tóxicas identificadas são G. toxicus, Prorocentrum concavum e
P. mexicana. A identificação dos dinoflagelados tóxicos envolvidos no envenenamento por
ciguatera requer uma área ativa de pesquisa e é comum que espécies adicionais sejam
identificadas (TAYLOR, 1988).

Os dinoflagelados tóxicos são capazes de proliferar-se sob certas condições.


Aparentemente, águas mornas e rasas de áreas de recifes são ideais para uma explosão de
crescimento. Esta explosão de cresimento de dinoflagelados em áreas temperadas de recifes
podem ser prolongada e, em alguns casos, certas espécies de peixes devem ficar
permanentemente tóxicos (TAYLOR, 1988).

Estabeleceu-se uma boa correlação entre a toxicidade dos peixes de zonas


endêmicas e a densidade populacional de G. toxicus. A ocorrência de surtos causado por
grande aumento do número destas microalgas ainda não é bem esclarecida. Vários fatores
ambientais como pH, níveis de CO2, ,O2, e PO4, e alguns nutrientes específicos foram
monitorizados em zonas de ocorrência de surtos, mas não se concluiu que algum dos fatores
estudados estivesse envolvido, suspeitando-se apenas que, a temperatura, e a
disponibilidade de substratos para as macroalgas hospedeiras possam controlar estes surtos.
O G. toxicus é ingerido por peixes herbívoros e detrívoros, sendo estes por sua vez ingeridos
por peixes piscívoros carnívoros e omnívoros, que acumulam a toxina principalmente nas
vísceras, mas também na pele e músculo (ictiosarcotoxismo) A toxina encontra-se ligada a
proteínas sarcoplasmáticas da membrana (LIABOA, 2003).

Em 1987, nos EUA, a ciguatera e a escombrotoxina (envenenamento por histamina)


foram responsáveis por 73% dos surtos causados por agentes químicos transmitidos por
alimentos, ocorrendo mais frequentemente em Puerto Rico, Virgin Islands, Hawaii e Florida.
Nem sempre os surtos são relatados ao CDC (TAYLOR, 1988; BEAN et al., 1990). Entre os
anos de 1991 e 1992, houveram duas mortes causadas por ciguatera, além de 51 pessoas
intoxicadas na Venezuela (FAO, 1996).

Nos peixes causadores de ciguatera tais princípios não são sintetizados por
mecanismos próprios do peixe, mas em consequência de alimentos por este consumidos. A
toxina acumula-se nos peixes que se alimentam de algas tóxicas ou em peixes carnívoros de
maiores dimensões que se alimentam destes herbívoros. Os hábitos alimentares dos peixes
são muito importantes na determinação de seus níveis de toxicidade. São conhecidas mais
de 400 espécies de peixes causadores desta intoxicação, no entanto, as principais são em
torno de 60 espécies, dentre elas, o pargo (Família Lutjanidae) e o mero (Família

viii
Serranidae). A toxina pode ser detectada no intestino, fígado ou no tecido muscular através
de ensaios com ratos e por cromatografia. Alguns peixes podem ser capazes de eliminar a
toxina acumulada, principalmente se os dinoflagelados desaparecem. Peixes maiores, devido
à sua maior massa e crescimento mais lento, provavelmente eliminam as toxinas mais
lentamente (FAO, 1975; TAYLOR, 1988; GANOWIAK, 1994; HUSS, 1997; OGAWA; MAIA,
1999).

Várias neurotoxinas têm sido isoladas de peixes ciguatóxicos ou do crescimento de


G. toxicus em cultura. Das substâncias responsáveis pela referida síndrome, esclareceu-se
recentemente o envolvimento do composto ciaguatoxina de natureza lipossolúvel e outros
como a maitoxina (MTX) que é hidrossolúvel e se caracteriza como a toxina mais forte do
pescado (DL50 em rato = 0,17 g/kg; PM = 3.400  2) e a escaritoxina (TAYLOR, 1988;
OGAWA; MAIA, 1999).

Em consequência da vasta gama dos princípios envolvidos, os sintomas são,


demasiadamente complexos, afetando primariamente os sistemas gastrointestinal e nervoso.
O início da sintomatologia geralmente ocorre em algumas horas. As manifestações
gastrointestinais moderadas a severas de duração relativamente curta incluem dor
abdominal, náusea, vômitos e diarréia. Há desordens neurológicas moderadas a severas que
podem persistir por períodos variáveis de tempo (por durar alguns meses em alguns casos).
Os sintomas neurológicos incluem dores musculares; tremores e insensibilidade dos lábios,
língua e região perioral; gosto metálico; boca seca; ansiedade; mal-estar; prostração;
vertigens; cianose; calafrios; sudorese profusa; olhos dilatados e visão escurecida; cegueira
temporária; paralisia e morte. A morte devida a parada respiratória ocorre raramente entre
aqueles indivíduos que recebem prontamente atendimento médico. Não existe antídoto para
o envenenamento por ciguatera. Respiração artificial é o tratamento de escolha nos casos
mais severos, onde ocorre parada respiratória. O prognóstico para recuperação é bom se o
paciente sobrevive as primeiras 24 horas. De qualquer modo, o período de recuperação pode
ser prolongado em alguns casos (TAYLOR, 1988; OGAWA; MAIA, 1999).

ix
2.3 "PARALYTIC SHELLFISH POISON" (PSP)

A intoxicação após o consumo de bivalves é uma síndrome que é conhecida há


séculos, sendo a mais comum designada por intoxicação por toxinas paralisantes de bivalves
(PSP). A PSP é uma doença muito séria com alta taxa de mortalidade. É causada por um
grupo de toxinas (saxitoxinas e derivados) encontradas em ostras, mexilhões, vieiras, etc.,
produzidas por dinoflagelados dos gêneros Alexandrium (A. catenella e A. tamarense),
Pyrodinium (P. bohamense e P. bohamense var. compressa em mares tropicais) e
Gymnodinium (FAO, 1975; TAYLOR, 1988; HUSS, 1997; OGAWA; MAIA, 1999). Todos estão
amplamente distribuídos no mar, mas a intoxicação só se manifesta quando seu número é
relativamente elevado (FAO, 1975; GANOWIAK, 1994). As aves marinhas e os peixes podem
morrer devido à presença dessa toxina, o que indica o aparecimento dos dinoflagelados
tóxicos, embora os moluscos seja a principal via de intoxicação humana (FAO, 1975).

Segundo TAYLOR (1988), GANOWIAK (1994) e HUSS (1997), em PSP são


conhecidos mais de dez componentes reunidos nos seguintes grupos:

1) Goniautoxina (GTX) - GTX1 a GTX4 de alta toxidez;

2) Saxitoxina (STX) - STX, neoSTX;

3) GTX5, GTX6 e a série de protogoniautoxina (PX) de toxidez comum;

4) Decarbamoilsaxitoxina.

O mecanismo de ação das saxitoxinas ocorre pela ligação nos canais de sódio nas
membranas das células nervosas e bloqueando a transmissão nervosa. O grupo guanidinio
nas posições C-7, C-8 e C-9 e o grupo hidroxila na posição C-12 são essenciais para a
ligação. A entrada de sódio através da membrana da célula nervosa é primordial para a
transmissão nervosa (TAYLOR, 1988).

Historicamente, a PSP tem sido associada ao afloramento de dinoflagelados (>106


células/litro), que podem causar uma coloração avermelhada ao amarelada na água.
Contudo, a coloração da água pode ser causada pela proliferação de muitos tipos de
espécies planctônicas que nem sempre são tóxicas e nem todos os afloramentos de algas
tóxicas apresentam cor (HUSS, 1997).

x
O afloramento de dinoflagelados depende da temperatura da água, da luz, da
salinidade, da presença de nutrientes e de outras condições ambientais. Todavia, a natureza
precisa dos fatores que provocam o aparecimento de um clone tóxico é desconhecida. A
temperatura da água deve ser superior a 5 - 8°C para que ocorram os afloramentos. Se as
temperaturas forem inferiores a 4°C, os dinoflagelados podem sobreviver sob a forma de
cistos enterrados nas camadas superiores dos sedimentos (TAYLOR, 1988; HUSS, 1997).

Os mexilhões, as ostras, vieiras, etc. que se alimentam de dinoflagelados tóxicos


retém a toxina durante períodos variáveis que dependem a espécie envolvida. Algumas
eliminam a toxina muito rapidamente e são tóxicos apenas durante o afloramento, enquanto
que outros retém a toxina durante um longo período, até mesmo durante anos (FAO, 1975;
GILL et al., 1985; GANOWIAK, 1994; HUSS, 1997).

Outros grupos de invertebrados, como cefalópodes (lulas), caranguejos e lagostas


podem tornar-se tóxicos, mas a intoxicação humana subsequente ao seu consumo não se
identifica com a sintomatologia da intoxicação paralítica classicamente conhecida. Podem
ocorrer manifestações locais e esporádicas, que não requerem medidas de controle sanitário
(FAO, 1975; GANOWIAK, 1994).

A PSP provoca uma desordem neurológica semelhante à TTX cujos sintomas


incluem formigamento, sensação de calor e dormência dos lábios e da ponta dos dedos,
ataxia, sonolência e discurso incoerente. Em casos críticos, ocorre a morte devido à paralisia
respiratória. Os sintomas desenvolvem-se entre 0,5 a 2 horas após uma refeição e, em geral,
as vítimas que sobrevivem mais de 12 horas se recuperam. Não há antídoto conhecido. A
respiração artificial é indicada nos casos em que ocorre paralisia respiratória (TAYLOR, 1988;
GANOWIAK, 1994; HUSS, 1997; OGAWA; MAIA, 1999). Dos vários métodos propostos para
eliminar a toxina PSP de bivalves contaminados, o tratamento pelo calor tem sido o mais
popular, embora uma grande porcentagem de doentes por PSP adquiriram a doença através
da ingestão de bivalves cozidos (GILL et al., 1985).

Nos EUA, durante o período que compreende os anos de 1973 a 1987, foi relatada
uma morte devido à intoxicação por PSP (BEAN; GRIFFIN, 1990), sendo também relatados
surtos na América do Norte, Europa, África e Ásia (FAO, 1975). Na Venezuela, durante o
período de 1991 a 1992, houveram dois surtos de PSP, causando intoxicação em 24 pessoas
devido à ingestão de mexilhões (FAO, 1996).

xi
GILL et al. (1985) estudaram a relação entre a toxicidade de PSP do bivalve Mya
arenaria e o aquecimento da carne deste para avaliar a destruição da toxina pelo calor,
através da técnica de cromatografia líquida de alta "performance". Este estudo indicou que a
cinética da destruição da toxina PSP é semelhante à maioria dos microorganismos. Mesmo
assim ainda existe uma necessidade de maiores estudos para estabelecer uma técnica de
rotina para detecção desta toxina.

2.4 "DIARRHEIC SHELLFISH POISON" (DSP)

A DSP foi identificada primariamente no Japão, nos Países Baixos e no Chile, mas
milhares de casos têm sido identificados também na Europa, além desses países. A partir
dos primeiros casos, sucessivos surtos tóxicos foram documentados em diferentes
continentes, constituindo hoje em dia um problema de âmbito mundial, com graves
implicações tanto do ponto de vista de saúde pública, como da indústria transformadora de
moluscos bivalves, o que conferiu às toxinas DSP uma significativa relevância dentro do
marco socio-econômico das zonas produtoras de moluscos bivalves (TAYLOR, 1988; HUSS,
1997; SANMARTÍN, 1997a).

Ocorre devido ao ciclo da cadeia alimentar, no qual os bivalves (vieiras, mexilhões,


etc.) se alimentam de plânctons que produzem a DSP. Os plânctons que causam estas
intoxicações são: Dinophysis fortii, D. acuminata, D. acuta, D. caudata, etc. e os
dinoflagelados do gênero Aurocentrum. Estes dinoflagelados encontram-se largamente
distribuídos, o que significa que esta doença também pode ocorrer em outras partes do
mundo (HUSS, 1997; OGAWA; MAIA, 1999).

O aparecimento da doença ocorre desde meia hora até algumas horas após o
consumo do bivalve que tenha se alimentado com as algas tóxicas. Os sintomas da DSP são
diarréia, cólicas, dores abdominais, náuseas, cãibras e dor de cabeça, porém dificilmente
provocando morte. Os pacientes recuperam-se em três a quatro dias. A concentração mínima
para que ocorra esta doença em humanos é de 12 MU (Mouse Unit); sendo que é necessário
apenas 1 MU de toxina para matar um camundongo de 20 g em 24 horas (HUSS, 1997;
SANMARTÍN, 1997a; OGAWA; MAIA, 1999).

xii
Os principais componentes tóxicos que causam a DSP são: ácido ocadaico (AO) e
seus derivados, dinofisistoxina 1 a 3 (DTX1-3), e pectenotoxina 1-5 (PTX1-5). A Prorocentrum
lima, além do gênero Dinophysis, também produz o AO (OGAWA; MAIA, 1999).

Dentro do grupo do ácido ocadaico e seus derivados temos as toxinas


verdadeiramente diarreicas (DTX e PTX). O ácido ocadaico é um poliéter derivado do
carbono 38 do ácido graxo e é tóxico para as células. Também é um potente promotor de
tumores que não é um ativador da proteína quinase C, mas é um poderoso inibidor das
proteínas fosfatases 1 e 2 A "in vitro". O ácido ocadaico rapidamente estimula a fosforilação
de proteína em células intactas, e funciona como um inibidor específico da proteína fosfatase
em uma variedade de processos metabólicos. Além disso, o ácido ocadaico imita o efeito da
insulina no transporte de glicose nos adipócitos, o que sugere que este processo é
estimulado pelo evento da fosforilação da serina/treonina (HAYSTEAD et al., 1989;
SANMARTÍN, 1997a; OGAWA; MAIA, 1999). Os trabalhos desenvolvidos até o presente
momento sugerem que a ação promotora do crescimento tumoral será uma importante linha
de pesquisa em futuros trabalhos sobre os efeitos tóxicos do ácido ocadaico e derivados, pois
ainda estão insuficientemente descritos na atualidade (SANMARTÍN, 1997a).

O ácido ocadaico foi isolado inicialmente a partir das esponjas Halichondria okadai e
Halichondria melanodocia, constituindo hoje em dia a toxina mais importante associada a
episódios tóxicos tipo DSP em moluscos bivalves procedentes das costas européias, embora
existam outros trabalhos relatando a importância de outras toxinas DSP. Dentro destas
toxinas, identificou-se a presença em moluscos bivalves europeus de um isomero estrutural
do ácido ocadaico, a dinofisistoxina 2 (DTX2), isolada inicialmente em mexilhões cultivados na
Irlanda, onde é tão importante quanto a toxina DSP (SANMARTÍN, 1997a).

A DTX1 foi a primeira toxina identificada do grupo do ácido ocadaico e derivados,


isolada a partir do hepatopâncreas de mexilhões japoneses (Mytilus edulis). A DTX1 é um 35-
metil derivado do ácido ocadaico, representando a toxina majoritária isolada em moluscos
bivalves cultivados nas costas japonesas e canadenses (SANMARTÍN, 1997a).

Além das toxinas já descritas, identificou-se no hepatopâncreas da vieira japonesa, a


presença de acil-derivados da DTX1 com ácidos graxos saturados ou insaturados ligados ao
grupo 7-OH da toxina, denominando-se DTX3 ao conjunto dos acil-derivados, cuja atividade
tóxica DSP foi demonstrada (SANMARTÍN, 1997a).

xiii
As pectenotoxinas incluem um grupo de sete lactonas polietéreas (PTX1-7), sem
atividade diarreica em seres humanos. Inicialmente, a PTX1 foi isolada do hepatopâncreas de
vieiras japonesas, identificando-se como um produto de oxidação da PTX2, toxina produzida
por Dinophysis fortii que, semelhante ao Japão, foi identificada em amostras procedentes do
Mar Adriático. O resto das pectenotoxinas procede de oxidações metabólicas produzidas nas
glândulas digestivas dos bivalves e, apesar de não apresentar atividade diarreica, mostra
uma ação hepatotóxica através de injeção intraperitoneal em ratos, com formação de
vacúolos nos hepatócitos localizados nas regiões periportais dos lóbulos hepáticos
(SANMARTÍN, 1997a).

Nas yessotoxinas existem duas toxinas polietéreas disulfatadas, denominadas


yessotoxina (YTX) e 45-hidroxi-yessotoxina (45-OH-YTX). Assim como as PTX, não
apresentam atividade diarréica, tendo-se confirmado a atividade cardiotóxica através de
injeção intraperitoneal em ratos, com formação de um edema intracitoplasmático nas células
do músculo cardíaco; além disso, provoca degeneração gordurosa e necrose intracelular no
fígado e pâncreas, sem efeitos observáveis no músculo cardíaco. A YTX já foi descrita em
mexilhões procedentes do Mar Adriático e ainda não se conhecem os efeitos de sua ingestão
por seres humanos. A carência de atividade diarréica de PTX e YTX determina a possível
necessidade de reclassificação destas toxinas inicialmente incluídas no complexo tóxico DSP
(SANMARTÍN, 1997a).

Assim, TAYLOR (1988) afirma que a maior parte da toxina localiza-se nos órgãos
digestivos dos bivalves, bem como a cocção não altera a toxina.

2.5 "NEUROTOXIC SHELLFISH POISON" (NSP)

As intoxicações por neurotoxinas de bivalves (NSP) têm sido descritas em pessoas


que consumiram bivalves expostos a "marés vermelhas" de dinoflagelados (Ptychodiscus
breve). A doença tem estado limitada ao Golfo do México e às áreas da costa da Flórida. As
brevetoxinas são altamente letais para o peixe e as marés vermelhas deste dinoflagelado
estão também associadas à morte massiva de peixes (TAYLOR, 1988; HUSS, 1997).

xiv
P. brevis produz pelo menos duas neurotoxinas chamadas brevetoxinas B e C. As
brevetoxinas são compostos tipo poliéter. Elas parecem ligar-se às células nervosas, mas
seu mecanismo de ação é desconhecido (TAYLOR, 1988).

O modo de transmissão das toxinas de P. brevis aos seres humanos é muito similar
à da PSP, com exceção de que ocorre muito raramente. Os moluscos filtradores alimentam-
se das algas tóxicas e retém as toxinas em seus tecidos comestíveis (TAYLOR, 1988).

Os sintomas da NSP assemelham-se aos da PSP exceto no fato de não ocorrer a


paralisia. Dentre os sintomas, podemos observar insensibilidade dos lábios, língua, garganta
e na área que circunda da boca; dores musculares; problemas gastrointestinais e fadiga. A
NSP é raramente fatal. O período de incubação para esta doença varia de alguns minutos a
algumas horas. A duração da doença também é curta, de algumas horas a poucos dias. Não
há antídoto para NSP (TAYLOR, 1988; HUSS, 1997).

2.6 "AMNESIC SHELLFISH POISON" (ASP)

A intoxicação por toxinas amnésicas de bivalves (ASP) só foi identificada


recentemente. Tem sua origem do dinoflagelado Nitzchia pungens f. multiseries e ação tóxica
no estômago, intestino e nervos através de bivalves e mexilhões, que ingerem a toxina
através da alimentação pela filtração. Certas macroalgas marinhas também contém esta
toxina, mas não possuem nenhuma ligação com a doença humana. O ácido domóico,
produzido por N. pseudodelicatissima, tem sido encontrado em frutos do mar em outras
localidades do leste do Canadá. A primeira incidência verificada de ASP ocorreu durante o
inverno de 1987/88 na parte leste do Canadá, onde mais de 150 pessoas foram afetadas e
ocorreram quatro mortes após o consumo de mexilhões de cultura. Além disso, o ácido
domóico foi identificado em anchovas e pelicanos na Baía de Monterrey, California, sendo a
fonte Pseudonitzchia australis. Em novembro de 1991, ácido domóico foi encontrado em
bivalves nos Estados de Washington e Oregon e pode ter sido causa de doença humana
através da ingestão dos bivalves. Mecanismos de controle implantados no Canadá
estabeleceram uma dose máxima  20 g/g, e nenhum outro caso humano foi relatado

xv
desde o surto de 1987 (TODD, 1993; HUSS, 1997; SANMARTÍN, 1997b; OGAWA; MAIA,
1999).

O ácido domóico é um aminoácido tricarboxílico cristalino e hidrossolúvel, cujo


isolamento e identificação foram realizados inicialmente a partir da alga vermelha Chondria
armata, estudando as propriedades inseticidas de extratos de algas. Do ponto de vista
estrutural, o ácido domóico está estreitamente relacionado com o ácido kaínico, um
aminoácido neuroexcitador isolado originalmente a partir da alga Digenea simplex. O efeito
do ácido domóico é duas a três vezes mais potente que o do ácido kaínico, e cem vezes
superior ao de outros aminoácidos neuroexcitadores, como os ácidos aspártico e glutâmico
(SANMARTÍN, 1997b).

Os efeitos tóxicos do ácido domóico em humanos foram estudados durante o


episódio ocorrido no Canadá no ano de 1987. As 107 pessoas afetadas mostravam após 24
horas da ingestão dos bivalves tóxicos, alterações gastrointestinais, que incluiam náuseas
(76%), vômitos (75%), dores abdominais (49%), e diarréia (42%), além de dor de cabeça em
41% dos casos. Após um período de incubação de 48 horas, os indivíduos afetados
apresentavam um quadro de desordens neurológicas com alterações de equilíbrio (39%) e
perda de memória a curo prazo (24%). A perda de memória a curto prazo foi o sintoma mais
característico, com pessoas incapazes de reconhecer a seus familiares e meio habitual. Os
afetados com sintomas de menor intensidade tinham consumido menos que 75 mg de ácido
domóico, enquanto que aqueles que apresentavam alterações neurológicas, as taxas de
ingestão de ácido domóico oscilaram entre 115 a 290 mg. Doze das 19 pessoas
hospitalizadas estiveram sob cuidados intensivos (todos com idade superior a 60 anos ou
insuficiência renal crônica), apresentando sintomas adicionais de coma, tremores, tensão
mandibular, secreção respiratória profusa e pressão sanguínea instável. Três pessoas do
total de afetados morreram em três semanas após a ingestão dos mexilhões tóxicos, com um
quarto caso de morte que não reunia de forma exata as características clássicas do episódio
tóxico. O exame histopatológico de amostras de tecido cerebral nas pessoas falecidas
demonstrou zonas de necrose neuronal no hipocampo, tálamo, amídala, núcleo "accumbens"
e "claustrum", que incluem zonas cerebrais diretamente implicadas nos processos de
memorização (TODD, 1993; HUSS, 1997; SANMARTÍN, 1997b).

Em ratos, a injeção intraperitoneal de ácido domóico ou de extratos tóxicos de


bivalves provoca uma síndrome característica de coceira nos ombros com as patas traseiras,

xvi
ocorrendo convulsões e morte em função da dose tóxica. Outros sintomas observados
incluem hipoatividade, rigidez, perda do controle postural e tremores (SANMARTÍN, 1997b).

O ácido domóico administrado por via oral é absorvido através da mucosa


gastrointestinal com uma baixa taxa de absorção, sendo a maior parte eliminada pelas fezes.
Uma vez absorvido, a taxa de transferência para os tecidos cerebrais (determinada em ratos)
também é baixa, alcançando finalmente as regiões circunventriculares do sistema nervoso
central. O ácido domóico presente na corrente sanguínea é eliminado rapidamente por via
renal, com uma vida média estimada em ratos e macacos de 65 minutos, sendo eliminado
totalmente em um prazo de duas horas. Apesar da baixa taxa de absorção e sua rápida
eliminação da corrente sanguínea, o ácido domóico apresenta um potente efeito tóxico
associado à sua ação neuroexcitadora, o que conferiu-lhe um grande interesse farmacológico
para o estudo das enfermidades neurodegenerativas como a Síndrome de Down e a Doença
de Alzheimer (TODD, 1993; SANMARTÍN, 1997b).

2.7 OUTRAS TOXINAS

1) Toxina Originada do Marisco Babylonia japonica

Reduz a acuidade visual. Isolada a partir de neosurugatoxina e prosurugatoxina


(OGAWA; MAIA, 1999).

2) Palitoxina (PTX)

Encontra-se na ova do pólipo de Coelenterata Palythoa sp. A intoxicação se passa


através da cadeia alimentar até peixes, caranguejos, etc. (OGAWA; MAIA, 1999).

3) Toxina de Carpa

5 -ciprinol sulfato é uma toxina isolada da bilis da carpa. Esta é derivada do 5 -


ciprinol (OGAWA; MAIA, 1999).

xvii
4) Dinoflagelina

Toxina isolada a partir da gônada de "nagazuka" e "tauegaji" (OGAWA; MAIA, 1999).

5) "Caster Oil Fish"

É um éster de cera que provoca diarréia (OGAWA; MAIA, 1999).

6) Peixes

Houve a notificação da existência de toxicidade de caráter esporádico em peixes


como os cilóstomos (lampréias), elasmobrânquios (cações e arraias), quimeras e clupeídeos
(arenques, anchovas, etc.). As causas dessas intoxicações não são conhecidas (FAO, 1975).

xviii
3.0 CONCLUSÃO / CONTROLE

Trata-se de um problema sério de saúde pública, que atinge dezenas de milhares de pessoas
em todo o mundo anualmente. Essas toxinas são resitentes a tratamentos térmicos e a esterilização
praticada em fábricas de conservas. O controle das biotoxinas marinhas é difícil e a doença não pode
ser inteiramente prevenida. As toxinas são todas de natureza não proteica e extremamente estáveis.
Assim, o cozimento, a defumação, a secagem e a salga não as destrói e não se pode dizer, com base
no aspecto do peixe ou da carne do marisco, se este é ou não tóxico (HUSS, 1997).
A principal medida de prevenção é a inspeção e a amostragem das áreas de pesca e
dos bancos de bivalves para análise das toxinas. O bioensaio com ratos é usado muitas
vezes com este objetivo e a confirmação por HPLC é efetuada se ocorrer a morte após 15
minutos. A coleta é interditada se forem encontrados níveis elevados de toxinas. Parece
improvável que seja sempre possível controlar a composição do fitoplâncton nas áreas de
crescimento por eliminação das espécies toxinogênicas, não havendo um método de
confiança para prever quando uma espécie particular de fitoplâncton se desenvolve e, por
conseguinte, não há maneira de prever um afloramento de espécies toxinogênicas (TODD,
1993; HUSS, 1997).

A eliminação da toxinas por técnicas de depuração pode apresentar algumas


potencialidades, mas o processo é muito lento e caro. Há também o risco de um pequeno
número de indivíduos não abrir as valvas e não filtrar a água limpa através do sistema e reter,
por conseguinte, o seu nível original de toxicidade (HUSS, 1997).

A vigilância, para ser eficiente, exige planos de amostragem de confiança e meios


eficientes de detecção das toxinas. Os métodos químicos de confiança para a detecção de
todas as toxinas estão atualmente disponíveis e devem ser aplicados. O plano de
amostragem deve ter em consideração que a toxicidade dos bivalves pode aumentar desde
níveis desprezíveis até níveis letais em menos de uma semana ou até em menos de 24
horas, no caso dos mexilhões. A toxicidade pode variar também com o local de crescimento
dos bivalves de acordo com a geografia, as correntes e a atividade das marés (HUSS, 1997).

FAO (1996) recomenda que, devido à problemática dos surtos ocorridos de


biotoxinas marinhas na Venezuela entre 1991 e 1992, seja feita a implementação de
programas de vigilância em toxinas marinhas orientados através de monitoração periódica de
fitoplâncton e moluscos bivalves nos países cujo recurso de moluscos seja potencialmente

xix
explorável, assim como desenhar os planos de contingência para quando existam eventos de
maré vermelha e toxicidade.

Desse modo, os funcionários dos serviços de saúde pública e os inspetores de


pesca devem estar alertas à possibilidade de que sejam desembarcados e sejam oferecidos
à comercialização espécies tóxicas de pescado em suas zonas de jurisdição. Pode ser
necessária a implementação de certas medidas de controle para impedir a captura e o
consumo de peixes tóxicos. Devem ser estudadas medidas como o controle da zona e época
de captura, e a evisceração dos órgãos tóxicos. Não se conhecem métodos de
desintoxicação dos peixes tóxicos e, portanto há a necessidade de estabelecer técnicas
eficazes para isso (FAO, 1975).

É necessária uma precaução maior quando novas espécies de peixes tropicais são
capturadas para serem aproveitadas como alimento, em vista do grande número de espécies
tóxicas descobertas nas regiões tropicais. Um levantamento epidemiológico com as pessoas
residentes no local poderia ser realizado para averiguar se o consumo de uma determinada
espécie de peixe está livre de riscos (FAO, 1975).

A situação atual, no que diz respeito a tolerâncias e métodos de análise a serem


utilizados num programa de vigilância está apresentada no quadro a seguir.

Tabela: Vigilância das biotoxinas (HUSS, 1997).

Toxina Tolerância Método de Análise

Ciguater Controle não Não há método de


a Possível confiança

PSP 80 g/100 g Bioensaio com rato, HPLC

DSP 0 - 60 g/100 g Bioensaio com rato, HPLC

NSP Qualquer nível Bioensaio com rato. Não há


detectado/100 g é nenhum método químico
perigoso

ASP 20 g de ácido HPLC

xx
domóico/g

As medidas de saúde pública para a vigilância dos moluscos que contém biotoxinas
incluem a observação das zonas de captura quando se sabe que estas são afetadas por
temporadas. Em muitas partes do mundo onde existe este problema foram aplicados
programas de provas e procedimentos de laboratório bem comprovados. Estes programas
englobam a amostragem de mariscos em locais chave selecionados e a proibição da pesca
em águas atacadas quando as biotoxinas dos mariscos superam os níveis toleráveis. Outras
observações, tais como a presença de águas vermelhas ou de qualquer outra cor anormal,
ou aves marinhas mortas ou agonizando, podem ser indicadoras da proximidade de uma
invasão tóxica por dinoflagelados marinhos (FAO, 1975; TODD, 1993).

xxi
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