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Tributario processual

domingo, 18 de novembro de 2007


PESQUISA - Dispositivo de lei sobre depósito de precatório judicial é julgada
inconstitucional

Por unanimidade, os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) julgaram procedente a


Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) 3453 proposta pelo Conselho Federal da Ordem
dos Advogados do Brasil contra o artigo 19 da Lei Federal 11.033/04. A norma alterava a
tributação do mercado financeiro e de capitais, além de instituir o regime tributário para
incentivo à modernização e à ampliação da estrutura portuária.

O autor argumenta que o dispositivo violaria os artigos 5º, XXXVI, e 100 da Constituição da
República, porque condiciona o depósito em conta bancária de precatório judicial à
apresentação de certidão negativa de tributos federais, estaduais e municipais. Também é
exigida a apresentação da certidão de regularidade para com a Seguridade Social, o Fundo de
Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) e a Dívida Ativa da União, depois de ouvida a
Fazenda Pública.

Voto da relatora

“Como tratada na Constituição, a matéria relativa a precatórios não chama a atuação do


legislador infraconstitucional, menos ainda para impor restrições que não se coadunam com o
direito à efetividade da jurisdição e o respeito à coisa julgada, e a jurisdição é respeitada em
sua condição efetiva, às vezes, pelo pagamento do valor definido judicialmente”, considerou a
ministra Cármen Lúcia Antunes Rocha, relatora da ADI, em seu voto.

Segundo a ministra, “as formas de obter, a Fazenda Pública, o que lhe é devido e a constrição
do contribuinte para o pagamento de eventual débito havido com a Fazenda Pública estão
estabelecidas no ordenamento jurídico e não podem ser obtido por outros meios que frustrem
direitos constitucionais nos cidadãos”.

A relatora disse que a Fazenda Pública, quando considerada judicialmente credora do cidadão,
“também não tende a apresentar qualquer documento a garantir que nada deve a ele em
termos, por exemplo, de restituição de indébito ou de pagamento de qualquer outra forma de
débito”.

Para Cármen Lúcia, “o estabelecido na norma questionada agrava o que vem estatuído como
dever da Fazenda Pública”. Isto, conforme a ministra, ocorre “em face da obrigação que se
tenha reconhecido judicialmente em razão e nas condições estabelecidas pelo poder
Judiciário, não se mesclando, confundindo ou menos ainda frustrando, pela existência paralela
de débitos de outra fonte, natureza que eventualmente o jurisdicionado tenha na condição de
contribuinte com a Fazenda Pública”.

Por fim, a ministra entendeu que “a norma questionada - ao contrário de todas as tentativas de
resolver e diminuir os prazos, as condições e todas as formas de se desburocratizar e facilitar
o pagamento dos precatórios - estabelece mais dificuldades, e o que é mais grave, em perfeita
contradição com as normas constitucionais relativas à matéria”. Ela informou, ainda, que a
Constituição Federal fixa requisitos que podem ser definidos para a satisfação dos precatórios.

Assim, a Corte, por decisão unânime acompanhou a relatora Cármen Lúcia pela
inconstitucionalidade do artigo 19, da Lei Federal 11.033/04.

EC/RB

Leia mais:

04/04/2005 - 16:33 - Conselho da OAB ajuiza ação contra lei sobre depósito de precatório
judicial

Texto do dispositivo contestado na ADI

Artigo 19. O levantamento ou a autorização para depósito em conta bancária de valores


decorrentes de precatório judicial somente poderá ocorrer mediante a apresentação ao juízo de
certidão negativa de tributos federais, estaduais, municipais, bem como certidão de
regularidade para com a Seguridade Social, o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço –
FGTS e a Dívida Ativa da União, depois de ouvida a Fazenda Pública.

Parágrafo único. Não se aplica o disposto no caput deste artigo:

I - aos créditos de natureza alimentar, inclusive honorários advocatícios;

II - aos créditos de valor igual ou inferior ao disposto no art. 3o da Lei no 10.259, de 12 de


julho de 2001, que dispõe sobre a instituição dos Juizados Especiais Cíveis e Criminais no
âmbito da Justiça Federal.

Texto dos dispositivos constitucionais

Artigo 5º. Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se
aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à
liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:

XXXVI - a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada;

Artigo 100. À exceção dos créditos de natureza alimentícia, os pagamentos devidos pela
Fazenda Federal, Estadual ou Municipal, em virtude de sentença judiciária, far-se-ão
exclusivamente na ordem cronológica de apresentação dos precatórios e à conta dos créditos
respectivos, proibida a designação de casos ou de pessoas nas dotações orçamentárias e nos
créditos adicionais abertos para este fim.
Por unanimidade, os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) julgaram procedente a
Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) 3453 proposta pelo Conselho Federal da Ordem
dos Advogados do Brasil contra o artigo 19 da Lei Federal 11.033/04. A norma alterava a
tributação do mercado financeiro e de capitais, além de instituir o regime tributário para
incentivo à modernização e à ampliação da estrutura portuária.

O autor argumenta que o dispositivo violaria os artigos 5º, XXXVI, e 100 da Constituição da
República, porque condiciona o depósito em conta bancária de precatório judicial à
apresentação de certidão negativa de tributos federais, estaduais e municipais. Também é
exigida a apresentação da certidão de regularidade para com a Seguridade Social, o Fundo de
Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) e a Dívida Ativa da União, depois de ouvida a
Fazenda Pública.

Voto da relatora

“Como tratada na Constituição, a matéria relativa a precatórios não chama a atuação do


legislador infraconstitucional, menos ainda para impor restrições que não se coadunam com o
direito à efetividade da jurisdição e o respeito à coisa julgada, e a jurisdição é respeitada em
sua condição efetiva, às vezes, pelo pagamento do valor definido judicialmente”, considerou a
ministra Cármen Lúcia Antunes Rocha, relatora da ADI, em seu voto.

Segundo a ministra, “as formas de obter, a Fazenda Pública, o que lhe é devido e a constrição
do contribuinte para o pagamento de eventual débito havido com a Fazenda Pública estão
estabelecidas no ordenamento jurídico e não podem ser obtido por outros meios que frustrem
direitos constitucionais nos cidadãos”.

A relatora disse que a Fazenda Pública, quando considerada judicialmente credora do cidadão,
“também não tende a apresentar qualquer documento a garantir que nada deve a ele em
termos, por exemplo, de restituição de indébito ou de pagamento de qualquer outra forma de
débito”.

Para Cármen Lúcia, “o estabelecido na norma questionada agrava o que vem estatuído como
dever da Fazenda Pública”. Isto, conforme a ministra, ocorre “em face da obrigação que se
tenha reconhecido judicialmente em razão e nas condições estabelecidas pelo poder
Judiciário, não se mesclando, confundindo ou menos ainda frustrando, pela existência paralela
de débitos de outra fonte, natureza que eventualmente o jurisdicionado tenha na condição de
contribuinte com a Fazenda Pública”.

Por fim, a ministra entendeu que “a norma questionada - ao contrário de todas as tentativas de
resolver e diminuir os prazos, as condições e todas as formas de se desburocratizar e facilitar
o pagamento dos precatórios - estabelece mais dificuldades, e o que é mais grave, em perfeita
contradição com as normas constitucionais relativas à matéria”. Ela informou, ainda, que a
Constituição Federal fixa requisitos que podem ser definidos para a satisfação dos precatórios.

Assim, a Corte, por decisão unânime acompanhou a relatora Cármen Lúcia pela
inconstitucionalidade do artigo 19, da Lei Federal 11.033/04.

EC/RB
Leia mais:

04/04/2005 - 16:33 - Conselho da OAB ajuiza ação contra lei sobre depósito de precatório
judicial

Texto do dispositivo contestado na ADI

Artigo 19. O levantamento ou a autorização para depósito em conta bancária de valores


decorrentes de precatório judicial somente poderá ocorrer mediante a apresentação ao juízo de
certidão negativa de tributos federais, estaduais, municipais, bem como certidão de
regularidade para com a Seguridade Social, o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço –
FGTS e a Dívida Ativa da União, depois de ouvida a Fazenda Pública.

Parágrafo único. Não se aplica o disposto no caput deste artigo:

I - aos créditos de natureza alimentar, inclusive honorários advocatícios;

II - aos créditos de valor igual ou inferior ao disposto no art. 3o da Lei no 10.259, de 12 de


julho de 2001, que dispõe sobre a instituição dos Juizados Especiais Cíveis e Criminais no
âmbito da Justiça Federal.

Texto dos dispositivos constitucionais

Artigo 5º. Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se
aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à
liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:

XXXVI - a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada;

Artigo 100. À exceção dos créditos de natureza alimentícia, os pagamentos devidos pela
Fazenda Federal, Estadual ou Municipal, em virtude de sentença judiciária, far-se-ão
exclusivamente na ordem cronológica de apresentação dos precatórios e à conta dos créditos
respectivos, proibida a designação de casos ou de pessoas nas dotações orçamentárias e nos
créditos adicionais abertos para este fim.

Fonte: STF: ADI-3453


Postado por maria da glória perez às 12:35 0 comentários Links para esta postagem

PESQUISA - A EXECUÇÃO DE CRÉDITOS DE NATUREZA


ALIMENTÍCIA CONTRA A FAZENDA PÚBLICA

Autora: EVANNA SOARES

1 - Introdução. 2 - Configuração do crédito alimentar. 3 - Entes abrangidos no conceito de


Fazenda Pública. 4 - Precatório. 5 - Créditos reconhecidos pela Justiça do Trabalho. 6 -
Créditos ressalvados em Mandado de Segurança. 7 -Conclusão.

1 - Introdução

Interessante questão vem desafiando o Judiciário, desde a promulgação da Constituição da


República em 5.10.1988,em decorrência do preceituado no seu art. 100, caput:

"À exceção dos créditos de natureza alimentícia, os pagamentos devidos pela Fazenda
Federal, Estadual ou Municipal, em virtude de sentença judiciária, far-se-ão, exclusivamente,
na ordem cronológica de apresentação dos precatóríos e à conta dos crédítos respectivos,
proibida a designação de casos ou de pessoas nas dotações orçamentárias e nos créditos
adicionais abertos para este fim".

O debate concentra-se em saber se o pagamento dos créditos de natureza alimentícia está a


salvo dos procedimentos pertinentes ao precatório, ou tão-somente da sua ordem cronológica
de apresentação.

Parece evidente que a Lei Maior, em se tratando de créditos da espécie, distinguiu-os para o
fim de não os sujeitar à ordem cronológica de apresentação dos precatórios, onde
concorreriam com créditos de outra natureza. Não houve dispensa do rito adequado para a
execução contra a Fazenda pública.

Mas opiniões em contrário foram exteriorizadas, dando interpretação diferente ao dispositivo


em comento, tendo por escopo, talvez, poupar os credores da longa espera a que estariam
sujeitos no exercício de seus direitos contra a Fazenda Pública.

A experiência se incumbe de demonstrar casos em que, condenada a Fazenda ao pagamento


de salários, em processo trabalhista, na fase executiva pretendeu-se a penhora de bens
públicos - que se sabe impenhoráveis - ou o seqüestro de dinheiros da devedora, sem que se
configurasse a preterição do direito de precedência dos precatórios, ou até mesmo
independentemente de precatório.

2 - Configuração do crédito alimentar

"Crédito de natureza alimentícia" - diz a Constituição. Por crédito dessa natureza entende-se
aquele referente a alimentos, isto é, o que é necessário à subsistência do ser humano.

Os alimentos são, pois, "pensões, ordenados, ou outras quaisquer quantias concedidas ou


dadas, a título de provisão , assistência ou manutenção, a uma pessoa por uma outra que, por
força de lei, é obrigada a prover às suas necessidades alimentícias e de habitação", podendo
ser "in natura" ou em dinheiro e abrangendo não só a subsistência material, como também a
intelectual(1).

Em consequência, temos como exemplos de verbas alimentares: os salários, vencimentos,


soldos, proventos, pensões, pecúlios - inclusive os facultativos (2) e os honorários
advocatícios(3) .

3 - Entes abrangidos no conceito de Fazenda Pública

Por Fazenda Pública entende-se "a Admínistração Pública quando ingressa em juízo por
qualquer de suas entidades estatais ou autárquicas, ou por seus órgãos que tenham capacidade
processual, ... porque o seu erário é que suporta os encargos patrimoniais da demanda" (4).

Inserem-se, assim, nesse conceito, a União, os Estados, o Distrito Federal, os Municípios e as


respectivas autarquias(5) - todos pessoas jurídicas de direito público.

As empresas públicas e as sociedades de economia mista, embora integrem a Administração


Pública Indireta(6), não constituem a Fazenda Pública, mormente porque dotadas de
personalidade jurídica de direito privado (7).

No que tange às fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público, embora a Lei nº 7.596,
de 10.4.1987, que, dentre outras disposições modificou o Decreto-Lei nº 200/1967 , tenha,
expressamente, ressaltado a sua personalidade jurídica de direito privado, os tribunais,
capitaneados pelo Supremo Tribunal Federal, principalmente após a vigência da Carta de
1988, definiram que elas são "espécies do gênero autarquia", notadamente quando assumem a
gestão de serviço estatal e se submetem ao regime administrativo previsto na legislação
pertinente(8).

Tratando-se, pois, da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios e respectivas
autarquias (compreendidas as fundações públicas), litigando em juízo, teremos a Fazenda
Pública, e as execuções contra essas entidades devem sujeitar-se ao rito previsto nos arts. 730
e 731 do Código de Processo Civil, dependendo o pagamento do precatório.

4 - Precatório

"De precatorius, é especialmente empregado para indicar a requisção ou, propriamente, a


carta expedida pelos juízes da execução de sentenças, em que a Fazenda Pública foi
condenada a certo pagamento, ao presidente do Tribunal, a fim de que, por seu intermédio, se
autorizem e se expeçam as necessárias ordens de pagamento às respectivas repartições
pagadoras" (9).

Nesse contexto, o credor da Fazenda Pública, ainda que se trate de crédito de natureza
alimentícia (10) , não pode executá-lo pela via comum, dada a impenhorabilidade legal dos
bens públicos, nem pelo rito previsto nos arts. 732 e seguintes do CPC. Há de se submeter ao
procedimento especial insculpido nos arts. 730 e 731, do mesmo estatuto, promovendo-se
uma execução imprópria - no dizer de HUMBERTO THEODORO JÚNIOR (11) - e aguardar
a requisição do pagamento expresso no precatório, se a Fazenda Pública não oferecer
Embargos ou, se oferecidos, forem rejeitados.

Ainda a propósito do precatório, há de ser dito que a sua existência constitui medida
moralizadora, implantada no ordenamento constitucional a partir de 1934, e que repousa no
princípio da moralidade que orienta a Administração Pública.

Seu objetivo básico é impedir a prática da advocacia administrativa.

5 - Créditos reconhecidos pela Justiça do Trabalho

Tornou-se prática usual a contratação de servidores civis pela Administração Pública Direta e
autárquica, nas esferas federal, estadual e municipal, pelo regime da Consolidação das Leis do
Trabalho. Assim, na Administração, conviviam dois regimes jurídicos distintos, um norteado
pelo Estatuto dos Funcionários Públicos Civis e outro pela legislação obreira.

Estabeleceu, então, o art. 39, caput, da CR/88, a obrigatoriedade de a União, os Estados, o


Distrito Federal e os Municípios instituírem, "no âmbito de sua competêncía, regime jurídico
único e planos de carreira da administração pública direta, das autarquias e das fundações
públicas".

Cumprindo esse mandamento, vigora, desde 12.12.1990 - data em que foi publicada - a Lei nº
8.112, que dispõe sobre o regime jurídico dos Servidores Públicos Civis da União, das
autarquias e das fundações públicas federais, de modo que, no plano federal, o vínculo legal
substituiu o contratual, com efeitos diversos, dentre eles a sujeição dos litígios entre
servidores "estatutários" e a União, suas autarquias ou fundações públicas, à Justiça
Federal(12) . (No que tange às empresas públicas federais, "sujeitam-se ao regime jurídico
próprio das empresas privadas, inclusive quanto às obrigações trabalhistas ..." - CR, art. 173,
§ 1º).

Muitas reclamaçoes trabalhistas travadas entre tais entidades e os antigos celetistas pendem de
apreciação pela Justiça do Trabalho (13).

Outrossim, inumeros são os Estados e Municipios que ainda não cumpriram o disposto no art.
39, caput, da Lei Maior, de sorte que no seu âmbito são mantidos servidores sob a égide da
legislação obreira e, como tal, submetidos à jurisdição da Justiça especializada para a solução
dos conflitos decorrentes da relação empregatícia.

O processamento das reclamações trabalhistas promovidas contra a Fazenda Pública,


guardadas as peculiaridades do caso, não oferece obstáculos. A execução das sentenças
trabalhistas, por quantia certa, contra a Fazenda, sim, posto que se impõe, como salientado
anteriormente, o rito adequado, culminando com a expedição do precatório, mesmo quando se
tratar de crédito de natureza alimentícia, excepcionando-se, apenas, a sujeição à ordem
cronológica de apresentação.

Nesse sentido é a lição de VALENTIN CARRION (14). AMAURI MASCARO DO


NASCIMENTO também refere-se à questão(15).

Quanto à posição dos tribunais, apesar de opiniões em contrário, isto é, da dispensabilidade


do precatório quando se tratar de crédito de natureza alimentar (16) , prepondera, firmando-se,
o entendimento no sentido de que, ante a impenhorabilidade dos bens públicos, a execução da
sentença trabalhista contra a Fazenda Pública há de se fazer na forma dos arts.730 e 731 do
CPC, permitida, quando se tratar de crédito de natureza alimentícia, a quebra da ordem
cronológica dos precatórios (17-18-19), tendo sempre em conta a impenhorabilidade dos bens
públicos (20) .

6 - Créditos ressalvados em Mandado de Segurança

"O mandado de segurança não é meio processual idôneo para dirimir litígios trabalhistas". É o
que encerra a Súmula 195 do TRF. Esse entendimnto vem sendo prestigiado, inclusive pela
Justiça do Trabalho, tendo-se notícia de algumas exceções, quando o impetrado reunir os
requisitos concomitantes de empregador e de autoridade pública (ou pessoa a ela equiparada),
observados os demais pressupostos que ensejam a ação mandamental.

Entretanto, em e tratando de servidores públicos federais da Administração Direta ou


autárquica, e de servidores públicos estaduais e municipais, especificamente quanto aos
vencimentos e vantagens pecuniárias ("créditos de natureza alimentar"), é permitido o manejo
do mandado de segurança, ainda que de maneira mitigada, consoante a Lei nº 5.021, de
9.6.1996.

A indicada lei, auxiliada na sua interpretação pela Súmula 271 do Supremo Tribunal Federal
(21) , veda a concessão de "medida liminar para efeito de pagamento de vencimentos e
vantagens pecuniárias" (art. 1º, § 4º), disciplina a forma de pagamento, no caso de sentença
contrária à Fazenda Pública, de maneira a contemplar as " prestações que se vencerem a
contar da data do ajuizamento da inicial" (art. 1º, caput) até o deferimento do writ, ou
"atrasados", remetendo-as à liquidação por cálculos, seguindo-se à expedição do precatório
(art. 1º, § 3º) (22) ; e quanto aos créditos com vencimento posterior à decisão, o cumprimento
imediato, providenciando-se, e necessário, o suprimento de recursos para satisfação do
julgado.

Pelo menos quanto às verbas devidas a partir da sentença, os servidores em referência estão
fora do alcance do precatório.

7 - Conclusão

Não podem ser desprezadas respeitáveis opiniões lançadas contra a submissão dos créditos
alimentícios ao precatório (23).

Mas a interpretação mais lógica que se pode tirar do art. 100 e parágrafos, da Constituição da
República - apesar de insensível às urgentes necessidades alimentares do ser humano - é no
sentido de que a satisfação dos créditos de natureza alimentícia não prescinde do precatório,
estando a salvo, somente, da ordem cronológica de apresentação, quando o encargo recair
sobre a Fazenda Pública.

(NOTAS)
1- Cf. DE PLÁCIDO E SILVA in "Vocabulário Jurídico", São Paulo, Forense, 3ª ed., 1973,
vol. I, p, 107.

2- TRF 2ª Reg., 2ª. T., AMS 89.02,13805-4/RJ, Rel. Des. Fed. Julieta Lunz, julg. em
9.10.1990, publ. DJ de 24.1.1991,s. II, p. 721.

3- TRF 4ª Reg., 3ª T., MS 89.04.11429-2/SC, Rel juiz Gilson Dipp, julg. em 16.10.1990,
publ. DJ de 23.1.1991, s.II, p. 667.

4- Cf. HELY LOPES MEIRELLES in "Direito Administrativo Brasileiro", São Paulo, RT,
14ª. ed., 1989, p.616.

5- Lei nº 6.830, de 22.9.1980, art. 1º.

6- Decreto-Lei nº 200, de 25.2.1967, art. 4º, II, b e c.

7- Idem, art. 5º, II e III.

8- STF, Pleno, CJ nº 6.566-MG, Rel. Min. Aldir Passarinho, in LEX-JSTF 107/35. V. também
LEX-JSTF 121/19, 122/35, 127/31 e 130/57.

9- DE PLÁCIDO E SILVA, ob. cit., vol. III, p. 1196.

10-Constituição da República, art. 100, caput.

11- "Processo de Execução", São Paulo, EUD, 8ª ed., 1983, p. 335.

12-Constituição da República, art. 109, I.

13-Idem, art. 114, caput.

14-"Comentários à Consolidação das Leis do Trabalho", São Paulo, RT, 11ª ed., 1989,
p.652/653.

15-"Curso de Direito Processual do Trabalho", São Paulo, Saraiva, 12ª ed., 1990, p.292.

16-TRF 1ª Reg., 3ª T., HC 90.01.00224-2-DF, Rel. juiz Adhemar Maciel, julg. em


26.11.1990, publ. no DJ de 17.12.19901 s. II, 30780.

17-TRT 10ª Reg.,2ª T., AP nº 239/90-GO, Rel.juiz Sebastião Machado Filho, julg. em
27.11.1990, publ. no DiJ de 24.1.1991, s.II, p.772.

18-TRT 10º Reg., 1ª T., AP nº 214/90-GO, Rel. juiz Heráclito Pena Júnior, julg. em
4.12.1990, publ. no DJ de 24.1.1991, s.II, p. 759.
19-TRF 1ª Reg., . MS 89.01.20276-0-GO, Rel. juiz Aldir Passarinho Júnior, julg. em
15.10.1990, publ. no DJ de 26.11.1990, s.II, p.28335.

20-TRT 8ª Reg., AP 919/90-PA, Rel. juiz Arthur Seixas, julg. em 31.10.1990, publ. no DO-
PA(2) de 19.11.1990, p.3.

21-Súmula 271 do STF: "Concessão de mandado de segurança não produz efeitos


patrimoniais, em relação a período pretérito, os quais devem ser reclamados
administrativamente ou pela via judicial própria".

22-THEOTONIO NEGRÃO in "Código de Processo Civil e legislação em vigor", São Paulo,


RT, 19ª ed., 1989, p.897, selecionou o seguinte julgado: "os atrasados, a que se refere § 3º do
art. 1º da Lei 5.021, sobre a liquidação, por cálculo, da sentença, não compreendem
prestações vencidas anteriormente ao ajuizamento do pedido, senão, unicamente, as vencidas
entre a impetração e a concessão do mandado de segurança". (RTJ 75/163).

23-JOSÉ AUGUSTO DELGADO, "Execução de quantia certa contra a Fazenda Pública", in


"Revista de Processo" 57/13-25, RT, janeiro/março de 1990.

Teresina-PI, janeiro de 1991.

FONTE: http://www.prt22.mpt.gov.br/trabevan17.htm
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PESQUISA - Regra sobre pagamento de precatórios é inconstitucional

Corrida de barreiras

por Kiyoshi Harada

Kiyoshi Harada: é professor de Direito Administrativo, Financeiro e Tributário, conselheiro


do Instituto dos Advogados de São Paulo, ex-procurador-chefe da Consultoria Jurídica do
Município de São Paulo. Site: www.haradaadvogados.com.br

A expedição de certidão negativa de tributos insere-se no âmbito do poder-dever da


Administração Tributária. O artigo 205 do Código Tributário Nacional faculta ao legislador
ordinário de cada ente político exigir a certidão negativa como prova de quitação de certo
tributo, sempre que exigível essa prova, nos seguintes termos:

Art. 205. A lei poderá exigir que a prova da quitação de determinado tributo, quando exigível,
seja feita por certidão negativa, expedida à vista de requerimento do interessado, que contenha
todas as informações necessárias à identificação de sua pessoa, domicílio fiscal e ramo de
negócio ou atividade e indique o período a que se refere o pedido.

O exercício da faculdade legislativa, porém, não é absoluto. Não pode acarretar violação de
direitos e garantias fundamentais, nem implicar desvio de finalidade criando embaraços à
efetivação do direito do cidadão contra o Estado. Nunca se pode esquecer que a expedição de
certidão negativa de tributos representa um poder-dever do Estado, em consonância com o
que está prescrito no artigo 5º, XXXIV, b da CF (1) . E mais, a lei a que se refere o art. 205 do
CTN, norma geral de direito tributário, editada com fundamento no artigo 146, III (2) da CF,
é lei de cada ente político tributante. Não pode o legislador ordinário da União editar norma
geral aplicável no âmbito das três esferas políticas, pois isso é privativo da lei complementar.

Pois bem, a Lei nº 11.033, de 21 de dezembro de 2004, que altera a tributação do mercado
financeiro e de capitais e institui o Regime Tributário para Incentivo à Modernização e à
Ampliação da Estrutura Portuária (Reporto) introduziu matéria estranha, representada pelo
artigo 19 do seguinte teor:

Art. 19. O levantamento ou a autorização para depósito em conta bancária de valores


decorrentes de precatório judicial somente poderá ocorrer mediante a apresentação ao juízo de
certidão negativa de tributos federais, estaduais, municipais, bem como certidão de
regularidade para com a Seguridade Social, o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço -
FGTS e a Dívida Ativa da União, depois de ouvida a Fazenda Pública.

Parágrafo único. Não se aplica o disposto no caput deste artigo:

I - aos créditos de natureza alimentar, inclusive honorários advocatícios;

II - aos créditos de valor igual ou inferior ao disposto no art. 3º da Lei nº 10.259, de 12 de


julho de 2001, que dispõe sobre a instituição dos Juizados Especiais Cíveis e Criminais no
âmbito da Justiça Federal.

Como se verifica, excetuadas as hipóteses previstas no parágrafo único, não apenas o


levantamento, como também, o próprio depósito do montante da condenação judicial depende
de prévia apresentação de certidão negativa de tributos e de certidão de regularidade perante o
INSS e FGTS. Parece inacreditável, mas é o que se depreende da leitura do artigo 19
retrotranscrito, sub-repticiamente introduzido pelo insensível legislador ordinário mesmo
sabendo ou devendo saber do resultado catastrófico dessa disposição normativa.

Não bastassem os seis ou oito anos para obtenção de decisão condenatória, com trânsito em
julgado, contra a Fazenda Pública, seguidos de outros seis ou oito anos, ou até mais, para
satisfação do montante da condenação judicial, agora, o legislador infraconstitucional, por
meio de dispositivo ilegítimo, irrazoável e inconstitucional busca procrastinar o cumprimento
da decisão exequenda, aumentando a agonia e o tormento dos credores que estão morrendo,
aos milhares, na fila de precatórios judiciais.

Precatório judicial significa requisição de pagamento feito pelo Presidente do Tribunal que
proferiu a decisão exequenda contra a Fazenda Pública, por conta de dotação orçamentária
consignada ao Poder Judiciário. É forma de execução por quantia certa contra Fazenda
Pública, regulada pelo artigo 730 do CPC. Funciona como sucedâneo de penhora, em virtude
do princípio da impenhorabildiade de bens públicos.

A Constituição Federal disciplinou, minudentemente, o procedimento para cumprimento de


decisão judicial contra a Fazenda Pública em seu artigo 100 e parágrafos:

Art. 100 - À exceção dos créditos de natureza alimentícia, os pagamentos devidos pela
Fazenda Federal, Estadual ou Municipal, em virtude de sentença judiciária, far-se-ão
exclusivamente na ordem cronológica de apresentação dos precatórios e à conta dos créditos
respectivos, proibida a designação de casos ou de pessoas nas dotações orçamentárias e nos
créditos adicionais abertos para este fim

§ 1º É obrigatória a inclusão, no orçamento das entidades de direito público, de verba


necessária ao pagamento de seus débitos oriundos de sentenças transitadas em julgado,
constantes de precatórios judiciários, apresentados até 1º de julho, fazendo-se o pagamento
até o final do exercício seguinte, quando terão seus valores atualizados monetariamente
(redação dada pela EC nº 30/00).

§ 1º-A Os débitos de natureza alimentícia compreendem aqueles decorrentes de salários,


vencimentos, proventos, pensões e suas complementações, benefícios previdenciários e
indenizações por morte ou invalidez, fundadas na responsabilidade civil, em virtude de
sentença transitada em julgado (acrescentado pela EC nº 30/00).

§ 2º As dotações orçamentárias e os créditos abertos serão consignados diretamente ao Poder


Judiciário, cabendo ao Presidente do Tribunal que proferir a decisão exeqüenda determinar o
pagamento segundo as possibilidades do depósito, e autorizar, a requerimento do credor, e
exclusivamente para o caso de preterimento de seu direito de precedência, o seqüestro da
quantia necessária à satisfação do débito (redação dada pela EC nº 30/00).

§ 3º O disposto no caput deste artigo relativamente à expedição de precatórios, não se aplica


aos pagamentos de obrigações definidas em lei como de pequeno valor que a Fazenda
Federal, Estadual, Distrital ou Municipal deva fazer em virtude de sentença judicial transitada
em julgado (redação dada pela EC nº 30/00).

§ 4º São vedados a expedição de precatório complementar ou suplementar de valor pago, bem


como fracionamento, repartição ou quebra do valor da execução, a fim de que seu pagamento
não se faça, em parte, na forma estabelecida no § 3º deste artigo e, em parte, mediante
expedição de precatório (acrescentado pela EC nº 37/02).

§ 5º A lei poderá fixa valores distintos para o fim previstos no § 3º deste artigo, segundo as
diferentes capacidades das entidades de direito público (primitivo § 4º renumerado pela EC nº
37/02).
§ 6º O Presidente do Tribunal competente que, por ato comissivo ou omissivo, retardar ou
tentar frustrar a liquidação regular de precatório incorrerá em crime de responsabilidade
(primitivo § 5º renumerado pela EC nº 37/02).

O caput do artigo 100 vai de encontro aos princípios do artigo 37, que regem a Administração
Pública. É uma norma moralizadora determinando o pagamento mediante observância
rigorosa da ordem cronológica de apresentação dos precatórios, excetuados os créditos de
natureza alimentar (3) , bem como, proibindo a designação de casos e de pessoas nas dotações
orçamentárias e extra-orçamentárias em atendimento ao princípio da impessoalidade.

O § 1º, em sua redação original, determinava a inclusão orçamentária da verba requisitada até
1º de julho pelo valor atualizado até essa data, para pagamento até o final do exercício
seguinte. Aquela redação original ensejava a interpretação de que, atualizado o débito até 1º
de julho e pago até o final do exercício seguinte, nada mais seria devido a título de correção
monetária. Em boa hora veio a EC nº 30/00 promover a alteração redacional para consignar,
expressamente, o pagamento pelos valores atualizados monetariamente.

O § 1º-A, acrescido pela EC nº 30/02, veio eliminar a insegurança do aplicador da lei na


classificação dos créditos de natureza alimentar. Enumerou expressamente como sendo de
natureza alimentar os débitos decorrentes de salários, vencimentos, proventos, pensões e suas
complementações, benefícios previdenciários e indenizações por morte ou invalidez, fundadas
na responsabilidade civil, em virtude de sentença transitada em julgado.

A nova redação dada ao § 2º, pela EC nº 30/00, ao prescrever que 'as dotações orçamentárias
e os créditos abertos serão consignados diretamente ao Poder Judiciário, cabendo ao
Presidente do Tribunal....necessária à satisfação do débito', não deixa margem de dúvida
quanto à titularidade das verbas consignadas para pagamento de precatórios. Nenhuma lei
ordinária poderá autorizar o Executivo a anular parcial ou totalmente as dotações pertencentes
ao Judiciário, para abertura de crédito adicional suplementar ou especial.

O § 3º, introduzido pela EC nº 30/00, veio dispensar da formalidade da expedição de


precatório judicial em relação às obrigações definidas em lei como sendo de pequeno valor
pelas Fazendas federal, estadual, distrital ou municipal.

O § 4º, acrescentado pela EC nº 37/02, veda a expedição de precatório complementar ou


suplementar de valor pago, bem como o seu fracionamento para percepção direta da
importância considerada de pequeno valor. A primeira vedação decorre do entendimento
consolidado pelo STF que só vinha permitindo a expedição de requisição complementar em
casos de erro aritmético. A segunda proibição, na verdade, desnecessária, visa aclarar o que
decorre do § 3º que apenas autoriza a exclusão de precatório em se tratando de obrigações
definidas como sendo de pequeno valor, resultantes de sentença judicial, ou seja, se o valor da
condenação superar o limite legal estabelecido, impõe-se a inserção do precatório na ordem
cronológica.
O § 5º, que resultou da renumeração do anterior § 4º pela EC nº 37/02, permite que o
legislador ordinário flexibilize a definição do que sejam obrigações de pequeno valor segundo
as diferentes capacidades financeiras das entidades políticas. Resultou disso que cada entidade
política adotou um valor diferente.

O § 6º é resultante da renumeração do anterior § 5º pela EC nº 37/02. Define como crime de


responsabilidade do Presidente do Tribunal competente o ato comissivo ou omissivo que
venha retardar ou frustrar a regular liquidação do precatório. O dispositivo guarda simetria
com o art. 85, VI da CF que considera como crime de responsabilidade do Presidente da
República os atos atentatórios à lei orçamentária. Esse preceito, pelo princípio da simetria,
aplica-se aos Governadores e aos Prefeitos.

Como se vê do artigo 100 e parágrafos, sucintamente analisados, a Carta Política traçou regras
claras e severas de conformidade com o princípio federativo da independência e harmonia dos
Poderes e em consonância com os princípios que regem a Administração Pública. Esgotou o
procedimento para pagamento de precatórios judiciais nada deixando à colaboração do
legislador infraconstitucional, exceto para definição de obrigações de pequeno valor e para
distinguir esses valores segundo as diferentes capacidades dos entes políticos devedores (§§
3º e 5º), com o manifesto propósito de favorecer os credores da Fazenda, jamais para
prejudicá-los. E mais, a Constituição Federal prescreveu crime de responsabilidade
relativamente aos atos omissivos ou comissivos do Presidente do Tribunal competente que
importem em retardar ou tentativa de frustração da liquidação regular do precatório.

Na forma da Carta Magna vigente são apenas três os requisitos para satisfação de precatório:

- requisição de pagamento pelo Presidente do Tribunal que proferiu a decisão exequenda;

- inclusão no orçamento das entidades políticas de verbas necessárias ao pagamento de


precatórios apresentados até 1º de julho, sob pena de crime de responsabilidade;

- pagamento atualizado até o final do exercício seguinte ao da apresentação dos precatórios,


mediante utilização de verbas consignadas ao Judiciário, observada a ordem cronológica de
sua apresentação e por determinação do Presidente do Tribunal competente, sob pena de
crime de responsabilidade em hipóteses de retardamento ou tentativa de frustração da regular
liquidação de precatório.

Diante de regras tão claras, objetivas e severas não se sabe onde e como o legislador ordinário
foi buscar fundamento constitucional para procrastinar o pagamento de precatório judicial,
incorrendo em autêntico ato de improbidade legislativa. Bastará que um único credor não
consiga apresentar a certidão negativa, para paralisar a fila do precatório judicial em benefício
da Fazenda, que vem antecipando a realização da receita tributária e postergando o pagamento
da despesa decorrente de condenação judicial, como é do conhecimento público.

O artigo 19 sob exame inovou as disposições da Carta Magna introduzindo um novo requisito
entre a inserção de verba requisitada na lei orçamentária anual e o pagamento, ou seja,
exigindo prévia apresentação de certidão negativa de tributos como condição para o depósito
do montante da condenação judicial, ou seu levantamento, caso já tenha sido depositado o
valor do precatório.

Em outras palavras, esse artigo 19 interferiu diretamente na atuação do Judiciário em sua fase
mais importante, desferindo um golpe fatal contra o princípio da efetividade da jurisdição,
própria razão de existência do Poder Judiciário. Como se sabe, a atividade jurisdicional é
exercida pelo Poder Judiciário em regime de monopólio estatal. Por isso, entre nós, o
Judiciário quando decide o faz em nome do Estado Federal Brasileiro. Daí a noção de
soberania do Poder Judiciário, no sentido de que nenhum outro Poder pode se sobrepor à sua
decisão. A decisão do Judiciário é a decisão do próprio Estado.

Assim, o dispositivo sob comento afronta, não só, o artigo 100 e parágrafos da CF ao inovar
os requisitos para satisfação do precatório judicial, como também, violenta o artigo 2º da CF
ao interferir na prestação jurisdicional em sua fase final, que é a da efetivação da jurisdição,
impingindo ao Judiciário um desprestígio maior como se já não bastasse o estigma da
morosidade que, por si só, compromete a credibilidade de sua atuação. Agora, essa
morosidade, no mínimo, será duplicada.

Finalmente, a exemplo de outras leis de natureza tributária, o dispositivo sob exame agiliza e
antecipa, por vias tortuosas, a arrecadação de tributos, de um lado, suprindo e premiando a
ineficiência da máquina administrativa tributária e, de outro lado, aniquilando os direitos e
garantias fundamentais do contribuinte que, às vezes, se vêem obrigados a pagar um tributo
indevido, para poder receber o montante da condenação judicial contra a Fazenda, obtida, a
duras penas, após moroso e cansativo processo judicial.

Realmente, esse artigo 19 sob análise fere o art. 5º, XXXV da CF, segundo o qual 'a lei não
excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito'. Ora, 'n' situações
existem em que se for exigida certidão negativa como condição para o depósito do montante
da condenação a que faz jus o exeqüente, este terá que abrir mão dos princípios do devido
processo legal e do contraditório e ampla defesa, insertos nos incisos LIV e LV, do artigo 5º
da CF.

Efetivamente, se o crédito tributário situar-se naquela fase de inscrição na dívida ativa, que
antecede o ajuizamento da execução fiscal, o contribuinte não terá meios legais para obtenção
da certidão negativa. De fato, nessa hipótese, a certidão não poderá ser expedida, porque já
estará cessada a suspensão da exigibilidade do crédito tributário (artigo 151, III do CTN). O
contribuinte não poderá, também, nomear bens à penhora e obter a certidão, porque a
execução fiscal ainda não foi ajuizada. Seria o caso de impetrar mandado de segurança para
agilizar a execução fiscal contra si? O legislador não poderia ignorar o fato de que milhares e
milhares de créditos tributários prescrevem, mensalmente, por conta da inércia da Fazenda
Pública que deixa de aparelhar, tempestivamente, as execuções fiscais, talvez, à espera de
providências legislativas da espécie.

Mas, não é só. Na esfera da União, a Secretaria da Receita Federal instituiu, sem base legal, o
procedimento denominado 'ENVELOPAMENTO' que consiste no seguinte:
O computador da Receita Federal expede, diariamente, milhares de 'notificações de débito'
juntamente com os DARFs para pagamento, sob pena de inscrição na dívida ativa; essas
'notificações', na maioria das vezes, é resultado de discrepância entre os dados constantes na
Declaração de Débitos e Créditos de Tributos Federais (DCTF) apresentada pelo contribuinte,
com aqueles dados informatizados pelos servidores da Receita, especialistas em informática,
mas que de direito tributário pouco ou nada entendem;

ao contribuinte não é dado o direito de defender-se contra a intimação expedida pelo


computador mediante regular instauração do processo administrativo tributário, como
determina a Carta Política;

ao infeliz contribuinte contemplado com a 'intimação computadorizada' resta-lhe tão só a


alternativa de comprovar a quitação do débito apontado e se for o caso, retificar a DCTF
colocando os comprovantes de pagamento com as respectivas justificativas dentro de um
envelope a ser entregue no órgão fazendário competente, mediante protocolo;

os envelopes entregues por milhares de contribuintes intimados à alhures ficam dormitando na


repartição pública e são abertos, aleatoriamente, sem obediência à ordem cronológica de
recebimento e em pequenas quantidades mensais, ou à medida em que o contribuinte
desesperado clamar pela solução de seu caso, após conseguir a façanha de obter uma senha de
atendimento;

decorrido determinado prazo, independentemente, de abertura do 'ENVOLOPE', o 'débito'


apontado é enviado à Procuradoria da Fazenda Nacional para inscrição na dívida ativa e
cobrança judicial, porque assim estão programados os computadores da Receita, contra os
quais os mais diligentes servidores públicos se mostram totalmente impotentes.

Difícil de acreditar, mas quem milita na área tributária sabe que tudo isso é verdade. Ives
Gandra da Silva Martins, com habitual elegância e moderação, denomina esse procedimento
de 'Ditadura dos Computadores' (Valor Econômico, 23-12-2004).

O Estado Democrático de Direito, construído pelo legislador constituinte, vem sendo


paulatinamente desmontado pelo legislador ordinário, que só consegue enxergar os interesses
da Fazenda Pública. Instituição de tributos nebulosos, de difícil classificação em espécie;
elevação indireta da carga tributária pelos mecanismos de incidência do tributo sobre si
próprio (tributação por dentro), de encurtamento do prazo de recolhimento, de antecipação da
arrecadação mediante retenção na fonte etc., já se incorporaram na rotina legislativa do
Estado.

Agora, surge um novo instrumento para acelerar a arrecadação tributária: o instrumento da


coerção obrigando o credor da Fazenda, titular de precatório judicial, apresentar previamente
a certidão negativa de tributos como contrapartida do recebimento de seu crédito. Na prática,
e na maioria dos casos, isso representa pagamento prévio de um tributo que nem sempre é
devido, e com dispensa dos princípios constitucionais do devido processo legal e do
contraditório e ampla defesa. Esse instrumento truculento, que nem a ditadura militar ousou
instituí-lo, torna arcaico e desnecessário o instituto da compensação que se opera entre dívidas
líquidas e certas.

O legislador ordinário premia o órgão fazendário omisso e ineficiente, que deveria estar
promovendo a fiscalização, autuando os infratores, decidindo quanto às impugnações e
recursos por eles apresentados e promovendo a inscrição na dívida ativa, seguida de cobrança
judicial tempestiva. Ultimamente, o legislador aliou-se ao Poder Executivo para, por meio de
instrumento normativo, substituir a ação do fisco, que nada mais tem a fazer senão
acompanhar, por intermédio de computadores, o fluxo das receitas cada vez mais volumosas,
como fruto de terrorismo legislativo perpetrado contra indefesos contribuintes.

Só que esse procedimento legislativo não é ético, legítimo, razoável, nem constitucional. O
interesse da Fazenda não pode ser protegido em detrimento dos direitos e garantias
individuais assegurados na Carta Magna. Afinal, estes existem para colocar um freio no poder
político do Estado. Por isso, os direitos e garantias individuais, insuprimíveis por meio de
Emendas Constitucionais (art. 60, § 4º, IV da CF), não são apenas aqueles elencados no art. 5º
da Carta Política, mas todos os dispositivos dispersos na Constituição Federal que represente
um 'NÃO' contra o poder político do Estado.

Lamentavelmente, essa noção elementar de Direito Constitucional vem sendo ignorado pelo
legislador ordinário, que vem outorgando descabidos privilégios à Fazenda Pública à custa de
sacrifícios dos direitos e garantias individuais dos contribuintes, e o que é pior, contra os
princípios da razoabilidade, da proporcionalidade e da eficiência do serviço público,
implicando autêntica inversão de valores.

A exigência de certidão negativa, no caso, atenta contra o princípio da razoabilidade, porque


ela não é o meio adequado para a cobrança de tributos. Se a Fazenda Pública já dispõe de
mecanismo legal para cobrança de sua dívida ativa, por meio processual específico (Lei nº
6.830/80), não é razoável que uma outra lei institua um meio coercitivo que dispense a
deflagração do processo executivo fiscal, de conformidade com os princípios constitucionais
do devido processo legal e do contraditório e ampla defesa.

A discricionariedade do legislador, a propiciar aparente liberdade legislativa, há de encontrar


limite nos princípios norteadores da ordem jurídica global. Se o legislador já encontrou um
meio adequado, para cobrança de sua dívida ativa, sem impor maiores sacrifícios aos
contribuintes, não será legítimo, nem constitucional eleger outros meios mais restritivos. O
princípio da proporcionalidade opõe-se ao ato legislativo gravoso e desnecessário.

Por outro lado, a coação contida no art. 19 da Lei nº 11.033/04, objeto de nosso parecer,
contraria o princípio da eficiência no serviço público, à medida em que estimula a ociosidade
dos agentes públicos competentes, que cruzam os braços à espera de arrecadação automática.
Contrasta violentamente com o inciso XXII do art. 37 da CF, inserido recentemente pela EC
nº 42/03, segundo o qual, 'as administrações tributárias da União, dos Estados, do Distrito
Federal e dos Municípios, atividades essenciais ao funcionamento do Estado, exercidas por
servidores de carreiras específicas, terão recursos prioritários para a realização de suas
atividades e atuarão de forma integrada, inclusive como o compartilhamento de cadastros e de
informações fiscais, na forma da lei ou convênio'.
O preceito constitucional retro transcrito, pressupõe atuação eficiente do servidor público
pertencente ao quadro da administração tributária, incompatível com um regime jurídico em
que sua atuação é substituída pela ação dos computadores.

Caracterizado está o inusitado abuso legislativo que solapa em bloco os direitos e garantias
individuais e violenta os princípios da razoabilidade, da proporcionalidade e da eficiência,
insertos no art. 37 da CF, além de afrontar princípio da separação dos Poderes.

Dentro da escala de hierarquia de normas, sempre que houver conflito entre princípios e
regras jurídicas, estas devem ceder, pelo que, o art. 19 da Lei nº 11.033/04 sob exame deve
ser tido como inexistente no mundo jurídico, banido que está pelos princípios norteadores da
ordem jurídica.

O instituto da certidão negativa, à toda evidência, não pode servir como instrumento de
protelação do pagamento da condenação judicial pela Fazenda Pública, muito menos pode
servir como meio coercitivo para percepção de tributos.

O Supremo Tribunal Federal já até editou a Súmula 323 nos seguintes termos:

É inadmissível a apreensão de mercadoria como meio coercitivo para pagamento de tributo'.

O que se depreende do enunciado dessa Súmula é a condenação do desvio de finalidade. A


apreensão existe como prova material da infração. Lavrado o auto de infração impõe-se, ipso
fato, a liberação da mercadoria apreendida. A apreensão não pode ser utilizada como
sucedâneo da cobrança do crédito tributário, na forma da legislação própria.

Da mesma forma, a exigência de certidão negativa de tributos não pode servir de instrumento
para coagir o contribuinte a solver a dívida tributária, pois esta não é a sua finalidade.
Indiferente, que o desvio de finalidade esteja contida na lei ou no ato administrativo. Em
ambas as hipóteses ele não se sustenta perante o ordenamento jurídico global.

Os tributos hão de ser cobrados por meios específicos previstos em lei. Nas relações jurídicas
de direito público não se aplica o princípio exceptio non adimpleti contractus, previsto no art.
476 do Código Civil.

A exigência de certidão negativa de tributos só é legítima e constitucional nas hipóteses do


art. 14 da Lei nº 11.033/04 sob comento, em que a fruição do benefício tributário (suspensão
do IPI, do PIS/PASEP e da COFINS) fica condicionada à apresentação pelo interessado da
prova de quitação de tributos, comprovada por meio de certidão negativa (§ 3º do artigo 14).
A hipótese do art. 19 da mesma lei, objeto de exame, é completamente diferente. Não se trata
de fruição de um benefício legal, mas de recomposição do patrimônio do particular,
desfalcado pela ação do poder público, por determinação do Poder Judiciário. A lei jamais
poderia impor condições outras para cumprimento de decisão judicial extravasando os limites
constitucionais.

Positivamente, o artigo 19 da Lei nº 11.033/04 é manifestamente inconstitucional por afronta


aos artigos 2º, 5º, incisos XXXV, LIV e LV, 37, 100 e parágrafos 1º e 2º da CF. Implica,
ainda, abuso legislativo e desvio de finalidade extrapolando os limites da faculdade outorgada
pelo artigo 205 do CTN ferindo o disposto no art. 146, inciso III da CF.

Notas de rodapé

(1) XXXIV - São assegurados independentemente do pagamento de taxas:

b) a obtenção de certidões em repartições públicas, para defesa de direitos e esclarecimentos


de situações de interesse pessoal.

(2) Art. 146 - Cabe à lei complementar:

.............................................................................

III - estabelecer normas gerais em matéria de legislação tributária, especialmente.......

(3) Deve-se entender no sentido de inserção de precatório em ordem cronológica específica. A


partir da Adin nº 47 (DJ de 14-10-1994) pacificou-se a orientação no STF quanto à
necessidade de expedição de precatório, mesmo para pagamento de débitos oriundos de
condenação judicial de natureza alimentar (RE nº 180.849-7, Rel. Min. Octávio Gallotti, DJU
de 25-10-96, p. 41.041).

Revista Consultor Jurídico, 8 de janeiro de 2005

FONTE: http://conjur.estadao.com.br/static/text/32288,2
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PESQUISA - MENSAGEM 845 CASA CIVIL - CRÉDITOS DE NATUREZA


ALIMENTAR

Presidência da República
Casa Civil
Subchefia para Assuntos Jurídicos

MENSAGEM Nº 845, DE 11 DE NOVEMBRO DE 1993.

Senhor Presidente do Senado Federal´,

Comunico a Vossa Excelência que, nos termos do parágrafo 1° do artigo 66 da Constituição


Federai, decidi vetar integralmente o Projeto de Lei n° 120, de 1993 (nº 1.393/91 na Câmara
dos Deputados), que "Define os créditos de natureza alimentícia previstos no art. 100 da
Constituição Federal e regula o processo para seu pagamento pela Fazenda Pública".

A análise do presente projeto revela, de plano, que o mesmo é inconstitucional e contrário ao


interesse público.

O art. 100 da Constituição estabelece que:

À exceção dos critérios de natureza alimentar, os pagamentos devidos pela Fazenda Federal,
Estadual ou Municipal, em virtude de sentença judiciária, far-se-ão exclusivamente na ordem
cronológica de apresentação dos precatórios e à conta dos créditos respectivos proibida a
designação de casos ou de pessoas nas dotações orçamentárias e nos créditos adicionais
abertos para este fim", inexistindo, neste mandamento constitucional e na própria
Constituição, qualquer disposição exigindo sua regulamentação, tanto assim que os Tribunais
o vêm aplicando sem qualquer reserva ou ressalva.

Na verdade, ele simplesmente excepciona a obediência à ordem cronológica de apresentação


dos precatórios, que é impositiva para os créditos dos demais precatórios, ficando evidente, da
sua redação, que não exige lei específica definidora das hipóteses de créditos de natureza
alimentar, o que ficou a cargo da legislação ordinária caso a caso.

Flagrante, pois, a desnecessidade do seu art. 1°, definindo quais os créditos de natureza
alimentar para os efeitos do preceito constitucional. Tanto isso é verdade que após definir uma
série de casos de créditos de natureza alimentar, em seu inciso V faz mençã a "quaisquer
outros assim definidos pela legislação civil, trabalhista, previdenciária, penal ou
administrativa, sendo devedora a Fazenda Pública".

Mas a sua inconstitucionalidade flagrante revela-se no disposto no seu art. 2º e seus


parágrafos, ao dispor como se processará a execução contra a Fazenda Pública e de cuja
redação resultam as seguintes conseqüências:

a) revogam, na prática, as disposições insertas nos arts. 730 e 731 do código do Processo Civil
que, justamente, disciplinam a execução, por quantia certa, contra a Fazenda Pública; e

b) estabelecem que a execução processar-se-á segundo as diretrizes dos arts. 732/734 do


mesmo CPC, criando a possibilidade de penhora e ulterior expropriação de bens públicos para
satisfação do direito do credor (arts. citados c/c o art. 646 e seguintes do CPC", igualando a
Fazenda ao particular.

Certamente por serem impenhoráveis os bens públicos é que o Código de Processo! Civil
dispensou à Fazenda Pública trato privilegiado, conforme ditado nos precitados a RTS.
730/731, sendo impossível excluí-los de aplicação, como quer o Projeto, sem afrontar a norma
constitucional insculpida nó art. 100.

O texto da Constituição Federal, logo ao início transcrito, deics claramente evidenciado que o
precatório é indispensável, mesmo quanto aos créditos de natureza alimentícia. O tratamento
diferenciado que a Lei Maior lhes dispensou é unicamente quanto a não estarem submetidos à
ordem cronológica de apresentação, ou seja, eles preferem aos demais.

Nesse exato sentido, a Súmula n° do Tribunal Regional Federal da 1ª Região, que diz:

"A preferência prevista no art. 100, caput, da Constituição Federal, não obriga a Fazenda
Pública a dispensar a expedição de precatório no pagamento dos créditos de natureza
alimentícia". ("in" DJ de 17.3.1993, n° 51, Seção II).

O Eg. STF, tem assim decidido:

"Precatório. Crédito de Natureza Alimentícia. Artigo 100 da Constituição Federal.

A exceção estabelecida pela Constituição Federal em favor dos chamados créditos de natureza
alimentícia não chega ao ponto de abolir, em relação a eles, os princípios orçamentários
inerentes às despesas públicas, limitando-se apenas a isentálos da observância da ordem
cronológica em relação aos de natureza geral". (RE 161.726-8 e RE 161.640, "!ni" DJ de
6.8.93, págs. 14910 e 14911, Seção I)

Passível de crítica, também, o § 1° do art. 2° do Projeto de lei, eis que remansoso o


entendimento já firmado pelos Tribunais Superiores Pátrios, no sentido do cabimento de
correção monetária sobre débitos da natureza dos aqui versados, havendo, até mesmo,
decisões que admitem para atualização dessas contas, "a perenização" da dívida da Fazenda,
para que o credotr receba, em sua integralidade, o que lhe é devido. (AC 92.01.28925-1-BA,
"in" DJ Seção II, de 1º/7/93, págs. 26065 e RO 90.01.12011-3-PI, "in" DJ Seção II, de
21.6.93).

Portanto, é regra geral, já consagrada pelo Judiciário, a da atualização monetária, não só dos
créditos de natureza alimentícia, como dos demais sujeitos a precatório de pagamento.

Esse mesmo § 1° do art. 2°, ao dispor acerca de correção monetária sobre os créditos de
natureza alimentícia, prevê, ainda, a aplicação de "índices oficiais vigentes de correção
monetária" sobre os respectivos valores apurados.

A esse respeito, o Eg. Supremo Tribunal Federal, por pua C. 1ª Turma, já deixou assentado
que:

"... em tema de precatórios, tem averbado de inconstitucionais tanto a determinação de


pagamento em valor indexado quanto as decisões que meramente admitem a possibilidade,
em conta de liquidação, da equivalência do padrão monetário em ORTN/OTN.

A mera possibilidade de referência a tais fatores de indexação estimulará procedimentos que,


ao viabilizarem a atualização automática dos valores devidos, certamente produzirão efeitos
incompatíveis com a exigência de liquidez e certeza que os precatórios devem atender quanto
à expressão monetária neles formalmente mencionada". ("in" DJ de 27.8.93, págs. 17023 -
Seção I)
Por derradeiro, enseja ênfase a observação de que todas as despesas incubidas à Fazenda
Pública, sejam ou não decorrentes de sentenças judiciárias, estão subordinas à previsão
orçamentária, consoante fixado no inc. I do § 5° do art. 165 c/c o já aqui transcrito § 1° do art.
100, todos da Carta Magna e, a prosperar o Projeto de Lei em foco, desrespeitada, também
desse prisma, estaria sendo a Constituição.

Estas, Senhor Presidente, as razões que me levaram a vetar totalmente o projeto em causa, as
quais ora submeto à elevada apreciação dos Senhores Membro; do Congresso Nacional.

Brasília 11 de novembro de 1993

Este texto não substitui o publicado no D.O.U. de 12.11.1993

fonte: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/VETO_TOTAL/1993/Mv845-93.htm

quinta-feira, 8 de maio de 2008


NOSSA PROFESSORA VALÉRIA, EM MUITO BOA COMPANHIA

Gosto de divulgar a produção de nossos professores. É um incentivo aos alunos, que se


sentem edificados, além de elevar o nome de nossa instituição.

Nossa professora Valéria, em muito boa companhia, lançou um novo livro.


O momento é bastante oportuno - basta ler o prefácio, do Ives, disponível logo abaixo.

Entendo que a leitura da obra pode ser bastante interessante. Além de ampliar o conhecimento
sobre o assunto, ser muito agradável.

TRIBUTAÇÃO NA ZONA FRANCA DE MANAUS


(Comemoração aos 40 anos da ZFM)

2008
TRIBUTAÇÃO NA ZONA FRANCA DE MANAUS
(Comemoração aos 40 anos da ZFM)
COORDENADORES
Ives Gandra da Silva Martins
Carlos Alberto de Moraes Ramos Filho
Marcelo Magalhães Peixoto
AUTORES
Valéria Furlan
Alísio Cláudio Barbosa Ribeiro
Danielle Maia Queiroz
Ellen Larissa de Oliveira Frota
Ernesto dos Santos Chaves da Rocha
Fabio Pereira Garcia dos Santos
Glauco Lubacheski de Aguiar
Omara Oliveira de Gusmão
Ives Gandra da Silva Martins
Rachel Benchaya
Rogério Emilio de Andrade
Vânya Senegalia Morete Spagolla
Yuri Dantas Barroso
Maria de Fátima Ribeiro
German Alejandro San Martín Fernández
Marco Evangelista
Carlos Alberto de Moraes Ramos Filho
Monique Cruz
Vera Carla Nelson de Oliveira Cruz
André Elali
Ezio Giobatta Bernardinis
Adilson Rodrigues Pires
Marco Aurélio Greco

Todos os direitos desta edição reservados a


MP Editora
Av. Brigadeiro Luís Antonio, 613 - 10° andar
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Tel./Fax: (11) 3101 2086
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© Os Autores
Revisão Fábio Luiz de Carvalho e Lilian de Souza
ISBN 978-85-98848-75-4
Diretor responsável Marcelo Magalhães Peixoto
T743
Tributação na Zona Franca de Manaus : (comemoração
aos 40 anos da ZFM) / coordenadores Ives Gandra da
Silva Martins, Carlos Alberto de Moraes Ramos Filho,
Marcelo Magalhães Peixoto. - São Paulo: MP Ed., 2008.
Inclui bibliografi a
ISBN 978-85-98848-75-4
1. Portos e zonas francas - Manaus (AM) - Impostos.
2. Direito tributário. I. Martins, Ives Gandra da Silva,
1935-. II. Ramos Filho, Carlos Alberto de Moraes, 1975-.
III. Peixoto, Marcelo Magalhães.
08-0176. CDU: 34:336.22
PREFÁCIO

Em 1967, o governo brasileiro decidiu criar a Zona Franca de Manaus,


editando o Decreto-lei nº 288, diploma legislativo que ganhou efi cácia
de lei complementar, em face de seu espectro federativo, e foi constitucionalizado
pelo artigo 40 da ADCT, que distendeu o prazo de sua efi cácia
até o ano de 2023, pela EC nº 42/03.
Tal iniciativa objetivou, entre outras razões, demonstrar a relevância
da região, permitir a implantação de um sólido pólo empresarial capaz de
gerar desenvolvimento tecnológico, atrair capitais e técnicos experientes
e, principalmente, pelo progresso que propiciaria à região, fortalecer a presença
nacional naquelas terras sempre cobiçadas por governos de outros
países, interessados em universalizar a Amazônia.
Algumas vezes, defendi o governo do Estado do Amazonas perante a
Suprema Corte, em ações diretas de inconstitucionalidade. Em uma delas,
o Ministro Marco Aurélio lembrou episódio protagonizado pelo Senador
Cristovam Buarque, nos Estados Unidos, quando lhe foi indagado se, como
humanista, e não como brasileiro, seria favorável tornar a Amazônia um
bem da humanidade, e não apenas dos brasileiros, dada a riqueza que
encerra e a importância de sua preservação. A tal pergunta, respondeu o
Senador que seria favorável a transformar a Amazônia em bem universal,
desde que o petróleo também o fosse, e não riqueza geradora de benefícios
apenas a alguns países; desde que os acervos de arte dos principais
museus do mundo, como o Louvre, o Metropolitan, o British, também
fossem internacionalizados e partilhados com os demais países, deixando
de pertencer apenas àqueles em que se encontram sediados; desde que os
recursos fi nanceiros que circulam nos grandes centros fossem igualmente
transformados em bem universal, a serviço do desenvolvimento de todas
as nações, e não apenas dos países já desenvolvidos. Como tais nações
não estão dispostas a partilhar seus bens com a humanidade, o Senador
concluiu não ver razão para quer como humanista, quer como cidadão
brasileiro, concordar com a universalização da Amazônia.
Em uma de minhas sustentações orais perante aquela Corte, lembrei a
declaração do chefe das forças armadas americanas que, em Massachussets
(governo Clinton, 1999), disse que os Estados Unidos deveriam estar preparados
para invadir a Amazônia, quando necessário, para preservá-la.
Estou convencido de que uma das mais acertadas decisões do governo
brasileiro foi a criação da Zona Franca de Manaus, que, em 2007, completou
40 anos de existência.
Este livro é uma homenagem aos seus criadores e aos pioneiros deste
avanço do progresso em direção ao solo amazônico, propiciado pela Zona
Franca.
Todos os autores cuidaram de questões atualíssimas, relacionadas a
este tema: os fundamentos e deveres constitucionais, as diversas modalidades
de incentivos, a questão da Federação, os tributos federais, estaduais
e municipais, o sentido da conformidade geográfi ca e, até mesmo, a questão
da norma anti-elisão, além de aspectos econômicos e sociológicos.
Esperam, pois, os coordenadores, os autores e a Editora estar, desta
forma, colaborando para uma melhor visão da importância da região amazônica
e do fundamental papel que a Zona Franca de Manaus desempenhou
nestes 40 anos de sua história.
Ives Gandra da Silva Martins
Professor Emérito das Universidades Mackenzie/UniFMU/UniFIEO,
do Ciee/O Estado de São Paulo e das Escolas de Comando e
Estado Maior do Exército (Eceme) e Superior de Guerra (ESG)
Presidente do Conselho Superior de Direito da Fecomercio/SP
e do Centro de Extensão Universitária

APRESENTAÇÃO

O exercício da refl exão, quando acompanhado de seriedade acadêmica


e consistência intelectual, é a dinâmica que engendra os avanços
sociais. Se socializada, propicia a circulação de idéias, fomenta o debate e
enriquece os ambientes por onde se espraia. Tal é o mister a que se destina
esta obra, tanto pelo conteúdo a que se dedica - relevante e momentoso -
quanto pelos autores que os discutem, todos reconhecidos e laureados.
Inobstante ter como objeto central a Zona Franca de Manaus, os trabalhos
que integram esta obra conduzem a discussão para vários domínios
cognitivos recorrentes da agenda hodierna dos debates jurídicos-tributários.
Freqüentam os textos temas candentes, como o federalismo, a
conexão entre desenvolvimento nacional e desenvolvimento regional, a
relação entre políticas de desenvolvimento e preservação ambiental, os
incentivos fi scais como mecanismo para minorar desigualdades regionais,
os mecanismos jurídicos-tributários para efetivação de incentivos e outros
tantos com caráter mais genérico. Obviamente, tratando-se de obra sobre a
Zona Franca de Manaus, não poderiam faltar as questões que tanto a conturbam,
como a guerra fi scal com outros estados, as restrições interpretativas
dos órgãos fazendários, a instabilidade de suas regras, a multiplicidade
de fontes de confl itos com o fi sco, a complexidade do arcabouço legal do
PIS/Cofi ns e outros com caráter mais específi co.
Genéricos ou específi cos, conceituais ou operacionais, a verdade é
que os temas componentes desta obra formam um competente programa
de imersão na Zona Franca de Manaus e suas circunstâncias. E tal ocorre
em momento radical de sua trajetória como modelo vitorioso de desenvolvimento
regional, pois suas especifi cidades terão que facear com a proposta
de reforma tributária, já em discussão, que tem como premissa básica
a busca de unidade dos fundamentos tributários da economia brasileira.
Então, a opinião técnica para adequá-la aos novos tempos sem perda de
suas virtuosidades, terá que munir-se de argumentos consistentes e esta
obra apresenta-se, desde já, como fonte rica e atual para orientar os que
militarão em favor da continuidade dinâmica dessa pouco compreendida
política federal de desenvolvimento regional.

SUMÁRIO

FUNDAMENTOS CONSTITUCIONAIS DA ZONA FRANCA DE MANAUS 17


Valéria Furlan
1. Introdução 17
2. Primeira fase 18
3. Segunda fase 22
4. Terceira fase 35
5. Conclusão 49
6. Referências bibliográfi cas 50

OS INCENTIVOS FISCAIS ESTADUAIS COMO INSTRUMENTO COMPLEMENTAR


DE
POLÍTICA INDUSTRIAL PARA ZONA FRANCA DE MANAUS 53
Alísio Cláudio Barbosa Ribeiro
1. Introdução 53
2. Crédito estímulo 56
3. Diferimento 65
4. Crédito presumido de regionalização 68
5. Redução de base de cálculo 69
6. Isenção 69
7. Não-incidência 70
8. Crédito presumido 71
9. Manutenção do crédito fi scal 72
10. Desconto 73
11. Considerações fi nais 74
12. Referências bibliográfi cas 75

INCENTIVOS FISCAIS E A ZONA FRANCA DE MANAUS 77


Danielle Maia Queiroz e Ellen Larissa de Oliveira Frota
1. Introdução 77
2. Federalismo brasileiro 77
3. Incentivos fi scais 79
4. Incentivos fi scais no âmbito do ICMS 82
5. Zona Franca de Manaus 89
6. Considerações fi nais 92
7. Referências bibliográfi cas 93
Resta-me registrar a importância da iniciativa e conclamar os leitores
a estudá-la com atenção, visando transformá-la em referência prioritária
para os debates que certamente surgirão sobre e em defesa do modelo
Zona Franca de Manaus.
Flávia Skrobot Barbosa Grosso
Superintendente da Suframa

OS INCENTIVOS DO ICMS NA ZONA FRANCA DE MANAUS 95


Ernesto dos Santos Chaves da Rocha
1. Introdução 95
2. A isenção do ICMS nas operações interestaduais 97
3. Política de incentivos fi scais do Estado do Amazonas 99
4. Análise jurídica dos fundos exigidos em contrapartida aos incentivos
da política de incentivos fi scais 105
5. Conclusão 111
6. Referências bibliográfi cas 119

O ART. 4º DO DECRETO-LEI Nº 288/67: NATUREZA JURÍDICA DA EXONERAÇÃO


TRIBUTÁRIA DE ICMS NA OPERAÇÃO DE REMESSA DE MERCADORIAS À ZONA
FRANCA DE MANAUS 121
Fabio Pereira Garcia dos Santos
1. Introdução 121
2. Exame da constitucionalidade do art. 4º do Decreto-lei nº 288/67 121
3. Investigação da natureza jurídica da exoneração tributária de ICMS
decorrente do art. 4º do Decreto-lei nº 288/67 129
4. Conclusão 134
5. Referências bibliográfi cas 135

A TRIBUTAÇÃO EXTRAFISCAL COMO MECANISMO DE DESENVOLVIMENTO SÓ-


CIO-ECONÔMICO DA ZONA FRANCA DE MANAUS 137
Glauco Lubacheski de Aguiar
1. Introdução 137
2. A redução das desigualdades sociais e regionais e a garantia do desenvolvimento
nacional como fundamentos de validade para a continuidade
da Zona Franca de Manaus 138
3. A tributação extrafi scal como ferramenta de desenvolvimento sócioeconômico
4. Zona Franca de Manaus: um modelo concreto de desenvolvimento
sócio-econômico e de redução das desigualdades regionais como conseqüência
da extrafi scalidade da tributação 147
5. Conclusão 155
6. Referências bibliográfi cas 156

ZONA FRANCA DE MANAUS: EXTRAFISCALIDADE, DESENVOLVIMENTO


REGIONAL
E PRESERVAÇÃO AMBIENTAL 159
Omara Oliveira de Gusmão
1. Introdução 159
2. O avanço do caráter extrafi scal dos tributos 160
3. Desenvolvimento regional: o papel da Zona Franca de Manaus na
concretização do objetivo fundamental previsto no art. 3º, III, da Carta
Magna de 1988 e o compromisso com a questão ambiental 163
4. A política de incentivo fi scal estadual e a preservação do meio ambiente:
a Lei do Estado do Amazonas nº 2.826/03 166
5. A política de incentivo fi scal municipal e a proteção ambiental: o
IPTU verde – Lei do Muncípio de Manaus nº 1.091/06 171
6. Conclusão 173
7. Referências bibliográfi cas 174

PERMISSÃO DE USO DE DIREITOS AUTORAIS SÃO SERVIÇOS CONSIDERADOS


COMO INSUMOS, QUE, QUANDO TRIBUTADOS, GERAM DIREITO A CRÉDITO NO
REGIME JURÍDICO DO PIS/COFINS – DISCIPLINA CONSTITUCIONAL PARA AS
EMPRESAS SITUADAS NA ZONA FRANCA DE MANAUS - PARECER 177
Ives Gandra da Silva Martins
1. Consulta 177
2. Resposta 182

ZFM: INCENTIVOS FISCAIS E A REPERCUSSÃO NOS ESTADOS FEDERADOS 211


Rachel Benchaya
1. A estrutura tributária brasileira 211
2. Incentivos fi scais no âmbito do ICMS 216
3. A guerra fi scal entre os Estados Federados no âmbito do ICMS 237
4. Considerações fi nais 247
5. Referências bibliográfi cas 248

A POLÍTICA PÚBLICA DO DESENVOLVIMENTO NACIONAL E A QUESTÃO DA


RECEPÇÃO
DA ZONA FRANCA DE MANAUS PELA CONSTITUIÇÃO DE 1988 253
Rogério Emilio de Andrade
1. Política pública econômica: estipulação de conceito 253
2. Política econômica promotora do desenvolvimento 255
3. Chaves interpretativas das normas que instrumentam a política econômica
do desenvolvimento: (i) abertura econômica da Constituição e
(ii) interpretação conforme a Constituição 258
4. A necessária ponderação das conseqüências político-econômicas das
interpretações jurídicas de normas que instrumentam políticas econômicas
261
5. O imperativo constitucional da diminuição das desigualdades regionais 263
6. A questão do fomento sócio-econômico da Amazônia 264
7. Incentivos fi scais como modalidade de regra indutora de comportamentos
265
8. Considerações fi nais: a recepção de normas que instrumentam a Zona
Franca de Manaus (ZFM) pela Constituição de 1988 266
9. Referências bibliográfi cas 269
O ICMS NA ZONA FRANCA DE MANAUS E REPERCUSSÕES AMBIENTAIS 271
Vânya Senegalia Morete Spagolla
1. Introdução 271
2. Breve histórico da Zona Franca de Manaus 272
3. Panorama geral dos incentivos fi scais na Zona Franca de Manaus 277
4. ICMS e os incentivos fi scais na Zona Franca de Manaus 280
5. Conclusão 288
6. Referências bibliográfi cas 290

A ZONA FRANCA DE MANAUS E SEU REGIME JURÍDICO-TRIBUTÁRIO 293


Yuri Dantas Barroso
1. Introdução 293
2. Compreensão histórica, surgimento e implantação do modelo 294
3. O regime jurídico-tributário a que se submete o modelo Zona Franca
de Manaus 299
4. Conclusão 325
5. Referências bibliográfi cas 326

OS 40 ANOS DA ZONA FRANCA DE MANAUS E A IMPORTÂNCIA DOS


INCENTIVOS
FISCAIS PARA O DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO E SOCIAL DA REGIÃO 329
Maria de Fátima Ribeiro
1. Introdução 329
2. Política tributária e a função social do tributo 330
3. Os incentivos fi scais no sistema tributário nacional 334
4. A importância da concessão dos incentivos fi scais para o desenvolvimento
regional 336
5. Refl exões sobre o tratamento constitucional e legislativo dos incentivos
fi scais na Zona Franca de Manaus 340
6. Conclusões 346
7. Referências bibliográfi cas 348

PRINCÍPIO DA UNIFORMIDADE GEOGRÁFICA NA CONSTITUIÇÃO DE 1988 E A


POSSIBILIDADE DE CONCESSÃO DE INCENTIVOS FISCAIS REGIONAIS VISANDO
O DESENVOLVIMENTO SOCIOECONÔMICO DE DETERMINADAS REGIÕES.
LIMITES
CONSTITUCIONAIS IMPOSTOS AO LEGISLADOR ORDINÁRIO NA CRIAÇÃO
DE ÁREAS INCENTIVADAS. A EXPERIÊNCIA DOS 40 ANOS DA ZONA FRANCA DE
MANAUS 353
German Alejandro San Martín Fernández
1. Introdução 353
2. O enunciado constitucional do inciso I, do art. 151, da CF/88 e o Princípio
Federativo 354
3. A Constituição e a expressão “admitida a concessão de incentivos
fi scais destinados a promover o equilíbrio do desenvolvimento sócioeconômico
entre as diferentes regiões do País” 359
4. Promoção do equilíbrio do desenvolvimento econômico versus privilégios
odiosos 364
5. A experiência dos 40 anos da Zona Franca de Manaus 365
6. Conclusões 371
7. Referências bibliográfi cas 372

A ZFM E A ATUAÇÃO ANTIELISIVA DO ESTADO 375


Marco Evangelista
1. Introdução 375
2. O contribuinte x fi sco 377
3. A ZFM e a elisão fi scal 378
4. Conclusão 380
5. Referências bibliográfi cas 381

A ZONA FRANCA DE MANAUS E O COMUNICADO CAT Nº 36/2004 383


Carlos Alberto de Moraes Ramos Filho
1. Colocação do problema 383
2. A Zona Franca de Manaus 384
3. Os incentivos fi scais de ICMS e a Zona Franca de Manaus 385
4. A recepção do art. 15 da Lei Complementar n º 24/75 pela CF/88 388
5. O Com. CAT nº 36/04 e a ZFM 391
6. Conclusões 395
7. Referências bibliográfi cas 396

O TRATAMENTO DO PIS E DA COFINS NA ZONA FRANCA DE MANAUS 397


Monique Cruz
1. Introdução 397
2. O PIS, a Cofi ns e a Zona Franca de Manaus 398
3. Conclusão 441
4. Referências bibliográfi cas 443

REESCREVENDO A REDUÇÃO DOS INCENTIVOS FISCAIS DA ZONA FRANCA DE


MANAUS: INCONSTITUCIONALIDADE 445
Vera Carla Nelson de Oliveira Cruz

INCENTIVOS FISCAIS E A ZONA FRANCA DE MANAUS – ALGUMAS


PONDERAÇÕES
SOBRE A REGULAÇÃO ECONÔMICA ATRAVÉS DA TRIBUTAÇÃO 453
André Elali
1. Objeto proposto 453
2. A opção político-econômica do Estado brasileiro 453
3. Tributação e regulação econômica – as normas tributárias indutoras 456
4. O desenvolvimento econômico como objetivo do Estado brasileiro 458
5. Auxílios fi scais e seus objetivos em nível econômico e social 461
6. A neutralidade ativa dos auxílios fi scais 466
7. Os auxílios à Zona Franca de Manaus e os efeitos na ordem econômica
material 470
8. Conclusões 471

LUCRO DA EXPLORAÇÃO 473


Ezio Giobatta Bernardinis
1. Introdução 473
2. Conceito de lucro da exploração 473
3. Finalidade do lucro da exploração 475
4. Restrições ao gozo dos incentivos fi scais calculados com base no lucro
da exploração 477
5. Ajustes no lucro contábil para cálculo do lucro da exploração 479
6. Incentivos de redução por reinvestimento 482
7. Conclusão 484
8. Referências bibliográfi cas 485

O IMPOSTO DE IMPORTAÇÃO E A ZONA FRANCA DE MANAUS 487


Adilson Rodrigues Pires
1. Zonas de Livre Comércio 487
2. Zona Franca de Manaus 490
3. Perfi l e faturamento do Pólo Industrial de Manaus 501
4. Mudanças estruturais na Zona Franca de Manaus 501
5. Os limites da tributação pelo Imposto de Importação nas zonas
francas 505
6. Conclusão 506

ZONA FRANCA DE MANAUS – GARANTIA DINÂMICA DE MANUTENÇÃO DA


DIFERENÇA
– BENS DE INFORMÁTICA E INCENTIVOS FISCAIS DE ICMS CONCEDIDOS
POR OUTRO ESTADO – DISCRIMINAÇÃO EM RELAÇÃO À ZFM –
INCOMPATIBILIDADE
COM OS OBJETIVOS CONSTITUCIONAIS 507
Marco Aurélio Greco
1. Consulta 507
2. Parecer 515
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sábado, 26 de abril de 2008


CAPACIDADE TRIBUTÁRIA

TRIBUTOS
São o objeto do Direito Tributário.

É necessário uma LEI que crie uma norma jurídica.


Toda norma jurídica tem um fato associado a uma conseqüência.
No Direito Tributário, um fato lícito, que resulta um dever, que pressupõe uma obrigação.

QUEM PODE FAZER ESSA LEI?


A Constituição DELEGA competência.

A competência é indelegável. Portanto, a Constituição ATRIBUI competências:


- aos Estados;
- aos Municípios;
- à União;
- ao Distrito Federal.

A Constituição Federal é a lei maior. Com uma mão ela dá e com a outra cerceia. Significa
que, ao passar competências, traçou uma série de dificuldades, que são exigências, aos entes
tributantes.

A Constituição delega competências. Ela pode tudo, e determina:


- quem pode
- como pode.
É um poder limitado.

Dessas leis, extrai-se uma obrigação.

Fato lícito?
Quem paga?
Como?
Quem criou?
Ele pode criar esse tributo?
Se não pode criar, não é preciso pagar.

Se a União faz uma lei complementar e diz que quem cria a alíquota é o chefe do Executivo,
não é possível.
O chefe do Executivo pode criar decreto.
Os entes tributantes não podem delegar competência. É preciso uma lei para criar o tributo,
que diga: o fato lícito, a alíquota, etc.

CAPACIDADE TRIBUTÁRIA
É a aptidão para figurar no pólo ativo ou passivo de uma relação jurídica tributária.

CAPACIDADE TRIBUTÁRIA ATIVA – credor

CAPACIDADE TRIBUTÁRIA PASSIVA – o devedor ou contribuinte

Capacidade tributária é o gênero.

As espécies são capacidade tributária ativa e capacidade tributária passiva.


A função é a arrecadatória.

O ENTE TRIBUTANTE PODE DELEGAR A CAPACIDADE ATIVA PARA OUTRA


PESSOA?
Pode.

Não pode delegar a CAPACIDADE DE CRIAR tributos. Essa é a CAPACIDADE


LEGISLATIVA. Essa competência somente a Constituição Federal pode delegar.

Qualquer pessoa, jurídica de direito público ou física, pode receber por lei a capacidade
tributária ativa para arrecadar, se a lei assim o estabelecer.
Exemplo é o INSS. O INSS é uma autarquia federal.
Desde que essa pessoa não fique com o arrecadado para si, mas que haja uma destinação
pública do dinheiro arrecadado.

Esse fenômeno recebe o nome de PARAFISCALIDADE.

Não é a Constituição Federal que delega a capacidade tributária ativa. Quem a delega é a lei.

Uma pessoa física pode receber a capacidade tributária ativa?


Em tese, sim.

Supondo que um cientista está prestes a descobrir a cura da AIDS. É uma pesquisa de
interesse público. O mais comum são as autarquias receberem a delegação.

CAPACIDADE TRIBUTÁRIA ATIVA


Capacidade de arrecadar + destinação pública

CAPACIDADE TRIBUTÁRIA AUXILIAR


Cobra e repassa ao ente tributante o valor arrecadado. Quem faz isso? As instituições
financeiras – os bancos. Equipara-se a CAPACIDADE TRIBUTÁRIA AUXILIAR.
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sábado, 19 de janeiro de 2008


Garantias e Privilégios do Crédito Tributário - trabalho manuscrito

CAPÍTULO VI
Garantias e Privilégios do Crédito Tributário

Seção I
Disposições Gerais

Art. 183. A enumeração das garantias atribuídas neste Capítulo ao crédito tributário não
exclui outras que sejam expressamente previstas em lei, em função da natureza ou das
características do tributo a que se refiram.

Parágrafo único. A natureza das garantias atribuídas ao crédito tributário não altera a natureza
deste nem a da obrigação tributária a que corresponda.

Art. 184. Sem prejuízo dos privilégios especiais sobre determinados bens, que sejam previstos
em lei, responde pelo pagamento do crédito tributário a totalidade dos bens e das rendas, de
qualquer origem ou natureza, do sujeito passivo, seu espólio ou sua massa falida, inclusive os
gravados por ônus real ou cláusula de inalienabilidade ou impenhorabilidade, seja qual for a
data da constituição do ônus ou da cláusula, excetuados unicamente os bens e rendas que a lei
declare absolutamente impenhoráveis.

Art. 185. Presume-se fraudulenta a alienação ou oneração de bens ou rendas, ou seu começo,
por sujeito passivo em débito para com a Fazenda Pública, por crédito tributário regularmente
inscrito como dívida ativa.

Nota: A redação atual do art. 185 foi dada pela Lei Complementar nº 118, de 09/02/05, DOU
de 09/02/05, com efeitos a partir de 08/06/05.

Redação originária, efeitos até 07/06/05:


"Art. 185. Presume-se fraudulenta a alienação ou oneração de bens ou rendas, ou seu começo,
por sujeito passivo em débito para com a Fazenda Pública por crédito tributário regularmente
inscrito como dívida ativa em fase de execução.
Parágrafo único. O disposto neste artigo não se aplica na hipótese de terem sido reservados
pelo devedor bens ou rendas suficientes ao total pagamento da dívida em fase de execução."

Parágrafo único. O disposto neste artigo não se aplica na hipótese de terem sido reservados,
pelo devedor, bens ou rendas suficientes ao total pagamento da dívida inscrita.

Art. 185-A. Na hipótese de o devedor tributário, devidamente citado, não pagar nem
apresentar bens à penhora no prazo legal e não forem encontrados bens penhoráveis, o juiz
determinará a indisponibilidade de seus bens e direitos, comunicando a decisão,
preferencialmente por meio eletrônico, aos órgãos e entidades que promovem registros de
transferência de bens, especialmente ao registro público de imóveis e às autoridades
supervisoras do mercado bancário e do mercado de capitais, a fim de que, no âmbito de suas
atribuições, façam cumprir a ordem judicial.
Nota: O art. 185-A foi acrescentado pela Lei Complementar nº 118, de 09/02/05, DOU de
09/02/05, com efeitos a partir de 08/06/05.

§ 1º A indisponibilidade de que trata o caput deste artigo limitar-se-á ao valor total exigível,
devendo o juiz determinar o imediato levantamento da indisponibilidade dos bens ou valores
que excederem esse limite.

§ 2º Os órgãos e entidades aos quais se fizer a comunicação de que trata o caput deste artigo
enviarão imediatamente ao juízo a relação discriminada dos bens e direitos cuja
indisponibilidade houverem promovido.

Seção II
Preferências

Art. 186. O crédito tributário prefere a qualquer outro, seja qual for sua natureza ou o tempo
de sua constituição, ressalvados os créditos decorrentes da legislação do trabalho ou do
acidente de trabalho.

Nota: A redação atual do art. 186 foi dada pela Lei Complementar nº 118, de 09/02/05, DOU
de 09/02/05, com efeitos a partir de 08/06/05.

Redação originária, efeitos até 07/06/05:


"Art. 186. O crédito tributário prefere a qualquer outro, seja qual for a natureza ou o tempo da
constituição deste, ressalvados os créditos decorrentes da legislação do trabalho."

Para o estudo dos artigos 185 e 186, selecionei o artigo de Fábio Tadeu Ramos Fernandes do
site http://www.azevedosette.com.br/noticias/noticia?id=38, que assim entende:

Lei complementar n° 118: alteração do artigo 185 do código tributário nacional

06/06/2005 - Fábio Tadeu Ramos Fernandes e Eduardo Cantelli Rocca

Em 9 de fevereiro de 2005, foi publicada a Lei Complementar n° 118, que alterou diversos
artigos do Código Tributário Nacional (CTN) com o intuito de adequá-lo às regras da assim
chamada nova lei de falências. Além das alterações relativas à nova lei de falências, a LC n°
118 também alterou outros artigos do CTN, dentre eles, o art. 185, inserido no Capítulo que
trata das “Garantias e Privilégios do Crédito Tributário”.
Confira-se a antiga redação do citado artigo: “Art. 185. Presume-se fraudulenta a alienação ou
oneração de bens ou rendas, ou seu começo, por sujeito passivo em débito para com a
Fazenda Pública, por crédito tributário regularmente inscrito como dívida ativa em fase de
execução. Parágrafo único. O disposto neste artigo não se aplica na hipótese de terem sido
reservados, pelo devedor, bens ou rendas suficientes ao total pagamento da dívida inscrita em
fase de execução.” (NR)

Segundo a redação anterior do artigo 185 do Código Tributário Nacional, somente a partir da
data em que o contribuinte fosse citado em processo de execução de dívida tributária,
reputava-se fraudulenta a alienação ou oneração de bens ou renda por ele realizada, salvo se
possuísse outros bens e direitos em valor suficiente para quitar o débito fiscal. Com a edição
da Lei Complementar nº 118, a redação do artigo 185 do Código Tributário Nacional não
mais contém a expressão “em fase de execução”: “Art. 185. Presume-se fraudulenta a
alienação ou oneração de bens ou rendas, ou seu começo, por sujeito passivo em débito para
com a Fazenda Pública, por crédito tributário regularmente inscrito como dívida ativa.
Parágrafo único. O disposto neste artigo não se aplica na hipótese de terem sido reservados,
pelo devedor, bens ou rendas suficientes ao total pagamento da dívida inscrita.” (NR)

Com isso, a Lei Complementar nº 118/2005 antecipou o termo inicial a partir do qual se
reputa fraudulenta uma alienação ou oneração da data da citação do contribuinte em Execução
Fiscal, para a data de inscrição do suposto débito fiscal em Dívida Ativa. Em outras palavras,
a LC 118/2005 acabou por estabelecer um novo marco inicial para reputar-se fraudulenta uma
alienação de bens pelo devedor, a saber, a data da inscrição do débito em dívida ativa. Para
melhor compreensão da questão, mister se faz uma breve explanação sobre o procedimento
administrativo tributário.

Veja a seguir. O crédito tributário é constituído, exclusivamente pelas autoridades fiscais,


mediante o lançamento. Em termos práticos, uma vez identificado o débito, o agente fiscal
lavra um auto de infração, no qual se consubstancia o débito tributário, sendo, posteriormente,
o contribuinte devedor intimado para o pagamento do débito em 30 dias ou para apresentação
de defesa administrativa no mesmo prazo.

Então, três hipóteses podem acontecer:

• 1) o débito é pago e, conseqüentemente, é extinto o suposto crédito tributário;

• 2) o contribuinte apresenta impugnação ao auto de infração, dando início a um processo


administrativo (que será julgado pelo competente órgão administrativo);

• 3) o contribuinte permanece inerte.

Finalizado o processo administrativo (hipótese 2) e não obtendo o contribuinte êxito,


considera-se constituído o crédito tributário, tornando-se líquido e certo, isto é, passível de
execução, sendo encaminhado para inscrição em dívida ativa. O mesmo acontece quando o
contribuinte permanece inerte (hipótese 3), já que não contestou a existência do débito. Uma
vez inscrito na Dívida Ativa, está constituído o título do qual os Procuradores da Fazenda
Nacional se valerão para ajuizar as respectivas Execuções Fiscais contra os contribuintes.

Ajuizada a execução, o Juiz proferirá despacho ordenando a citação do contribuinte para


apresentar bens suficientes para a garantia do Juízo e, uma vez apresentados tais bens, o
contribuinte teria trinta dias para apresentar embargos à execução, fato este que suspende a
exigibilidade do débito tributário. Pois bem, nos termos da redação antiga do artigo 185,
somente após a devida citação do contribuinte na esfera judicial, ou seja, já em sede de ação
de Execução Fiscal, este estaria impedido de desfazer-se de seus bens, caso não tivesse outros
em montante suficiente para saldar o débito objeto da Execução Fiscal.

Diante das alterações trazidas pela Lei Complementar n° 118/2005, a simples inscrição em
Dívida Ativa, já existe uma constrição tácita dos bens da empresa. Em outras palavras, os
créditos inscritos superiores ao ativo fixo da empresa, “indisponibilizam” todos os bens da
sociedade mesmo antes da execução fiscal estar ajuizada, sem ao menos ter o contribuinte
sido citado para garantir o juízo e apresentar defesa em Embargos à Execução Fiscal. O maior
problema decorrente dessa antecipação de termo inicial deve-se ao fato de que da data da
inscrição em Dívida Ativa, a Procuradoria dispõe de até cinco anos para ajuizar uma
Execução Fiscal (o assim chamado prazo prescricional), período durante o qual o contribuinte
não poderá suspender a exigibilidade do débito através da garantia do juízo (na execução
fiscal) e da oposição de embargos à execução, e tampouco poderá desfazer-se de seus bens,
sob pena de incorrer na realização de negócio jurídico reputado fraudulento e passível de
anulação.

Em função desse cenário nebuloso, já visualizamos inúmeros percalços a serem ultrapassados


pelos contribuintes quando da intenção da alienação de um bem de sua propriedade. Nesse
sentido, poder-se-ia chegar ao absurdo de se alegar que, em face da nova disposição artigo
185 do Código Tributário Nacional, o simples fato de uma sociedade empresária não obter
uma Certidão Negativa de inscrição em Dívida Ativa (em qualquer esfera da Federação),
implica que a empresa possui em seu patrimônio bens ou rendas indisponíveis para alienação
ou oneração.

Assim sendo, entendemos ser inconstitucional a alteração promovida pela LC 118/2005 no


que se refere ao artigo 185, na medida em que fere o art. 170 da Constituição Federal de 1988,
o qual veda expressamente a interferência da União Federal no livre exercício de qualquer
atividade econômica. Ressaltamos, uma vez mais, que na hipótese de o contribuinte dispor de
bens e direitos suficientes para saldar a dívida tributária, não há óbice para a alienação ou
oneração de seu patrimônio.

Fábio Tadeu Ramos Fernandes é Advogado Coordenador e Eduardo Cantelli Rocca é


Advogado Especialista do Departamento Tributário da Azevedo Sette Advogados

O texto acima transcrito serve apenas como um dos parâmetros possíveis para a análise dos
artigos do CTN, à luz dos princípios e normas constitucionais, para que facilite a confecção
do 10º trabalho de direito tributário.
Trabalho referente à disciplina Direito Tributário
ministrada nas Turmas 4A, 4B e 4C pela
Profa. Valéria Furlan
(2007)

10º TRABALHO MANUSCRITO:

1) Dissertação sobre garantias e privilégios do crédito tributário (mín. 50 linhas; sem


transcrição doutrinária).

2) Faça uma síntese do teor de um dos seguintes julgados: RE 346.084, Rel Orig. Min. Ilmar
Galvão, DJ 01/09/06; RE 357.950, Rel. Min. Marco Aurélio, DJ 15/08/06; RE 358.273, Rel.
Min. Marco Aurélio, DJ 15/08/06; RE 390.840, Rel. Min. Marco Aurélio, DJ 15/08/06.

3) Exponha apenas três dúvidas dentre as que afluírem ao seu espírito perscrutador ao estudar
as causas extintivas da obrigação tributária.

4) De igual modo, após ler a jurisprudência que encontrar a respeito, formule três perguntas
acerca do teor do Enunciado da seguinte súmula vinculante: "É inconstitucional o inciso 1º do
artigo 3º da Lei 9.718/98, que ampliou o conceito de receita bruta, à qual deve ser entendida
como a proveniente das vendas de mercadorias e da prestação de serviços de qualquer
natureza, ou seja, soma das receitas oriundas do exercício das atividades empresariais".

Data de entrega: O décimo trabalho manuscrito de todos os alunos deverá ser entregue à
Professora, de uma só vez, dentro de um envelope lacrado (ou grampeado), no início da aula
de direito tributário do dia 19 (dezenove) de outubro de 2007 (sexta-feira), pelo Representante
de Classe, de modo que os alunos deverão entregar seus respectivos trabalhos ao
Representante de Classe em tempo hábil a assegurar o procedimento de entrega, ora
explicitado. Nenhum trabalho será recebido pela Professora durante ou após a exposição da
referida aula.

Obs.: Saliente-se que, a rigor, não se trata de trabalho, mas apenas de diretrizes úteis aos
rotineiros estudos que devem ser realizados pelos alunos, paralelamente às aulas, de modo a
assegurar uma melhor compreensão da matéria que será objeto de avaliação na próxima
prova.

Data de entrega: O décimo trabalho manuscrito de todos os alunos deverá ser entregue à
Professora, de uma só vez, dentro de um envelope lacrado (ou grampeado), no início da aula
de direito tributário do dia 19 (dezenove) de outubro de 2007 (sexta-feira), pelo Representante
de Classe, de modo que os alunos deverão entregar seus respectivos trabalhos ao
Representante de Classe em tempo hábil a assegurar o procedimento de entrega, ora
explicitado. Nenhum trabalho será recebido pela Professora durante ou após a exposição da
referida aula.
Postado por maria da glória perez às 21:36 0 comentários Links para esta postagem

8º TRABALHO MANUSCRITO - PROFESSORA VALÉRIA FURLAN

1. DISSERTAÇÃO, ARTIGO 133, CTN

O artigo 133 do CNT dispõe sobre a sucessão tributária. Consoante o inciso I, a


responsabilidade solidária é imposta ao sucessor, relativamente aos tributos devidos, desde
que o alienante cesse a exploração da atividade.

Entretanto, conforme disposição do inciso II, responderá aquele apenas subsidiariamente, com
o alienante, se este prosseguir na exploração ou, dentro de seis meses contados da data da
alienação, iniciar qualquer atividade econômica.

Conforme o entendimento do STJ, na expressão "créditos tributários" não há distinção se a


multa, incluída no conceito, tem caráter moratório ou punitivo.

Há que se destacar que, conforme disposição do artigo 123 do mesmo diplora, é ineficaz
qualquer convenção entre os particulares, que tenha como propósito alterar a responsabilidade
tributária, não podendo ser oposta em face da Fazenda Pública.

O objetivo do legislador foi endurecer o trato da presunção da fraude fiscal, tornada absoluta,
ainda que o adquirente tenha agido de boa-fé, não dependendo da anterior inscrição na dívida
ativa para a responsabilidade, tornada objetiva por via legal.

A Lei Complementar nº 118/05 incluiu os parágrafos 1º a 3º, com o fulcro de viabilizar a


sucessão de empresas falidas ou em processo de recuperação judicial, desde que o alienante
não tenha vínculo direto com a alienada ou seus antigos proprietários.

Estabeleceu, outrossim, o prazo de um ano para que o produto da alienação judicial


permaneça à disposição do juízo da falência, "somente podendo ser utilizado para o
pagamento de créditos extraconcursais ou de créditos que preferem ao tributário" - os créditos
decorrentes de acidente de trabalho e os com garantia real até o limite do valor do bem
gravado.

Neste passo, resta clara a disposição do fisco em abrir mão da cobrança de um débito que, em
geral, é frustrada, mesmo tendo em vista o privilégio do fisco em vista de outros credores,
quando pensada a ordem de preferência, em troca do incremento à iniciativa privada, que lhe
há de render frutos mais seguros, a curto prazo.

2. DOIS EXEMPLOS DE RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA POR SUCESSÃO, DE


TERCEIROS E POR INFRAÇÃO

a) POR SUCESSÃO:

- Os adquirentes de imóveis, pelos tributos devidos, relativamente ao bem, salvo nos casos de
arrematação em hasta pública - CTN, artihgo 129, I.
É relevante para a sucessão a data da ocorrência do fato imponível, ainda que o lançamento se
dê em data posterior.
Por conseguinte, o adquirente de bens imóveis é responsável pelo IPTU, até a data da
alienação.

- O espólio, pelos tributos devidos pelo de cujus, até a data da abertura da sucessão (CTN,
artigo 129, IV).
Quando herdam-se, herdam-se os bens e as dívidas, respondendo o herdeiro pelo que devia o
de cujus até o limite da herança.

b) DE TERCEIROS:

- São responsáveis tributários, nos termos do artigo 134 do CTN, as pessoas nele enumeradas.

É o caso dos pais, pelos tributos devidos por seus filhos menores, e assim também os devidos
pelos curatelados ou tutelados, dos quais são responsáveis os curadores ou tutores.

- O mesmo artigo do CTN responsabiliza os tabeliães, escrivães e demais serventuários de


ofício, pelos tributos devidos sobre os atos praticados por eles, ou perante eles, em razão do
seu ofício.
Ressalve-se que o disposto nesse artigo refere-se, apenas, consoante o parágrafo único do
mesmo, à penalidade de cunho moratório.

c) POR INFRAÇÃO:
São as hipóteses do artigo 135 do CTN.
A doutrina e a jurisprudência têm entendido que poderão os administradores assumir a
responsabilidade por infração a que derem causa ao fato gerador, não existindo a presunção
sem a participação do fato.
Daí, podemos elencar, conforme a disposição do supra citado artigo:

- as pessoas elencadas no artigo 134;

- os diretores, gerentes ou representantes de pessoas jurídicas de direito privado.

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