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O autor argumenta que o dispositivo violaria os artigos 5º, XXXVI, e 100 da Constituição da
República, porque condiciona o depósito em conta bancária de precatório judicial à
apresentação de certidão negativa de tributos federais, estaduais e municipais. Também é
exigida a apresentação da certidão de regularidade para com a Seguridade Social, o Fundo de
Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) e a Dívida Ativa da União, depois de ouvida a
Fazenda Pública.
Voto da relatora
Segundo a ministra, “as formas de obter, a Fazenda Pública, o que lhe é devido e a constrição
do contribuinte para o pagamento de eventual débito havido com a Fazenda Pública estão
estabelecidas no ordenamento jurídico e não podem ser obtido por outros meios que frustrem
direitos constitucionais nos cidadãos”.
A relatora disse que a Fazenda Pública, quando considerada judicialmente credora do cidadão,
“também não tende a apresentar qualquer documento a garantir que nada deve a ele em
termos, por exemplo, de restituição de indébito ou de pagamento de qualquer outra forma de
débito”.
Para Cármen Lúcia, “o estabelecido na norma questionada agrava o que vem estatuído como
dever da Fazenda Pública”. Isto, conforme a ministra, ocorre “em face da obrigação que se
tenha reconhecido judicialmente em razão e nas condições estabelecidas pelo poder
Judiciário, não se mesclando, confundindo ou menos ainda frustrando, pela existência paralela
de débitos de outra fonte, natureza que eventualmente o jurisdicionado tenha na condição de
contribuinte com a Fazenda Pública”.
Por fim, a ministra entendeu que “a norma questionada - ao contrário de todas as tentativas de
resolver e diminuir os prazos, as condições e todas as formas de se desburocratizar e facilitar
o pagamento dos precatórios - estabelece mais dificuldades, e o que é mais grave, em perfeita
contradição com as normas constitucionais relativas à matéria”. Ela informou, ainda, que a
Constituição Federal fixa requisitos que podem ser definidos para a satisfação dos precatórios.
Assim, a Corte, por decisão unânime acompanhou a relatora Cármen Lúcia pela
inconstitucionalidade do artigo 19, da Lei Federal 11.033/04.
EC/RB
Leia mais:
04/04/2005 - 16:33 - Conselho da OAB ajuiza ação contra lei sobre depósito de precatório
judicial
Artigo 5º. Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se
aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à
liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
XXXVI - a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada;
Artigo 100. À exceção dos créditos de natureza alimentícia, os pagamentos devidos pela
Fazenda Federal, Estadual ou Municipal, em virtude de sentença judiciária, far-se-ão
exclusivamente na ordem cronológica de apresentação dos precatórios e à conta dos créditos
respectivos, proibida a designação de casos ou de pessoas nas dotações orçamentárias e nos
créditos adicionais abertos para este fim.
Por unanimidade, os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) julgaram procedente a
Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) 3453 proposta pelo Conselho Federal da Ordem
dos Advogados do Brasil contra o artigo 19 da Lei Federal 11.033/04. A norma alterava a
tributação do mercado financeiro e de capitais, além de instituir o regime tributário para
incentivo à modernização e à ampliação da estrutura portuária.
O autor argumenta que o dispositivo violaria os artigos 5º, XXXVI, e 100 da Constituição da
República, porque condiciona o depósito em conta bancária de precatório judicial à
apresentação de certidão negativa de tributos federais, estaduais e municipais. Também é
exigida a apresentação da certidão de regularidade para com a Seguridade Social, o Fundo de
Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) e a Dívida Ativa da União, depois de ouvida a
Fazenda Pública.
Voto da relatora
Segundo a ministra, “as formas de obter, a Fazenda Pública, o que lhe é devido e a constrição
do contribuinte para o pagamento de eventual débito havido com a Fazenda Pública estão
estabelecidas no ordenamento jurídico e não podem ser obtido por outros meios que frustrem
direitos constitucionais nos cidadãos”.
A relatora disse que a Fazenda Pública, quando considerada judicialmente credora do cidadão,
“também não tende a apresentar qualquer documento a garantir que nada deve a ele em
termos, por exemplo, de restituição de indébito ou de pagamento de qualquer outra forma de
débito”.
Para Cármen Lúcia, “o estabelecido na norma questionada agrava o que vem estatuído como
dever da Fazenda Pública”. Isto, conforme a ministra, ocorre “em face da obrigação que se
tenha reconhecido judicialmente em razão e nas condições estabelecidas pelo poder
Judiciário, não se mesclando, confundindo ou menos ainda frustrando, pela existência paralela
de débitos de outra fonte, natureza que eventualmente o jurisdicionado tenha na condição de
contribuinte com a Fazenda Pública”.
Por fim, a ministra entendeu que “a norma questionada - ao contrário de todas as tentativas de
resolver e diminuir os prazos, as condições e todas as formas de se desburocratizar e facilitar
o pagamento dos precatórios - estabelece mais dificuldades, e o que é mais grave, em perfeita
contradição com as normas constitucionais relativas à matéria”. Ela informou, ainda, que a
Constituição Federal fixa requisitos que podem ser definidos para a satisfação dos precatórios.
Assim, a Corte, por decisão unânime acompanhou a relatora Cármen Lúcia pela
inconstitucionalidade do artigo 19, da Lei Federal 11.033/04.
EC/RB
Leia mais:
04/04/2005 - 16:33 - Conselho da OAB ajuiza ação contra lei sobre depósito de precatório
judicial
Artigo 5º. Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se
aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à
liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
XXXVI - a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada;
Artigo 100. À exceção dos créditos de natureza alimentícia, os pagamentos devidos pela
Fazenda Federal, Estadual ou Municipal, em virtude de sentença judiciária, far-se-ão
exclusivamente na ordem cronológica de apresentação dos precatórios e à conta dos créditos
respectivos, proibida a designação de casos ou de pessoas nas dotações orçamentárias e nos
créditos adicionais abertos para este fim.
1 - Introdução
"À exceção dos créditos de natureza alimentícia, os pagamentos devidos pela Fazenda
Federal, Estadual ou Municipal, em virtude de sentença judiciária, far-se-ão, exclusivamente,
na ordem cronológica de apresentação dos precatóríos e à conta dos crédítos respectivos,
proibida a designação de casos ou de pessoas nas dotações orçamentárias e nos créditos
adicionais abertos para este fim".
Parece evidente que a Lei Maior, em se tratando de créditos da espécie, distinguiu-os para o
fim de não os sujeitar à ordem cronológica de apresentação dos precatórios, onde
concorreriam com créditos de outra natureza. Não houve dispensa do rito adequado para a
execução contra a Fazenda pública.
"Crédito de natureza alimentícia" - diz a Constituição. Por crédito dessa natureza entende-se
aquele referente a alimentos, isto é, o que é necessário à subsistência do ser humano.
Por Fazenda Pública entende-se "a Admínistração Pública quando ingressa em juízo por
qualquer de suas entidades estatais ou autárquicas, ou por seus órgãos que tenham capacidade
processual, ... porque o seu erário é que suporta os encargos patrimoniais da demanda" (4).
No que tange às fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público, embora a Lei nº 7.596,
de 10.4.1987, que, dentre outras disposições modificou o Decreto-Lei nº 200/1967 , tenha,
expressamente, ressaltado a sua personalidade jurídica de direito privado, os tribunais,
capitaneados pelo Supremo Tribunal Federal, principalmente após a vigência da Carta de
1988, definiram que elas são "espécies do gênero autarquia", notadamente quando assumem a
gestão de serviço estatal e se submetem ao regime administrativo previsto na legislação
pertinente(8).
Tratando-se, pois, da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios e respectivas
autarquias (compreendidas as fundações públicas), litigando em juízo, teremos a Fazenda
Pública, e as execuções contra essas entidades devem sujeitar-se ao rito previsto nos arts. 730
e 731 do Código de Processo Civil, dependendo o pagamento do precatório.
4 - Precatório
Nesse contexto, o credor da Fazenda Pública, ainda que se trate de crédito de natureza
alimentícia (10) , não pode executá-lo pela via comum, dada a impenhorabilidade legal dos
bens públicos, nem pelo rito previsto nos arts. 732 e seguintes do CPC. Há de se submeter ao
procedimento especial insculpido nos arts. 730 e 731, do mesmo estatuto, promovendo-se
uma execução imprópria - no dizer de HUMBERTO THEODORO JÚNIOR (11) - e aguardar
a requisição do pagamento expresso no precatório, se a Fazenda Pública não oferecer
Embargos ou, se oferecidos, forem rejeitados.
Ainda a propósito do precatório, há de ser dito que a sua existência constitui medida
moralizadora, implantada no ordenamento constitucional a partir de 1934, e que repousa no
princípio da moralidade que orienta a Administração Pública.
Tornou-se prática usual a contratação de servidores civis pela Administração Pública Direta e
autárquica, nas esferas federal, estadual e municipal, pelo regime da Consolidação das Leis do
Trabalho. Assim, na Administração, conviviam dois regimes jurídicos distintos, um norteado
pelo Estatuto dos Funcionários Públicos Civis e outro pela legislação obreira.
Cumprindo esse mandamento, vigora, desde 12.12.1990 - data em que foi publicada - a Lei nº
8.112, que dispõe sobre o regime jurídico dos Servidores Públicos Civis da União, das
autarquias e das fundações públicas federais, de modo que, no plano federal, o vínculo legal
substituiu o contratual, com efeitos diversos, dentre eles a sujeição dos litígios entre
servidores "estatutários" e a União, suas autarquias ou fundações públicas, à Justiça
Federal(12) . (No que tange às empresas públicas federais, "sujeitam-se ao regime jurídico
próprio das empresas privadas, inclusive quanto às obrigações trabalhistas ..." - CR, art. 173,
§ 1º).
Muitas reclamaçoes trabalhistas travadas entre tais entidades e os antigos celetistas pendem de
apreciação pela Justiça do Trabalho (13).
Outrossim, inumeros são os Estados e Municipios que ainda não cumpriram o disposto no art.
39, caput, da Lei Maior, de sorte que no seu âmbito são mantidos servidores sob a égide da
legislação obreira e, como tal, submetidos à jurisdição da Justiça especializada para a solução
dos conflitos decorrentes da relação empregatícia.
"O mandado de segurança não é meio processual idôneo para dirimir litígios trabalhistas". É o
que encerra a Súmula 195 do TRF. Esse entendimnto vem sendo prestigiado, inclusive pela
Justiça do Trabalho, tendo-se notícia de algumas exceções, quando o impetrado reunir os
requisitos concomitantes de empregador e de autoridade pública (ou pessoa a ela equiparada),
observados os demais pressupostos que ensejam a ação mandamental.
A indicada lei, auxiliada na sua interpretação pela Súmula 271 do Supremo Tribunal Federal
(21) , veda a concessão de "medida liminar para efeito de pagamento de vencimentos e
vantagens pecuniárias" (art. 1º, § 4º), disciplina a forma de pagamento, no caso de sentença
contrária à Fazenda Pública, de maneira a contemplar as " prestações que se vencerem a
contar da data do ajuizamento da inicial" (art. 1º, caput) até o deferimento do writ, ou
"atrasados", remetendo-as à liquidação por cálculos, seguindo-se à expedição do precatório
(art. 1º, § 3º) (22) ; e quanto aos créditos com vencimento posterior à decisão, o cumprimento
imediato, providenciando-se, e necessário, o suprimento de recursos para satisfação do
julgado.
Pelo menos quanto às verbas devidas a partir da sentença, os servidores em referência estão
fora do alcance do precatório.
7 - Conclusão
Não podem ser desprezadas respeitáveis opiniões lançadas contra a submissão dos créditos
alimentícios ao precatório (23).
Mas a interpretação mais lógica que se pode tirar do art. 100 e parágrafos, da Constituição da
República - apesar de insensível às urgentes necessidades alimentares do ser humano - é no
sentido de que a satisfação dos créditos de natureza alimentícia não prescinde do precatório,
estando a salvo, somente, da ordem cronológica de apresentação, quando o encargo recair
sobre a Fazenda Pública.
(NOTAS)
1- Cf. DE PLÁCIDO E SILVA in "Vocabulário Jurídico", São Paulo, Forense, 3ª ed., 1973,
vol. I, p, 107.
2- TRF 2ª Reg., 2ª. T., AMS 89.02,13805-4/RJ, Rel. Des. Fed. Julieta Lunz, julg. em
9.10.1990, publ. DJ de 24.1.1991,s. II, p. 721.
3- TRF 4ª Reg., 3ª T., MS 89.04.11429-2/SC, Rel juiz Gilson Dipp, julg. em 16.10.1990,
publ. DJ de 23.1.1991, s.II, p. 667.
4- Cf. HELY LOPES MEIRELLES in "Direito Administrativo Brasileiro", São Paulo, RT,
14ª. ed., 1989, p.616.
8- STF, Pleno, CJ nº 6.566-MG, Rel. Min. Aldir Passarinho, in LEX-JSTF 107/35. V. também
LEX-JSTF 121/19, 122/35, 127/31 e 130/57.
14-"Comentários à Consolidação das Leis do Trabalho", São Paulo, RT, 11ª ed., 1989,
p.652/653.
15-"Curso de Direito Processual do Trabalho", São Paulo, Saraiva, 12ª ed., 1990, p.292.
17-TRT 10ª Reg.,2ª T., AP nº 239/90-GO, Rel.juiz Sebastião Machado Filho, julg. em
27.11.1990, publ. no DiJ de 24.1.1991, s.II, p.772.
18-TRT 10º Reg., 1ª T., AP nº 214/90-GO, Rel. juiz Heráclito Pena Júnior, julg. em
4.12.1990, publ. no DJ de 24.1.1991, s.II, p. 759.
19-TRF 1ª Reg., . MS 89.01.20276-0-GO, Rel. juiz Aldir Passarinho Júnior, julg. em
15.10.1990, publ. no DJ de 26.11.1990, s.II, p.28335.
20-TRT 8ª Reg., AP 919/90-PA, Rel. juiz Arthur Seixas, julg. em 31.10.1990, publ. no DO-
PA(2) de 19.11.1990, p.3.
FONTE: http://www.prt22.mpt.gov.br/trabevan17.htm
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Corrida de barreiras
Art. 205. A lei poderá exigir que a prova da quitação de determinado tributo, quando exigível,
seja feita por certidão negativa, expedida à vista de requerimento do interessado, que contenha
todas as informações necessárias à identificação de sua pessoa, domicílio fiscal e ramo de
negócio ou atividade e indique o período a que se refere o pedido.
O exercício da faculdade legislativa, porém, não é absoluto. Não pode acarretar violação de
direitos e garantias fundamentais, nem implicar desvio de finalidade criando embaraços à
efetivação do direito do cidadão contra o Estado. Nunca se pode esquecer que a expedição de
certidão negativa de tributos representa um poder-dever do Estado, em consonância com o
que está prescrito no artigo 5º, XXXIV, b da CF (1) . E mais, a lei a que se refere o art. 205 do
CTN, norma geral de direito tributário, editada com fundamento no artigo 146, III (2) da CF,
é lei de cada ente político tributante. Não pode o legislador ordinário da União editar norma
geral aplicável no âmbito das três esferas políticas, pois isso é privativo da lei complementar.
Pois bem, a Lei nº 11.033, de 21 de dezembro de 2004, que altera a tributação do mercado
financeiro e de capitais e institui o Regime Tributário para Incentivo à Modernização e à
Ampliação da Estrutura Portuária (Reporto) introduziu matéria estranha, representada pelo
artigo 19 do seguinte teor:
Não bastassem os seis ou oito anos para obtenção de decisão condenatória, com trânsito em
julgado, contra a Fazenda Pública, seguidos de outros seis ou oito anos, ou até mais, para
satisfação do montante da condenação judicial, agora, o legislador infraconstitucional, por
meio de dispositivo ilegítimo, irrazoável e inconstitucional busca procrastinar o cumprimento
da decisão exequenda, aumentando a agonia e o tormento dos credores que estão morrendo,
aos milhares, na fila de precatórios judiciais.
Precatório judicial significa requisição de pagamento feito pelo Presidente do Tribunal que
proferiu a decisão exequenda contra a Fazenda Pública, por conta de dotação orçamentária
consignada ao Poder Judiciário. É forma de execução por quantia certa contra Fazenda
Pública, regulada pelo artigo 730 do CPC. Funciona como sucedâneo de penhora, em virtude
do princípio da impenhorabildiade de bens públicos.
Art. 100 - À exceção dos créditos de natureza alimentícia, os pagamentos devidos pela
Fazenda Federal, Estadual ou Municipal, em virtude de sentença judiciária, far-se-ão
exclusivamente na ordem cronológica de apresentação dos precatórios e à conta dos créditos
respectivos, proibida a designação de casos ou de pessoas nas dotações orçamentárias e nos
créditos adicionais abertos para este fim
§ 5º A lei poderá fixa valores distintos para o fim previstos no § 3º deste artigo, segundo as
diferentes capacidades das entidades de direito público (primitivo § 4º renumerado pela EC nº
37/02).
§ 6º O Presidente do Tribunal competente que, por ato comissivo ou omissivo, retardar ou
tentar frustrar a liquidação regular de precatório incorrerá em crime de responsabilidade
(primitivo § 5º renumerado pela EC nº 37/02).
O caput do artigo 100 vai de encontro aos princípios do artigo 37, que regem a Administração
Pública. É uma norma moralizadora determinando o pagamento mediante observância
rigorosa da ordem cronológica de apresentação dos precatórios, excetuados os créditos de
natureza alimentar (3) , bem como, proibindo a designação de casos e de pessoas nas dotações
orçamentárias e extra-orçamentárias em atendimento ao princípio da impessoalidade.
O § 1º, em sua redação original, determinava a inclusão orçamentária da verba requisitada até
1º de julho pelo valor atualizado até essa data, para pagamento até o final do exercício
seguinte. Aquela redação original ensejava a interpretação de que, atualizado o débito até 1º
de julho e pago até o final do exercício seguinte, nada mais seria devido a título de correção
monetária. Em boa hora veio a EC nº 30/00 promover a alteração redacional para consignar,
expressamente, o pagamento pelos valores atualizados monetariamente.
A nova redação dada ao § 2º, pela EC nº 30/00, ao prescrever que 'as dotações orçamentárias
e os créditos abertos serão consignados diretamente ao Poder Judiciário, cabendo ao
Presidente do Tribunal....necessária à satisfação do débito', não deixa margem de dúvida
quanto à titularidade das verbas consignadas para pagamento de precatórios. Nenhuma lei
ordinária poderá autorizar o Executivo a anular parcial ou totalmente as dotações pertencentes
ao Judiciário, para abertura de crédito adicional suplementar ou especial.
Como se vê do artigo 100 e parágrafos, sucintamente analisados, a Carta Política traçou regras
claras e severas de conformidade com o princípio federativo da independência e harmonia dos
Poderes e em consonância com os princípios que regem a Administração Pública. Esgotou o
procedimento para pagamento de precatórios judiciais nada deixando à colaboração do
legislador infraconstitucional, exceto para definição de obrigações de pequeno valor e para
distinguir esses valores segundo as diferentes capacidades dos entes políticos devedores (§§
3º e 5º), com o manifesto propósito de favorecer os credores da Fazenda, jamais para
prejudicá-los. E mais, a Constituição Federal prescreveu crime de responsabilidade
relativamente aos atos omissivos ou comissivos do Presidente do Tribunal competente que
importem em retardar ou tentativa de frustração da liquidação regular do precatório.
Na forma da Carta Magna vigente são apenas três os requisitos para satisfação de precatório:
Diante de regras tão claras, objetivas e severas não se sabe onde e como o legislador ordinário
foi buscar fundamento constitucional para procrastinar o pagamento de precatório judicial,
incorrendo em autêntico ato de improbidade legislativa. Bastará que um único credor não
consiga apresentar a certidão negativa, para paralisar a fila do precatório judicial em benefício
da Fazenda, que vem antecipando a realização da receita tributária e postergando o pagamento
da despesa decorrente de condenação judicial, como é do conhecimento público.
O artigo 19 sob exame inovou as disposições da Carta Magna introduzindo um novo requisito
entre a inserção de verba requisitada na lei orçamentária anual e o pagamento, ou seja,
exigindo prévia apresentação de certidão negativa de tributos como condição para o depósito
do montante da condenação judicial, ou seu levantamento, caso já tenha sido depositado o
valor do precatório.
Em outras palavras, esse artigo 19 interferiu diretamente na atuação do Judiciário em sua fase
mais importante, desferindo um golpe fatal contra o princípio da efetividade da jurisdição,
própria razão de existência do Poder Judiciário. Como se sabe, a atividade jurisdicional é
exercida pelo Poder Judiciário em regime de monopólio estatal. Por isso, entre nós, o
Judiciário quando decide o faz em nome do Estado Federal Brasileiro. Daí a noção de
soberania do Poder Judiciário, no sentido de que nenhum outro Poder pode se sobrepor à sua
decisão. A decisão do Judiciário é a decisão do próprio Estado.
Assim, o dispositivo sob comento afronta, não só, o artigo 100 e parágrafos da CF ao inovar
os requisitos para satisfação do precatório judicial, como também, violenta o artigo 2º da CF
ao interferir na prestação jurisdicional em sua fase final, que é a da efetivação da jurisdição,
impingindo ao Judiciário um desprestígio maior como se já não bastasse o estigma da
morosidade que, por si só, compromete a credibilidade de sua atuação. Agora, essa
morosidade, no mínimo, será duplicada.
Finalmente, a exemplo de outras leis de natureza tributária, o dispositivo sob exame agiliza e
antecipa, por vias tortuosas, a arrecadação de tributos, de um lado, suprindo e premiando a
ineficiência da máquina administrativa tributária e, de outro lado, aniquilando os direitos e
garantias fundamentais do contribuinte que, às vezes, se vêem obrigados a pagar um tributo
indevido, para poder receber o montante da condenação judicial contra a Fazenda, obtida, a
duras penas, após moroso e cansativo processo judicial.
Realmente, esse artigo 19 sob análise fere o art. 5º, XXXV da CF, segundo o qual 'a lei não
excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito'. Ora, 'n' situações
existem em que se for exigida certidão negativa como condição para o depósito do montante
da condenação a que faz jus o exeqüente, este terá que abrir mão dos princípios do devido
processo legal e do contraditório e ampla defesa, insertos nos incisos LIV e LV, do artigo 5º
da CF.
Efetivamente, se o crédito tributário situar-se naquela fase de inscrição na dívida ativa, que
antecede o ajuizamento da execução fiscal, o contribuinte não terá meios legais para obtenção
da certidão negativa. De fato, nessa hipótese, a certidão não poderá ser expedida, porque já
estará cessada a suspensão da exigibilidade do crédito tributário (artigo 151, III do CTN). O
contribuinte não poderá, também, nomear bens à penhora e obter a certidão, porque a
execução fiscal ainda não foi ajuizada. Seria o caso de impetrar mandado de segurança para
agilizar a execução fiscal contra si? O legislador não poderia ignorar o fato de que milhares e
milhares de créditos tributários prescrevem, mensalmente, por conta da inércia da Fazenda
Pública que deixa de aparelhar, tempestivamente, as execuções fiscais, talvez, à espera de
providências legislativas da espécie.
Mas, não é só. Na esfera da União, a Secretaria da Receita Federal instituiu, sem base legal, o
procedimento denominado 'ENVELOPAMENTO' que consiste no seguinte:
O computador da Receita Federal expede, diariamente, milhares de 'notificações de débito'
juntamente com os DARFs para pagamento, sob pena de inscrição na dívida ativa; essas
'notificações', na maioria das vezes, é resultado de discrepância entre os dados constantes na
Declaração de Débitos e Créditos de Tributos Federais (DCTF) apresentada pelo contribuinte,
com aqueles dados informatizados pelos servidores da Receita, especialistas em informática,
mas que de direito tributário pouco ou nada entendem;
Difícil de acreditar, mas quem milita na área tributária sabe que tudo isso é verdade. Ives
Gandra da Silva Martins, com habitual elegância e moderação, denomina esse procedimento
de 'Ditadura dos Computadores' (Valor Econômico, 23-12-2004).
O legislador ordinário premia o órgão fazendário omisso e ineficiente, que deveria estar
promovendo a fiscalização, autuando os infratores, decidindo quanto às impugnações e
recursos por eles apresentados e promovendo a inscrição na dívida ativa, seguida de cobrança
judicial tempestiva. Ultimamente, o legislador aliou-se ao Poder Executivo para, por meio de
instrumento normativo, substituir a ação do fisco, que nada mais tem a fazer senão
acompanhar, por intermédio de computadores, o fluxo das receitas cada vez mais volumosas,
como fruto de terrorismo legislativo perpetrado contra indefesos contribuintes.
Só que esse procedimento legislativo não é ético, legítimo, razoável, nem constitucional. O
interesse da Fazenda não pode ser protegido em detrimento dos direitos e garantias
individuais assegurados na Carta Magna. Afinal, estes existem para colocar um freio no poder
político do Estado. Por isso, os direitos e garantias individuais, insuprimíveis por meio de
Emendas Constitucionais (art. 60, § 4º, IV da CF), não são apenas aqueles elencados no art. 5º
da Carta Política, mas todos os dispositivos dispersos na Constituição Federal que represente
um 'NÃO' contra o poder político do Estado.
Lamentavelmente, essa noção elementar de Direito Constitucional vem sendo ignorado pelo
legislador ordinário, que vem outorgando descabidos privilégios à Fazenda Pública à custa de
sacrifícios dos direitos e garantias individuais dos contribuintes, e o que é pior, contra os
princípios da razoabilidade, da proporcionalidade e da eficiência do serviço público,
implicando autêntica inversão de valores.
Por outro lado, a coação contida no art. 19 da Lei nº 11.033/04, objeto de nosso parecer,
contraria o princípio da eficiência no serviço público, à medida em que estimula a ociosidade
dos agentes públicos competentes, que cruzam os braços à espera de arrecadação automática.
Contrasta violentamente com o inciso XXII do art. 37 da CF, inserido recentemente pela EC
nº 42/03, segundo o qual, 'as administrações tributárias da União, dos Estados, do Distrito
Federal e dos Municípios, atividades essenciais ao funcionamento do Estado, exercidas por
servidores de carreiras específicas, terão recursos prioritários para a realização de suas
atividades e atuarão de forma integrada, inclusive como o compartilhamento de cadastros e de
informações fiscais, na forma da lei ou convênio'.
O preceito constitucional retro transcrito, pressupõe atuação eficiente do servidor público
pertencente ao quadro da administração tributária, incompatível com um regime jurídico em
que sua atuação é substituída pela ação dos computadores.
Caracterizado está o inusitado abuso legislativo que solapa em bloco os direitos e garantias
individuais e violenta os princípios da razoabilidade, da proporcionalidade e da eficiência,
insertos no art. 37 da CF, além de afrontar princípio da separação dos Poderes.
Dentro da escala de hierarquia de normas, sempre que houver conflito entre princípios e
regras jurídicas, estas devem ceder, pelo que, o art. 19 da Lei nº 11.033/04 sob exame deve
ser tido como inexistente no mundo jurídico, banido que está pelos princípios norteadores da
ordem jurídica.
O instituto da certidão negativa, à toda evidência, não pode servir como instrumento de
protelação do pagamento da condenação judicial pela Fazenda Pública, muito menos pode
servir como meio coercitivo para percepção de tributos.
O Supremo Tribunal Federal já até editou a Súmula 323 nos seguintes termos:
Da mesma forma, a exigência de certidão negativa de tributos não pode servir de instrumento
para coagir o contribuinte a solver a dívida tributária, pois esta não é a sua finalidade.
Indiferente, que o desvio de finalidade esteja contida na lei ou no ato administrativo. Em
ambas as hipóteses ele não se sustenta perante o ordenamento jurídico global.
Os tributos hão de ser cobrados por meios específicos previstos em lei. Nas relações jurídicas
de direito público não se aplica o princípio exceptio non adimpleti contractus, previsto no art.
476 do Código Civil.
Notas de rodapé
.............................................................................
FONTE: http://conjur.estadao.com.br/static/text/32288,2
Postado por maria da glória perez às 11:55 0 comentários Links para esta postagem
Presidência da República
Casa Civil
Subchefia para Assuntos Jurídicos
À exceção dos critérios de natureza alimentar, os pagamentos devidos pela Fazenda Federal,
Estadual ou Municipal, em virtude de sentença judiciária, far-se-ão exclusivamente na ordem
cronológica de apresentação dos precatórios e à conta dos créditos respectivos proibida a
designação de casos ou de pessoas nas dotações orçamentárias e nos créditos adicionais
abertos para este fim", inexistindo, neste mandamento constitucional e na própria
Constituição, qualquer disposição exigindo sua regulamentação, tanto assim que os Tribunais
o vêm aplicando sem qualquer reserva ou ressalva.
Flagrante, pois, a desnecessidade do seu art. 1°, definindo quais os créditos de natureza
alimentar para os efeitos do preceito constitucional. Tanto isso é verdade que após definir uma
série de casos de créditos de natureza alimentar, em seu inciso V faz mençã a "quaisquer
outros assim definidos pela legislação civil, trabalhista, previdenciária, penal ou
administrativa, sendo devedora a Fazenda Pública".
a) revogam, na prática, as disposições insertas nos arts. 730 e 731 do código do Processo Civil
que, justamente, disciplinam a execução, por quantia certa, contra a Fazenda Pública; e
Certamente por serem impenhoráveis os bens públicos é que o Código de Processo! Civil
dispensou à Fazenda Pública trato privilegiado, conforme ditado nos precitados a RTS.
730/731, sendo impossível excluí-los de aplicação, como quer o Projeto, sem afrontar a norma
constitucional insculpida nó art. 100.
O texto da Constituição Federal, logo ao início transcrito, deics claramente evidenciado que o
precatório é indispensável, mesmo quanto aos créditos de natureza alimentícia. O tratamento
diferenciado que a Lei Maior lhes dispensou é unicamente quanto a não estarem submetidos à
ordem cronológica de apresentação, ou seja, eles preferem aos demais.
Nesse exato sentido, a Súmula n° do Tribunal Regional Federal da 1ª Região, que diz:
"A preferência prevista no art. 100, caput, da Constituição Federal, não obriga a Fazenda
Pública a dispensar a expedição de precatório no pagamento dos créditos de natureza
alimentícia". ("in" DJ de 17.3.1993, n° 51, Seção II).
A exceção estabelecida pela Constituição Federal em favor dos chamados créditos de natureza
alimentícia não chega ao ponto de abolir, em relação a eles, os princípios orçamentários
inerentes às despesas públicas, limitando-se apenas a isentálos da observância da ordem
cronológica em relação aos de natureza geral". (RE 161.726-8 e RE 161.640, "!ni" DJ de
6.8.93, págs. 14910 e 14911, Seção I)
Portanto, é regra geral, já consagrada pelo Judiciário, a da atualização monetária, não só dos
créditos de natureza alimentícia, como dos demais sujeitos a precatório de pagamento.
Esse mesmo § 1° do art. 2°, ao dispor acerca de correção monetária sobre os créditos de
natureza alimentícia, prevê, ainda, a aplicação de "índices oficiais vigentes de correção
monetária" sobre os respectivos valores apurados.
A esse respeito, o Eg. Supremo Tribunal Federal, por pua C. 1ª Turma, já deixou assentado
que:
Estas, Senhor Presidente, as razões que me levaram a vetar totalmente o projeto em causa, as
quais ora submeto à elevada apreciação dos Senhores Membro; do Congresso Nacional.
fonte: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/VETO_TOTAL/1993/Mv845-93.htm
Entendo que a leitura da obra pode ser bastante interessante. Além de ampliar o conhecimento
sobre o assunto, ser muito agradável.
2008
TRIBUTAÇÃO NA ZONA FRANCA DE MANAUS
(Comemoração aos 40 anos da ZFM)
COORDENADORES
Ives Gandra da Silva Martins
Carlos Alberto de Moraes Ramos Filho
Marcelo Magalhães Peixoto
AUTORES
Valéria Furlan
Alísio Cláudio Barbosa Ribeiro
Danielle Maia Queiroz
Ellen Larissa de Oliveira Frota
Ernesto dos Santos Chaves da Rocha
Fabio Pereira Garcia dos Santos
Glauco Lubacheski de Aguiar
Omara Oliveira de Gusmão
Ives Gandra da Silva Martins
Rachel Benchaya
Rogério Emilio de Andrade
Vânya Senegalia Morete Spagolla
Yuri Dantas Barroso
Maria de Fátima Ribeiro
German Alejandro San Martín Fernández
Marco Evangelista
Carlos Alberto de Moraes Ramos Filho
Monique Cruz
Vera Carla Nelson de Oliveira Cruz
André Elali
Ezio Giobatta Bernardinis
Adilson Rodrigues Pires
Marco Aurélio Greco
APRESENTAÇÃO
SUMÁRIO
TRIBUTOS
São o objeto do Direito Tributário.
A Constituição Federal é a lei maior. Com uma mão ela dá e com a outra cerceia. Significa
que, ao passar competências, traçou uma série de dificuldades, que são exigências, aos entes
tributantes.
Fato lícito?
Quem paga?
Como?
Quem criou?
Ele pode criar esse tributo?
Se não pode criar, não é preciso pagar.
Se a União faz uma lei complementar e diz que quem cria a alíquota é o chefe do Executivo,
não é possível.
O chefe do Executivo pode criar decreto.
Os entes tributantes não podem delegar competência. É preciso uma lei para criar o tributo,
que diga: o fato lícito, a alíquota, etc.
CAPACIDADE TRIBUTÁRIA
É a aptidão para figurar no pólo ativo ou passivo de uma relação jurídica tributária.
Qualquer pessoa, jurídica de direito público ou física, pode receber por lei a capacidade
tributária ativa para arrecadar, se a lei assim o estabelecer.
Exemplo é o INSS. O INSS é uma autarquia federal.
Desde que essa pessoa não fique com o arrecadado para si, mas que haja uma destinação
pública do dinheiro arrecadado.
Não é a Constituição Federal que delega a capacidade tributária ativa. Quem a delega é a lei.
Supondo que um cientista está prestes a descobrir a cura da AIDS. É uma pesquisa de
interesse público. O mais comum são as autarquias receberem a delegação.
CAPÍTULO VI
Garantias e Privilégios do Crédito Tributário
Seção I
Disposições Gerais
Art. 183. A enumeração das garantias atribuídas neste Capítulo ao crédito tributário não
exclui outras que sejam expressamente previstas em lei, em função da natureza ou das
características do tributo a que se refiram.
Parágrafo único. A natureza das garantias atribuídas ao crédito tributário não altera a natureza
deste nem a da obrigação tributária a que corresponda.
Art. 184. Sem prejuízo dos privilégios especiais sobre determinados bens, que sejam previstos
em lei, responde pelo pagamento do crédito tributário a totalidade dos bens e das rendas, de
qualquer origem ou natureza, do sujeito passivo, seu espólio ou sua massa falida, inclusive os
gravados por ônus real ou cláusula de inalienabilidade ou impenhorabilidade, seja qual for a
data da constituição do ônus ou da cláusula, excetuados unicamente os bens e rendas que a lei
declare absolutamente impenhoráveis.
Art. 185. Presume-se fraudulenta a alienação ou oneração de bens ou rendas, ou seu começo,
por sujeito passivo em débito para com a Fazenda Pública, por crédito tributário regularmente
inscrito como dívida ativa.
Nota: A redação atual do art. 185 foi dada pela Lei Complementar nº 118, de 09/02/05, DOU
de 09/02/05, com efeitos a partir de 08/06/05.
Parágrafo único. O disposto neste artigo não se aplica na hipótese de terem sido reservados,
pelo devedor, bens ou rendas suficientes ao total pagamento da dívida inscrita.
Art. 185-A. Na hipótese de o devedor tributário, devidamente citado, não pagar nem
apresentar bens à penhora no prazo legal e não forem encontrados bens penhoráveis, o juiz
determinará a indisponibilidade de seus bens e direitos, comunicando a decisão,
preferencialmente por meio eletrônico, aos órgãos e entidades que promovem registros de
transferência de bens, especialmente ao registro público de imóveis e às autoridades
supervisoras do mercado bancário e do mercado de capitais, a fim de que, no âmbito de suas
atribuições, façam cumprir a ordem judicial.
Nota: O art. 185-A foi acrescentado pela Lei Complementar nº 118, de 09/02/05, DOU de
09/02/05, com efeitos a partir de 08/06/05.
§ 1º A indisponibilidade de que trata o caput deste artigo limitar-se-á ao valor total exigível,
devendo o juiz determinar o imediato levantamento da indisponibilidade dos bens ou valores
que excederem esse limite.
§ 2º Os órgãos e entidades aos quais se fizer a comunicação de que trata o caput deste artigo
enviarão imediatamente ao juízo a relação discriminada dos bens e direitos cuja
indisponibilidade houverem promovido.
Seção II
Preferências
Art. 186. O crédito tributário prefere a qualquer outro, seja qual for sua natureza ou o tempo
de sua constituição, ressalvados os créditos decorrentes da legislação do trabalho ou do
acidente de trabalho.
Nota: A redação atual do art. 186 foi dada pela Lei Complementar nº 118, de 09/02/05, DOU
de 09/02/05, com efeitos a partir de 08/06/05.
Para o estudo dos artigos 185 e 186, selecionei o artigo de Fábio Tadeu Ramos Fernandes do
site http://www.azevedosette.com.br/noticias/noticia?id=38, que assim entende:
Em 9 de fevereiro de 2005, foi publicada a Lei Complementar n° 118, que alterou diversos
artigos do Código Tributário Nacional (CTN) com o intuito de adequá-lo às regras da assim
chamada nova lei de falências. Além das alterações relativas à nova lei de falências, a LC n°
118 também alterou outros artigos do CTN, dentre eles, o art. 185, inserido no Capítulo que
trata das “Garantias e Privilégios do Crédito Tributário”.
Confira-se a antiga redação do citado artigo: “Art. 185. Presume-se fraudulenta a alienação ou
oneração de bens ou rendas, ou seu começo, por sujeito passivo em débito para com a
Fazenda Pública, por crédito tributário regularmente inscrito como dívida ativa em fase de
execução. Parágrafo único. O disposto neste artigo não se aplica na hipótese de terem sido
reservados, pelo devedor, bens ou rendas suficientes ao total pagamento da dívida inscrita em
fase de execução.” (NR)
Segundo a redação anterior do artigo 185 do Código Tributário Nacional, somente a partir da
data em que o contribuinte fosse citado em processo de execução de dívida tributária,
reputava-se fraudulenta a alienação ou oneração de bens ou renda por ele realizada, salvo se
possuísse outros bens e direitos em valor suficiente para quitar o débito fiscal. Com a edição
da Lei Complementar nº 118, a redação do artigo 185 do Código Tributário Nacional não
mais contém a expressão “em fase de execução”: “Art. 185. Presume-se fraudulenta a
alienação ou oneração de bens ou rendas, ou seu começo, por sujeito passivo em débito para
com a Fazenda Pública, por crédito tributário regularmente inscrito como dívida ativa.
Parágrafo único. O disposto neste artigo não se aplica na hipótese de terem sido reservados,
pelo devedor, bens ou rendas suficientes ao total pagamento da dívida inscrita.” (NR)
Com isso, a Lei Complementar nº 118/2005 antecipou o termo inicial a partir do qual se
reputa fraudulenta uma alienação ou oneração da data da citação do contribuinte em Execução
Fiscal, para a data de inscrição do suposto débito fiscal em Dívida Ativa. Em outras palavras,
a LC 118/2005 acabou por estabelecer um novo marco inicial para reputar-se fraudulenta uma
alienação de bens pelo devedor, a saber, a data da inscrição do débito em dívida ativa. Para
melhor compreensão da questão, mister se faz uma breve explanação sobre o procedimento
administrativo tributário.
Diante das alterações trazidas pela Lei Complementar n° 118/2005, a simples inscrição em
Dívida Ativa, já existe uma constrição tácita dos bens da empresa. Em outras palavras, os
créditos inscritos superiores ao ativo fixo da empresa, “indisponibilizam” todos os bens da
sociedade mesmo antes da execução fiscal estar ajuizada, sem ao menos ter o contribuinte
sido citado para garantir o juízo e apresentar defesa em Embargos à Execução Fiscal. O maior
problema decorrente dessa antecipação de termo inicial deve-se ao fato de que da data da
inscrição em Dívida Ativa, a Procuradoria dispõe de até cinco anos para ajuizar uma
Execução Fiscal (o assim chamado prazo prescricional), período durante o qual o contribuinte
não poderá suspender a exigibilidade do débito através da garantia do juízo (na execução
fiscal) e da oposição de embargos à execução, e tampouco poderá desfazer-se de seus bens,
sob pena de incorrer na realização de negócio jurídico reputado fraudulento e passível de
anulação.
O texto acima transcrito serve apenas como um dos parâmetros possíveis para a análise dos
artigos do CTN, à luz dos princípios e normas constitucionais, para que facilite a confecção
do 10º trabalho de direito tributário.
Trabalho referente à disciplina Direito Tributário
ministrada nas Turmas 4A, 4B e 4C pela
Profa. Valéria Furlan
(2007)
2) Faça uma síntese do teor de um dos seguintes julgados: RE 346.084, Rel Orig. Min. Ilmar
Galvão, DJ 01/09/06; RE 357.950, Rel. Min. Marco Aurélio, DJ 15/08/06; RE 358.273, Rel.
Min. Marco Aurélio, DJ 15/08/06; RE 390.840, Rel. Min. Marco Aurélio, DJ 15/08/06.
3) Exponha apenas três dúvidas dentre as que afluírem ao seu espírito perscrutador ao estudar
as causas extintivas da obrigação tributária.
4) De igual modo, após ler a jurisprudência que encontrar a respeito, formule três perguntas
acerca do teor do Enunciado da seguinte súmula vinculante: "É inconstitucional o inciso 1º do
artigo 3º da Lei 9.718/98, que ampliou o conceito de receita bruta, à qual deve ser entendida
como a proveniente das vendas de mercadorias e da prestação de serviços de qualquer
natureza, ou seja, soma das receitas oriundas do exercício das atividades empresariais".
Data de entrega: O décimo trabalho manuscrito de todos os alunos deverá ser entregue à
Professora, de uma só vez, dentro de um envelope lacrado (ou grampeado), no início da aula
de direito tributário do dia 19 (dezenove) de outubro de 2007 (sexta-feira), pelo Representante
de Classe, de modo que os alunos deverão entregar seus respectivos trabalhos ao
Representante de Classe em tempo hábil a assegurar o procedimento de entrega, ora
explicitado. Nenhum trabalho será recebido pela Professora durante ou após a exposição da
referida aula.
Obs.: Saliente-se que, a rigor, não se trata de trabalho, mas apenas de diretrizes úteis aos
rotineiros estudos que devem ser realizados pelos alunos, paralelamente às aulas, de modo a
assegurar uma melhor compreensão da matéria que será objeto de avaliação na próxima
prova.
Data de entrega: O décimo trabalho manuscrito de todos os alunos deverá ser entregue à
Professora, de uma só vez, dentro de um envelope lacrado (ou grampeado), no início da aula
de direito tributário do dia 19 (dezenove) de outubro de 2007 (sexta-feira), pelo Representante
de Classe, de modo que os alunos deverão entregar seus respectivos trabalhos ao
Representante de Classe em tempo hábil a assegurar o procedimento de entrega, ora
explicitado. Nenhum trabalho será recebido pela Professora durante ou após a exposição da
referida aula.
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Entretanto, conforme disposição do inciso II, responderá aquele apenas subsidiariamente, com
o alienante, se este prosseguir na exploração ou, dentro de seis meses contados da data da
alienação, iniciar qualquer atividade econômica.
Há que se destacar que, conforme disposição do artigo 123 do mesmo diplora, é ineficaz
qualquer convenção entre os particulares, que tenha como propósito alterar a responsabilidade
tributária, não podendo ser oposta em face da Fazenda Pública.
O objetivo do legislador foi endurecer o trato da presunção da fraude fiscal, tornada absoluta,
ainda que o adquirente tenha agido de boa-fé, não dependendo da anterior inscrição na dívida
ativa para a responsabilidade, tornada objetiva por via legal.
Neste passo, resta clara a disposição do fisco em abrir mão da cobrança de um débito que, em
geral, é frustrada, mesmo tendo em vista o privilégio do fisco em vista de outros credores,
quando pensada a ordem de preferência, em troca do incremento à iniciativa privada, que lhe
há de render frutos mais seguros, a curto prazo.
a) POR SUCESSÃO:
- Os adquirentes de imóveis, pelos tributos devidos, relativamente ao bem, salvo nos casos de
arrematação em hasta pública - CTN, artihgo 129, I.
É relevante para a sucessão a data da ocorrência do fato imponível, ainda que o lançamento se
dê em data posterior.
Por conseguinte, o adquirente de bens imóveis é responsável pelo IPTU, até a data da
alienação.
- O espólio, pelos tributos devidos pelo de cujus, até a data da abertura da sucessão (CTN,
artigo 129, IV).
Quando herdam-se, herdam-se os bens e as dívidas, respondendo o herdeiro pelo que devia o
de cujus até o limite da herança.
b) DE TERCEIROS:
- São responsáveis tributários, nos termos do artigo 134 do CTN, as pessoas nele enumeradas.
É o caso dos pais, pelos tributos devidos por seus filhos menores, e assim também os devidos
pelos curatelados ou tutelados, dos quais são responsáveis os curadores ou tutores.
c) POR INFRAÇÃO:
São as hipóteses do artigo 135 do CTN.
A doutrina e a jurisprudência têm entendido que poderão os administradores assumir a
responsabilidade por infração a que derem causa ao fato gerador, não existindo a presunção
sem a participação do fato.
Daí, podemos elencar, conforme a disposição do supra citado artigo: