Sei sulla pagina 1di 6

See

discussions, stats, and author profiles for this publication at: https://www.researchgate.net/publication/26361638

Tupi-guarani, um caso de fidelidade

Article in Revista Brasileira de Ciências Sociais · February 2003


DOI: 10.1590/S0102-69092003000100013 · Source: DOAJ

CITATIONS READS

0 28

1 author:

João Dal Poz


Federal University of Juiz de Fora
12 PUBLICATIONS 36 CITATIONS

SEE PROFILE

Some of the authors of this publication are also working on these related projects:

Perícia antropológica View project

All content following this page was uploaded by João Dal Poz on 04 February 2015.

The user has requested enhancement of the downloaded file.


170 REVISTA BRASILEIRA DE CIÊNCIAS SOCIAIS - VOL. 18 Nº. 51

4 Eduardo Viveiros de Castro, Araweté: os deuses ca-


nibais, Rio de Janeiro, Zahar/Anpocs, 1986; From
Tupi-guarani, um caso de
the enemy’s point of view: humanity and divinity in fidelidade
na Amazonian society, Chicago, University of Chi-
cago Press, 1992.
Carlos FAUSTO. Inimigos fiéis: história, guerra e
5 Emmanuel Désveaux, Quadratura americana: es- xamanismo na Amazônia. São Paulo, Edusp,
sai d’anthropologie lévi-straussienne, Genebra,
2001. 587 páginas.
Georg Editeur, 2001, p. 229.
6 Eduardo Viveiros de Castro, “O campo na selva, visto João Dal Poz
da praia”. Estudos Históricos, 5/10, 1992, pp. 170-190.
7 Não se trata aqui da distinção que se tornou comum A etnologia das sociedades indígenas sul-
no Brasil, ou seja, da etnologia indígena, de um
americanas, nas últimas décadas, trouxe resultados
lado, e outras antropologias (urbana, rural, da reli-
gião etc.), de outro. Pelo contrário, frisa-se que esse bastante promissores. As descrições etnográficas,
é um exercício de antropologia em sua plenitude, no entanto, distribuem-se ainda de maneira desi-
como poderiam ser outros, cujos dados “etnográfi- gual, em extensão e densidade, o que se deve cre-
cos” não são propriamente “étnicos” ou indígenas. ditar a um pouco orquestrado, se não disperso
Lévi-Strauss comenta essa distinção gradativa e assi-
moto investigativo. Os percalços, não resta dúvida,
nala que essas podem ser “três fases de uma mesma
pesquisa”, diferenciando-se pelo distanciamento são variados e nada irrelevantes. Todavia, alguns
que se toma dos dados particulares e pelo escopo esforços continuados sobressaem, graças ao em-
da generalização. Cf. Antropologia estrutural I, Rio penho de sucessivas gerações de antropólogos.
de Janeiro, Tempo Brasileiro, 1975, pp. 394-396. A copiosa tradição de estudos acerca dos po-
8 Claude Lévi-Strauss, História de Lince, São Paulo, vos da família lingüística tupi-guarani, o ramo
Companhia das Letras, 1991. principal do tronco tupi, é um dos casos mais
exemplares. Aos trabalhos pioneiros de Curt Ni-
CLARICE COHN é doutoranda no Departa- muendaju (1914) entre os Apapokuva, no Brasil, e
mento de Antropologia da Faculdade de Filo- de Leon Cadogan (1959) entre os Guarani, no Pa-
sofia, Letras e Ciências Humanas da USP e raguai, tantos outros se agregaram, compondo um
bolsista do CNPq. amplo e consistente quadro etnográfico, com te-
mas bem delineados. Florestan Fernandes (1949;
1970) consolidou uma síntese ambiciosa da orga-
nização social e da função da guerra nos Tupi-
nambá, com base nos relatos de cronistas qui-
nhentistas e seiscentistas. A partir das mesmas
fontes, Alfred Métraux (1979; 1927; 1928) já havia
abordado em traços vigorosos o sistema religioso,
as migrações messiânicas e a cultura material tupi-
guarani. Egon Schaden (1954) e James Watson
(1952) trataram das mudanças culturais (na reli-
gião e na economia, respectivamente) entre os
Guarani contemporâneos, no centro-sul do Brasil
e no Paraguai. Sob um olhar também culturalista,
Herbert Baldus (1970) e Charles Wagley (1977)
investigaram os Tapirapé, no Mato Grosso, e Char-
les Wagley e Eduardo Galvão (1961) os Teheteha-
ra (ou Guajajara), no Maranhão. E na mesma re-
gião, Francis Huxley (1957) e Darcy Ribeiro (1996)
enfocaram aspectos típicos do cotidiano dos Uru-
RESENHAS 171

bu-Kaapor. Merecem menção, também, o esboço nos dados extensos que recolheu entre os Arawe-
da vida social dos Kayabi, no Mato Grosso, estu- té, no Pará. O que se denominou de “economia
dados por Georg Grünberg (1970), e a análise da simbólica da predação”, num plano mais geral,
liderança política entre os Parintintin, no rio Ma- busca apreender os fenômenos da guerra e do ca-
deira, Amazonas, por Waud Kracke (1978). nibalismo, temas caros aos tupi-guarani, como
Simultaneamente, travou-se um acalorado mecanismos de produção de diferenças sociais
debate acerca do estatuto de um suposto “sistema por meio de inimigos interpostos. Determinada
tupi” de parentesco, classificado inicialmente por paradoxalmente pelo seu exterior, a vida social ali
Wagley e Galvão (1946) entre os de fusão bifurca- se desdobra pela apropriação de identidades e
da, uma variante sul-americana do tipo então cha- qualidades metafísicas alheias; e a pessoa tupi-
mado “dakota”. Certas divergências de cunho guarani, em conseqüência, realiza-se segundo
teórico-metodológico repercutem ainda hoje. Pri- uma trajetória centrífuga, como um “devir Outro”
meiro, a disputa entre uma abordagem genealógi- – afins, parceiros, inimigos ou deuses, entre ou-
ca e outra categorial, esta última na forma de uma tras figuras da alteridade.
crítica culturalista aos estudos do parentesco. Se- Neste retrospecto, ainda que breve, divisa-
gundo, a legitimidade de comparações históricas, mos alguns tópicos que serão retomados por Car-
lingüísticas ou estatísticas entre sistemas de pa- los Fausto em Inimigos fiéis: história, guerra e xa-
rentesco, normas residenciais e instituições sociais manismo na Amazônia. Originalmente uma tese
na reconstrução de modelos etnográficos. Por úl- de doutorado, o livro publicado recebeu o Prêmio
timo, a primazia da prerrogativa oblíqua avuncu- Anpocs de 2002, de melhor obra de Ciências So-
lar (tio materno-sobrinha) nas alianças matrimo- ciais. Seu tema é a vida social e a cultura dos Pa-
niais (inegável entre os antigos tupi litorâneos), a rakanã, um povo de língua tupi-guarani que habi-
sua conjugação, em graus diversos, com trocas si- ta as bacias do Tocantins e Xingu, no Pará, cuja
métricas de primos cruzados (em vários grupos população de cerca de 800 indivíduos distribui-se
hodiernos) e o registro de fórmulas complexas em duas áreas demarcadas pela Funai.
(sem regras positivas de casamento). A etnografia cuidadosa e instigante – a ponto
Nos anos de 1980, investigações entre gru- de o leitor se sentir autorizado, aqui e ali, a ruminar
pos indígenas recém contatados na Amazônia se- interpretações divergentes das do autor – prossegue
tentrional, pautadas por maior rigor etnográfico e na linha investigativa de seus antecessores, não ape-
ambição analítica, conferiram aos estudos tupi- nas para aferir o rendimento da teoria da “predação
guarani um novo e decisivo impulso. Já então canibal”, mas decidida a complementá-la. Para o au-
muitos pesquisadores estavam convencidos do tor, a predação demarca um dos momentos da dia-
fraco rendimento, nas terras baixas sul-america- lética canibal, enquanto o outro, a familiarização dos
nas, de princípios meramente sociológicos que, inimigos e seus atributos, comportaria a efetiva in-
em outros recantos, governam o recrutamento e a corporação de suas capacidades.
mobilização de grupos corporados – linhagens, O livro divide-se em sete capítulos. De iní-
clãs e metades. A hermenêutica estruturalista, cu- cio, a história dos povos indígenas e o processo
jos enunciados Lévi-Strauss esquadrinhara nas de colonização regional, que as fontes documen-
Mythologiques, por sua vez, contribuiu para des- tais e as narrativas dos Parakanã sancionam, per-
locar o foco da análise, e assim iluminou as rela- mite-lhe realçar, na segunda metade do século
ções entre a metafísica da pessoa e seu substrato XIX, dois eventos cruciais, a “descoberta” dos ins-
material, o corpo. Coube a Eduardo Viveiros de trumentos de metal (e os gestos rituais para trocá-
Castro (1986), enfim, fundamentar um modelo los por jabotis com os “brancos”) e a cisão do gru-
cosmológico próprio, a partir de uma leitura po original em dois ramos, um oriental e outro
exaustiva dos materiais tupi-guarani (já iniciada ocidental, hostis entre si até os contatos promovi-
por Pierre Clastres, 1972; e Hèlene Clastres, 1975) dos pela Funai na década de 1970 (quando afinal
e, como é usual em toda a crítica antropológica, todos sucumbiram “à atração fatal dos presentes
172 REVISTA BRASILEIRA DE CIÊNCIAS SOCIAIS - VOL. 18 Nº. 51

distribuídos fartamente”, p. 90). As diferenças en- lações simétricas entre inimigos. Para Fausto, a
tre um grupo e outro, processadas ao longo de guerra ameríndia recairia na esfera produtiva, e
quase um século, proporcionam um reforço me- não do consumo. A morte dos inimigos, diz ele,
todológico valioso para os argumentos do autor, fornece os corpos, os nomes e as identidades, ele-
para quem as formas sociais não se definem mentos indispensáveis ao processo de estrutura-
como constantes, mas resultam de uma “constru- ção social. Os inimigos, nesses termos, conver-
ção histórica particular” (p. 175). tem-se em “matéria-prima” a ser despendida na
O segundo capítulo retrata as derivas na eco- produção das pessoas.
nomia e no padrão de assentamento a que chega- Se a idéia nos é sedutora, não parece menos
ram ocidentais e orientais: aqueles, alongando-se intrigante a sua invocação no seio da etnologia
nas expedições venatórias, abandonaram as práti- sul-americana. É verdade que a ênfase com que o
cas agrícolas e o modo de vida aldeã em favor da autor exaltou as condições materiais e imateriais,
dispersão e da beligerância; e estes, em múltiplas sob as quais se diferenciaram os blocos ocidental
aldeias efêmeras, forjaram um compromisso entre e oriental, denotava já um certo viés ao gosto do
a residência coletiva, as roças sazonais e a caça er- materialismo histórico. Senão como fetiche ou
rante. Tais escolhas, de acordo com o autor, en- exorcismo, há que se perguntar, qual outra razão
gendraram-se pela interação entre dinâmicas inter- metodológica embute-se aqui? Decerto, nenhuma
nas e forças externas (naturais e sociais). ortodoxia; ao contrário. Pois se para Marx a dia-
A mesma questão volta a ser explorada no lética manifestava, acima de tudo, a forçosa inte-
capítulo seguinte, quanto à morfologia social e à gração do consumo à produção, e vice-versa, a
esfera pública: de um lado, a indistinção social e sua leitura na clave antropológica expressa, de
política dos nômades ocidentais; de outro, a seg- imediato, uma ruptura da unidade conceptual ori-
mentação social (grupos patrilineares e metades ginal. E com isso, ao apartar a produção do con-
exogâmicas) e a chefia entre os semi-sedentários sumo, como se esferas autônomas fossem, a me-
orientais. No que diz respeito ao dualismo destes tamorfose metodológica não faz mais que nos
últimos, curva-se o autor à hipótese de uma devolver, a contragosto, algumas de nossas velhas
origem histórica recente: repetidas práticas matri- e conhecidas tipologias (economias do dom etc.).
moniais, em gerações sucessivas (seja relações O autor não advoga, é preciso dizer, qual-
avunculares, seja entre primos cruzados) teriam quer redução dos inimigos e seus atributos à con-
suscitado o surgimento das metades exogâmicas, dição plana de objetos ou de insumo, porém, a
um ordenamento suplementar às regras de casa- qualificação positiva de suas capacidades produ-
mento – os patrigrupos apyterewa e wyrapina, de tivas: a predação, insiste ele, sucede como “uma
um lado; o tapi’pya, do outro. O significado so- relação social entre sujeitos” (p. 328). O capítulo
ciológico dessa inovação, contudo, não restou seguinte focaliza justamente esta outra face da
bem esclarecido; e sequer sua singularidade entre guerra, localizando-a nos dispositivos xamânicos
as fórmulas duais análogas em outros tupi-guara- que, entre os Parakanã, reclamam a interposição
ni, a exemplo dos Parintintin e Tenharim do rio de inimigos oníricos, donos de canções, nomes e
Madeira, Estado do Amazonas. técnicas terapêuticas. A sintaxe dos sonhos, ali es-
Dedicado aos temas da inimizade, do cani- miuçada, revela uma função comunicativa entre
balismo, da afinidade e das condições para o dois sujeitos, o sonhador e seu interlocutor oníri-
exercício da guerra, muito extensos para serem co: este, um inimigo aprisionado e submisso;
aqui tratados, o quarto capítulo destaca o concei- aquele, um senhor que o domestica como a um
to de “consumo produtivo”, de talhe marxista. Es- xerimbabo. Significa dizer, portanto, que o sonha-
grimindo-o, o autor sinaliza seu afastamento táti- dor e seu parceiro se submetem a uma relação es-
co de clichês estruturalistas (e maussianos) que, sencialmente assimétrica.
sob a ótica da reciprocidade, consideraram a vin- A essa conversão da inimizade em controle e
gança e a guerra modalidades de troca ou de re- proteção, o autor designa de “predação familiari-
RESENHAS 173

zante”. Forma de adoção que translada a afinida- CLASTRES, Hélène. (1975), La terre sans mal: le
de em consangüinidade; ou, no contexto tupi, que prophétisme Tupi-Guarani. Paris, Seuil.
desloca a antinomia sogro-genro (ou tio materno-
CLASTRES, Pierre. (1972), Chronique des indiens
sobrinho) em direção ao eixo vertical da filiação
Guayaki. Paris, Plon.
(pai-filho). Na caça, no xamanismo, no ritual e na
guerra, o ato predatório culminaria na incorpora- FERNANDES, Florestan. (1949), A organização so-
ção e na fusão de uma subjetividade outra, na cial dos Tupinambá. São Paulo, Institu-
identificação entre predador e presa: “a vítima to Progresso Editorial.
não é um pólo meramente passivo, mas fonte de
_________. (1970), A função social da guerra na
capacidades ao mesmo tempo necessárias e perigo-
sociedade Tupinambá. São Paulo, Pio-
sas para a vida social” (p. 417). Com efeito, as
neira/Edusp.
canções, principal dádiva dos inimigos oníricos,
são representadas como jaguares que, quando GRÜNBERG, Georg. (1970), “Beiträge zur Ethno-
cantadas nas festas, cumprem o mesmo destino graphie der Kayabi Zentralbrasiliens”.
que os cativos entre os antigos Tupinambá litorâ- Archiv für Völkerkunde, 24: 21-186.
neos, a “morte” ritual no terreiro.
HUXLEY, Francis. (1957), Affable savages: an
Nos dois últimos capítulos, o autor extrai as
anthropologist among the Urubu in-
conseqüências deste modelo, aplicando-o no con-
texto dos rituais, dos mitos e das relações com a dians of Brazil. Nova York, The Viking
sociedade nacional, de maneira a reafirmar tanto Press.
sua recusa à uma perspectiva de uma “reciproci- KRACKE, Waud. (1978), Force and persuasion:
dade equilibrada”, como a sugestão de que a teo- leadership in an Amazonian society.
ria da “economia simbólica da predação” necessi- Chicago/Londres, The University of Chi-
taria, como complemento, de um “modelo das cago Press.
relações assimétricas de controle simbólico”.
Nisto, não há motivo de assombro. Tampou- MÉTRAUX, Alfred. (1927), “Les migrations histori-
co, alguma discordância maior. Afinal, a teoria da ques des Tupi-Guarani”. Journal de la
predação, sabemos, anunciou-se sempre como as- Societé des Américanistes, 19: 1-45.
simetria e como descentramento. Mas também por- _________. (1928), La civilization matérielle des tri-
que, com brilho, o autor demonstra sobretudo uma bus Tupi-Guarani. Paris, Paul Geuthner.
estrita fidelidade à etiqueta avuncular com que os
próprios Parakanã costumavam dirigir-se aos es- _________. (1979), A religião dos Tupinambás e
trangeiros: “Que espécie de gente são vocês, meus suas relações com a das demais tribos
tios maternos?” (p. 63), assim os interrogavam. tupi-guaranis. 2. ed., São Paulo, Nacio-
Tema ontológico, portanto, sobre o qual, de igual nal/Edusp (Brasiliana, 267).
maneira, os tupi-guarani ainda estão a insistir. NIMUENDAJU, Curt. (1987), As lendas da criação
e destruição do mundo como funda-
mentos da religião dos Apapocúva-Gua-
BIBLIOGRAFIA rani. São Paulo, Hucitec/Edusp.

BALDUS, Herbert. (1970), Tapirapé: tribo tupí do RIBEIRO, Darcy. (1996), Diários índios: os Uru-
Brasil central. São Paulo, Nacio- bu-Kaapor. São Paulo, Companhia das
nal/Edusp. Letras.

CADOGAN, Leon. (1959), Ayvu Rapyta: textos mí- SCHADEN, Egon. (1954), Aspectos fundamentais
ticos de los Mbyá-Guarani. Boletim 227 da cultura Guarani. Boletim 188 (An-
(Antropologia, 5), FFLCH, Universidade tropologia, 4), FFLCH, Universidade de
de São Paulo. São Paulo.
174 REVISTA BRASILEIRA DE CIÊNCIAS SOCIAIS - VOL. 18 Nº. 51

VIVEIROS DE CASTRO, Eduardo. (1986), Arawe- Trabalhadores e indústria


té: os deuses canibais. Rio de Janeiro,
Jorge Zahar. automobilística em tempos
WAGLEY, Charles. (1988), Lágrimas de boas vin- de reestruturação
das: os índios Tapirapé do Brasil Cen-
tral. Belo Horizonte/São Paulo, Ita- Leila BLASS. De volta ao futuro: o discurso em-
tiaia/Edusp (Reconquista do Brasil, 2. presarial e sindical no fim da Autolatina. São
série, vol. 137). Paulo, Educ/Cortez/Fapesp, 2001. 194 páginas

WAGLEY, Charles & GALVÃO, Eduardo . (1946),


Marco Aurélio Santana
“O parentesco tupi-guarani”. Boletim do
Museu Nacional (Antropologia), 6.
Nas últimas duas décadas, o mundo do tra-
_________. (1961). Os índios Tenetehara: uma balho brasileiro e seus atores, em consonância
cultura em transição. Rio de Janeiro, com o cenário global, enfrentaram diversos pro-
Serviço de Documentação, Ministério da cessos de transformação. Passando de um perío-
Educação e Cultura. do de abertura política, para outro de abertura
econômica, empresários e trabalhadores busca-
WATSON, James B. (1952), “Cayua culture chan-
ram, a seu modo, lidar com o que seria “um fu-
ge: a study in acculturation and metho-
racão devastador”. Entre outras coisas, os empre-
dology”. American Anthropologist, me-
sários, sempre protegidos pelo fechamento da
moir number 73, v. 54 (2/2).
economia nacional, foram obrigados a uma com-
petição agora em escala global; os trabalhadores,
JOÃO DAL POZ é professor no Departamen- sempre o elo mais fraco, sem o impulso inflacio-
to de Antropologia da Universidade Federal nário para suas manifestações, tendo de enfren-
de Mato Grosso. tar o desemprego em escala geométrica, trocaram
as pautas de conquista salarial e de melhores
condições de trabalho pelas pautas de manuten-
ção do emprego. No atacado, o que se viu foi o
enxugamento de setores e o fechamento de em-
presas, a liquidação de postos de trabalho e a re-
lativa diminuição tanto do poder do empresariado
industrial (substituído em cena pelo financeiro),
como do poder sindical no cenário nacional. Aca-
bou-se o tempo em que a FIESP e a CUT eram fi-
guras recorrentes no Jornal Nacional. Empresas e
trabalhadores, evidentemente a partir de seus pró-
prios interesses, tiveram de rever suas estratégias
de relação entre si e com o mundo.
De volta ao futuro: o discurso empresarial e
sindical no fim da Autolatina, de Leila Blass,
fruto de sua tese de livre-docência na PUC-SP
(1999), traz uma importante contribuição para o
entendimento de uma experiência bastante rele-
vante na história do movimento sindical brasilei-
ro entre os anos de 1980 e 1990, bem como da
chamada reestruturação produtiva em nosso
país. O livro auxilia tanto o leitor especializado,

View publication stats

Potrebbero piacerti anche