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O filme Eles não usam Black-Tie é a adaptação cinematográfica da peça

homônima de Gianfrancesco Guarnieri, escrita em 1955, e encenada pela


primeira vez no Teatro de Arena de São Paulo em 1958, em meio ao surto
desenvolvimentista do governo. A premissa do Teatro de Arena era de
conscientizar o proletariado e incentivar sua participação nas lutas políticas,
desenvolvendo senso crítico para a massa e desta forma era importante que os
autores e atores tivessem um posicionamento político e ideológico. Segundo
Augusto Boal (1967), o Teatro de Arena de São Paulo era revolucionário, em
todos os aspectos, pois se desenvolveu por etapas, modificadas de acordo
com as necessidades históricas.
Em Eles Não Usam Black-tie, observa-se concentrado o olhar na vida
doméstica de uma família de trabalhadores, retratando o conflito entre pai e
filho gerado pelo posicionamento de ambos diante da greve na fábrica onde
trabalham. O filho Tião é um jovem que visa um futuro melhor com sua esposa
grávida, ambições que podem ser classificadas como burguesas, na visão de
seu pai, pois vai de encontro às pretensões idealistas de Otávio, seu pai, um
assíduo sindicalista que luta e enfrenta em busca da expansão dos direitos dos
trabalhadores e aposta na coletividade para assim o fazer, chegou a ter sido
preso enquanto lutava pelos seus ideais.
O filme retrata vários pontos polêmicos, muito além da luta pelos direitos
dos trabalhadores. Temas importantes que mesmo que se passe em um
ambiente de anos atrás, incrivelmente ainda se vê essa realidade nua e crua
por nossa sociedade atual. Um exemplo disso é que em meio ao desenrolar da
luta sindicalista, no âmbito doméstico, a violência familiar é sugerida quando as
cenas estão voltadas para o núcleo da família de Maria.
Em certo momento, ao chegar a sua casa, ela ouve gritos de socorro de
uma mulher, que apanhava do marido. Mas, ninguém ajudou a personagem, da
qual só se ouve a voz. Também, dentro da família de Maria aparece o mesmo
assunto, quando o irmão dela sugere que o pai bêbado iria bater na mãe deles,
que iria “começar de novo”. Por fim, na cena do confronto final entre Maria e
Tião, ele chega a bater nela, mais uma demonstração da sociedade machista
praticante da violência familiar, principalmente contra mulheres e crianças.
Maria também sofre agressão por seu esposo Tião, que após uma discussão
sobre as atitudes tomadas sobre o movimento grevista. Em meio à briga, Maria
o ofende, chama de covarde, de “filho da puta”, Tião se exalta e lhe dá uma
tapa no rosto.
Maria desiste do noivado e nega a paternidade de Tião, afirmando que a
criança será apenas neta de Otávio. O pai o expulsa de casa, afirmando que
sua casa não é e nunca foi, nem será a casa de um fura-greve. A personagem
de Maria e suas colegas operárias remetem à presença feminina no movimento
operário, a partir da crescente presença da mulher no mercado de trabalho,
bem como em outros movimentos sociais e políticos de mulheres, como o
feminismo.
Meus personagens não representam pessoas reais tanto quanto
representam o processo de conscientização e de participação política. No
Brasil e em todo o mundo, as mulheres estão se tornando mais reivindicantes
de seus direitos e poderes, e o personagem de Maria celebra essa
transformação. (HIRSZMAN, 1995: 56)
Apesar de não possuir um discurso feminista, Maria afirma um bonito e
elegante discurso da classe social para com o proletariado onde a luta
necessária é a luta social contra toda forma de exploração e opressão, nisso
pode ser incluso, a opressão de gênero. O machismo como deformação
humanogenérica de homens na sociedade do capital, é superado por meio de
um longo processo de socialização emancipada; mas atitudes de traição de
classe tende a abortar qualquer movimento de “negação da negação” do
capital.
A violência doméstica não é um problema recente, além de atingir todas
as classes sociais. É considerada uma das piores formas de violação dos
direitos humanos de mulheres, “uma vez que extirpa os seus direitos de
desfrutar das liberdades fundamentais, afetando a sua dignidade e autoestima”
(PAULA, 2012:03).
Violência que se pratica no seio da relação familiar em sentido amplo,
independentemente, do gênero e idade da vítima ou do agressor. [...] Estes
comportamentos podem ser exercidos de forma direta ou indiretamente sobre a
vítima, sendo maus tratos físicos ou psicológicos, incluindo castigos corporais,
privações da liberdade e ofensas sexuais. (MAGALHÃES, 2010:22).
É necessário que o assistente social, atue no combate à violência contra
a mulher, descubra alternativas e possibilidades para uma atuação que
enfrente todos os desafios postos a essa área, decifrando as situações
apresentadas, capacitando-se para o trabalho com as mulheres, trabalhando
para a transformação no modo das condições de vida, na cultura de
subalternidade imposta às mulheres, participando das discussões sobre a
questão da violência contra a mulher, organizando eventos na área, militando
nos conselhos com o objetivo de que o governo priorize as políticas públicas de
combate à violência em sua agenda. Sem, contudo esquecer a trajetória
histórica que atribui a identidade profissional conquistada pela categoria, e que
se encontra explicitada nos onze princípios fundamentais do Código de Ética
profissional do Serviço Social.
De acordo com o Código de Ética pautado nos valores de liberdade,
democracia, justiça social, respeito e defesa das minorias o profissional da área
de assistente social, diante da multiplicidade de situações de violência em que
mulheres apresentam e, principalmente da necessidade de intervenção a fim
de que a convivência familiar possa ser mantida. A atuação deste profissional
tem não apenas ao conjunto de instrumentos e técnicas, mas a uma
determinada capacidade ou propriedade constitutiva da profissão, construída e
reconstruída no processo sócio-histórico (GUERRA, 2000: 01).
O filme consegue passar um espírito de solidariedade de querer sair da
sua situação, com a sede de tornar suas reinvindicações a sua realidade. Foi
uma homenagem as classes trabalhadoras, as que mais sofrem no país devido
a sua condição financeira. Condição, pois foi algo estabelecido a eles desde o
nascimento, ninguém escolhe ser inferior ao seu semelhante, em contrapartida,
mostra a realidade que assombra a violência doméstica devido ao ego
machucado dos homens desempregados. Algo que tem sido um problema
cada vez mais em pauta nas discussões e preocupações da sociedade
brasileira. Em Eles Não Usam Black-tie mostra que tal violência não é um
fenômeno exclusivamente contemporâneo, o que se percebe é que a
visibilidade política e social desta problemática tem um caráter recente, dado
que apenas nos últimos 50 anos é que tem se destacado a gravidade e
seriedade das situações de violências sofridas pelas mulheres em suas
relações.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CASTRO, T. L. Mulheres Jovens E Dependentes Financeiramente São Maioria
Entre Vítimas De Agressão Doméstica. [online]. SciELO em Perspectiva | Press
Releases, 2017

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