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BRASIL
O exército de pinóquios
Como operam dez dos maiores sites de notícias falsas do país, pagos até com verba de gabinete para disseminar
boatos
HELENA BORGES
19/04/2018 - 19h34 - Atualizado 19/04/2018 19h53
Assine já!
Graças às plataformas de
publicidade das gigantes
de tecnologia, sites
sensacionalistas atraem
anunciantes que não
sabem onde sua Assine Época a partir de R$ 14,90 por mês
mensagemCOLUNAS
está sendo
CANAIS ASSINE
veiculada
Não é bem assim. Seis notas fiscais emitidas pelos gabinetes dos deputados
Sóstenes Cavalcante (DEM-RJ) e Geovania de Sá (PSDB-SC), ambos da bancada
evangélica, mostram que os parlamentares usaram dinheiro da cota
parlamentar para pagar por textos publicados no Gospel Prime entre 2015 e 2016.
Cada um custou R$ 250. Os conteúdos eram elogiosos ou visavam repercutir
falas polêmicas dos congressistas. “Sóstenes Cavalcante é o deputado mais
atuante do RJ” foi publicada em julho de 2015. “Bolsa Família não deveria tornar
beneficiários dependentes, diz Geovania de Sá” é de abril de 2016.
Segundo Gregório, o faturamento do Gospel Prime vem de plataformas de
propagandas on-line: “Ganhamos com publicidade do Google. A gente tem uma
empresa que gerencia a publicidade, também vendemos publicidade direta, mas
é pouco. É mais a publicidade que o próprio Google faz a negociação”. De fato, há
anúncios dispostos no site por meio da plataforma de publicidade da gigante de
tecnologia.
Ele se refere à corrida do ouro digital chamada clickbait (em português, “caça-
clique”). Redes como Google e Facebook monitoram os interesses de seus
usuários a partir do que cada um curte, compartilha, segue ou busca. Usando os
dados disponíveis nas redes, nos computadores e nos smartphones, as
plataformas conseguem filtrar os internautas por grupos de interesse. Quanto
mais afunilados os filtros — por exemplo, selecionar apenas pessoas que
pesquisaram ou curtiram um clube de futebol específico —, maior a garantia de
efetividade do investimento em publicidade. Além desse filtro, essas empresas
também fazem a ponte entre os anunciantes e os donos de sites onde esse tipo
de publicidade será exposta. O pagamento é feito por clique no hiperlink, daí
vem o nome caça-clique. Seguindo essa lógica, sites de fake news se inscrevem
em plataformas de venda de anúncios e, em busca do maior número de cliques
possível, fazem manchetes e textos sensacionalistas de forma a atrair o leitor
desavisado.
Ter páginas nas redes sociais é importante para fidelizar a audiência. Uma vez
criado o perfil na rede, esses sites se conectam a pessoas reais populares, que
compartilham seu discurso levando o link a novos leitores, dessa vez com uma
chancela dada pela figura pública reconhecida. Exatamente como, no caso do
Gospel Prime, o deputado Takayama fez em seu vídeo.
A criação de redes entre sites e perfis divulgadores de fake news dá ao
internauta a falsa impressão de que o assunto está sendo repercutido, quando,
na verdade, muitas vezes é o mesmo autor ou o mesmo e pequeno grupo de
autores trocando a bola entre si. Isso, aliado à estratégia de publicar um vasto
material verídico com uma informação
Assine Época aerrada misturada
partir de R$ 14,90nopormeio,
mêstraz uma
falsa sensação COLUNAS
de credibilidade,
CANAIS
que leva a pessoa a confiar — e clicar — mais
ASSINE
naquele site. O Gospel Prime, por exemplo, não publica única e exclusivamente
informações falsas, mas, de vez em quando, solta pérolas como a dos terroristas
palestinos ou a de um cientista que colocou em xeque a Teoria da Evolução (que,
na realidade, acabou demitido).
ÉPOCA questionou o Google sobre o funcionamento de sua plataforma de
propagandas, perguntando se é possível um anunciante saber se sua marca está
sendo divulgada em um site que publica notícias falsas. Em nota, a empresa
informou que atualizou suas diretrizes em novembro de 2016 “para impedir que
publishers exibam anúncios do Google em conteúdos enganosos” e que as
medidas adotadas com aqueles que agem contra a política da empresa vão desde
avisos até a retirada da plataforma, “dependendo da gravidade da violação”.
Questionado sobre sua participação no sustento de um site que publica
informações falsas, o deputado Sóstenes Cavalcante afirmou que desconhece as
“supostas” fake news mencionadas por ÉPOCA e que não tem “vínculos com o
portal Gospel Prime, nem com qualquer outro veículo de comunicação”. “Em
2015, e apenas em 2015, foram divulgadas algumas das minhas atividades
parlamentares no portal Gospel Prime. A divulgação ocorreu de forma legal,
seguindo as regras, o protocolo e as exigências da Câmara em relação ao uso da
cota parlamentar, como pode ser checado no portal transparência da Casa”,
disse o parlamentar, declarando ser contra a divulgação de notícias falsas. “Não
compartilho qualquer tipo de informação que não tenha sua veracidade
verificada”, garantiu. Até a conclusão desta edição, a deputada Geovania de Sá
não havia respondido aos contatos da reportagem.
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FAKE NEWS RODRIGO MAIA
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