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COMENTÁRIO

Palavra introdutória

O evangelista anglicano David Christopher Knight Watson (1933-1984),


ferrenho defensor da unidade entre os cristãos, disse certa vez que a
Reforma Protestante foi uma verdadeira tragédia na história da Igreja. Suas
afirmações geraram grande controvérsia à época. Ao ser confrontado por
suas alegações, defendeu-se dizendo que, apesar de ter havido inúmeros
aspectos positivos no movimento reformador, a Igreja ficou dividida, e
ambos os lados, desde então, carregam consigo marcas de amargura. Mas,
afinal, existe alguma possibilidade de as diferenças entre católicos e
protestantes serem dirimidas algum dia? Qual deve ser a atitude dos
protestantes em relação aos católicos romanos?

A DOUTRINA DA TRINDADE

A doutrina da Trindade tanto distingue o cristianismo das demais religiões,


quanto une os cristãos em todo o mundo — vale ressaltar que grupos como
as Testemunhas de Jeová, por exemplo, não são considerados cristãos, por
negarem a Trindade. Católicos e protestantes têm o mesmo entendimento
em relação à manifestação de Deus-Pai e Deus-Filho no mundo; ambos
também compreendem que o Espírito Santo é o Espírito de Cristo, que dá
vida à Igreja; entretanto, há divergência entre os dois segmentos em relação
a como isso acontece. É o que veremos a seguir.

1.1. Teologia reformada versus teologia romana Os protestantes entendem


que a obra do Espírito Santo acontece, em primeiro lugar, no interior,
resultando em mudança no coração e na mente (Rm 6). Por esse motivo,
Lutero reafirmou, insistentemente, que o cristão é justificado pela fé,
somente (sola lide; conforme estudamos na Lição 3), não pelas obras
praticadas. A teologia romana, em contrapartida, afirma que a obra do
Espírito Santo é externa e objetiva. De acordo com os romanistas, se uma
pessoa é batizada corretamente, ela recebe o dom do Espírito Santo e é
nascida de novo, independente da opinião dela a respeito disso. Para os
católicos, sem as obras — especialmente as obras sacramentais (batismo,
crisma, eucaristia, penitência, unção dos enfermos, ordem e matrimônio) —
, não há evidência de fé, pois as exterioridades, segundo eles, estimulam e
fortalecem a esperança.

Ponto de cisão Para os romanistas, Lutero estava dizendo que bastava a


pessoa crer para ser salva, independente de o seu comportamento
corresponder à sua profissão de fé ou não. Não é incomum encontrarmos
católicos acusando evangélicos de apostasia, por acreditarem que eles (os
evangélicos) pensam que podem fazer o que bem entendem nesta vida, sem
que isso afete sua salvação — essa acusação, no entanto, ilustra bem o
próprio modo de pensar de um católico. Os reformadores, na verdade, com
base em Romanos 6, apregoavam que, se uma pessoa é nascida de novo,
seu comportamento (suas obras) será um reflexo natural dessa realidade;
mas, se o Espírito Santo não mudou o seu coração, nem todas as obras
sacramentais juntas podem fazer alguém nascer de novo. A concepção
evangélica não é outra senão esta: quando uma pessoa nasce de novo, ela
não pensará em errar levianamente, porque sabe que quem está em Cristo é
nova criatura, e o antigo modo de pensar foi substituído por um novo
entendimento (Rm 6.1-14; 2 Co 5.17). O cristão protestante sabe que
depende de Deus para vencer o pecado, e sabe que é o Espírito Santo,
dentro dele, que lhe dará condições de vencer as lutas e tentações.

A OBRA DO ESPÍRITO SANTO: CATÓLICOS VERSUS


PROTESTANTES Como apropriadamente afirma o professor de Teologia
Gerald Bray, o que mais nitidamente distingue um católico de um
protestante é o senso de presença do Espírito Santo no ser; e isso se percebe
nas discussões acerca da salvação. Se perguntarmos a um católico romano
se ele tem certeza de que vai para o céu quando morrer, ele dirá que não
sabe ao certo, mas acredita que a Igreja pode fazê-lo trilhar o caminho da
salvação; todavia, se por acaso restar algum débito (o que é provável), ele
irá para o Purgatório até ser admitido no céu definitivamente. Se fizermos a
mesma pergunta a um protestante, ele dirá, sem esboçar qualquer dúvida,
que sim, pois foi unido a Cristo em Sua morte e ressurreição (Rm 6.3-7).
Ao ouvir isso, um católico possivelmente dirá que o evangélico é
presunçoso, pois entende que ninguém pode ter essa certeza.
O evangélico, por sua vez, argumentará que sua certeza não está baseada
em nada do que ele tenha feito nesta vida, mas em Cristo, que redime a
humanidade por Sua Graça.

2.1. Cristo morreu pelos pecados ou pelos pecadores? O monge beneditino


Anselmo de Cantuária (1033-1109) exerceu grande influência na teologia
ocidental. Em seus trabalhos, defendeu que Cristo morreu pelos pecados
dos homens. Lutero ampliou esse entendimento dizendo que Cristo morreu
pelos pecadores, ou seja, Ele deu-se em sacrifício por pessoas, não por
coisas — do mesmo modo que o Espírito Santo trabalha no homem, não
em circunstâncias ou fatos. O católico acredita que Cristo morreu,
objetivamente, por nossos pecados; contudo, se quisermos ser beneficiados
por esse sacrifício, precisamos recorrer à Graça que está disponível por
intermédio do sacerdócio da Igreja, isto é, realizar as obras (sacramentais,
sobretudo), pois elas seriam as responsáveis por tornarem a graça divina
uma realidade em nossa vida. Os evangélicos negam essa assertiva, pois
entendem que a graça divina é concedida ao homem pelo Espírito Santo —
o Espírito de Cristo. Em outras palavras: ainda sou um pecador; por isso,
qualquer justiça que eu possa vir a reivindicar não é minha, mas Dele. Na
linguagem da teologia reformada: ela é imputada a mim, não transmitida.

2.2. Justificação e santificação Os protestantes acreditam que foram


justificados de uma vez por todas, por meio da morte de Cristo na cruz do
Calvário, e entendem o subsequente crescimento na vida cristã como um
processo de santificação que acompanhará o salvo enquanto ele viver.
Simplificando o entendimento: o cristão pode ser mais ou menos
santificado, mas nunca mais ou menos salvo, pois não existe possibilidade
de a obra realizada pelo Filho de Deus ser desfeita — por menos
expressivos que sejam os frutos de nossa santificação. Os católicos, por sua
vez, entendem que justificação e santificação são faces opostas de uma
mesma moeda, ou seja, uma pessoa é justificada na mesma medida em que
é santificada — e a santificação, inclusive, poderia medir seu nível de
justificação. Por esse motivo, nenhum católico tem a certeza de sua
salvação, pois nem mesmo os homens mais piedosos estão suficientemente
santificados diante de Deus.
O ECUMENISMO CRISTÃO É POSSÍVEL? Afinal, existe alguma
possibilidade de a fé cristã ser unificada? Qual o futuro do diálogo entre
católicos e protestantes?

3.1. Em que trilhos seguem ambos os segmentos? É preciso reconhecer


que, desde o Concílio Vaticano II (1961-1965), pela primeira vez desde a
Reforma, os católicos fizeram uma sincera tentativa de mudar a atmosfera
de desconfiança e ódio mútuos. Atualmente, os católicos não estão mais tão
unidos em torno do Papa, como há 50 anos, e as críticas à hierarquia —
particularmente entre os leigos —são infinitamente mais comuns, como
destaca Bray. Reformados tradicionais (como luteranos e presbiterianos,
por exemplo) acusam os pentecostais de ainda viverem nos porões do
catolicismo, por adotarem práticas do segmento romano; os pentecostais,
por sua vez, fazem a mesma crítica aos reformados tradicionais, pelo fato
de alguns de seus líderes, ainda hoje, irem a Roma ou às igrejas ortodoxas
em busca da autoridade e segurança que suas igrejas não podem oferecer.

3.1.1. O desafio das próximas eras

O protestantismo jamais poderá ser considerado um subproduto da


Cristandade; ao contrário, ele é o entendimento teológico mais bem
desenvolvido da fé cristã, desde a Igreja primitiva. Não significa dizer que
nenhuma pessoa (ou grupo de pessoas) entendeu a obra do Espírito Santo
antes da Reforma ou que apenas os evangélicos serão salvos: sempre houve
e sempre haverá cristãos fiéis que não entenderam a plenitude dos
princípios contidos nas cinco solas reformadoras, mas que, ainda assim,
experimentaram a graça salvadora de Deus.

3.2. Qual o futuro do diálogo entre católicos e evangélicos? No tempo que


chamamos hoje, é muito improvável que o diálogo entre católicos e
protestantes avance a ponto de alcançarmos a unificação da fé, pois
estamos diante de duas instituições essencialmente diferentes uma da outra,
ainda que defendam pontos comuns. Como pontua o teólogo Gerald Bray, a
Igreja Católica Romana é altamente organizada, com uma estrutura de
comando central. Isso significa que ela pode: (1) tornar-se evangélica da
noite para o dia, a partir de um decreto papal; ou (2) permanecer do modo
como está, até que o sumo pontífice posicione-se oficialmente em relação
ao impasse; mas, ainda que ele venha a fazê-lo, não há qualquer sinal de
que isso possa acontecer em nossos dias. Por outro lado, a Igreja
Evangélica é um grupo caracteristicamente diverso, destituído de unidade
institucional e sem porta-voz oficial, ou seja, ainda que a maioria dos
principais líderes protestantes chegasse a um acordo com o representante
supremo do catolicismo, isso só aconteceria no decorrer de muitos anos.
Para sermos realistas, o que se espera de ambos os segmentos nas próximas
décadas (ou até séculos) é que católicos e protestantes unam-se em torno de
obras assistenciais, sociais e acadêmicas em prol dos necessitados e
oprimidos.

CONCLUSÃO É um engodo pensar que apenas a partir do século 16 a


Igreja voltou a experimentar a manifestação do Espírito Santo. O
Consolador não foi retirado do mundo, depois de Constantino instituir o
cristianismo como a religião oficial do Império Romano. O mesmo Espírito
que desceu sobre a Igreja primitiva é o que não permitiu — e não permitirá
— que as portas do inferno prevaleçam contra a Noiva do Cordeiro (Mt
16.18). Aqueles que amam a Verdade andam na luz; e os que andam na luz
jamais perderão de vista Aquele que é a Luz do mundo; nessa Luz,
enxergaremos o caminho a seguir.

ATIVIDADE PARA FIXAÇÃO

1. De acordo com o que foi exposto nesta lição, responda: qual a diferença
entre justiça imputada e justiça infundida?

R.:A diferença entre uma e outra é que a justiça imputada pressupõe que
continuamos dependentes de Cristo em todos os sentidos, pois ela (a
justiça) continua sendo Dele, plena e exclusivamente. Se ela fosse
transmitida (ou infundida), em alguma medida, passaria a haver (nessa
transmissão) justiça em nós mesmos, fazendo-nos, assim, coparticipantes
da salvação.
O protestante entende que, se para ter acesso ao céu fosse necessário
que o homem possuísse algum mérito, nem milhões de anos no
Purgatório seriam suficientes para absolvê-lo dos seus pecados. Em
outras palavras, a segurança da salvação do evangélico não é questão
de falta de modéstia, mas de fé, somente.

A justiça imputada pressupõe que continuamos dependentes de Cristo


em todos os sentidos, pois ela (a justiça) continua sendo Dele, plena e
exclusivamente. Se ela fosse transmitida (ou infundida), em alguma
medida, passaria a haver (nessa transmissão) justiça em nós mesmos,
fazendo-nos, assim, coparticipantes da salvação.

Para sermos fiéis à consciência do Evangelho, o que podemos afirmar é


que os católicos romanos ainda não compreenderam o profundo
significado da salvação que Deus, por Sua graça, oferece-nos,
unicamente, pela fé em Cristo.

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