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‘m passo importante para um bom resul- tado do processo psicodiagnéstico refe- re-se Aescolha de instrumentos e técnicas tapas do psicodiagnéstico podem ter como con- sequéncias conclusdes ¢ encaminhamentos ina- propriados, repercutindo negativamente na vida do avaliando. Assim, em vez de contribuirmos para um encaminhamento: que traga melhor quali- dade de vida, estaremos retardando esse proceso. Para que possamos escolher os instrumentos eas técnicas que serio utilizados, inicialmente devemos formular as hipéteses com base nos pas s0s iniciais do psicodiagnéstico (para mais deta- Thes dos primeiros passos, ver Caps. 225). Duran- te 0s primeiros contatos, perguntas vao surgindo para o psicélogo quando tenta entender com que paciente esta lidando, com que quadro clinico ¢ © que pode estar causando tais sintomas. Essas perguntas ajudaréo na formulacdo das hipéte- ses diagndsticas, tal como ocorre em um proces so de pesquisa cientifica. Cunha (2000) pontua muito bem esse paralelo entre psicodiagnéstico € pesquisa cientifica. Sao essas as hipdteses que irao nos orientar na escolha do que utilizaremos durante o psicodiagnéstico. As hipéteses podem ser diversas e, com o decorrer do proceso, pode- rio ou néo ser confirmadas até que se chegue ao diagnéstico final Pensemos a partir de uma situagio clinica bastante comum. Em um caso encaminhado pela escola, no qual ha historia de dificuldade escolar, repeticao de ano e queixas da professora em ter- mos de comportamento em sala de aula, pode- mos nos fazer algumas perguntas gerais, como: © contexto familiar no qual a crianga esté inse- rida sofreu alguma modificagao recentemente? ‘A crianca esta passando por algum conflito psi- quico que dificulta a transposicio de uma etapa de desenvolvimento psicologico? Seré que é um caso de transtorno de déficit de atengdo/hipera- tividade? Ha alguma relacio entre os sintomas ¢ deficiéncia intelectual? Essas questdes ini ganharao mais ou menos relevancia ¢ passaréo a se tornar realmente hipoteses a testar a partir das primeiras entrevistas com 0s pais ¢ com a crian- ¢a. Nesse sentido, precisamos adotar uma pos- tura investigativa exploratéria jé no primeiro momento de trabalho para, a posteriori, a partir dos dados levantados nas entrevistas ini ais, construir hipdteses que poderao ser reformula- das a0 longo de todo o proceso. Tudo isso ajuda na escolha dos procedimentos que vamos adotar no psicodiagndstico. Em nossa experiéncia como clinicos e como supervisores, constatamos que existem varia- ges em relacdo a maneira de construir as hip6- teses de trabalho para um psicodiagnéstico que so influenciadas pelas diferentes perspectivas tedricas de cada profissional, pelo tempo dispo- nivel, pela experiéncia profissional, bem como, pelas diferentes demandas que chegam até o psi- célogo. Quando a demanda ¢ bastante objetiva (p. ex, avaliar a capacidade de atengio concentrada ‘ou de meméria de longa duragdo) ou diretamen- te associada 4 descrigio de um quadro clinico (p. ex. avaliar a existéncia ou nao de um quadro de transtorno depressivo maior), a formulagao da hipétese ocorre de maneira mais répida, ¢ se constituiré em um importante norteador da ava liagdo. Nessas situagdes, 0 psicélogo nao deve se distanciar da hipdtese formulada inicialmente, sendo a avaliagdo mais objetiva e, em geral, breve. Isso geralmente ocorre, portanto, quando o obje- tivo da avaliagdo é determinar um diagnéstico descritivo ou nosolégico. Jé em situagdes em que a demanda de ava- liagdo é mais ambigua, genérica ou ampla (p. ex» avaliar os desencadeantes ¢ mantenedores de um quadro depressivo, ou as razbes de uma crianga ter dificuldades de aprendizagem), 0 profissio- nais entendem que a formulagéo das hipdteses ¢ a consequente escolha dos instrumentos serio mais bem realizadas se adotarem uma “capacida~ de negativa” no sentido de suportar nio saber 0 que o paciente tem até os primeiros sinais se tor- narem hipéteses em virtude de suas repeticdes nas consultas iniciais. Muitas vezes, 0 psicélogo inexperiente tende a buscar apressadamente uma “solugio” diagnéstica para 0 caso analisado, estando mais influenciado por sua inseguranga profissional do que pelos indicios clinicos forne- cidos pelo avaliando. Por isso, quando possivel, nos casos em que o diagnéstico compreensivo é © alvo, nao devemos apressar 0 processo avalia- tivo, agarrando-nos de forma acritica 4 primei- ra impressio diagndstica elaborada, sob pena de nao irmos além de uma avaliacdo das aparénci Como exemplo desse segundo modelo de tra- balho, temos uma situado clinica em que uma 22 anos foi encaminhada pelo psi- convivia hi 10 anos. Poderiamos pen- Ser em um luto vivido patologicamente, no entan- to, isso seria focar na consequéncia de um con junto de processos psiquicos ¢ ndo nos motivos de esse luto patoldgico ter ocorrido. Foi necesséria PSICODIAGNOSTICO we 69 a realizacio de quatro entrevistas iniciais em que se constatou que a perda do animal de esti- macdo da paciente havia exposto outras faltas que ficavam encobertas pela relagdo que tinha com ele. Verificou-se a dificil relagéo da pacien- tecom sua familia e com seus ideais profissionais, seus impedimentos quanto as relagbes interpes- soais ¢ suas fantasias ligadas a morar sozinha, sem os pais. A companhia do cachorro Ihe tra- tia conforto para varias dessas preocupagdes, que ndo surgiram somente apés a morte dele, mas se intensificaram durante 0 periodo de luto. A par- tir dessas constatagdes iniciais, foram elabora- das algumas hipdteses optou-se pela aplicagao de alguns testes projetivos com 0 intuito de com- preender melhor os principais conflitos psiqui- cos inerentes a cada uma das situagdes descritas. Portanto, nos casos em que a busca da elabora- ‘do de um diagnéstico compreensivo ¢0alvo, por mais que possamos pensar algumas quest6es ini- ciais em razio da demanda, precisamos esperar 0 paciente manifestar seu sofrimento, sem anteci- 1 nada. Devemos estar abertos para refazer as hipéteses elaboradas a cada encontro, construin- do com o paciente o significado de suas palavras, ¢ outras comunicagdes a partir do conjunto de dados colhidos. ‘Além das hipéteses, outro fator que norteia a escolha dos instrumentos e técnicas ¢ 0 conhe- ‘cimento que 0 psicélogo tem sobre desenvolvi- mento humano e psicopatologia. Com essa base, podemos entender melhor quais aspectos estio ‘envolvidos no caso atendido (p. ex., cognitivos, socioemocionais, adaptativos, motores), assim ‘como que tipos de comportamentos e sentimen- tos caracterizam as diferentes patologias. Isso ajudaré a definir o que precisa ser avaliado, para que entdo se escolha que instrumentos ou técni- cas avaliam 0 que queremos investigar, levando ‘em consideracao as possibilidades de uma avalia- «io psicodiagnéstica. "Tendo definido 0 que ¢ preciso avaliar, s estratégias de avaliagio psicodiagnosti- ca, que incluem testes e/ou técnicas psicologicos, cuja diferenciagao deve ficar clara. Conforme os Standards for Educational and Psychological Tes- ting (American Educational Research Association [AERA], American Psychological Association (APA), & National Council on Measurement in Education [NCME], 2014), teste é um instrumen- to ou procedimento por meio do qual se obtém rmento de um indi- uma amostra de comportal ‘viduo em um dominio especifico. Para tanto, 0 ‘vamos a 70 a HUTZ, BANDEIRA, TRENTINI & KRUG (ORGS.) mesmo deve ser avaliado e pontuado por meio de uum processo padronizado. Entio, quando nio ha padronizagées ou quando hé uma maior flexibi- lidade de aplicagio ¢ andlise, sem a preocupagao com a métrica, podemos adotar 0 termo fécni- a psicolégica. Como exemplo, temos entrevistas (livres, semiestruturadas ou estruturadas), obser- vacdes, pesquisa documenta Ot utzas tésnicas utilizadas na tomada de decisao. Essa discussio ¢ importante em funcio da regulamentagao atual do Conselho Federal de Psicologia (CFP), que determina que oS testes psi colégicos sejam avaliados por sua ‘Comissio Con- sultiva, cuja deliberagio fica disponivel no Siste- ma de Avaliagao de Testes Psicolégicos (Satepsi> 2015). Trata-se de _ um sistema informatizado de avaliacéo ‘de instrumentos submetidos apreciacao dda Comissio Consultiva em Avaliagéo Pst- col6gica do Conselho Federal de Psicologia (CEP) quettem por objetivo avaliar a qualidade técnico-cientifica dos instrumentos submeti- dos, conforme Anexo I da Resolugdo CFP n* 1002/2003, assim como divulgar informagoes sobre as condigdes do uso profissional de instrumentos psicolégicos comunidade € as(aos) psicélogas(os). (Satepsi, 2015), A Resolucao 002/2003 diz que 0 psicéloge deve utilizar somente os testes avaliados pelo CEP Como favordveis para uso (Conselho Federal de Psicologia [CFP], 2003). Portanto, ¢ importanie que conheca essa lista ¢ a consulte com frequén- “ja, jd que é atualizada periodicamente, para doe possa atuar de forma legal. Nela também constam ve testes que so ou ndo de uso exclusivo do psi- célogo. Uma extensa discussio sobre esse tema ie eer encontrada no primeiro livro desta cole- Pho. intitulado Psicometria (Hutz, Bandeira, & ‘Trentini, 2015). ‘Com relacdo as técnicas psicolégicas, enten- demos que também podem ser utilizadas como fundamento para justificar as conclusdes de um process psicodiagnéstico. Nao é verdade que um Psicodiagnéstico necessite sempre do uso de tes- tes psicolégicos para que seja considerado vali- do ou fidedigno. A adocio desses instrumen- tos de avaliagio em um psicodiagnéstico € uma opcio técnica e ética do psicélogo, que conside- rari suas condig6es pessoais € conhecimentos técnicos para avaliar 0 caso encaminhado, con- cluindo quanto & relevancia do uso ou ndo deum teste ou uma técnica para o oferecimento de um resultado avaliativo mais confidvel. ‘Assim, para determinar quais serao os ins- trumentos e técnicas a utilizar, o profissional pre- cisa saber 0 que avaliam. Conhecer instrumentos especificos, de uso particular do psicblogo, e tée- nicas e recursos disponiveis é de responsabilida- de do avaliador e parte de um compromisso ético assumido quando na formacio de carreira. Nio temos como, em um capitulo, abordar todos esses instrumentos e técnicas, mas muitos séo citados fem diversos capitulos deste livro ¢ em outros livros relativamente novos na 4rea, como OS de Barroso, Scorsolini-Comin e Nascimento (2015), ‘Ambiel, Rabelo, Pacanaro, Alves¢ Leme (2011), Santos, Sisto, Boruchovitchi e Nascimento (2011). ‘Além de ter conhecimento sobre os instru mentos disponiveis, € condicao para 0 psicélogo que conheca também suas ‘propriedades psico- métricas e suas bases tedricas. Esses dados devem Constar nos manuais dos testes, ¢ o ele precisa aprender a lé-los e ter uma postura critica a seu respeito. Por vezes, o teste pode ser adequado eter normas para um contexto, mas ndo para outro. Mais uma ver, € responsabilidade do psicologo conhecer e poder avaliar o quanto o instrumento éou nao adequado para determinada situagao. De hada vale o teste ser vilido e aprovado pelo CFP, se 0 psicélogo néo for vilido (Bandeira, 2015), quer dizer, ele precisa ter 0 conhecimento, 6 for- magio e a técnica para aplicar determinado ins- trumento. ‘Sendo houver instrumentos disponiveis, podemos utilizar técnicas ou tarefas com 0 objetivo de entender melhor 0 paciente. Em tais situacées, como nao ha um padrao de aplicagio © analise, € ainda mais indispensivel um bom Embasamento tebrico, que guiaré a estratégia de valiagio, Ainda, ha situagbes em que nao hé ins- trumento algum, sendo o psicélogo 0 principal instrumento. Por isso, ter habilidade em diversas técnicas de entrevista, conhecer recursos aces- siveis para as diferentes faixas etérias, ter habi- lidades interpessoais para o levantamento de demandas junto a pessoas proximas essenciais ao entendimento do caso ou mesmo profissionais envolvidos sio condigdes para fazer uma boa ava- liagdo. No caso de haver o instrumento necessario, mas nao existirem normas para 0 caso que esta sendo atendido, € possivel que 0 psicélogo faga aproximacées entre as caracteristicas deste ¢ as da populagao do manual. Porém, devemos

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