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CENSURADO
Buckley em http://www.sacbee.com/voices/national/
buckley,
Sobran em http://www.uexpress.com/ups/opinion/
column/js/archive/,
Sowell em http://www.jewishworldreview.com/cols/
sowell1.asp,
Buchanan em http://www.theamericancause.org/
pat_buchanan.html
e Will em http://www.sacbee.com/voices/national/will.
02/05/99
CENSURADO
O estilo elíptico, aí, não é usado para abreviar a comunicação, mas para
introduzir, nas passagens abreviadas, toda sorte de absurdidades que,
para ser aceitas, devem permanecer abreviadas, de vez que explicitá-las
é desmascará-las. Esse tipo de texto serve precisamente ao leitor
apressado, que prefere antes deixar-se enganar do que ter o trabalho de
descompactar a mensagem. Usando esse tipo de linguagem, um escritor
pode lhe impingir, em poucas páginas, um número significativamente
grande de erros e confusões que, por sua compactação mesma, não
poderão ser identificados senão mediante o uso de técnicas lógicas que
não estão geralmente ao alcance do leitor típico a que se dirigem esses
05/04/99
sabe, nem que não sabe aquilo que sabe perfeitamente bem. Se você não
é fiel a essas duas exigências, sua vida é uma mentira e o conteúdo
pretensamente verdadeiro de seus pensamentos não é senão uma parte
da farsa total - aquela parcela de verdade de que a mentira precisa para
se tornar mais verossímil. Aí Deus não pode acreditar em você, porque,
no fundo, você não existe.
— O ecumenismo é possível?
senão o nome.
— Talvez, mas isso é pouca coisa, numa época em que toda literatura
se reduz a um ludismo imaginativo feito para o consumo ou à
manipulação das massas pela nova administração da alma do mundo. O
sucesso de Paulo Coelho e o Prêmio Nobel dado a esse ridículo
Saramago ilustram com perfeição essas duas funções da literatura.
Meus interesses passam a léguas de distância dessas futilidades, e estou
pouco me lixando para a literatura, seja sul-americana, européia ou
marciana.
Olavo de Carvalho
I.
Que baixem regras, vá lá. Mas deveriam ter ao menos o bom senso de
admitir que especificações ditadas pela mera conveniência tecno-
industrial não têm nenhum valor de critério estético, não constituem,
em nenhum sentido, as regras de estilo, a não ser que se entenda por
nomes, evitando pontificar sobre estilo ou, pelo menos, opinando nisto
com extremo cuidado e tão somente em nome da conveniência utilitária,
não da estética. Nos casos em que fosse absolutamente indispensável
opinar sobre estilo, o melhor seria permanecer num nível genérico e
abstrato, sem descer a particularidades duvidosas, como a de vetar,
individualizadamente, tais ou quais palavras ou expressões. Mesmo
porque o mais elementar conhecimento da estilística mostra que não há
palavras ou expressões que, em si e por si, sejam inelegantes; tudo
depende do contexto, do tom, da engenhosidade maior ou menor com
que sejam utilizadas. No devido lugar, até o execrando "outrossim" pode
cair bem, apesar da famosa tirada de Graciliano Ramos, ao revisar um
artigo da revista Cultura Política: "Outrossim é a p. q. p.".
II.
Três palavras em duas linhas já não são lingüiça que basta? No entanto
a frase não está mal escrita. A regra é que é excessiva. Já estava, aliás,
infringida antes mesmo de ser escrita; porque na introdução do
documento se diz:
Pois então: ilustrador não é artista gráfico? Corremos o risco de logo ver
A imagem torna-se ainda mais chocante quando vemos que, na regra 14,
seu autor, com ar de primeiro-da-classe, emite (deveria eu dizer "expele
vorazmente"?) um preceito para a redação de imagens: "Ao optar por
uma linha de imagens, mantenha-se nela". Sim, por exemplo: comece
com uma imagem gastronômica e complete-a com alguma coisa bem
proctológica.
parecesse muito necessária, seria suprimida (de acordo com a regra 1).
Parece que o elemento não enxerga a menor diferença entre dizer uma
coisa irritadamente, galhofeiramente, ironicamente,
desdenhosamente, etc.
22/11/98
O imbecil juvenil
Jornal da Tarde, São Paulo, 3 abr. 1998
massa barulhenta e cínica recebe o novato com desprezo e hostilidade que lhe
mostram, desde logo, a necessidade de obedecer para não sucumbir. É dos
companheiros de geração que ele obtém a primeira experiência de um
confronto com o poder, sem a mediação daquela diferença de idade que dá
direito a descontos e atenuações. É o reino dos mais fortes, dos mais
descarados, que se afirma com toda a sua crueza sobre a fragilidade do recém-
chegado, impondo-lhe provações e exigências antes de aceitá-lo como membro
da horda. A quantos ritos, a quantos protocolos, a quantas humilhações não se
submete o postulante, para escapar à perspectiva aterrorizante da rejeição, do
isolamento. Para não ser devolvido, impotente e humilhado, aos braços da mãe,
ele tem de ser aprovado num exame que lhe exige menos coragem do que
flexibilidade, capacidade de amoldar-se aos caprichos da maioria - a supressão,
em suma, da personalidade.
É verdade que ele se submete a isso com prazer, com ânsia de apaixonado
que tudo fará em troca de um sorriso condescendente. A massa de
companheiros de geração representa, afinal, o mundo, o mundo grande no qual
o adolescente, emergindo do pequeno mundo doméstico, pede ingresso. E o
ingresso custa caro. O candidato deve, desde logo, aprender todo um
vocabulário de palavras, de gestos, de olhares, todo um código de senhas e
símbolos: a mínima falha expõe ao ridículo, e a regra do jogo é em geral
implícita, devendo ser adivinhada antes de conhecida, macaqueada antes de
adivinhada. O modo de aprendizado é sempre a imitação - literal, servil e sem
questionamentos. O ingresso no mundo juvenil dispara a toda velocidade o
motor de todos os desvarios humanos: o desejo mimético de que fala René
Girard, onde o objeto não atrai por suas qualidades intrínsecas, mas por ser
simultaneamente desejado por um outro, que Girard denomina o mediador.
Não é de espantar que o rito de ingresso no grupo, custando tão alto
Entrevista realizada via e-mail por Talita Nóbrega, Kátia Portugal e Karla
Prezados Senhores,
linhas:
3. Mas o mais grave não é isso. Com uma leviandade atroz, Sui Generis
atribui ao "meio acadêmico", assim em geral e anônimo, uma acusação
de que eu estaria "em conchavo com a elite do ensino privado no país".
A palavra "conchavo" denota contato subterrâneo para fins não muito
lícitos, e seu emprego tem a manifesta intenção de atrair sobre mim
suspeitas nebulosas e insinuações malévolas. Saibam vocês ou não, isto
é crime. Sendo assim, Sui Generis tem a obrigação de declarar
nominalmente de quem partiu a acusação, para que eu possa tomar
contra o caluniador as providências judiciais cabíveis. Não havendo
designação da fonte, a revista assumirá automaticamente a
responsabilidade pela falsa denúncia.
A distinção entre ser contra a ideologia gay como tal e ser "homofóbico"
é clara e patente como a diferença entre não querer comprar um
cachorro e ter fobia de cachorros. Se vocês buscam encobri-la com a
8. Por fim, vocês dizem que sou "verborrágico". Posso até sê-lo – é
doença profissional de quem vive da palavra –, mas jamais chegaria ao
cúmulo de preencher centenas de revistas, livros, conferências e
congressos, incansavelmente, com a teorização de meus deleites sexuais.
E antes de dizer se padeço ou não de diarréia verbal, terão vocês
contado o número das acusações que, mediante adjetivos e expressões
adjetivas, derramaram num só jato fétido sobre a incauta pessoa que
lhes concedeu, por amabilidade, uma entrevista? Direitista,
homofóbico, conchavista, verborrágico, polêmico, vaidoso,
racista, sofista, pré-kantiano... Talvez vocês não padeçam de
verborragia crônica, mas, no momento em que escreveram isso,
estavam certamente em crise aguda.
que me pedirem, direi uma só palavra. Não a anuncio agora para não
estragar o prazer de dizê-la pessoalmente.
Olavo de Carvalho
mundo.
Franz ROSENZWEIG
[Introdução]
Mas este que vou lhes apresentar agora, se compartilha com eles o
temor ante os perigos, destaca-se, surpreendentemente, pelo otimismo
com que enxerga o futuro. Alain Peyrefitte não é, no entanto, nenhum
sonhador. Basta ver os seus olhos para reparar que, por baixo do sorriso
simpático, se esconde um observador temível, a quem só um tolo
procuraria enganar.
A tese é tão patente, tão óbvia, que o ouvinte não resiste a se perguntar:
"Por que não pensei nisso antes?"
não víamos em parte alguma a causa mais óbvia de tudo o que nos
acontece: as decisões humanas, fundadas em crenças e valores.
Não há, nos meios intelectuais europeus, quem não tenha, mesmo a
contragosto, alguma gratidão a esse desbravador da floresta das idéias.
Só alguns americanos ainda se fazem um pouco de desdenhosos,
inconformados talvez de que um latino tenha compreendido o
capitalismo melhor que eles.
- Ainda sob esse ponto de vista, Hobbes dizia que o Estado nascera do
medo, ou, o que dá na mesma, da desconfiança. Hobbes enganou-se ou
o advento desse fenômeno novo chamado "desenvolvimento" traz uma
mudança na natureza mesma do Estado?
O MANIQUEÍSMO
AINDA TEM
BELOS DIAS PELA FRENTE
SOMOS TODOS
MATERIALISTAS HISTÓRICOS
INCONSCIENTES
O LIBERALISMO ECONÔMICO
NÃO PODE SOBREVIVER
SEM UM LIBERALISMO CULTURAL
A IDEOLOGIA GAY
EXPRIME UMA DESCONFIANÇA
ANTE O OUTRO SEXO
direita, favorecendo o FN). É urgente sair dessa lógica das alianças e dos
casamentos de ocasião, desses anátemas republicanos e dessas
excomunhões.
COMUNISMO E NAZISMO
EXPLORARAM O RESSENTIMENTO
DAS MINORIAS ÉTNICAS
Ele deveria ter tirado daí a conclusão que se impõe: a perda, num povo,
de sua identidade nacional, constitui uma ameaça à indispensável
confiança social. As experiências de bilingüismo oficial mostraram que
não se troca de cultura como se troca de camisa.
Goethe dizia que quem não conhece língua estrangeira não conhece
verdadeiramente a língua materna. Creio nisso também. Mas o contato
e o intercâmbio com o outro não implicam a fusão, a
intercambiabilidade, a indiferenciação. Aliás, o universalismo forçado
prepara o leito dos separatismos, das reivindicações agressivas, como o
mostraram as ex-federações das Repúblicas socialistas.
As etnias são como o Etna. Parecem ter perdido todo caráter vital, e sua
atividade parece reduzir-se a alguns números folclóricos, sobrevivências
de um longínquo passado de erupções e de conflitos. Mas, tente-se
extinguir essas manifestações de superfície, e elas voltam com toda a
força, vomitando lavas ardentes. O cosmopolitismo, quando perde o
respeito pela alma dos povos, parece-se com um edifício construído
sobre a boca de um vulcão. O concerto das nações deve permanecer uma
polifonia, onde muitas vozes, de timbres variados, se juntam e se
superpõem em ritmos diferentes mas harmonizados, onde os refrões e
as coplas se respondem de parte a outra. Uma monotonia forçada
engendraria a dissonância e a discórdia. O uníssono forçado produz a
desunião.
Prezados gramscianos,
Qualquer que seja o caso, colocarei na minha página um link para a sua,
que funcionará como uma bela coleção de notas de rodapé para
confirmar minha opinião de que o gramscismo é apenas uma forma
elegantemente perversa de totalitarismo.
Sua resposta também será ali reproduzida, para que todos os visitantes
tenham o prazer de conhecer a mentalidade gramsciana ao vivo e a
cores. Muitos deles já conhecem essa mentalidade, em geral, mas terão
aí a oportunidade de captar uma nuance especificamente brasileira que
ela vem adquirindo, a qual consiste em cultivar propositadamente o
medo da extinta ditadura para poder incriminar como prenúncio de
truculências direitistas qualquer crítica mais veemente que se faça à
esquerda nacional. É com essa nuance, aliás, que vocês procuram
insinuar que eu, um cidadão sem cargo público nem dinheiro nem
partido, sou uma ameaça viva contra a existência do seu site. Que bela
comédia!
Mas raciocinem, por favor: se eu desejasse extinguir o seu site, por que
haveria de propor um intercâmbio de links com ele?
Olavo de Carvalho
Comentário extra
conivência".
http://www.artnet.com.br/gramsci
Olavo de Carvalho
26/12/98
Olavo de Carvalho
Foi para atender aos ditames dessa minha ideologia compósita, segundo
as várias exigências que me parecessem mais razoáveis no momento e
na situação, que já tive a ocasião de votar em Lula e em Roberto
Campos, em Maluf e Brizola, em Ulisses Guimarães e em Delfim Netto,
em Franco Montoro e em Fernando Henrique Cardoso. Não votei em
23/12/98
NOTAS:
2. Isso não implica a adesão a nenhuma teoria maluca da "culpa coletiva". O que
digo é que nos tornamos culpados, individual e concretamente, pelos custos do
progresso, na medida em que aceitamos seus benefícios levianamente, sem
gratidão consciente pelas gerações que se sacrificaram por nós. Voltar
Nota - Não encontrei um único jornal ou revista que quisesse publicar este
quem deseje compreender o que se passa no Brasil de hoje, dou graças aos
liberdade de expressão.
"He that never compares his notions with those of others, readily
Samuel Johnson
Quando um sujeito não quer ver a realidade, não adianta nada ela posar
diante dele escandalosamente nua. O juiz que rejeitou a denúncia de
apologia do crime apresentada contra o sr. João Pedro Stedile alegou
que um simples discurso desse personagem não podia ter causado atos
de vandalismo. Em algum lugar do passado S. Excia. deve ter tido diante
dos olhos, mesmo que fugazmente, um exemplar do Código Penal. Se
nele houvesse detido sua atenção por mais alguns segundos, teria talvez
notado que a apologia do crime é crime em si, ainda quando impotente
para suscitar resultados práticos.
Mas que a sentença seja absurda e fundada num pretexto risível não
implica que devamos lamentá-la. Por mim acho ótimo que o Sr. Stedile
continue a circular livre pelas ruas, despido da aura de mártir que três
minutos de cadeia bastariam para conferir a um homem jamais
seriamente maltratado por qualquer adversário, e que até o momento
não tinha pretexto aceitável para se fazer de coitadinho.
Não. Nada de cadeia. Quero ver o Sr. Stedile livre e forte para agüentar
certas verdades que, mais dia menos dia, hão de aparecer. Para homens
como ele, cadeia não dói. O que dói, a única coisa que dói na alma de um
revolucionário profissional, é ver exposto aos olhos do público o segredo
em cuja meticulosa ocultação reside a fórmula da vitória.
A conclusão, que o Sr. Stedile jamais declara, mas que qualquer garoto
de escola pode tirar sem dificuldade, é que ou a sociedade terá de viver
num estado de guerra permanente, ou uma das classes terá de ser
eliminada — sendo difícil conceber como se poderia dar fim a uma
classe sem suprimir fisicamente bom número de seus membros.
Mas estou pondo o carro adiante dos bois. Deixem-me contar a história
desde o começo. Meu interesse pelas crenças do Sr. Stedile nasceu há
tempo em Porto Alegre, onde, com meu amigo, o brilhante estudioso
Cândido Prunes, tive durante algumas horas, na Bienal do Livro de
1997, o extravagante prazer de debatê-las com o próprio Sr. Stedile e seu
fiel escudeiro frei Sérgio Görgen.
Quem ficou estupefato foi o próprio Sr. Stedile, porque, habituado pela
mídia a um tratamento de menino mimado, pela primeira vez em sua
vida teve a pedagógica e repugnante oportunidade de ouvir uma
resposta substantiva. Sim, reconheço que maltratei sadicamente o
cérebro do Sr. Stedile, mostrando-lhe as últimas coisas que ele desejaria
saber.
Mas vamos por partes. Após ter exposto as premissas de sua doutrina, o
Sr. Stedile deu alguns exemplos de contradições antagônicas. O
primeiro foi que o regime instalado no país em abril de 1964 esmagara
as Ligas Camponesas mediante a eliminação física de seus líderes.
Respondi que o episódio se dera em 1963, um ano antes da posse do
Marechal Castelo Branco, que só poderia ter cometido o crime pelos
métodos do Exterminador do Futuro.
Ainda sem responder, o sr. Stedile entrou logo nas suas "considerações
finais", de pé para fazer da mesa de debates um palanque, gesticulando
muito, ocupando por meia hora, sem apartes, o prazo de dois minutos
que lhe fora concedido, e preenchendo-o com um vocabulário seleto, no
qual se discerniam, entre outros termos científicos, o nome da mais
velha profissão da humanidade e o do membro masculino, ambos
começando com ''p" e terminando com "a", sendo no fim
entusiasticamente aplaudido pelos que haviam protestado contra a
incontinência verbal de seu adversário.
São Paulo (Caros Amigos, Ano 1, no 8, nov. 1997) uma longa entrevista
do sr. Stedile, onde finalmente acreditei ter compreendido algo da sua
personalidade política.
A técnica do Sr. Stedile consiste em evitar dar às suas ações mais óbvias
os nomes que elas obviamente têm. Ele se esquiva às definições pela
mesma razão com que um índio se esquiva de fotografias: para evitar
que sua alma seja capturada. A palavra é poder: aquilo que podemos
nomear, podemos de algum modo dominar. O sucesso das ações do Sr.
Stedile depende em última instância de que ninguém saiba exatamente
o que ele está fazendo. Por isto, num mundo em que tantos se queixam
da incompreensão alheia, ele foge da alheia compreensão como um
vampiro foge da luz do dia.
Inédito (17/05/98).
uma outra pessoa (...) que pega meu gancho (...) e insiste na pergunta
mas sob outro prisma, sobre sacrifícios e as tradições, etc. Não coloco a
pergunta (...) que está implícita, só a resposta dada pela antropóloga.
Achei que o texto que coloquei em resposta se aplica em parte nesse
caso de ambigüidade de postura, mesmo não sendo ela uma mãe de
santo e, talvez, nem praticante da religião.
Bom, pra não ficar falando antropologuês, lembro só que não podemos
avaliar as práticas de uma religião estando fora dela ou comparando
com outras, pois não dominamos todos os significados nem os sentidos
e qualquer coisa pode nos parecer exótica, aberrante, primitiva, ridícula.
Sistemas religiosos são como linguagens. Se eu disser smiaeb e reclamar
que você não compreende, o que você me diria?
de-santo – uma posição que lhe permite mudar a clave de seu discurso
conforme as demandas do momento, ora falando do culto africano com
a liberdade de um espectador científico livre e descomprometido, ora
com a autoridade de um porta-voz oficial. Essa duplicidade de papéis
por sua vez permite que ele desfrute do prestígio da autoridade religiosa
sem ter de arcar com a concomitante responsabilidade. Os hierarcas das
demais religiões, se recebem a veneração e obediência de seus fiéis, por
outro lado têm de responder, perante a sociedade, pelos pontos de sua
doutrina que pareçam duvidosos ou extravagantes aos olhos dos não-
crentes. (...) Nenhum desses sacerdotes está em posição de furtar-se às
cobranças que os de fora possam fazer à sua religião. É precisamente
essa a posição que o sr. Verger ocupa na sociedade brasileira. (...) Assim,
por exemplo, no seu recente livro Ewé. O Uso das Plantas na Sociedade
Yoruba (Salvador, Odebrecht, 1995) ele nos dá várias receitas de
mandingas usadas no candomblé para matar pessoas, sem que a
ninguém ocorra acusá-lo de pregar uma religião homicida – pois afinal
ele está falando como observador científico e não como porta-voz
responsável pela crença que prega. É um privilégio que nenhuma
autoridade religiosa deste mundo pode invocar. (...) Para piorar as
coisas, a nenhuma autoridade religiosa deste mundo é moralmente
permitido ensinar a prática de ritos sem que esteja persuadida da
eficácia desses ritos. Um rabino não submeterá meninos ao bar-
mitzvah, ou um padre os submeterá ao batismo, dizendo-lhes ao mesmo
tempo que se trata provavelmente de ritos inócuos, sem eficácia neste
mundo ou no outro. Mas o caráter peculiar de sua religião e a posição
ainda mais peculiar que dentro dela ocupa permitem que o sr. Verger
ensine os ritos homicidas ao mesmo tempo que deixa numa conveniente
Não é?
Abraços
Marília
Aluizio
Grata,
Marília.
Marília
1.
no Brasil, onde amplos setores da classe média e alta sem a mais remota
ancestralidade africana (incluindo parcela significativa da
intelectualidade acadêmica e da classe governante) se põem cada vez
mais sob o guiamento de pais-de-santo. Isto é fenômeno exclusivamente
brasileiro (com a possível exceção de Cuba, onde o governo durante
algum tempo apoiou discretamente esses cultos para boicotar a Igreja;
mas não tenho dados sobre os resultados efetivos dessa política).
2.
3.
4.
D. Rita).
5.
Não é curioso que uma acadêmica ocidental, sem raízes africanas, saiba
tanto sobre os cultos afro e ignore a sua tradição própria tradição de
origem ao ponto de imaginar que os padres fogem de polêmicas, quando
na verdade não fizeram senão polemizar por dois mil anos?
6.
Negar que Verger fosse uma celebridade e que essa celebridade fosse
um emblema (ao menos publicitário e legitimador) do africanismo no
Brasil é mais que um erro: é uma mentira tola.
7.
e receitas para matar pessoas e que essa religião é uma coisa linda, que é
que se pode concluir senão que, do ponto de vista dessa linda religião e
desse lindo apologista matar pessoas por meio de ritos e receitas é coisa
normal e louvável? Não há como fugir disso, por mais piruetas verbais
que se dêem.
8.
Resposta: Ou seja: o único erro do Sr. Verger foi dar com a língua nos
dentes, revelando aos profanos um segredo homicida que deveria ficar
restrito ao círculo de iniciados.
9.
10.
11.
pains, que tel saint a fait tel miracle à tel endroit ou qu’un
homme illettré a écrit en langue très cultivée le plus beau
livre de la littérature arabe. La verité des jugements de ce
dernier tipe, qu’il n’est pas impossible d’établir du moins
en théorie par des moyens purement humains, est censée
valoir comme indice, si ce n’est pas comme preuve, des
jugements du premier type, c’est à dire, comme des
renforcéments apportés à la foi par la miséricorde divine.
La connexion inséparable de ces deux types de verités est
même quelque chose d’essentiel et d’omniprésent en toutes
les grandes réligions. Depouillées de leur prétention à dire
la vérité, et surtout de cette solidarité mutuelle des verités
visibles et invisibles, les réligions ne deviennent que des
écritures indéchifrables, des esthétismes muets que chacun
est libre d’interpreter à son aise, c’est à dire, elles n’ont
plus de sens que projéctif et, à vrai dire, hallucinatoire.
C’est comme si on avait la prétention d’expliquer
scientifiquement la symptomatologie paranoïaque d’un
homme qui s’affirme persecuté pour un chien sans nous
demander le moins du monde s’il-y-a où s’il-n’y-a pas un
chien quelconque derrière lui.
12.
13.
14.
Resposta: O texto chama-se "A dívida dos faraós" porque diz logo de
cara o seguinte: "Movidos pela oratória de intelectuais esquizofrênicos,
os negros agora exigem uma indenização dos bisnetos de seus antigos
senhores, mas ao mesmo tempo gabam-se de ser descendentes dos
faraós, que escravizaram dezenas de povos durante quinze séculos. Não
vejo como poderão escapar da pergunta: — Por que vocês não pagam
primeiro o que devem aos judeus?" Não vejo como explicar isso mais
claro, mas talvez D. Rita, de tanto estudar antropologia, não tivesse
tempo de ler a Bíblia para saber que os judeus foram escravos dos
egípcios.
OLAVO DE CARVALHO
Discurso pronunciado no
Clube Militar do Rio de Janeiro
em 31 de Março de 1999.
falando para vocês. Por isto é que digo que fui brindado com este dom
de fazer sempre as amizades mais inconvenientes no momento. Todos
conhecemos muitas pessoas que fizeram carreira no regime militar e tão
logo a situação mudou trataram de trocar de amizades, porque era
melhor para a sua saúde...
Não sei se cheguei a ser alguma coisa que preste, mas aquela porcaria
que eu era já não sou mais. Não consigo mais me enganar com tanta
facilidade, não consigo dizer a mim mesmo, como naquela época:
"Olavo, você sabe quem são os culpados dos males do mundo", "Olavo,
você tem o direito de reivindicar a posse do chicote universal para
açoitar o lombo de todos os malvados", e assim par diante. Ora, estou
com 52 anos, alguma coisa devo ter aprendido neste período, mas
certamente, se aprendi, foi porque me abstive de falar durante vinte
anos ou mais. Ontem mesmo, na conferência que fiz no Instituto de
Geografia e História Militar, estava contando que fiz como Buda, que,
sendo tomado por uma dúvida, sentou ao pé de uma árvore e disse: Não
jovens não devem ser lisonjeados e sim educados, mesmo que isto os
contrarie? Muito bem, eu tive um monte de filhos, tenho oito filhos,
nunca os maltratei, nunca os humilhei, mas também nunca os lisonjeei.
Eu disse apenas o que um pai deve dizer a um filho: "Eu te amo, meu
filho", "Saia de cima do muro que você vai cair", "Pare de maltratar o
seu irmãozinho", e todas essas coisas de pai. Mas nunca disse: "Você é a
encarnação do espírito de justiça", "Você é a consciência moral do seu
pai", e nenhuma dessas coisas covardes que corrompem a alma da
juventude. Podemos expressar bons sentimentos pelos nossos filhos
sem lhes inocular a mais destrutiva das ilusões. Mas a nossa geração
recebeu doses imensas, doses cavalares desta lisonja. E, assim
lisonjeados, acreditamos que bastava nos dar armas e que o resto nós
faríamos: construiríamos um mundo melhor. E como construiríamos
um mundo melhor? Pelo velho expediente de matar — matar quem não
o desejasse. Esta é sempre a solução, qualquer que seja o problema, não
é mesmo? Nós tomamos em sentido literal o que dizia Jean Paul Sartre:
"O inferno são os outros". Basta matá-los e está tudo resolvido, basta
matar quem não concorda conosco. Sendo educado nesta mentalidade,
— da qual felizmente me livrei, mas me livrei progressivamente, porque
é uma ilusão pensar que você se livra do veneno marxista simplesmente
trocando a carteirinha do seu clube; não é assim, é um processo interior
que requer uma verdadeira psicanálise, uma retirada progressiva dos
enclaves, dos complexos, dos cacoetes mentais que se impregnam
profundamente na nossa alma —, tendo sido educado nesta
mentalidade, foi assim que julguei o movimento de 1964. Para julgá-lo,
condená-lo e abominá-lo eu não precisei saber quase nada a respeito
dele. Bastou ouvir uma palavra. E qual era essa palavra? Era a palavra
mágica – "a Direita". Qual era o crime dos militares? Eles eram a
Direita. Ora, a Direita quer dizer necessariamente o mal, portanto eles
eram o mal encarnado. Não interessava saber o que estavam fazendo,
por que estavam fazendo, etc. Não era preciso saber nada a respeito
deles para odiá-los e condená-los. Era uma espécie de maldade
onto1ógica que estava grudada na constituição deles,
independentemente do que fizessem ou deixassem de fazer. Se um
militar socorresse um doente na rua ele continuaria sendo mau, e se um
homem da esquerda maltratasse uma criancinha, ainda assim ele
continuaria sendo bom, porque a bondade e a maldade não dependiam
dos atos e sim da identidade ideológica. Ora esta metafísica, esta
horrenda metafísica maniquéia, ela na verdade é a essência mesma da
política. Um dos grandes teóricos da política no século XX foi Carl
Schmitt. Ele se perguntou qual a essência da política, o que distingue a
política de outras atividades, o que distingue a política da moral, do
direito da economia etc. E ele diz o seguinte: quando um conflito entre
facções não pode ser arbitrado racionalmente pela análise do conteúdo
dos conceitos em jogo e quando portanto o conflito se torna apenas
confronto nu e cru de um grupo de amigos contra um grupo de
inimigos, isto chama-se — Política. Ora, é fácil você compreender que
nesse sentido a definição de Schmitt inverte a definição de Clausewitz
que diz que a guerra é uma continuação da política por outros meios.
Schmitt descobriu, muito mais realisticamente, que a política é uma
continuação da guerra par outros meios. Ora, durante toda a história
humana existiu política mas havia outras dimensões e outras atividades
que eram consideradas mais importantes. A religião era uma delas,
mesmo os governantes se ocupavam mais de religião que de política. No
Mussolini. Ora, eu não acredito que o fascismo seja o pior dos males, o
fascismo é uma reação ao comunismo, o fascismo está para o
comunismo assim como a febre está para uma infecção. O fascismo não
é causa sui, não é ele que se produz a si mesmo, mas ainda assim é uma
coisa bastante perigosa. Não sei medir a extensão destas tropas
paramilitares fora de São Paulo. Na Paraíba certamente havia
organizações desse tipo. Um historiador comunista chamado Moniz
Bandeira que apesar de comunista sempre me pareceu honesto no que
escreve, diz que provavelmente havia na Paraíba por volta de dez mil
homens armados. Muito bem, descobri essas coisas uns anos atrás,
quando estava estudando para poder reescrever os capítulos finais de
uma obra chamada O Exército na História do Brasil, publicada pela
Odebrecht e pela Biblioteca do Exército. Na época eu era um redator
autônomo contratado pela Odebrecht, e um dos serviços que vieram
parar na minha mesa foi o de corrigir o texto desse livro. O capítulo
referente à Revolução de 1964 tinha muitas lacunas e decidi completá-lo
por minha conta. Foi revirando livros e documentos, fazendo entrevistas
com testemunhas da época, que me dei conta dessas coisas, mas havia
alguém que já havia descoberto tudo isso muito antes de mim: o então
General Humberto de Alencar Castello Branco, em setembro de 1963,
era chefe do Estado Maior do Exército, e fez um discurso alertando seus
companheiros para o perigo da proliferação de organizações
paramilitares, que num momento de crise poderiam usurpar as funções
das Forças Armadas. Ele não se referiu apenas à famosa organização de
esquerda, os "Grupos dos Onze", nem às Ligas Camponesas: ele falou no
plural, sem mencionar cor ideo1ógica, e subtendendo que quaisquer
organizações paramilitares eram um insulto e um perigo para as Forças
teríamos vivido este drama par uma década ou duas. Isto era o cenário
que estava montado, isto não é uma conjetura feita a posteriori, isto
eram os planos que já estavam em andamento de parte a parte. Na noite
de 31 de março para 1o. de abril, o que faz porém o Exército? Ele toma a
dianteira, ocupa as ruas, desmonta a máquina comunista, coloca uma
focinheira nas tropas direitistas e por fim corta a cabeça dos seus
líderes, primeiro encostando-os, depois chegando a cassar os mandatos
de Adhemar de Barros e Carlos Lacerda, porém, antes mesmo disto,
tomando uma medida mais decisiva ainda que foi criar a Inspetoria
Geral das Polícias Militares, com o que todas as policias militares
estaduais, virtuais colaboradoras das tropas paramilitares de direita do
Brasil inteiro, foram submetidas diretamente à autoridade do Exército e
voltaram à disciplina normal. Esta imensa operação de desmontagem de
uma revolução esquerdista e de um aparato bélico direitista, quantas
mortes custou? Duas, três, cinco no máximo. Quantas pessoas
morreram em conflitos políticos entre 1964 e o fim do mandato do
Marechal Castelo Branco? Quantas? Cinco? Seis? Este foi o preço que
nós pagamos pela desmontagem não só da maior máquina
revolucionária já construída pelos comunistas em toda a América
Latina, em todas as três Américas, mas também, pela desmontagem do
aparato bélico de reação direitista civil, que simplesmente desapareceu
da história e entrou no esquecimento. Foi isto o que aconteceu em 1964.
Quando vemos isto, só há uma coisa que podemos dizer: Foi
absolutamente genial. Não é qualquer um que desmonta uma bomba
desse tamanho com uma perda de vidas humanas tão reduzida, tão
insignificante. É claro que depois houve alguma violência porque
decorridos quatro anos a esquerda se rearmou e se lançou à aventura
com isto, devemos concluir que ele gosta de gripe, que ele ama a gripe,
que ele é um apologista da gripe e desejaria espalhar os germes da gripe
no mundo? O alívio do mal menor será uma apologia do mal? Só um
tipo perverso, como são intelectualmente perversos todos os comunistas
sem exceção, pode fingir que acredita numa coisa dessas. Quando nós
mostramos que o preço pago por este país para se libertar de urna
guerra civil que provavelmente não terminaria nunca foi um preço
baixo, sempre aparece não só um farsante para insinuar que adoramos
pagar esse preço, mas também aparece sempre um engraçadinho que
nos diz que o que estamos fazendo é "contabilidade macabra". Qual de
vocês já não ouviu esta expressão? Ora, todos sabemos que os
comunistas odeiam "contabilidade macabra". E por que a odeiam?
Odeiam-na por um motivo muito simples. Odeiam-na porque toda soma
do número de vítimas mostra que eles são os maiores assassinos, que
eles têm o primeiro prêmio do morticínio universal, que nenhum regime
do mundo pode se igualar, em sanha mortífera, ao desses benfeitores do
gênero humano. Se somamos o número total de vítimas do comunismo
neste século, vemos que é superior ao número de mortes de duas
guerras mundiais, somado ao número de vitimas de todas as ditaduras
de direita, mais o número total de vitimas de terremotos, enfartes e
epidemias variadas. Isto não é força de expressão: é um simples fato,
medido matematicamente. Ou seja, o comunismo foi o pior flagelo
conhecido pela humanidade desde o dilúvio universal. Não há outro
termo de comparação. A peste negra, proporcionalmente, foi menos
grave do que o comunismo. Será que perdemos totalmente o senso das
proporções? Ou será que o medo de sermos acusados de fazer
"contabilidade macabra" nos torna cegos para as proporções dos males?
civil deles morreram cinco milhões — foi a maior guerra que o mundo
conheceu até então. E o nosso regime, para parar uma guerra civil, e
depois para desmontar a guerrilha, matou trezentos e perdeu duzentos.
Devemos comparar os nossos militares aos governantes de outras
nações, aos cubanos, aos espanhóis antepassados do Dr. Garzón que
queimavam freiras em massa, aos americanos que se matam sem cessar,
aos lindos lordes ingleses que nunca pararam de matar irlandeses, aos
russos que mataram trinta milhões de seus compatriotas, aos chineses
que mataram sessenta milhões, ou devemos compará-los a Deus e
condená-los por não serem perfeitos? Se houve um governo humano
que fez melhor, me mostrem qual. Sobretudo, se houve um governo
comunista que fez melhor, me mostrem. Eu nunca vi. Mas todas estas
coisas óbvias que estou dizendo parece que foram perdidas de vista, que
se tornaram invisíveis e incompreensíveis, ofuscadas por tantas
mentiras e tanto falatório comunista recompensado a peso de ouro por
empresários de imprensa venais e irresponsáveis. E tudo isso foi
perdido de vista por um motivo muito simples: esse governo militar,
que era não opressivo, que não era um governo fascista, não tinha um
dos principais traços que caracterizam todas as ditaduras e todos os
movimentos fascistas: ele não tinha a menor vontade de inculcar uma
ideologia na população. Ele não tinha nenhuma ideologia para inculcar.
De vez em quando fazia uns cartazes, "Brasil, ame-o ou deixe-o", ou
mandava passar uns anúncios de suas realizações, uma estrada, uma
usina, uma ponte — tudo com menos alarde e menos despesa do que
qualquer governo civil antes ou depois dele. Isso foi tudo. Pergunto eu:
Havia doutrinação fascista nas escolas? Havia um cinema doutrinário
pago pelo governo para inculcar idéias fascistas na população? Não: O
que era a panela de pressão? Era que, dizia ele, "não podemos tampar
todos as buracos, tem de haver uma valvulazinha..." E onde era essa
valvulazinha? Eram as universidades e a cultura, o movimento editorial
e o show business — eram todos os canais de comunicação das idéias.
Tudo isso foi entregue pelo próprio governo nas mãos dos comunistas.
Mas que bela teoria, hein? Era só o que as comunistas queriam. Era só o
que eles queriam para fazer da sua derrota militar a sua vitória política,
porque naqueles anos estavam começando a entrar no Brasil as obras do
ideólogo italiano Antonio Gramsci. Este dizia adeus à teoria leninista da
insurreição e criava uma nova estratégia baseada em duas coisas: de um
lado, aquilo que chamava de Revolução Cultural, ou seja, o domínio do
vocabulário, o domínio dos automatismos mentais, de modo que as
pessoas, sabendo ou não, passem a falar e pensar como os comunistas e
acabem aceitando o comunismo, com ou sem esse nome, como se fosse
a coisa mais natural do mundo; de outro lado, o que ele chamava de a
longa marcha da esquerda para dentro do aparelho de Estado, ou seja:
ocupar todos os postos da burocracia. Lentamente, com muita calma,
através de ocupação de espaço, de nomeações, até mesmo de concursos,
— par exemplo, o governo abre um concurso para a Policia Federal e,
quando você vai ver, noventa por cento dos candidatos que se
apresentam são comunistas, foram mandados ali para isso.
Ora que raio de governo fascista era esse, que não tinha militância, que
não tinha partido de massas, que não tinha ideologia, que não tinha
sequer um programa de doutrinação das massas, um discurso para ser
repetido nas escolas? É simples: esse governo nunca foi fascista. Foi um
governo de emergência, criado para impedir uma guerra civil e que
Isso foi o que aconteceu em 1964. Pergunto: onde estava eu? Eu estava
dormindo. Dormindo no berço esplêndido da mitologia esquerdista,
alimentado de palavras, sobretudo de adjetivos: "Fascista!",
"Explorador!", "Imperialista!" Ah!, como essas palavras mexiam
14/02/97
14/02/97
01/10/97
Ao
Sindicato dos Escritores do Estado do Rio de Janeiro
Jornal Tribuna do Escritor
Av. Heitor Beltrão, 353, Tijuca
Rio de Janeiro 20550-000 RJ
e-mail: seerj@vetor.com.br
Prezados Senhores,
O sr. Proença parece considerar-se escritor, e talvez até o seja, pois não
há razões para duvidar da autenticidade da sua matrícula sindical que,
na falta de maiores glórias curriculares, ele pode esfregar na cara de
qualquer um como prova de algo que, pelo exame estilístico da sua
cartinha, ninguém chegaria a imaginar. E como um escritor tem de ser
necessariamente leitor habilitado, não posso admitir a hipótese de que o
sr. Proença tenha compreendido tão mal ou porcamente aquilo que com
a maior simplicidade jornalística escrevi em O Globo e com cujo sentido
tantas empregadinhas domésticas e pilotos de carrinhos de sorvete
atinaram sem qualquer dificuldade.
Por fim, como não há mal que não traga em seu bojo algum bem,
aproveito a ocasião para pedir a minha inscrição no Sindicato dos
Escritores do Rio de Janeiro, dado que agora resido nesta cidade e
muito apreciaria ter um contato mais próximo com os colegas de ofício
que essa entidade dignamente representa.
Atenciosamente,
Olavo de Carvalho
marchinha.
OLAVO DE CARVALHO
Prezada amiga,
Já que a senhora tem dado atenção a meus livros, devo retribuir dando à
sua carta a atenção que merece, respondendo-a ponto por ponto, para
que não sobrem no fim dúvidas ou suspeitas quanto aos motivos e
propósitos do que escrevo.
coisas tão horríveis quanto escrevo hoje sobre a esquerda. O que não
teria cabimento seria escrever, hoje, contra uma facção que não existe.
Quanto à centro-direita neoliberal, que com todo o seu
comprometimento esquerdizante é o máximo de direita possível hoje
em dia, tenho escrito um bocado de coisas contra ela, e a senhora as
encontrará facilmente na coleção de meus artigos publicados no Jornal
da Tarde. Não tenha a menor dúvida de que alguns neoliberais,
chocados com meu artigo "Viva o fascismo!" de 5 de março de 1999, me
escreveram e-mails tão furiosos quanto o seu, acusando-me de estar
cego de ódio contra o neoliberalismo. Discursos contra o ódio, como a
senhora vê, não são monopólio de ninguém, e aliás são a ocupação
predileta de quem não tem o que dizer.
que não cometeu, procurem lhe incutir falsas culpas para o manipular
melhor.
emoção, que prova o seu sincero interesse no assunto, e julguei que suas
observações, por injustas e até insultuosas que fossem, não indicavam
qualquer má-fé da sua parte, e que por isto deveriam ser respondidas
com paciência e método, como perguntas de um aluno numa aula.
Creia, senhora, que não sou nada do que a senhora diz. Mas, se a
senhora antes me admirava tanto quanto diz ter admirado, o choque de
encontrar em meus escritos alguma opinião flagrantemente contrária às
suas pode ter transformado repentinamente a admiração excessiva em
injusto desprezo, pois, como diz o provérbio árabe, "se alguém te louva
por qualidades que não tens, logo estará te condenando por defeitos que
também não tens".
Olavo de Carvalho
Muito jovem, decidi que meu caminho não seria o de participar dessa
produção industrial de registros, mas de contribuir, de alguma maneira,
para a inteligibilidade do conjunto, resgatar o sentido da cultura como
atividade interior e não como produção material.
É evidente que esse vício não afeta só o ensino, mas o próprio modo de
fazer ciência e de produzir cultura: produz-se uma ciência que é, no fim,
inconsciente dos fundamentos da sua própria ininteligibilidade. Ora,
uma ciência sem consciência logo se torna uma ciência sem outro valor
científico que não o meramente convencional.
Desde cedo senti que esse tipo de ciência, esse tipo de cultura, seria o
grande filósofo brasileiro Mário Ferreira dos Santos, que fez um esforço
de gigante para reordenar o conjunto das ciências filosóficas à luz de
uma nova teoria do conhecimento fundada nos números pitagóricos,
compreendidos não como quantidades, mas como categorias lógicas e
ontológicas.
Por via das dúvidas, acho que, longe de estar entrando num período de
decadência, a americanização do mundo mal começou. O ciclo que o
mundo vive hoje é o da Revolução Americana que se mundializa, e isto
não está no fim: está no começo.
começou a achar graça e levar a coisa para o lado cômico. Depois de uns
meses, vou visitar minha mãe e encontro-a tomando chá com a travesti,
conversando animadamente como velhas amigas. Uns anos depois a
travesti morreu de Aids e minha mãe chorou copiosamente, repetindo:
"Ela era tão boa amiga..." O mais extraordinário de tudo é que, em tese,
minha mãe ainda continua até hoje absolutamente contrária à
legalização dos casamentos gays. Não era portanto por convicção
ideológica que ela aceitava a travesti sem discriminações ou
preconceitos: era por legítima afeição humana, que se sobrepunha a
todos os abstracionismos ideológicos. São coisas maravilhosas que só
existem no Brasil.
adquire tanto mais poder sobre seus cidadãos quanto mais se submeta,
no plano externo, aos poderes internacionais. Num futuro que alguns
analistas prevêem para muito breve, os parlamentos nacionais
legislarão sobre trânsito e sobre uso dos banheiros públicos, mas não
sobre economia ou política externa.
Quanto mais a esquerda lutar por esses três objetivos, mais ela
contribuirá para tornar mais pleno e eficaz o domínio planetário
exercido por aquelas poucas dezenas de banqueiros dos quais já
depende, hoje, a sorte das nações.
É preciso ser cego para não perceber essas coisas, por trás do tênue véu
de filó que a mídia tece para escondê-las.
Prezado Senhor,
4. "A arma de fogo é mais eficaz para agredir do que para defender."
Sim, e a melhor prova disto são os crimes cometidos por policiais
armados contra pessoas que nem de longe teriam meios de atacá-los.
7. "O uso da arma de fogo está fora de controle." Sim, as únicas armas
que têm controle são aquelas vendidas em lojas, com nota fiscal e
registro. A nova lei proíbe justamente estas, e deixa livres as outras,
apreendidas de delinqüentes e revendidas por policiais. Por que tanta
pressa em controlar o controlado, esquecendo o resto? E se, como diz o
dr. Rubem, o principal sintoma de descontrole é que "os bandidos
atiram demais, e a polícia responde atirando demais", por que
deveremos dar o monopólio das armas justamente aos dois grupos mais
descontrolados?
11. "A cada brecha que se abre (por exemplo, para colecionadores),
multiplicam-se as chances de desvios." A cada nova arma apreendida
pela polícia, essas chances multiplicam-se muito mais.
Sugiro que o dr. Rubem volte a cuidar da comidinha dos pobres, como
fazia nos bons tempos de um movimento que, se continuar a exibi-lo em
público no papel de seu guru, terá logo o nome mudado para "Viva
Rindo".
Atenciosamente,
Jurisprudência hedionda
República, junho de 1999.
Mas tudo isso só chegou ao meu conhecimento depois, quando uma boa
Mais tarde descobri que o dr. Hédio recebe ajuda em dinheiro da União
Européia e da Fundação Ford. Ele não é portanto um "servo" do poder:
é um empregado bem pago. É um representante imperialismo cultural
empenhado em jogar brasileiros contra brasileiros, em destruir nossa
confiança no alto valor da nossa cultura inter-racial para que,
esquecidos da nossa superioridade moral nesse ponto, consintamos na
abjeção de receber lições de democracia racial de um povo que finge
NOTA
Com o título editorial "Só preto, com preconceito" , este artigo saiu na
revista República de junho de 1999, em reação a um insulto claramente
difamatório que me fora lançado pelo dr. Hédio da Silva no programa
Opinião Nacional, da TV Cultura de São Paulo. Fui ali chamado de
"servo do poder". O sujeito podia ter-me chamado de qualquer coisa,
que eu nem ligaria. Disso, não. Ninguém tem o direito de colar esse
rótulo infamante na testa de um homem que para conservar sua
independência consentiu em não ter casa própria, nem carro, nem
cartão de crédito, nem cheque especial, e que tanto ama essa
independência que nem chega a sentir falta dessas coisas não obstante
úteis e saudáveis; de um homem que sempre viveu de seu trabalho e
nunca recebeu (nem pediu) subsídio de poderoso nenhum, brasileiro ou
estrangeiro; de um homem, sobretudo, que se alguma vez abriu a boca
foi sempre e sistematicamente para defender o mais fraco: a esquerda,
quando a direita mandava; a direita, hoje, quando a esquerda impera e
ganha dinheiro a rodo. Fiz minha divisa o apelo de Ortega y Gasset --
"En toda lucha de ideas o de sentimientos, cuando veáis que de una
parte combaten muchos y de outra pocos, sospechad que la razón está
en estos últimos. Noblemente prestad vuestro auxilio a los que son
menos contra los que son más" --, e não admito que este meu único
15/06/99
Piada sinistra
Ombro a Ombro, Ano XII, no 133, jun. 1999
comunista, que seu partido tão bem representou ao longo das últimas
décadas. Pois Lênin, logo após chegar ao poder, recomendava aos
agentes do novo governo: "Procure catalogar todos aqueles que
possuam armas de fogo, para que as mesmas sejam confiscadas
no momento oportuno, tornando impossível qualquer
resistência à nossa causa."
Educação e consciência
Quando me refiro aos "senhores da mídia", não me refiro aos donos das
empresas. Estes são apenas uns covardões e omissos que se deixaram
seqüestrar pelos comitês políticos a que entregaram suas empresas. O
nome Roberto Marinho, hoje, só serve para disfarçar sob uma fachada
direitista o poder do lobby esquerdista que domina tiranicamente a
Rede Globo.
Isso seca a alma, produz neuroses sem fim e não tem proveito educativo
nenhum. Muitos pretensos educadores, hoje, dedicam-se a produzir isso
e nada mais, e se acham grandes benfeitores da humanidade quando
conseguem envenenar a alma de um adolescente contra os pais, contra a
História, contra tudo, exceto, é claro, contra eles mesmos — os
manipuladores bem protegidos atrás de um muro de malícia.
O Globo
Cartas dos Leitores
Fax 021 534 5535
Senhor redator,
Atenciosamente,
Chega-me a notícia de que um tal sr. Brum (não darei o nome todo, mas
está anotado na minha agenda) procurou os profs. Francisco Antonio
Dória e Muniz Sodré, oferecendo-lhes uma mercadoria insólita:
histórias escabrosas a respeito de Olavo de Carvalho.
Para que o sr. Brum não desperdice mais tempo e esforço em vão, sugiro
que envie sua proposta diretamente a esta homepage, que lhe fornecerá
um cadastro de possíveis clientes, os quais talvez até se disponham a lhe
pagar, em troca das escabrosidades prometidas, a quantia equivalente a
1 (hum) cafezinho.
O sr. Brum não me levará a mal se eu aproveitar essa ocasião para tratar
dos meus próprios interesses comerciais, oferecendo-lhe, a preço
Olavo de Carvalho
05/07/99
23/06/99
A seção "Diga o que quer, ouça o que não quer" bem poderia se
chamar: "Leia aqui a resposta ao que você não disse". Ao comentar
carta que escrevi à revista "Bravo" em fevereiro de 1998, o sr. Olavo de
Carvalho diz que "o leitor que deseja um debate deve expressar
opiniões definidas sobre pontos precisos". Conselho que ele é o
primeiro a desconsiderar.
Atenciosamente,
3) Num ponto o dr. Póvoa diz a verdade: ele, de fato, não é psicanalista.
Admito que errei quanto a esse detalhe, o qual, aliás, no conjunto da
questão, não fede nem cheira. É preciso ser um bocado teatral para
afirmar que essa imprecisão miúda e irrelevante atesta uma intenção de
"distorcer, mentir e manipular".
Atenciosamente,
Olavo de Carvalho
Picuinhas comunistas
— Roubaram-nos o Carpeaux!
— Quem foi?
O leitor brasileiro não sabe que está sendo enganado, que cada página
dos grandes jornais do país é calculada, controlada e censurada pela
direção comunista que se apossou dessas publicações, cujos
proprietários, atemorizados pelo apoio ostensivo do governo Clinton à
esquerda brasileira, tentam salvar a pele ficando caladinhos e puxando,
quando podem, o saco de seus seqüestradores.
17/07/99
21/07/99
Noronha II
22/07/99
http://www.olavodecarvalho.org/textos/noronha2.htm16/4/2007 09:47:06
República Popular das Letras
Leituras recomendadas - 4
Você leu "O enigma que é solução"? Então conheça aqui um dos dados do problema.
De hoje em diante, quando você ouvir um sujeito defender "causas populares", verifique
primeiro se ele recebe dinheiro das fundações Ford, Rockefeller ou Carnegie.
se de três coisas: 1ª Neoliberalismo não tem nada a ver com liberalismo. Liberalismo é
liberdade para a iniciativa econômica popular; neoliberalismo é economia global dirigida — o
raciais etc. etc.). 3ª A palavra "neoliberalismo", na nossa imprensa, não significa nada disso,
mas é sinônimo de FHC. Ao falar contra o neoliberalismo, a esquerda está apenas disputando
com FHC o cargo de executor local dos planos neoliberais. Ela jamais baterá de frente nos
interesses estrangeiros que a sustentam. Não se trata portanto de uma luta contra o dono,
mas apenas contra o gerente. Derrubado FHC, mudará o estilo da subserviência: passaremos
do esculacho risonho à anarquia sangrenta. Os donos do mundo já anunciaram: para eles, dá
na mesma.
Caro Diogo,
Daniel Piza
Que o sr. Piza Nabolla enalteça até às nuvens a micharia que, com
atrozes dores de parturiente, foi tudo quanto até hoje o seu cérebro
criador pôde dar ao mundo, é coisa que não se deve estranhar, pois,
afinal, até as ratazanas lambem as crias, sem nojo algum e até com ares
de quem pariu coisa que preste.
que juntar artigos", só mostra que não tem a menor idéia do que seja a
pesquisa e edição de textos literários. Não posso, evidentemente,
argumentar com alguém que ignora tão completamente um dado
essencial da discussão. Mas esse dado é acessível a qualquer aluno de
letras e é, na verdade, a condição prévia para o ingresso nos estudos
literários, de vez que nenhum estudante incapaz de distinguir entre uma
simples publicação comercial e um documento preparado para uso
científico logrará chegar ao fim do primeiro ano de faculdade.
Mas não é somente no aspecto intelectual que o sr. Nabolla Piza está
bem abaixo das responsabilidades que nominalmente lhe incumbem.
Pelo lado moral ele não está nada melhor. Pois, além de ser um
30/07/99
LEIA TAMBÉM:
Os roedores da glória
de José Ingenieros
ABAIXO EU.
3º Aceito contribuições para a campanha pela minha própria extinção.
Se a campanha não lograr alcançar suas altas finalidades, os fundos
02/08/99
25/06/99
N.
Prezada amiga,
Muito obrigado pela sua atenção aos meus escritos e pelas palavras
gentis com que se refere a eles. Quanto ao assunto dos índios, ligue para
a Biblioteca do Exército (021 519-5707, 516-2366) e peça um exemplar
do livro "A Farsa Yanomami". É um depoimento escrito por um major
do Exército, ex-secretário de Segurança de Roraima, quando estava para
morrer de câncer, e tem o peso das palavras dos moribundos. Esse livro
lhe dará uma idéia de coisas abismantes que se passam dentro do
território nacional com a cumplicidade do governo e da imprensa. O
único jornalista que se atraveu a tocar no assunto, Janer Cristaldo, foi
posto na lista negra e não há mais lugar para ele na imprensa de São
Paulo.
Quanto ao MST, com uma das mãos recebe dinheiro do Exterior e com a
outra vai atacando e desmantelando a estrutura agrária brasileira até o
ponto em que as fazendas se tornam inviáveis e têm de ser vendidas a
firmas estrangeiras. Você já notou que nenhuma propriedade americana
foi invadida até hoje pelo MST?
Vou parar por aqui, porque estou cansado e tenho de ir dormir. Mas
acho que já dá para você fazer uma idéia de quanto o nosso país está
cercado e amarrado, e de quanto a esquerda, junto com o governo, é
responsável por isso.
Olavo de Carvalho
Post scriptum
está lutando para se afirmar como nação numa época em que tudo vai
contra isso. Nossa chance é pequena e temos de usar a cabeça, senão
seremos esmagados entre as tenazes da Nova Ordem Mundial. O maior
perigo é a divisão do nosso país entre forças políticas — estatizantes
versus privatizantes, MST versus FHC, negros versus brancos — cujo
confronto foi planejado pelos senhores da Nova Ordem para produzir,
pela técnica do "gerenciamento de conflitos", os mesmos resultados
independentemente de quem seja o vencedor nominal da parada. Esse
resultado chama-se: dissolução do poder nacional.
07/08/99
Obrigado
9 de Agosto de 1999
Prezados amigos,
Olavo de Carvalho
solidariedade, um, um só, veio agravar a tristeza e o desgosto que, diante dos
fatos que venho relatando, não posso evitar sentir. Num tom de certeza
truque dos mais rasos", e ainda afirmava que meus escritos se compunham de
tantas preocupações quanto à minha vida e à dos meus, ainda tive a pachorra
de responder a esse missivista, chegando a trocar com ele uns três ou quatro e-
mails que já iam virando mais uma depois de tantas polêmicas de imprensa.
Foi só aos poucos que me dei conta do desatino em que ia entrando. O cidadão
eu, como se tivesse todo o tempo e todo o sossego do mundo, ainda lhe
tal modo sua vítima que esta não se dá conta do que está se passando e cai
naquela hora aquele tipo de duelo verbal eram quase inimagináveis — e, por
isto mesmo, custei a imaginá-las e percebê-las. Quando dei por mim, já havia
nem um pouco, e tanto não as queria que, sem pedi-las, me havia julgado e
brasileira é boa e eu sou mau. Por uns instantes pensei em reproduzir aqui as
cartinhas infames. Depois examinei melhor o assunto, e julguei que não era o
caso. Para que expor com detalhes a baixeza de quem procurava transformar
não vou insistir nisso. Não é preciso nem mesmo dar o nome do remetente.
Ele sabe quem ele é — e não há nada no mundo que possa libertá-lo deste
castigo.
O sr. Stedile não deve ter apreciado muito essas observações, pois,
quando chegou a sua vez de me interpelar, recusou-se a fazê-lo,
bufando, esfregando nervosamente as mãos e alegando que seu
oponente não merecia a honra de ser interrogado, afirmação que
interpretei como sinal de que suas perguntas, se as fizesse, teriam sido
demasiado científicas para os meus parcos recursos intelectivos.
Mas conto esse episódio só para ilustrar que, em plena crise da justiça,
reconhecida e proclamada por todos, o estrato mais profundo da vida
brasileira, a vida do povo brasileiro, permanece obediente a regras
tradicionais de convivência que nem a confusão das leis, nem a
perplexidade dos intelectuais urbanos, nem a brutalidade e a corrupção
das grandes cidades lograram abalar.
Essa crise, para piorar, não vem só de dentro. De todos os lados, vendo a
justiça vacilar, outros homens letrados perdem a confiança nela e a
atacam, desejando subjugá-la, pedindo que seja submetida a controle
externo — como se o controlador não tivesse de ser em seguida
controlado por outro controlador, e este por outro, e assim por diante
infindavelmente, e como se a proliferação dos controles não fosse, por si
própria, a prova mais eloqüente do descontrole do conjunto.
Nesse caso, a justiça brasileira não está em crise só neste momento. Ela
viveu em crise, pelo menos, desde o século passado.
Agora, os novos moldes não esperam até que os copiemos. Já não somos
nós que os procuramos. São eles que nos procuram, são eles que se
impõem, respaldados em poderes incalculavelmente vastos que decidem
os destinos do mundo e não nos perguntam se concordamos.
modernidade.
A questão que se coloca para todos nós, nesta hora, é se esta adaptação
supremamente radical e brusca não abrirá até às dimensões de um
abismo intransponível o hiato já existente entre a cultura do nosso povo
e as instituições legais com que as classes letradas procuram revesti-la.
A questão é saber se, para ajustar-nos ao mundo, não nos
A Nova Ordem Mundial, por si — garanto —, não está nem ligando para
esse problema. O que ela quer é obediência, ajuste, concordância,
coerência geométrica de um mundo arquitetado por engenheiros
comportamentais para a maior glória do poder global. Se para tanto for
preciso esmagar aqui e ali um país a mais ou a menos, quem se importa?
O carro da História, dizia Trotski, esmaga as flores do caminho.
Entre o carro e as flores, deixo portanto vocês ante esse enigma, que não
me cabe resolver em seu lugar.
26/08/99
Medalha do Pacificador
Mas com os militares ainda se pode falar o português claro e dizer, sem
medo de represálias lingüísticas, que dois mais dois são quatro, que as
vacas dão leite e as galinhas botam ovos, que imperialismo é
imperialismo e Brasil é Brasil.
Olavo de Carvalho
Para escapar do íncubo marxista, não basta falar mal dele. É preciso,
decididamente, tomar outra direção, contornar as discussões sem fim
sobre as bases econômicas da História, experimentar olhar a sociedade
humana por outras claves e demonstrar que estas são mais eficazes e
dotadas de maior força explicativa.
Dos muitos livros que li sobre o Brasil, só uns poucos ousavam buscar
chaves explicativas totalmente diferentes, irredutíveis a todo
cientificismo materialista e a todo marxismo residual. Um foi "O
Patriarca e o Bacharel", de Luís Martins, que estudava certas condutas
típicas da nossa classe dominante a luz da psicanálise ortodoxa. Mas,
depois de Herbert Marcuse, tornou-se fácil reintegrar na vulgata
marxista qualquer diagnóstico psicossocial freudiano, e com isto o livro
de Luís Martins perdeu o veneno. Outro foi "Desenvolvimento e
Cultura", de Mário Vieira de Mello, que, abordando o esteticismo
congênito da nossa cultura letrada, herdado de Rousseau e
Schopenhauer, acabava por encontrar para certas constantes da vida
nacional explicações bem mais sólidas e razoáveis do se poderiam
encontrar em qualquer neomarxismo consciente ou inconsciente, seja
uspiano, puquiano, isebiano ou o escambau. Mas Vieira de Mello não
voltou ao assunto. Derivou para temas doutrinais de filosofia política, e
o veio aberto pela sua sondagem da nossa psicologia nacional
permaneceu inexplorado. Só quem ousou abrir um novo caminho e
percorrê-lo, com notável teimosia, até consolidar certos resultados na
forma de uma visão integral da sociedade brasileira, foi José Osvaldo de
Meira Penna.
Mas, quando digo escola, é preciso ver que o faço "cum grano salis". A
escola junguiana pode ser acusada de tudo (e eu próprio a acuso de
muitas coisas), menos do rígido ortodoxismo que se imputa, com razão,
despertador. Eles não deixam você fingir que acorda. Eles sacodem você
da cama e, em vez de apenas sonhar com alternativas ao marxismo,
provam o movimento andando.
Se Meira Penna não houvesse escrito mais nada, só com esses dois livros
ele já estaria colocado num posto bem alto no panteão de clássicos dos
estudos brasileiros. Que poucos tenham percebido que ele já está lá faz
tempo, é algo que em nada depõe contra ele. Depõe é contra os muitos,
que, para variar, não sabem o que estão perdendo. Quanto a vocês, aqui
reunidos, os "happy few", o seleto fã-clube de Meira Penna,
cumprimento-os pelo seu discernimento e bom gosto, o que no fim das
contas, me desculpem, é cumprimentar a mim mesmo, que há décadas
sou sócio-atleta desta bem-aventurada confraria.
Jornalismo e verdade
Há dois grupos de interesse que hoje partilham quase sem conflitos, por
um acordo de cavalheiros, o domínio sobre o jornalismo nacional: os
donos das empresas e os grupos políticos que fazem a cabeça da classe
jornalística. Os primeiros entendem jornais e revistas como produtos,
que devem atender à demanda do mercado. Os segundos entendem-nos
como meios de criar ressentimento e ódio no povo para produzir uma
revolução e tomar o poder. Na perspectiva dos primeiros, objetividade
Que los hay, los hay. Mas não vou citar nomes.
Cada um tem o seu ideal, e o jornalismo ideal seria aquele que desse
campo livre à pluralidade de ideais, portanto à variedade das formas
também. Se eu fosse dirigir um jornal, me inspiraria na divisa do "Pif-
Paf" de Millôr Fernandes – "Enfim, um escritor sem estilo" – e
estamparia logo na primeira página: "Enfim, um jornal sem linha
editorial."
17/10/99
Quatro palermas
Não é preciso dizer que este também sai todo contente, como se tivesse
feito realmente alguma coisa, remirando-se deleitosamente no espelho
que lhe serve de consciência e pronunciando sobre si mesmo o juízo de
consagração definitiva: "Mãe, olha eu.!"
25/10/99
O bicho-síntese
08/09/99
História e Ilusão
Olavo de Carvalho
26/09/99
Todo brasileiro que faça alguma coisa pelo seu país deve estar
preparado para ver as sementes que lançou no solo pátrio
germinarem antes no Exterior do que aqui. Se a imprensa local fez
tudo o que pôde para ocultar os meus esforços de editor e biógrafo de
Otto Maria Carpeaux, o Center for Portuguese Studies and
Culture da Dartmouth University, ao preparar sob a direção do
Prof. João Cezar de Castro Rocha uma edição especial de
Portuguese Literary & Cultural Studies que estuda as influências
estrangeiras na formação da cultura nacional, e que não podia deixar
de conter um capítulo sobre a obra de Carpeaux, não hesitou em
encomendá-lo a alguém que se dedicara seriamente ao resgate dessa
obra, em vez de pedi-lo aos tradicionais aproveitadores políticos e
saqueadores de túmulos.
Como tantos outros brasileiros que passaram por essa situação, não
posso deixar de considerá-la ao mesmo tempo reconfortante e
Olavo de Carvalho
----------------
Por isso não é exato dizer, como Franklin de Oliveira, que o maior
mérito de Carpeaux é ter introduzido no Brasil os métodos da
Geisteswissenschaft de Dilthey. A História da Literatura Ocidental, se
bem que moldada à luz desses métodos, é algo mais que simples
divulgação deles. É realização que ultrapassa, por sua amplitude e
perfeição, qualquer aplicação que os próprios inventores deles possam
ter-lhes dado. Nesse sentido, ela não é uma contribuição da escola de
Dilthey à cultura brasileira, mas uma contribuição brasileira à escola de
Dilthey.
13/10/99
Da dúvida crédula
Olavo de Carvalho
14/12/99
É o impulso mais alto e mais nobre da alma humana. É dele que nascem
todas as descobertas da sabedoria e das ciências, a possibilidade mesma
da vida organizada em sociedade, a ordem, as leis, a religião, a
moralidade, e mesmo, por refração, as criações da arte e da técnica que
tornam a existência terrestre menos sofrida.
Nessas duas exigências está contida, dizia Cristo, toda a lei e os profetas.
***
***
não têm força sequer para tomar consciência da sua própria miséria
espiritual.
5. É exatamente por isso que toda ideologia nacionalista, entre nós, tem
sido simplesmente reativa e oportunista, já que não pode se fundar em
valores espirituais inexistentes. A pressa com que nosso povo copia
hábitos e modos de falar estrangeiros, dando mesmo a seus filhos
nomes ingleses ou franceses, mostra a profunda indiferença popular por
uma cultura que nada tem a lhe dizer sobre o sentido da vida e que, no
máximo, lhe fornece, na música popular, no futebol e no Carnaval, os
meios e a ocasião de se anestesiar, por meio de ruídos sem sentido,
contra o sem-sentido da vida. Nosso nacionalismo, por isto, não pode se
compor de verdadeiro amor à pátria, exceto em estreitos círculos — por
exemplo nas Forças Armadas ou em antigas famílias de altos servidores
públicos — que têm sua história comunitária ligada às lutas pela
formação política do Brasil e por isto amam sua criação. Pode também
haver um certo amor à pátria na constatação direta de certas virtudes
espontâneas da sociedade brasileira, mas esta constatação, em vez de
ser reforçada no nível da cultura letrada é aí desmentida à força de
OLAVO DE CARVALHO
31/12/99
NOTAS
1. Sempre houve por isso uma tensão criadora entre a abordagem "interna" ou
espiritual desses estudos e a sua abordagem "externa": cultural, histórica,
sociológica, etc. Um exemplo do primeiro ponto de vista — um corte "estático" no
panorama das espiritualidades mundiais, mostrando a substancial unidade das
experiências interiores em todas as épocas e civilizações — é dado na monumental
antologia de textos sagrados, espirituais e místicos organizada por Whitall N.
Perry sob o título A Treasury of Traditional Wisdom (Pates Manor, Bedfont,
Middlexex: Perennial Books, 1971, 2nd. Ed. 1981). A abordagem "externa" é
também necessária, mas é realizada em geral por diletantes a quem o sentido
"interno" escapa por completo — Mauss, Benedict, Mead, Lévy-Strauss, Sapir,
para não falar nada da vulgata marxista —, e seu resultado é praticamente nulo.
Mircea Eliade, no seu clássico Tratado de História das Religiões, parte de uma
efetiva apreensão interior da unidade, mas, diante da variedade dos fenômenos
que a manifestam, não consegue passar da primeira etapa do esforço de
racionalização científica, que é a classificação. Bem mais longe vai Eric Voegelin
em Order and History, 5 vols., Baton Rouge: Louisiana University Press, 1956-
1981, gigantesco e bem sucedido esforço de articular, segundo um corpo
organizado de conceitos e métodos, a unidade latente da percepção da ordem e a
sucessão histórica de suas várias manifestações.
2. Um breve exame da regularidade invariável com que esse fenômeno se repete ao
longo das eras, bem como da constância com que em torno deles se articulam as
grandes mutações históricas, basta para notar que o Primeiro e o Segundo
Mandamentos não são apenas as banais receitas normativas e devocionais em que
os converteu a estúpida pseudo-religiosidade contemporânea (vaticana inclusa),
mas a clave reguladora do devir, os princípios fundamentais da ontologia do ser
histórico.
3. Imaginar que essa macabra inversão da realidade pudesse levar a outro resultado
que não à criação do Estado mais homicida que já existiu é coisa de hipnotizados.
O marxismo é a causa intelectual direta de tudo o que se passou no mundo
comunista e todo marxista é cúmplice consciente ou inconsciente do genocídio
soviético-chinês. — Aliás, já passei do tempo em que, tendo-me despedido do meu
marxismo juvenil, ainda podia falar de Karl Marx com respeito. Quanto mais o
conheço, mais o desprezo. Ele nunca foi filósofo, foi apenas um satanista
deslumbrado, um mentiroso contumaz e um charlatão capaz das piores
falsificações científicas, além de um racista capaz de se referir a negros e orientais
como "lixo étnico", um burguês hipócrita capaz de proibir à mesa da família a
presença do filho bastardo que tivera com a empregada, e, o que é pior de tudo,
um espião a serviço do governo austríaco, delatando por baixo do pano os
mesmos companheiros nos quais insuflava o ardor revolucionário com discursos
impregnados de ódio. Se querem tirar a dúvida, leiam, além dos capítulos
indispensáveis que lhe dedicaram Paul Johnson em Intelectuais e Edmund
Wilson em Rumo à Estação Finlândia, o assombroso Marx and Satan, de
Richard Wurmbrand. O pastor Wurmbrand, uma das figuras exponenciais da
espiritualidade do século XX, judeu convertido ao protestantismo, foi preso e
torturado pelos comunistas durante quatorze anos (as cicatrizes das torturas
repetidas foram comprovadas por uma comissão da ONU) pelo crime de levar o
conforto religioso aos prisioneiros.
4. Creio que a obra de Mário Ferreira dos Santos contém mais de um registro de
descoberta espiritual originária e que, por isto mesmo, quando a palavra "Brasil"
tiver se apagado da memória do mundo, essa obra ainda viverá. Mas, por
enquanto, não há lugar para ela numa cultura nacional que ainda não se elevou à
altura de compreendê-la, e por isto seria injusto chamá-la de contribuição
"brasileira". Um país não tem nenhum direito de se apropriar de méritos que não
soube sequer reconhecer. Trata-se portanto de descoberta de um indivíduo, que
por estar fora da sua cultura nacional nada deve a ela e, a rigor, vale mais do que
ela inteira.
Difícil é admitir que um problema tão geral deve ter causas também
gerais, isto é, que não pertence àquela classe de obstáculos que podem
ser removidos pela ação oficial, mas àquela outra que só nós mesmos, o
povo, a "sociedade civil", estamos à altura de enfrentar, não mediante
mobilizações públicas de entusiasmo epidérmico, e sim mediante a
Se ele olha para os cartazes dos teatros, nota que certas peças estão
sendo reencenadas este ano porque são reencenadas todos os anos, ao
passo que outras, que fizeram algum sucesso no ano passado,
desapareceram do repertório. Basta isto para que ele adquira um senso
da diferença entre o que importa e o que não importa.
Na escola, ele sabe que vai aprender certas coisas que seus pais, avós e
bisavós também aprenderam, e outras que são novidade e que talvez
terão desaparecido do currículo na geração seguinte.
Mas que destino terá o jovem pensador que, a braços com o debate
filosófico, se veja privado de uma perspectiva histórica, de uma visão da
evolução das discussões, de um conhecimento enfim, do status
quaestionis? Mesmo na doce hipótese de que por natural instinto de
comedimento ele se recuse ao bate-boca estéril e prefira trancar-se em
Quem esteja consciente dessas coisas não poderá deixar de admitir que
elas são a conseqüência inapelável da nossa incapacidade, ou recusa, de
absorver o legado histórico da Europa e do mundo. Quanto mais nos
"libertamos" de um passado que daria sentido de historicidade à nossa
inteligência, mais nos tornamos escravos de uma atualidade invasiva
que a desorienta e debilita.
viciados e conjeturações ociosas que não nos deixam pensar nem agir.
Oferecer a um povo esse tipo de falsa libertação é algo que está, para
mim, na escala dos grandes crimes, na escala do genocídio cultural. E
não é de espantar que, no meio de tantas hesitações e equívocos,
ninguém seja capaz de perceber a ligação óbvia entre esse tipo de
iniciativas "modernizantes" e o estado catastrófico de uma cultura que
se entrega sem reação, por mínima que seja, ao estupro midiático
internacional. Não é de espantar que ninguém note o elo de
cumplicidade -- secreta mas indissolúvel -- entre o fetichismo da
independência estereotipada e a realidade da dependência crescente.
cretinas.
08/11/99
NOTA
Tombando como bombas sobre uma superfície mole e disforme onde nada lhes
resiste, as imagens dos os ídolos da TV assumem a dimensão de arquétipos
formadores. O peso de 50 milênios de história da civilização recua para uma
distância inalcançável, torna-se evanescente e como que irreal, enquanto umas
aparências que se agitam na telinha ocupam todo o espaço visível e se impõem
como a única realidade.
Querem medir a profundidade desse impacto? Reparem nos nomes das pessoas.
A cada nova investida da mídia, uma nova geração de brasileiros se desgarra da
história para flutuar, como asteróides errantes, no mundo das identidades
Esses nomes não são bons augúrios, como os do arcanjo São Miguel e da deusa
Diana: são pragas sinistras lançadas sobre inocentes. Precisamente por carregar
nome grotescos essas crianças terão dificuldade de ascender socialmente no seu
próprio país. Em segundo lugar, o personagem cujo nome se copia é, em si
mesmo, um nada, um fogo-fátuo, destinado a desaparecer sob a maré de novas
imagens da mídia. Aos quarenta anos, quem carregue seu nome será um
anacronismo vivo, como o é hoje quem se chame Neil ou por conta de Neil Sedaka
ou Pat em homenagem a Pat Boone.
As intenções dos pais terão se desvanecido junto com essas glórias de quinze
minutos. Os nomes dessas crianças serão as marcas aviltantes de uma irrecorrível
condenação à insignificância.
em fase de revisão.) – O. de C.
O texto que se vai ler foi redigido inicialmente por Émile Boutroux
como verbete para a Grande Encyclopédie (Paris, 1886) e depois
incluído pelo autor nos seus Études d’Histoire de la Philosophie (1897).
Com seus cento e tantos anos de idade, ainda é uma das melhores
introduções ao estudo da filosofia de Aristóteles (2), e, fora um ou
outro ponto corrigido pela pesquisa mais recente ~ do qual dou ciência
nas notas de rodapé ~, dificilmente se encontrará um guia mais seguro
para orientar os primeiros passos do estudante que ingressa no
assunto.
God said: "Let Newton be!" ~ and all was light. (4)
Assim, ficou o dito pelo não dito. A "época das Luzes" faz-se de
avestruz, despede-se de Leibniz com as chacotas de Voltaire (que o
caricatura sob o personagem do Dr. Pangloss) e deixa as objeções para
depois, sem imaginar que renasceriam com força centuplicada no
século XX.
A ciência deste fim de século pode não estar ainda totalmente livre da
contaminação mecanicista, com o seu cortejo de seqüelas totalitárias.
Mas a ampliação do horizonte das perguntas possíveis foi tal, que hoje
em dia nenhum filósofo ou cientista pode, sem incorrer em pecado de
dogmatismo que não passará despercebido a ninguém, proclamar a
existência de um abismo intransponível entre a ciência moderna e a
ciência antiga e medieval, nem muito menos instalar-se na primeira
com a presunção cega com que, ainda em 1932, um Léon Brunschvicg,
lendo os sábios do passado, se sentia um homem adulto a ouvir
histórias de crianças. (16)
Olavo de Carvalho
NOTAS
1. Utilizamos para a tradução o texto da 4ª ed., Paris, Alcan, 1925. Por motivos
técnicos, omitimos nesta edição os acentos das palavras gregas citadas.
2. E, para continuar esses estudos, nada melhor que as Lições sobre Aristóteles
pronunciadas por Boutroux na École Normale Supérieure entre 1879 e 1879, que
serão publicadas proximamente nesta coleção.
3. Albert Einstein e Leopold Infeld, A Evolução da Física, trad. Giasone Rebuà, Rio,
Zahar, 1976, Cap. I ("A ascensão do conceito mecânico").
4. William Blake.
5. Discours de Métaphysique, § 12.
6. Cf. N. Denyer, "Can physics be exact?", em F. De Gandt e P. Souffrin (eds.), La
Physique d’Aristote et les Conditions d’une Science de la Nature. Actes du
Colloque organisé par le Séminaire d’Epistémologie et d’Histoire des Sciences de
Nice, Paris, Vrin, 1991, pp. 73-83.
7. Cf. F. De Gandt, "Sur la détermination du mouvement selon Aristote et les
conditions d’une mathématisation", em F. De Gandt e P. Souffrin, op. cit., pp. 85-
105.
8. De l’Habitude (1838), ed. Jean-François Courtine, Paris, Vrin, 1984, p. 1. ~ Do
Hábito é uma das edições programadas para a presente coleção.
9. Ciencia Moderna y Sabiduría Tradicional, trad. Jordi Quingles y Alejandro
Corniero, Madri, Taurus, 1979, p. 9. ~ Uma coletânea de escritos de Burckhardt
sobre o tema está programada para a presente coleção.
10. Símbolos Naturales. Exploraciones en Cosmología, trad. Carmen Criado, Madri,
Alianza Editorial, 1988.
11. The Encounter of Man and Nature. The Spiritual Crisis of Modern Man,
Londres, Allen and Unwin, 1968 (Há tradução brasileira, O Homem e a Natureza,
Rio, Zahar).
12. Raymond Ruyer, La Gnose de Princeton. Des Savants à la Recherche d’une
Réligion, 2ª ed., Paris, 1977.
13. Op. cit., p. 59.
14. "The principles of universal habit", publicado em: Peter Lorie and Sidd Murray-
Clark, History of the Future: a Chronology, Londres, Pyramid Books, 1989, pp.
16-19.
15. V. Michel Foucault, Les Mots et les Choses. Une Archéologie des Sciences
Humaines, Paris, Gallimard, 1966, pp. 32 ss.
16. Léon Brunchvicg, Les Âges de l’Intelligence, Paris, P.U.F., 1934 (curso da
Sorbonne em 1932; 4ª ed., 1954).
17. Ernest Renan, L’Avenir de la Science, em Pages Choisies, Paris, Calmann-Lévy,
1890, p. 231.
18. Que Aristóteles visse nos astros uma estabilidade e permanência divinas,
confundindo assim com o reino metafísico uma parte do mundo físico, é
evidentemente uma aplicação particular errada de uma distinção geral que, em si,
permanece válida. Mas tal era a atmosfera de hostilidade antiaristotélica (no
fundo, antiescolástica ou anticatólica) no Renascimento, que a criança foi jogada
fora com a água do banho: ao rejeitar as concepções astronômicas de Aristóteles,
a nova ciência desprezou, junto com elas, a fina distinção entre o domínio físico e
o metafísico, que já continha em seu bojo a antecipação do probabilismo
leibniziano. Confundindo o acidental com o essencial, viciou na raiz suas próprias
aspirações de progresso e acabou por aprisionar-se, pois dois séculos, na ilusão
mecanicista.
19. V. René Thom, "Matière, forme et catastrophes", em M. A. Sinaceur (org.), Penser
avec Aristote, Toulouse, Ères-Unesco, 1991, pp. 367-398.
20. André Canivez, "Aspects de la philosophie française", em Yvon Belaval (org.),
Gilberto Freyre:
maior que a própria imagem
O livro de Caio Prado Jr. pareceria, dos três, o menos assimilável. Mas o
alinhamento tático dos comunistas com a burguesia nacionalista,
estritamente seguido pelo autor, fez com que a análise marxista da
nossa História se tornasse um argumento em favor da industrialização
do país, então iniciada por empresários de São Paulo com o apoio de um
governo fortemente imbuído das idéias protecionistas do economista
romeno Mihail Manoilescu. Da Formação do Brasil Contemporâneo, as
É evidente que Casa Grande & Senzala, por si, já trazia em germe toda a
ciência freyreana, mas, como dizia Hegel, quando perguntamos o que é
um carvalho não nos contentamos com que alguém nos mostre uma
bolota. O sentido pleno desse grande livro, só o conquista quem
consinta em examiná-lo à luz de tudo o que dele foi provindo, aos
poucos, no curso de uma carreira de cientista, pensador e escritor que
foi marcada pela auto-renovação constante numa linha de fidelidade a
um projeto inicial. Aí revela-se que esse projeto não foi só o de renovar
os estudos sociais brasileiros mediante a aplicação de novos métodos
aprendidos no Exterior, especialmente de Franz Boas, mas, ao
contrário, o de renovar toda a ciência social mundial mediante a
invenção de métodos revolucionários, que ao mestre de Columbia
Foi por ter-se situado desde o início nessa perspectiva ao mesmo tempo
central e abrangente que Gilberto Freyre pôde tornar-se o inaugurador
— nem sempre reconhecido — de tantos métodos e enfoques que,
parecendo marginais e esquisitos na época, viriam mais tarde a se
tornar universalmente dominantes. Já nas páginas de Casa Grande &
Senzala o leitor comprovará que Gilberto, no início da década de 30, já
praticava com a naturalidade de um velho conhecedor as técnicas
interdisciplinares, o enfoque sistêmico, o holismo, a abordagem
ecológica, a "história das mentalidades", a "história da vida privada" e
não sei mais quantos estilos de pensar que depois entraram na moda
sob os nomes de outros autores. E basta comparar este livro com o
tratado Sociologia para perceber que essa antecipação não foi apenas o
golpe de sorte de uma inteligência notavelmente intuitiva, mas sim um
esforço de ciência sistemática, fundada na mais explícita consciência
dos problemas metodológicos envolvidos nessa tentativa pioneira e bem
sucedida.
Não vejo o menor sentido em transigir com isso. Para mim, Gilberto é
uma das encarnações permanentes do gênio brasileiro no que ele tem de
mais alto e portanto de mais inassimilável à "cultura brasileira", no
sentido redutivo de medianidade típica que hoje se dá correntemente a
25/12/99
Vocações e equívocos
Olavo de Carvalho
Vocação vem do verbo latino voco, vocare, que quer dizer "chamar".
Quem faz algo por vocação sente que é chamado a isso pela voz de uma
entidade superior — Deus, a humanidade, a História, ou, como diria
Viktor Frankl, o sentido da vida.
Quigley e as armas
Não é possível ser mais claro do que isso. A democracia não apenas
requer a proliferação de armas entre os cidadãos, mas é um produto
dela. Clinton aprendeu isso com Quigley e sabe que tomar as armas do
povo é extinguir a democracia. Quando ele atingir esse resultado e
houver choro e ranger de dentes, que ninguém, portanto, o acuse de
imprevidência. Ele previu, desejou e fez.
Olavo de Carvalho
17/02/00
Carta e comentários
Querido professor,
Não fique triste, querida, pois decepções com amigos de juventude são
uma fatalidade incontornável na vida de quem aprende, evolui e vê os
companheiros de geração ficando cada vez mais para trás, cada vez mais
burros, cada vez mais rígidos e encarquilhados naquela forma de velhice
que é, de todas, a única realmente lamentável: a velhice de livre escolha.
Certa vez um amigo meu, a quem a ditadura preservou da decadência
obrigando-o a refugiar-se nos EUA, onde acabou casando e ficando, veio
visitar a terrinha e me convidou a ir a um jantar de ex-alunos do nosso
antigo colégio. "Não vá lá", aconselhei. Ele foi. No dia seguinte estava
acabrunhado com o espetáculo de decrepitude prematura que acabara
por presenciar. Da infância e da adolescência devemos conservar
somente o espírito — a curiosidade da primeira, a coragem da segunda
—, nunca as pessoas, a não ser que elas conservem esse espírito
também, mas aí já não se tratará de amigos de ontem, e sim de amigos
de sempre. Curiosamente, a maior parte de meus amigos tem trinta
anos a mais ou a menos que eu: meu círculo de relações divide-se numa
ala geriátrica e outra pediátrica. Da minha geração sobraram só três,
que estão, veja só, um nos EUA, outro na Itália, outro na China. Dos
demais, pouco me importo, pois são a geração mais calhorda que este
país já teve — a geração decadente por excelência, no sentido que
Rosenstock dá à palavra: "Decadência é ficar acovardado por dúvidas e
não ter a coragem de transmitir uma fé à geração seguinte. A decadência
da geração mais velha produz a barbárie da mais jovem." Olhe o José
Serra e compreenderá o Marcos Bagno.
Estou lhe comentando esses fatos, embora saiba que em nada há de lhe
afetar, para corroborar aquilo que penso a seu respeito. Quando lhe
chamo "querido Professor" é por ter um respeito enorme pela sua
condição de professor e filósofo, e por confirmar isso na prática,
tomando como premissa o que o sr. fala na fita nº 3: " O filósofo é
aquele que transmite um ensinamento, dá o exemplo e exerce uma
influência". Eu venho aprendendo com os seus ensinamentos, seus
exemplos e isso, de certa forma, me influencia intelectualmente. Tenho
aprendido a ver com olhos mais críticos e a exercitar a lógica, tão sua
íntima. Por natureza (e formação - sou psicóloga clínica de linha
freudiana) sou muito analítica: analiso tudo, levanto mil hipóteses,
vejo todas as possibilidades, até chegar a uma conclusão. Mas, sempre
que leio um artigo seu ou assisto uma fita das aulas do Seminário,
acabo com a mesma pergunta: "Por que eu não pensei nisso antes?"
Obs. – "Por que é que eu não pensei nisso antes?" é o mais alto elogio
que se pode fazer a um pensador. Muito obrigado, minha querida.
jogando confete, até porque acho isso medíocre e babaca; quando lhe
digo essas coisas é por honestidade de pensamento e entusiasmo,
enorme até, acreditando que o feed-back é uma coisa necessária
(embora o sr. já não precise mais disso).
Obs. – "Raivoso" é óbvio que não sou. Uma das coisas que mais irritam
certos fulanos é justamente sua incapacidade de me irritar, de me fazer
perder o bom-humor e a desenvoltura verbal que vem dele. Não sou
raivoso, mas eles adorariam que eu o fosse, pois a raiva emburrece e
deixa a gente à mercê do adversário. Todo sujeito raivoso escreve
naquele tom de pretensa dignidade ofendida que se infla e engrandece
para impressionar e só consegue é cair no ridículo. Como eles ficariam
felizes se eu lhes desse assim minha cara a tapa, como eles tão
generosamente me dão as suas. Já "arrogante" vem de ab-rogare, =
"exigir antes", e designa o ator que exige aplausos antes do espetáculo.
Decerto não é o meu caso, pois esperei até os 48 anos para publicar meu
primeiro livro justamente para me certificar de que havia superado a
ânsia juvenil de aplausos, mesmo depois do espetáculo. Quanto a
"reacionário", não é qualificativo totalmente injusto. "Reacionário" é a
palavra com que os candidatos a tiranos designam aqueles que oferecem
uma incômoda resistência às suas tentativas de assalto ao poder. Os
comunistas usaram esse termo nos versos da "Internacional" e os
nazistas na "Canção de Horst Wessel" para qualificar seus inimigos. A
crença subentendida é que quem é contra eles é contra o progresso. Se o
progresso consiste em botar essa gente no governo, então sou
reacionário, sim, com muita honra, como o foram Nelson Rodrigues, T.
S. Eliot, Jorge Luís Borges, Miguel de Unamuno, Fernando Pessoa e
Agora, tem uma coisa que eu queria lhe dizer: a qualidade das fitas (ou
a pouca qualidade) tem dificultado a compreensão das palavras ditas
em certos momentos, pois com a tradutora, muitas vezes ela não
espera o sr. acabar de falar, de modo que nem escutamos o que o sr.
diz, nem o que ela diz. Às vezes, também, o sr. põe a mão na boca, num
gesto super-comum, mas abafa o som, tornando-o ininteligível. É
possível minimizar essas falhas? Estou tentando transcrever as fitas,
mas esses acidentes dificultam bastante. Perdoe a exigência; é que
tudo isso tem sido muito importante para mim. Até quando o sr. fica
no Brasil? Depois que o sr. voltar, posso continuar escrevendo? Se eu
não estiver sendo chata, cansativa, inconveniente, gostava imenso que
isso fosse possível, mas, por favor, me informe se isso lhe desagrada.
Falsíssimo Veríssimo
Não vou aqui apelar ao expediente demasiado óbvio de dizer que o sr.
Veríssimo, jamais tendo se notabilizado como praticante de artes
matemáticas, e não tendo feito outra coisa na vida senão juntar palavras
em vista do efeito desmoralizante que pudessem exercer sobre seus
desafetos políticos, é em tudo e por tudo um profissional do trivium e,
neste, especificamente da retórica, da qual o humorismo polêmico é
uma das ferramentas mais típicas e indispensáveis.
trivium e o quadrivium não tiveram nunca o sentido que ele lhes dá. Ele
foi parar tão longe do assunto que se torna difícil explicar onde errou,
porque todo erro supõe alguma referência à realidade, e as Artes
Liberais do sr. Veríssimo são apenas a imaginação de um caipira cuja
distância dos estudos medievais se mede em escala interestelar. A
lógica, por exemplo, nunca teve nada a ver com eloqüência -- pelo
menos no sentido atual e brasileiro do termo --, e a retórica excluía
expressamente do seu domínio a mera arte oratória com que a confunde
o sr. Veríssimo, concentrando-se antes na avaliação da credibilidade dos
argumentos perante os vários tipos de públicos e correspondendo,
mutatis mutandis, ao que hoje é a psicologia da comunicação, uma
ciência "de fatos" que, se pode ser acusada de alguma coisa, é de
pobreza de abstração. Quem quer que tenha dado ao menos uma
lambida na Retórica de Aristóteles sabe disso, donde concluo que o sr.
Veríssimo se absteve dessa experiência gustativa, talvez temendo que
pudesse lhe ser letal.
Por isto mesmo ele não pode ser acusado sequer de praticar a erística. O
argumentador erístico domina seu arsenal de truques e sabe quando
trapaceia. Já o sr. Veríssimo age com plena inocência, porque não tem a
menor idéia do que está dizendo. Comparando uma coisa que
desconhece com outra da qual tem apenas uma vaga idéia, ele chega a
conclusões que lembram as de um drogado recém-emerso de uma bad
trip a conjeturar em vão onde está e o que foi fazer ali.
E não é estranho que, tão despreparado para lidar com o assunto, o sr.
Veríssimo embarque por fim na confusão, que se tornou obrigatória na
nossa imprensa, entre "o poder" e "o governo". Refletindo a
incapacidade geral de discernir entre a organização jurídica nominal de
um país e as estruturas mais profundas que a determinam --
incapacidade que chega a ser espantosa numa geração que se gaba de
marxista --, o ocupante mais ou menos casual de um cargo eletivo
passou a ser "o poder", enquanto o vasto império midiático que lá o
colocou e de lá há de tirá-lo quando bem entenda se converte, por meio
da performance do sr. Veríssimo e grande elenco, na personificação do
não-poder, do excluído, do brasileiro pobre que geme inerme sob o
tacão dos poderosos. Com truques como esse (também meio
inconsciente, pois o sr. Veríssimo jamais seria esperto o bastante para
pensar numa coisa dessas), a classe falante oculta o seu próprio poder,
fazendo do governo o bode expiatório cujo ruidoso sacrifício permitirá
que, por baixo das sacudidas periódicas na superfície do noticiário, ela
permaneça, como Minas, onde sempre esteve.
Alguns dirão, lendo estas linhas, que abusei das minhas forças, que
joguei décadas de estudo contra um pobre cronista sem pretensões
eruditas. Mas o sr. Veríssimo, como aliás toda a geração de pessoas que
hoje dominam o pequeno jornalismo e o show business, não apenas tem
05/10/99
OLAVO DE CARVALHO
Diretor do Seminário de Filosofia
do Centro Universitário da Cidade, Rio de Janeiro
Comunicação apresentada ao
Seminário Internacional “Novo Mundo nos Trópicos”
Centenário do Nascimento de Gilberto Freyre
Fundação Gilberto Freyre, Recife, 24 de março de 2000
Dos nossos cientistas sociais, repito, nenhum levou mais a fundo essa
impregnação na natureza plástica e omnímoda do seu objeto, nem mais
longe sua disposição de abrir-se a todas as correntes, a todas as
hipóteses, a todas as perguntas.
Mas para apreender o objeto das ciências humanas não basta, como no
caso do objeto natural, distinguir o que é ação dele e o que é resposta
minha, e não basta precisamente porque, ao contrário do que acontece
com a luz, na qual estão fisicamente separadas as propriedades dela e as
reações da minha fisiologia, minha resposta à sociedade humana faz
parte constitutivamente dessa sociedade. Não podendo separá-las, o
modo de conhecê-las terá de consistir em articulá-las, o que faz da
ciência social, inseparavelmente, um exercício de autoconsciência.
Aquele que não sabe por onde e como a sociedade humana veio até ele e
o constituiu ao mesmo tempo como membro dela e como
individualidade distinta nada sabe da sociedade humana exceto pelos
meros nomes que, nos tratados de sociologia, designam os produtos da
abstração que outras inteligências operaram sobre ela. Esses nomes
podem ser combinados numa infinidade de sentenças, que em sua mera
formulação verbal podem ser compreendidas por pessoas que, jamais
tendo contado a si mesmas a história de seu próprio ingresso na
sociedade humana, não têm a condição de tornar presentes à sua
consciência os objetos de que elas falam. Pode-se compreender e até
discutir um tratado inteiro de sociologia, psicologia ou ciência política
sem quase nada saber da sociedade. A prova inequívoca de que isto
acontece se evidencia quando o estudioso não é capaz de apreender sua
Para escapar dessa armadilha, Gilberto Freyre vai à fonte mesma onde
se constitui o objeto da ciência social, que é a constituição da própria
consciência pessoal na sua interação com os demais personagens da
trama social. Giambattista Vico assinalava que conhecemos melhor
aquilo que nós próprios fazemos do que as coisas que nos chegam
prontas. A constituição da própria personalidade é, assim, o único lugar
onde podemos encontrar, em estado puro, o objeto da ciência social. É
Quando ele diz que descobriu o Brasil, esta frase deve ser compreendida
num sentido muito mais profundo e vital do que geralmente se faz.
Gilberto descobriu o Brasil na sua própria alma à medida que esta alma
se constituía descobrindo o Brasil.
Eis a lição mais alta que Gilberto Freyre, entre os grandes cientistas
sociais do mundo, encarnou com a máxima perfeição. Eis por que, mais
que um mestre, ele se tornou para nós um modelo, alguém a quem
20/03/00
notas que, prolongando-se muito além do que poderia caber nos 20 minutos
dos visitantes. -- O. de C.
Certas condutas típicas de um povo são tão repetitivas que acabam por
receber um nome e uma explicação padronizados. Conduta, nome e
Ora, se a maior parte das palavras de que disponho para falar sobre o
meu povo designa coisas francamente ruins, não tenho mais um
vocabulário que me permita falar dele e de mim ao mesmo tempo. Se
falo dele, não falo de mim; se falo de mim, não tenho meios de me
compreender como caso particular de uma regra geral. Mas apreender o
geral no particular e o particular no geral é simplesmente a operação
essencial da inteligência humana. Bloquear essa intelecção a pretexto de
sanear o panorama político é destruir a alma de uma nação pelo prazer
de castigar alguns de seus filhos piores. É atear fogo ao tribunal para
punir os réus.
***
Pode ser até que as coisas sejam realmente assim, mas saber se são ou
não são depende de exame, e para quê haveremos de examinar as
causas profundas de um fenômeno se o seu próprio nome já nos fornece
uma explicação? Para percebermos o quanto esse procedimento
denominativo é esquisito e anormal, imaginem como ficaria, por
exemplo, o sentimentalismo russo se em vez de ser designado por um
nome descritivo já fosse desde logo nomeado pela designação de suas
supostas causas. Teríamos de saber o que foi que mexeu com os
sentimentos russos e os tornou assim. Eles já não seriam um povo
sentimental, mas um povo submetido a situações comoventes. Mas
como qualquer um, submetido a situações comoventes, se inclina a
tornar-se sentimental, estaríamos com isso dizendo que o povo russo
não é mais nem menos sentimental do que qualquer outro, mas apenas
que alguém o comoveu. Com isso, a especificidade da sua conduta
estaria dissolvida numa conjeturação de causas, e aí não
distinguiríamos mais um russo de um japonês.
20-03-2000
Mas o texto original "Quem come Quem", a meu ver, não guarda o
mesmo brilho.
Enfim, penso que precisaríamos fazer esse mergulho profundo que você
propõe em seu texto, levando em conta que a nossa identidade nacional
(associada à língua) e mesmo a dos portugueses e dos demais europeus
é um fenômeno relativamente novo e a preocupação com os
estrangeirismos da moda (isso me lembrou um pouco os argumentos de
Saramago quando veio ao Brasil, na época em que ganhou o prêmio
Nobel e, indignado, dizia que estávamos sendo colonizados) talvez não
seja a questão crucial.
Quanto à polêmica- norma culta X norma "popular"- ela não é nova, não
é mesmo? Está presente na educação desde o debate entre Saviano e
Paulo Freire, lembra-se? O primeiro defendia que era democrático levar
o que há de Universal na produção do conhecimento (ocidental) às salas
de aula e o segundo por meio do seu método buscava a chave (nas
palavras chaves) para abrir o universo embotado dos analfabetos e
excluídos através da consciência, recuperando a auto-estima desses.
Beijão e saiba que gostei deveras de sua HP, suscitou-me idéias! Coisa
Frô
Maria Oliveira
afrodite_fro@uol.com.br
Prezada amiga,
Olavo de Carvalho
Sem problemas, Olavo. Gostaria de lhe enviar uma resposta que uma
amiga postou ao seu artigo da Bravo de março (eu coloquei o endereço
do seu site numa das listas literárias de que participo, indicando a
leitura) e ela levantou algumas questões bastante pertinentes.
Um grande abraço,
Frô
16 de Março de 2000
Putz, Frô!
Essa história de sair a campo para para ver o que o pessoal culto anda
falando para impor seu idioleto a todos os falantes é coisa de gramático
tradicional metido a moderninho, que acende uma vela pra deus, outra
pra mim. Pensa estar fazendo ciência, mas continua com mania de
estabelecer o certo e o errado e de empurrar normas goela abaixo.
Beijos, Rosita
rositasp@zaz.com.br
Primeira comunicação
Assim, pela primeira o público terá acesso a uma certa visão de conjunto
do pensamento filosófico de Olavo de Carvalho. Essa visão é
necessariamente experimental e provisória, principalmente por ter como
objeto uma filosofia vivente, em constante estado de elaboração.
local escolhido.
Apartamento Apartamento
Data Inscrição
duplo single
até 2 de maio R$ 60,00 R$ 140,00 R$ 210,00
entre 2 de maio e 2 de junho R$ 60,00 R$ 154,00 R$ 231,00
Coordenação
Informações
Contato em São Paulo: Edson Manoel de Oliveira Filho: Fone 011 572-
5363.
Sucesso total
do I Congresso do Instituto Brasileiro de Humanidades
Série 1
I. Depoimento
E, antes de mais nada, é preciso dizer que ele superou todas as minhas
gnosiologia?
A última palestra do primeiro dia foi proferida pelo próprio prof. Olavo
de Carvalho, intitulou-se Da Anamnese ao Anagnorismos e versou sobre
o "método anamnético" usado pelo prof. Olavo e que me perdoem mas
não vou me aventurar a resumir aqui. Digo apenas que este método
toma como modelo básico da certeza aquilo que apenas o indivíduo que
Dividi a palestra em quatro partes, cada uma delas, por sua vez, dividida
em seções:
1. Preâmbulo iniciático
2. Evidência
3. Verdade não é quantidade, é qualidade
4. Parcial não quer dizer falso
MARCELO DE POLLI
VERA MÁRCIA
ROMEU CARDOSO
Possibilidade da certeza.
NELSON LEHMAN
2. A Definição da Psique e a
Astrocaracterologia
1. A DEFINIÇÃO DA PSIQUE
mesmo.
41. Isso é o caráter em astrocaracterologia.
42. As posições planetárias têm algo a ver com o caráter mas
não o produzem; apenas delimitam as possibilidades que
o compõem.
43. Causa formal e eficiente.
44. Caráter = condição formal da individualidade.
45. Investigação fenomenológica e não causal.
46. O "que" antes do "por que".
47. Caráter – fronteira entre o psíquico e o pré-psíquico.
48. Critérios para a comparação entre os horócopos e os
elementos fixos da personalidade constatados
empiricamente.
49. Horóscopo = figura estática do céu. Caráter = figura
estática da individualidade.
50. Casas astrológicas.
51. Correspondência (não analógica) entre dois sistemas.
Sistema solar : caráter em geral. Horóscopo : caráter
individual.
52. Diferenciação das potência cognitivas.
53. Intuição (Sol) Sentimento (Lua) Fantasia (Vênus)
Vontade Reativa (Marte) Vontade Pura (Júpiter) Razão
(Saturno).
54. Doze casas.
55. Em que medida a comparação é possível. Dois relatos
idênticos, obtidos por método (a) biográfico-
caracterológico; (b) astrológico.
56. Dois aspectos do estudo da psique segundo OC : estático
(horóscopo-caráter), dinâmico (camadas da
personalidade).
57. Camada : foco temporário da psique.
Aparecida da Fonseca
Alexandre Bastos
AMÍLCAR ROSA
4. Os gêneros literários
1. Status quaestionis
2. Épico, lírico e dramático.
3. Tentativa de classificar os gêneros pelo conteúdo.
4. Falta de correspondência entre as obras e seus supostos
gêneros.
5. Fracasso das classificações empíricas.
6. Os gêneros são esquemas de possibilidades.
7. Wellek & Warren: teoria institucional.
5. Ética
responsabilidade.
24. Princípios de autoria e de absorção da responsabilidade
imputada = mandamentos –1 e –2.
25. São decorrências da unidade do real.
26. Princípio de autoria está na base da distinção entre real e
imaginário. O real só existe para quem sabe que é autor
de seus atos.
27. A objetividade do conhecimento é função da liberdade
moral que aceita o princípio de autoria.
28. Conhecimento objetivo e sinceridade.
29. Responsabilidade pelos atos interiores.
30. O primeiro princípio cognitivo é o primeiro princípio
moral.
31. O fundamento da moral é o mesmo fundamento do
conhecimento em geral.
32. Conhecimento por admissão: reconhecimento da
impossibilidade da dúvida radical.
33. Honestidade intelectual: não fingir que sabe o que não
sabe nem que não sabe o que sabe.
34. Não há diferença efetiva entre juízos de realidade e
juízos de valor.
35. Resposta à objeção kantiana de que esses princípios são
formais.
36. A unidade do sujeito não é um preceito formal, mas um
bem real, visado pelos atos do sujeito.
37. Ampliação do círculo de responsabilidade = decorrência
do princípio de autoria.
38. Responsabilidade e autopreservação.
39. Repressão da consciência moral (rejeição da culpa) vai
contra a integridade do sujeito. É, já, a morte.
40. Doença psíquica consiste apenas em diminuição da
(divisão da riqueza)
11. Império: polo ativo = milícia, casta armada; polo passivo
= justiça (distribuição).
12. Igreja: polo ativo = cultura (concentração do saber); polo
passivo = tradição (distribuição, equalização das
crenças).
13. O poder segundo B. Russel. Conceito nuclear das
ciências sociais = todas as proposições gerais podem ser
reduzidas a proposições sobre o poder.
14. Erro de Russel : deduzir diretamente proposições
particulares, antes de ter o arcabouço teórico geral.
15. Exigências do conceito nuclear. (1) geral; (2)
determinado; (3) adequado.
16. "Poder divino" não é poder no sentido desta ciência.
17. Que é o poder (no sentido humano)?
18. Poder = possibilidade concreta de ação.
19. Ação = transformação deliberada de um estado de
coisas. (Conservação deliberada é também
transformação, neste sentido).
20. Ação no sentido estrito (político) = determinar
voluntariamente as ações de outrem. Produzir
obediência.
21. Tipos de poder vêm das motivações objetivas da
obediência. 1 – Força física. 2 – Dinheiro (riqueza). 3 –
Carisma.
22. Lugar do poder. Só a força física "está" no seu portador.
23. Só o poder carismático implica obediência automática.
24. Quanto menos o poder "está" no portador, maior é esse
poder.
25. Modos do poder (...)
26. Força física: gerativa, operativa, curativa, destrutiva,
coadjuvante (atua sobre a imaginação).
http://www.olavodecarvalho.org/textos/sucesso.htm (28 de 32)16/4/2007 09:55:25
Sucesso total
tecno-científicas.
42. Iron Mountain Report. Crise ecológica como substituto
do nazismo e do comunismo no papel de inimigo.
43. Mutação planejada do sentido dos símbolos naturais.
44. Controle externo da psique.
45. Ruptura entre camadas profundas e superficiais da
psique.
46. Política = interface entre as nobrezas.
47. A política é a continuação da guerra por outros meios
(inverso de Clausewitz). Política é a disputa não violenta
dos meios de violência.
48. Divisão dos poderes de Locke & Montesquieu é
puramente normativa e abrange somente divisões
internas do Estado. Os três são eminentemente
absorvíveis uns pelos outros, exceto no que diz respeito à
absorção do judiciário pelo executivo.
49. Distinção entre essa divisão e a divisão das castas.
50. Estado, economia e cultura.
51. Cultura no Brasil = instrumento da economia ou do
Estado.
Paulo Mello
8. O sujeito da História
Marcelo De Polli
***
***
Essa mentira é básica demais, é central demais para que qualquer setor
do nosso debate público escape de ser contaminado por ela. Um povo
tem o direito de saber, em primeiro lugar, quem manda nele. Um povo
não pode assumir seu destino nas mãos se a elite que hipocritamente o
convida a fazê-lo se esconde por trás de bodes expiatórios, eleitos
precisamente para isso. Nesse sentido, do Império para cá, o povo foi
cada vez mais excluído: no tempo de Pedro II o poder da elite intelectual
estava à mostra, seu telhado de vidro rebrilhava ao alcance de todas as
pedras como o telhado dos deputados e ministros. Hoje ele se tornou
invisível sob os ataques que move aos ocupantes de cargos nominais.
***
Assim, por exemplo, uns anos atrás ocorreu-lhe a idéia de que todos os
valores positivos ainda dotados de credibilidade numa época de
degradação geral podiam ser reciclados para servir ao imediatismo de
suas ambições políticas.
O mais notório desses valores foi a "ética". É natural que um povo que
se sente ludibriado sem saber por quem tenha um fundo e dolorido
anseio de moralidade. Com um pouco de esperteza, esse anseio pode ser
pervertido em desconfiança, a desconfiança em ódio, o ódio em
instrumento de destruição sistemática de lideranças indesejáveis.
***
Hoje essa gente tem o poder e refaz o Brasil à sua imagem e semelhança.
Por isto, em quinhentos anos de História, nunca estivemos tão baixo.
Olavo de Carvalho
'Uma sociedade em que poucos têm muito e muitos têm muito pouco
não pode ser caracterizada como equilibrada', contestou o governador à
platéia lotada do Teatro do Sesi, que aprovou as colocações de Olavo de
Carvalho e o discurso do presidente do IEE. Os 2.530 participantes
aplaudiram Lewin, principalmente quando ele enfatizou: 'Está na hora
de parar de pensar que destruindo os ricos pode-se enriquecer os
pobres'. Para essa colocação em particular, o governador insistiu que é
necessário penalizar a parcela de 'ricos' que, ao longo de 500 anos,
exploraram a população pobre.
Correio do Povo
Porto Alegre - RS - Brasil
Olívio Dutra havia afirmado, dias antes, que jamais dirigiria uma empresa
Leituras Recomendadas - 18
Assim define Flusser seu mais espinhoso tema: "A dúvida é um estado
de espírito polivalente. Pode significar o fim de uma fé, ou pode
significar o começo de uma outra. Pode ainda, se levada ao extremo,
instituir-se como ‘ceticismo’, isto é, como uma espécie de fé invertida.
Em dose moderada estimula o pensamento, mas em dose excessiva
paralisa toda atividade mental".
Para haver a dúvida, é preciso haver pelo menos duas perspectivas, isto
é, alguma dualidade. Antecedendo às duas perspectivas, é preciso que
antes tenha havido "uma fé". Logo, o ponto de partida da dúvida é
sempre uma fé. Ora, o estado primordial do espírito é e tem de ser a
Ignorância e poesia
"O sol nos dá luz, calor e turistas" é lindo. Parece saído de uma crônica
de Carlinhos Oliveira, ou mesmo de Rubem Braga.
"A harpa é uma asa que toca" é uma maravilha, um verso digno da
Anthologia graeca. Ezra Pound daria pulos de entusiasmo.
"A fé é uma graça através da qual podemos ver o que não vemos" é
talvez a mais exata definição da fé, aliás bem próxima de uma de S.
Paulo Apóstolo.
O. de C.
09/04/00
A sociedade de desconfiança
Olavo de Carvalho
02/04/00
Olavo de Carvalho
Não creio sequer que valha a pena rezar para que despertem. Eles não
despertarão enquanto não enviarem milhões de seres humanos para o
sono eterno.
07/04/00
Note ainda, por favor, que o Sr. Thomas utiliza a expressão "direito das
minorias" para se referir à questão racial no Brasil. Basta isso para nos
dar, primeiro, a noção de sua capacidade para pensar os problemas sem
adotar as "fórmulas" que ele critica e, segundo, nos indicar quem
alimenta os nossos intelectuais com soluções que contrariam os fatos, a
lógica e a razão. Nossa classe pensante, que o Sr. Skidmore repudia, tem
com as idéias defendidas pelo historiador americano um parentesco
maior do que ele gostaria de reconhecer.
Amilcar Nadu
paulofrancis@hotmail.com
Você viu as coisas como são. O homem nos vende sua receita no instante
Um abração do
Olavo de Carvalho
muito tempo, o Brasil que duvidosamente existia não tinha nada a ver
com o Brasil de hoje.
Como corolário disso, vem a tese de que fomos invadidos. Com perdão
da formulação pouco ortodoxa da pergunta, quem fomos invadidos?
Todos nós, salvante os mais ou menos 400 mil índios que sobraram por
aí, somos descendentes dos invasores, inclusive os negros, que não
vieram por livre e espontânea vontade, mas também não viviam aqui na
época de Cabral e hoje constituem parte indissolúvel de nossa, digamos
assim, identidade. Imagino que haja quem pense que, diante de uma
delegação portuguesa, algum diplomata ou general índio tenha
explosão de Chernobyl.
Curiosamente, ouvi essa frase pela primeira vez aos dez ou onze anos, e
não levei mais de cinco minutos para perceber que se tratava de um
raciocínio esquizofrênico, de uma contradição de termos, de um
joguinho lógico tipo Aquiles e a tartaruga. Mas, naquela época, ela era
dita cum grano salis. Quem a pronunciava tinha a consciência de
enunciar um gracejo para mexer com portugueses ou uma mentirinha
piedosa para massagear o ego indígena.
Hoje todos a repetem a sério, com ares de quem ensina uma verdade
científica ou uma doutrina moral da mais alta dignidade. A reação
espontânea de um cérebro sadio, de perceber no ato a incongruência, é
sufocada como tentação abominável, e logo termina por desaparecer das
consciências. A absurdidade consagra-se como um lugar-comum,
incorpora-se à linguagem corrente como a tradução universalmente
aceita de uma verdade evidente de per si.
Sua crônica "O besteirol dos 500 anos" (O Estado de S. Paulo, domingo,
23 de Abril de 2000) é uma obra de caridade feita para aliviar, por
instantes ao menos, a miséria mental de um povo que hoje se acomoda
tão bem à mais espantosa privação intelectual quanto mais baba de
indignação ante qualquer vazamento de dinheiro.
por sua vez dominadores foi porque não rejeitaram a nova cultura
como um estupro, mas a aceitaram e a absorveram como um dom
salvador e se tornaram, até com mais legitimidade do que os
romanos, seus representantes e portadores. Muitos de nossos
índios fizeram isso: abandonaram a cultura tribal, entraram na
nova sociedade, adotaram a religião cristã. O Parlamento e as
universisases estão repletos deles, e cada família antiga deste país
se orgulha de ter mais de uma gota de sangue indígena. Os outros
caíram vítimas de uma antropologia maluca intoxicada do
"relativismo cultural" da charlatã Margaret Mead e empenhada
em conservá-los como objetos de museu e bichinhos de
estimação. Os primeiros representam a força e a glória das raças
indígenas. Os segundos, a vergonha e a morbidez de um atavismo
insano, alimentado e manipulado por um dominador mais rico e
malicioso do que aquele contra o qual hoje ostentam uma revolta
esquizofrênica e deslocada no tempo. Nada mais patético do que
um índio que, acreditando ou fingindo lutar contra o fantasma do
domínio português extinto, se torna instrumento e servo do
dominador globalista. O barão de Itararé tinha razão ao contestar
Auguste Comte: os vivos não são governados pelos mortos; são
governados pelos mais vivos.
● É verdade que, num Brasil cada vez mais afastado de suas raízes
espirituais pelo impacto avassalador do globalismo materialista, a
fidelidade dos índios às suas tradições religiosas é um exemplo
capaz de fazer corar um frade se o frade for realmente de pedra e
não daquela substância eminentemente não-ruborizável que
forma a dupla Betto e Boff. Eu mesmo escrevi coisas bem
contundentes em defesa dessas tradições. Mas elas adquirem
valor somente como alternativas neo-românticas ao
anticristianismo militante da sociedade moderna. Ante uma
população descristianizada, elas se tornam, de maneira quase
paradoxal, um testemunho de Cristo. Um testemunho parcial e
tosco, mas, no deserto espiritual contemporâneo, um testemunho
valioso. Mas concluir daí que são melhores do que o cristianismo
pleno é subtrair-lhes até mesmo esse valor de contraste, fazendo
delas apenas mais um instrumento de desespiritualização do
mundo. Eis por que a preservação das tradições indígenas é uma
causa ambígua, que só deve ser defendida com os maiores
cuidados para que as boas intenções, caminhando sobre um fio de
navalha, não sejam retalhadas e postas à venda no mercado das
mentiras contemporâneas.
24/04/00
Cartas e respostas
E-mail de L. B.
28 de abril de 2000
É um grande prazer poder falar com o senhor. Depois que tomei contato
com um artigo de sua autoria, na Revista Bravo!, passei a procurar por
mais informações a seu respeito. Qual não foi minha surpresa ao
descobrir que o senhor dispõe de uma homepage? Confesso que me
flagrei, a um só tempo, satisfeito e muito surpreso. Explico-lhe, a seguir,
a razão de minha surpresa. As primeiras vezes que li seus artigos, logo
imaginei se tratar de um grande espírito erudito. Bastou que um curto
período de tempo passasse para que eu constatasse minha hipótese. A
erudição, a clareza de idéias e o tom incisivamente polêmico de suas
Caro Olavo, sou seu admirador e muito me afligiria que tomasse minhas
palavras como uma provocação. Minha intenção não é essa. Gostaria
que respondesse a esse e- mail – o que, muito me agradaria.
L. B.
Prezado amigo,
Muito obrigado pela sua mensagem e pela maneira gentil com que se
refere a meus escritos, malgrado a perplexidade que eles lhe causam.
Essa perplexidade é natural, porém ela se atenuaria bastante se, em vez
Se fosse preciso definir com poucas palavras a maneira que adoto nos
meus escritos jornalísticos - pois há outros, que requerem outras artes -,
eu diria que são antes desconfortáveis ou inquietantes, na medida em
que mesclam, às vezes na mesma frase, estilos e tons diversos, passando
com a maior sem-cerimônia da fala nobre e solene dos juristas antigos
ao deboche grosso dos humoristas populares e sambistas, da melodia
sutil ao estridor das dissonâncias bárbaras (coisa que aprendi com o
meu amado e idolatrado Heitor Villa-Lobos) ou fazendo mil e um outros
arranjos que os doutores cândidos jamais fariam, e que faço no preciso
intuito de habituar o leitor ao duplo jogo da fala e das coisas, em cuja
apreensão intuitiva reside metade, não menos, da arte de aprender: de
Quanto aos srs. Carlos Nelson Coutinho, Luis Sérgio Henriques e Marco
Aurélio Nogueira, nem é certo dizer que enquanto intelectuais "sejam
dignos do maior respeito", nem que "sua postura democrática já ficou
provada". Nenhum gramsciano pode ser digno de respeito na esfera
intelectual, desde que o próprio Gramsci reduz a atividade intelectual à
propaganda revolucionária e quem se presta a isso rebaixa a inteligência
em geral – e a sua em particular – ao mais infame dos papéis. Ideologia
é prostituição da inteligência: poses auto-dignificantes e badalação na
mídia não mudam isso em nada. E não há "postura democrática"
nenhuma em pessoas que, reunindo-se às dezenas para fazer a
beatificação coletiva do seu ídolo pela internet, se furtam ao debate
Não, meu amigo, não se iluda com a fala mansa daqueles que dominam
o meio acadêmico e o subjugam a ambições políticas. Eles podem falar
manso porque sua fala não é expressão de sua realidade pessoal, e sim
disfarce para encobri-la. O prof. Antônio Cândido, enquanto falava
manso em público, não deixava de conspirar, em petit comité, para
sufocar a voz de seus desafetos na tribuna uspiana. Parafraseando
Theodore Roosevelt, o lema dessa gente é: Speak softly and carry a big
stick.
Por fim, devo dizer que sua objeção contra as provas em filosofia ou em
ciências humanas é apenas a repetição ingênua de outro chavão. Muitas
coisas foram provadas, positivamente, ao longo de vinte e quatro
séculos de filosofia. Porém mais numerosas ainda são as cabeças que as
desconhecem e as bocas que repetem o que elas dizem. Se deixo esta
discussão para outra ocasião e lugar, é porque nesta mesma homepage
você encontrará lugares e ocasiões bastantes para comprovar o que digo.
Olavo de Carvalho
Drogas e prioridades
Olavo de Carvalho
13/04/00
Apêndice
01/05/00
Tocqueville e o totalitarismo
Caro Olavo,
Estas leis não eram impostas mas sim votadas pelo livre concurso dos
interessados. Não acho que podemos isentar a religião neste caso,
culpando só o estado civil da época, já que "O puritanismo era quase
tanto uma teoria política quanto uma teoria religiosa, e que ele se
confundia em vários pontos com as teorias democráticas e republicanas
mais absolutas."(Pág.43) A política e a religião eram tendências
diversas, mas não contrárias. Os costumes religiosos influenciavam as
leis de caráter tirânico, que eram realmente cumpridas, como mostra o
autor. Como eu já li a sua apostila Humanismo e Totalitarismo,eu
pergunto pro senhor: Será mesmo que as outras épocas não conheceram
o totalitarismo? Com certeza era um totalitarismo em menor escala,
mas não deixa de ser uma semente do totalitarismo vindouro. Será que
a religião não está isenta de culpas pelo totalitarismo na América de
outra época? Podemos dizer também que as leis da sociedade puritana
não influenciaram em nada o totalitarismo posterior? Segundo uma
dedução do próprio Tocqueville, é bem capaz, já que "As leis conservam
seu caráter inflexivel,quando os costumes já se submeteram ao
movimento do tempo." Há por acaso uma data ou um período que
mostra que os costumes religiosos deixaram de ditar as leis? Se há, será
que durante essa transição não houve influência do espírito tirânico
dessas leis sobre o novo sistema legislativo? Se a igualdade exagerada é
uma ameaça à liberdade, até que ponto também é a religião? Fico por
aqui, agradecendo desde já pela atenção.
Um abraço,
Marcelo Wick
kritya@bol.com.br
01/05/00
Missão cumprida
Olavo de Carvalho
Folha de S. Paulo, 10 de Maio de 2000
lhe restasse espaço para dizer o que, afinal, havia de errado nos meus
argumentos. Mas é claro que ela jamais teve a intenção de fazê-lo. Porta-
vozes de uma hidrofobia coletiva não têm de apresentar razões.
Convocam a massa enraivecida, apontam com o dedo um suspeito,
gritam o nome do candidato à guilhotina, e pronto. Missão cumprida. O
nome do inimigo está registrado: no dia da vingança, não escapará.
Marilene Felinto pode ir dormir em paz, sonhando cenas de amor
bandido com Marcinho VP.
Não vou portanto discutir com a temível senhorita. Não vou tentar
juntar, para examiná-los como se fossem coisa lógica, os cacos de um
pensamento que expressa apenas uma personalidade errática e
fragmentária, capaz de buscar no ódio projetivo a bodes expiatórios o
alívio factício das paixões inconciliáveis que lhe atormentam a alma.
Aristóteles já alertava para a incongruência de debater com incapazes.
Não vou prostituir a arte da lógica tentando fazê-la valer contra uma
mente desconjuntada que, imediatamente após me atribuir um
"simplismo direita-esquerda", sai me acusando logo de quê? De
"direitista"! Nem vou tentar me explicar a alguém que ignora
completamente os fatos em questão, ao ponto de imaginar que a ajuda
das esquerdas à disseminação das drogas é mera opinião minha e não
um fato notório reconhecido por quem quer que tenha vivido a década
de 60 ou lido alguma coisinha a respeito.
Diante de tanta estupidez, não vale nem a pena examinar o artigo dessa
moça pelo lado moral. Não vou me entregar à faina inglória de remexer
as trevas, contemplando a baixeza inominável de uma mentalidade da
qual sua portadora, desprovida do dom da consciência, decerto se
orgulha. Também não vale a pena protestar em vão contra a frivolidade
monstruosa que, na volúpia de insultar, apela a imputações criminais de
extrema gravidade - tão artificiosas, tão deslocadas de seu alvo, que não
chegam a ter sequer a inocente dignidade do ridículo e são apenas, no
fim das contas, uma coisa disforme e triste, uma esquisitice gratuita e
deplorável.
Não me resta portanto muito o que dizer. Quero apenas registrar que
Marilene Felinto cumpriu sua tarefa, a seus olhos talvez a mais alta a
que um ser humano possa aspirar. Ela ergueu-se no meio da praça e
apontou um suspeito. Não é para isso, afinal, que servem os jornalistas?
Quando o Brasil tiver um governo comunista, ela poderá exibir seu
artigo às autoridades e reivindicar aposentadoria especial por seus
relevantes serviços de alcagüetagem de inimigos do povo.
Sintomas
Senhor Redator:
Olavo de Carvalho
O sono de um justo
Olavo de Carvalho
Zero Hora, Porto Alegre, 20 de Maio de 2000
Uma vez o sr. João Pedro Stedile disse que ninguém compreendia o
MST, entidade “sui generis” avessa a todas as classificações. Apressei-
me a contestá-lo, proclamando que não via ali nada que não fosse
rigorosamente igual à estrutura dos sovietes – um movimento
revolucionário empenhado em tomar pela força grandes parcelas do
território e instalar nelas uma administração paralela que acabaria por
se substituir aos órgãos do Estado.
19/05/00
Caros umbigos
Mas, para não dizer que não inovou em nada, um dos últimos números
de Caros Amigos, pelas mãos de Gilberto Felisberto de Vasconcellos,
traz ao arsenal nacionalista uma descoberta extraída das obras de Silva
Mello e destinada a abalar os alicerces do poder global: se os
americanos são mais altos, nós temos o peru maior. No mínimo, isso
prova de que é injusto acusar o time de ficar olhando somente para o
próprio umbigo: ele olha também o que está logo abaixo.
22/05/00
Filósofo acidental
- Posso até ser um polemista, mas não é este o centro das minhas
atenções. Estou contente com essas novas colaborações. Serão oito
artigos por mês, em que falarei de assuntos variados, não só dos
polêmicos. Terei espaço para explicar minhas posições - afirma Olavo,
de 53 anos, e que só há cinco começou a se lançar em controvérsias
públicas, quando seu desentendimento com a Sociedade Brasileira para
a Pesquisa Científica (SBPC) ganhou ampla cobertura na imprensa.
Prazer e divertimento
na esgrima intelectual
Olavo diz que o saber foi sua única ambição. Na adolescência, vivia com
a deprimente sensação de nada entender. Na escola, a biologia e o latim
foram seus únicos interesses, por influência de dois ótimos professores.
Quando, aos 17 anos, começou a trabalhar em jornal - no "Notícias
populares", de São Paulo - e filiou-se ao Partido Comunista, sentiu um
buraco em sua formação. Freqüentou como ouvinte aulas na PUC e na
USP, mas se decepcionou.
Ao jornal, precisava dar apenas cinco horas por dia e o resto do tempo
passou a ser ocupado com aulas de cinema, teatro e muita leitura.
Formou pouco a pouco uma biblioteca que refletia o desenvolvimento
A visão de mundo de Olavo tem raiz no mergulho que fez aos 30 anos na
cultura da Idade Média, época que estudou por mais de dez anos,
aproveitando seus conhecimentos de latim. Ele diz-se aficionado por
astrologia.
Já faz uns meses que saiu, em República, a narrativa do sr. Otávio Frias
de Oliveira Filho de suas experiências com o Santo Daime, das quais
saiu mais cético do que nunca.
Como o assunto é de muito interesse para meus alunos, acho que não é
tarde para fazer, em torno desse relato, algumas observações, a primeira
das quais é a própria expressão da minha surpresa ante o fato de que
um cético esperasse obter, da ingestão de uma substância alucinógena –
acompanhada ou não da audição de pregações sobre suas supostas
virtudes revelatórias – alguma conclusão válida a respeito dos
fenômenos espirituais e místicos em geral.
Essa nova maneira também pouco tem a ver com mudanças exteriores
na conduta ou nos sentimentos, mas se manifesta não raro por efeitos
de ordem bem sutil e pouco perceptíveis ao meio, como por exemplo a
aquisição de um discernimento intelectual fora do comum, da
compreensão imediata e intuitiva do sentido das Escrituras, da
capacidade de aplacar instantaneamente ódios e temores, de discretos
dons curativos, etc., conforme a variedade inesgotável das propensões
individuais.
está ligado a um centro que por sua vez não flui (não confundir com o
"eterno retorno", que é apenas a aparência materializada e caricatural
que essa noção adquire para quem a conhece apenas por seus reflexos
no imaginário).
Mas que nada tenha tido de espiritual não quer dizer que seja nula do
ponto de vista dos efeitos espirituais que dela podem resultar para o
sujeito do experimento, que neste caso se diria mais propriamente sua
vítima. Pois uma das marcas características da pseudo-espiritualidade é
precisamente o contraste patético entre a intensidade psíquica
hipertrófica das vivências subjetivas e o seu resultado cognitivo dúbio
ou irrelevante.
Olavo de Carvalho
06/06/00
Cioran não pode ser lido ao pé da letra, senão você estoura os miolos,
coisa que ele próprio não fez, o que mostra que estava ciente da dose de
ironia dos seus escritos (ele dizia que era um farsante e que as pessoas
perceberiam isso se o compreendessem). Cioran assume a palavra em
nome do demônio, acusador da humanidade, e nos desafia a assumir a
responsabilidade da defesa. Jogando entre verdades patentes e exageros
verossímeis, ele sempre nos deixa uma brecha salvadora, e é
precisamente nesses hiatos, nessas falhas propositais da sua
Signo: Touro com ascendente Aquário (como Karl Marx, droga!), Lua
em Leão, Marte e Mercúrio em Áries, Júpiter culminante no Escorpião.
Família: a melhor coisa do mundo. Pena que os filhos sejam apenas oito.
Acho que o Brasil passa pelo momento mais difícil e mais decisivo da
sua História. Temos o sonho de ser uma nação e temos o direito de sê-
lo, mas, no momento em que estamos quase para realizar esse sonho, as
nações já não estão na moda e o governo mundial avança a passos de
gigante. Nosso desafio é provar que somos capazes de representar os
ideais superiores da humanidade melhor do que o governo mundial.
Mas, para isso, precisamos de três coisas: absorver rapidamente o
legado espiritual de todas as civilizações, aprender a esquivar-nos das
alternativas ideológicas estereotipadas com que a estratégia mundialista
22/06/00
Eu não diria que esta é a única possibilidade. Você não imagina como
esta sua pergunta é difícil. A resposta é: não sei (risos). Não sei.
dia não temos mais tradição espiritual nenhuma. Temos, sim, uma
devastação. Como é que podemos recuperar somente a Astrologia, se ela
é apenas um pedaço do equipamento? Só podemos no sentido de estudo
histórico, de compreensão do passado ou então sob uma forma de
ciência, do modo como as ciências hoje são compreendidas.
Sim. As pessoas são julgadas com menos severidade. Deus, nesta época,
suporta coisas que em outros tempos não suportaria. Nós estamos
conversando sobre coisas aqui que, no passado, demoraríamos uns vinte
anos para compreender, só depois de rezar muito. Hoje não precisamos
passar por diversas práticas ou rituais de iniciação para
compreendermos uma série de coisas. Esta é uma espécie de
compensação natural ou sobrenatural, da mesma forma que o
julgamento de Deus sobre as almas torna-se muito mais brando. Se você
está no meio da confusão geral e ainda está tentando descobrir o que é o
certo, no meio de pessoas que não sabem mais distinguir o bem do mal,
então você já fez muito.
Não sei. Deixei este assunto de lado, porque achei que ele era mais um
abacaxi. Se há alguém que não pode opinar sobre o assunto, este alguém
sou eu. Não atendo para leitura de mapas há uns vinte anos, mas foi
exatamente depois que deixei de trabalhar profissionalmente que
comecei a estudar mesmo a astrologia. Se você está em dúvida a respeito
de tudo e mexendo nos pilares de uma ciência, não tem como trabalhar
com ela no campo da prática diária. Não dá para desmontar um carro e
andar nele ao mesmo tempo. O questionamento teórico da Astrologia é
muito profundo. Não utilizei Urano, Netuno e Plutão porque percebi
problema. A gente pode perguntar tudo, mas não ter todas as respostas
de uma vez.
Sim, ela está em uma confusão miserável. Nunca um século foi tão
difícil de ser entendido contemporaneamente como este. Nós estamos
vivendo numa era verdadeiramente terrível. O número de coisas que dá
para saber e utilizar como orientação é muito pequeno. A humanidade
sempre soube mais ou menos o que estava acontecendo, as decisões de
reis e príncipes não eram mistérios inimagináveis. Hoje são. As pessoas
poderosas estão distantes, cercadas por muros e muros de segredos e
mentiras. Os instrumentos de ocultação são monstruosos. Mais do que
na era da informação, estamos na da ocultação.
Olavo de Carvalho
Se é verdade que "the Child is the Father of Man", uma história que
omita as crianças ou que só enfoque nelas a identidade pública e
História das Crianças no Brasil, de Mary del Priore e sua equipe, para o
Prêmio Casa Grande & Senzala deste ano.
Olavo de Carvalho
Notas
Aviso do cacete
Não li o artigo do Moacir, portanto até agora não vi cacete nenhum. Mas
o Sérgio Augusto jura que viu. Viu e gostou. Tanto gostou que o inseriu
em Bundas, sob forma de aviso prévio, para excitar a curiosidade dos
apreciadores.
Não me incluo entre eles, mas, por obrigação profissional, vou ter de ler
essa coisa. Prometo responder sem hostilidade -- nem vaselina.
24/07/00
Aviso do Cacete - 2
http://www.olavodecarvalho.org/textos/cacete2.htm16/4/2007 10:55:38
O último dos desinformatas
(Dicionário de Novilíngua)
Pois eis que vos anuncio a boa nova: encontrei. Encontrei coisa melhor
que meros exemplares. Encontrei um fabricante. Encontrei um técnico
em Novilíngua autenticamente brasileiro, um raro e valioso exemplar,
comunista de pai e mãe, com curso de marxismo-leninismo e tudo, o
sobrevivente, enfim, de uma raça que tudo nos induzia a supor extinta.
É verdade que, embora movendo-se e falando, aos olhos desatentos do
principiante ele em pouco ou nada se diferencia de um fóssil. Mas não
vos deixeis iludir pelo seu jeitão hierático de testemunha do paleozóico,
nem pela poeira de museu que lhe encobre a nobre calva de
pithecanthropus. Pois esse augusto cocuruto (1) já esteve, um dia,
encoberto de imponente juba que fazia de seu proprietário, entre os
símios, o que podia haver de mais parecido a um leão. Ele já não tem
dentes, é certo, e, quando pensa que rosna, mia. Mas, nas noites
lúgubres do asilo, se vísseis com que ferocidade morde a sopinha! Então
saberíeis quem ele foi um dia, e tremeríeis. Pois ele é, na ausência de
seus inumeráveis confrades mortos, a última encarnação viva da
Novilíngua – sim, a desinformátsia feita gente.
Descobri-o, senhores, não por mérito meu, e sim por iniciativa dele
próprio. Não fui procurá-lo. Foi ele que veio a mim. Quando leu um
artigo meu em O Globo de 8 de julho, uma chispa de entusiasmo bélico
incendiou todas as teias de aranha do seu cérebro, e a múmia, senhores,
se ergueu da tumba para o sagrado combate. Abriu o baú, paramentou-
se lenta e solenemente de suas velhas armas – o escudo da ignorância, o
elmo da burrice, a malha de ferro da mentira, o bacamarte da calúnia –
e recitando ritualmente verbetes do Dicionário de Novilíngua que é o
livro revelado da sua confraria, veio à liça.
de Castro.
Nota
Não perca:
Capítulo II
§ 1. Pressupositório
§ 2. Supositório
do meu texto para fazê-lo dizer o que não disse. É verdade que nisso ele
dá o melhor de si, num esforço notável para me fazer parecer muito
malvado e para despertar contra mim o ódio e a revolta dos leitores que,
não me conhecendo, venham a me julgar só pelo que ele diz. Mas,
justamente por ser essa parte a mais significativa da forma mentis do
Homem de Bundas, sua análise pode ficar para o fim.
Por enquanto, vou fazer de conta que estou discutindo com um sujeito
honesto, com o qual eu não tivesse outras divergências senão de ordem
intelectual e científica.
Nesse terreno, diz ele que é absolutamente falsa minha asserção de que
a noção corrente do fascismo como ideologia capitalista foi um truque
de propaganda inventado por Stálin para apagar a má impressão do
pacto germano-soviético.
alemã."
imprensa ocidental e permitiu que sua velha teoria, que de nada lhe
servira para sua orientação na prática (veremos adiante), fosse usada,
agora, como arma de propaganda.
Mesmo no que diz respeito à origem da teoria como tal, Moacir erra
fragorosamente nas datas e na autoria, atribuindo ao "coletivo" do
Partidão em 1931 uma idéia pessoal que Stalin já lhe impusera desde
1924. Pretender usar como prova de que ela já estivesse disseminada no
mundo ocidental a partir de 1933 o fato de que Dimitrov então a
recitasse de cor e salteado é, para dizer o mínimo, viajar na maionese.
Pois não consta que Dimitrov àquela altura fosse nenhuma autoridade
intelectual para o mundo não-comunista, ao ponto de sua palavra
expressar o consenso universal. Ele era um membro do Comitê Central
do PCUS, um membro da corriola interna que repetia servilmente o que
o mestre mandasse. Depois de sua declaração no Reichstag, muito
tempo ainda se passaria antes que a doutrina soviética do fascismo,
alardeada aos quatro ventos, se tornasse voz corrente nos países ociden
tais – e isto só pôde acontecer, precisamente, quando essa doutrina, já
não servindo para mais nada (de vez que a própria guerra já era seu
desmentido formal), se rebaixou de diagnóstico estratégico a mera
fórmula de propaganda.
Que é que Stalin fez então? Com a maior sem-cerimônia inverteu sua
estratégia: aliou-se à grande burguesia do Ocidente para esmagar o
nazismo. Era, embora tardia, a coisa certa. Mas, se na constituição do
fascismo predominasse realmente o fator "classe" em vez do fator
"nação", essa aliança seria inconcebível: por que a grande burguesia que
dominava a Inglaterra, a França e os EUA iria se aliar a seus inimigos
proletários para combater os nazistas, em teoria seus amigos e
servidores? Resposta: a teoria estava simplesmente errada. O próprio
Stalin reconheceu isso implicitamente ao mudar de estratégia. A ruína
da estratégia era a ruína da teoria que a embasava. Se justamente a
partir daí essa teoria se impregnou na mente dos intelectuais de
esquerda ocidentais a ponto de eles a repetirem como verdade de
evangelho e de até hoje um bocó de mola como o Homem de Bundas
acreditar nela, que outra explicação isso pode ter senão que o líder
soviético achou que, imprestável como guiamento prático das ações, ela
ainda podia render alguns dividendos na área da publicidade? Lembro-
me de ter lido, anos atrás, uma tese universitária, de ilustre autor
comunista brasileiro, que diagnosticava até o nosso fascismo doméstico,
o integralismo, como fenômeno do "capitalismo hipertardio" – o que
bem mostra a que tipo de contorcionismo mental a intelectualidade
esquerdista pode se submeter só para ser fiel à tradição: o único meio de
explicar o integralismo pela teoria de Stalin era tornar "hipertardio" o
nosso capitalismo que, na época considerada, mal acabara de nascer...
3. Pós-supositório
Notas
1. Cit. em Stephen Koch, Double Lives. Spies and Writers iin the Secret Soviet War
of Ideas Against the West, New Yorkm The Free Press, 1994, p. 54.
2. V. Richard Kimberly, Wittgenstein e Hitler.
3. V. George Orwell, Hommage to Catalonia.
Não perca:
O debate na PUC
definida nem como feudal, nem como patriarcal, nem como capitalista,
nem muito menos como simples "economia exportadora", mas que foi
um modo de produção original, o escravismo mercantil, baseado
inteiramente na mão-de-obra escrava. No hemisfério Ocidental, o Brasil
foi assim o país escravista por excelência.
No meu entender, essa tese está ali provada e bem provada. Discordei
apenas das objeções que, dela, Gorender deduzia contra a descrição
freyreana da sociedade colonial. Gorender alegava que a "instituição
fundamental" desse período fora o escravismo, e não a família
14/08/00
Mais tarde, quando julguei ter chegado ao limite do que podia aprender
sozinho, comecei a escrever para estudiosos consagrados, pedindo ajuda
e orientação em questões específicas. Incomodei muita gente, no mundo
todo, com minhas perguntas, e em geral fui muito bem recebido. Só
Aristóteles. Quanto mais tempo passa, maior ele fica. Hoje, na filosofia
das ciências, Aristóteles é a grande novidade, depois que os biólogos o
descobriram.
Eu ficava muito impressionado com a tolice cada vez maior dos nossos
intelectuais, sobretudo no que eles escreviam em revistas e jornais de
cultura. Peguei o hábito de toda semana, no começo da aula, a título de
aquecimento mental coletivo, comentar essas coisas para a classe. Ao
voltar para casa, escrevia o que tinha dito e na semana seguinte
distribuía o escrito para os alunos. Assim fui colecionando, sem
nenhuma intenção de livro, os capítulos que vieram a compor "O
Imbecil Coletivo".
Quais leituras que o senhor indicaria para aqueles que queiram saber
um pouco mais sobre Filosofia?
Escrevo quatro artigos mensais para "O Globo", quatro para "Época",
dois para o "Jornal da Tarde", dois para "Zero Hora" e um para
"Bravo!", além de colaborações esporádicas em revistas e jornais de
estudantes.
Crença e percepção
Olavo de Carvalho
que o percebo.
03/09/00
Olavo de Carvalho
O Globo, caderno Prosa & Verso, 22 de setembro de 2000
O leitor sabe quem são von Mises, Hayek, Rothbard, Kirk, Muggeridge,
Horowitz, Sowell, Babbit, Scruton, Peyrefitte, Jouvenel, Voegelin,
Guénon, Nasr, Schuon, Lindblom, Rosenstock-Huessy, Rosenzweig,
Kristol? Se perguntar a um direitista culto, ele lhe dirá: São os principais
pensadores de direita do século XX. Mas, se procurar os seus nomes na
lista de verbetes deste "Dicionário Crítico do Pensamento de Direita",
não os encontrará. Em lugar deles, topará com uma lista de tarados,
psicopatas, esquisitões, assassinos e genocidas -- de Röhm a Eichmann
--, muitos deles de identidade ideológica incerta, além de autores de
terceira ordem e personagens de importância episódica. De escritores
significativos, só os mais enfezados e atípicos, como Charles Maurras,
que terminou excomungado por um papa conservador, e Ezra Pound,
Se você quer saber o que é a direita, não há de ser aqui que vai obter
uma resposta. Mas, se quer saber o que a esquerda deseja que você
imagine que a direita é, então, amigo, este é o livro para você. Devore
estas páginas em que 120 professores torraram o melhor de seus
neurônios e uma substancial verba de pesquisa, e sairá ignorando tudo
o que é preciso ignorar para passar de ano na escolinha de militantes em
que se transformou a universidade brasileira.
O que não se pode negar é que se trata de obra original: este é, nos anais
da história editorial, o primeiro livro dedicado a um dos autores que o
subscrevem.
Cândido Prunes
Doutor em Direito Econômico
Olavo de Carvalho
errado e só foi salvo pela eclosão da guerra (que, por definição, favorecia
o controle estatal da economia). 4. A famosa sentença “A longo prazo
estaremos todos mortos” pode ser lida como resposta de Keynes à
crítica de que transformar o Estado em empreendedor geraria inflação
através do aumento dos gastos públicos. 5. Os admiradores que louvam
Keynes como salvador do capitalismo são sobretudo burocratas
esquerdistas aos quais ele deu um lugar de honra no seu novo modelo
pseudocapitalista.
Mas, além de tomar a síntese por análise, o prof. Borroni ainda acredita
que ela é sobre a teoria de Keynes. Basta ler meu artigo com atenção
para verificar que sobre o conteúdo das idéias de Keynes ele contém, no
total, uma só frase, e que essa frase não fala da teoria e sim da proposta
prática que o autor dessa teoria houve por bem deduzir dela. Análise é
divisão de um todo nas suas partes constituintes, e não se vê como seria
possível fazê-la, autêntica ou facticiamente, numa sentença breve e
única que, além do mais, não fala de nenhuma delas e se contenta com
apontar um efeito histórico do conjunto.
escolher uma das duas respostas, pois elas são incompatíveis: ou Keynes
não admitiu que se adotasse nunca a proposta de um Estado-
empresário, ou admitiu adotá-la em determinadas circunstâncias.
A diferença é, precisamente, a que existe entre nada e alguma coisa.
Essa distinção pode ser obscura e dificultosa para o prof. Borroni, mas
não creio que o seja para o restante da humanidade.
Bem, é certo dizer que coloquei a citação fora do contexto, mas o prof.
Borroni faz pior: coloca-a num contexto falso.
Na verdade puramente textual, a frase não foi dita nem para defender a
teoria do próprio Keynes nem para atacar a de qualquer outro. Foi
apenas uma observação a propósito de empréstimos de guerra
concedidos pelo Tesouro inglês em 1917 e cujo retorno estava
demorando mais do que o esperado. (1)
Nossos delitos, pois, não são o mesmo. A diferença é a que existe entre
uma figura de estilo usada para abreviar a explicação e uma fraude
concebida para fins difamatórios.
Bem, mesmo que essa conjetura fosse verídica, ela não bastaria para
impugnar essas críticas como “velhos chavões desprovidos de qualquer
fundamento científico”, precisamente porque o valor de uma crítica não
está no prestígio acadêmico da sua fonte, mas na veracidade do seu
conteúdo.
Mais adiante, diz von Mises: “Na prática, todos esses expedientes
de uma suposta política de pleno emprego mais cedo ou mais
tarde conduzem à instauração de um socialismo modelo
alemão (nazismo).” Terá o prof. Borroni a desfaçatez de negar que a
Por isso mesmo, não considero imprópria a linguagem com que falei de
John Maynard Keynes. Segundo o prof. Borroni, é linguagem “de
Olavo de Carvalho
Notas
documentos.
desejar destruir a esquerda. Tem de existir uma esquerda. Mas ela deve
ser disciplinada para abdicar dos recursos revolucionários. Ela não pode
ao mesmo tempo participar do processo eleitoral legal e estar tramando
a guerrilha, treinando guerrilheiros, juntando armas, criando um
aparato de espionagem. Como existe hoje uma rede de espionagem
petista, todos sabemos que existe, com um serviço secreto muito mais
vasto que qualquer serviço secreto do governo. Então, temos um partido
político que tem o privilégio de operar secretamente campos de
guerrilha – e não é bem um partido, é um aglomerado de partidos de
esquerda – que tem uma série de direitos e de possibilidades que os
[outros] partidos não têm. Você imagine, por exemplo: se se descobrisse
que o PFL está treinando um grupo de terroristas para soltar bombas no
PT, toda a cúpula do PFL seria presa na mesma hora. No entanto, nós
descobrimos que o PT, o PC do B, através de suas ligações clandestinas,
estão treinando guerrilheiros, e não acontece nada... Note bem que o
Governo Fernando Henrique é cúmplice disso aí.
Notas
Guerras santas
Olavo de Carvalho
Bravo!, novembro de 2000
Grande parte das culturas antigas concedia aos chefes, aos guerreiros e
poderosos o direito de livrar-se, quando bem entendessem, dos fracos
indesejáveis. Crianças, velhos e doentes podiam ser mortos por simples
capricho de homens jovens e saudáveis que não queriam trabalhar para
sustentá-los. Isso foi assim durante milênios. Foi assim no Egito, na
Babilônia, no Império Romano, na China, na Arábia pré-islâmica. Foi
assim entre os celtas, germanos, vikings, africanos, maias, aztecas e
índios brasileiros. Foi assim quase por toda parte. O número de
inocentes enterrados vivos, queimados, entregues às feras ou
despedaçados em rituais sangrentos em nome dessa lei bárbara é
incalculável.
Não houve, ao longo da história, fato mais decisivo. Pois ele não
importou somente numa extensão quantitativa. Ao transferir-se para
classes de pessoas que antes não o desfrutavam, ou que o desfrutavam
somente como concessão de outras pessoas, o direito à vida sofreu
radical mutação qualitativa: passou de relativo a absoluto, de
condicionado a incondicionado e condicionante. Tornou-se o primeiro
de todos os direitos, do qual todos os demais decorrem.
Por isso essas guerras foram santas. Por isso foi santa a vontade de
domínio que fortaleceu mais os portadores do novo direito universal do
que os defensores de costumes locais. Dos descendentes dos povos
Não obstante, é essa ideologia que prevalece hoje no ensino e nos meios
de comunicação, induzindo crianças e jovens a revoltar-se, em nome do
direito e da liberdade, contra as condições sem as quais esse direito e
essa liberdade jamais teriam podido vir a existir.
Censura e desinformação
Olavo de Carvalho
Basta o leitor responder a essas perguntas com dados exatos, e terá uma
idéia do que é bloqueio de informações. Sim, o controle que a esquerda
exerce sobre os meios de comunicação no Brasil já não pode ser
chamado de “patrulhamento”, porque patrulhar é vigiar homens livres.
Mário Magalhães
campo.
Palmares) e a VPR.
mais radical.
a maior parte dos jornalistas já não tem mais a menor idéia do que seja
o jornalismo normal e, ao praticar descaradamente a desinformátsia,
acredita estar fazendo o único e melhor jornalismo possível. Apenas
uma elite dirigente tem plena consciência de que não está informando o
público, mas manipulando-o para utilizá-lo numa operação de guerra.
Nas redações, a maioria dos profissionais não tem sequer uma
consciência teórica dessa distinção.
e-mail: mercado@vanet.com.br
Rua Dona Margarida, 894
Bairro Navegantes - Porto Alegre (RS) - CEP 90.240-610
Fone: (051) 337-4833 - Fax: (051) 337-4905
Acre
Livraria Universitária
Rua Rio Grande do Sul, 331
Rio Branco – AC
69903-420
Fone: (068) 224-3432
Amazonas
Metro Cúbico Livros e Revistas
Rua 24 de Maio, 415
Manaus – AM
69010-080
Fone: (092) 234-3030
Bahia
Livraria Multicampi
Rua Direita da Piedade, 203
Salvador – BA
40070-190
Fone: (071) 321-4024
Ceará
Tropical Editora
Av. do Imperador, 1517
Fortaleza – CE
60015-052
Fone: (085) 231-3620
Distrito Federal
Vitor Celestino Ferreira Moreira
CLS 304 – Bloco B – Loja 24
Brasília – DF
70337-520
Fone: (061) 224-9018
Livraria Eldorado
Espírito Santo
Livraria Logos
Av. Carlos Moreira, 61
Vitória – ES
29052-111
Fone: (027) 222-1856 / 227-5199
Goiás
Livraria Gold
Rua 70, 388 – Setor Central
Goiânia – GO
74290-270
Fone: (062) 225-4847 / 223-6329
Mato Grosso
Marchi Livraria e Distribuidora Ltda
Av. Getúlio Vargas, 381
Cuiabá – MT
78005-000
Fone: (065) 322-6967
Minas Gerais
JLM Distribuidora de Livros
Pará / Amapá
Conte Cunha Ind. E Com. Ltda
Rua C. João Alfredo, 10
Belém – PA
66013-000
Fone: (091) 223-9422
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Olavo de Carvalho
Por exemplo, José Dirceu agora alega que seu partido usa de quatro e
não mais de quatro meios de investigação: “a leitura do Diário Oficial,
os requerimentos de informações oficiais, a pesquisa no Sistema
Integrado de Administração Financeira (Siafi) e a atuação nas CPIs,
sendo que este último instrumento permite a quebra legal de sigilo
bancário”. Mas, na CPI sobre os “anões do orçamento”, quando se
Mas que tenho eu a ver com Eduardos Jorges e toda essa gente? Será
que já não falei mal desse governo o bastante e já não me mantive longe
dele o suficiente para que qualquer tentativa de me confundir com ele se
desmascare, no ato, como safadíssima desconversa?
Não digo que essa usurpação seja uma certeza absoluta. Mas há indícios
dela suficientes para justificar, se não a investigação oficial que o caso
merece, ao menos a discussão pública, que o deputado agora quer
impedir mediante uma estúpida e arrogante ameaça de processo. Ele
sabe perfeitamente que essa ameaça é blefe. Ainda não vivemos numa
ditadura socialista na qual um profissional de imprensa possa ser
punido judicialmente por relembrar notícias de jornais velhos.
Aliás, outro fato esquecido, ao qual na sua réplica o deputado não alude
nem de longe, e que na época deu ainda mais credibilidade às suspeitas
do governador Amin, é que o mágico que tirava da cartola as mais
27/1/2001
Olavo de Carvalho
Devo lhe agradecer, ainda, por ilustrar com tanta clareza, neste seu
segundo artigo, os procedimentos de manipulação de texto que, por
alto, assinalei no primeiro. Onde digo que um crime “é menos grave”,
a senhora logo traduz para “é justificável”. É assim que a senhora
transmuta as minhas palavras, de um apelo ao equilíbrio, numa “defesa
subliminar da tortura”.
23/1/2001
Pai de oito filhos e já por quatro vezes avô, o filósofo dedica-se, entre
outras atividades, aos seus livros (está sendo publicado o décimo quinto
de sua autoria) e artigos veiculados em grandes periódicos brasileiros.
Merecem atenção especial do pensador os Seminários de Filosofia que
conduz em São Paulo. O curso, que atrai estudantes e profissionais de
diversas áreas, é reconhecido como um dos mais sérios e consistentes
dos que se conhecem. Encontram-se excertos das apostilas do curso -
além de inúmeros textos publicados por e sobre Olavo de Carvalho em
vários jornais e revistas - no site www.olavodecarvalho.org, mantido e
o formado em Filosofia?
-- Ninguém pode dar o que não tem nem ensinar o que não sabe. Não
há um só filósofo no nosso meio acadêmico, e a prova é que esse meio
rejeita, por medo e preconceito, todo filósofo autêntico que apareça
dentro ou fora dele. Dizer que uma Marilena Chauí, um Leandro Konder
sejam filósofos é um ultraje à filosofia. A primeira é uma professora de
ginásio, o segundo é um propagandista barato. Mas é só esse tipo de
gente que a universidade aceita. Já o Villém Flusser, um gênio
espantoso, acabou desistindo do Brasil e foi publicar seus livros na
Alemanha, onde imediatamente foi reconhecido como um dos
pensadores mais originais das últimas décadas. No Brasil aqueles
entojadinhos da USP faziam pouco dele, empinavam o nariz diante dos
seus escritos porque eram publicados em jornal – como se Gabriel
Marcel ou Ortega y Gasset também não tivessem sido eminentemente
jornalistas. Mário Ferreira dos Santos e Vicente Ferreira da Silva
também foram postos para escanteio, e até Miguel Reale, reitor da USP,
era discriminado dentro da sua própria universidade. Agora, com
quarenta anos de atraso, a USP decidiu absorver o prof. Reale,
concedendo ao mestre um lugarzinho modesto ao lado de quinze micos
outras áreas)?
-- Não sei quem foi que disse que cultura é aquilo que sobra quando a
gente esquece o que aprendeu. Fiz muitos exercícios de gramática,
seguindo especialmente a velha Gramática Metódica de Napoleão
Mendes de Almeida, e procurei incorporar o aprendizado de tal modo
que a regra aprendida funcionasse automaticamente. Hoje, que escrevo
com correção, esqueci metade da nomenclatura gramatical e ela não me
faz falta nenhuma. A gramática é um estudo reflexivo que pressupõe de
certo modo o conhecimento prático do idioma e não pode substituí- lo.
Mas, como eu já disse, as mentes muito dedutivas e analíticas precisam
já de um pouco de gramática no começo do aprendizado.
Olavo de Carvalho
Não há nisso, aliás, injustiça nenhuma: não se espera nem se exige que
um pesquisador, tendo resolvido uma questão central da disciplina que
o ocupa, faça novas descobertas mais decisivas em seguida. Mas às vezes
ele de fato as faz, como as fez o Gilberto de Sociologia e de Além do
Apenas Moderno, e como as faz Paulo Mercadante neste surpreendente
e enigmático A Coerência das Incertezas. Quando essas descobertas
passam despercebidas pelo público, o escritor, garantido por seu
prestígio inicial, nada perde. Quem perde é o público, que, satisfeito
com o antigo dom, se esquece de estender a mão para receber o novo.
Para dar aos leitores uma idéia do que encontrarão nas páginas que se
seguem, talvez seja bom voltar um pouco à Consciência Conservadora.
O problema de que ali se trata é decerto o mais decisivo na história de
qualquer país: o que pensam e por que assim pensam os homens que
mandam. No jargão das ciências sociais, é “a ideologia da classe
dominante”. Mas o termo ideologia tem, desde seu inventor,
Napoleão Bonaparte, a acepção de um discurso evanescente, ideal,
irreal. Segundo Marx, esse véu de irrealidades, Ideenkleid, “vestido de
sonharam em teoria.
Mas, nos trinta e cinco anos que se passaram desde sua publicação, a
curiosidade investigativa de Paulo Mercadante não só foi ampliando o
horizonte de temas e problemas que interessavam à sua devoção
científica (a mentalidade do homem regional, em Os Sertões do Leste; o
confronto de duas éticas em Militares e Civis; a influência paralisante
das doutrinas comunistas na cultura brasileira, em Graciliano Ramos),
mas, graças aos estudos filosóficos a que se dedicou com intensidade
crescente ao longo dos anos, foi observando as coisas desde um ponto
de vista cada vez mais profundo e mais pessoal. Em A Consciência
Conservadora, movíamo-nos ainda num terreno que, malgrado a
originalidade do ponto de vista, era ainda o da tradição historiográfica e
sociológica brasileira. A partir de um certo ponto da sua carreira,
Mercadante desembocou em questões que escapavam formidavelmente
ao horizonte de consciência dos nossos cientistas sociais em geral --
limitado por um materialismo e um imediatismo superficial que muito
têm a ver com a formação da mentalidade das nossas classes
conservadoras -- e abriam um campo totalmente novo de investigações.
A partir daí, ironicamente, o investigador se tornou um outsider
precisamente no momento em que se viu dotado de seu mais fino
instrumental analítico. Por uma infeliz coincidência, isso se deu
contemporaneamente à tomada dos meios de comunicação cultural por
um movimento político que, na ideologia, é herdeiro direto daquele do
Sob esse aspecto, este livro de Paulo Mercadante tem, sobre a alma
brasileira, um efeito nitidamente curativo.
Não que esse efeito seja fácil de obter. A leitura deste livro é por vezes
árdua, tantas são as alusões e subentendidos que entremeiam a
exposição, e que, como os símbolos históricos mesmos, requerem um
leitor capaz daquela apreensão criativa sem a qual a mágica não se
realiza.
Mentira e racismo
Olavo de Carvalho
do Povo”.
15 de abril de 2001
Notas
Olavo de Carvalho
Como não quero que nada nessa disputa fique nebuloso, vago e
sem conclusão, e como a plena elucidação do caso requer um exame
longo e meticuloso, incompatível com as limitações de espaço da revista,
colocarei em Bravo! apenas um aviso, chamando a atenção do leitor
para as explicações que, nesta página, passo a apresentar em capítulos,
que irei escrevendo à medida que me sobre tempo para consagrar a esse
episódio, de escassa importância em si mesmo mas bastante oportuno
pelo muito que revela da história contemporânea.
1. Estilística argemírica
Para qualquer pessoa que saiba ler, esses parágrafos significam que
McCarthy foi um idiota, um incapaz, vaidoso, fraco de caráter,
indulgente com a mentira própria e alheia, o qual, querendo liderar uma
causa patriótica que estava acima da sua capacidade, pôs tudo a perder
embora tivesse, em geral, as informações certas contra as pessoas certas.
[Continua]
7. É ou não verdade que, para esse fim, a KGB usava (além de seus
agentes profissionais, é claro) tanto os militantes do Partido quanto
meros “companheiros de viagem”? É ou não verdade que a ambigüidade
mesma da condição de “companheiro de viagem” foi sempre usada pelos
partidos comunistas como um instrumento de ação subterrânea nos
países não-comunistas?
Não podendo fazer isso de maneira alguma, ele desliza para longe
do assunto e, para dar à sua escapada um ar de resistência heróica,
recorre aos seguintes expedientes.
§ 2. Dois exemplos
[Continua]
Notas
Nenhuma dessas duas hipóteses é boa para você, mas prefiro apostar na
primeira. Continuarei apostando nela pelas próximas 48 horas. Se até lá
Olavo de Carvalho
Olavo de Carvalho
Na verdade o Seikh Abu Bakr não era “un certain Paterson”, mas o
próprio Martin Lings, este sim um autêntico “universitaire anglais
islamisé”.
27 de junho de 2001
Pauteiro da USP
Até quando vai durar essa palhaçada? Se não sabem o que fazer, se para
posar de pioneiros têm de correr no encalço do que fingem desprezar,
por que não largam de hipocrisia e se inscrevem logo como alunos do
meu Seminário de Filosofia?
Olavo de Carvalho
30/6/01
&
Sobre o mesmo tema, peço também a atenção do leitor para o artigo “De
volta à Academia”, que será publicado proximamente no Jornal da
Tarde de São Paulo.
Olavo de Carvalho
30/6/01
Olavo de Carvalho
PARTE I
evolução histórica.
Mas, como se diz, Deus não fecha uma janela sem abrir uma porta.
Ao mesmo tempo que as universidades se fecham num orgulhoso
dogmatismo, surge, fora dela, uma nova intelectualidade capaz de
renovar a ciência e o pensamento. Não por coincidência, mas por uma
espécie de efeito homeopático, ela nasce dentro da mesma aristocracia
que fora responsável pela estatização do ensino. É uma intelectualidade
palaciana, constituída de servos da corte, de altos funcionários da
burocracia, de nobres independentes fechados em seus castelos, como
esse extraordinário seigneur du Perron, René Descartes, militar
aposentado que medita ousadamente sobre sua juventude perdida no
dogmatismo universitário e, abdicando de toda a falsa ciência adquirida,
decide recomeçar desde o único ponto de apoio capaz de subsistir à
devastação da cultura: a consciência individual, que para existir basta
pensar que existe. Idêntico recuo desde a autoridade coletiva à
consciência própria realiza o juiz de instrução e par do Reino, Francis
“Esperais, talvez, não sem razão, que eu voz explique o título que
dei a esta série de lições, e isto, sem dúvida, não por ser ele novo ou
porque não se o tenha visto figurar senão recentemente nos programas
de cursos universitários. Se, com efeito, se desejasse deduzir desta
última observação uma objeção contra tal iniciativa, bastaria lembrar a
louvável liberdade que reina nas nossas universidades, e que faz com
que os professores não sejam obrigados a ater-se aos títulos das
especialidades admitidas e consagradas, mas possam estender sua
ciência a novos domínios que lhes estavam fechados, e introduzir
assuntos até então estranhos e abordá-los de uma maneira livremente
escolhida, o que com freqüência resulta não somente em dar a esses
assuntos um sentido mais elevado, mas em ampliar, de certo modo, a
ciência mesma.” [9]
É uma criança essa nova classe média; mas uma criança perigosa,
cheia dos ressentimentos dos déclassés, furiosa contra os livros que já
não sabe ler e cujas lições já não garantem a ascensão social. Está
madura para a violência.
09/07/98
PARTE II
14/07/98
PARTE III
jeito com que eles que falam do assunto, parece que foi por decreto
papal, com penalidades para os recalcitrantes. Mas foi exatamente ao
contrário. Tão logo divulgada no Ocidente no século XIII, a partir das
traduções árabes, a Física de Aris-tóteles foi impugnada por um
concílio. A impugnação significava apenas rejeição dogmática de uma
doutrina, não proibição de ensiná-la. Longe de desaparecer das salas de
aula, como hoje acontece com qualquer doutrina que desagrade a um
chefete de departamento, a ciência aristotélica tornou-se tema predomi-
nante de exame e discussão na Universidade de Paris, a mais vigorosa
da época. Evidentemente os primeiros a tocar no assunto não fizeram
senão expor e desenvolver a condenação, que atingia 28 teses
importantes da Fí-sica. Aconteceu que apareceram imprevistos
defensores de Aristóteles, en-tre os quais Sto. Alberto Magno e Sto.
Tomás de Aquino. Com isto, não só o lado aristotélico levou a melhor
nos debates, mas a universidade, persua-dida, acabou adotando, como
linha “oficial”, não a opinião que fora deter-minada pela autoridade do
concílio, mas aquela que se sobressaíra no con-fronto puramente
intelectual. O aristotelismo que vai progressivamente dominando as
universidades do século XIII até o XVI não é filho do auto-ritarismo,
mas de uma liberdade inspirada no respeito de todos à argumen-tação
racional. Esse desprendimento, essa veneração aos direitos da inteli-
gência, são inimagináveis, hoje, em qualquer debate acadêmico
brasileiro, onde aqueles que são derrotados no campo intelectual logo
recorrem a ex-pedientes admnistrativos ou à difamação pura e simples
para boicotar e ca-lar os adversários, com sucesso infalível. Qualquer
membro do esta-blishment universitário brasileiro que fale em
“obscurantismo medieval” deve ser considerado, pois, um hipócrita, um
27/07/98
[Continua]
NOTAS
Monastery, New York, Harper & Row, 1960, e Life in the Middle Ages,
selected, transl. and annotated by G. G. Coulton, 4 vols. in one,
Cambridge, Univ. Press, 1954, bem como, só para períodos posteriores,
Régine Pernoud, La Femme au Temps des Cathédrales, Paris, Stock,
1980.
[6] Sto. Tomás, por exemplo, arrisca, com cuidadosa modéstia, alguma
teorização astrológica na Summa contra gentios (Livro III) e alquímica
[12] Mas a praga nacionalista tinha vindo para ficar: até hoje é
espantoso, para um observador de Terceiro Mundo, que acompanha
com beata admiração o progresso do conhecimento em todos os grandes
centros simultaneamente, notar como em cada um deles os eruditos se
permitem ignorar os trabalhos de seus colegas de outros países, só
tomando ciência deles quando são traduzidos ou ganham destaque na
imprensa internacional. Nada mais consternador, e ao mesmo tempo
paradoxalmente reconfortante para o provinciano, do que constatar o
provincianismo mental das grandes capitais.
[16] “Quase todos os confortos com que a tecnologia nos ajuda na vida
diária foram criações da pesquisa militar. Enquanto isso, os
universitários se ocupavam precipuamente de criar e fomentar as
ideologias que produzem guerras. Da Revolução Francesa até hoje —
com a notória exceção do expansionismo bismarckiano —, não se fez
uma só guerra por exigência de militares, mas todas para realizar
alguma doutrina acadêmica, fosse de Karl Ritter ou de Georges Sorel ou
de Vilfredo Pareto, de Carl Schmitt ou de Régis Débray. Os militares
sempre dizem que não dá, mas acabam se rendendo, como os caciques
da Idade da Pedra, à mágica das palavras. Isso não quer dizer que, nos
tempos modernos, as atribuições das castas tenham se invertido. Ao
contrário: é da natureza das coisas que os homens de idéias inventem os
pretextos de matar, obrigando os homens de armas a inventar os meios
de sobreviver — os quais acabam, por inescapável conseqüência,
melhorando a vida dos sobreviventes.” O. de C., “O pajé”, Jornal da
Tarde, São Paulo, 12 de junho de 1997.
http://www.olavodecarvalho.org/textos/dines3.htm16/4/2007 11:02:15
O método de aliciamento do sr. Orlando Fedeli
O método de aliciamento
do sr. Orlando Fedeli
A única vez que chamei algum aluno do sr. Fedeli para vir falar
tempo para lhe dar uma resposta por escrito. Já o sr. Fedeli, no
Nadu, por exemplo, foi convocado pelo sr. Fedeli a vir de Curitiba
Em abril, forneci ao senhor alguns dos dados que obtive sobre o Sr.
Orlando Fedeli. Tive, antes, o cuidado de, num período de quatro meses,
ouvir ao menos 3 testemunhas diretas que me confirmassem os
depoimentos umas das outras. Com base nisso, pude apurar que o Sr.
Fedeli se auto-atribuiu a missão de salvar a alma das pessoas mediante
o guiamento de suas inteligências. No cumprimento de sua missão,
Fedeli diz, a sério, que ir ao seu Seminário é mais grave que matar uma
pessoa.
diante disso, senão que vieram desde o início como agentes do sr.
1. Fedeli nos busca no metrô e nos leva numa mini van à Associação
Montfort. A caminho de lá, quer saber o que houve na aula recém finda
(aula do mês de abril) . É informado da fita, que lhe será exibida na
Quarta feira próxima. Registra que o seu silêncio público é uma
proposta tácita de acordo. Diz que não vai parar enquanto não
distanciamento estético?
1) Fedeli nos leva a uma sala reservada e nos mostra o livro sobre a vida
de René Guénon que havia citado de Segunda mão. Mostra fotos de
René Guénon, Titus Burckhart e um terceiro, o único cuja obra
desconheço, e os chama repetidas vezes de palhaços, pois “se vestem de
árabes” sem sê-lo. “Palhaçada”, repete Fedeli enquanto exibe várias
fotos do livro.
(Art. 208 do Código Penal) e já basta para mostrar quem é esse sr.
2) O.F diz que Guénon era toxicômano, pois os de sua seita usavam
3) Fedeli tenta rebater a sua alegação de que teria ele citado o livro em
questão sem ler. Diz que “agora o está lendo” e que foi o senhor quem
não leu o livro. Como prova desta afirmação, relembra que o senhor
houvera dito que a autora da obra não sabia que Martin Lings e Sidi
Abu-Bakr eram a mesma pessoa e que atribuíra a M. Lings episódios
que haviam se passado com Burckhardt e vice-versa. Exibe-me, então, o
índice onomástico do livro. Mostra-me que o nome de Martin Lings é ali
citado numa única página e que, portanto, seria impossível existir troca
de episódios.
não leu o livro foi ele! Como poderia haver troca de episódios se o
Martin Lings só é citado uma vez no livro? Você não está vendo aqui? E
conclui (reproduzo com exatidão): “Esse Olavo é um chutador!” Fico
boquiaberto.
nome deste que aparece, e não o dele. (V. nesta homepage minha
Porca miséria. O sr. Fedeli aí prova sua total inaptidão para ser até
vivente” [3]
Como é que esse idiota não entende que, por exemplo, diante da
Peço a palavra. Digo ao senhor Fedeli que ele esquece-se que, na sua (a
de O de C) terminologia, conhecer é simplesmente receber informação e
ser conhecido é transmitir informação e que existe, além disso, o
inteligir, que é apreender a verdade. A pedra “conhece”, mas só o
homem intelige. Assim, não poderia ele realizar aquela equiparação,
com vistas a dizer que a pedra, no ato de conhecimento, “inteligiria” a
fagulha divina do homem, e vice-versa. Cito o já famoso exemplo da
pedra, que recebe informações sobre a lei da gravidade, mas não
trasmite informações para si própria (o que, aliás, na sua terminologia,
chama-se consciência). Descabida, portanto, a alegação do senhor
Fedeli, que supõe presentes, no homem e na pedra, capacidades
idênticas (pois idênticas as fagulhas divinas) de conhecimento,
inteligência e consciência, necessárias à, por assim dizer, “unificação”
no sentido fedeliano.
Fedeli toma a palavra e diz que conhecer e inteligir são uma só e mesma
coisa (noto, pela sua entonação, que ele até então desconhecia ou não
havia meditado sobre distinções terminológicas supramencionadas) e
que essas distinções o senhor as inventara para nos enganar e, como eu
não entendia nada de filosofia, ficava muito fácil me enganar.
atribua... a mim!
Uma vez que eu houvera dito que, na sua terminologia, inteligir era
apreender a verdade, Fedeli, em tom desafiador, pergunta “E o que é a
Verdade?”. (Tal frase fora dita no calor da discussão, e nem Fedeli nem
eu reparamos na semelhança, que só agora percebo, com a passagem
bíblica.)
XI:13.
Com essa, já são três as falsas remissões que você faz a livros que
não leu. Não basta isso para que a gente perceba com quem está
lidando?
Esses judeus deviam ser doidos, para ditar a Maomé um livro que
Maomé dizia que o livro não fora escrito por ele, e sim ditado pelo
Arcanjo Gabriel. Aliás é o que diz o próprio Corão. Por que, então,
(nem há) razão para que essa ordem estatuída ex post facto
mais tempo sabem mais do que aqueles que chegaram depois! Tal
maçônica! C. Q. D.
outra linha de raciocínio ele pode ter seguido, se é que isso é linha
e se é que é raciocínio.
12) (O que relatarei neste tópico e nos dois próximos foi discutido entre
a exposição dos argumentos contra o islamismo. Por eu não poder
precisar o ponto exato em que os temas foram abordados, e por serem
questões relativas apenas à sua filosofia e que em nada se relacionam
Mas que supremo idiota! Ele nem percebe que está dialetizando! A
conclusão inescapável é que ele não tem a menor idéia do que seja
dialética, pois não a reconhece nem quando ela sai da sua própria
boca.
(Estou “vendo” o resto do texto [12] , mas sou incapaz de citá-lo, por
colocar o Sr. Fedeli em situação extremamente constrangedora. Neste
momento abateu-se sobre mim a máxima desolação).
14) Fedeli retomou a exposição sobre o Alcorão e no seu curso, não pôde
deixar de reparar em meu estado. Pede-me para que fale com ele e, com
simpatia, pergunta-me se estou magoado. Arrisca conjecturar que eu
estaria magoado pelo fato de ele estar atacando alguém de quem eu
gostava muito (o senhor). Nada mais longe do que de fato se passava
comigo, e que já descrevi. Balbucio algumas palavras, desolado.
14) Fedeli nos adverte que Jesus, em muitos casos, passava apenas uma
vez pela vida das pessoas, e que, portando, devíamos estar muito
atentos para que, quando ocorresse essa passagem, não a jogássemos
fora e nos condenássemos.
conosco e bate à nossa porta até o último instante. Bate até à porta
dessas.
só para impressionar?
coisa que não lhe é de nenhum proveito material (e, creio eu, nem
a seus alunos.
Notas
[3] Note, por favor, que não havíamos tido, ainda, a aula do mês de
maio, em que o senhor explicou – inclusive com certas atualizações em
relação à terminologia usada na entrevista ao embaixador – as diversas
acepções
[4] E mesmo o termo identidade seria aqui equívoco. Fritof Schuon, por
exemplo, diferencia a “identidade substacial” da “identidade
essencial” (Da Unidade Transcendente das Religiões). Esta observação
me ocorrera concomitantemente à que estava verbalizando ao senhor
Fedeli, mas por absoluta incompetência minha, não a formulei. Cumpre-
me, aliás, registrar, que me foi tremendamente difícil expor o que expus
ao senhor Fedeli, em primeiro lugar, por incompetência e, em segundo,
porque, como registrei e como veremos, o senhor Fedeli, ao ser
contraditado, recorria a expedientes pouco dignos de um professor, e
menos dignos ainda de um “salvador de almas”, como ele se denomina.
Como forma de atenuar a minha culpa por tão imperfeita e precária
exposição, expliquei ao meu companheiro de viagem – que mal pôde
dormir - umas dez vezes e com cem vezes mais detalhes – cada objeção
do Sr. Fedeli.
pergunta era o fato de um cristão não perceber os flancos que abre ao,
extra muros, apontar como prova de falsidade de outra tradição o
critério de edição de seu livro. Que aconteceria aos cristãos do site se o
incauto Sr. Fedeli se abrisse um tópico no Fórum Sapientia e, sob o
olhar do Sr. Caio Rossi e outros tantos, lá formulasse as críticas
supradescritas ao Alcorão? Imediatamente choveriam textos, histórias
sob a seleção e edição de Evangelhos etc. Todos os que frequentaram
aquele fórum são, aliás, testemunhas do assanhamento que as
discussões sobre as “tradições” provocam nesse tipo de gente, que tenta
realizar o desejo que o Sr. Otávio Frias sintetizou de modo exemplar:
que as religiões se anulem umas às outras. Eu já havia advertido os
alunos do Sr. Fedeli, desde o segundo mês da polêmica, a não atirar
pedra em telhado alheio sem antes verificar o estado do seu o próprio.
Aconselhei a todos que seguissem as regras de Schuon e as suas.
Exemplifiquei minhas assertivas e deixei claras as minhas
preocupações. Especialmente porque o seu artigo publicado em O Globo
sobre o tema ainda não havia sido escrito, coube-me alertá-los das
possíveis consequências dos ataques que porventura viessem a fazer às
outras tradições.
“A DIVINDADE DIALÉTICA
(www.montfort.org.br/veritas/mestre.html)
Por isto julguei conveniente publicar aqui mais esta sua fofoca
ele talvez procure dar aqui, mas desde o início este garoto foi o
de C.
Felipe Coelho
O texto do Prof. Orlando Fedeli, como o próprio título indica, não trata
referi foi dita cum grano salis, mas a sutileza escapou tanto a
de que?
que estes têm nos meus textos, e não naqueles que sua própria
imaginação projeta sobre eles, tudo ficaria mais claro. Mas isso
proveito da confusão.
É absurdo o Sr. Olavo querer dizer que Santa Teresa tinha este tipo de
conhecimento de Deus quando lhe aparecia Nosso Senhor. É claro que,
ao vê-Lo, ela permanecia Teresa, e Ele, Jesus.
moleque pode ter encontrado nos meus escritos (a não ser que ele
(Num outro documento, o sr. Fedeli, querendo por toda lei lançar
seu discípulo)
trata a fé exatamente como o Sr. Olavo, como caminho para a gnose: "A
Fé não poderá opor-se ao Conhecimento [de Deus, ou seja, a gnose] da
qual é, ao contrário, como vimos, um modo iniciático..." (Frithjof
Schuon, Da Unidade Transcendente das Religiões, Trad. Fernando
Guedes Galvão, Livraria Martins Editora S.A., São Paulo, 1953, p. 184).
Olavo deve lembrar-se de ter lido isto, pois, no parágrafo anterior a este
último trecho citado, encontra-se detalhada por Schuon a comparação
blasfema entre a Virgem Maria e Maomé que o Sr. Olavo resumiu em
seu artigo "Mensagem de Natal", O Globo, 23.12.2000). Registre-se
ainda que, como tudo isso é condenado pela Igreja Católica, Schuon
refere-se a Ela com total desprezo: "A Igreja latina, com seu idealismo
sentimental e irrealista..." (Frithjof Schuon, O Esoterismo como
Princípio e como Caminho, Ed. Pensamento, p. 189).
moleque.
Afinal, o Sr. Olavo de Carvalho confessa mais uma vez que é gnóstico.
Abaixo vai o texto do Prof. Fedeli, seguido da mais atual confissão do Sr.
Olavo de Carvalho, ao comentá-lo (o sublinhado é meu):
O Sr. Olavo de Carvalho citou recentemente Hans Jonas como "o mais
famoso historiador da gnose", numa breve nota na qual fala em "o
rótulo de gnose (no sentido estrito de Hans Jonas)" (Olavo de Carvalho,
nota a "A face oculta do mundialismo verde", de Pascal Bernardin, in
<http://www.olavodecarvalho.org/convidados/bernardin2.htm>).
Logo, o Sr. Olavo aceita que Hans Jonas usa gnose no sentido estrito,
sentido que é condenado pela Doutrina Católica. Veja-se então o que diz
Hans Jonas: "Na verdade, houve apenas alguns grupos cujos membros
tolerável.
gnose” não implica que eu use os termos no sentido que ele lhes
dá.
obter a salvação”?
afinal me acusam?
páginas?
sentido.
texto referido, Perry não diz nada do que Felipe Coelho o faz dizer.
Finalmente, o Sr. Olavo cita dois pretensos erros do Prof. Fedeli, que
supostamente trocaria o sujeito de suas frases. Vejamos. No primeiro
caso, Olavo afirma: "Digo, por exemplo, que com tal ou qual argumento
ele 'cortou seu próprio pescoço' - e ele entende que eu estou ameaçando
cortar o seu pescoço". Ora, em seu "Aviso 1" Olavo dissera: "Por
enquanto, não há mal em que o sr. Fedeli vá curtindo sua ilusão de ser
um novo S. Jerônimo, de ter cortado a língua a um infiel (sic). Logo ele
verá que cortou mais é seu próprio pescoço". E isso não é uma ameaça?
Se eu digo a alguém: "Você, ao me acusar, assinou sua própria sentença
de morte", não o estou ameaçando? Por favor.
mas que este vai cortar seu próprio pescoço, o que, no contexto,
meus escritos.
E veja-se que o Sr. Olavo, em seu "Aviso 2", diz ainda que a denúncia do
Prof. Fedeli "não habilita o sr. Fedeli a receber outra resposta senão
uma que o Código Penal me proíbe: um tapa na cara". Para piorar, o
segundo "erro" consegue ser ainda mais tolo, pois o Sr. Olavo afirma:
"Digo que seus alunos estão assustados e perplexos - e ele entende que o
estou acusando, a ele, de assustar os meus alunos". Reparem bem que
foi exatamente isso que o Sr. Olavo disse em seu "Aviso 3" (os negritos e
o sublinhado são meus): "Respondi às suas acusações, de fato, não por
mérito delas ou de seu autor, mas apenas em atenção a dois ou três
garotos que, sendo alunos dele, também são meus, e que
enquanto o forem terão o direito de obter de mim, na medida em que eu
possa dá-las, as explicações necessárias a tirá-los do estado de
perplexidade e confusão em que tipos como o sr. Fedeli os
jogam para dominá-los."
produzir uma contradição que não existe. Não foi enquanto meus
alunos que esses meninos puderam ser assustados pelo sr. Fedeli,
alminha que por ela não hesita em jogar ao lixo as mais patentes
verdades – já nem era mais meu aluno, mas, por polidez, fiz
In Iesu et Maria,
Felipe Coelho.
12.07.2001
trilhar.
Olavo de Carvalho
O Sr. Wells, um autor menor que acabou por ser quase esquecido, é
mencionado de passagem neste livro como um dos principais
construtores da Nova Ordem. Passados oitenta anos, poucos
observadores da realidade de hoje se dão conta de quanto ele contribuiu
para formá-la, coisa que no entanto já estava óbvia para Aldous Huxley
em 1931. O Sr. Wells, no livro “A Revolução Invisível” (1928), foi o
primeiro a apresentar o projeto integral de uma Nova Ordem, que
parece ter inspirado de algum modo os Srs. Clinton e Blair. Que feito de
tão magna importância fosse obra de um autor que representa mais do
que ninguém a mediocridade satisfeita do progressismo moderno, é
coisa que não deve nos estranhar, pois a Nova Ordem, com seus clones,
seus tribunais mundiais e seu controle da internet, não é outra coisa
senão a mediocridade materializada em escala global -- o mundo onde o
Sr. Wells se sentiria tão à vontade quanto Bouvard e Pécuchet.
26/03/01
2. A Ilha
1) Mesmo que ela fosse certa, não bastaria para arrasar de vez a
reputação de Huxley como ficcionista, de vez que crítica semelhante já
se fez a Swift e Voltaire.
propriamente à sua época: uma parte do seu ser está mergulhada num
passado imemorial, a outra projeta-se num futuro inalcançável, e só
uma parcela ou recorte deles é visível a seus contemporâneos. Mas a
mente do intelectual médio é o ponto de intersecção dos horizontes de
consciência da sua época: o que aparece na sua tela interior é aquilo que
todos vêem ao mesmo tempo, a coincidência de todos os recortes, a
interconfirmação de todas as percepções e de todas as cegueiras. Por
isto seu discurso é tão bem recebido por seus contemporâneos, e por
isto é tão fácil, das suas palavras, deduzir o que “o público” pensava.
Publicado em 1963, este livro foi lido como uma espécie de antítese
do Admirável Mundo Novo. Enquanto o romance de 1932 trazia o
retrato de uma sociedade opressiva e mecanizada, da qual toda
espontaneidade humana tinha sido extirpada em benefício da ordem e
da produtividade, a ilha de Pala era como que a materialização dos
sonhos de liberdade da geração flower power: amor livre, religiosidade
sem dogmas, respeito às diferenças individuais, incentivo à expressão
das emoções, tudo num ambiente ecológico de reverência pela natureza.
22/4/01
Olavo de Carvalho
Nem Hans Jonas, nem H.-C. Puech, nem Hans Urs von Balthasar,
nem Voegelin, nem qualquer outro estudioso, por mais ampla que fosse
sua definição de gnose, jamais a usou para sustentar essa hipótese, a
qual aliás nem sequer mencionam porque, mais que à história, ela
pertence ao domínio da psicopatologia.
A hipótese aí contida é tão ampla, que ela não pode ser provada
nem impugnada no prazo de uma vida humana ou de infinitas vidas
humanas. Cientificamente, ela é por isso mesmo inaceitável. Fatos
inumeráveis não lhe darão consistência, refutações sem fim não a farão
recuar. Ela é uma escolha, um ato de fé, que o sr. Fedeli, abusivamente,
procura confundir e identificar com a própria fé católica, de modo a
poder condenar como herético quem quer que, na sua divisão dualista
do mundo, não cerre fileiras com ele -- ou com o fantasma do dr. Plínio
-- no seu combate contra tudo o mais. Isto implica, naturalmente,
estender sobre todos os “gnósticos”, no sentido amplíssimo do termo, a
acusação de heresia que a Igreja fez pesar sobre os gnósticos dos
primeiros séculos. Mas isto já não é teoria: é loucura.
O sr. Fedeli tem todo o direito de defender sua idéia, mas nem
mesmo a alegação de insanidade lhe dará o direito de sugerir ou
insinuar que ela corresponda a alguma cláusula do dogma católico tal
como definido pelos Papas e Concílios. Nenhum Papa ou Concílio
subscreveu jamais essa doutrina. Nenhum jamais afirmou a identidade
substancial de todas as espiritualidades não-cristãs com a heresia dos
primeiros séculos, identidade que, para o sr. Fedeli, é a verdade das
verdades.
18/07/2001
Olavo de Carvalho
Olavo de Carvalho
18/7/01
Post scriptum
Olavo de Carvalho
Não tendo um corpo de militantes a meu serviço, nem mais que uns
minutos por semana para consagrar ao sr. Fedeli entre viagens e mil e
um trabalhos, não posso evidentemente acompanhar e responder pari
passu às acusações que me fazem ele e seu fiel escudeiro Felipe Coelho.
Nem creio que isso seja importante, pois o tempo, por si, se encarregará
de esclarecer as coisas. A ânsia, a pressa, a velocidade alucinada com
que esses indivíduos disparam incessantemente páginas e páginas de
páginas de acusações contra mim já mostra que não pensam em outra
coisa, que destruir a reputação de Olavo de Carvalho se tornou para elas
uma questão de vida ou morte.
do bem e do mal.
levado pelo orgulho, como Lúcifer, não admite sua finitude, não
metafísica.
...
exemplo, escreve:
Um conceito que não somente não pode ser generalizado para abranger
outros fatos, mas que não abarca nem mesmo os próprios fatos
dos quais partiu a sua formulação não é, obviamente, um conceito,
mas apenas a expressão vaga e autocontraditória de uma impressão
subjetiva.
O sr. Fedeli não tem, portanto, nenhum conceito de gnose. Não digo que
tenha um conceito ruim, ou tosco, ou primário. Não tem nenhum. Tem
apenas uma imagem, um símbolo unificador – o da serpente no Paraíso
– em torno do qual pode agrupar, pelo método mágico da analogia, uma
multidão de fatos objetivamente inconexos, cuja acumulação dê ao
conjunto uma aparência de verossimilhança fortemente persuasiva -- na
verdade, tanto mais fortemente persuasiva quanto menos logicamente
fundamentada.
alteração pura e simples do sentido das palavras (se bem que seu
discípulo Felipe Coelho supere o mestre nesse ponto, ao interpretar
“virtude salvífica da devoção intelectual” como “salvação pelo
conhecimento”). A prova de que essa confusão não é acidental, mas
reflete uma sua incapacidade crônica, uma falha na sua formação
intelectual e talvez até um escotoma na sua percepção geral do mundo, é
que ele não a comete somente ao ler, mas também ao pensar, como se
viu no presente caso, onde, imaginando elaborar um conceito, ele não
produz senão símbolos e analogias.
24/07/2001
Notas
Um grupo de psicóticos
Olavo de Carvalho
acima dos direitos assegurados pela legislação civil, já denota, por si,
uma personalidade anormal. Mas a suspeita de patologia torna-se uma
certeza quando se nota que, em vez de juiz de algum tribunal canônico,
o homem que assim fala é apenas um leigo, um cidadão comum, sem
qualquer autoridade religiosa e, no máximo, chefe de uma seitinha
miserável cuja existência a Igreja ignora solenemente -- um juiz de
fantasia cujo veredicto, por terrificante que pareça, não será levado a
efeito senão no tribunal da sua imaginação.
Que ele possa pensar que seu esse tribunal é o próprio Juízo Final,
e que Deus em pessoa condenará no eterno o que Orlando Fedeli
condene neste mundo, é um direito que eu seria o último a lhe negar,
persuadido que estou de que o princípio da liberdade de consciência
para os homens normais implica, como corolário incontornável, a
liberdade de inconsciência para os loucos, os bêbados e os menores de
idade.
Mas tudo isso ainda não me dissuadia de debater com o sr. Fedeli,
pois o diagnóstico de insanidade não me permitia apostar, a priori, que
se tratasse de quadro clínico irreversível.
***
Mas isso, no fim das contas, não vem ao caso. Sempre conheci mal
essas pessoas e nunca tive interesse em sondar suas vidas. Foi só depois
de eclodido o presente debate que alguns alunos vieram me contar o que
sabiam delas.
Tão distante está o sr. Fedeli da situação real de discurso que ele
chega a ostentar como sinais de aprovação da platéia as cartas que lhe
são enviadas por pura gozação pelo tal de Fabrício (pseudônimo de um
hacker comunista) e por um sr. Francisco Nixexé (o qual não existe e
não passa de outro pseudônimo do mesmo cidadão), sem perceber nem
de longe que está sendo usado como personagem de piada. (10) Custei
um pouco a me dar plena conta da sua completa falta de senso de
realidade e creio que de início carreguei demais nas tintas ao atribuir-
lhe intenções maliciosas. A malícia, nele, é totalmente inconsciente: ela
não provém da sua vontade, mas do demônio que se apossou dos seus
pensamentos e os embaralha sem que ele se dê a mínima conta do que
se passa. O mesmo acontece com o jovem Coelho.
doidinho.
06/08/01
Notas
http://www.montfort.org.
montfort.org.
(7) Id.
(8) Id.
1982.
Não foi nem uma coisa nem a outra. Foi pura coincidência. Sempre
estudei só para minha orientação pessoal, sem nenhuma ambição -- ou
rejeição -- de carreira acadêmica. Só comecei a dar conferências porque
fui convidado. Gostei e continuei. Mas aí já não tinha mais sentido
Você deveria perguntar isso àqueles que “me vinculam” a essa corrente.
Da minha parte, asseguro que não sou um ideólogo de maneira alguma.
A crítica radical que faço à ideologia dominante nos nossos meios
intelectuais não implica a filiação a qualquer outra ideologia. Aliás, a
crença mesma de que uma ideologia só possa ser criticada desde outra
Gosto muito do dr. Roberto, tenho o maior carinho e admiração por ele,
mas seu pensamento não me influenciou em absolutamente nada. Dos
economistas liberais, só devo algumas idéias a Ludwig von Mises e
Eugen von Böhm-Bawerk. Também não recebi influência alguma do
Merquior. Os únicos brasileiros que influenciaram de algum modo o
meu pensamento foram Gilberto Freyre, Mário Ferreira dos Santos e
Miguel Reale, o primeiro um conservador, o segundo um anarquista, o
terceiro um social-liberal (se fosse possível defini-los politicamente e se
suas obras não fossem muito mais ricas do que suas respectivas
identidades políticas). Mas não sou, sob qualquer aspecto pensável, um
seguidor de nenhum deles.
leram as minhas obras nem sabem o que quer que seja dos
fundamentalistas islâmicos. Aliás, você acredita mesmo que os
comunistas, adeptos do mais sangrento dos totalitarismos, defendam
“uma visão pluralista da cultura e da sociedade”? Você já viu o controle
férreo que essa gente exerce sobre as opiniões no meio acadêmico e
jornalístico? Qualificar a mim como totalitário e a eles como pluralistas
é uma completa inversão da situação real. É impressionante como essas
mentirinhas pueris circulam e acabam sendo aceitas como verdades.
governador daqui sabe fazer é propaganda, alardeia obras que ele não
fez, até obras dos seus adversários.
— Mas essa relação não sou eu que vejo, são eles mesmos que afirmam!
Eles dizem isso! Eles se irmanam na luta pelo socialismo na América
Latina, eles declaram isso. Não é uma interpretação que eu estou
fazendo. Então, é evidente que, se o PT ganha votos aqui, isso é bom
para a guerrilha colombiana lá. Se o colombiano ganha mais meio metro
quadrado de terra, isto é bom para o PT aqui. Agora, se o dr. Olívio
Dutra não tem interesses ligados a isso, ele que condene as violências da
guerrilha. Eu o desafio em público a fazer isso! Essa guerrilha todo
mundo viu na televisão: os guerrilheiros amarraram uma bomba na
cabeça de uma prisioneira e a mulher explodiu. Essa é a maior
organização criminosa que já existiu no continente. Se o dr. Olívio Dutra
for sincero, que condene esses crimes. Ele que chame o representante
da guerrilha de criminoso, se ele tiver coragem. Esse é o tratamento que
o governador tem obrigação de dar a essa gente. É esse o tratamento
que ele está dando? Não, ele está tratando esses sujeitos como hóspedes
normais! Você recebe o Al Capone na sua casa e o trata como se fosse
um homem honrado e, sobretudo, empresta um megafone nacional para
o sujeito falar, para fazer propaganda? O que fez o Fórum Social
Mundial se não dar a esse pessoal da guerrilha instrumentos de
propaganda? Ora, dar instrumento de propaganda não é cumplicidade?
— Ah, isso vai ser muito divertido! Em primeiro lugar, porque eu tive
um debate pela imprensa com o deputado José Dirceu, e eu vou
encontrá-lo lá, eu quero que ele me diga, cara a cara, que ele não é um
técnico em inteligência militar formado em Cuba. Ele diz que o PT só
investiga nas fontes oficiais, o que é uma impossibilidade pura e simples
porque, em certas CPIs, o PT aparecia sabendo até o número da cédula
que foi dada em propina para um sujeito. O que mostra que existe
espionagem. E o deputado José Dirceu nega isso aí. Ameçou até me
processar. Agora, ele deve explicar como é que se deu essa estranha
mutação na cabeça dele que, de agente secreto, se transformou em
jurista. Esse é um dos motivos pelos quais eu estou ansiosíssimo para
chegar lá, eu quero que ele me conte essa história.
desmontá-la, é óbvio!
ago.-set. 2001
— Não posso dizer isso com certeza, mas dois fatores não devem ser
esquecidos. Primeiro, na avaliação da KGB, Cuba é o mais perfeito
Estado policial do mundo, com um polícia secreta para cada 28
habitantes. Derrubar isso não é fácil. Em segundo lugar, um amigo meu,
importante dignitário da Maçonaria européia, me contou que Fidel
Castro teve a prudência de não perseguir os maçons, ao contrário do que
o regime comunista fez no Leste europeu. Tendo em vista a força que a
Maçonaria tem nos EUA, é normal que isso tenha desestimulado
consideravelmente qualquer iniciativa anticastrista das elites norte-
americanas.
ao comunismo do que foi Stálin. Raul Castro foi uma peça essencial do
mecanismo do Estado policial. Não creio que tenha a mínima intenção
de liberalizar o regime.
— Certamente não, mas isto não se deve à sua origem operária, nem
mesmo à sua falta de cultura, mas sim ao fato de que, no seu partido, ele
não é um verdadeiro líder e sim apenas um símbolo, um emblema
publicitário populista. Eleger Lula não é eleger um candidato, mas um
partido. Com Lula na presidência, o Brasil terá alguns milhares de
presidentes da República, agindo nos bastidores, totalmente
desconhecidos da população. Alguns deles são funcionários ou ex-
funcionários do Serviço Secreto cubano e trabalham para finalidades
que a população nem imagina. O PT é um partido de duas camadas: há
o programa ostensivo, para fins publicitários, e há a estratégia de longo
prazo, só discutida nos congressos internos e nas reuniões da elite. Essa
estratégia é documentada nas atas de congressos, mas quem lê isso fora
do partido? O velho Partido Comunista usava sempre outros partidos
como fachada, continuando sua ação revolucionária no fundo. O PT é
um tipo novo de organização dupla - ao mesmo tempo fachada e força
revolucionária ativa, mudando de aparência e de orientação quando
bem lhe convenha.
Seja lá qual for sua religião - ou até mesmo caso você não tenha
nenhuma -, esperamos que você concorde que isto é basicamente
errado. "Tudo o que é preciso para que o mal triunfe é que os Homens
de Bem nada façam".
Por favor não seja um dos que nada fazem. Por favor, acrescente a sua
voz.
CASO VOCÊ FOR O nome de número 251, por faor envie uma cópia do
e-mail desta mensagem para: alastair@om-int.com Nós o re-
enviaremos para as Nações Unidas. Então, apague todos os nomes e
reininicie uma cadeia tendo seu nome como número 1 e siga repassando.
Obrigado
===========
Ao Secretário Geral, Conselho de Segurança e Assembléia Geral das
Nações Unidas:
correntemente em vigor.
http://www.oindividuo.com
http://www.olavodecarvalho.org/textos/atencao.htm16/4/2007 11:04:51
Educação Liberal
Educação Liberal
Esta formação básica, que geralmente começava bem mais tarde do que
hoje, aos quatorze anos, visava a transmitir ao indivíduo, por um lado, o
senso das proporções, o senso da forma do mundo e, por outro lado, os
2
meios de compreensão, expressão e participação na cultura humana .
que, a despeito do tempo que passou depois que ela foi escrita, ainda
tem algo a nos ensinar. Particularmente, e mais precisamente, se
designam como clássicas obras que estabeleceram certas noções ou
transmitiram certos ensinamentos, que vão formando patamares
sucessivos de consciência humana, de tal modo que a discussão de
determinados assuntos não tenha mais o direito de descer abaixo
daquele patamar.
que não quisemos fazer, que sejam o que não somos, entramos
diretamente no culto à Papai Noel. E chamar isso de formação da
cidadania é achar que puerilizar as pessoas é torná-las cidadãos. Um
homem que acha que os outros têm obrigação de ouvi-lo só porque ele é
bonitinho é exatamente como aquela criança que, quando vem visita em
casa, começa a fazer palhaçada e todos têm que achar bonito e passar a
mão em sua cabeça. Qualquer cidadão que se atreva a falar em púbico
com essa expectativa está se aviltando, está permitindo que a situação
lisonjeie seus desejos pueris. Evidentemente não é esse tipo de
formação do cidadão a que visamos.
Outra crítica social válida também é feita por Sócrates. Sócrates critica
uma situação estabelecida à qual ele não se considera superior. Quando
Sócrates é condenado por um tribunal ateniense, se dirige a esse
tribunal do ponto de vista de um homem que já morreu. Ele
praticamente se considera morto e diz: olha, realmente não sei se vocês
ao me condenarem me fizeram um malefício ou um benefício, porque
não sei exatamente o que é a morte; tenho a impressão de que talvez
seja melhor depois, que talvez vocês tenham me feito um benefício. A
consciência do desconhecimento da morte é uma norma válida para o
Ao longo de todo o século XX, vemos que a crítica social, em sua quase
totalidade, nunca passou de expressão ou de sintoma da situação.
Raramente se viu um empreendimento vitorioso de transformação da
sociedade com base na crítica, que produzisse exatamente o resultado
prometido. Isto significa que, desde o tempo de Moisés ou Sócrates, a
nossa capacidade de crítica social diminui formidavelmente.
Simplesmente não entendemos a sociedade, não gostamos da
sociedade; gostaríamos de mudá-la, mas não chegamos a perceber que
nossa revolta e nosso próprio desejo de mudar são apenas sintomas da
própria situação social e, portanto, impotentes não somente para mudá-
la, mas até para fazer uma crítica objetivamente justa.
aparece um estado, a União Soviética, que acha que não é bem assim,
que não é importante cumprir os tratados, mas sim apenas assiná-los.
De um momento para outro, os tratados se transformam em
instrumentos não para limitar a ação dos contratantes mas, ao
contrário, para dar mais possibilidades de ação contra os demais
contratantes. Hitler levou essa idéia a um nível alucinante: cada
compromisso que Hitler assinou foi assinado com a finalidade específica
de não ser cumprido. Nos acostumamos tanto com isso que hoje
achamos natural.
Isso quer dizer que, por baixo da variação acidental de normas aqui ou
ali, existe uma infinidade de normas universais que nunca foram
contestadas por civilização ou cultura alguma. A lista das regras e
normas permanente é infinitamente maior do que a das normas
variáveis. Então isso quer dizer que esses antropólogos, baseados em
sua pequena experiência acidental de ter conhecido uma ou duas
comunidades, generalizaram para a espécie humana, de modo que a
visão total da humanidade fica reduzida ao tamanhinho da amplitude de
consciência de dois ou três antropólogos, que viram meia dúzia de
coisas. Nas ciências humanas, isso se tornou norma no século XX: o
indivíduo proclama que tudo o que ele não viu não existe e tudo o que
está fora de seu círculo de experiência só pode existir como invenção,
como crença ou como criação cultural e portanto não tem importância
nenhuma.
Uma educação baseada nisso seria uma deseducação, porque ela está de
cara bloqueando a possibilidade de certas experiências.
filosofia universitário, você levantar este problema, dirão: "se quer auto-
conhecimento, que vá procurar um padre ou um psicanalista, que nós
estamos aqui para estudar filosofia." Que raio de filosofia é esta que não
se preocupa nem em saber se a alma do sujeito está habilitada para
aquilo? Que raio de ensino é este que não cumpre a condição da
maturidade que o próprio Aristóteles e o próprio Platão colocam como
condição básica para o estudo da filosofia? Isto quer dizer que, ao longo
dos tempos, a noção de educação foi sendo perdida. Ela é conservada
apenas em núcleos muito limitados; há grupos de pessoas que sabem e
continuam cultivando aquilo, como sempre. Mas o ensino de massas,
público e privado, não está dando às pessoas senão um grosseiro
simulacro de educação. Não cabe a mim julgá-lo ou modificá-lo; não sou
ministro da educação, nem quero ser. Se me pedissem um projeto de
educação nacional, me esconderia debaixo da cama e pedir socorro à
minha mãe. Esse problema está acima da minha capacidade, como está
acima da capacidade do ministro da educação ou de qualquer outro que
ocupe o lugar dele.
legado.
vai fazer outra coisa, pois não é só na educação que homens maduros
são necessários.
Outro dia estava conversando com meu irmão sobre como, quando
pequeno, ele gostava de fazer rádios de pilha. Gostava de eletrotécnica.
Inventou isso sozinho, da cabeça dele, foi tentar fazer e aprendeu. E
todas as pessoas em torno achavam aquilo muito esquisito e diziam:
"por que você está mexendo com isso? Tem que se preparar para ganhar
dinheiro."Em muitos meios, não necessariamente nos mais pobres, é
assim até hoje.
outra coisa que só foi feita para dar dinheiro. Então se você compra um
sapato, este foi feito para quê? Não para fazer sapato, mas para ganhar
dinheiro, o sapato não é finalidade, a finalidade é o dinheiro. Enfim,
todas as ações do processo produtivo são exclusivamente meios, e não
há uma única coisa que se possa comprar, que valha a pena ser
comprada. Ninguém fez nada para que aquilo valesse. A idéia de que a
atitude realista e madura na vida é pensar apenas no dinheiro esquece
que é necessário que exista algo que se possa comprar com o dinheiro.
Que se este algo nunca é a finalidade, é sempre secundário, é sempre
sacrificado ao dinheiro. Se eu fizer um objeto ou outro, de um jeito ou
de outro, e ganhar a mesma coisa que se fizesse um determinado bem
feito, então para que fazer este bem feito? Você faz o seu produto mal
feito, ganha seu dinheiro e vai todo contente comprar outro produto que
também é mal feito. Isto é uma radical incompreensão do processo
econômico. Mas isso é uma coisa que se vê no Brasil. Viajando pelo
mundo, não vemos as pessoas agindo assim.
Notas
compostos de mulheres.
saberem disso. Esse detalhe por si basta para derrubar toda uma
seja, Gengis Kahn não pretendia ter tanto poder assim, poder que
sobre as pessoas.
corrida. [voltar]
referências). [voltar]
Prezados Senhores,
Prezados Senhores:
Gostaria de saber por que, na última edição, não foi publicada a coluna
do Filósofo Olavo de Carvalho. Tomara não tenham os senhores
resolvido "abafar" a voz mais independente, culta e incômoda de toda a
imprensa brasileira. Eu simplesmente me recuso a pelo menos pensar
nessa possibilidade. Num país onde jornalismo é quase sempre paixão
arrazoada, a inteligência ácida de Olavo de Carvalho faz a diferença. Por
favor, respondam-me.
Waldson Muniz
wal.muniz@uol.com.br
Caro Olavo
Agora entendí porque sua página na revista Época desta semana não
Scheliga
Esta pergunta deve ser feita porque a única novidade intelectual dos
últimos tempos no Brasil e neste veículo de comunicação é a coluna do
Sr. Olavo de Carvalho, único brasileiro genuinamente a serviço da
"verdade das coisas", que apoiado em gigantes como Aristóteles e São
Tomás de Aquino e em número escasso de mestres da Civilização
Ocidental, descortina e desmascara a trama da realidade que nos cerca e
que a cada dia torna-se mais tenebrosa, por efeito da ação nefasta dos
seguidores de pigmeus da humanidade do nível de Gramsci, Fidel
Castro, Karl Marx, Lênin, Mao, Che Guevara e cia. Perguntar pela
coluna do Sr. Olavo de Carvalho é procurar saber pelo único farol que
ilumina atualmente o panorama intelectual brasileiro, dominado pela
grotesca filosofia de botequim que se resume na máxima de que o "O
povo é deus". Incomodar-se com ele ou considerar que é uma mera
coluna de opinião descartável, assemelha-se à atitude daquelas criaturas
que vivem nas trevas da caverna de Platão, aterrorizados com a
possibilidade de ver a luz do dia, ou seja, odiá-lo é odiar a luz divina que
nele reflete e nos outros, no máximo, refrata. Assim sendo, dirijo-me
aos Senhores Diretores da Revista "Época", solicitando-lhes que nos
permita ler ao Sr. Olavo de Carvalho semanalmente. Atenciosamente.
Edison Madruga Martins
madrugamartins@ig.com.br
Caríssimo Olavo,
Nós, seus leitores fiéis, fomos surpreendidos não apenas pela ausência
de seu artigo na última edição de "Época" (datada de hoje, 5/11) como
pela publicação, em seu lugar, do bestialógico de Maria Aparecida de
Aquino _mais uma paupérrima variação da cantilena "os-EUA-é-que-
são-o-Grande-Satã".
O que houve? A revista vai parar de publicar suas colaborações ou
revezar seus textos com os de outros articulistas (presumivelmente,
mais ao gosto da ortodoxia gramsciana)?
Atenciosamente,
Rogério Ortega
Caro Olavo,
Senhor Redator,
nelson@essencial.com.br
Mestre Olavo:
Caro Olavo,
Caro Olavo
Primeiro quero dizer que achei lamentável a não publicação de seu texto
por parte da revista Época. Eu já havia mesmo estranhado a presença
daquela professora de história uspiana em seu lugar. Tudo isto faz com
que seus comentários tenham maior impacto. Parece que, por aqui, só
se torna possível cultivar a esperança transcendente. Ainda bem que ao
menos esta existe.
Forte abraço
Yuri http://projetossi.com.br/yuri
Prezados Senhores,
O Brasil vem nos últimos anos passando por transformações cuja real
natureza - revolucionária - pouco tem sido divulgada em nossa
imprensa, às vezes por ignorância, outras vezes conscientemente. Olavo
é um dos poucos que tem a coragem de dizer o que realmente se passa
há alguns anos em nosso país. Isto em circunstâncias normais, seria fato
corriqueiro. Mas dada a presente situação, ela é um comprometimento
com o rumo atual das coisas, é aliar-se com aqueles que pretendem
transformar o Brasil em uma Cuba ou uma China.
Com esperança de que os senhores se conscientizem desse fato,
Fernando Carneiro
Prezados Srs,
Caros Senhores,
A Revista Época:
Quero, por meio deste, fazer chegar até V.Sa. minha estranheza pela
ausência do texto do jornalista Olavo de Carvalho, na edição do último
sábado, 03 Nov, dessa revista. Preocupa-me esse fato, pois o referido
jornalista tem se constituído na única voz que tem se erguido-- com
conhecimento de causa e com rara competência-- contra a manipulação
a que hoje está submetido o cidadão brasileiro, promovida pelo
pensamento de esquerda que domina as redações dos principais jornais
e revistas aquí editados. Desconheço os motivos que poderiam haver
determinado o acontecimento a que me refiro, no entanto, diante da
realidade que nos circunda, inclusive na iminência da nomeação de um
ex-terrorista-- para vergonha dos brasileiros-- para o cargo de ministro
da Justiça do nosso país, o silêncio do pensador é deveras inquietante. É
assustador que a nação se curve diante dessa afronta que o governo vai
perpetrar--- contra a dignidade da imagem do nosso país no concerto
das demais nações democráticas--- sem que nenhum protesto se faça
ouvir nesse sentido. A idéia de que tal cargo devesse ser ocupado por
pessoa de ilibado caráter e notório saber parece que já vem se tornando
anacrônica entre nós, haja vista os últimos ocupantes daquela pasta.
Uma lástima ! A cada dia que passa, a mediocridade avança, a passos
largos, em nosso país, sem que aqueles que devessem zelar, para que
isso não ocorresse, se manifestem a respeito. Há um silêncio cúmplice
no ar.! Concluo, na esperança de que aquele espaço nobre da revista,
voltará a ser ocupado, já no próximo número, por aquele jornalista, para
o bem da liberdade de pensamento em nossa pátria.
Atenciosamente,
Carlos de Souza Scheliga
Senhores,
A imprensa na prensa
Dizer que no Brasil existe imprensa livre é tão verdade quanto imaginar
que existe verdade nas declarações do sr.Diógenes. É obvio para muitos
e nem tanto para os desavisados, que a liberdade que possa ter um
veículo de imprensa é a liberdade concedida pelo dono do veículo.
Depende, portanto, de seus interesses e objetivos. Não se trata, pois, de
critica. É uma realidade. E quem não concorda com isto, ou monta o seu
veículo ou procure outro que se ajuste ao seu raciocínio. Isto vale para o
leitor, ouvinte ou telespectador, como vale também para o colunista,
jornalista ou repórter.
Outra coisa totalmente diferente, é a restrição que possa ser dado a
alguém que queira ser independente e acabe sofrendo censuras. E por
censura deve-se entender qualquer tipo de restrição . Um exemplo é
cortar a circulação do material escrito. Outro, é dificultar o acesso em
ambientes para evitar que se colha a notícia. E tem aquela velha forma
de dizer para "baixar a bola" para evitar a perda da publicidade. E tudo
vem acontecendo aqui no Estado e fora dele.
Agora vamos aos casos : o prof. Olavo de Carvalho, mesmo não sendo a
primeira, é uma das últimas vítimas desta pressão. Perguntem à revista
Época - Época@redeglobo.com.br - qual, ou quais razões levaram a
mudar para mensal a coluna que ele escreve na revista. Porque e qual o
perigo de manter a coluna semanal que é muita lida e até vem ajudando
na venda da revista? Outras bem conhecidas por aqui, são: o meu caso,
o do Plebeu Braga, o do Diego Casagrande, etc... Tudo isto pode ser
constatado através de suas próprias colunas. Enfim, a imprensa de
alguma forma ainda está na prensa. Às vezes é preciso que um órgão
seja mais atacado para que as baterias sejam mais abertas.
Gilberto Simões Pires
Caro Olavo,
Prezado Professor:
Cordialmente,
Lisanti.
25% da verdade não é a verdade. Sigo por vezes vossa revista on-line,
particularmente por ela trazer a colaboração de Olavo de Carvalho. A
par de rever a portentosa análise do analista genial com quem prezo me
corresponder, fico com um retrato do Brasil garantido, de algum modo,
pelo acolhimento que dão a uma voz isenta como a de Olavo. Ao
retirarem Olavo para coluna apenas mensal, diminui para 25 % a
credibilidade da revista Época. Não sei que outros ecos lhe chegam de
Portugal e a direcção da revista tem toda a legitimidade de imprimir a
linha que desejar. Mas no nosso círculo de portugueses amigos da
verdade e amigos do Brasil, emerge a solicitação de que revejam essa
decisão...
Melhores Cumprimentos
Mendo Castro Henriques
netmendo@netcabo.pt
Prezados senhores,
Apesar de não ser assinante dessa revista, ao menos por enquanto, sou
Prezados Senhores:
Prezados Senhores:
mais, muito mais que a maioria dos pobres mortais que desfrutam de
espaços muito maiores, ou seja, ele têm o que nos dizer e os outros só
repetem o discurso maçante e imbecilizante, que aliás, são muito bem
analisados em seus livros "O Imbecil Coletivo I e II".
Calar o Sr. Olavo de Carvalho, além de configurar uma atitude de
imbecilidade completa, nos agride como leitores dessa revista, que só
têm a ganhar com a presença dele em suas páginas.
Por isso, solicito aos Diretores da Revista "Época" não manter a
presença deste filósofo em suas páginas mas, ao contrário, aumentar o
espaço reservado ao Sr. Olavo de Carvalho. Os leitores agradecerão.
Atenciosamente.
Luiz Octavio Casarin
Ao Redator Chefe:
Que está acontecendo? A melhor coluna d'A Época não saiu publicada.
Refiro-me à coluna do Olavo de Carvalho. Ele é a única voz a denunciar
o plano sinistro da esquerda para implantar no Brasil o regime
retrógrado que liquidou as economias da Rússia, de Cuba e de tantos
países comunistas. Será que os esquerdistas já se infiltraram também
em A ÉPOCA e calaram a voz do grande filósofo e historiador Olavo de
Carvalho?
Temos pouco tempo para evitar que Lula assuma o poder e comece a
fazer suas burrices anunciadas, como o calote da dívida, reversão das
estatizações, impostos punitivos para aqueles que conseguem vencer na
vida, desestimular a exportação, fazer a opção pela miséria e seguir os
ditames de seu mestre maior, o fossilizado Fidel Castro.
Não prestigiar Olavo de Carvalho equivale a ser cúmplice deste arautos
da baderna e do caos.
Atenciosamente,
Huáscar Terra do Valle
OAB/MG/49545
Prezados Senhores:
Prezados Senhores,
Prezado Professor,
Gostaria de exprimir meu repúdio e minha indignação com os
acontecimentos ocorridos com o Sr. É patente que uma escuridão e uma
inversão valorativa está se consolidando no cenário nacional. O ódio e a
cegueira ideológica está maculando a atmosfera pacífica brasileira.
Medidas pertinentes
devem ser tomadas, a impunidade será um grande fomento para esses
escórias.
Conte com meu apoio.
Abraço,
Rafael Gustavo Vieira
Prezado senhor,
Prezados Senhores:
Como leitora assídua da evista ÉPOCA, venho manifestar meu
desagrado pela substituição da coluna do brilhante e instigante
jornalista Olavo de Carvalho por uma ( mais uma) professora da USP.
Senhor Editor:
Prezados Senhores
Sr. O. de Carvalho:
Qual é que é a da revista Época!? É censura aos teus textos!? Assim não
dá!?
Toda a mídia tem aquela forma repetitiva de escrever, chata, pobre,
(sem contar o conteúdo e as visões de 99% dela). Teus escritos são um
oasis no meio do vocabulário
desértico que reina nas revistas e jornais.
Prezados Senhores:
O atual estado de coisas dá bem uma idéia disso: ninguém, das ditas
esferas culturais, conseguiu encetar uma discussão séria, baseada em
fatos, com Olavo de Carvalho. A propriedade dos argumentos, a análise
científica (no sentido ``forte´´ da ação), a gradação da exposição, os
temas abordados, enfim, o labor filosófico empreendido e demonstrado
está ha anos-luz de distância de qualquer espécie de ``resposta´´ que
qualquer ``pensador´´, grupo constituido ou reação
institivopsicosociopatológicoletiva poderia esboçar.
``A meta final de qualquer pesquisa não é a objetividade, mas a verdade
´´ - Esta feliz sentença de Helene Deutsch define a verdadeira busca do
homem intelectualmente maduro (o homo theoreticus, o spoudaios, de
Aristóteles): exprimir não o que sente, mas o que vê. Olavo de Carvalho
é aquele que nos ajuda a ``largar a chupeta da ideologia e troca-la pela
bigorna da realidade´´, nas palavras de Roberto Campos.
O atual panorama intelectual nacional (e mundial) se apresenta
completamente contaminado por polarizações artificiais e deformantes,
que lançam ``os amigos contra os inimigos´´ - Karl Schmidt quando
definiu o que é a [má] política, já nos apontava os perigos desta ``via´´
unilateral e sectária - definindo de antemão os rumos das ações que irão
``mudar o mundo antes de compreende-lo´´. As ideologias nublam (ou
seria, embotam?) certas capacidades, antes naturais, fazendo com que o
indivíduo não mais exprima o que percebe, mas construa um discurso
insular, desconectado do real. O discurso deixa de ser uma ponte entre o
indivíduo e a realidade, passando a expressar os ``interesses de classe
´´, a ``coletividade´´ e todas as outras formas diluidoras de
individualidades, criando uma massa amorfa pronta a responder ao
comando do primeiro guru de plantão - a boa e velha ``massa de
manobra´´.
Qualquer um que ``ousar´´ter liberdade de opinião, ``afronta´´ de
pensar por si só, será a nota disoante no discurso uníssono da massa, a
qual terá de ser ``afinada´´ o mais rápido possível, devido ao perigo de
desafinar tão maravilhosa orquestra zumbis.
Tão premente iniciativa (a de criar um espaço verdadeiramente
democrático) foi abraçada por esta revista já na proposta, quando de seu
lançamento - eu lembro das peças publicitárias que primavam pela idéia
de dividir o espaço com outras publicações consagradas, mas
apresentando um diferencial. Pois bem senhores: este diferencial se
chama Olavo de Carvalho. Não há no cenário nacional ninguém com
a sua capacidade intelectual, sua coragem e seu senso de dever. A sua
inteligência pode ser constatada em seus artigos, livros, cursos,
conferências, trabalhos onde os assuntos abrangidos passam por
religiões comparadas, política, ética, psicologia, filosofia e muitos outros
onde são descompactados e devidamente inteligidos. A sua coragem
pode ser verificada, não apenas no aspecto inaugural do desafio aberto e
franco contra a intelligentzia corrompida e corruptora, bem como na
abdicação de faze-lo sem utilizar as armas do inimigo e tendo como
arma, unicamente, a inteligência - a capacidade de perceber a verdade.
O seu senso de dever, de homem obstinado, unicamente preocupado
com o julgamento que Deus fará de suas ações, continua enfrentando
``este mal sem rosto´´ sozinho apesar de todos os percalços.
Aqui cabe uma observação: caso os senhores tenham alguma dúvida dos
métodos empregados por aqueles que combatem a Luz, com foices e
martelos, empreendam uma pesquisa nos sites ``especializados´´ e
vejam os discursos e metodologias propagadas, além disso, visitem o
Prezados Senhores:
Prezados Senhores:
Queridos amigos,
Não sei é do conhecimento de todos, mas, a revista Época agora está sob
outra direção. O atual diretor da mesma é um trotskista, cujo
procedimento inicial foi diminuir o espaço que Olavo de Carvalho
dispunha para expressar suas idéias, transformando sua coluna de
semanal, para mensal. Os motivos desse corte são óbvios, embora os
argumentos utilizados tenham sido muito inocentes e "justos".
Conclamo a todos que admiram, respeitam e comungam do pensamento
desse Mestre, a escrever para a referida revista, não protestando contra
o corte (para não dar a entrender que sabemos o motivo), mas
questionando o por quê da ausência do artigo desta última semana,
podendo mesmo referir que "parece ter sido por questões políticas".
Precisamos fazer uma frente de resistência contra esse mal que se
alastrou em todos os meios de comunicação (e não só na mídia, mas em
todos os setores de atividades públicas do nosso País), e não podemos
deixar que essa tarefa caia sobre os ombros unicamente do Olavo. Ele é
a "a voz do que clama no deserto", mas, cada um de nós pode ser, dentro
das suas possibilidades, "a pedra no sapato" dessa gentalha esquerdosa.
Se calarem a voz do Olavo, quem, gritará por nós?
Conto com o apoio e compreensão de todos.
Cordialmente,
Graça Salgueiro
irinna@terra.com.br
assinantes )
PS: Meu colega , Marcelo Ornellas, que me empresta seu e-
mail, não se responsabiliza por minhas opiniões .
Prezados Senhores,
Prezado Antonio,
Um abraço,
A Redação
Prezados Senhores,
Amigos:
Prezado Fernando,
Agradecemos o envio de sua mensagem. Seus comentários foram
transmitidos ao
editor. Os artigos de Olavo de Carvalho serão publicados uma vez por
mês.
Esperamos continuar contando com a sua atenção e participação.
Um abraço,
A Redação
Caros Senhores,
Com artigos somente mensais não contem nem com minha atenção nem
com minha participação.
Um abraço,
Fernando Carneiro
faacarneiro@bol.com.br
Prezados senhores,
Apesar de não ser assinante dessa revista, ao menos por enquanto, sou
seu
leitor permanente e notei a ausência da coluna de Olavo de Carvalho na
edição desta semana.
Fiquei evidentemente preocupado. Afinal de contas, o espaço usado pelo
Olavo
é um dos poucos que nos permitem escapar da eterna mesmice da
desinformação
Prezado Elso,
Prezados Senhores:
Elso Silva
nikao@uol.com.br
À Revista Época
Sr. Editor,
Caro Editor,
Caro Olavo,
Prezado Olavo,
Senhores,
"Senhores Editores,
Prezado Professor,
Não sei se é você mesmo que lê esses e-mail's, mas vou apresentar-me.
Meu nome é Luigi Raphael Fioravanti Flores tenho 19 anos, leio seus
textos semanalmente, os quais admiro muito e por causa deles é que
comecei a admirar (sem demagogia) também o seu autor.
Meu pai assina Época e senti a falta de seu texto na revista desta semana
(5/11/01),
o que houve?
Só consegui ler o texto através de seu site, mas gostaria muito de saber
porque o texto não foi publicado.
Após lê-lo percebi que o conteúdo tinha referências a algumas "figuras"
nacionais, houve algum tipo de sensura por parte da revista ou eu estou
enganado?
* Obs.: Estou disposto a ler tudo o que venha a acrescentar algo de bom
e sábio em minha vida e gostaria que você indicasse-me alguns livros. O
que você indicaria para um rapaz de 19 anos de idade que adora ler?
Luigi
kudun@globo.com
marcha fúnebre.
Atenciosamente,
Frederico Carneiro Monteiro
fjose@uninet.com.br
Senhor Redator,
Prezados senhores,
Fiquei impressionado ao ir comprar nessas semanas a revista e não
encontrar lá o artigo do professor Olavo de Carvalho. Pensei no início
tratar-se de mero problemas de editoração da revista o que por si só já
seria impressionante), então a comprei de qualquer jeito. Foi apenas um
dia depois que fui avisado que seus artigos iriam passar de semanais a
mensais. Eu simplesmente não posso acreditar nisso. Primeiramente
por motivos pessoais, já que já fui assinante da revista, e mesmo após
ter expirado a assinatura da mesma continuei comprando-a
regularmente meramente para ter acesso aos artigos de Olavo de
Carvalho. Enquanto uma de suas principais concorrentes tem entre seus
colunistas pensadores da envergadura de Stephen Kanitz, Diogo
Mainardi, Gustavo Franco, entre outros, a revita Época, com a singela
mas sempre brilhante análise de Olavo bastava para que eu optasse por
sua compra. Em segundo lugar, por motivo de coragem da própria
Caro Olavo:
O objetivo desta é associar-me ao que diz o Sr. José Nivaldo Cordeiro
em artigo publicado em seu "site", com o título "A voz do trovão",
leituras recomendadas - 81, de 6 de novembro passado. Cumpre-me
lembrar que os atuais responsáveis por "Época", há pouco tempo, o
eram por "Zero Hora" de Pôrto Alegre. Na ocasião, um leitor cujo nome
não lembro, reclamou, na seção "sobre ZH", das repetitivas colunas do
Sr. Lula da Silva no referido jornal. Obteve como resposta, que os
Prezados senhores,
Venho somar o meu ao (felizmente) grande número de protestos pela
redução do espaço reservado a Olavo de Carvalho na revista Época. Se o
número de expoentes do pensamento liberal neste País é mínimo, o
número de seus ouvintes atentos é elevado. Manifesto meu repúdio
diante desta infeliz decisão de conceder ao filósofo Olavo de Carvalho
uma participação meramente simbólica de um único artigo por mês.
Prefiro acreditar que não se trata de censura pelas suas opiniões. Se,
contudo, for esse o caso, pior para vocês. Acabaram de perder um
potencial comprador ou assinante da revista - até então eu a
acompanhava pelo site e cogitava, cada vez mais, em passar a adquiri-la.
Seu principal atrativo para mim era justamente o colunista cujo espaço
os senhores acabaram de mutilar. Aguardo a revisão dessa decisão.
Felipe Augusto Trevisan Ortiz
São Caetano do Sul, SP
felipeortiz@directnet.com.br
Senhor editor,
Descobri, recentemente, que a maré vermelha, sorrateira para os cegos e
detestável para os que usam seus olhos para realmente ver, chegou aos
nossos lares. Não nos atingindo propriamente, mas fechando (a força)
nossos olhos e aquele que nos ensinava a ver. O que a Revista Época fez,
foi um golpe fulminante na sociedade, pois as pessoas que tem acesso à
sua leitura são formadores ou "difundidores" de opinião, o que nos
indica que uma grande quantidade de pessoas que eram "atingidas"
pelos conhecimentos de Olavo de Carvalho direta ou indiretamente
também foram atingidas. É com muita tristeza que declaro-me órfão,
como todos os outros que esta maré atingiu e atingirá futuramente.
Luigi R. F. Flores
Castro, PR
kuda@convoy.com.br
Senhor Editor,
Acho que tenho uma boa solução para o "problema" da coluna de Olavo
de Carvalho: que tal contratar como articulista para Época um
intelectual de esquerda que tenha a capacidade de contra-argumentar
Olavo? Tenho certeza que nós os leitores é que sairíamos ganhando.
Mas há um problema: acho dificílimo que tal pessoa seja encontrada, ou
mesmo que exista -- pelo menos entre a massa acadêmica que forma o
imbecil coletivo -- e tenho certeza que V.Sa por saber disso é que lançou
mão de tão baixo expediente: diminuir em ¾ o espaço do filósofo nesse
periódico. Sabendo como isso vai acabar - V.Sa não encontrará tal
gigante que faça frente ao outro gigante e este deverá perder também
sua coluna mensal - só me resta deixar de reservar meu exemplar
À Revista Época:
Só vim a saber de um certo rodízio de articulistas que torna mensais os
brilhantes artigos do Filósofo Olavo de Carvalho e da indignação
resultante dessa decisão através da página desse autor na Internet, pois
sou assinante de Veja e não leio Época. Pretendia fazer um esforço (já
que ler as duas publicações toda semana tomaria muito de meu tempo)
para também assinar Época ao final do ano, como forma de prestigiar
uma publicação que tem a coragem de dar divulgação ao trabalho de
Olavo de Carvalho. Pretendia.
Os textos de Olavo de Carvalho permitem a cada vez mais rara
experiência de acesso a idéias não comprometidas com o avanço
esquerdista e com a repetição monótona de distorções e chavões
ridículos sobre a história e a sociedade atual. Seu trabalho é uma luz
animadora nessa triste "época" em que o anormal e o ilegal são
tolerados em nome de ideologias massacrantes e fanatizantes.
Óbvio que não faz diferença para Época perder este leitor (em potencial)
ou tantos outros, mas é lamentável que o cerco esquerdista à
informação tenha chegado ao ponto da censura. Época pode não tê-lo
feito deliberadamente, mas se é inconsciente das implicações de suas
decisões, ainda mais alarmante é a posição da revista, pois denota
desconhecimento do que se passa. Peço que a revista reconsidere sua
Caro Olavo,
Não seria mais correto escrever "madrassa" ? Tenho-lhe enviado dicas
ou comentários que mando para meus amigos.Tenha certeza que não
envio-lhe nada automaticamente. Imagino que receba grande
quantidade de correspodência por e-mail a cada dia, envio apenas o q
talvez possa interessar-lhe. Lamentoque deixe de difundir tão boas
idéias na Época. Acho que o público é heterogêneo demais e uma
variação de temas, até para mostrar a muitos o quanto é capaz de
discutir assuntos os mais diversos, e, surpreênde-los, teria sido um bom
recurso. Quanto a min, desde que tenho Internet há três anos, visito
regularmente seu site, tendo impressas colunas que já nem estão mais
online ( do JT). Continuo a visitá-lo e a acumular todos seus artigos,
pex, nessa semana tive pouco tempo e houve muitos. Leio e, muitas
vezes, releio. Os melhores votos,
Sílvia Alves
alves.@uai.em.com.br
Senhor editor,
Estou muito decepcionado com Época, isto porque não encontro mais
os inigualáveis artigos de Olavo de Carvalho, que eram meu principal
interesse na revista inteira. Com a súbita e inexplicada decisão de
suprimir a página semanal de que ele dispunha, os senhores fazem um
desserviço à inteligência nacional. Espero que ponderem um pouco
mais sobre o assunto e devolvam a Olavo de Carvalho o espaço que
habitualmente ocupava. Respeitosamente,
Henri Carrières
Rio de Janeiro, RJ
hcarrieres@hotmail.com
André Frantz
Porto Alegre - RS
rocker77@terra.com.br
Senhor editor,
Gostaria de saber o motivo da redução das colunas semanais do
professor Olavo de Carvalho. Assino a revista Época justamente por
motivo de tais colunas.
Quero continuar lendo-as semanalmente..
Aguardo resposta. Atenciosamente,
André Frantz
rocker77@terra.com.br
Caro André,
mundo.
Um abraço,
A Redação epoca@edglobo.com.br
Caro Editor:
Não consigo acreditar que a revista Época faz calar a única voz que, de
fato, nos defende desta mídia brasileira Stalinista !
A sua substituição por uma professora "vermelha" e irresponsável da
USP, central de propaganda do PT, me faz sentir duplamente agredido.
Senhores,
Quero manifestar meu pesar pela infeliz idéia de reduzir os artigos de
Olavo de Carvalho nessa revista. Era um indicador de qualidade e
liberdade de expressão que se perderá, assim como perderão muitos
leitores que, como eu, a adquiriam no domingo certos de ler algo
original e acima da mediocridade costumeira. Como falta de interesse e
de repercussão dos artigos certamente não é, resta a hipótese de
concessão ao habitual patrulhamento. Lamentável! Perde a revista e
perdemos todos. Atenciosamente,
Antonio Roberto Batista
arbc@uol.com.br
Senhor editor,
"Frutos de mentes raivosas, destemperadas e sem real percepção da
realidade que as cercam", é o que venho observando nos escritos de
articulistas de última hora, intelectualóides de meia tigela dos redutos
esquerdosos, como a autora desse texto, por exemplo. É mais fácil
projetar no outro, aquilo que não queremos que saibam que temos em
nós. A professora uspiana não percebe que faz parte (ou faz com muito
prazer) do Imbecil Coletivo, que continua a repetir o velho discurso da
inteligentzia esquerdosa e emburrecedora, com chavões e conceitos
completamente ultrapassados e desprovidos de sentido. Essa casta de
gente já não sabe mais distinguir quem é vítima e quem é réu. A revista
Época perdeu enormemente ao trocar o grande Filósofo Olavo de
Carvalho, por uma mera palpiteira de botequim que, ela sim, odeia tudo
que vem dos americanos, seja o que for, tenham eles razão ou não. Seu
artigo não faz uma análise lúcida dos fatos que vêm ocorrendo nesse
episódio de guerra, mas apenas reforça o coro dos estupradores de
mentes e consciências, num processo bem articulado e maléfico de
lavagem cerebral, orquestrado pelas esquerdas do mundo inteiro. E de
tanto repetir a mesma mentira, eles acabam acreditando que falam a
verdade mais absoluta, num processo de preservação da "espécie". Meus
pêsames à Época que foi, há não muito tempo atrás, a melhor revista
informativa semanal. Hoje, ela mal serve para embrulhar o peixe
comprado na mercadinho mais próximo.
Graça Salgueiro
irinna@terra.com.br
Sr.Diretor de Redação,
Senhor editor,
Lamentável o fato da exclusão do Prof. Olavo de Caravalho da coluna
semanal da revista. Infindas palavras tácitas ficam na atmosfera deste
Prezados Srs,
Causou-me espanto a nao publicacao do ultimo artigo de Olavo de
Carvalho. Qual o motivo? Contando com sua pronta resposta,
Marilia Tavares
chez_moi@hotmail.com
Prezado Marilia,
Um abraço,
A Redação
epoca@edglobo.com.br
Senhor redator,
Marilia Tavares
chez_moi@hotmail.com
Senhor Editor:
Dirigimo-nos a essa prestigiada revista para estranhar a ausência dos
artigos do Prof Olavo de Carvalho, ultimamente, em suas páginas.
Caro Abel,
A Redação
epocaleitor@edglobo.com.br
Prezados Senhores:
Saudações patrióticas,
Abel Monteiro
kero500@terra.com.br
Prezado Olavo,
Mais uma vez para cumprimentá-lo, não só pelo artigo de hoje
"Diagnóstico" publicado no Globo, como pela idéia de reproduzir em
Caros Senhores,
Estava exatamente aguardando o final de minha assinatura da revisa
VEJA, previsto para o próximo mês, para, transferi-la para ÉPOCA,
quando, estarrecido, constatei que os senhores também são ingênuos (?)
censuradores bolcheviques. Reduzir a participação do colunista Olavo
de Carvalho, cujos textos acompanhava semanalmente com a compra de
exemplares avulsos, reduzirá os lucros da revista mas, no seu entender,
os fins justificam os meios, não é mesmo? Serei cristalino: como
formadores de opinião, o que lhes interessa é acabar logo com essa
ensebação e ajudar a promover de vez a tão esperada revolução
comunista. Acaso passou-lhes pela cabeça qual o papel que essa revista
e quase toda a mídia nacional, que ainda exercem alguma função
Belo Horizonte MG
rod.bhz@zaz.com.br
Prezado Olavo,
Os seus artigos não são mais publicados na Época? Porque? Será que
houve censura?
Desde já obrigado pela sua atenção.
Hamilton Coragem
coragem@uol.com.br
A única coisa boa nisso tudo é que, agora, pelo menos alguns
Saudações de um ex-admirador.
miguelgustavolopes@zipmail.com
Caro Miguel,
diretor de Redação
Caro Olavo,
Não vi nas duas últimas semanas sua coluna na Época.Imagino que os
totalitaristas tenham conseguido acabar com uma das últimas cidadelas
da inteligência e da liberdade.Lamento profundamente.Mandei uma
cartinha para eles , que anexo. Abraço.
Castro aí, como colunista, enquanto ele agüenta. Assim ele já vai
bem, não vale o palavrão. Pô, será que vocês não acordam?!
Sergio Storti
Prezado Olavo,
Indignada com o corte que a revista Época fez de seus artigos, também
eu mandei uma mensagem à redação, e depois outra em resposta à que
de Carvalho, mas logo fiquei sabendo que ele não estava lá.
páginas de Época.
Atenciosamente,
Marli Nogueira
Brasília DF
themis14@uol.com.br
Senhor Editor,
Tornei-me assinante de Época por apenas um motivo: a promoção que
me daria a passagem aérea para qualquer capital do Brasil. Recebi a
passagem, fiz uma bela viagem a Recife nas minhas férias. Estava
concluído na minha opinião o meu interesse pela revista. Como a
sssinatura estava paga, receberia os exemplares que tinha direito e
depois cancelaria a assinatura. Mas acontece que sua revista prendeu o
meu interesse de maneira muito forte, de tal forma que eu aguardava os
exemplares com ansiedade e não deixava ninguém lê-los em casa antes
de mim. O motivo de tamanho interesse? A coluna do filósofo Olavo de
Carvalho. Ele é um homem brilhante, com um texto como há muito não
se via no nosso jornalismo basal. E o que é mais importante, ele DIZ o
Caro Senhor,
Por que a coluna de Olavo de Carvalho deixou de ser publicada em na
revista "Época"? Algum tipo de censura? Antecipadamente grato pela
resposta,
O. M. Alves
Medalves@aol.com
Prezados Senhores,
Sou assinante de Veja e tenho comprado Época regularmente pela
coluna de Olavo de Carvalho. Como todo leitor tem suas predileções nas
publicações que lê, os artigos ali publicados são motivo mais do que
suficiente para que eu compre a revista, e inclusive considere assiná-la.
Entretanto, no primeiro número deste mês, não encontrei a coluna, o
que se repetiu no número seguinte. Em conversas com outros leitores,
soube que foi reduzida para uma publicação mensal, em vez de semanal.
Não consigo atinar com o motivo de Época querer reduzir uma
contribuição desse calibre, vinda de um filósofo que é hoje um dos
maiores intelectuais brasileiros, além de jornalista tarimbado. Não
adianta dizer que seja para permitir ao leitor conhecer outros pontos de
vista; pois Olavo de Carvalho é justamente o único jornalista de peso
neste país que nos oferece regularmente uma visão diferente dos
discursos massificados da imprensa, hegemonicamente de esquerda.
Em seu lugar, colocaram uma professora da USP repetindo chavões de
uma ideologia barata que se pode encontrar em qualquer botequim
Prezado senhor,
Ainda que tardiamente, venho solidarizar-me consigo, haja vista a
safadeza - não há outra palavra - que fizeram com o senhor. Ainda bem
que nós, aqueles que comungamos dos seus ideais e acompanhamos a
sua luta pela imprensa, através dos seus livros e ainda pela Internet,
sabemos que faltando aos opositores o mínimo de condições para
rebater seus argumentos, outra não poderia ser a ação dos mesmos,
Olá
Sabemos com que brilhantismo Olavo de Carvalho defende seu direito
de livre expressão e pensamento ainda que não lhe interesse formar
uma militância ativa. Coloco minha Home page a disposição de todos
que partilham admiração pelo trabalho do Olavoe de tantos outros
corajosos. Lá poderá ser encontrados vários artigos que confirmam e
afirmam o que Olavo diz. Também há vários links para livros on line tal
como BRAVE NEW SCHOOL. O endereço é : http://planeta.terra.com.
br/arte/policymaker
Um abraço
Davi Washington
daviws@hotmail.com
comove, que uma publicação com tal nome seja, pura e simplesmente,
coerente com o mundo e seus chamados.
Afinal, o senhor Olavo de Carvalho não é formado na escolinha de
pseudospensadores da USP, logo, não é esquerdista por vocação, logo, é
um neoliberal, logo, um direitista retrógrado, logo, um reacionário
caquético, logo, enfim, óbvia conclusão para os que pensam que
pensam, um fascista execrável!!! E os senhores, caros e ingênuos
leitores, entre os
quais, ai de mim! me incluo, seus discípulos, seus comparsas.
A revista Época é nada mais ou menos que coerente com o estapafúrdio
estado de coisas que nos cerca. Época de imbecis e charlatões. Época de
uma revolução sorrateira, silenciosa. E fatal.
Segundo o ilustre diretor de redação da prestigiada revista, foi aberto
um espaço "para outras visões de mundo". Caros leitores, exemplo raro
de caridade cristã nos foi legado: cegos ocuparão o espaço de nosso
infortunado filósofo. E cegos terão outras visões de mundo. Ou
nenhuma visão, o que é melhor, pra que a ordem se mantenha intacta,
inabalável qual monge budista.
Nas páginas de Época, novamente teremos oportunidade de ler
rançosos comentários de esquerda. E Jean-Paul Sartre dará voz às
nossas mazelas.
Afinal, pra quê Aristóteles?
A revista, sim, cumpre seu papel, e entrará para a História. Registrará,
indelevelmente em suas páginas, a miséria espiritual de nossa época.
E isso basta.
Senhor redator,
Notei que há duas edições não sai a coluna do Olavo de Carvalho, diga-
se de passagem o melhor desta revista, o que está acontecendo?
Mudou a direção?
É a censura vermelha?
Familia Marinho tome uma providência. Não compro mais a ÉPOCA até
o colunista voltar.
Sem mais,
Celina de Sousa Vieira
celina@novonet.com.br
Redação Época
Cara Celina,
Um abraço,
A Redação
Sem Olavo sem chance, até já enviei e-mail endereçado ao Sr. Marinho
solicitando o retorno imediato do Olavo assim como a lista de amigos
que não mais estarão COMPRANDO a Época enquanto o colunista não
retorne semanalmente.
Obrigada,
Celina de Sousa Vieira
celina@novonet.com.br
Caro redator,
Pode crer que não estarei mais comprando a revista Época por que o
Olavo não está mais nela, ainda mais com este fiasco sobre a Ana Maria
Braga, eu como médica acho inaceitável a capa da revista sugerindo erro
médico e depois a própria apresentadora desfaz o mal entendido, acho
que a Época ficou pior.
Grata pela atenção,
Celina de Sousa Vieira
celina@novonet.com.br
Cara Celina,
Um abraço,
A Redação
Respeitosamente,
Marcos Grillo/RJ
mgrillo@vento.com.br
Prezado Editor,
A democrática decisão de amputar severamente o espaço de Olavo de
Atenciosamente
Pedro Paulo Reinaldin
reinaldin@uol.com.br
Senhor Editor,
Olavo de Carvalho é, sem possibilidade de dúvida, a mais lúcida,
vibrante e articulada inteligência do Brasil atual e, quiçá, um dos
maiores intelectuais brasileiros de todos os tempos. Que "Época" tenha
Fabiano B. Moraes
MORAESFABIANO@aol.com
Fabiano B. Moraes
MORAESFABIANO@aol.com
Prezados Senhores:
Como leitora assídua da evista ÉPOCA, venho manifestar meu
desagrado pela substituição da coluna do brilhante e instigante
jornalista Olavo de Carvalho por uma (mais uma) professora da USP.
Com sua agudeza de percepção, clareza de estilo e senso de humor,
Olavo se destaca da mesmice do atual jornalismo brasileiro. É
lamentável que os fatos venham a comprovar o que o leitor brasileiro já
começa a questionar: haveria uma militância vermelha de plantão nas
redações? Qual a razão da exclusão do artigo do Olavo que todos, aliás,
podem ler na internet? Estamos realmente diante de uma censura aos
jornalistas que não fazem coro à linha imposta por aquele grupo da
esquerda totalitária que, pelas evidências, estende sua fina, mas
implacável, malha de ferro contra os que apontam a nudez do rei?
Preocupa-nos o silèncio imposto, pela redação de Época, a este
polêmico e original colunista.
Cordialmente,
Solange Mendonça Campos
sola@task.com.br
Redação Época
Solange,
Senhor Editor,
Agradeço a gentileza de sua resposta.
Entretanto, as "outras idéias", para as quais a revista ÉPOCA está
abrindo seu espaço, a julgar pelo medíocre artigo da professora da USP
(que apenas reforçou o coro uníssono repetido à exaustão pela nossa
esquerda- de- plantão) esta amostra das prometidas "outras idéias" me
tirou completamente o interesse pela ÉPOCA, que acaba de perder uma
leitora. Pois trata-se, apenas, das "mesmas idéias", o que é
compreensível face às mudanças ocorridas na direção da edição e
redação da revista. Passei a ter também desconfiança quanto à
credibilidade jornalística da publicação, que, face às mudanças, não
mais poderá apresentar o espaço que eu procurava para acompanhar a
diversidade e riqueza do livre debate de idéias e a crítica dos chavões
político-ideológicos que sufocam a inteligência de nossa mídia.
É lamentavel, para os leitores e para o Brasil.
Atenciosamente,
Solange Mendonça Campos
sola@task.com.br
Prezados Senhores,
Embora assíduo leitor da revista Época, por motivo de saúde, deixei de
comprar o último número que, certamente, até ajudaria à minha
convalescença. Explico: Fui informado, por camaradas exultantes, que
vocês censuraram o incomodativo articulista Olavo de Carvalho que
vinha desnudando as nossas mentiras, tramóias e desinformações,
destinadas a formar uma opinião pública favorável à nossa causa.
Disseram-me que, de modo sutil e inteligente, vocês passaram a coluna
desse articulista de semanal para mensal. Meus parabéns. Já que não é
possível calar de todo uma voz que tem por ofício nos desmascarar, a
jogada dessa editoria, pelo menos vai minimizar os estragos que esse
representante do imperialismo ianque e direitista de carteirinha vem
fazendo nas nossas hostes. Não perdôo esse Olavo de Carvalho,
principalmente porque deu adeus ao nosso Partidão e agora vive a nos
entregar de bandeja, àqueles que até o seu aparecimento vínhamos
conseguindo ludibriar. É um traidor. E o pior é que sabe tudo de nós e
vem se alinhando com as Forças da Ordem- um eterno obstáculo às
nossas pretensões de resolver todos os problemas da Humanidade, com
a implantação do comunismo mundo afora. Para completar o belo
serviço de vocês, só falta a gente fazer uma fofoca dele para ver se o
calamos também em O Globo. Com minhas saudações vermelhas,
renovo meus cumprimentos pelo trabalho que, embora sujo, encontra
justificativa no que o inesquecível Lenine nos ensinou: - tudo que
beneficiar à nossa causa comunista é moral e legítimo. Atenciosamente,
subscrevo-me.
Astrolindo Bello de Carvalho.
astrolindobello@globo.com
Prezados Senhores,
Serve a presente para externalizar meu desagravo pelo ato de agressão
que sofreu Olavo de Carvalho, melhor jornalista e escritor da mídia
brasileira, quando teve seu espaço mutilado pelos "donos" da revista
Época. Já me acostumei à pobreza da cultura brasileira e da
intelligentsia e mais uma manobra da elite hegemônica esquerdista não
vai me surpreender. Época perderá muitos leitores se não voltarem
atrás na errada decisão.
Luiz
lg2@terra.com.br
Prezado Editor:
Eu gostaria de saber quem foi o talibã que censurou nosso escriba mais
interessante do momento, para colocar em seu lugar panfletos bobocas
de "libélulas" da USP.
Cordialmente,
Félix Maier
ttacitus@hotmail.com
Prezado Professor,
Agora, a minha regra para a Época é a mesma já aplicada com respeito a
outras publicações que estão nas bancas: abro; se houver o bom artigo,
compro a revista ou o jornal. Caso contrário, agradeço ao jornaleiro e
vou embora...Aquela revista, como se costuma dizer, pisou na bola.
Um abraço
Roberto Miscow Filho
miscow@epq.ime.eb.br
Prezado Olavo
Tomei conhecimento, através de emails, de que estariam fazendo
pressão contra o seu magnífico trabalho e tentando suprimir sua coluna,
cuja periodicidade já teria sido reduzida. Isto já seria de esperar. A
esquerda está sempre pronta a censurar aqueles que a criticam.
Já estou desencadeando, através dos meus correspondentes, uma
pressão sobre a mídia, em seu apoio, tendo sugerido ao pessoal do
Guararapes, que despeje uma torrente de emails sobre os jornais. Da
minha parte, já estou agindo. E isto não significa apenas lhe enviar um
email de apoio.
O meu abraço
Pedro Paulo
pedroprocha@netpar.com.br
Um abraço
Nilo de Medina Coeli Neto
niloceli@bol.com.br
Quosque tandem ?
Um grande abraço.
gilbertoedson@bol.com.br
Viva
Solidarizo-me com David West sobre Olavo, aqui desde Lisboa. Enviei
mail para revista Época que consulto na net e que nem respondeu, nem
com o respondedor automático que tiveram para este caso. Vi hp de DW
e gostei mesmo. Tenho dúvidas, no entanto, quanto a teorias
conspiratórias do género "O Duque de Edimburgo em Buckingham" nos
anos 60, etc. etc. O amigo não fornece prova. Mas creio que o essencial
do seu alerta de cobiça sobre Amazonia tem validade, mesmo que não
por essa via argumentativa
Cumprimentos
Mendo Castro Henriques
Professor
www.terravista.pt/PortoSanto/1139
netmendo@netcabo.pt
Sr. Diretor,
Sou leitor da revista Época desde o primeiro número. O que mais
admiro, ou admirava, na revista é a sua posição pluralista, de abertura a
visões diferentes quando não completamente opostas. O filósofo Olavo
de Carvalho é um dos mais respeitados, originais e corajosos pensadores
do Brasil atual. A supressão de sua coluna semanal é um duro golpe
contra a lucidez e a inteligência. Perde a Época mas principalmente
perdemos nós, leitores, que tinhamos toda a semana a possibilidade de
ler uma visão alternativa, algo incomum em nossa nossa mídia
Olavo,
Sou teu leitor e acompanho teus artigos onde quer que estejam inseridos
e, até ontem na ÉPOCA. Soube da "redução, corte" que foi imposto pelos
editores da revista.
Faz um favor para tí e para todos nós: sai por inteiro. Hoje reduzem teu
espaço, amanhã reduzirão teu texto e censurarão tuas idéias.
Revistas que agem assim só serão lidas em salas de espera de
consultórios médicos.
Vai firme.
Abraços
Antonio Franzoso
amcf@franzoso.com.br
Atenciosamente,
Júlio Francisco Gregory Brunet
Economista
rs002301@pro.via-rs.com.br
Prezado Sr.,
É absurdo e lamentável o seu posicionamento crítico diante das
sds
Prezados Srs:
Sirvo-me do presente para manifestar minha inconformação e
indignação pela substituição da coluna semanal do Filósofo Olavo de
Carvalho.
É visível a postura política atrofiada do novo diretor de redação da
revista, retirando a coluna de Olavo de Carvalho entregando à Sra.
Atenciosamente.
Gabriel Rocha Cunha
grc.seal@terra.com.br
Prezado Editor,
Ao ler na "Época" outro artigo da mais nova "libélula" da USP, Maria
Aparecida de Aquino (19/11), sem saber quando Olavo vai retornar,
tomei uma decisão: doravante, passarei a comprar a revista na banca
somente depois de folhear e constatar lá dentro o artigo de Olavo.
Por quê? O resto de "Época", para mim, sempre foi "tudo japonês".
Cordialmente,
Félix Maier
ttacitus@hotmail.com
leitores a sra. Aquino e seus amigos, gente bem mais dócil e de perfil
ideológico condizente com o establishment da mídia deste país. Mas o
mais grave não foi ter desmascarado o novo editor de Época, fato que
está fora do rol das descobertas surpreendentes. O mais grave, repito,
foi a revista Época ter-se nivelado às demais publicações de quem
acredita diferenciar-se editorialmente. Sem Olavo de Carvalho, Época
volta ao lugar-comum e perde um dos seus principais trunfos que era
justamente o de mantê-lo em suas páginas semanalmente. Minha
assinatura eu já cancelei (cod. 44065229). Era o mínimo e o mais
coerente a fazer.
Respeitosamente,
Sandro Guidalli
Rio de Janeiro-RJ
guidalli@terra.com.br
Atenciosamente,
Eduardo Knijnik
Advogado
eknijnik@iab.com.br
Atenciosamente.
Gilson Hermann Kroeff
Advogado
Porto Alegre/RS
gkroeff@terra.com.br
Cordialmente.
João Luiz dos Santos Moreira
joao.moreira@terra.com.br
Saudações.
Cleuza Kollet
Porto Alegre - RS.
piffero@procergs.rs.gov.br
Olavo,
Passei mensagem ao Dvoskin. Deixei de ler Época. Acho que a revista
poderia perfeitamente manter ponto e contraponto, mas preferiu
render-se a essa vagabundagem da esquerdalha pátria.
Abraços do amigo
Polibio Braga
polibiob@ig.com.br
Prezados Senhores:
É com preocupação e repugnância que assisto uma revista do pretígio
da Época, restringir a veiculação dos artigos do professor Olavo de
Carvalho.
Com esta atitude ficam confirmadas as assertivas do prof. Olavo de que
a imprensa brasileira é majoritariamente esquerdista e tem como seus
ídolos os Fidel Castro, Che Guevara e outros canalhas assassinos, vivos
ou mortos, deste planeta.
Não é possível que restrinjam a - talvez - única voz que mostra os
perigos que o avanço dos comunistas do PT representa para o Brasil.
Não é possível que declarações do Lula, que se diz um apaixonado pela
revolução cubana e que aquele país vive um regime democrático, seja
consideradas sem importância.
Por que a revista Época não faz uma reportagem profunda do que
acontece no RGS?
político.
Atenciosamente
Delmar Philippsen
philippsen@terra.com.br
Atenciosamente,
Daniela Santarosa
Porto Alegre - RS
dsantarosa@hotmail.com
Prezados Senhores,
Gostaria de deixar registrado que a publicação semanal da coluna de
Olavo de Carvalho nessa conceituada Revista é da maior importância,
pois o colunista tem uma visão absolutamente diferenciada para o
aprimoramento conceitual brasileiro.
Cordiais saudações.
Jorge Gerdau Johannpeter
jorge.johannpeter@gerdau.com.br
Senhores,
Demorou para aparecer , mas infelizmente apareceu aquele que não
gosta da verdade nua e crua!. Que prefere usar da censura e da
supressão da liberdade de expressão para tentar que o povo não seja
alertado para o processo em curso de verdade única , de lavagem
cerebral, de maniqueísmo. Nós, do Rio Grande do Sul, conhecemos
muito bem o malefício dessas táticas daninhas; essas, sim, golpistas e
antidemocráticas!
Manifestamos nosso total repúdio a essa atitude, tomada pela Revista
Época ao excluir o prof. Olavo de Carvalho de sua excelente e
esclarecedora coluna semanal. Nós estamos deixando de comprar a
referida revista e estamos fazendo uma campanha para que mais e mais
gaúchos assim o façam!
Lígia Halmenschlager
Vice-Presidente do Movimento Mulher Pró-RS
ligiamh@terra.com.br
Prezados Senhores:
Acabo de ler que vou perder o privilégio de ler semanalmente a coluna
do Olavo de Carvalho. Caso seja verdadeira esta notícia, é lamentável.
Atenciosamente
Claudio N. Schneider
scharlau@nh.conex.com.br
Novo Hamburgo RS
Prezados senhores,
Gostaria de saber o porquê da ausência do Sr. Olavo de Carvalho nas
últimas edições da revista Época. Ele era a única pessoa que escreve
alguma coisa diferente e que permite que tenhamos outros pontos de
vista sobre o mesmo assunto. A Dra.Aparecida de Aquino é, obviamente
uma autoridade em História, mas poucos têm a cultura geral que
permite injunções históricas, políticas e filosóficas como o Sr.Olavo de
Carvalho. Como leitor de Época, gostaria de ter minhas escolhas
novamente. Ter possibilidades de análise sob diferentes pontos de vista,
pois, quando um assunto está em moda, todos escrevem a mesma coisa,
como se fossem variações sobre o mesmo tema, e somente uma pessoa
arrisca-se a desafiar e mostrar com fatos e dados, que existe uma forma
diferente de analisar a questão em moda, que é o Sr. Olavo.
Aguardo resposta,
Roberto Oliveira
rblv@bol.com.br
Caro Roberto,
Leite:
Caro Roberto,
opinião. Por isso, resolvi abrir Época para outras idéias e visões de
diretor de Redação
rblv@bol.com.br
Uma amiga muito querida, que me pede para permanecer anônima, enviou a
Dear Mrs…,
Mr. Carvalho seems to be, as we say in the US, "wired tight." I read the
articles you included and found little or nothing I could disagree with,
other than the fact that I don't share his paranoia about Russia.
However, smarter people than me do share that paranoia so I may be
the one who is wrong.
My sad answer to you is that I'm not surprised that they wish to silence
his voice. "They?" Yes, "they" are those wicked people I have thought of
over the years as communists, cultural marxists, traitors and much else.
It has dawned on me recently that "they" are simple the devil's own
tools - every country in the world is being submerged under a dark
curtain of evil and these beasts are behind it all. The struggle is
worldwide, and we are losing everywhere. Men are falling away from the
church and the Word of God faster than we can evangelize them. Each
looks to his own good and forgets his brother - government is almost
universally corrupt and many churches have fallen into the pit of
apostasy.
The question we as Christians must address is simple: are these the last
days written of the Bible? Has the devil been "loosed for a little while?" I
can't be sure, I'm no prophet, but more and more it looks that way to
me. I'm not suggesting that any of us give up the struggle for freedom,
and take some fatalistic, almost Islamic attitude of "In'shallah" but there
will come a time when the struggle against evil appears to be a failure
and the Enemy will appear to win everywhere.
When that happens, many of us will die or be locked up. So be it. Better
to die standing for righteousness and common sense, than to live as a
slave to sin. And if it turns out that this is not the end time, that this is
just another cycle in the ongoing battle - then we may even triumph in
the end. At this point in time - I feel that is unlikely.
I send you, and Mr. Carvalho my greetings, and best wishes, along with
a hearty and sincere merry Christmas. May the Lord bless your efforts
to keep the darkness from swallowing up your country. We may or may
not meet in this world but I have no doubt that we will meet in the next.
Michael Peirce
Prezada senhora,
O sr. Carvalho parece estar, como dizemos nos EUA, “bem ligado”. Leio
os artigos que a senhora envia e encontro pouco ou nada com que possa
discordar, exceto o fato de que não compartilho a paranóia dele com
relação à Rússia. No entanto, algumas pessoas mais sabidas que eu
partilham dessa paranóia e pode ser que eu é que esteja errado.
Minha triste resposta é que não estou surpreso de que “eles” procurem
silenciar a voz dele. “Eles”? Sim, “eles” – são aqueles sujeitos maldosos
que ao longo dos anos pensei fossem comunistas, marxistas culturais,
traidores e muitas outras coisas. Percebi recentemente que “eles” são
simplesmente os instrumentos do demônio mesmo – todos os países do
mundo estão sendo submergidos sob uma obscura cortina de maldade, e
essas bestas estão por trás de tudo. A luta é mundial, e estamos
perdendo por toda parte. Os homens estão caindo para fora da igreja e
da Palavra de Deus mais rápido do que podemos evangelizá-los. Cada
um busca seu próprio bem e esquece o de seu irmão – o governo é quase
universalmente corrupto e muitas igrejas caíram no poço da apostasia.
Deus os abençoe,
Michael Peirce
Olavo de Carvalho
------------
O que aconteceu foi que o Augusto Nunes, fundador da revista, foi para
o Jornal do Brasil, e o novo diretor, Paulo Moreira, por algum motivo
que nem ele sabe, não gosta de mim. Ele prefere um tal de “pluralismo”,
que consiste, segundo parece, na pessoa da sra. Maria Aparecida de
Aquino. Esta senhora, que pensa igual a todo mundo, passou a escrever
três vezes por mês, e eu uma. Não me pergunte que pluralismo é esse
que diminui o espaço da opinião minoritária para aumentar o da
majoritária. Há mais coisas entre o céu e a terra do que imagina a nossa
vã filosofia.
Para fazer a mudança, o sr. Moreira mentiu três vezes, como S. Pedro,
habilitando-se portanto ao Papado. Primeiro, disse que a mudança de
semanal para mensal seria feita em todas as colunas. Foi feita só na
minha. Segundo, escondeu dos leitores as 180 cartas de protesto contra
o corte do meu espaço. Terceiro, escondeu-as de mim, deixando de me
enviar suas cópias, como era de hábito na revista. Eu só soube delas
porque os próprios remetentes as repassaram ao meu e-mail. As cartas
enviadas só à revista, sem cópia para mim, permanecem ignoradas. O
total das cartas, assim, provavelmente vai muito além de 180.
Como se isso não bastasse, o sr. Moreira investiu-se ainda das funções
de censor, inconfundivelmente pontifícias, e cortou do meu primeiro
artigo mensal uma frase que ele, por motivos que só a ele dizem
Diria que são analfabetos funcionais. Não sabem distinguir entre a força
de uma prova e a violência de uma agressão. Acuados pela prova, que
tapa suas boquinhas, dizem-se agredidos, saem choramingando e
batendo pezinho. É normal a esse tipo de mentalidade sentir todo apelo
aos fatos como uma inaceitável imposição autoritária.
Não há debate sério entre os que dizem ser a astrologia uma ciência e os
que respondem que é uma pseudociência. Ela não é nem uma coisa nem
outra: é um problema científico, que aguarda um tratamento à altura.
Não será com proclamações de fidelidade ou com anátemas acadêmicos
que vamos resolver esse caso.
Em terceiro lugar, FHC, orientado por Alain Touraine para uma “virada
à esquerda”, deixou pronto para o seu sucessor todo um aparato fiscal,
judiciário e policial que lhe permitirá estrangular rapidamente a
liberdade econômica e, junto com ela, as demais liberdades. Tudo está
montado para que o Brasil, um belo dia, acorde socialista sem nem
saber o que é isso. Então haverá choro e ranger de dentes -- como na
Venezuela de Chavez --, mas será tarde para reclamar.
Debate:
Sim
Ascetas do mal
Olavo de Carvalho
Não
possibilidade: a diferença!
Jussara Cony
Deputada Estadual pelo PC do B / RS
E, num mundo onde a mídia afirma que este é "o maior atentado
terrorista da história", há que se perguntar: de que História nos falam?
Com certeza não a da humanidade como um todo onde não podem ser
esquecidos os atos de terrorismo do estado norte-americano como a
morte de 225 mil pessoas no bombardeio a Dresden, 16 dias após a
rendição alemã; onde 150 mil morreram com as bombas em Hiroshima
e Nagasaki; como as ataques que dizimaram boa parte da população do
Vietnã e do Camboja e anexaram parte do México à força!
já se anulou a si mesma.
Se V.. Excia tem por mim sentimentos análogos aos que nutre pelo Dr.
Jereissati -- e, pelo texto da sua carta, não vejo quais outros poderia ter
--, não deve refrear a expressão deles como o fez, entre dentes, no
infausto encontro de Natal. Seu colega do Ministério da Saúde nada lhe
adverte quanto a esse ponto, mas o fato é que fingir autocontrole
quando a baba já começa a lhe escorrer pelo canto da boca pode fazer
mal ao coração de V. Excia., tornando-o candidato a usuário de pontes
de safena.
Olavo de Carvalho
Um tal Renatão
Olavo de Carvalho
28 de maio de 2003
trágica P36.
Eu jamais pensaria em atender a essa exigência, pois para fazer coro aos
slogans da moda existem os Renatões que dão conta do serviço sem
precisar da minha ajuda.
Não que esses protestos fossem, em si, injustos. Mas um sujeito não se
mata de estudar durante quarenta anos só para depois fazer eco às
manchetes do dia. Bem sei que no Brasil os intelectuais só existem para
Meus amigos, caiu a máscara! Como disse sempre, não existe ex-
Renato
Que ele se orgulhe da farda que o encobre, nada mais natural. Até o
mais inepto recruta é dignificado pela farda que veste. O problema é
saber se a farda, envergonhada daquele que em vez de honrá-la se
esconde dentro dela, não vai acabar por vomitá-lo um dia.
I. O pajé
devem! Ademais, ele tem em seu currículo o fato de ter sido presidente
da SBPC " aquela entidade que nomeia um semi-analfabeto para avaliar
um trabalho científico e, denunciada, faz desaparecer o acusado sob o
manto do anonimato. Portanto, guerreiros, acautelai-vos: o pajé tem
poderes.
Será o Sr. Cordovil um rapaz tímido, que ama e odeia de longe? Ou será
simplesmente um tremendo adivinhão que se faz de repórter? Ou será
ainda, na pior das hipóteses, um fanático esquerdista disposto a mentir
até à exaustão, até à náusea, até ao desespero, tudo pela causa, como
sempre mentiram os seus antepassados ideológicos, capazes de ocultar
durante um século, com a ajuda de Cordovis, uma centena de milhões
de mortos?
Qualquer que seja o caso, o Sr. Cordovil criou, pelos seus métodos
telepáticos, uma visão de minhas idéias bem diferente daquela que
poderia obter se consentisse em averiguá-las de corpo presente, seja
ante os livros, seja nas aulas.
assunto.
3 " Do mesmo modo ele não leu o restante de minhas obras, motivo pelo
qual pode estar persuadido de que "desferem ataques raivosos a teóricos
que abordam a justiça social". Mas não precisaria lê-las para notar a
tremenda falsidade do que diz. Bastaria que lesse o Jornal do Brasil do
dia 6 de janeiro de 1996, onde, no caderno Idéias, os grosseiros "ataques
raivosos" são assim qualificados: "Se a obra de O. de C. se distingue da
prosa empolada e vazia dos philosophes de plantão, é sobretudo por seu
texto humorado, pela busca permanente de clareza e honestidade
intelectual." Caso o Sr. Cordovil se recuse a ler jornais que o aceitem
como empregado, poderá em vez disso consultar o Jornal da Tarde de
São Paulo, do dia 7 de janeiro de 1995, onde o crítico Luís Carlos Lisboa
diz que, nas obras como nos cursos do hidrófobo autor de A Nova Era
1 " Um tal Sr. Birman, que se imagina psicanalista e talvez o seja, pois
no mundo de hoje tudo é possível, põe à mostra, como numa sessão de
psicoterapia, sua compulsão de ver no jornalzinho de umas centenas de
exemplares a ponta de um iceberg, de imaginar por trás dele um grupo
militante de extrema-direita, um vasto movimento organizado,
internacional, temível como a peste e Hitler. Com isto ele denuncia
apenas o estado patético de sua imaginação que, possuída pelo medo,
infla até às nuvens, suando de pavor e de ódio impotente, a força dos
três meninos que o apavoram. E depois, levando a farsa ao extremo
limite do auto-engano, ainda inventa um jeito de posar de herói:
Birman, o denunciador do complô direitista internacional, Birman, o
escavador de exércitos secretos. É de fato muito lisonjeiro para esse
poltrão atacar meninos e chegar em casa garganteando batalhas contra
potências misteriosas. Se eu estrangulasse um bebê de três anos,
inventaria uma história dessas: diria que por trás dele havia um baita
Schwarzenegger que, por ser essencial, era invisível aos olhos. Esse Sr.
Birman é um rapaz muito doente.
2 " O Sr. Luís Eduardo Soares, cientista político " o que não é lá muita
mela todo no afã de dizer às pressas alguma coisa bem feia contra O
Indivíduo. O leitor que julgue, que diga qual a hipótese mais provável,
mais sensata, menos doente: o jornalzinho é misteriosamente movido
pelas influências ocultas de autores que os meninos nunca leram, ou, ao
contrário, os Srs. Soares e Birman é que, atônitos diante de um objeto
difícil de catalogar, projetam nele a esmo reminiscências de leituras
soltas? A mixórdia ideológica que enxergam em O Indivíduo é
rebuscada demais, artificiosa demais, "intelectual" demais: é uma
fantasia de acadêmicos, projetada sobre meninos que jamais poderiam
encarná-la.
Isso não quer dizer que os Srs. Soares e Birman tenham lido muito.
Quer dizer apenas que manejam mal, como em geral o fazem os mini-
intelectuais do seu calibre, as fontes de que dispõem. Em vez de usá-las
como pontos de referência, catalogam-nas em boazinhas e malvadas, e
usam-nas como matéria-prima em sua fábrica de carimbos.
Mas o Sr. Japiassu vai mais longe no exercício de sua alta missão
deseducativa. Esse autor de um livro de epistemologia recai na velha
confusão entre origem e valor da consciência, confusão tão primária, tão
Tudo o que se pode alegar em favor dessas criaturas é que também são
vítimas: vítimas da injeção de ignorância que, paga por suas famílias de
parceria com o Estado, recebem diariamente sob o rotulo de "ensino".
São, é verdade, vítimas culpadas: colaboram alegremente com o
estelionato cultural que as emburrece. Mas seu castigo é certo: se
continuarem assim, todos se tornarão futuros Japiassus, Birmans,
Soares e " misericórdia! " Cordovis.
No entanto, o Sr. Cordovil já saiu da redação com seu carimbo, com seu
Tanto foi essa a sua decisão, tanto foi esse o seu ato, que, ouvindo citar
autores dos quais nunca ouvira falar, e confessando que pouco
entendera das declarações, nem por isto achou melhor adiar sua
sentença. Citassem quem citassem, dissessem o que dissessem, os
entrevistados já estavam de antemão marcados com o nome do
execrável: "extrema-direita".
Tudo isso é tão absurdo, tão perverso, tão obviamente farsesco, que não
dá vontade de responder nada. Dá vontade de guardar silêncio. Tentar
falar com o Sr. Cordovil é coisa vã como falar com um jumento, um tatu,
uma porta, um muro. Ele não ouve, não quer ouvir, talvez nem mesmo
possa ouvir. Não falo, portanto, para ele.
Devo então falar à opinião pública? Mas como? Por que canais hei de
atingi-la, se ela é deformada em massa pelo mais poderoso noticiário de
TV, que não dá a seus três difamados nenhum direito de resposta?
caluniadores?
Apêndice
O sr. Cláudio Cordovil, que iniciou esta contenda, pretende dar nela a
última palavra, falsa como a primeira. Odeio voltar a este assunto, mas,
desde o início de minha carreira literária, desgostoso com o ambiente de
presunção hipócrita que me rodeava, prometi a mim mesmo jamais me
fazer de orgulhoso, jamais me abrigar num silêncio falsamente
aristocrático, jamais recusar uma resposta nem mesmo ao mais
Cordovil dos difamadores.
1. O sr. Cordovil diz que a minha iniciativa de lhe responder "não foi
lícita", porque meu nome fora citado apenas três vezes " notem bem:
apenas três vezes " na sua matéria. Infelizmente, a licitude do exercício
de um direito constitucional não é matéria na qual o JB costume
consultar o saber jurídico do sr. Cordovil. Quando redigir a próxima
Constituição Brasileira, o sr. Cordovil estatuirá que qualquer calúnia
espalhada por ele só dará direito de resposta depois de proferida quatro
vezes. Pela Constituição atual, basta a primeira.
recomenda com tanta ênfase: é não apenas o seu livro de cabeceira, mas
o seu manual de redação. Só que no meu tempo esse tipo de coisa não se
chamava retórica. Chamava-se blefe .
3. O sr. Cordovil diz que sou um escritor raivoso. Ele é mau leitor e mau
psicólogo. Mau leitor: confunde a raiva que um escritor sente com a
raiva que ele desperta. A diferença é elucidada pela estilística, hoje
quase uma ciência exata: o estilo raivoso é duro, crispado, cheio de
afetações, sem naturalidade ou senso de humor. É o estilo do sr.
Cordovil. Já Rivarol e Voltaire, Chesterton e Shaw, muitas vezes foram
lidos entre espasmos de ódio precisamente porque escreviam rindo.
5. Ele diz que não pretende polemizar comigo. É verdade. Prefere fazê-lo
com garotos de 17 anos. Nada mais justo. Vejamos, portanto, como ele
se sai contra esse que publica uma cartinha ao lado da sua resposta.
Chama-se Sérgio de Biasi, não é meu aluno, só o vi por algumas horas,
não tenho idéia do que ele pensa ou deixa de pensar e suponho até que
não goste muito de mim. Pois bem: esse menino, que aparece na
matéria do sr. Cordovil como defensor de tais ou quais opiniões,
informa que nunca escreveu em O Indivíduo sobre os assuntos
mencionados e que jamais foi entrevistado pelo Sr. Cordovil. Knock-out
aos três segundos do primeiro round. Sugiro ao Sr. Cordovil que teste
suas forças contra uma velhinha com Alzheimer.
8. O sr. Cordovil diz que tem uma fita gravada à disposição do público.
Pois bem. Tenho setecentas, além de umas trezentas apostilas e mais
doze livros publicados " tudo isso à disposição do sr. Cordovil ou de
quem quer que seja, para verificar se algum dia preguei algo que se
parecesse mesmo de longe a uma ação política qualquer, extremista ou
moderada, direitista ou esquerdista. Posso ser acusado, isto sim, de
pregar o absenteísmo político, a vida interior, o desprezo ao esquema
amigo-inimigo que se tornou, para todos os intelectuais ativistas, a
chave suprema do saber humano.
Vamos agora aos Srs. Soares e Birman. Tal como o sr. Cordovil, eles
alegam que sua conversa não era comigo, que eu não tinha nada que
lhes responder. Mas como é possível que, de uma matéria onde se fala
quase nada a meu respeito, eu saia carimbado com o rótulo de
mandante de um crime contra a segurança do Estado?
O sr. Soares voa longe do objeto, no seu empenho de ler por atribuição
de intenções e adivinhar por associação de imagens. É um pobre cérebro
que imagina pensar, quando apenas expressa, com mal disfarçado
rancor contra o que não entende, sua tosca confusão interior.
Quase todos os alunos que vêm ao meu curso, vindo das escolas onde
lecionam Soares e Birmans, chegam nesse estado e têm de ser levados
para a UTI intelectual. Para que cheguem a ter uma experiência efetiva
do que é "pensar", é preciso exercitá-los muito e muito no confronto dos
contrários em vários planos e em acepções diversas, método dialético
tradicional que tanto escandaliza o simplório Sr. Soares e cuja prática,
de fato, não lhe recomendo, por estar manifestamente acima das suas
forças.
***
OLAVO DE CARVALHO
Sepultando um cadáver
intelectual
Singela homenagem deste site ao natimorto Dr. Emir Sader
Mas depois desse dia ainda tive a ocasião de comentar um artigo dele,
no qual, bem ao seu estilo de intrigante poltrão, ele aludia ao meu livro
sem citar nominalmente o autor. É esse comentário que ele se gaba de
não ter respondido, como se o silêncio que então opôs a meus
argumentos não fosse uma admissão de sua completa impotência e sim
prova de superioridade olímpica. Leiam o artigo (“Resposta a Emir
Sader”, logo adiante) e verão se, à cabal demostração de sua inépcia e
incultura, o coitado podia mesmo responder alguma coisa.
Olavo de Carvalho
6 de março de 2003
incomodados pelo livro O Imbecil Coletivo tentassem remeter seu autor à lata de
que está, como diz o editorial, “concluída a tarefa”. Tarefa que supõem dar-lhes o
Ao permitir que esses insensatos falem em seu nome, sem exigir deles o
que eles fazem é usar os partidos de esquerda para esconder por trás deles suas
fulgurantes inépcias pessoais. Com isto, mostram não ter o mínimo respeito pela
critiquei desde o ponto de vista ideológico, como inimigo direitista. Mas jamais
critiquei ninguém por ser de esquerda, e sim por não saber sê-lo com alguma
ideológica. Discutir ideologia com essa gente seria conceder-lhes uma honra que
não merecem. Não discuti com eles em meu livro nem vou fazê-lo agora, porque
denuncia, e pronto.
Emir Sader acha que a melhor maneira de defender a sua é alegar em favor dela
mentirinhas tolas, que o mais breve exame desmente. Leandro Konder crê ser
menos que seu número de adeptos, quando isto não é marxismo nem
insultuosas sobre a sexualidade de alguém que ele nunca viu são crítica literária
entende que é jornalismo tout court gastar uma página inteira a cores, com
importância nenhuma...
quem quer que seja, que é um direito constitucional dos mais óbvios, se bem que
fingirem que os combato por serem intelectuais de esquerda, Muniz, Sader e tutti
quanti não apenas massageiam com uma falsa lisonja seus respectivos egos, mas
quando o vejo e por isto mesmo sei que é coisa que hoje em dia não existe mais.
Intelectual de esquerda era José Honório Rodrigues, era Ênio Silveira, era Caio
Prado Jr., era Otto Maria Carpeaux. Remanescentes vivos dessa raça em
sozinhos como os bravos homens que eram, iriam correr como pintainhos
fazem esses pobres coitados. Não, não censuro um Sader, um Muniz Sodré, por
uma família cultural que já teve entre seus membros algumas das mais altas
editorial acima citado, assinado pelo pseudônimo J. Miglioli, foi escrito pelo
próprio Leandro Konder. Não sei se isto é verdade, mas, se é, o que se conclui é
Em tudo o que essas criaturas falaram não se viu enfim a menor referência a
mínimo que seja, é porque me medem pela sua própria estatura. Se imaginam
que, rebaixando meu livro ao nível de suas cabeças, podem dissuadir o leitor de
sepultar a reputação alheia sob toneladas de lama, é porque sob a mesma lama
enterram suas cabeças de avestruzes, para não tomar consciência de que sua
hora chegou. Mas todo esse subterfúgio é inútil: desde a publicação de O Imbecil
país.
crescendo desde o encontro de Chiapas, o prof. Emir Sader decidiu partir para a
propaganda esquerdista mais direta e rasteira, usando para este fim as páginas
direita. A massa compacta de mentiras, tolices e grosserias que ele fez publicar
na edição de ontem do JB não pode ficar sem resposta, se é que o leitor brasileiro
absolutos da guerra ideológica. Antes de decidir se dois mais dois são quatro ou
cinco, o prof. Sader tem de perguntar se quem o disse foi o mocinho esquerdista
inteligência”. Isto bem mostra o nível das leituras desse pretensioso semiletrado.
história que Sader provavelmente ignora ) e onde reina até hoje pelo boicote
esplendor intelectual propunha nada menos que uma guerra atômica preventiva
declarando inexistente o que quer que esteja para além de seu horizonte de sapo
no fundo do poço. Ela tem o monopólio da patifaria cultural, com que ilude a
mentirinha boba que não resiste sequer a um confronto com a lista de membros
para poder preservar intacta sua crença de que os homens inteligentes são de
esquerda.
4. Ele diz que a direita arca com o ônus de ter possuído Mussolini, Hitler,
China, Rússia, Polônia, Cuba, etc., sobe aliás a 150 milhões de pessoas – quase
quatro vezes o total dos mortos da II Guerra Mundial. É preciso ser realmente
um perfeito idiota para supor que todo esse morticínio foi apenas um amontoado
de desvios acidentais sem qualquer conexão com a ideologia socialista, e que esta
malvados direitistas.
varar a barreira com que o esquerdismo dominante nas redações protege os seus
ídolos contra qualquer crítica mais séria que alguém pretenda lhes fazer. Mesmo
debate, a esquerda tem sempre direito a pelo menos dois terços das vozes, exceto
de Berlim. Será que Sader já viu, em algum suplemento, resenha de algum livro
congressos de filosofia dirigidos em São Paulo por Miguel Reale, no Rio por
tutti quanti gastam com futilidades o dinheiro público? Todo esse policiamento
6. Mais falso ainda é dizer que a direita possui editoras milionárias para
e sobretudo das mais ricas – para ver que o esquerdismo é senhor quase absoluto
série de livros ali publicada fosse celebrada por um Karl Deutsch como uma das
extinta logo após a saída de Azevedo, o qual até hoje sofre os efeitos do rancor
carência do desejo de adquiri-la. Ele imagina que com suas leiturinhas vulgares
pode julgar a cultura de todo um século, mas é muita areia para o seu
brasileira, ele só engana a quem deseja ser enganado. Decididamente, ele não
06/08/96
antecipadamente: “Não tenho a menor dúvida de que este livro terá, numa boa
A fúria irracional e o terror pânico mal disfarçados com que essa gente,
chavões e frases feitas, é um show de baixeza que não mereceria resposta, se não
fosse pelo respeito que é devido ao leitores do JB. É a eles exclusivamente que
repentina do medo e do ódio, fizeram publicar. Mas será tarde: elas ficarão
coladas indelevelmente às suas reputações, como provas daquilo que foi talvez o
Suas declarações, com efeito, constituem um striptease moral: elas revelam ante
completa inépcia e a desonestidade maciça daqueles que são pagos pelo Estado
Como essa gente pode sempre contar com espaços ilimitados na imprensa,
que mal deixa ao direito de resposta cinco linhas de defesa para cada centena
concedida ao ataque, quem quer que seja objeto de sua ira coletiva tem de
comprar o espaço para defender-se; e quando não tem recursos próprios para
ontem do JB, passo a analisar, com a brevidade requerida pela natureza do caso,
pelo enfoque geral da matéria. É dele, e não de algum dos entrevistados, que
àquela mesma classe de pessoas que agora o jornal trata como divindades
ante os leitores.
atribuía a meu livro frases que nele não constavam, eu já havia explicado: “Não
página d’O Imbecil Coletivo onde eu o tenha feito. Sou assim denominado pela
desmentida.
adquire nem por auto-atribuição nem por nomeação de terceiros, muito menos
dirá. Mas não é preciso esperar pela passagem do tempo para perceber que a
livros de divulgação, como Leandro Konder. Pois filósofo, por definição, é quem
fiz no meu livro sobre Aristóteles ), e não quem simplesmente escreve sobre esta
Adauto Novaes não é o mesmo, nesse sentido, que o de um José Arthur Gianotti,
que pode não ser um bom filósofo mas é inegavelmente um filósofo, pois desde
que são pagas pelo Estado justamente para ensinar esse gênero de coisas, bem
bastante desonesto da parte dos responsáveis pela matéria. E tão perverso foi o
espírito que a produziu, que até mesmo minha condição de jornalista autônomo,
que é a simples definição legal do meu estatuto profissional ante o INPS e ante o
trono do Altíssimo, teve de vir relativizada e posta em dúvida por irônicas aspas.
Nada, mas absolutamente nada na ética jornalística justifica esse tipo de abuso,
publiquei um anúncio pago com minha resposta a Paulo Roberto Pires. Sou um
homem pobre, não teria dinheiro para um anúncio de carro usado, quanto mais
minha defesa, coisa que muito me honra e que torna ainda mais despropositado
não conhecem nem o bê-a-bá, seria pedir demasiado esperar que tivessem essa
segundo a pauta que recebera, com base em que direito eu criticava os figurões
constitucional elementar. Não cabe a mim explicar com que direito os critico,
mas eles é que têm de explicar de onde tiraram a idéia de que têm o direito de
não ser criticados nunca.” Polyanna releu esta frase em voz alta e eu a confirmei.
Nas mãos do editor, ela se tornou: “Eu não tenho que explicar por que critico
tanta gente, eles é que têm de explicar por que não podem ser criticados.” É
óbvio e que pô-lo em dúvida é arrogar-se um estatuto divino ( coisa aliás bem ao
Quanto a Cristiane Costa, não digo nada, pois não sei o que fez ou o que não
Mas o Sr. André Luiz Barros, que também assina a matéria, foi
covardemente atrás dos nomes dos entrevistados. Pois ele é objeto de uma grave
denúncia feita em O Imbecil Coletivo: relatando uma conferência que diz ter
explicassem ao público qual dos dois era responsável por tamanhos disparates,
inaceitáveis num aluno de ginásio, quanto mais num catedrático e num ( direi
seu canto, não deu um pio, e Bornheim fingiu indignação para não ter de descer
do pedestal aonde supunha ter-se elevado por não sei quais glórias, e prestar
satisfações ao público que o sustenta. Mas vejo que Barros guardou seu rancor,
Bornheim, tendo preferido uma vez acusar o cobrador para não ter de pagar uma
todo ele constituído, com uma única exceção, de pessoas criticadas no meu livro,
entrou em campo em ordem unida, para repetir em coro fielmente, letra por
letra, aquelas rotulações de praxe que, na primeira página do meu livro, são
respostas mais inventivas. O livro foi escrito justamente para mostrar que essas
pessoas pensam assim, se é que isso é pensar, e elas se apressaram a dar à tese de
O Imbecil Coletivo uma prova mais patente do que ela poderia desejar. Os
tópicos mais votados, nos quadradinhos da múltipla escolha, foram que sou um
Mas vamos por partes. Na matéria consta que ataquei o prof. Emir Sader,
ninguém pela sua adesão a esta ou àquela ideologia, mas por sua maneira
desonesta de defendê-la. Emir Sader tinha dito que a esquerda era autora do que
dos nomes célebres das artes, da ciência e da filosofia nesse período basta para
É uma maneira torta e doente de ver as coisas afirmar que critico as pessoas
de esquerda, sei reconhecer um quando o vejo e por isto mesmo sei que é coisa
que hoje em dia não existe mais. Intelectual de esquerda era José Honório
Rodrigues, era Ênio Silveira, era Caio Prado Jr., era Otto Maria Carpeaux. Hoje o
está desativado, parece ). Pretender nos impingir Emir Sader e Muniz Sodré
homens que eram, iriam correr como pintainhos assustados para se abrigar sob
esquerda, mas justamente por não o serem; por serem apenas as tristes
caricaturas de uma família cultural que já teve entre seus membros algumas das
ordem, da nova ordem mundial”, diz ele. Bem, pergunto: E eu com isso?
ser um apologista da nova ordem mundial ( como se ele mesmo fosse a máxima
encarnação viva da tendência contrária ), Sader vai parar muitos metros longe do
alvo que visava. O que eu tinha a dizer contra a nova ordem mundial, e que é
bem mais interessante do que tudo que uma esquerda de miolo mole vem
repetindo, está dito nos capítulos finais de O Jardim das Aflições, que uma
esquerda sensata leria com atenção, porque lhe fariam bem. Mas o prof. Sader
ignora isso, como ignora quase tudo o mais sobre o que fala. Quem quer que lhe
verdade é o único que o prof. Sader conhece para resolver todas as questões, seja
Mas Leandro, também, não foi criticado no meu livro por ser de esquerda, e
sim por ter escrito, com todas as letras, que a veracidade de uma idéia vale
prof. Muniz Sodré, que, após terem seus colegas puxado a discussão do campo da
ética intelectual para o das generalidades ideológicas, deu um giro ainda mais
deve ser nem homem”. Confesso não ter entendido bem o vínculo de implicação
opiniões corretas, ficando os pobres gays e lésbicas ( entre os quais até eu, porca
que sua sentença me exige é coisa que não posso lhe fornecer em público, porque
não ficaria bem nem para mim nem para ele, por mais que ele a deseje. Em
dúvida sobre o que terá querido dizer esse sujeito quando, após ter em público
essa reação patentemente hidrófoba, declara, com a maior inocência fingida, que
antes da Justiça Penal do que do jornalismo, o que o prof. Sodré diz de José
Guilherme Merquior deve, sim, ser desmascarado aqui mesmo: é uma pouca
vergonha que a classe unida dos pretensos intelectuais de esquerda, que em vida
usá-la como arma retórica contra mim, agora que ele está morto e já não pode
Foi ainda uma safadeza do jornal publicar que ataquei Muniz num capítulo
“sobre uma tal ciência das galinhas pretas”, dando a entender que sou o inventor
dessa ciência, quando é público e notório que, de nós dois, é Muniz e não eu o
suponho na minha ignorância desses assuntos. Que fique portanto por conta do
Também devo fazer uma nota de rodapé à afirmativa de Muniz de que sou
vê pelo próprio teor da reportagem aqui discutida. E enxergar por trás de mim
referido, já disse que eu não teria jamais dinheiro para pagá-lo e estou muito
grato à Academia, que tornou menos desigual a luta entre um “franco atirador” e
Faculdade da Cidade, ele teria o dever de saber, e talvez saiba mesmo embora
finja que ignora, que a Faculdade anuncia todos os cursos que lá se realizam e
pela inveja e pelo rancor, Muniz supõe que a galinha do vizinho é sempre mais
gorda ( as galinhas, sempre as galinhas! ), e sua imaginação infla a pobre ave até
Quanto ao prof. Dória, confessou não ter lido O Imbecil Coletivo, e quem o
tanto críticas quanto elogios ao seu trabalho. Enganado por um truque sujo,
Não, prof. Dória, o senhor não é um “ninguém”, como diz. Ao contrário de tantos
científico, como já afirmei no meu livro. Quanto ao destino que o senhor daria ao
pois, repito, não paguei o anúncio. Mas que tal comprar um pacote de
respeito?
Bruno Tolentino, por fim, tentou falar algo em meu favor, sem prever,
naturalmente, que o jornal poderia dar a suas palavras um sentido muito diverso
do que ele pretendia. O que Bruno diz, o que ele tem repetido a quantas orelhas o
escutem, é que até 1994 prossegui meu trabalho de maneira discreta, retirado da
agitação da mídia e sem procurar obter o menor reconhecimento público, por ser
ademais, que foi ele quem me convenceu a sair da toca e publicar O Jardim das
Aflições, que até então circulava só internamente em meus cursos como apostila,
e sobretudo as notas que vieram a formar O Imbecil Coletivo. Ele diz essas coisas
somente para meus alunos por duas décadas e só saí da toca por instigação de
barulho em torno do meu nome, quando o que Tolentino está dizendo, com
razão, é que quem começou o barulho foi ele. Eis como, na mão de certos
concede uma capa inteira de segundo caderno, com chamada na primeira página
nenhuma?
5. Cartas a Che Guevara - O mundo trinta anos depois - Ed. Paz e Terra, São Paulo
7. Pós-neoliberalismo - As políticas sociais no Brasil - (organization) - Ed. Paz e Terra - São Paulo
11. Idéias para uma alternativa de esquerda à crise brasileira (organization) - Ed. Relume-Dumará
- Rio de Janeiro
12. Cuba, Chile, Nicarágua - O socialismo na América Latina - Ed. Atual, São Paulo
19. Gramsci: poder, política e partido - (organization et introduction) - Ed. Brasiliense - São Paulo
21. Movimentos sociais na transição democrática (organization) - Cortez Editora - São Paulo
25. Constituinte e democracia no Brasil hoje (organization) - Ed. Brasiliense - São Paulo
Notas
(3) Carta enviada ao Jornal do Brasil, que, até o momento em que este livro
Olavo de Carvalho
IEE, Edição Nº31 - 29 de Outubro de 2002
Marx.
Alguns de nós são tolos o bastante para aceitar por mera educação a
oferta desprezível, e acabam presos nas malhas do "consenso". Da
minha parte, não quero saber de nada disso. Que vão oferecer a outro
sua miserável liberdade de escravos satisfeitos.
Coisa de ignorante
Olavo de Carvalho
29/12/03
Difamando o Ternuma
Olavo de Carvalho
29/12/03
Olavo de Carvalho
25 de dezembro de 2003
O que Nosso Senhor Jesus Cristo fez foi cumpri-la toda de uma vez,
instituindo em lugar do Sacrifício a Eucaristia, que é a recordação do ato
sacrificial definitivo. A recordação passa então a ter o valor de uma
repetição sem necessidade de novas vítimas.
Muitas pessoas até sabem que as coisas são assim, mas entendem isso
somente do ponto de vista religioso formal, sem tirar desse
conhecimento as conseqüências práticas de ordem psicológica, que são
portentosas: