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E s p a n h o l • F r a n c ê s • I n g l ê s • P o r t u g u ê s

Encontrando “o Escolhido”!
Design na natureza: milhares
de anos de argumentos
Em busca da verdade: uma
resposta cristã
O culto como adoração:
uma perspectiva de
Ellen G. White
A ternura de Seu amor

2
Vo l u m e 2 0
REPRESENTANTES REGIONAIS
DIVISÃO CENTRO-LESTE AFRICANA
P.O. Private Bag 00503 Mbagathi,
Nairobi, QUÊNIA
CONTEÚDO
Hudson Kibuuka kibuukah@ecd.adventist.org
Mulumba Tschimanga bresilien54@yahoo.com ARTIGOS
DIVISÃO DA ÁFRICA MERIDIONAL-OCEANO
ÍNDICO 4 Encontrando “o Escolhido”!
P.O. Box 4583, Rietvalleirand 0174 Conhecer a Deus é a coisa mais natural e agradável a fazer. Mas como?
ÁFRICA DO SUL Carol M. Tasker
Ellah Kamwendo kamwendoe@yahoo.com
Eugene Fransch fransche@sid.adventist.org
DIVISÃO DA ÁFRICA OCIDENTAL
7 Design na natureza: milhares de anos de argumentos
O recente ressurgimento de argumentos em defesa do design, sugere
22 Boite Postale 1764,
Abidjan 22, COSTA DO MARFIM que as inferências sobre o design se deparam com um futuro promissor
Chiemela Ikonne 110525.1700@compuserve.com Timothy G. Standish
Emmanuel Nlo 104474.235@compuserve.com
DIVISÃO DO PACÍFICO NORTE-ASIÁTICO
P.O. Box 43, Goyang IIsan, 411-600,
11 Em busca da verdade: uma resposta cristã
Em um mundo pós-moderno que questiona a relevância da verdade,
REPÚBLICA DA CORÉIA
Chek Yat Phoon cyphoon@nsdadventist.org como pode o cristão declarar o que realmente é a verdade?
Joshua Shin joshuahin@nsdadventist.org John Wesley Taylor V

15
DIVISÃO DO PACÍFICO SUL-ASIÁTICO
P.O. Box 040, 4118 Silang, O culto como adoração:
Cavite, FILIPINAS
Mike Lekic mlekic@ssd.org
uma perspectiva de Ellen G. White
Jobbie Yabut jyabut@ssd.org De todas as coisas, a única experiência que deve fazer-nos vibrar em
DIVISÃO DO SUL DO PACÍFICO uma adoração sem reserva é a alegria da salvação.
Locked Bag 2014, Wahroonga, Daniel Plenc
N.S.W. 2076, AUSTRÁLIA
Barry Hill bhill@adventist.org.au
Gilbert Cangy grcangy@adventist.org.au 17 A ternura de Seu amor
O amor de Jesus transcende nossa rebelião e alienação. É o amor mais
DIVISÃO EURO-AFRICANA
Schosshaldenstrasse 17, terno que o coração humano pode conhecer.
3006 Bern, SUÍÇA Roy Adams
Roberto Badenas roberto.badenas@euroafrica.org
Corrado Cozzi corrado.cozzi@euroafrica.org
DIVISÃO EURO-ASIÁTICA
32 Compreendendo a Igreja Ortodoxa Oriental
Eugene Zaitsev
Krasnoyarskaya Street 3,
107589 Moscou, FEDERAÇÃO RUSSA
Branislav Mirilov bmirilov@ead-sda.ru
Peter Sirotkin psirotkin@ead-sda.ru
SEÇÕES
DIVISÃO INTERAMERICANA EDITORIAL LOGOS
P.O. Box 830518, Miami,
FL 33283-0518, EUA 3 Críticos culturais 25 O evangelho – o poder de Deus
Moisés Velázquez velazquezmo@interamerica.org
Lisa M. Beardsley Lowell C. Cooper
Bernardo Rodríguez bernardo@interamerica.org PERFIL PONTO DE VISTA
DIVISÃO NORTE-AMERICANA
12501 Old Columbia Pike,
20 Ganoune Diop
Ansel Oliver
27 ACTS: enriquecendo o louvor e
a adoração
Silver Spring, MD 20904-6600, EUA Alain Gerard Coralie
Larry Blackmer larry.blackmer@nad.adventist.org LIVROS
James Black james.black@nad.adventist.org
Martin Feldbush martin.feldbush@nad.adventist.org
22 The Soul Sleepers PRIMEIRA PESSOA
(Bryan W. Ball)
Resenha de Gerhard Pfandl
29 Mantendo a fé
Christy Sanggalan-Doroy
DIVISÃO SUL-AMERICANA
Caixa Postal 02-2600,
70279-970 Brasília, DF, BRASIL 23 El culto que agrada a Dios: crite-
rios revelados acerca
EM AÇÃO
Carlos Mesa carlos.mesa@dsa.org.br
Otimar Gonçalves otimar.goncalves@dsa.org.br de la adoración
30 Estudantes adventistas se reú-
nem na Espanha para sua 23ª
DIVISÃO SUL-ASIÁTICA (Daniel Oscar Plenc) Convenção Anual
Post Box 2, HCF Hosur, Resenha de Enrique Becerra Rubén Sanchez-Sabaté
635110 Tamil Nadu, ÍNDIA
Nageshwara Rao gnageshwarrao@sud-adventist.org
Lionel Lyngdoh lyngdoh@sud-adventist.org
23 A Strange Place for Grace:
Discovering a Loving God in the 31 Estudantes ganenses testam
Old Testament novas formas de ministério no
DIVISÃO TRANSEUROPÉIA
(Jon L. Dybdahl) campus
119 St. Peter’s Street, St. Albans, Richard Agyemang e Lydia Oppong
Herts., AL1 3EY, INGLATERRA Resenha de Bradley A. Jamison
Daniel Duda dduda@ted-adventist.org
Paul Tompkins ptompkins@ted-adventist.org 24 Searching for the God of Grace
INSERÇÃO: INTERCÂMBIO
(Stuart Tyner)
Resenha de Paul Pichot
2 DIÁLOGO 20•2 2008
EDITORIAL
Críticos culturais Esta revista internacional de fé, pensamento
e ação é publicada três vezes por ano em
quatro edições paralelas (espanhol, francês,
inglês e português) sob o patrocínio da
Como alguém pode viver no mundo sem assimilar valores mundanos? Em Sua mais longa
Comissão de Apoio a Universitários e
oração registrada (João 17), Jesus nos envia ao mundo, advertindo-nos, porém, a não fazer- Profissionais Adventistas (Caupa), organismo
mos parte dele. Em vez disso, somos convidados a colaborar com a obra da redenção. da Associação Geral dos Adventistas do
“A cultura está doente”, disse-me recentemente um colega. “Ela precisa ser resgatada”, con- Sétimo Dia.
tinuou. Seu comentário me fez lembrar do que um sociólogo cristão e crítico cultural, Tony Volume 20, Número 2
Campolo, disse durante uma reunião num campus adventista. As observações introdutórias Copyright © 2008 pela Caupa.
Todos os direitos reservados.
de Campolo desafiaram-me pessoalmente. “Estou feliz por estar de volta”, disse ele, olhando
para o auditório como se estivesse procurando alguém. E prosseguiu: “Costumava vir ao cam- Diálogo afirma as crenças fundamentais
da Igreja Adventista do Sétimo Dia e apóia
pus adventista e sabia que estava num campus adventista. Vocês pareciam muito contracultu-
sua missão. Os pontos de vista publicados
rais. Mas agora se parecem com todos os outros. O que aconteceu?” na revista, entretanto, representam o
Não desejo dar ênfase imprópria a exterioridades como vestimentas, jóias ou outras mostras pensamento independente dos autores.
de poder aquisitivo ou rebelião, mas será que você é essencialmente contracultural? Você é Equipe Editorial
capaz de nadar contra a correnteza quando necessário? Ou está absorvendo a cultura de massa Editora-chefe Lisa Beardsley
de forma acrítica, através da mídia, iPod e Internet? Editor John M. Fowler
Quando visito igrejas diferentes ao redor do mundo, desde a Austrália até o Zimbábue, Editor-Associado Gary R. Councell
Assistente Editorial Susana Schulz
tenho observado o uso difundido do louvor e estilo de culto musical. A era digital criou Edições Internacionais Susana Schulz
uma cultura de música homogênea ao redor do mundo, de modo que os dirigentes do culto Secretários editoriais internacionais
empunham o microfone e erguem as mãos, enquanto a congregação responde com canção Monique Lemay (Francês)
após canção, cantando as palavras projetadas numa tela. É como se alcançasse um estado de Guilherme Silva (Português)
Susana Schulz (Espanhol)
entropia musical global.
Nesta edição de Diálogo, Daniel Plenc vai ao centro da questão sobre quem e como nós Correspondência Editorial
Diálogo
adoramos, enquanto Alain Coralie aborda o tema da adoração em termos práticos. Ele provê 12501 Old Columbia Pike
diretrizes para aqueles que dirigem o culto possam ter certeza de que a música está teologica- Silver Spring, MD 20904-6600; EUA.
mente fundamentada e seja verdadeiramente um ACTS (Adoração, Confissão, Transbordar Telefone 301 680-5060
em agradecimentos, e Súplica). Por favor, compreenda que não estou atacando a música em si Fax 301 622-9627
E-mail schulzs@gc.adventist.org
mesma, mas a forma acrítica de usá-la.
Saber como avaliar a cultura popular e as mídias é especialmente importante quando você Comissão (CAUPA)
Presidente Ella Simmons
estuda numa universidade secular. O propósito de se tornar um crítico cultural perspicaz é Vice-Presidentes Gary R. Councell, C.
redentivo. Isso significa que não suplantamos nossos oponentes com crítica condenatória, pois Garland Dulan, Baraka G. Muganda
“as armas com as quais lutamos não são humanas; ao contrário, são poderosas em Deus para Secretária Lisa Beardsley
destruir fortalezas. Destruímos argumentos e toda pretensão que se levanta contra o conheci- Membros Lyndelle Chiomenti, Gary
Councell, John M. Fowler, Clifford
mento de Deus, e levamos cativo todo pensamento, para torná-lo obediente a Cristo” Goldstein, Linda Koh, Kathleen Kuntaraf,
(II Coríntios 10:4 e 5 – NVI). Para atingir esse objetivo, você encontrará informações úteis Dionne Parker, Gerhard Pfandl, Roy
no artigo de Eugene Zaitsev, sobre como estabelecer amizade com pessoas de outras religiões, Ryan
e na seção Perfil, com Ganoune Diop, que coordena cinco centros de pesquisa interfé. Correspondência sobre circulação
O que nós, como críticos culturais cristãos, somos chamados a fazer tem dupla finalidade: Deve ser dirigida ao Representante
primeiro, estar seguros de que nós mesmos não sejamos enfeitiçados pelos ataques cínicos e Regional da Caupa na região em que reside
o leitor. Os nomes e endereços destes
silenciosos da cultura aos valores cristãos; e, segundo, ajudar a quebrar o feitiço com que os representantes encontram-se na p. 2.
desvios culturais têm seduzido a tantos. Para fazer isso é preciso usar a cabeça. Imitar descui-
Assinaturas US$13.00 por ano (três
dadamente vídeos musicais, e chamar isso de culto, não é bom o suficiente para Deus. Ele números, via aérea). Ver cupom na p. 10 para
requer um culto racional oferecido pelos que O adoram porque desejam fazê-lo. Isto exige detalhes.
criatividade, inteligência e coragem para viver, adorar e testemunhar de um modo contracul- Website http://dialogue.adventist.org
tural e consciencioso. Veja a seção Primeira Pessoa, onde Christy Sanggalan-Doroy mostra
DIÁLOGO tem recebido correspondência
como manteve sua fé enfrentando desafios, e a seção Em Ação, com relatos de Gana e da de leitores de 118 países ao redor do
Espanha, os quais demonstram como estar no mundo e não pertencer a ele, de forma que o mundo.
mundo ternamente amado por Deus possa ser salvo.

Lisa M. Beardsley, editora-chefe


DIÁLOGO 20•2 2008 3
Encontrando “o Escolhido”!
Carol M. Tasker coisa. Quando falavam sobre seus namora- uma tímida, uma simples garota, e isso seria
dos, eu descrevia meu namorado imaginário. o fim de tudo. Assim, nos meses seguintes,
Conhecer a Deus é a coisa Mas um relacionamento fictício é um pobre vivi em um mundo fictício, imaginando Josh
substituto para uma experiência real. como meu namorado. Mas nunca falei com
mais natural e agradável a Então aconteceu. Apaixonei-me por um ele e ele nunca se tornou meu amigo especial.
fazer. Mas como? estudante que tinha uma presença marcante. Sentia tanto medo de que ele me conhecesse
Ele parecia ser bom, falava bem em público, que ao vê-lo caminhando para o refeitório eu
tinha um belo sorriso e era um cristão ativo, tomava outra direção para evitá-lo!
Um “amigo especial” não estava em algo importante para mim. Mas como é Um ano mais tarde, comecei a apreciar a
minha agenda. Eu havia trabalhado ardua- possível iniciar uma amizade com alguém companhia de David, que hoje é meu esposo.
mente para pagar meus estudos e tornar-me que não a conhece e não é conhecido por Diferente dos imaginários relacionamentos
uma professora. Minha colega de dormitório você? Minha colega disse que eu deveria anteriores, esse era real e baseado em uma
tinha um namorado há muito tempo e disse me aproximar quando ele estivesse presente, comunicação aberta. O processo de conhe-
que eu precisava de um também. Sentia talvez conversar casualmente com ele e ser cimento mútuo sem simulações ou vergonha
receio dos garotos. Era a mais nova de quatro amigável. Mas isso era quase impossível para parecia ser a mais natural e apreciável coisa
meninas e não tinha irmãos. Ao ver as outras mim. Sentia medo de que, se falasse com ele, do mundo.
namorando, sentia estar perdendo alguma descobriria quem eu realmente era – apenas Conhecer a Deus também deveria ser

Colocando em o Senhor nos tem guiado, e os ensinos que


nos ministrou no passado” – Ellen G. White.
uso do tempo, recreação etc.

prática a reflexão Mensagens Escolhidas (vol. 3). 2. ed. Tatuí, SP:


Casa Publicadora Brasileira, 1985. p. 162.
Parte 3: A mão de Deus em minha
história – encarando o futuro
espiritual 1. Peça a direção de Deus enquanto você lê
Parte 2: A mão de Deus em minha cuidadosamente Isaías 55.
Parte 1: A mão de Deus em minha história – ponderando o presente 2. Naquela época. Que coisas são especifica-
história – olhando para o passado 1. Ore por orientação divina e leia com refle- mente prometidas aos israelitas que procuram
1. Após pedir a direção de Deus, leia cuida- xão o Salmo 139:1-24. ao Senhor (note especialmente os versos 10-
dosamente Isaías 49:1-7 várias vezes. 2. Naquela época. Faça uma lista de todas as 13). Olhe novamente as promessas encontradas
2. Naquela época. Quem é chamado no verso coisas que o salmista diz que Deus sabe a res- em Isaías 49:6 e 7. Anote as promessas dessas
3 “meu servo” e “Israel” (literalmente “Deus peito de sua vida presente. O que isto o leva a duas passagens em uma lista e pense sobre elas.
luta”)? Note cuidadosamente o que é dito aqui pensar e fazer? Pondere sobre o extraordinário Tente refletir sobre como um israelita desen-
sobre o passado deste servo. De que modo conhecimento de Deus. Como você pensa que corajado deve ter se sentido quando leu esses
Deus tinha trabalhado pelo servo no passado? a concretização do conhecimento de Deus em textos.
Tinha sido este servo sempre o que ele ou ela tudo isso afetou a vida presente e as decisões 3. Agora. Relaxe em paz na presença do
deveria ter sido (note o verso 4)? Escreva abai- do salmista? Senhor. Medite em algumas das coisas que
xo todos os modos em que Deus tem atuado 3. Agora. Percebendo que Deus sabe tudo você gostaria de ver Deus fazer em seu futuro.
na história de Seu servo. sobre nós, como você deveria avaliar sua vida Clame algumas dessas promessas para você
3. Agora. Você pode se identificar com o presente? Veja-se pessoalmente na presença mesmo. Não se preocupe com motivos impu-
servo? Deus o chamou desde o ventre e lhe deu de Deus. Sabendo que Ele conhece tudo sobre ros. Deus pode ajudá-lo a lidar com isso mais
nome (verso 1)? Tem você sempre “trabalhado você e, mesmo assim, o ama, encare seu pre- tarde.
em vão” ou “gastou sua força por nada” (verso 4)? sente honestamente. Anote o que você pensa 4. Permita-se sonhar com o que pode ser
Tem Deus trabalhado em seu passado? Sente- a respeito da avaliação de Deus sobre o seu realizado pelo poder de Deus em sua vida. O
se em silêncio, talvez com os olhos fechados, e presente. Onde está você agora? que você gostaria de ver acontecer? Anote suas
recorde sua jornada até aqui. Recapitule nova- 4. Anote três coisas que você pensa que esperanças, sonhos e planos para o seu futuro.
mente seu passado e ache aqueles pontos-chave Deus gostaria de que você trabalhasse em
onde Deus tem atuado por você. Relembre até sua vida espiritual no próximo ano. Comece “Se o futuro parecer um tanto nebuloso,
aqueles tempos quando você não tinha certeza com um aspecto diretamente relacionado a espere e creia. As nuvens desaparecerão e
onde Deus estava. Anote, até que você consiga sua vida devocional ou seu relacionamento a luz novamente brilhará” – Ellen G. White.
por meio de sua história específica ver o trabalho com Deus. Depois, anote um segundo ponto Testemunhos para a Igreja. (vol.1) Tatuí, SP: Casa
de Deus em seu passado. que diz respeito a relacionamentos humanos Publicadora Brasileira, 2000. p. 663.
– cônjuge, filho, pai, amigo, irmão etc. Por
“Nada temos que recear quanto ao futuro, último, anote algo que tem de fazer em rela- Jon Dybdahl. Personal Spiritual Formation
a menos que esqueçamos a maneira em que ção a sua condição física – dieta, exercício, Class. Usado com permissão.

4 DIÁLOGO 20•2 2008


algo mais natural e agradável. Mas por onde
começar? Poucos anos atrás, um grupo de
ainda desenvolveram uma nova apreciação
pela grandiosidade de Deus quando contem-
Formas de
120 estudantes universitários de 40 países plaram os atributos de Sua imensidão. Em melhorar o
começou uma aventura. Durante um curso
de dez semanas e pelos dois anos seguintes,
quase todos os casos, esses atributos foram
descritos no contexto de Seu interesse pessoal relacionamento
os participantes foram pesquisados e 2.100 e envolvimento com a humanidade.
1. Oração. Comunique-se com Deus
páginas de dados, coletadas.1 Em resposta à nova visão de Deus, os – fale e escute.
Descobriu-se que os estudantes cresceram estudantes revelaram ter desejo de celebrar 2. Meditação. Pense em Deus e em Seu
pessoal e espiritualmente de maneiras dife- a vida com Ele, aproximando-se mais dEle. caráter.
rentes. Eles ficaram agradecidos pela mudan- Freqüentemente mencionaram seu senso de 3. Adoração. Adore a Deus – regozijan-
ça de atitudes, percepções e hábitos. O curso necessidade de gastar mais tempo com Ele, do-se no relacionamento e respondendo
lhes deu a chance de conhecer a Deus pesso- para refletir sobre Sua bondade, realizar Seu com gratidão.
almente e ver como Ele age. Neste processo, propósito, cultivar Sua amizade, permanecer 4. Estudo da Bíblia. Aprenda sobre
aprenderam muito sobre eles mesmos e sobre em Sua presença e confiar mais nEle. Assim, Deus.
os outros. Muitos consideraram esse curso o os estudantes estavam prontos para aprender 5. Simplicidade. Organize a sua vida de
acordo com propósitos consistentes.
auge de sua experiência universitária. A com- mais sobre o desenvolvimento autêntico da
6. Jejum. Dedique atenção especial a
binação de quatro fatores contribuiu para comunicação bidirecional com Deus. Deus ao renunciar intencionalmente
esse resultado. algumas atividades, comida ou pertences
Fator 2: Aprendendo sobre “melhorias que podem tornar-se uma distração ou
Fator 1: Momentos de reflexão no relacionamento” obstáculo.
O curso começava com um dia de retiro Nas aulas após os momentos de retiro 7. Solidão. Deleite-se na presença de
espiritual, com a escolha especial de três espiritual foram dados exemplos práticos de Deus sem a presença de outra pessoa.
passagens bíblicas. Os estudantes viram como incorporar uma variedade de estraté- 8. Silêncio. Compartilhe tempo com
o envolvimento de Deus em seu passado, gias devocionais no relacionamento diário Deus sem a interrupção de conversas
presente e futuro. Por 45 minutos, liam indi- com Deus. Esses exercícios são freqüente- verbais.
vidualmente a primeira passagem, pediam a mente chamados de “disciplinas espirituais”, 9. Confissão. Seja honesto com Deus
para conhecer suas mais profundas
Deus Sua direção e, então, refletiam e escre- mas a expressão pode ser equivocada. Sendo
necessidades e fraquezas, com um senti-
viam suas idéias. Nos 45 minutos seguintes, que os amigos especiais nunca medem o do de responsabilidade.
partilhavam suas reflexões em grupos com tempo gasto entre eles como uma “disci- 10. Serviço. Trabalhe para Deus, comparti-
quatro estudantes do mesmo sexo. A mesma plina” e já que o propósito de engajamento lhando dons com Seus filhos.
dinâmica era seguida para as outras duas nessas práticas é construir um relacionamen- 11. Guia. Procure a liderança de Deus e
passagens (veja o primeiro quadro, com pas- to, prefiro o uso da expressão “melhorias no reconheça Sua autoridade em todas as
sagens para reflexão silenciosa e perguntas). relacionamento” (veja no segundo quadro áreas da vida.
formas sobre como melhorar o relaciona- 12. Diário pessoal. Faça um diário pessoal
Uma nova imagem de Deus mento). O livro de Jon Dybdahl, Hunger: da sua jornada com Seu melhor amigo.
A função do Espírito Santo como pro- Satisfying the Longing of Your Soul,2 descreve
fessor e guia não pode ser subestimada. No os hábitos devocionais com mais detalhes,
final do dia, uma nova imagem de Deus oferecendo formas práticas adicionais para
estava surgindo. Muitos sentiram que, pela
primeira vez, Deus estava falando com eles
incorporá-los em nosso tempo devocional
diário.
Let’s Talk!
pessoalmente. Alguns estavam impressio- Como resultado da aprendizagem de Você gostaria de fazer um comentário ou
nados com aspectos do caráter de Deus que novos meios para passar tempo com Deus, formular perguntas ao Pastor Jan Paulsen, presi-
descreviam Seu relacionamento com a huma- um culto chato transforma-se em um dente da Igreja Adventista do Sétimo Dia? Você
nidade – Seu encanto, bondade, generosida- momento alegre, ansiosamente aguardado. pode fazê-lo através do site:
de, paciência, colaboração e amor. Outros Surgem novos conceitos de Deus, revigora- http://www.letstalk.adventist.org
eram agradecidos por seus resgatadores atos dos e renovados em um culto comum. Em
de redenção, misericórdia, restauração e vez de ser um ritual para sofrer, a adoração O objetivo do site é estimular a comunicação
perdão. Alguns se concentraram nos aspectos torna-se uma Pessoa a adorar. Em vez de entre os jovens adventistas de todo o mundo e
o gabinete do Presidente da Associação Geral.
relacionais presentes em Seu caráter – “Ele uma presença passiva num programa da
Nesse mesmo site você também encontrará
me conhece, me aceita, pensa em mim, me igreja, a adoração foi vista como um presente links úteis e bancos de dados acessíveis, refe-
entende, está interessado em mim e é meu ativo de gratidão trazido por aqueles que O rentes a perguntas e respostas sobre muitos
amigo.” Outros viram o interesse especial conhecem. tópicos. Verifique!
que Deus manifestou em suas vidas. Outros

DIÁLOGO 20•2 2008 5


Para começar Fator 3: Praticando as “melhorias no
relacionamento”
experiências de formação espiritual de modos
diferentes, o que pode estar relacionado com
1. Decida jogar-se na água. Aos estudantes foi pedido para reservarem o temperamento pessoal-espiritual de cada
2. Diga a Deus onde você se encontra nesse no mínimo três horas por semana para o um.3 Todavia não há o que substitua o tempo
momento – Ele sabe, mas isso ajuda você a desenvolvimento de seu relacionamento com planejado de comunicação com Deus. Entre
admitir para si mesmo e para Ele a sua situ- Deus. Eles tinham que escolher um livro da várias outras descobertas, foi constatado que
ação, pois o melhor relacionamento é base- Bíblia e, cada dia, meditar em um ou dois as dificuldades para testemunhar desaparece-
ado na franqueza e honestidade. Lembre-se, versos. Ao escreverem suas novas percepções ram, pois as pessoas souberam como passar o
Deus está mais interessado em seu futuro de Deus, os estudantes também começaram tempo com Deus e agora tinham uma expe-
do que em seu passado, e Ele é especialista a ver a si mesmos de maneiras diferentes e riência pessoal para partilhar com outros.
em reconstruções totais.
novas. Com honestidade e autenticidade, O relacionamento com Deus ou o encon-
3. Forme um pequeno grupo de amigos que
também está interessado em percorrer essa viram sua vida superficial e defeituosa. tro com aquele “amigo especial” não acon-
jornada. Você pode começar sozinho ou Apesar disso, ao mesmo tempo, falaram da tece automaticamente. Aqueles que gostam
simplesmente com mais outra pessoa. segurança renovada da presença de Deus e de de nadar, por exemplo, contarão que o amor
4. Peça a Deus para direcioná-lo a um livro da promessas como essa: “Apesar de defeitos e deles pela água não veio por ouvirem outros
Bíblia por meio do qual você avance, cada tolices, ao manter os olhos nEle, Ele mostra- falarem sobre suas experiências; resultou
dia, lentamente por uns poucos versos. Para rá o caminho e mudará o coração.” de pularem na água e ficarem molhados!
cada verso, pergunte: Apesar de alguma resistência inicial para Semelhantemente, falar sobre um relaciona-
• O que este verso me ensina sobre anotar o tempo devocional a cada semana, mento com Deus não é a mesma coisa que
Deus? muitos confirmaram a importância dessa ati- conhecê-Lo. Por que não começar hoje?
• O que ele me ensina sobre mim?
tude no processo de descoberta dos próprios
• Que diferença ele fará em minha vida,
minhas decisões, minhas escolhas, meus
atos enganosos e no encorajamento de hábi-
relacionamentos? tos de persistência. No final do curso, muitos Carol M. Tasker (Ph.D., Universidade
5. Decida quanto tempo você gostaria de participantes confessaram que essa prática Andrews) leciona no Departamento
reservar para Deus por semana para desen- diária tinha se tornado agora um hábito de Estudos Educacionais e no Instituto
volver sua amizade com Ele. Fique de olho permanente, e que a motivação não era mais Adventista Internacional de Estudos
em quão próximo seu desejo está da reali- receber uma nota, porém, sim, passar tempo Avançados, Filipinas. E-mail: ctasker@aiias.
dade e se compatibiliza com ela (isso é para com seu melhor amigo. Mesmo tendo um edu
seu benefício, para ver como as coisas estão plano devocional semanal, o culto planejado
indo). dessa forma foi visto como benéfico, dei-
6. Faça anotações já da primeira passagem e xando de ser “esporádico, apressado, uma Referências
peça a Deus para falar com você pessoal- 1. C.M.Tasker. The Impact of Intentional Learning
mente. Escreva os pensamentos que Ele lhe
atividade não-planejada e tornando-se um Experiences for Spiritual Formation on Seminary
deu, bem como os seus próprios pensamen- tempo prazeroso, planejado e com o horário Students. Dissertação doutoral não-publicada,
tos, perguntas e reações. definido”. 2001, Universidade Andrews, Berrien Springs,
Michigan.
7. Leia um livro de teor espiritual como 2. Jon Dybdahl. Hunger: Satisfying the Longing of
Hunger, de Jon Dybdahl, ou Celebration of Fator 4: Participando de pequenos your Soul. Hagerstown, Maryland: Publicações
Discipline, de Richard Foster, e aprenda sobre grupos Review and Herald, 2008.
as alegrias e liberdades encontradas ao prati- 3. G.Thomas. Sacred Pathways. Grand Rapids,
Os pequenos grupos ajudaram a manter os Michigan: Zondervan, 2000. Thomas descreve
car as melhorias do relacionamento. estudantes no caminho trilhado com suporte nove diferentes caminhos sagrados, os quais
8. No começo de cada semana, faça um plano religioso, encorajamento e responsabilidade. parecem influenciar os tipos de atividades que as
de quais práticas devocionais você gostaria pessoas apreciam ao relacionar-se com Deus.
O encontro semanal do grupo tornou-se um
de incluir em seu tempo especial com Deus.
bem-vindo descanso em meio ao frenético
9. Faça uma lista de nomes/características de
Deus. Cada dia, escolha uma como o foco
ritmo da vida universitária, à medida que um
de adoração. amplo quadro da vida com Deus foi refle-
10. Estas são sugestões que abrem espaço em
sua vida para cultivar um relacionamento
tido nas metas pessoais e os sonhos foram
partilhados. Como fazer anotações sobre a
Diálogo on-line
com Deus. Relaxe e aprecie Sua presença. vida espiritual não é fácil no começo, alguma Agora você pode ler on-line os melhores
Se você perder ou esquecer um dia, comece persistência pode ser necessária. O diálogo artigos e entrevistas das edições passadas da
novamente. Ele se deleita em sua companhia com outros a respeito do processo freqüente- Diálogo.
e espera avidamente ligar-Se a você outra mente ajuda. Visite nosso website:
vez.
11. Quando o diabo lembrá-lo de seu passado, Conclusão http://dialogue.adventist.org
lembre-o de seu futuro!
Os estudantes respondem às diferentes

6 DIÁLOGO 20•2 2008


Design na natureza:
milhares de anos de argumentos
Timothy G. Standish uma acusação que vigorosamente rejeitou. Movedores materiais devem reagir à
Declarou que para ser santo e perfeito é mudança que causam e, assim, deus, o
preciso haver deuses a fim de manter a “Movedor Primordial”, deve ser uma
O recente ressurgimento perfeita felicidade, o que é uma impos- causa imaterial. Essa causa imaterial,
sibilidade para qualquer ser que interage Aristóteles deduziu, é o “logos”.
de argumentos em defesa com o mundo material nitidamente Epicureus não estavam convencidos da
do design, associado a imperfeito. necessidade do logos. Por volta do ano 55
um explosivo acúmulo de Ao conceber os deuses tão perfeitos a.C., o poeta romano e adepto da filosofia
a ponto de nunca interagirem com o epicurista Tito Lucrécio Carus esboçou de
conhecimento acerca da mundo material, Epicuro tornou-os irrele- forma eloqüente uma história da evolução
complexidade da vida e vantes para os seres materiais. Se não exis- que excluía a ação dos deuses:
estética do universo, sugere te uma alma imortal, não há juízo divino “Os átomos não pretendiam colocar-se
após a morte, o que significa que, para a si mesmos de forma inteligente num
que as inferências sobre o todos os efeitos, aquilo que é percebido arranjo ordenado, nem negociaram os
design se deparam com um pelos sentidos é apenas a realidade conhe- movimentos que haveriam de fazer, mas
futuro promissor. cível. Por fim, a filosofia dos atomistas muitos átomos colidiram uns com os
acabou no reducionismo e empiricismo outros de várias formas, sendo levados
extremos, evidentes nas ciências contem- por seu próprio ímpeto desde um passado
porâneas. infinito até o presente. Movendo-se e
Comecemos com o átomo. De acordo O atomismo não surgiu num vácuo. encontrando-se de várias formas, tentan-
com os antigos gregos, tudo é feito de Consistia numa resposta à filosofia de do todas as combinações que poderiam
átomos. Segundo eles, quando um obje- Parmênides, o qual dizia ser impossível ser tentadas. E foi desse processo, num
to é continuamente dividido, chega o alguma coisa vir do nada. A partir disso, espaço enorme e num vasto período de
momento em que mais nenhuma divisão ele argumentava que a mudança nada tempo, que as combinações e recombina-
é possível, e essa unidade indivisível é mais é que uma ilusão. Portanto, a rea- ções de átomos finalmente produziram
chamada de átomo. lidade seria um único todo imutável. Os grandes coisas, incluindo-se a terra, o
Demócrito (460-370 a.C.) era fascina- atomistas, por sua vez, argumentavam mar, o céu, e a geração dos seres viven-
do por átomos. Entre as mais importantes que a mudança genuína é possível por tes.”3
doutrinas deixadas por ele, estava a de meio da reorganização dos átomos imutá- Para ter certeza de que seus leitores
“que os átomos e o vácuo foram o início veis. Platão, outro aluno de Parmênides, compreenderiam que tudo, incluindo as
do universo; e que tudo o mais existia seguiu uma linha de raciocínio diferente. criaturas viventes, resultaram de cau-
apenas em idéia”.1 Por “idéia”, Demócrito Em vez de reduzir toda a realidade a sas naturais em vez de sobrenaturais,
pode ter imaginado algo mais que mera- átomos, Platão argumentou a favor da Lucrécio declarou isso explicitamente
mente a expressão de um sentimento. Mas existência dos deuses com base no evi- diversas vezes em seu De Rerum Natura:
ele ainda coloca a maior parte daquilo dente design existente na natureza. Por “A natureza pode ser vista como isenta de
que é experimentado num nível episte- exemplo, em “Leis X”, Platão disse que senhores. Tudo o que ela faz é comple-
mológico diferente do nível teórico. Em os deuses devem existir porque “a terra, tamente por si mesma, sem a ajuda dos
outras palavras, segundo ele, os átomos e o sol, as estrelas e o universo, e a ordem deuses.”4
o vácuo teóricos são mais reais que a rea- das estações, com suas divisões em anos e Os argumentos de Lucrécio contra os
lidade experimentada pelos sentidos. meses, consistem em provas da existência deuses seguiram fórmulas comumente
Epicuro, um dos seguidores de deles”.2 usadas hoje. Por exemplo, ele argumentou
Demócrito, formalizou e expandiu essa Aristóteles expandiu ainda mais o argu- que a realidade é imperfeita e, portanto,
linha de raciocínio. Trabalhou tanto com mento do design. Em vez de questionar não pode ter sido planejada: “O mundo
esse conceito que sua filosofia atomística a existência dos átomos, argumentou que certamente não foi feito para nós por um
recebeu seu próprio nome: epicurismo. os átomos sozinhos não podem realizar o poder divino; muitas são as imperfeições
Esta filosofia causou agitação na Grécia que os epicureus alegavam. Átomos não que apresenta.”5 Mais recentemente,
antiga porque negava o dualismo corpo- se moveriam por si mesmos e, portanto, Stephen J. Gould enunciou o argumento
alma, parecendo com isso negar a ordem acabariam requerendo algo para movê-los da seguinte forma: “A imperfeição vence a
do universo e mesmo a existência dos a fim de que eles se reorganizassem de batalha em favor da evolução.”6
deuses. Epicuro foi acusado de ateísmo, diferentes formas para haver mudança.

DIÁLOGO 20•2 2008 7


O Novo Testamento e o design parece ter tido amplo apelo em compara- logo a natureza não pode ser a causa de
Imerso numa sociedade permeada de ção com os argumentos complexos e sutis si mesma e requer um Deus-Designer
argumentos pagãos em favor do design, tanto a favor quanto contra a presença de para criá-la. O terceiro é o argumento da
o apóstolo João iniciou seu evange- design na natureza. causa. Porque há um número finito de
lho assim: “No princípio era o Verbo Mas o cristianismo não poderia inde- coisas e coisas têm uma existência finita,
(Logos).” Ao invocar o Logos, João finidamente depender do testemunho argumentou Aquino. No tempo infini-
apresentou sua tese perfeitamente dentro de primeira-mão daqueles que estiveram to deve haver um ponto no qual nada
do domínio público dos argumentos em com Cristo. Tais testemunhas finalmente existe. Mas, porque as coisas requerem
favor do design e suas implicações teoló- morreram, mas algumas deixaram relatos uma causa, a existência das coisas torna
gicas. Sua abordagem, contudo, é muito de suas experiências. Mais relatos escritos a causa necessária, e essa causa necessária
diferente da dos filósofos. Em vez de ten- foram feitos por aqueles que não tiveram é Deus. O quarto argumento assume a
tar argumentar a partir dos princípios pri- uma experiência direta, diluindo e algu- grande cadeia do ser na qual seres dife-
mordiais ou de alguma idéia preconcebida mas vezes corrompendo a evidência das rentes estão distribuídos desde o mais
quanto aos deuses, João apresenta um testemunhas. A proliferação dos evange- inferior até o mais elevado ao longo de
argumento extremamente empírico. “E lhos gnósticos acabou levando confusão várias escalas de bondade, verdade etc.
o Verbo se fez carne e habitou entre nós, ao assunto, enfraquecendo o impacto Aquino argumentou que, pelo fato de que
cheio de graça e de verdade, e vimos a sua dos argumentos baseados na observação todas as gradações finalmente emanam
glória, glória como do unigênito do Pai” direta. Algum progresso foi feito quando do último estado do ser, como fogo sendo
(João 1:14). Insiste que seus leitores reve- Ireneu encorajou o uso dos quatro evan- o último estado do aquecimento que
jam a evidência empírica e decidam por si gelhos canônicos por volta de 185 d.C. causa todas as gradações de calor, um Ser
mesmos se sua tese, de que o Criador Se À medida que a igreja ocidental medie- Último – Deus – deve existir para expli-
tornou parte da criação, era verdadeira ou val se distanciou da dependência direta car as várias gradações do ser que vemos.
não – uma posição surpreendente para a do cânon bíblico e os cristãos procuraram O quinto argumento a favor da existência
época. interagir com pagãos, eles se depararam de Deus é claramente teleológico e o mais
O apóstolo Paulo seguiu uma linha com um problema. Não se esperava que a sujeito à investigação empírica. Pode ser
diferente. Para ele, a presença do design Bíblia tivesse autoridade sobre as mentes visto tanto como um retorno à alegação
na natureza é auto-evidente. Assim, em pagãs. Além disso, os missionários care- de Platão de que a ordem nos céus prova a
Romanos 1:20, ele parece fazer um apelo ciam de conhecimento de primeira-mão existência divina quanto uma antecipação
direto em favor do design: “Porque os da vida de Cristo. Assim, argumentos dos argumentos modernos em defesa do
atributos invisíveis de Deus, assim o filosóficos usados pelos pagãos substituí- design. Em essência, o argumento sugere
Seu eterno poder, como também a Sua ram o testemunho direto e se tornaram a que mesmo coisas inanimadas existem
própria divindade, claramente se reco- linguagem comum por meio da qual cris- por um propósito. E todo o propósito é
nhecem, desde o princípio do mundo, tãos esperavam alcançar mentes pagãs. produto de inteligência. Assim, o propó-
sendo percebidos por meio das coisas que sito se encaixa com o design de um ser
foram criadas. Tais homens são, por isso, O argumento de Tomás de Aquino inteligente, sendo que esse designer inteli-
indesculpáveis.” Ao se dirigir aos filósofos a favor do design gente é Deus.
epicureus e estóicos em Atenas, Paulo O platonismo com seus inerentes argu-
inicia seu argumento com um apelo em mentos em defesa do design se tornou a Os argumentos de Hume
favor da criação ao abordar a questão das filosofia da igreja. Não foi senão a partir contra o design
causas e propor o “deus desconhecido” do século 13 que Aristóteles se popula- Os argumentos de Aquino foram
como a causa última. Este era um tipo de rizou na igreja ocidental. Por causa do largamente aceitos até o Iluminismo,
argumento familiar para sua audiência, distanciamento das Escrituras durante o quando filósofos céticos como David
mas ao sugerir que Deus Se tornara carne, período medieval e a popularidade dos Hume (1711-1776) desferiram um ataque
ele imediatamente os perdeu, visto que filósofos pagãos, não surpreende que direto às provas tomistas inspiradas em
essa idéia ía muito além da concepção que Aquino abraçasse os argumentos filosófi- Aristóteles, da existência de Deus. O pen-
tinham do divino (veja Atos 17:18-34). cos de Aristóteles em favor dos deuses e samento de Hume estava baseado numa
O poder maior do argumento dos os tornasse em argumentos em favor de visão diferente de causa. “Não temos
apóstolos estava não na filosofia, mas Deus. Em sua Suma Teológica, Aquino outra noção de causa e efeito, exceto
nas declarações deles como testemunhas propôs cinco argumentos para a existência aquela de certos objetos, os quais sempre
da divindade, morte e ressurreição do de Deus.7 O primeiro é o do Movedor têm estado unidos, e os quais em todas as
próprio Designer. O evangelho repousa Primordial, de Aristóteles. O segundo instâncias passadas têm sido inseparáveis.
numa ampla base de experiência direta envolve causas eficientes. Ele afirma Não podemos penetrar na razão dessa
com Jesus. Esta abordagem empírica que nada pode ser a causa de si mesmo, união.”8 Ao reelaborar o pensamento

8 DIÁLOGO 20•2 2008


acerca das causas, Hume mudou o campo temente planejados. Durante o período Universidade de Cambridge. Dizia ter
da batalha intelectual daquele construído entre Hume e Darwin, filósofos como sido “entretido” e estar “encantado”
por Aristóteles a partir de suas quatro Immanuel Kant reagiram vigorosamente com suas palavras.14 Porém, a obra mais
causas. Trabalhando sob condições mais aos argumentos de Hume. Ironicamente, conhecida de Darwin, A Origem das
favoráveis à sua própria posição, Hume o ceticismo de Hume é comumente Espécies, foi uma resposta direta aos argu-
dirigiu seu ceticismo contra o argumento conhecido como empiricismo, mas seus mentos de Paley. Ao invocar a seleção
do design. argumentos contra o design são filosófi- natural como um filtro de variações que
Os cinco argumentos clássicos de cos em vez de empíricos, provavelmente ocorrem naturalmente nos organismos,
Hume contra o design, listados a seguir, mais bem categorizados como racionalis- Darwin procurou mostrar que enquanto
ainda estão entre as objeções mais citadas mo. organismos são criados como se houves-
contra o design.9 sem sido propositadamente planejados, “o
1. Porque a natureza é vista produzindo Kant: a harmonização entre propósito é apenas aparente”.15
coisas ordenadas, como cristais, sem que empirismo e racionalismo Neste ponto no desenvolvimento da
um agente inteligente óbvio as tenha ori- Isso conduz ao esforço de Kant, no argumentação sobre o design, a fragmen-
ginado, é ilógico dizer que todas as coisas sentido de harmonizar empirismo e tação entre os argumentos relativos ao
ou objetos ordenados sem um propósito racionalismo. Se há alguma tendência no design surgido da própria natureza e do
evidente implicam num agente inteligente desenvolvimento dos argumentos a favor design realizado por Deus se tornou evi-
como Deus. e contra o design, é que os argumentos dente. A abordagem de Darwin, partindo
2. Visto que temos apenas um universo a favor do design tendem a ser mais do estudo da natureza, era nitidamente
para estudar, não podemos comparar um empíricos enquanto que os argumentos voltada contra a idéia de uma causa inte-
universo planejado com um não-plane- contrários, como os apresentados por ligente para a vida. A ironia é que sua
jado. É falsa analogia dizer que porque Hume, se inclinam na direção do racio- posição acaba se baseando em algumas
podemos reconhecer fenômenos planeja- nalismo. É claro que há muitas exceções, premissas teológicas e não nas muitas
dos versus fenômenos não-planejados no com Lucrécio argumentando por um mau informações que ele introduz ao discutir
universo também podemos reconhecer design a partir da observação da natureza a questão. O argumento de Darwin busca
que o próprio universo é planejado. e Aquino usando argumentos claramente discutir o problema teológico do mal,
3. Mesmo que o universo pareça pla- racionais, mas a tendência é evidente. Por em particular o mal na natureza. Como
nejado, isso não conduz necessariamente exemplo, Platão apela para a ordem nos Cornelius Hunter explica, “o ponto
ao teísmo. Hume declara: “Se fosse céus, enquanto Epicuro define os deuses central da teoria de Darwin era separar
apresentado um efeito totalmente único como irrelevantes. Kant argumentou que Deus do mundo a fim de explicar seus
e que não pudesse ser compreendido sob as ciências empíricas têm mais força epis- problemas e dilemas. Diante de tanta
quaisquer espécies conhecidas, não penso temológica que argumentos racionais.11 complexidade, ele não podia simplesmen-
que seríamos capazes de apresentar qual- Enquanto os argumentos filosóficos de te explicar Deus de forma teórica. Em vez
quer conjectura ou inferência quanto à Hume contra o design foram contrapostos de dizer que a evolução é anti-religiosa,
sua causa.”10 a outros argumentos filosóficos, eles tam- seria mais correto dizer que a evolução é
4. Se o universo requer design, então a bém tiveram que enfrentar apelos mais religiosa. Ela na verdade se debate com
mente que o planejou deve requerer pelo diretos à evidência. Talvez o mais famoso um tipo particular de Deus – um que
menos o mesmo tanto de design e, por- dos apelos foi o encontrado em Natural apenas criasse um mundo que satisfizesse
tanto, também requer um designer que Theology, de William Paley (1743-1805). aos nossos gostos”.16
deve ter sido planejado e assim por diante Paley argumentou a partir da analogia de A teoria da evolução de Darwin teve
ad infinitum. Por outro lado, se o desig- que um “relógio deve ter tido um fabri- profundas implicações teológicas e logo
ner, Deus, pode se auto-ordenar, por que cante”,12 para dizer que os “mecanismos” atraiu reações teológicas, mas também
não o universo? encontrados na natureza também reque- suscitou oposição no âmbito científico.
5. Freqüentemente, o aparente design rem um Fabricante. Testou sua analogia Por exemplo, a propriedade da seleção
para um propósito pode ser mais bem usando diferentes instrumentos feitos pelo natural para explicar o que vemos nos
explicado apenas mediante um processo homem, como por exemplo o telescópio, organismos foi questionada quase que
gradual que mediante um processo tele- com fenômenos relacionados na natureza, imediatamente por Thomas Henry
ológico. nesse caso, o olho.13 Huxley, um dos maiores apoiadores de
O quinto argumento de Hume pode Darwin. Ele argumentava que “o alicer-
ser interpretado como uma antecipação Darwin e o argumento do design ce lógico da teoria da seleção natural é
da seleção natural de Charles Darwin, Charles Darwin (1809–1882) foi incompleto”.17 O próprio Darwin per-
agindo como um filtro sobre a variação um leitor bastante interessado do livro cebeu que havia importantes objeções
natural para produzir organismos aparen- de Paley – usado como livro-texto na científicas à sua teoria, especificamente

DIÁLOGO 20•2 2008 9


com relação ao registro fóssil. “A geologia exposição de suas pressuposições mate- lisando sua alegação de que “se pudesse
seguramente não revela nenhuma corrente rialistas subjacentes, publicados primeira- ser demonstrado que um órgão complexo
de gradação orgânica tão detalhada [das mente em Darwin no Banco dos Réus,19 existiu, sem que tivesse sido formado por
variedades intermediárias]; e essa, talvez, expuseram a vulnerabilidade das teses de meio de muitas, sucessivas e pequenas
seja a mais óbvia e séria objeção que possa Darwin. modificações, minha teoria cairia com-
ser levantada contra minha teoria.”18 O filósofo e matemático William pletamente por terra”.20 Behe argumenta
Dembski tem abordado diretamente a que o mecanismo molecular existente nas
O surgimento do Design Inteligente alegação de Hume de que a ordem pro- células é de “complexos irredutíveis”, o
No contexto dos argumentos teológi- duzida pelo design inteligente não pode que significa que eles requerem um grupo
cos, filosóficos e científicos levantados ser diferenciada da ordem produzida de partes indispensáveis para funcionar e,
contra o darwinismo, os argumentos em pela ação da natureza apenas. Dembski portanto, não poderiam ter surgido por
defesa do design não parecem ser diferen- tem proposto que objetos que exibem ao meio de “pequenas modificações”.
tes dos que foram usados por Paley; os mesmo tempo complexidades improváveis Uma enorme quantidade de mudanças
mesmos argumentos que Darwin alegou de serem produzidas pela ação apenas da tem ocorrido nos mais de dois mil anos
haver refutado. Recentemente, porém, um natureza e ordem, os quais se enquadram desde o tempo de Demócrito. Os argu-
ressurgimento dos argumentos a favor do dentro das estreitas tolerâncias requeridas mentos em defesa do design que ele e seus
design tem ocorrido com o movimento por sua função, podem ser razoavelmente descendentes evitaram têm sido muitas
do Design Inteligente (DI). Três protago- interpretados como produtos do design vezes repetidos, experimentando perío-
nistas do DI – Phillip Johnson, William inteligente em vez de qualquer produto dos de grande sucesso e de declínio, mas
Dembski e Michael Behe – exemplificam natural. Dembski argumenta que, ao jamais receberam um golpe de morte. Na
os três componentes principais dos argu- mesmo tempo em que se permite alguma verdade, continuam se desenvolvendo. O
mentos favoráveis ao design. variação espontânea, a complexa informa- recente ressurgimento de argumentos a
Phillip Johnson, professor emérito de ção da ordem codificada no DNA é mais favor do design, junto com um explosivo
Direito na Universidade da Califórnia, razoavelmente encarada como o produto acúmulo de conhecimento acerca da com-
em Berkley, e uma autoridade em lógica, de um design inteligente em vez de uma plexidade da vida molecular e estética no
é algumas vezes chamado de pai do DI. causa natural. universo, sugere que as inferências sobre
Seus devastadores ataques filosóficos aos Michael Behe, um bioquímico, esco- o design se deparam com um futuro pro-
fundamentos lógicos do darwinismo e à lheu desafiar Darwin diretamente, ana- missor.

Timothy G. Standish (Ph.D.,


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Data de validade: ________________________ dução.
4. Ibid., Livro 2, linhas 1090-1092. Minha tra-
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Nome ___________________________________________________________ More Reflections on Natural History. Nova
Endereço ___________________________________________________________ York, W. W. Norton, 1980. p. 37.
5. “Nequaquam nobis divinitus esse paratam
___________________________________________________________ Naturam rerum: tanta stat praedita culpa”
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Natura. Livro 5, linhas 198-199. Traduzido
12501 Old Columbia Pike; Silver Spring, MD 20904-6600; EUA. por W. H. D. Rouse, revisado por Martin
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10 DIÁLOGO 20•2 2008


Em busca da verdade: uma resposta cristã
John Wesley Taylor V modernismo parece ser hostil a qualquer cria que a Terra era o centro do Universo.
perspectiva que se apegue à existência da Noutro tempo, todos acreditaram, menos
verdade objetiva, ou repouse na idéia de oito pessoas, que nunca poderia chover.
Em um mundo pós- uma verdade universal. Se dependermos da opinião pública para
Em contrapartida, a cosmovisão cristã termos certeza da verdade, corremos o
moderno que questiona sustenta que Deus é confiável (I Coríntios risco de nos submeter aos caprichos da
a relevância da verdade, 1:9), e que Sua revelação da verdade é multidão, ou do grupo que produz o
como pode o cristão objetiva e digna de confiança (João 17:17; barulho mais alto.
II Pedro 1:19). A verdade centralizada em 3. Instinto. “Você não entende? É
declarar o que realmente é Deus é, assim, universal em seus objeti- óbvio...” Thomas Jefferson declarou certa
a verdade? vos – pessoal, estável, através do tempo e vez que “todos os homens são criados de
lugar (Mateus 5:18; Hebreus 13:8).* igual modo” e a isso chamam uma verda-
Na época em que o pós-modernismo de evidente por si mesma. Porém, ela não
O pós-modernismo anunciou a morte estava começando a se desenvolver, Harry era de todo evidente para o rei George
da verdade objetiva. Enquanto o moder- Blamires advertiu que “uma das tarefas da Inglaterra ou para os proprietários
nismo foi fundamentado sobre a premissa críticas na reconstituição do pensamento de escravos, entre os próprios amigos de
de que a verdade é alcançável e verificável, cristão será restabelecer o estado de ver- Jefferson. Há, porém, um problema mais
o pós-modernismo sustenta que a verdade dade objetiva como distinto da opinião fundamental em seguir os seus instintos:
é uma interpretação social subjetiva, ou pessoal”.6 o coração é enganoso (Jeremias 17:9). Se
que não há simplesmente coisa tal como Analisaremos neste artigo a inadequa- os homens são inerentemente propensos
verdade atingível.1 Jean-François Lyotard ção dos critérios seculares representativos ao erro, podem os seus instintos consti-
propôs, por exemplo, que a verdade não da verdade, e procuraremos identificar tuir-se num guia infalível da verdade?
é senão uma expressão da perspectiva de uma resposta cristã na busca da verdade. 4. Emoção. “Eu sinto que essa é a verda-
uma determinada comunidade. O que Também exploraremos várias implicações de!” Porém, o que acontece quando duas
os indivíduos visualizam e aceitam como da perspectiva cristã, como a unidade e pessoas sentem fortemente a mesma coisa,
verdade é dependente do grupo do qual universalidade da verdade. Finalmente, mas têm opiniões contrárias? Com cada
participam.2 Essa relatividade ultrapassa destacamos várias questões intimamente lado adotando uma postura que explici-
as percepções do indivíduo sobre a verda- ligadas à busca pela verdade. tamente exclui o outro, parece que ambos
de, até sua essência – uma posição na qual não podem estar totalmente corretos.
“não há nenhuma verdade absoluta”.3 Diga-me a verdade! É também muito fácil para as emoções
Michel Foucault, um sociólogo cujas – os limites dos critérios seculares degenerarem-se em mero atendimento ao
contribuições se destacam no movimen- “O que é a verdade?” (João 18:38). A desejo. “Isso tem de ser necessariamente
to pós-moderno, postula que o próprio pergunta de Pilatos tem ecoado através verdade, porque gosto assim.”
conceito de verdade é perigoso.4 Ele dos corredores do tempo. Ela se tornou 5. Pragmatismo. “Mas isso funciona...”
afirma que “verdades” são meramente extremamente relevante num mundo de Algo pode realmente funcionar bem,
agendas do interesse especial de grupos confusão crescente – um mundo impreg- mas será correto só porque funciona? Por
com influência econômica ou poder polí- nado de contendas e estereótipos, um exemplo, deveríamos usar de enganos na
tico, que usam essas idéias – envolvidas planeta preocupado em distinguir o que é publicidade a fim de comercializar um
em publicidade, propaganda e mídia de relevante do que é sem sentido. produto? O fato de nossa estratégia de
massa – para intimidar as pessoas e levá- Desde as sórdidas ruelas da metrópole mercado ter alcançado êxito, torna cor-
las a crer naquilo que os privilegiados até as enclausuradas torres do saber, o retas as nossas afirmações enganosas? Se
achem conveniente. Finalmente, outros indivíduo se defronta com vários critérios aceitássemos esse critério, a verdade pode-
pós-modernistas, como Richard Rorty,5 de verdade comumente apresentados: ria adquirir uma função de conveniência
argumentam que deveríamos abandonar 1. Tradição. “Tem sido assim durante somente.
completamente a busca à verdade, e nos muito tempo...” Entendemos, de fato, 6. Evidência empírica. “Tal se apóia
satisfazermos com a interpretação. que a tradição deve ter tido um começo. em pesquisa e é cientificamente compro-
Por conseguinte, para muitos pós- Como a primeira pessoa sabia o que era vado...” Percebemos verdadeiramente o
modernistas, a verdade se tem tornado verdade? Um erro antigo não se torna que não está certo aqui, ou poderia ser
ambígua, uma comodidade pessoal na verdade no presente em virtude de mera que estamos vendo como “em espelho,
melhor das hipóteses. Eles preferem pen- repetição. de maneira obscura” (I Coríntios 13:12)?
sar em “muitas verdades”, numa “diver- 2. Popularidade. “Bem, todo mundo Podem as aparências, às vezes, ser enga-
sidade de verdades”, ou simplesmente na concorda...” A maioria sempre está certa? nosas (I Samuel 16:7)? Podemos também
“verdade para mim”. Além disso, o pós- Houve um tempo em que “todo mundo” perguntar se todas as evidências foram

DIÁLOGO 20•2 2008 11


consideradas. Podemos conhecer somen- fatal. Pode qualquer pessoa ser considera- Essas “palavras” de Deus provêem uma
te “em parte” (I Coríntios 13:9), e este da infalível? ordem ascendente de revelação (II Pedro
conhecimento parcial pode nos levar a A esta altura, podemos nos sentir como 1:19), nas quais as últimas revelações não
conclusões errôneas? Thomas. Nada sabemos com certeza! (cf. substituem as primeiras, antes comple-
7. Coerência. “Tudo é tão consistente. João 14:5). É importante, porém, manter mentam cada manifestação com signifi-
Parece harmonizar-se tão belamente...” O as coisas em perspectiva. Antes de alguém cado mais rico. Na cosmovisão cristã, por
que acontece se partirmos de uma falsa descartar abruptamente essas dez medi- exemplo, reconhecemos que a intrusão do
premissa? Nossa bela harmonia nos faria das, deveríamos notar que cada uma tem pecado distorceu nossa compreensão da
errar totalmente? Além disso, é possível valor e pode contribuir para um melhor verdade divina revelada em Sua criação
“forçar a evidência”? Mediante golpes entendimento da verdade (quantos de nós, – tanto na natureza quanto na sociedade
persistentes, poderíamos encaixar um ele- por exemplo, conferimos para ver se a humana. Por conseguinte, as Escrituras
mento quadrado num orifício redondo? A Terra é uma esfera?). O ponto, no entan- clarificam detalhadamente a verdade
consistência, de si mesma, não estabelece to, é que nenhum desses critérios, em e de sobre a mentira.10
a verdade de uma declaração. Ela simples- si mesmos, pode garantir a verdade. Em última análise, todavia, a verdade
mente permite crer que pode ser interna- Há, porém, um problema maior. Muito é uma Pessoa. Cristo é a mais plena reve-
mente possível. freqüentemente nós, como cristãos, lação da verdade – “a expressa imagem”
8. Lógica. “Porém, isso parece razoá- aceitamos como critério de verdade “um do divino (Hebreus 1:3; II Coríntios
vel...” Seria a lógica um modo sistemático quadro referencial feito pela mente secular 4:6). Essa revelação por meio de Cristo,
de errar com confiança? Num silogismo, e uma série de critérios que refletem ava- ancorada nas Escrituras (Lucas 24:27;
por exemplo, a veracidade da conclusão liações seculares”.9 É clara e urgentemente João 5:39) e ampliada através do relacio-
depende da verdade de suas premissas. necessária uma resposta cristã à busca da namento pessoal com Deus (João 17:3),
O problema é que esses axiomas são, verdade. responde à condição humana de modo
freqüentemente, bastante difíceis de tes- que ultrapassa qualquer outra apresenta-
tar. Supomos que eles sejam verdadeiros, A resposta cristã ção da verdade.
mas não podemos usar a lógica para Como ocorre freqüentemente com Por conseguinte, para o cristão, a ver-
demonstrar que o são.7 O resultado? Se Deus, Cristo respondeu à pergunta sobre dade existe como revelação da iniciativa
nossas suposições forem duvidosas, não a verdade antes que ela fosse feita. Ele divina. Ela é autorizada, provida por
podemos ter certeza das conclusões. Há, declarou: “Eu Sou... a verdade” (João Alguém que não apenas examinou todas
de fato, outro lado em matéria de lógica. 14:6). Noutra ocasião, Cristo orou a Seu as evidências, mas que também as formou
Só porque a pessoa não entende algo, Pai: “A Tua Palavra é a verdade.” (João (João 1:3; Colossenses 1:15-16). Por essa
isso não quer dizer que esse algo não seja 17:17). Além disso, as Escrituras afirmam razão, a multidão que se havia reunido
verdadeiro.8 que “os céus declaram a glória de Deus” para ouvir, observou que Jesus ensinava
9. Relevância. “É tudo tão significa- (Salmo 19:1), e que “todas as Suas obras “como quem tem autoridade” (Mateus
tivo...” Se a pessoa tomar essa posição, a são verdade” (Salmo 33:4 – NVI). 7:29) – a autoridade inerente à Palavra,
verdade se torna bastante relativa. A per- Aqui é encontrada a resposta cristã à em contraste com o limitado critério de
tinência de hoje pode tornar-se a irrele- pergunta de Pilatos. A Palavra – quer escri- verdade do mundo.
vância de amanhã. Além disso, não pode- ta, ilustrada ou encarnada – é a verdade.
ria o erro parecer relevante? Suponhamos Deus, em essência, deseja revelar con- Implicações da perspectiva cristã
que um parente próximo subitamente tinuamente a verdade à humanidade. O que significa para o crente a resposta
fique doente e morra antes de você poder Sabendo que ela seria inacessível, se não cristã à busca pela verdade? Quais são as
vê-lo uma vez mais. Entretanto, alguém fosse pela auto-iniciada e auto-revelada ramificações desse paradigma? Há várias
que estava presente diz-lhe que em seus natureza de Deus (I Coríntios 2:12). A implicações:
últimos momentos esse parente mencio- revelação divina é, pois, o canal através 1. Para o cristão, a verdade está
nou seu nome. Isso seria significativo? do qual Deus comunica fatos e princípios arraigada no sobrenatural. A verdade
Poderia ser essa uma mentira com o aos seres humanos. Essa revelação da ver- começa com Deus (Tiago 1:17) e não
intuito de enganar você. dade é fundamental e inclui: com os seres humanos. O Criador é a
10. Autoridade. “Seguramente, ele • A criação divina em cada uma Fonte de toda a verdade (João 1:17). Por
deveria saber!” Quem é a autoridade? de suas dimensões (Salmo 85:11; conseguinte, a verdade não se origina na
Como aquele indivíduo sabe, afinal de Romanos 1:20; Tiago 1:18); natureza, nem tem início nos seres huma-
contas? Obviamente, o conhecimento não • As Sagradas Escrituras (Salmo nos. Os homens e mulheres apenas desco-
vem da autoridade, porque ele ou ela são 119:105, 142, 151, 160); brem a verdade. Eles não a criam.
a autoridade! Como vimos, porém, cada • Jesus Cristo, “Deus conosco” 2. A verdade é eterna porque ela
um dos outros critérios têm uma falha (Mateus 1:23; João 1:14, 17; 14:6). reside em Deus. O Salmo 117:2 declara

12 DIÁLOGO 20•2 2008


que a verdade de Deus “dura para sem- várias conclusões: (a) conhecer Deus é a verdade deveriam ser progressivamente
pre” (ver também Salmo 100:5). O que chave para ver a vida como um todo sig- abertas diante de nós.
isso significa? Por ser eterna, a verdade nificativo; (b) conquanto sempre haja o 7. Porque Deus é a Fonte de toda
existiu antes da mente humana, daí que perigo de se começar com uma falsa pre- a verdade, toda a verdade é, defini-
essa não pode criá-la e nem destruí-la. missa ou forçar a evidência, quanto maior tivamente, a verdade de Deus. “Toda
Podemos apenas escolher aceitá-la ou a amplitude da evidência e melhor seu boa dádiva e todo dom perfeito são
rejeitá-la, permanecer nela ou abandoná- ajustamento, mais adequada é sua justi- lá do alto, descendo do Pai das luzes”
la e persistir no erro.11 Como cristãos, ficação como verdade; (c) como cristãos, (Tiago 1:17; ver também João 1:17). Isto
devemos lembrar-nos de que nada pode precisamos evitar criar falsas dicotomias sugere que precisamos ver cada tópico e
ser feito “contra a verdade, senão em dentro da verdade divina. Essas poderiam cada dimensão de nossa vida como uma
favor da própria verdade” (II Coríntios incluir o isolamento entre clemência e extensão da verdade divina. Também
13:8). Os seres humanos não podem justiça, a separação entre piedade e ação, sugere que precisamos tomar cuidado
simplesmente obliterar a verdade. O a separação entre teoria e prática, a divi- com a exclusividade dos reclamos da
mundo teve sua melhor oportunidade no são entre fé e aprendizado. verdade. Conquanto os cristãos tenham
Calvário e falhou terrivelmente. Nosso 5. A verdade é infinita porque Deus a verdade, na cosmovisão cristã eles não
papel como cristãos, então, consiste em é infinito. Nosso círculo de conheci- possuem o monopólio dela. Antes, por-
convidar e não confrontar. Não necessi- mento está rodeado pelo vasto universo que Deus faz Seu Sol brilhar sobre maus
tamos tanto “defender a verdade” da ani- de nossa ignorância. A extensão infinita e bons (Mateus 5:45) e deseja que todos
quilação, como estender o convite para da verdade divina jaz ainda virtualmente cheguem ao conhecimento da verdade
que se aceite a eterna verdade de Deus. desconhecida. Assim como o perímetro (I Timóteo 2:4), os não-crentes também
3. Porque Deus é a origem funda- de um círculo (nosso contato com o descobrem a verdade. Onde está, então,
mental da verdade e Ele não muda desconhecido) aumenta quando a área a diferença entre cristãos e não-cristãos?
(Malaquias 3:6; Tiago 1:7), a verdade desse círculo se expande, quanto mais O não-cristão tropeça na doutrina da
é imutável. A verdade de Deus é absoluta aprendemos da verdade divina, mais verdade em sua jornada através da vida,
e universal em sua abrangência – ela é entendemos o quanto há ainda por apren- enquanto o cristão reconhece a Fonte
verdade em todo o tempo, lugar e pessoa der – e mais humildes seremos. E quando dessa verdade.
(Salmo 100:5; Isaías 43:9). Com a difu- o círculo é pequeno e nosso contato com
são do relativismo na cultura contempo- o desconhecido é reduzido, somos tenta- Considerações sobre
rânea, muitos indivíduos chegam a crer dos a pensar que “sabemos tudo”. Quão a busca pela verdade
que a verdade é, em si mesma, relativa presunçoso seria então declararmos, em A perspectiva cristã esclarece vários
– uma questão de opinião, de conven- qualquer tempo, que agora atingimos, assuntos particularmente relevantes para
ção social. Conquanto as circunstâncias que agora possuímos toda a verdade. Os a nossa busca da verdade. Esses incluem
mudem e haja devastação e fragmentação cristãos, portanto, não têm “toda a verda- o papel da pesquisa, o dilema dos para-
evidente em muitos aspectos da vida, a de”, mas, em última análise, tudo o que doxos e a questão da autenticidade.
cosmovisão cristã é capaz de prover uma eles possuem será verdade (I Coríntios 1. Envolvimento na pesquisa.
estrutura que oferece estabilidade e segu- 13:12). Pesquisa é a busca sistemática e foca-
rança. Como cristãos, podemos ajudar os 6. A compreensão cristã da verdade lizada à verdade. Em nosso mundo, a
pós-modernos a descobrir fundamentos precisa ser progressiva. Não é suficiente verdade tornou-se como uma moeda per-
para sua vida, sustentando ideais que estar na verdade – precisamos caminhar dida na grama. Embora coberta de ervas
ofereçam uma base para a vida. Podemos na senda da verdade (Salmo 25:5; 26:3; daninhas, é ainda uma moeda de valor.
auxiliá-los a entender que a solidez da 43:3; 86:11; III João 4). Este conceito de Nosso dever é sermos os detectores de
verdade contribui para o senso pessoal de “caminhar” sugere novos horizontes. É metais do mundo, encontrar as moedas
identidade, direção e pertencimento. um chamado a aprender e crescer. Para da verdade e separá-las do lixo das menti-
4. Toda a verdade possui unidade mudar a metáfora, a expressão “arraiga- ras satânicas.
porque vem da mesma Fonte. Uma vez dos e alicerçados” (Efésios 3:17) denota A pesquisa é, em realidade, diretriz
que Deus é Um (Deuteronômio 6:4), a que uma planta é vibrante enquanto divina (Provérbios 2:4-5; Eclesiastes
verdade é uma, pois Deus é a verdade recebe nutrição ininterrupta, crescendo 1:13; I Tessalonicenses 5:21; II Timóteo
(Deuteronômio 32:4; Salmo 31:5). A na verdade (Efésios 4:15; II Pedro 3:18). 2:15).12 É verdade que não vemos senão
verdade, então, estará sempre em harmo- Conquanto a verdade não mude, nossa indistintamente (I Coríntios 13:12), mas
nia consigo mesma, onde e quando for relação com ela precisa desenvolver-se. só porque o vidro é imperfeito, isso não
achada. Qualquer coisa que contradiga Temos de reconhecer que nossa compre- significa que não deveríamos descobrir
a verdade é erro ou revela um problema ensão da verdade não é senão “uma obra toda a verdade que nos seja possível
com a finita compreensão humana. Há em curso” – e que novas dimensões da aprender. As Escrituras, de fato, estão

DIÁLOGO 20•2 2008 13


cheias de casos de gente de fé que prati- verdade em sua totalidade. Essa consciên- de experimentar a liberdade. De fato, a
cou o senso de investigação (por exemplo, cia pede humildade. verdade oferece a única liberdade.16 “E
Jó 29:16; Salmo 77:6; Atos 17:11; 3. Necessidade de autenticidade. Não conhecereis a verdade, e a verdade vos
I Pedro 1:10). Não obstante, a intenção obstante a cosmovisão cristã sustentar que libertará” (João 8:32).
é identificar a verdade para “reter o que é a verdade universal realmente exista, ela
bom” (I Tessalonicenses 5:21). também reconhece a limitação humana
A verdade não perde nada por causa da do conhecimento parcial, e o potencial da John Wesley Taylor V, Ph.D., é professor
investigação. Antes, tanto a razão quanto interpretação imperfeita. Por conseguinte, de filosofia educacional na Southern
a fé são fortalecidas pelo escrutínio da ninguém pode reivindicar infalibilidade Adventist University, Tennessee, EUA.
pesquisa e refinadas no crisol da análise. ou uma plena compreensão de qualquer E-mail: jwtv@southern.edu
Ao mesmo tempo, todavia, precisamos assunto – nem mesmo um cristão.15
reconhecer que a investigação tem suas Assim sendo, devemos particularmen-
limitações (Jó 11:7), e que nem mesmo te como cristãos mostrar autenticidade Notas e referências
uma cuidadosa aplicação do método cien- e humildade. Isso inclui reconhecer os * Todas as passagens bíblicas citadas são da versão
Almeida Revista e Atualizada.
tífico é garantia da verdade (Salmo 64:6). limites de nosso conhecimento, sendo 1. M. J. Erickson. Truth or Consequences: The
Assim, embora nos esforcemos por salva- honestos acerca de nossas fraquezas e Promise and Perils of Postmodernism. Downers
guardar o valor da verdade de nossas con- expressando a temporariedade de nossas Grove, Illinois: InterVarsity, 2001.
2. J. F. Lyotard. The Postmodern condition:
clusões, reconhecemos não poder chegar conclusões. Isso implica demonstrar fran- A Report on Knowledge. Translated by G.
à certeza com base em dados empíricos. queza na correção e paixão pelo cresci- Bennington & B. Mas-sumi. Manchester:
Manchester University Press, 1984.
Nunca podemos declarar: “Pesquisa tem mento contínuo. Sugere que, como cren- 3. S. J. Grenz. A Primer on Postmodernism.
provado…” Antes, precisamos falar em tes, precisamos nos unir para construir Grand Rapids, Michigan: Eerdmans, 1996. p.
termos de evidência – de indicações que uma comunidade dinâmica e instruída na 8.
4. M. Foucault. Madness and Civilisation:
portem o “testemunho da verdade” (João Palavra, como ingrediente-chave na busca A History of Insanity in the Age of Reason.
18:37; III João 1:12). à verdade. Tradução de R. Howard. London: Routledge,
2. Lidando com paradoxos. Às vezes, 2001.
5. R. Rorty. “Postmodernist bourgeois libera-
as verdades podem parecer contraditórias. Conclusão lism”, em R. Hollinger (ed.). Hermeneutics
Embora a lógica grega visse o oposto de Em suma, a verdade começa em Deus, and Praxis. South Bend, Indiana: University
uma verdade como falso, o pensamento e não no ser humano. É revelada, e não of Notre Dame Press, 1985.
6. H. Blamires. The Christian Mind: How Should
judaico foi capaz de ver a verdade como a construída. É descoberta, e não determi- a Christian Think? Ann Arbor, Michigan:
tensão entre idéias contrastantes.13 Parece nada por voto de maioria. É autorizada, Servant Books, 1963. p. 40.
haver um precedente bíblico para essa e não apenas uma questão de preferência 7. Imagine que os únicos animais de cor preta
que você tenha visto sejam cães. Você poderia
tolerância de opostos. Os paradoxos nas pessoal. São os sentimentos que têm de supor que todos os animais de cor preta são
Escrituras incluem a humanidade e a conformar-se à verdade, e não a verdade cães (premissa maior). Certo dia você desco-
divindade de Cristo (Colossenses 2:9; aos sentimentos. As idéias não são ver- bre um animal de cor preta – “Eis um animal
de cor preta” (premissa menor). Conclusão
I Timóteo 2:5), a relação entre fé e obras dadeiras unicamente por serem práticas; lógica? “Esse é um cão.” De fato, é um urso!
(Efésios 2:8; Filipenses 2:12), bem como antes, elas são de valor, porque são ver- 8. A afirmação desse princípio reconhece que
há declarações que parecem desafiar essen-
a graça e a justiça de Deus, o livre-arbí- dadeiras. Em última análise, o árbitro da cialmente a lógica humana. (a) “Deus pode
trio humano e a soberania divina, o amor verdade é a inamovível Palavra do Deus fazer qualquer coisa? Poderia Ele criar uma
de Deus e o sofrimento humano, entre pessoal e infinito. rocha que não pudesse mover? (b) “Todas as
generalizações são falsas.” Se isso for verdade,
outros. Como cristãos, precisamos interagir então é falso; como pode algo ser verdadeiro
Apesar de não podermos passar por diretamente com os repositórios da verda- e falso ao mesmo tempo? (c) “Quanto sou
alto as aparentes contradições, temos de de revelados pelas Escrituras, pela criação fraco, então sou forte” (2 Coríntios 12:10)
(d) “Nada tendo, mas possuindo tudo” (2
reconhecer que nossa percepção é fre- em todas as suas dimensões, e a pessoa de Coríntios 6:10). (e) “Quem quiser, pois, salvar
qüentemente limitada pela perspectiva. Jesus Cristo. Além disso, temos de trans- a sua vida perdê-la-á; e quem perder a vida
Para ilustrar podemos usar a analogia de mitir confiança na fidelidade da revelação por causa de Mim e do evangelho salvá-la-á”
(Marcos 8:35).
uma cadeia de montanhas.14 Embora cada divina da verdade – uma “mais confirma- 9. Blamires, p. 4.
visão das montanhas possa ser totalmente da palavra... e fazeis bem em atendê-la.” 10. “Há maravilhosas verdades na natureza. A
correta, só é parcialmente verdadeira em (II Pedro 1:19). terra, o mar e o céu estão cheios de verdade.
São nossos mestres. A natureza proclama a
relação ao todo. O fato de uma perspecti- Finalmente, precisamos verdadeiramen- sua voz em lições de sabedoria celestial e de
va diferir de outra não significa que uma te compreender a relação entre verdade verdade eterna. Mas o homem decaído não
delas seja necessariamente falsa. Pode e liberdade. Não necessitamos tanto de quer entender. O pecado obscureceu-lhe a
visão, e não pode por si mesmo interpretar
revelar que ambas estão incompletas. liberdade a fim de descobrir a verdade,
Somente Deus está em posição de saber a mas de permanecer na verdade a fim Continua na p.16

14 DIÁLOGO 20•2 2008


O culto como adoração:
uma perspectiva de Ellen G. White
Daniel Plenc
que a adoração está relacionada a três a obra realizada na cruz, o trabalho inter-
pessoas divinas e afirma que o verdadei- cessório de Cristo no santuário celestial
De todas as coisas, a única ro culto são “os frutos da operação do invoca gratidão e adoração a Deus. “Sua
Espírito Santo”.3 perfeita justiça, que pela fé é atribuída ao
experiência que deve Seu povo e que unicamente pode tornar
fazer-nos vibrar em uma Adoração: resposta humana a Deus aceitável a Deus o culto de seres pecado-
adoração sem reserva é a Ellen White também entendia a ado- res.”9
ração como a resposta dos seres humanos Desde que a adoração é uma viva expe-
alegria da salvação. a Deus. Esta resposta em primeiro lugar riência de salvação, Ellen White enfatiza
reconhece Deus como digno de todo a verdadeira adoração como um serviço
Durante seu ministério, a abordagem culto prestado pelos seres criados. Sem de amor, gratidão e obediência. “Sem a
de Ellen White sobre o culto enfatizou Ele, não somos nada. Tudo que somos obediência a Seus mandamentos nenhum
a função da religião prática na vida. e tudo que fazemos deve vir sob o arco culto pode ser agradável a Deus.”10
Embora não tenha deixado de dar ênfase imperativo de quem é Deus e o que Ele Portanto, o sábado impõe seu valor como
a assuntos tais como reverência, oração, espera de nós. Diante dEle, devemos nos um dia de lembrança e adoração.
pregação, música e canto, seus escritos colocar em reverência, respeito, humilda-
revelam uma base fundamental de culto de, agradecimento, obediência e alegria. Adoração: a igreja reunida em culto
na teologia bíblica – em assuntos tais Cada resposta criativa e emocional que Ellen White cria que a adoração e o
como a função central de Deus, a respos- define o que os seres humanos são torna- culto são importantes nas reuniões públi-
ta humana a Deus, a salvação como uma se assunto para Ele. Portanto, ela adverte: cas de fé. Ela descreve os momentos de
experiência real e feliz, a igreja como uma “Os seguidores de Cristo hoje devem culto como “períodos sagrados e precio-
comunidade de louvor e o futuro como a guardar-se da tendência de perder o espí- sos”.11
última esperança do cristão. rito de reverência e piedoso temor.”4 Então, ela continuamente enfatiza a
Embora sejamos pequenos e pecami- reverência e a ordem na adoração, evi-
Adoração: Deus como nosos perante a majestosa presença de tando qualquer espécie de confusão. Ela
tudo em todos Deus, somos chamados a adorá-Lo como escreve: “Devem existir aí regulamentos
Ellen White afirma que Deus merece crianças – corajosamente e “com júbilo”.5 quanto ao tempo, lugar e maneira de
ser adorado pelas qualidades de Seu cará- Nós deveríamos considerar “ser uma adorar. Nada do que é sagrado, nada do
ter e pelo seu trabalho criador e redentor. honra adorar o Senhor e tomar parte em que está ligado à adoração a Deus, deve
O culto deve começar com um claro Sua obra”.6 ser tratado com negligência ou indiferen-
e próximo relacionamento com Deus. Alegria e coragem são parte da nature- ça.”12 Sua visão de culto incluía dignidade
“Quando formos capazes de compreender za integrada do culto. Ellen White define e serenidade, evitando os extremos do
o caráter de Deus como Moisés, também esta integração como um fator que exige formalismo e fanatismo. Ela apreciava a
nós nos daremos pressa em curvar-nos em que adoremos a Deus com o que somos reverência e admoestava contra barulho,
adoração e louvor.”1 e temos – nosso corpo, pensamentos, gritos, expressões fanáticas e excitamen-
Entre os diferentes atributos divinos, emoções e bens. A adoração deve tornar- tos. “A obra de Deus sempre se caracteriza
Ellen White menciona justiça, perfeição, se um estilo de vida: “Deus desejava que pela calma e dignidade”13, e assim deveria
majestade, conhecimento, presença, bon- toda a vida de Seu povo fosse uma vida ser nosso culto a Ele.
dade, força, compaixão, santidade e amor de louvor.” 7 Assim deve ser o momento quando os
como razões para a adoração e reverência. santos adoram seu Criador. Ellen White
Grandes atos de Deus tais como a cria- Adoração: uma alegre estava sempre consciente do verdadeiro
ção, sustento, revelação e redenção são experiência de salvação espírito de adoração. “Não nos é possível
também poderosas razões. Ela escreve: “O De todas as coisas, a experiência que acentuar demais os males de um culto
dever de adorar a Deus se baseia no fato deve nos contagiar efusivamente em uma formal”, ela escreveu, “mas não há pala-
de que Ele é o Criador, e que a Ele todos incontida adoração é a alegria da salvação. vras capazes de descrever devidamente as
os outros seres devem a existência.”2 Ellen White diz: “Todo coração que é ilu- profundas bênçãos do culto genuíno.”14
Ellen White oferece um delicado equi- minado pela graça de Deus é compelido Os encontros de adoração, então, deve-
líbrio entre a transcedência e a imanência à reverência com inexpressável gratidão riam ser espirituais, atrativos e fraternais.
e assim encoraja reverência e ordem bem e adoração na presença do Redentor por “Nossas reuniões devem ser intensivamen-
como comunhão e alegria. Ela reconhece Seu infinito sacrifício.”8 Juntamente com te interessantes. Deve imperar ali a pró-

DIÁLOGO 20•2 2008 15


pria atmosfera do Céu.”15 A participação é and Herald Publ. Assn., 1967. p. 14.
9. Patriarcas e Profetas. 16. ed. Tatuí: Casa Design na natureza
importante. “A pregação nas reuniões de Publicadora Brasileira, 2003. p. 353. Continuação da p. 10
sábado em geral deve ser breve, dando-se 10. O Grande Conflito. 42. ed. Tatuí: Casa
oportunidade aos que amam a Deus para Publicadora Brasileira, 2004. p. 436.
11. Testemunhos para a Igreja. v. 5. 1. ed. Tatuí,
exprimir sua gratidão e adoração.”16 SP: Casa Publicadora Brasileira. 2004. p. 607.
F. Smith em Lucretius: On the Nature of
Things. Cambridge, Massachusetts: Harvard
12. Ibid. p. 491. University Press, 1992. Veja também Livro 2,
Adoração: celebrando o futuro 13. Mensagens Escolhidas. 4. ed. Tatuí: Casa
Publicadora Brasileira, 2000. v. 2. p. 42.
linhas 180-181.
como a esperança do cristão 14. Obreiros Evangélicos. 5. ed. Tatuí, SP: Casa
6. Gould, p. 37.
7. The Summa Theologica of St. Thomas Aquinas.
Ellen White designou a adoração como Publicadora Brasileira. 1993. p. 357. 2a. ed. rev., 1920. Traduzido literalmente por
tendo destacável posição nos eventos 15. Testemunhos para a Igreja. v. 5. 1. ed. Tatuí, padres da Província Dominicana Inglesa.
SP: Casa Publicadora Brasileira, 2004. p. 609. 8. David Hume. A Treatise of Human Nature.
finais. Ela viu um tempo de prova, mas 16. Testemunhos para a Igreja. v. 6. 1 ed. Tatuí, Seção VI.
também um tempo melhor de louvor e SP: Casa Publicadora Brasileira. 2005. p. 361. 9. Veja Hume. Dialogues Concerning Natural
adoração para a igreja. Afirmou também Religion e An Enquiry Concerning Human
que a experiência de adoração será proje- Understanding.
10. Hume. An Enquiry Concerning Human
tada através da eternidade. Ensinou que a Em busca da verdade Understanding. Seção XI. De uma providência
adoração ao Criador foi a raiz do conflito Continuação da p. 14 particular e de um futuro estado, p. 115.
cósmico entre o bem e o mal que come- 11. Veja Immanuel Kant. Crítica da Razão Pura.
Introdução.
çou no céu. Foi a oposição de Lúcifer ao 12. W. Paley. Natural Theology; or, Evidences of the
Filho sendo honrado com toda a ado- a natureza, sem sobrepô-la a Deus. Lições Existence and Attributes of the Deity. 12ª ed.
corretas não podem impressionar o espírito Londres: J. Faulder, 1809. p. 3.
ração, exatamente como o Pai foi, que de quem rejeita a Palavra de Deus” – Ellen 13. Veja Ibid., cápitulo III, Aplicação do argu-
começou o conflito no Céu. Este conflito G. White. Parábolas de Jesus. 9. ed. Tatuí, SP: mento.
é a raiz do pecado na Terra. A descrição Casa Publicadora Brasileira, 1996. p. 107. 14. Charles R. Darwin. The Autobiography of
11. Essa distinção é vital, pois João 8:44 indica Charles Darwin. Nova York: W. W. Norton,
de Ellen White dos estágios finais na que Lúcifer não se firmou na verdade e, por- 1958. p. 59.
Grande Controvérsia está centralizada tanto, “não há verdade nele ”. 15. Veja J. S. Huxley. Evolution in Action.
em quem receberá nossa adoração. Cristo 12. “Em vez de limitar o seu estudo ao que os Middlesex, UK: Penguin, 1953, 1963. p. 16.
homens têm dito ou escrito, sejam os estudan- 16. C. G. Hunter. Darwin’s God: Evolution and
ou Satanás? Entre a vida eterna e a des- tes encaminhados às fontes da verdade, aos the Problem of Evil. Grand Rapids, Michigan:
truição eterna paira a resposta à última vastos campos abertos a pesquisas na natureza Brazos Press, 2002. p. 165.
pergunta. e na revelação.” – Ellen G. White. Educação. 17. T. H. Huxley. Collected Essays. Vol. II, 1893.
6. ed. Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, Prefácio.
1996. p. 17. 18. Darwin. “On the Imperfection of the
13. J. Paulien. “The postmodern acts of God.” Geological Record”, capítulo X em On the
Daniel Oscar Plenc (Ph.D., Presidential Address to the Adventist Society Origin of Species by Means of Natural Selection,
for Religious Study, 2004. Retrieved from or the Preservation of Favoured Races in the
Universidade Adventista del Plata) é http://www.secularpostmodern.org/res_art9. Struggle for Life. Nova York: Penguin Books,
diretor do Centro de Pesquisa Ellen php4 em Novembro 25, 2007. 1958. p. 287-312.
14. R. A. Clark & S. D. Gaede. “Knowing toge- 19. Johnson, P. E. Darwin no Banco dos Réus. São
G. White e leciona na Faculdade de ther: Reflections on a holistic sociology of Paulo: Editora Cultura Cristã, 2008.
Teologia na Universidade Adventista knowledge” em H. Heie & D. L. Wolfe (eds.) 20. Darwin, C. The Origin of Species by Means
del Plata, Argentina. E-mail: The Reality of Christian Learning. Grand of Natural Selection or the Preservation of
Rapids: Eerdmans, 1987. Favoured Races in the Struggle for Life. Nova
ciwdirec@uapar.edu 15. Mesmo quando falamos da infalível verdade York: Penguin Books, 1958. p. 171.
das Escrituras, não podemos reivindicar infa-
libilidade, por causa de nossa compreensão ou
interpretação das Escrituras.
Notas e referências 16. Como Rex Edwards (“Truth: The neglected
Todos os textos citados são de Ellen G. White. virtue,” Adventist Review, October 11, 2007,
pp.14-16) enfatiza: Somente quando sabemos
1. Conselhos aos Professores, Pais e Estudantes. 4. a verdade sobre um avião é que estamos livres
ed. Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, para pilotá-lo. Somente quando conhecemos a
1994. p. 30. verdade da ciência médica, estamos livres para
2. O Grande Conflito. 42. ed. Tatuí: Casa praticá-la. Somente a pessoa que conhece a
Publicadora Brasileira, 2004. p. 436. verdade da engenharia está livre para construir
3. O Desejado de Todas as Nações. 19. ed. Tatuí, uma ponte que permanecerá.
SP: Casa Publicadora Brasileira. 1995. p. 189.
4. Profetas e Reis. 8. ed. Tatuí: Casa Publicadora
Brasileira, 1996. p. 48.
5. The Upward Look. Washington, D.C.: Review
and Herald Publ. Assn., 1982. p. 38.
6. Caminho a Cristo. Tatuí, SP: Casa Publicadora
Brasileira. 2003. p. 103.
7. Christ’s Object Lessons. Washington, D.C.:
Review and Herald Publ. Assn., 1941. p. 299.
8. In Heavenly Places. Washington, D.C.: Review

16 DIÁLOGO 20•2 2008


A ternura de Seu amor
Roy Adams Os evangelhos estão repletos de ilus- ARA). “Ninguém, Senhor”, ela respon-
trações do terno amor de Jesus. Contudo, deu.
nos parágrafos seguintes, tenho espaço “Nem eu tampouco te condeno”, Jesus
O amor de Jesus transcende para expor apenas algumas delas. disse. “Vai e não peques mais” (verso 11).
A mulher não saltou quando se reti-
nossa rebelião e alienação, Amor por uma mulher humilhada rou – talvez considerando aquela reação
sendo estável, imutável e A história está em João 8:1-11. Os inapropriada para a situação. Nem gritou
incondicional. É o amor homens que a arrastaram até a presença – isto teria sido inadequado para a cultu-
de Jesus disseram que a mulher tinha ra. Em vez disso, foi embora em silêncio,
mais terno que o coração sido pega em adultério no momento do com o coração explodindo de alegria, as
humano pode conhecer. ato. Eles conheciam a ordem de Moisés. lágrimas escorrendo – eram lágrimas de
O grande profeta do Sinai havia dito que alegria. Cada passo seu rejubilava com
tais criminosos deveriam ser apedrejados nova esperança. Ela pôde viver novamen-
Estava em casa, sentado em meu escri- em público. Qual é o Seu veredicto? Eles te, porque tinha estado face a face com o
tório, olhando uma ave cardeal que se exigiam. amor personificado – o mais terno amor
destacava com sua cor vermelha em con- Jesus poderia ter se negado a responder, sobre o qual, antes, desconhecia a exis-
traste com o marrom-escuro dos galhos pois não fazia parte da instituição legal tência.
da árvore, começando a se recuperar do e não era revestido de poder com forças
frio do inverno. Era de manhã e, por judiciais reconhecidas em algum Tribunal Amor por um traidor orgulhoso
algum motivo, pensamentos de preocupa- de Justiça Judaico. Então, por que foram Jesus tinha um terno amor por todos
ção rondavam minha mente. E ali estava até Ele? Teria sido totalmente apropriado os Seus discípulos (João 13:1). Em meio à
o cardeal recordando-me que o mesmo para Ele não responder. tensão e confusão na noite de Sua traição
Deus que cuida dele, e que o veste tão Mas não faria isso. Diante dEle, enco- no Getsêmani, Ele ainda os protegeu. “Se
vistosamente, também tem interesse por lhendo-se de medo, estava uma mulher vocês estão me procurando”, Ele disse
mim. angustiada, com pesadelos de uma morte para os que estavam prontos para pren-
Na manhã seguinte o cardeal voltou. horrível dominando cada canto de sua dê-Lo, “deixem ir embora estes homens”
Mas antes de vê-lo, tinha percebido outra torturada mente. Com o coração baten- (João 18:8).
criatura ainda menor e também com do fortemente, a pulsação acelerada, as A forma como lidou com Pedro disse
penas, quase completamente camuflada lágrimas de vergonha escorrendo por sua muito, e retratou Seu amor por todos os
entre os galhos marrons. Ressurgiram face abatida, ela esperava que as pedras outros. O orgulhoso discípulo prometera
em mim os pensamentos do dia anterior começassem a golpear seu frágil corpo a resolutamente apoiar Jesus naquela noite
sobre o inimaginável amor de Deus. qualquer instante. Então, para seu horror, da prisão. “Ainda que todos te abando-
Pensei em quão pequeno aquele cardeal escuta dos lábios de Jesus o que certamen- nem”, ele havia dito para Jesus, “eu nunca
parecia da minha janela, aproximadamen- te seria sua sentença de morte: “Aquele te abandonarei!” (Veja Mateus 26:31-33).
te a 20 metros de distância, e como seria que dentre vós estiver sem pecado seja Mas como as horas da noite passavam, ele
infinitamente menor (na realidade total- o primeiro que lhe atire pedra” (verso 7, vergonhosamente encolheu-se de medo
mente invisível) se eu estivesse voando ARA).2 Sendo que considerava todos os sob os olhos acusadores de expectadores
em um avião a dez mil metros de altura. seus acusadores como íntegros partidários e negou, na mais forte linguagem, ter
Então pensei quão excessivamente mais da lei, que não haviam cometido falta visto alguma vez um homem chamado
difícil seria ver o outro pássaro – o mar- alguma, ela acreditava que as palavras de Jesus. Quando pela terceira vez tentaram
rom. Apesar disso, Deus vê ambos através Jesus selariam seu destino e resultariam pressioná-lo, ele praguejou, jurando: “Não
dos ilimitados anos-luz do espaço. E se em uma saraivada de pedras que a atingi- conheço esse homem!” (Mateus 26:74).
importa com eles! riam fatalmente. Naquele exato momento um galo can-
Jesus é Alguém que ama e cuida dessa Ela assume uma posição de autoprote- tou e o “Senhor voltou-se e olhou direta-
maneira. Quando apresentou Sua mensa- ção, com o rosto entre as mãos (como eu mente para Pedro” (Lucas 22:61). “Então
gem às pessoas reunidas numa ladeira na a imagino) e com seu nível de ansiedade Pedro se lembrou da palavra que o Senhor
Galiléia, Ele lhes disse aquilo que colo- ao máximo. Os momentos de tensão lhe tinha dito”... “Saindo dali, chorou
caria em prática muito em breve em Sua passam lentamente. Predomina o silêncio. amargamente” (versos 61 e 62).
própria vida: “Observem as aves do céu, Ousando finalmente olhar para cima Que mensagem, pela expressão de
não semeiam nem colhem nem armaze- desde que se abaixou, se viu sozinha com Jesus, foi enviada a Seu jactancioso discí-
nam em celeiros; contudo, o Pai Celestial Jesus. “Mulher, onde estão aqueles teus pulo? Aqui está a resposta encontrada em
as alimenta. Não têm vocês muito mais acusadores?”, perguntou Jesus, gentilmen- um livro clássico sobre a vida de Jesus:
valor do que elas?” (Mateus 6:26).1 te. “Ninguém te condenou?” (verso 10, “Quando os degradantes juramentos

DIÁLOGO 20•2 2008 17


acabavam de sair dos lábios de Pedro e o trabalho ou lê sua Bíblia. Também pode perdeu o senso de tempo e esqueceu-
o penetrante canto do galo lhe ressoava ocorrer quando estiver sentado em seu se da fome que estivera sentindo. Seu
ainda no ouvido, o Salvador voltou-Se dos escritório, olhando pela janela os cardeais. comportamento mostrou a intensidade
severos juízes, olhando em cheio ao pobre Seu terno amor não conhece barreiras da Sua missão e também evidenciou um
discípulo. Ao mesmo tempo os olhos nem fronteiras. Ele nos fala onde quer amor pessoal e terno. Alcançada por essa
de Pedro eram atraídos para o Mestre. que estejamos e nos alcança aonde quer bondade, a mulher desejou a água que
Naquele suave semblante leu ele profunda que formos. Ele tinha para dar, almejou a adoração
piedade e tristeza; nenhuma irritação, espiritual que Ele descreveu e perguntou
porém, se via ali.”3 Amor por uma solitária mulher de sobre o Messias. Quando o Messias vier,
Extraordinário! Jesus dera a Pedro toda outra raça ela disse – eu acredito que com um brilho
vantagem, todo privilégio, incluindo-o Podemos ver a ternura do amor de de expectativa em seus olhos que, de fato,
em seu círculo mais íntimo. O discípulo Jesus na maneira em que lidou com as ela possuía pela prolongada esperança
deveria ter conhecido melhor, deveria ter pessoas cujas vidas Ele tocou ao longo pela Pessoa –, Ele nos contará tudo. Foi
feito melhor. E Jesus tinha todo o direito do caminho, sem levar em consideração demais para Jesus! Quebrando Sua habi-
de estar profundamente desapontado – e, sua raça ou origem étnica. Considere a tual reticência com relação a Sua iden-
realmente, Ele estava. Mas quando os mulher de Samaria, por exemplo (João tidade, disse-lhe claramente: “Eu sou o
olhos deles encontraram-se naquela noite 4:4-26). Ignorando a rigidez social, antes Messias! Eu que estou falando com você”
no lugar do julgamento, o discípulo não de tudo, Ele dedicou tempo para valori- (verso 26).
viu raiva na face de Jesus, nenhum sinal zá-la pelo o que realmente era – um ser A mulher abandonou o cântaro de água
de retaliação ou vingança. humano criado à imagem de Deus. Deu- após receber tão surpreendente revelação
“A vista daquele rosto pálido e sofre- lhe atenção – isto a abalou – e até pediu- e correu de volta à cidade. A forma como
dor, daqueles trêmulos lábios, daquele lhe um favor. Seu puro amor por ela tinha falou a seus vizinhos deu testemunho
olhar compassivo e cheio de perdão, quebrado o gelo. Tudo que Ele podia ver sobre a terna maneira com a qual Jesus
penetrou-lhe (Pedro) a alma como uma diante de Si era uma valiosa mulher que havia lhe tratado naquele dia. Considero
seta. Despertou-se a consciência. [...] precisava desesperadamente da graça que significativo que, de todas as coisas que
Acudiram-lhe recordações em tropel. A Ele queria oferecer. “Se você conhecesse Ele falou a ela, foram os fatos dos quais
terna misericórdia do Salvador, Sua bon- o dom de Deus”, Ele disse a ela com Seu sentia mais vergonha que ela mencionou:
dade e longanimidade, Sua brandura e coração desejoso por seu bem-estar espiri- “Venham ver um homem que me disse
paciência para com os errantes discípulos tual, “e quem lhe está pedindo água, você tudo o que tenho feito. Será que ele não é
– tudo lhe veio à memória. [...] Refletiu lhe teria pedido e ele lhe teria dado água o Cristo?” (verso 29).
com horror em sua própria ingratidão, viva” (João 4:10). Quem sabe, Jesus poderia trazer meu
falsidade, perjúrio. Olhou uma vez mais À medida que a conversa prosseguia, passado sórdido de tal maneira que por
para o Mestre, e viu sacrílega mão levan- Jesus habilmente lidou com o problema meio disso eu fosse atraído a Ele em amor
tada para Lhe bater na face. Incapaz de emocional da diferença na adoração entre e adoração? Quem sabe, possa fazer os
suportar por mais tempo a cena, preci- judeus e samaritanos e abordou, com a escuros eventos de ontem se tornarem
pitou-se, coração quebrantado, para fora maior ternura possível, a situação delicada uma janela de esperança para o amanhã?
da sala [....]. Encontrou-se, enfim, no de sua vida social. E quem sabe, possa amar-me com tão
Getsêmani. [...] No próprio lugar em que A mulher não era uma prostituta, pelo terna compaixão! Em Jesus, tenho um
Jesus derramara a alma em agonia perante julgamento de João. Tinha vivido com quadro de indiscriminado, incondicional,
o Pai, Pedro caiu sobre o rosto e desejou cinco homens, mas eram “maridos”, Jesus escandaloso amor – amor por todos os
morrer.”4 disse (versos 17 e 18). Não sabemos a his- seres humanos que Ele encontrou.
O temor não é a forma efetiva de levar tória dessa parte de sua vida, nem como e
pessoas ao arrependimento; nem a repre- por que os maridos vieram e foram. Nem Amor por uma nação rebelde
ensão, a vergonha e o amedrontamento. sabemos por que ela escolheu viver em Quando a procissão triunfal se apro-
Pelo contrário, é o amor, amor puro, o um relacionamento aberto. Mas estava ximava de Jerusalém naquele Domingo
terno amor de Cristo. Isto foi o que Pedro claro para Jesus que, por causa de tudo da Paixão, Jesus parou no Monte das
viu naquela noite nos olhos de Jesus. Isso isso, ela estava pagando um alto preço, Oliveiras. Diante de uma vista panorâmi-
foi o que sentiu naquele momento crítico. tendo se convertido numa pária na comu- ca de Jerusalém, expressou um lamento
Isso foi o que quebrantou seu coração e nidade, fato evidenciado talvez (como sobre a calamidade futura de Israel: “Se
isso é o que quebrantará também o nosso alguns mostraram) pela solitária hora do você compreendesse neste dia... o que traz
coração. Pode ocorrer a qualquer hora dia que ela escolheu pegar sua água. a paz!... Virão dias em que os seus inimi-
– durante um encontro religioso, numa Jesus estava tão compenetrado na gos construirão trincheiras contra você, a
aula de Física, enquanto você dirige para conversa com a mulher necessitada que rodearão... de todos os lados. Também a

18 DIÁLOGO 20•2 2008


lançarão por terra, você e os seus filhos” chamaram Jesus de “Filho de Davi”. cerebral fora danificado e sua habilidade
(Lucas 19:42-44). Ouvimos isso dos lábios do mendigo de avaliar a passagem do tempo, afetada.
A lamentação em Lucas se conecta de cego, Bartimeu, fora de Jericó (Marcos Sete vezes, estivera hospitalizado em ins-
maneira temática a Mateus 23:33-36. 10:47), e ouvimos da mulher cananéia tituições psiquiátricas e possivelmente era
Revela a ternura, o coração partido, que que foi a Ele (Mateus 15:22). “Senhor, um psicótico bipolar. Além disso, havia
se estende sob o veredicto do julgamento Filho de Davi, tem misericórdia de mim!” tentado se matar e tinha começado a
iminente: “Jerusalém, Jerusalém... quantas Nunca “Jesus, Filho de Adão” ou “Jesus, ouvir vozes.
vezes eu quis reunir os seus filhos, como Filho de Abraão” ou “Jesus, Filho de Em resumo, os pais adotivos descobri-
a galinha reúne os seus pintinhos debaixo Elias”. Não, quase que invariavelmente foi ram que tinham um produto defeituoso
das suas asas, mas vocês não quiseram” “Jesus, Filho de Davi” (veja Mateus 9:27; em suas mãos. “Você não quer jogar nin-
(Mateus 23:37). 20:30; Lucas 18:38), e sempre no contexto guém fora”, disse sua mãe adotiva. “Mas
A história de Davi e Absalão (II Samuel de misericórdia e compaixão. algumas vezes você tem de fazê-lo.”5
13-15) é apropriada como modelo huma- Qualquer coisa nesse sentido, acredito, Aquele casal de Virgínia não sabia
no do terno amor de Deus por nós em fala dAquele cujo amor e terna misericór- com quem estava se metendo e qualquer
nossa rebelião. A história documenta a dia relembram as pessoas da atitude de pessoa entenderia a delicada situação.
tensão entre o jovem e seu pai e rei, Davi Davi de ternura e misericórdia por um Mas quando nos escolheu, Deus sabia
(tensão provocada por Absalão ao assas- filho imerecedor. Podemos especular no completamente quão miseráveis éramos,
sinar seu meio-irmão Amnon, que havia que teria acontecido se a tropa real tivesse mesmo assim Ele nos aceitou de qualquer
violado sexualmente a irmã de Absalão, capturado Absalão com vida e como seu jeito. Estar em contato com o terno amor
Tamar). A descrição nos conduz através pai o teria tratado. Lamentavelmente, de Jesus é saber que nossa adoção nunca
do auto-exílio que Absalão se impôs, seu nunca saberemos com certeza. Mas pode- será anulada.
retorno seguindo um engenhoso esque- mos razoavelmente deduzir, baseado em
ma planejado pelo general de Davi, sua todos os outros detalhes da história, que Amor profundo e pessoal
temporária reconciliação com seu pai e, o coração daquele pai não o teria amado Charles Templeton, que havia sido
finalmente, sua tentativa de golpe. A his- menos. colaborador de Billy Graham, deixou a
tória descreve como Davi, acompanhado Neste aspecto ele se parece com Jesus, igreja, tornando-se um ateísta assumido
pelo resto da família real, apressadamente que mesmo sabendo quão maus somos, e um amargo crítico da religião. Em seu
abandona o palácio e a capital no rastro mesmo assim escolhe amar-nos e aceitar- livro The Case for Faith, o escritor evangé-
da rebelião de seu filho. Isto esmagou e nos. Fato que me faz lembrar uma histó- lico Lee Strobel conta sobre seu encontro
devastou o rei ao saber que aquele que o ria comovente publicada num jornal local com Templeton no seu apartamento em
estava perseguindo não era um predeces- no outono de 2006. Toronto.
sor invejoso, mas seu próprio filho. Iniciou assim: “Um garoto tagarela de À medida que a conversa prosseguia,
Entretanto, como a batalha começou, nove anos veio a Helen Briggs no Dia dos Strobel perguntou a Templeton o que ele
Davi ordenou a seus generais que prote- Namorados de 2000. Ela era uma mãe pensava sobre Jesus. Aqui está parte do
gessem a vida de Absalão e o guardassem com muitos filhos adotados e com pro- que se seguiu, como Strobel contou.
a salvo: “‘Por amor a mim, tratem bem ao blemas, por isso sabia o que era amar com “A linguagem corporal de Templeton se
jovem Absalão’” (II Samuel 18:5). Apesar firmeza. Mas seu amor por esse menino suavizou. Era como se ele repentinamente
disso, Absalão foi morto. Considerando cresceu. Durante o ano, ela convenceu se sentisse relaxado e confortável ao falar
o trauma que o jovem príncipe havia seu esposo a adotá-lo. Seis anos mais sobre um velho e querido amigo...
trazido sobre a nação e seu pai, o que nos tarde, Briggs e seu esposo, James..., estão – Ele foi o maior ser humano que já
surpreende é a reação de Davi ao saber tomando os últimos passos necessários viveu...
sobre sua morte. “Então o rei, abalado,” para anular a adoção.” – Soa como se você realmente se inte-
diz o texto, “subiu ao quarto que ficava Os problemas começaram em 2003 ressasse por Ele.
por cima da porta e chorou. Foi subindo e quando o menino, então com 12 anos, – Bem, sim, Ele é a coisa mais impor-
clamando: ‘Ah, meu filho Absalão!, meu “molestou sexualmente um menino de tante na minha vida... Eu…eu…eu – ele
filho, meu filho Absalão! Quem me dera seis anos de idade e uma menina de dois gaguejou procurando pela palavra correta
ter morrido em seu lugar! Ah, Absalão, anos, ainda nas fraldas”. Quando o assun- – eu sei que isto pode soar estranho, mas
meu filho, meu filho!’” (II Samuel to foi à corte, os pais adotivos descobri- tenho que dizer... eu O adoro!
18:33). ram outros problemáticos detalhes que os – Você diz isso com certa emoção.
É um grito que encontra eco no lamen- levaram a pedir a anulação da custódia. – Bem, sim. Tudo de bom que conhe-
to agonizante de Jesus sobre Jerusalém Entre outras coisas, o menino havia sido ço, tudo de decente que conheço, tudo de
naquele dia histórico: “Jerusalém, abusado por seus pais biológicos, alcoó-
Jerusalém...” Sem assombro as pessoas latras e viciados em drogas; seu tronco Continua na p. 35

DIÁLOGO 20•2 2008 19


PERFIL
Ganoune Diop
Diálogo com um líder adventista em
abordagens de interfé
Entrevistado por Ansel Oliver

Como diretor dos centros de estudos ■ Como os adventistas em universidades


interfé, Diop estabelece uma conexão públicas podem participar das iniciativas
entre esses estabelecimentos e a adminis- da Missão Global da igreja?
tração da igreja no centro de operações Sendo testemunhas onde estão. A Missão
mundial, incluindo as 13 divisões mundiais Global realmente é sobre como alcançar o
e o Instituto de Pesquisa Bíblica. não-alcançado. Conhecer a Deus é estar
em relacionamento com Ele. O método de
■ Como você se tornou um adventista? Cristo não está ultrapassado – misturar-se
Enquanto estudava flauta no conserva- com as pessoas, você sabe, até que um rela-
tório de música na França, estive em con- cionamento confiável esteja construído, e
tato com um dos meus professores que era então podemos apresentar Jesus.
adventista. Em nossas conversas, freqüen-
Flautista profissional. Teólogo diplo- temente falava com ele sobre minha luta ■ Por que a igreja necessita de centros de
mado. Multilingüista com proficiência em íntima por liberdade, embora não soubes- estudo? Paulo e Silas não os tiveram.
dez línguas. Ganoune Diop é tudo isso e se o que isso significava. Certa vez, ele me Paulo e Silas não precisaram porque
mais uma pessoa apaixonada por missões disse ousadamente que eu seria realmente tinham um ministério muito localizado e
religiosas. Criado em meio ao multicul- livre no dia em que viesse a conhecer eram conhecidos das pessoas para quem
turalismo, com o predomínio da cultura Jesus. Ser ousado e direto daquela forma estavam pregando. Paulo conhecia sobre
muçulmana, no Senegal, Diop tornou-se pode não funcionar em todas as circuns- os filósofos gregos. Ele podia citar seus
um adventista do sétimo dia há 30 anos. tâncias, mas funcionou comigo. Pensei poetas e conversar no idioma local. Hoje,
Isso aconteceu pela influência de um que conhecia Jesus. Costumava ouvir temos um movimento mundial, a Igreja
professor adventista, quando estudava sobre Jesus na minha infância, mas o Adventista. Assim, os centros são para
flauta no Conservatório de Música de La modo como ele falou sobre Jesus mostrou habilitar a igreja no desenvolvimento da
Rochelle, na França. Seu currículo educa- que havia algo mais do que simplesmente consciência e competência entre os mem-
cional inclui um mestrado em Lingüística uma compreensão intelectual de quem bros a fim de alcançar pessoas de várias
e um doutorado em estudos do Antigo era Ele. religiões do mundo.
Testamento.
Atualmente, Diop trabalha como ■ Quais foram alguns dos desafios que ■ O que os centros estão fazendo?
diretor e coordenador de cinco centros você enfrentou como adventista em uma Estão criando métodos e modelos,
de estudo interfé ao redor do mundo. instituição educacional secular? e habilitando a igreja para saber como
Os centros são estabelecidos pela igreja Compreender o modo de pensar das melhor entender e alcançar outros grupos
mundial para promover melhor compre- pessoas e a visão do mundo, especialmen- de pessoas. Porém, alguns centros são mais
ensão e novas abordagens do Hinduísmo, te na sociedade francesa. Tentei entender ativos que outros. Alguns estão produzindo
Budismo, Islamismo, Judaísmo, secularis- por que as pessoas não estavam interes- resultados que poderiam ser contabilizados.
mo e pós-modernismo. Os centros estão sadas em religião. O poder não era usado Outros, como o centro na Inglaterra, que
localizados respectivamente na Índia, para proteger as pessoas, mas para outros estuda a cultura secular e a pós-modernida-
Tailândia, Chipre, Israel e Inglaterra (veja propósitos. Pensar sobre o que gerou a de, acabam de começar. Levará mais tempo
o quadro). Revolução Francesa em primeiro lugar. para apresentar resultados porque eles tra-
Há gerações de pessoas que ainda estão balham em mais áreas de desafio. O centro
desiludidas e desencantadas por causa na Tailândia está fazendo um trabalho fan-
daquilo. Ideologias do passado têm fra- tástico. Eles estão fazendo uma tiragem de
cassado e conduzido a um tipo de menta- CD de recursos. O Centro Global para as
lidade pós-modernista. Relações Adventistas Muçulmanas já tem

20 DIÁLOGO 20•2 2008


um. O Centro de Amizade do Mundo uma radical compreensão das religiões dade entre os missionários e promover a
Judeu está criando comunidades em do mundo e ministérios duradouros. inclusão de pessoas em vez de nos opor-
diversos países. Esses centros estão tam- Simplesmente não é suficiente ter um mos a elas? Alguns sentem que estão em
bém ajudando vários departamentos da coração missionário. Também necessi- uma batalha sobre quem está certo?
igreja a publicar materiais. Obviamente, tamos unir teólogos e missionários para Não temos encontrado sucesso ao dizer:
isto não é só multiplicar atividades e pro- beneficiar os ministérios em várias áreas “Temos a verdade. É melhor nos ouvir.”
duzir materiais. É também o desenvolvi- ainda não abordadas. Um missionário necessita estar seguro
mento de uma adequada visão teológica e de si mesmo e de que está sendo enviado
aplicação de perspectivas missionárias que ■ Imagino, como em algumas estrutu- a proclamar a verdade de Deus. Não há
são fiéis à igreja. ras administrativas da igreja, que há arrogância nisso. Atualmente, todas as
limitação de pessoal para o trabalho. religiões reivindicam que suas crenças são
■ Entramos em contato com o centro Idealmente, gostaríamos de ter os cen- absolutas. Bem, exceto o Hinduísmo e
de estudos do secularismo e pós-moder- tros repletos de devotos para o trabalho. religiões sincretistas. No entanto, quando
nidade na Inglaterra. Eles disseram Embora os centros estejam localizados você realiza o evangelismo nos moldes da
que ainda estão nos estágios iniciais de em várias divisões, são entidades da Missão Global, seu objetivo não é padro-
pesquisa. Há quanto tempo estes centros Associação Geral (administração mundial nizar ou humilhar as pessoas, mas de
estão abertos? da igreja). Assim, são chamados a servir à preferência é acompanhá-las na jornada
A iniciativa do centro de estudo come- igreja mundial. Como eles vêem a necessi- espiritual até uma radical transformação.
çou na década de 1990, assim, alguns dade global, os centros são impulsionados
deles têm por volta de dez anos. O a produzir materiais. Eles já têm um ■ Há algo mais que você gostaria de
centro de Estudos do Secularismo e Pós- resultado agora. Os resultados podem dividir com os leitores ou diretores dos
Modernidade é o mais novo. Começou há se maximizar e poderemos chegar mais centros de estudo?
poucos anos e na estrutura atual tem um longe do que no momento.
pouco mais de um ano. Continua na p. 35
■ Qual é o próximo passo?
■ O Centro de Hinduísmo nos disse que Como olhamos para o futuro, necessi-
está tendo sucesso ao promover um estilo tamos pensar em termos de expansão dos
indiano de culto. O que é isto?
O culto no estilo indiano não signifi-
centros e ter um corpo interdisciplinar
competente. Também, precisamos iden-
Centros de
ca adorar em templos hindus. Significa tificar novos campos de ação. Acabo de Estudo
adaptar as formas de adoração – tais como regressar de Azerbaijão e seria muito bom
cantar e pregar – para a cultura tradicional habilitar aquelas pessoas para evangelizar Buddhism Religious Study Center
local e que em nenhum sentido contrarie os países próximos. Há algo que estou Muak Lek, Saraburi, Tailândia
princípios cristãos. Não faz muito tempo, explorando – diferentes locais para os www.bridgesforministry.org
estava na Índia e observei adoradores sen- grupos de pessoas inacessíveis. Muitos griswold@loxinfo.co.th
tados no piso cantando lírico com melo- daqueles países são islâmicos, mas com
Centre for Secular and Postmodern Studies
dias tradicionais indianas. Não ao estilo uma inclinação comunista, secular. Há St. Albans, Inglaterra
ocidental dos hinos. Usavam instrumentos diferentes modalidades de Islamismo que www.reframe.info
musicais do local. Os centros podem fazer você encontra no Oriente Médio, África miroslav@reframe.info
muito mais. Muitos deles estão no estágio ou Indonésia.
inicial de desenvolvimento de um signi- Center for the Study of Hinduism
ficado contextualizado de proclamação e ■ Há partes do mundo onde o proseli- Hosur, Tamil Nadu, Índia
produção de relevantes materiais. Estão em tismo é ilegal. Em que medida podemos mhanroy@sud-adventist.org
uma curva de aprendizagem. Alguns deles promover nossas crenças?
estão indo realmente bem. Meu desafio Bem, é aí onde o ministério contextu- Global Center for Adventist-Muslim Relations
Chipre
é ajudá-los na entrega do que estiveram alizado torna-se efetivo. As pessoas são
jwhitehouse@gcamr.org
organizando. estimuladas a achar meios de viver sua
recente conversão em Cristo apesar das World Jewish Friendship Center
■ Quais têm sido algumas das defici- circunstâncias adversas. Assim, os centros Jerusalém, Israel
ências? exploram meios, naquele sentido, e desen- www.jewishadventist.org
Penso que a igreja necessita da colabo- volvem modelos. rielofer@netvision.net.il
ração de missionários experientes, liga-
dos à prática, e teólogos para promover ■ Como podemos encorajar a generosi-

DIÁLOGO 20•2 2008 21


LIVROS no continente durante a Reforma, tais como Lutero, Carlstadt e
alguns dos anabatistas. A seção final desse capítulo trata da opo-
The Soul Sleepers sição de João Calvino ao pensamento mortalista. É fato pouco
Por Bryan W. Ball (Cambridge, Inglaterra: conhecido que o médico e escritor antitrinitariano, Michael
James Clarke & Co, 2008; 235 p.; Servetus (1511-1553), que foi queimado na estaca em Genebra,
brochura). também era um psicopaniquista. Calvino via o mortalismo, em
qualquer forma, como uma heresia e chamava os mortalistas de
Resenha de Gerhard Pfandl “assassinos de almas” (p. 39).
Os capítulos dois ao seis traçam a história do mortalismo na
Inglaterra, desde sua origem, no século 14, começando com João
Wycliffe (1329-1384) e indo até Joseph Priestley (1733-1804) no
fim do século 18. Priestley era um ministro não-conformista de
Leeds, que ficou famoso por seu trabalho sobre a química dos
gases no fim do século 18. Ele é lembrado mais por seus esforços
O autor é um bem conhecido educador, acadêmico e adminis- científicos do que por sua teologia. Não obstante, seu thnetopsi-
trador da igreja. Além dos anos de serviço como pastor e profes- quismo foi determinante na continuação do desenvolvimento do
sor, atuou como diretor do Departamento de Estudos Religiosos mortalismo na Inglaterra.
do Newbold College, Inglaterra; diretor do Avondale College, O capítulo final “The World to Come – Realised
Austrália; e presidente da Igreja Adventista do Sétimo Dia na Immortality” revisa a posição dos mortalistas sobre a recompen-
Divisão Pacífico Sul-Asiático. sa final dos fiéis. “O pensamento de que milhões de espíritos
The Soul Sleepers é o mais recente dos livros meticulosamente desencarnados habitam um lugar nebuloso chamado céu por
pesquisados de Bryan Ball. As obras anteriores desse histo- toda a eternidade, ou durante um período intermediário indeter-
riador da igreja, com interesse particular na teologia puritana minado, não é de maneira alguma compatível com a escatologia
inglesa, incluem: The English Connection: The Puritan Roots of mortalista” (p. 176). O reino de Deus, crêem eles, é uma terra
Seventh-day Adventist Belief; Seventh-day Men: Sabbatarians and nova, restaurada, onde Cristo e os santos viverão e reinarão eter-
Sabbatarianism in England and Wales, 1600-1800; e A Great namente (p. 180).
Expectation: Eschatological Thought in English Protestantism to Muitos leitores podem ficar surpresos ao saber que homens
1660. como William Tyndale (1494-1536), reformador e tradutor da
A volumosa pesquisa e a dedicação acadêmica que marcam Bíblia; Hugh Latimer (1485-1555), reformador e mártir; o poeta
a produção de The Soul Sleepers estão evidentes nas quase 200 John Milton (1608-1674); e os filósofos Thomas Hobbes (1588-
obras básicas listadas na bibliografia, datando do século 16 até o 1679) e John Locke (1632-1674) eram todos mortalistas convic-
século 18. O capítulo introdutório, uma pesquisa bibliográfica, tos. Os últimos três eram os maiores porta-vozes do mortalismo
destaca algumas das lacunas e informações incorretas encontra- do século 17, os quais interpretavam alma como a pessoa viva.
das nas obras que tratam desse tópico. A abrangente obra de dois De acordo com eles, quando a pessoa morria, a alma também
volumes, The Conditionalist Faith of Our Fathers, de autoria de morria (pp. 117, 118).
Le Roy E. Froom, por exemplo, omite nomes importantes do Os mortalistas consistentemente consideram o ensino da
cenário inglês do século 17, mas inclui vários nomes de quem imortalidade da alma como antibíblico e “fundamento de outras
a posição condicionalista é, no melhor dos casos, mínima, ou falsas afirmações doutrinárias emanadas de Roma, a saber, o
mesmo refutável (p. 14). inferno e o purgatório” (p. 100). Suas afirmações psicopaniquis-
Para acompanhar o autor, enquanto ele conduz o leitor através tas ou thnetopsiquistas, portanto, são freqüentemente encon-
de 300 anos de história religiosa inglesa, é preciso familiari- tradas em conjunção com ataques abertos à doutrina medieval
zar-se com a palavra mortalista e dois termos associados a ela. do purgatório. Além disso, a idéia de colocar almas no céu, no
Mortalista descreve todos aqueles que não crêem na imortalidade inferno ou no purgatório é destruída pelos mortalistas mediante
da alma. Dentro do campo mortalista, Ball distingue entre “psi- o argumento com o qual Cristo e Paulo provavam a ressurreição.
copaniquistas”, que crêem numa alma imaterial separada, a qual, “Se as almas já estão no céu”, perguntava Tyndale, “então, para
após a morte do indivíduo, dorme até a ressurreição, e “thne- que a ressurreição?” (p. 49). Isso foi repetido no século 18 por
topsiquistas”, que entendem a palavra alma como outro termo Francis Blackburne. Ele ressaltou que a idéia da imortalidade da
para “pessoa” – ser racional que, quando Deus soprou o fôlego alma arruinou todos os princípios básicos da fé cristã (p. 162).
de vida em Adão, se “tornou alma vivente” (Gênesis 2:7). Então, Este livro é uma pesquisa abrangente e acadêmica do pensa-
quando a pessoa morre, a alma também morre. mento mortalista na Inglaterra, durante o período da Reforma e
O livro tem sete capítulos e três apêndices. O primeiro capí- da Pós-Reforma. Abundantes notas de rodapé e uma bibliografia
tulo traz uma breve revisão da doutrina da imortalidade na com mais de 330 obras principais e coadjuvantes não só provêem
teologia católica, seguida de uma discussão sobre os mortalistas apoio para o que o autor diz, mas são, ao mesmo tempo, uma

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mina de ouro com informações para pesquisa adicional. seres humanos e a adoração, adoração e salvação, igreja e adora-
A evidência histórica apresentada no livro desafia a doutrina ção, e escatologia e adoração. Cada capítulo é coerente e conec-
tradicional da imortalidade inerente da alma, conforme ensinada tado aos outros, oferecendo magistral clarificação e unidade com
pela maioria das igrejas cristãs. Em contraste com outros livros o tópico anunciado no título do livro. A obra é bem pesquisada
adventistas sobre o tema, esta obra faz distinção entre “almas e documentada, de modo que os leitores encontrarão informação
adormecidas” (psicopaniquistas), e aqueles que acreditam na e inspiração ao saber o que a Bíblia espera de nós quando louva-
morte da alma (thnetopsiquistas). O livro será de interesse para mos a Deus.
os historiadores e teólogos da igreja, bem como para os membros Além disso, Plenc provê uma pesquisa culta e sólido conteúdo
leigos que se interessem pelo assunto da natureza humana. No com os quais os eruditos e autores, através da história, contri-
contexto da presente controvérsia sobre o tema da imortalidade buíram acerca do tópico. Sua análise e sistematização da biblio-
natural dentro do protestantismo, o livro merece ser amplamente grafia consultada são inestimáveis. De modo geral, este livro
lido. nos ajudará a entender o que a adoração é, e como deveria ser
praticada em nossas igrejas.

Gerhard Pfandl (Ph.D., Universidade Andrews) é diretor-asso-


ciado do Biblical Research Institute da Associação Geral dos Enrique Becerra (Doutor pela Universidade de Strasbourg,
Adventistas do Sétimo Dia, em Silver Spring, Maryland, EUA. França) é diretor-associado de Educação (jubilado) da
E-mail: pfandlg@gc.adventist.org Associação Geral dos Adventistas do Sétimo Dia. Ele escreve
de Beltsville, Maryland, EUA. E-mail: ebecerra36@gmail.com

El culto que agrada a Dios:


criterios revelados acerca de la A Strange Place for Grace:
adoración Discovering a Loving God in the
Por Daniel Oscar Plenc, (Libertador San Old Testament
Martin, Entre Ríos, Argentina: River Por Jon L. Dybdahl (Boise, Idaho: Pacific
Plate Adventist University, 2007; 159 p.; Press Publ. Assn., 2006). Brochura, 144 pp.
brochura).

Resenha de Enrique Becerra Resenha de Bradley A. Jamison

O que é religião genuína e espiritualidade? Como a adoração


pode ser compreendida e o louvor exercido? Atualmente nenhu- Todos temos um instinto natural – o de viver em nossos limi-
ma outra questão divide a igreja tão profundamente quanto tados mundos ao lado de outros com as mesmas crenças, pontos
àquela relativa ao modo como cultuamos a Deus. Para compre- de vista e estilo de vida. Para diferenciar nossas singularidades,
ender o assunto, Daniel Plenc nos convoca a esquecermos visões medimos nossas diferenças pelo modo que comemos, nos vestimos,
e opiniões pessoais, e faz a pergunta: O que diz a Palavra? Plenc agimos e falamos. Vez por outra tentamos esquecer que estamos
nos conduz numa jornada por vários textos da Bíblia atinentes ansiosos e feridos, necessitando desesperadamente de Deus, o qual
ao assunto. Sua pesquisa pretende produzir reflexão sobre a ado- continuamente oferece um caminho melhor – uma saída para a
ração em comunidade, dentro do contexto da informação bíblica bagunça desse mundo e para o que fizemos de nossa vida por meio
e da fé adventista. Depois de convidar os leitores a repensarem de nossas decisões e ações. E Deus então aparece com aquilo que
o culto e a adoração, Plenc tenta definir adoração a partir da precisamos e quando precisamos, não porque merecemos, mas por-
perspectiva bíblica. Segue-se, então, uma breve sinopse de várias que é assim que Deus é. Esta é a premissa do livro de Jon Dybdahl
práticas de culto – católica, protestante, carismática e adventis- A Strange Place for Grace.
ta. Este estudo comparativo provê um pano de fundo geral de Até recentemente, Dybdahl trabalhou como presidente do Walla
assuntos compreensíveis que cercam as várias práticas de louvor Walla College no Estado de Washington, EUA, onde apreciou
e adoração. Em seguida, vem “o que foi revelado sobre adoração” muito interagir com estudantes e ajudar a fazer da faculdade uma
– temática que o autor alinha à sua visão da avaliação sobre a experiência de transformação de vida. Com essa experiência, soma-
natureza bíblica das várias práticas de adoração. O resultado é da à de pastor, missionário, professor de Teologia e autor de vários
uma exposição bíblica sobre tópicos como Deus e a adoração, os livros, ele toca na difícil questão entre compreensão teológica e

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sensibilidade da fé. Dybdahl torna claro que graça não é algo novo que os favores divinos são recebidos em troca de nossa obedi-
que Deus revelou na última década, século ou mesmo desde que Ele ência, comportamento e pensamento corretos etc. Ele a define
andou entre nós há dois mil anos. Graça é como Deus é. Deus tem acertadamente como “graça pelas obras”, “comércio cristão”.
sido cheio de graça desde o princípio, e isto está revelado e entre- Isto, explica ele, remonta à distante antiguidade, e tem sido cha-
laçado nas histórias, símbolos e instruções no Antigo Testamento. mado de “doutrina osiriana da autojustificação”, e do princípio
À medida que desenvolve o tema, Dybdahl certamente admite as denominado “confissão negativa” (“Senhor, eu não fiz isso...”).
aparentes contradições, o que explica possivelmente o título de seu Tyner nos lembra que Ellen White afirma que “a idéia de fazer
livro. qualquer coisa para merecer a graça do perdão é uma falácia do
O autor discute aqueles pontos nos quais, a princípio, a graça começo ao fim”. Não há nenhum “sistema de reciprocidade”
parece ausente, porém precisam ser olhados novamente sob uma com Deus. Daí a insistência de Ellen White de que a justiça
nova perspectiva de tempo, cultura e contexto. Ele enfrenta questões pelas obras, uma espécie de “sistema de reciprocidade”, é o deno-
com as quais muitos cristãos se debatem: harmonizar o Deus do minador comum de todas as religiões pagãs.
Antigo Testamento com o Deus do Novo Testamento. Entretanto, Em oposição a tais pensamentos está a verdadeira doutrina da
alguém pode se perguntar se o autor, em sua premissa, não acaba graça definida em ambos os Testamentos, e Tyner trabalha nessa
estendendo demais o conceito – a graça que pode ser aplicada a direção. Em nenhuma parte na Bíblia há qualquer insinuação de
tudo. que aqueles que receberam graça fizeram algo para merecê-la. A
iniciativa salvífica sempre se apóia em Deus e provém dEle. É
livre e totalmente imerecida.
Bradley A. Jamison (PhD, Universidade Andrews) é professor Tyner é um estudante da Palavra e também perspicaz obser-
assistente, Faculdade de Saúde Pública, Universidade Loma vador da história teológica. Essa combinação torna seu livro
Linda, Califórnia, EUA.. prazeroso. Tendo estabelecido a base bíblica para o Deus da
graça e mostrado que a graça é o único fundamento para todas
as crenças e práticas cristãs, o livro oferece, a partir de uma
perspectiva histórica, os contornos dos desvios e deturpações da
Searching for the God of Grace graça, começando na era pós-apostólica. A idéia do autor de que
Por Stuart Tyner (Boise, Idaho: Pacific Press as primeiras perseguições podem ter levado os cristãos a mostrar
Publ. Assn., 2006), 303 p. ao mundo que eles eram realmente boas pessoas – gente que não
praticava más obras – é incitante e original. Através dela as pes-
Resenha de Paul Pichot soas podem entender como a doutrina das obras achou diferentes
modos de entrar furtivamente.
Mas de volta ao traçado histórico de Tyner, durante os tempos
de Constantino e da controvérsia donatista, ambas as aborda-
gens da graça pelejaram arduamente entre si. Já nos tempos
escolásticos, com Antônio, o ermitão; John Cassian e Tomás de
O título fornece uma pista do objetivo do autor. Ele quer Aquino; o ensino era de que tanto a graça de Deus quanto as
que procuremos não tanto a graça de Deus, mas o Deus da obras humanas eram essenciais à salvação. Então veio a Reforma
graça. A diferença é notável. O autor deseja chamar nossa aten- e a redescoberta da compreensão bíblica da graça imerecida. Tal
ção para o fato inevitável de que se temos necessidade de graça, recuperação da graça bíblica, todavia, viu-se sob feroz ataque no
precisamos nos voltar, primeiro e principalmente, ao Deus da Concílio de Trento, que estabeleceu firmemente a atual doutrina
graça. É possível que tenhamos ido em busca de graça, mas dado católico-romana da salvação pelas obras, insistindo que a graça
pouca atenção ao Doador da Graça, por meio de quem, unica- divina e os esforços humanos cooperam para nos transformar, a
mente, a graça é obtida. fim de merecermos a salvação.
A diferença é evidente por outra razão. A religião, diz o autor, Em relação aos adventistas, o autor nos conduz na longa,
é uma tentativa de dar algum sentido ao mundo em que vivemos tênue e dolorosa jornada que temos feito ao lidar com a ime-
e de como estabelecer um relacionamento com qualquer força recida graça salvadora de Deus, começando em 1844 e daí em
(ou deus?) que sentimos existir. Se houver um deus, como posso diante. Descreve cuidadosamente o espírito da época, enquanto
relacionar-me com Ele, agradá-Lo e ser abençoado por Ele? a igreja evoluía penosamente em meio a um tempo de grandes
Como posso evitar que Ele Se ire? As respostas são organizadas reavivamentos religiosos, quando vários grupos afirmavam
em sistemas de doutrinas a fim de que as pessoas saibam do que que fé e obras são necessárias para a salvação, enquanto outros
necessitam para crer e agir, o que, de acordo com Agostinho, é proclamavam que a graça é concedida incondicionalmente. À
“um código preciso ou ritos destinados a estabelecer um correto rela- medida que a Igreja Adventista progredia sob a guia do Espírito
cionamento com Deus (ou deuses)”. Assim, de acordo com Tyner,
a religião se tornou uma orientação de trabalho, o que significa Continua na p. 35

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LOGOS acompanhado de dor. Eram cativos à
escuridão, ao desconforto, ao desânimo,

O evangelho e à derrota. Estavam em uma missão para


Deus, e agora sua viagem estava em peri-
go. E assim cantaram canções de louvor.
– o poder de Deus Que reação aos recuos e aos obstáculos!
Como reagimos quando nossos planos e
Lowell C. Cooper sonhos são destruídos, quando as expe-
riências nos confrontam em cada volta,
quando nos encontramos na prisão escura
de circunstâncias incontroláveis? Paulo
Uma meditação na para seus mestres. Agora os lucros deles afirma que “todos os que desejam viver
foram ameaçados. Apesar de conduzidos piedosamente em Cristo Jesus serão perse-
evidência sobrenatural que pela avidez, esconderam seu interesse guidos” (II Timóteo 3:12 – Nova Versão
apóia a definição original pessoal atrás de um pretenso interesse Internacional). Reconhecemos recuos e
do evangelho, feita pelo pela segurança pública. Arrastaram Paulo desapontamentos inevitáveis e acidentais
e Silas até às autoridades com o pretexto na vida e aprendemos simplesmente a nos
apóstolo Paulo. de agitação – que fora criada por eles – e ajustar como parte da realidade da vida.
comportamento ilegal na cidade. Mas o que dizer sobre as dificuldades
Paulo e Silas foram despidos, espan- que vêm à nossa vida quando estamos em
cados, e encarcerados em segurança uma missão para Deus? Como o poder
“Pois não me envergonho do evangelho, máxima. Mas apesar daqueles eventos de de Deus se revela em nós quando parece
porque é o poder de Deus para a salva- “vergonha” e da crueldade injustificada, a que Deus está ignorando nossa situação,
ção de todo aquele que crê; primeiro do crônica inspira (Atos 16:22-34) uma série quando as boas intenções são frustradas
judeu e também do grego” (Romanos 1:16 de eventos quase inacreditáveis que ilus- pelos maus projetos de outros?
– Almeida Revista e Atualizada). tram o poder de Deus. O terremoto foi James Montgomery Boice era um pas-
O evangelho de Jesus Cristo é o poder o ponto de partida, mas nosso interesse tor nacionalmente reconhecido de uma
de Deus para a salvação. Uma maneira aqui está nos comportamentos humanos grande igreja na Filadélfia. Em 7 de maio
convincente de compreender e experi- que se desenrolaram na história e ilustram de 2000, ele anunciou à sua congregação
mentar o que isto significa é revelada em o poder de Deus no evangelho de Jesus que estava morrendo rapidamente de um
uma série de eventos que ocorreram em Cristo. câncer agressivo que não respondia ao
Filipos durante a visita de Paulo e Silas tratamento.
em sua segunda viagem missionária (Atos Evangelho: o poder para tolerar a Boice perguntou então à sua congre-
16:12-34). adversidade gação: “Deve você orar por um milagre?
O apóstolo e seu novo companheiro de A primeira coisa a notar é que Paulo Bem, você é livre para fazer isso, natu-
viagem encontraram-se com um grupo de e Silas cantaram canções de louvor na ralmente. Minha impressão geral é que o
pessoas, principalmente mulheres, fora da cadeia no meio da noite. Espancados, Deus que é capaz de operar milagres – e
cidade para a adoração no sábado. Uma feridos, ensangüentados – vítimas da certamente Ele pode –, pode igualmente
mulher mercadora chamada Lídia estava injustiça, com desconforto físico e em evitar em primeiro lugar que você tenha o
lá. Veio da Ásia e provavelmente não era um rude ambiente –, eles se uniram em problema... sobretudo, eu diria, ore para
judia. Vendia uma linha de produtos para canções de louvor. O canto alegre não é a glória de Deus. Se você pensa em Deus
pessoas ricas e circulou provavelmente o som típico da vida na prisão. Pode-se glorificando-se a Si mesmo na história e
nesse nicho da sociedade. Escutou Paulo esperar os gritos maldizentes, gemidos de diz: ‘Onde em toda a história tem Deus
e Silas, acreditou em Jesus, foi batizada, dor, gritos por vingança, linguajar sujo sendo mais glorificado?’ A resposta é que
e então convidou Paulo e Silas para ficar de auto-justificação, mas certamente não Ele fez isto na cruz de Jesus Cristo, e não
em seu lar. canções de louvor. Que assombro, todos foi livrando Jesus da cruz, embora poderia
Em um outro dia, quando saíram para os prisioneiros estavam escutando! ter feito... no entanto, é onde Deus é mais
orar, uma menina escrava, possuída por Estes dois prisioneiros eram diferentes. glorificado.”
um espírito, causou confusão com respei- O poder de Deus deu forma à resposta Oito semanas mais tarde, enterraram
to ao trabalho de Paulo e de Silas. Sob a deles à adversidade. Não é que o canto Boice. Mas sua congregação foi tocada por
ordem de Paulo, o espírito mau saiu dela. mudou suas circunstâncias. Em lugar aquelas palavras a considerar um novo con-
Com a prática da cartomancia, a menina disto, forneceu o contexto. Seus cor- texto para sua própria vida – não importa
escrava havia ganhado muito dinheiro pos ainda doíam. Cada movimento era o que aconteça, Deus pode ser glorificado.

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Esta não é uma resposta humana natural à O evangelho: o poder para A próxima vez que você se sentar em
adversidade. É sobrenatural. comemorar a união em Jesus sua igreja, olhe ao redor para a evidência
Isto, contudo, nos conduz a outra des- do sobrenatural. Olhe para aqueles que
O evangelho – o poder para mover- coberta inesperada a respeito do poder de adoram a Deus no meio de suas adver-
se além do interesse pessoal Deus. Já temos notado que a rica comer- sidades, para aqueles que se moveram
Há outro elemento inesperado na his- ciante asiática, Lídia, foi batizada. O além dos limites do interesse pessoal e da
tória de Paulo e Silas na cadeia. Ao desco- carcereiro, um cidadão romano e prova- auto-orientação, para aqueles de todas as
brir os efeitos do terremoto, o carcereiro velmente um soldado romano aposentado, classes sociais que abriram caminho atra-
preparou-se para tirar sua vida. Ele supôs foi também batizado. Alguns comentaris- vés das afinidades humanas naturais para
que os prisioneiros tinham escapado e tas sugerem que a inserção da história da comemorar a união de tudo que é reivin-
entendeu que ele era o responsável, a des- menina escrava implique que ela também dicado por Jesus Cristo. O testemunho da
peito das circunstâncias. Ele considerou deve haver se tornado uma crente. igreja primitiva foi poderoso para o que
que tirar sua própria vida era uma saída Se aceitamos estes batismos, um desen- aconteceu nos relacionamentos humanos
mais digna do que a humilhação e a exe- volvimento muito anormal é visto em – não em número de membros, mas em
cução públicas. Filipos. Uma mulher de negócios asiática, sua adoração e companheirismo.
Mas Paulo o interrompeu, “não te faças uma escrava grega, um empregado civil
nenhum mal, que todos aqui estamos!” romano. Três pessoas com realidades
(Atos 16:28). Ele, então, o acalmou, o étnicas, econômicas, educacionais muito Lowell C. Cooper (M.Div.,
consolou, proclamou-lhe o evangelho, diferentes tornaram-se irmãos e irmãs na Universidade Andrews, M.P.H.,
auxiliou-o, e o batizou – tudo no espaço igreja em Filipos. Universidade de Loma Linda) é um dos
de poucas horas. Tal experiência foi também verdadeira vice-presidentes da Associação Geral
Não seria anormal para os prisioneiros em Antioquia onde judeus e gentios, ricos dos Adventistas de Sétimo Dia. Este
encontrarem algum prazer na situação e pobres, escravos e livres, idosos e jovens, texto é baseado em uma apresentação
angustiosa de seu captor. Além do mais, homens e mulheres, sábios e outras pes- devocional na Associação Geral. E-
o carcereiro era o agente impessoal do soas, sob o poder do evangelho abriram mail: CooperL@gc.adventist.org
corrupto sistema que os conduziu a seu caminho através das afinidades humanas
confinamento. Qualquer coisa que o naturais e tornaram-se uma família da fé.
removesse como um obstáculo à liberdade Os irmãos e as irmãs de passados vasta-
deles seria bem-vinda. Se o carcereiro mente diferenciados estavam agora unidos
cometesse suicídio ou fosse enforcado não em um futuro comum. A sociedade da
importaria. Sua remoção, de qualquer época não teve nenhuma palavra para
forma, simbolizaria a derrota do sistema. descrever este fenômeno – então os cha-
O que não era esperado é que Paulo e mou “cristãos” (veja Atos 11:25, 26).
Silas tivessem piedade do carcereiro – este
cúmplice do injusto aprisionamento deles.
Ouvimos, às vezes, o conceito de que para
a igreja crescer é preciso criar congrega-
Assinatura
O poder de Deus em suas vidas capa- ções com base em afinidades humanas gratuita para
citou-os a moverem-se além dos limites
do interesse pessoal e da auto-orientação
naturais. Talvez isto seja verdadeiro. A
evidência estatística parece apoiar isto a biblioteca de
para o ponto onde poderiam ativamente como uma maneira de aumentar o núme- sua faculdade ou
preocupar-se com o bem-estar de seu ro de membros da igreja.
inimigo presumido. Isso não é natural. É Mesmo que aceitemos esta linha de universidade!
sobrenatural. pensamento e de ação, nunca devemos
Deseja ver a Diálogo disponível na biblio-
C.S. Lewis escreveu sobre o “peso da esquecer que o fato notável na igreja teca de sua faculdade ou universidade, de
glória” que descansa nos ombros de cada primitiva não era seu tamanho, mas seu modo que seus amigos não-adventistas
ser humano. Disse que se olhássemos nos- espírito. O testemunho da igreja primitiva possam ter acesso à revista? Procure o biblio-
sos vizinhos, nossos concorrentes, nossos foi poderoso devido ao que aconteceu tecário e sugira que solicite uma assinatura
inimigos, e percebêssemos o peso da gló- nos relacionamentos humanos – não em gratuita, usando papel timbrado da instituição.
ria que descansa sobre todos eles, o peso número de membros, mas em sua adora- Cuidaremos do resto! As cartas devem ser
da glória que os envolve como candidatos ção e companheirismo. O poder do evan- endereçadas a: Dialogue Editor-in-Chief; 12501
para a vida eterna, os veríamos diferente- gelho aproximou as pessoas de todas as par- Old Columbia Pike; Silver Spring, MD 20904-
mente. E nós mesmos encontraríamos a tes separadas da sociedade. Transformou-os 6600; EUA.
emancipação de um foco estreito de inte- em uma nova comunidade de adoração a
resse pessoal. Deus e amor de um para com o outro.

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PONTO DE VISTA são L&A de tal maneira que alcance as
alturas sagradas? Talvez, um bom ponto

ACTS: enriquecendo o de partida seja recordar que a finalida-


de de cantar hinos e coros é estimular
a lembrança e induzir a uma atitude.
louvor e a adoração Como adoramos por meio das canções,
comemoramos os atos poderosos de Deus
Alain Gerard Coralie na história relatando Suas maravilhosas
ações. Além disso, como entramos con-
tentes em Sua presença, elevamos nosso
Um processo de quatro reduzida a quatro letras de fácil memo- ser inteiro Àquele que é puro e santo.
rização. Mas, enquanto estiver sendo Essencialmente, conduzir a adoração é
passos que combina consciente da complexidade da adoração, estar na terra de forma santa, colocan-
celebração com estou convencido de que ACTS pode do-se na própria presença do Senhor da
contemplação. atrair-nos ao coração do culto, teológica e glória.
experiencialmente. Vamos aplicar o princípio de ACTS
A adoração é uma experiência sagrada para louvar e adorar como parte de nosso
Amo os serviços de adoração saudáveis, e maravilhosa que merece séria atenção. serviço.
dinâmicos e inovadores. Também aprecio Deus não se agrada quando o culto se
os serviços tradicionais, já que provêem torna superficial (veja Isaías 29:13). Para Adoração
estabilidade em um mundo em constante Lhe ser agradável, e para edificar nossa Sempre comece a sessão L&A,
evolução. Não vejo problema algum em alma, a adoração deveria proporcionar adorando verdadeiramente. A adoração
cantar Don Moen e Handel. Creio que participação, engajando o intectual e tem como centro a Deus, não as pessoas.
não necessito jogar fora a tradição para satisfazendo o emocional. Não pode ser A adoração, musicalmente falando, é o
estar em contato com a cultura contem- um período relaxante, quando tomamos momento em que a assembléia reconhece
porânea, nem preciso estar preso ao sécu- uma licença intelectual por uma hora a a majestade de Deus e se familiariza mais
lo 18 para ser fiel a Deus. Por esta razão, fim de ter algum entretenimento espi- inteiramente com Seu caráter. A Bíblia
tento planejar serviços que mesclem cele- ritual. Em vez disso, a adoração é um O apresenta como um Deus vivo que
bração e contemplação. encontro com o divino, uma atitude da reina em majestade, exaltado sobre toda
A comunhão com Deus deveria passar alma, um ato de obediência do coração. É a criação. É o Alfa e o Ômega, o começo
pelos pensamentos, emoções e uma san- uma resposta à própria revelação de Deus. e o fim, Aquele em quem temos nossa
tificada imaginação. Entretanto, é mais Assim, requer o nosso melhor: amar o existência. Ele é santo, íntegro, sábio,
fácil falar do que fazer. Luto constante- Senhor com todo o nosso coração, alma e verdadeiro, fiel, amado e clemente. Desta
mente para manter as coisas equilibradas. mente (Mateus 22:37). perspectiva, os bons líderes da adoração
Algumas vezes, tendo a limitar a adoração Enquanto ACTS pode informar e escolhem as canções que enaltecem os
a uma exatidão teórica. Outras vezes, sim- estruturar todos os aspectos do servi- atributos de Deus. Ficam longe das
plifico demais como uma questão de sen- ço de adoração, neste artigo eu quero canções vazias de louvor que são elevadas
timentos. Interessantemente, quanto mais focalizar o serviço de cântico. Mais e em palavras repetitivas, mas baixas em
penso sobre essa tensão, mais entendo que mais os serviços de adoração adventista conteúdo espiritual.
a tensão está presente na adoração adven- contemporâneos têm uma sessão L&A Inicie sua sessão L&A com canções que
tista. As congregações freqüentemente (louvor e adoração), quando uma equipe exaltem a Deus, destacando quem Ele é. As
supervalorizam uma faceta da adoração à conduz a congregação em um número de canções de adoração precisam induzir um
custa de outra. Os tradicionalistas tendem canções e de coros. Este serviço de música espírito de temor e de reverência. Devem
a valorizar demais o cognitivo, enquanto de 10 a 20 minutos é comum em muitas elevar a mente do mundano e do tran-
que os inovadores enfatizam o afetivo. igrejas. Mas, se isso se faz mal, os ado- sitório para as realidades eternas. Como
Como resolvemos o dilema? Deixe-me radores podem sair com a impressão de um líder da adoração, selecione a rica
dividir com você uma descoberta que me que estiveram entoando canções em torno tapeçaria de cantos religiosos para alcan-
tem ajudado a reduzir essa tensão. de uma fogueira. Em casos piores, os çar esse objetivo. A adoração é o tempo
O segredo é este: a adoração edificada congregantes podem sentir que estiveram em que nos dirigimos para encontrar
com base no acrônimo ACTS (ATOS) assistindo a um concerto por causa do nosso Deus (Salmo 100); é igualmente o
– Adoração, Confissão, Transbordar em desempenho teatral ou da espontaneidade momento em que Deus vem visitar Seu
agradecimentos, e Súplica. Alguns irão coreográfica da equipe de adoração. povo de uma maneira especial. A Bíblia
argumentar que a adoração não deve ser Está você desejando conduzir a ses- ensina que Ele se senta no meio do louvor

DIÁLOGO 20•2 2008 27


de Seu povo (Salmo 22:3). Assim, na ado- (I Tessalonicenses 5:18 –NVI). Através de Após ter rogado a Deus pelas neces-
ração, temos o privilégio de estabelecer Sua vida, morte, e ressurreição, Jesus res- sidades da congregação, parta para a
contato com o grande e poderoso Deus. taurou o relacionamento que deve existir intercessão. Nesta parte, levantamos as
Porém, como nos aproximamos de Deus entre a humanidade e Deus. Através dEle, necessidades dos membros da comunida-
na beleza de Sua santidade, igualmente os pecadores podem ser reconciliados a de – família, vizinhos, líderes e aqueles
nos tornamos cientes de nossa iniqüidade Deus e adorá-Lo. Seu amor por nós exige em influente posição – e oramos por
e indignidade. Eis por que a confissão nossa mais elevada gratidão. Portanto, a problemas globais tais como justiça para
torna-se imperativa. ação de graças exige um foco cristocên- os pobres ou o alívio do sofrimento. Em
trico. Ellen White comenta: “Cristo e Ele um mundo caído, é importante atentar às
Confissão crucificado, eis o que deve constituir o necessidades dos nossos irmãos. O serviço
A confissão é o reconhecimento de tema de nossas meditações, de nossas con- da adoração não é um oásis onde escapa-
nossa ruína. É a concretização de que versas, e de nossas mais gratas emoções... mos do mundo. É uma oportunidade de
mesmo o nosso melhor vem insuficiente Cheguemos, pois, com reverente alegria a recarregar nossas baterias espirituais para
da glória de Deus. A confissão do pecado nosso Criador.”2 abastecer suas necessidades. A intercessão
envolve o reconhecimento de Deus como Ao realizar essa tarefa, use hinos anti- é o único meio pelo qual um mundo de
o Senhor que governa com autoridade e a gos e modernos, os quais sejam ricos e amor e de ódio, de alegria e de amargura,
necessidade de que alinhemos nossa vida teologicamente fundamentados a fim de de vitórias e de perdas é apresentado a
a Sua vontade. Como Criador, Ele merece atrair adoradores a Cristo e a Seu inigua- Deus na piedade e na esperança.
nossa homenagem e obediência. Mas, por lável amor. O escândalo de nosso tempo Vista desta perspectiva, a adoração não
causa de nossa natureza pecaminosa, em é o uso de canções que trivializam a fé pode ser um evento de auto-satisfação,
geral, não agimos assim. Então, a adora- cristã, pintando-a em termos rosados e mas um momento privilegiado de servir a
ção verdadeira exige a confissão. Como etéreos, e exigindo de nós um tipo de Deus por meio do serviço a outros. Esta
nos achegamos mais perto do trono da espiritualidade tola. ligação essencial entre o companheiris-
graça, precisamos afastar as coisas que O tema de ação de graças é nossa ati- mo e o serviço tem que ser sustentada se
estão entre nós e Deus. Isto pode ser feito tude com Deus por seu amoroso envolvi- queremos uma adoração com unidade
apenas sob a orientação do Espírito Santo. mento em nossa vida diária. Aquele que para refletir um cristianismo verdadeiro.
Como um líder da adoração, encontre dirige as galáxias também presta atenção Somente então a igreja estará habilitada
as canções apropriadas que expressem em nós. Como líderes da adoração, este- para ministrar em maior extensão no
a confissão. Para fazer a confissão do jamos atentos aos sinais do movimento mundo como parte do plano de reconci-
pecado uma parte da adoração é extrema- de Deus na vida de Seu povo. Na medida liação de Deus.
mente importante. Mas não há nenhuma do possível, precisamos dar oportunidade Para realizar isso, ACTS fornece um
necessidade de fazê-la triste ou detestá- para que as pessoas testifiquem da bon- ponto de partida.
vel. Para citar John Stott: “Não há nada dade de Deus. Os testemunhos curtos
mórbido sobre a confissão dos pecados, podem representar uma parte importante
contanto que sejamos agradecidos pela da sessão L&A. Alain Gerard Coralie (M.Th.
remissão dos pecados. É muito bom olhar Universidade de Oxford, M.Div.,
para dentro, contanto que isso nos condu- Súplica Universidade Andrews) é secre-
za imediatamente a olhar para fora e para Sendo que Deus escolheu trabalhar tário executivo e o diretor de
cima outra vez.”1 Assim, a confissão deve para e por meio de Seu povo, finalize a Educação da União Oceano-Índico
conduzir-nos à ação de graças em reco- sessão L&A com súplica. As duas formas da Igreja Adventista do Sétimo Dia
nhecimento ao que Deus nos fez através de súplica – petição e intercessão – são com sede em Madagascar. E-mail:
de Jesus Cristo. importantes. Primeiramente, implore acoralie@yahoo.com
a Deus para que intervenha na vida da
Ação de graças comunidade de adoração. Não pode haver
Na adoração, louvamos a Deus por nenhum ensino, pregação, cura de um ser Notas e referências
quem Ele é. Na ação de graças, celebra- humano devastado, comunhão genuína a 1. John Stott. Christian Basics. Grand Rapids,
Eerdmans, 1964. p. 122.
mos o que Ele fez. Enquanto a adoração se menos que as comunidades de adoração 2. Ellen White. Caminho a Cristo. Tatuí, SP:
concentra na natureza e caráter de Deus, sejam batizadas no poder criativo e doa- Casa Publicadora Brasileira, 2003. pp. 103-
a ação de graças se concentra na manifes- dor do Espírito Divino. Visto que Deus 104.
tação de Sua bondade para nós. A palavra está ansioso para abençoar Seu povo, use
de Deus ordena, “dêem graças em todas as canções que convidem o Espírito Santo
as circunstâncias” porque “esta é vontade para vir tocar, restaurar e fortalecer os
de Deus para vocês em Cristo Jesus” adoradores.

28 DIÁLOGO 20•2 2008


PRIMEIRA PESSOA
Mantendo a fé
Christy Sanggalan-Doroy

Ninguém sabe quando aquele dia virá: Não tive que parar para pensar em minha
o dia em que a fé será testada. Para alguns, resposta. Minha resposta foi tão rápida
como José, no Egito, aquele dia pode vir quanto certa. “Senhora, sinto muito, mas
“diariamente” na forma de uma beleza que não posso assistir à nossa reunião. Será sába-
persegue. Para outros, como Daniel, pode do, o dia santo de Deus. E estarei, como
vir com a ameaça da cova dos leões. Para sempre, na igreja.”
outros, ainda, como Paulo, pode vir todos Minha diretora e meus colegas de trabalho
os dias como parte de seu testemunho diá- não esperavam uma resposta tão direta.
rio do evangelho. Em meu caso veio tarde. Sabia que meu emprego estava em jogo. Em
Esperava que esse dia viesse muito mais mais dois dias, o sábado viria... Que deveria
cedo, no ensino fundamental, médio ou na fazer? Apenas orar – e a oração tinha sido
universidade. Sempre temi que meu com- minha força e alegria desde aquele dia em outra escolha a não ser me matricular numa
prometimento precoce com o sábado fosse que entreguei meu coração ao Senhor, há universidade em nosso município.
colocado em teste, mas a graça de Deus era muito tempo. Comecei a freqüentar a Caupa imediata-
o meu único poder capacitante. Cada vez mente após a matrícula. Senti-me contente,
que enfrentava um exame aos sábados, de Meu batismo pois o grupo me ajudou a ser mais ativa
alguma forma o Senhor abria um caminho Eu tinha 12 anos. Queria ser batizada na na igreja, reforçando minha fé em Deus.
e minha alegria era plena. igreja adventista, mas meu pai disse que eu Conduzimos a “Voz do Evangelismo da
Mas então veio o fogo refinador. Ou era muito nova para isso. Sua recomenda- Juventude”, visitamos outras igrejas no
era um golpe esmagador? Após completar ção foi calma e clara: “Você deve estudar sábado, distribuímos folhetos, oferecemos
minha educação universitária, afiliei-me ao ainda mais. Compreender a Bíblia melhor. estudos bíblicos, entre outras atividades.
serviço do governo filipino. Minha carreira Certificar-se dos ensinos de Deus. Aprender Mas como estudantes adventistas, nosso
floresceu. Subi degrau por degrau. Após ter a seguir ao Senhor com todo o seu coração. grande problema eram as aulas ou os exa-
completado o exame de Contadoria Pública, Fazer de Jesus o Seu melhor amigo.” Segui mes aos sábados. Em nossa universidade, a
fui apontada como analista financeira o conselho do meu pai. Juntei-me à escola maioria dos professores não dispensou os
em um projeto do governo fundado pelo da Voz da Profecia. Acompanhei meu pai estudantes adventistas, o que fez com que
Banco Mundial. Nossa missão era aliviar a nos estudos que ministrou aos vizinhos. alguns comprometessem sua fé. Durante
pobreza: construção de prédios de escolas, Logo, senti que estava pronta para ser bati- meu primeiro ano, o vice-presidente para
clínicas, estradas e projetos de meios de zada. Com isso, veio meu compromisso os casos acadêmicos, que não gostava de
subsistência em áreas rurais. Os consultores firme para guardar o sábado custasse o que adventistas, chamou três de nós ao seu escri-
do Banco Mundial viriam de tempos em custasse. tório. Disse-nos que éramos um incômodo à
tempos para avaliar o projeto. Minha tarefa instituição porque continuávamos faltando
era fornecer uma análise financeira de cada Amigos da Caupa às aulas ou provas aos sábados. Já não tole-
projeto e manter os visitantes atualizados Mas logo a tragédia me golpeou. Em meu raria tal comportamento, e que teríamos
da situação financeira de nosso trabalho. primeiro ano do ensino médio, minha mãe que nos transferir para uma escola adven-
Quando os consultores chegavam, tínhamos morreu. Após minha graduação, encontrei tista. Mas o Senhor abriu um caminho
uma excursão de uma semana aos locais dificuldades em prosseguir com a faculdade para mim e para meus amigos adventistas
do projeto e uma reunião de encerramento por causa dos problemas financeiros. Não continuarmos os estudos. Alguns de nossos
para terminar a visita. obstante às dificuldades, minha família me professores simpatizaram conosco, dando
Em uma dessas visitas, a diretora do incentivou a ir à faculdade. Meus amigos provas em outros dias, enquanto nossos
projeto jogou aquele golpe esmagador: que eram membros da Caupa (Comissão colegas nos forneciam a matéria dada no
“Christy, nossa reunião com os consultores de Apoio a Universitários e Profissionais sábado. O apoio deles continuou até o dia
do Banco Mundial desta vez está programa- Adventistas) igualmente me deram suporte da graduação.
da para o próximo sábado. Por favor, esteja moral. Já que a faculdade adventista era
pronta para a apresentação.” longe de nossa casa, não tive nenhuma Continua na p. 34

DIÁLOGO 20•2 2008 29


EM AÇÃO dade, e segundo, enxergar o sábado como
o selo de Deus – um símbolo da Mão
de Deus estendida sobre a humanidade.
Essas idéias são simplesmente brilhantes.”
A apresentação de Sanchez foi igualmente
bem recebida, pois mostrou uma nova
maneira de interpretar as relações con-
temporâneas Igreja-Estado.
Questionado sobre os próximos desa-
fios da AEGUAE, de la Fuente mencio-

Photo by Issac Chía Mayolas


nou duas importantes tarefas: primeiro,
continuar estimulando os jovens estu-
dantes universitários a crescer intelectual
e espiritualmente como também estarem
envolvidos nas necessidades do adven-
tismo na Espanha; segundo, apoiar o

Estudantes adventistas se desenvolvimento de projetos associados a


AEGUAE como o editorial digital www.

reúnem na Espanha para sua Aula7activa.org, seu novo site www.


a7noticas.org e o recente acordo entre a

23ª Convenção Anual Associação de Fóruns Adventistas com o


co-editor “Café Hispano blog” www.spec-
trummagazine.org/cafe_hispano).

Duzentos jovens adventistas se reuni- AEGUAE tem concentrado sua atenção


ram em dezembro de 2007 em Tortosa, anualmente em temas de relevância pesso- Rubén Sanchez-Sabaté é estudante de
Espanha, para a 23ª Convenção Anual al, como Deus, a Bíblia e o adventismo na Filosofia na Universidade Tubinga na
da Associação Espanhola de Estudantes vida diária. Alemanha. E-mail: rubensabate@yahoo.
e Bacharéis Adventistas do Sétimo Dia Segundo seu novo presidente eleito, com
(AEGUAE – sigla em espanhol). Sendo Sarai de la Fuente, a AEGUAE “responde
talvez a mais antiga associação adven- às claras necessidades do adventismo na
tista estudantil que envolve estudantes Espanha. Responde também à necessida-
adventistas de campi não-adventistas, a de de crescimento espiritual e intelectual,
de caminhar com os desafios dos grandes
pensadores da história, mas também de Atenção,
caminhar com o Maior de todos os pro- profissionais
Envie-nos o fessores”.
A convenção de 2007 teve como convi- adventistas!
relatório de seu dados Marcel Fernandez da Universidade Se você possui e-mail e um título ou
Andrews e Guillermo Sanchez, co-editor do
grupo site http://www.laexcepcion.com. Sanchez
diploma pós-secundário em qualquer campo
acadêmico ou profissional, nós o convidamos
apresentou temas relativos à fé e política que para fazer parte da Rede de Profissionais
Os líderes das associações de estudantes Adventistas (RPA). Patrocinado pela Igreja
são discutidos pela mídia e trouxe à tona
universitários adventistas são convidados a Adventista, esse registro global eletrônico
enviarem um breve relatório das atividades questões atuais com enfoque nas profecias
assiste instituições e agências participantes a
de seu grupo e uma ou duas fotos digitais apocalípticas. Fernandez concentrou-se no
fim de localizar candidatos para posições no
para publicação na revista Diálogo. Inclua toda Shabbat como o selo de Deus no contexto ensino, administração, área de saúde e pesqui-
informação relevante a respeito do grupo de do Livro do Apocalipse. sa, e consultores especializados e voluntários
estudantes, descrevendo suas atividades princi- A reação do público às apresentações para tarefas missionárias breves. Coloque
pais, desafios, planos e também mencionando foi positiva. Os comentários de Sarai de la gratuitamente sua informação profissional
o nome, cargo e e-mail do autor do relatório. Fuente expressam o sentimento típico dos diretamente no website da RPA: http://apn.
As informações deverão ser encaminhadas participantes da convenção: “Levo comi- adventist.org. Anime outros profissionais
a Susana Schulz (schulzs@gc.adventist.org). go duas idéias de Fernandez: primeiro, adventistas a registrar-se!
Obrigado!
entender a lei de Deus como a lei da liber-

30 DIÁLOGO 20•2 2008


Estudantes ganenses Anamua-Mensah, fez um reconhecimento
e elogiou as variadas formas de serviço

testam novas formas com as quais o grupo contribuiu com o


campus. Outros serviços incluem o ofere-

de ministério no campus
cimento de agentes de limpeza, doação de
livros (incluindo livros de Ellen White)
para a biblioteca, bem como a construção
de uma estrutura de abrigo no ponto de
ônibus do campus. Estas contribuições
dos estudantes adventistas para servir ao
campus universitário não só têm atraído
apreciação e boa vontade, mas também
uma melhor compreensão da comunidade
acadêmica face às necessidades especiais
dos estudantes adventistas, incluindo a
observância do sábado. Atualmente, exa-
mes de sábado estão deixando de ser um
problema crucial como muitas vezes foi
no passado.
No entanto, os estudantes da Faculdade
de Educação estão enfrentando outro
problema grave. Eles não têm um local
para fazer o culto e se reunir com outros
Estudantes adventistas entregam plantas para a Universidade de Kumasi, Gana alunos para fins sociais e espirituais. As
instalações da universidade estão sempre
ocupadas com atividades regulares. Um
Incentivando o altruísmo, construindo nistradores soubessem como os adventis- lugar dedicado aos estudantes da associa-
pontes de comunicação e envolvendo-se tas levam a sério a sua fé e sua relevância ção pode ampliar o alcance do ministério
no avanço do bem da comunidade no para a vida cotidiana, mesmo quando isso dos adventistas na faculdade. Com isto
contexto universitário. Estas são manei- significa abrir mão de um teste que cai em mente, houve um esforço para a aqui-
ras pelas quais as associações estudantis num sábado ou perder um ano letivo. sição de um terreno e agora estão aguar-
adventistas em Gana obtiveram um O mais importante foi que estudantes dando, em oração, fundos para construir
melhor conhecimento das suas necessi- adventistas começaram a se envolver na algo que proporcione oportunidades de
dades e problemas em universidades nas sociedade, prestando serviços sociais testemunho, focalizadas em atividades
quais atuam. à comunidade e oferecendo trabalhos sociais e espirituais dirigidas. Nada é
As aulas e os exames ao sábado têm essenciais em diferentes universidades impossível quando colocamos nossas
sido um problema constante na maioria com a presença adventista. Por exemplo, necessidades diante de Deus, com fé.
das universidades do país, que seguem o Grêmio dos Estudantes Adventistas
uma carga horária de seis dias, sem fazer da Universidade de Educação (campus
qualquer exceção para a guarda do sétimo Kumasi) iniciou o plantio de árvores no Richard Agyemeng e Lydia Oppong são
dia, o sábado. Tendo como base a liberda- campus em abril de 2007, plantando estudantes na Universidade de Kumasi.
de de religião e de consciência, inúmeras centenas de brotos de diferentes árvores, O Grêmio dos Estudantes Adventistas
tentativas foram feitas pelos estudantes tais como palmeira real e acácia. A admi- pode ser contatado pelo e-mail
adventistas e as autoridades da Associação nistração da universidade e de todo o uewkgnaas@yahoo.com
para apelar às universidades. Mas tiveram corpo discente aplaudiram o grêmio pela
pouco ou nenhum sucesso. sua maneira criativa de tornar o campus
Finalmente, o Grêmio Nacional de melhor e mais verde. Antes disso, o grê-
Estudantes Adventistas decidiu testar o mio tinha iniciado uma campanha de
modelo bíblico para alcançar as pessoas limpeza.
por meio da amizade e testemunho. A As atividades empreendidas pelos
primeira coisa que os alunos tentaram foi estudantes adventistas não passaram
compartilhar a sua fé no campus e deixar despercebidas. No seu relatório anual, o
que outros estudantes, professores e admi- vice-chanceler da universidade, Jophus

DIÁLOGO 20•2 2008 31


Compreendendo a Igreja
Ortodoxa Oriental
Eugene Zaitsev

A Igreja Ortodoxa é um enigma para a fé, e adoração, estas igrejas administram não somente em Seu Filho e em Sua
maioria das pessoas do Ocidente. Embora seus assuntos internos separadamente. Palavra (no Antigo e Novo Testamento),
ortodoxos e protestantes cristãos rejeitem Elas escolhem seus próprios líderes, lín- mas igualmente na Igreja do Novo
a alegação papal de supremacia, os gua de adoração, e canonização de santos. Testamento, na vida dos santos, na sabe-
ortodoxos compartilham com os católicos Fazem adições ao calendário ortodoxo doria dos pais, nas definições dogmáticas
romanos das estruturas sacramental e geral, estabelecem e fecham paróquias, dos conselhos, na liturgia, na arte da
litúrgica, da Mariologia e veneram santos iniciam suas próprias atividades missio- Igreja etc. Enfim, no que é chamado de
e imagens. Por compartilharem essas nárias etc. Como igrejas independentes, “Tradição”. Esta é uma palavra muito
posições, freqüentemente os protestantes não são limitadas a nenhuma organização significativa para o ortodoxo. Os teólo-
os confundem com a ortodoxia católica. central, nem devem fidelidade a uma gos ortodoxos contemporâneos discutem
A despeito da aparência e similaridades pessoa particular como fazem os católicos que a Tradição Santa, sendo mais antiga
doutrinárias, existem grandes diferenças romanos com o papa. e maior pelo volume do que a Santa
entre os dois – na história, teologia, A Igreja Ortodoxa Russa é a maior, com Escritura, contém toda a plenitude da
cultura e adoração. aproximadamente 50 milhões de membros, revelação divina. Sendo que a Bíblia,
Em certa medida, o anonimato e a embora seja difícil dizer quantos destes são segundo eles, representa somente uma
invisibilidade cultural da Igreja Ortodoxa nominais e quantos estão comprometidos. parte da Tradição, ela é somente uma
se devem ao fato de que durante anos Somente três a quatro por cento dos russos expressão da revelação.
a cristandade oriental foi afastada vão ao templo ortodoxo regularmente e
do Ocidente e estava sob a vigilância seguem todas as regras. Muitos russos con- Oriente e Ocidente:
ferrenha do comunismo na ex-União sideram-se ortodoxos apenas por pertence- diferença teológica
Soviética e Europa Oriental. Com o ram à cultura russa. Qual é a diferença principal entre o
colapso do comunismo no início dos anos O Patriarca da Igreja Ortodoxa de Oriente e o Ocidente no que diz respeito
1990, o Leste europeu e a Rússia estão Constantinopla é estimado como o à teologia? O racionalismo teológico é
mais abertos ao Ocidente como nunca Patriarca Ecumênico ou Universal. Como uma das características principais da teo-
antes. Cristãos orientais e ocidentais tal, ele goza de honra especial e de um logia ocidental. Os pensadores orientais,
têm mais oportunidades de se conhecer, papel de coordenação no mundo orto- por contraste, começam seu pensamento
interagir. E compreender melhor uns aos doxo, mas não pode interferir em outros sobre Deus com uma idéia pré-concebida
outros. ramos ortodoxos. muito diferente, enfatizando a natureza
Então, o que é Ortodoxia? A Igreja Para a Igreja Ortodoxa, a Bíblia é a essencialmente misteriosa da cristandade.
Ortodoxa (também conhecida como orto- fonte escrita principal de doutrina divina. Isto é porque a contemplação e a visão,
doxos “orientais” ou “gregos”) é o terceiro Além do cânone bíblico de 66 livros acei- o não intelectualizar e analisar, carac-
corpo principal do Cristianismo após o to pelos protestantes, a Igreja Ortodoxa terizam a tarefa teológica do ortodoxo.
catolicismo e o protestantismo. A partir inclui em suas edições da Bíblia os livros Em conseqüência, a concepção bíblica da
de uma perspectiva etimológica, a palavra apócrifos. Eles são chamados de livros redenção histórica é substituída pela idéia
grega “ortodoxia” tem o duplo significado deutero-canônicos e têm determinada de uma ascensão mística a Deus através
de “convicções corretas” e “adoração cor- autoridade como a Palavra de Deus, da catarse (limpeza) ou da purificação,
reta”. Na história da igreja, esta correção menos, porém, do que os livros canôni- iluminação e união mística. Assim a vida
tem sido afirmada por meio da constante cos. cristã inteira veio a ser considerada como
luta contra a “heterodoxia” (diferentes A Igreja Ortodoxa acredita que foi uma ascensão ou um retorno místico da
crenças) dos hereges. Os ortodoxos “res- a Igreja que nos deu a Bíblia como a alma à união com Deus.
peitam suas igrejas como a Igreja que Palavra de Deus no cânone dos livros A união de seres humanos com Deus
guarda e ensina a verdadeira crença acerca sagrados, e conseqüentemente devemos ler ou divinização (theosis) é a característica
de Deus e que a Ele glorifica com adora- a Palavra de Deus com fé e veneração, no principal do ensino da Igreja Oriental
ção correta”.1 espírito da Igreja. A idéia de que alguém sobre a salvação.2 A Igreja Ortodoxa sem-
A Igreja Ortodoxa é uma família de pode por si mesmo entender a Palavra de pre compreendeu a salvação como um
quinze igrejas independentes, auto-gover- Deus é considerada ilusória. processo de movimento constante para
nadas. Embora unidas em sua compreen- Assim, no sistema ortodoxo de cren- a divinização. A salvação não é somente
são dos sacramentos, disciplina, doutrina, ças, Deus especificamente Se revela justificação ou remissão dos pecados.

32 DIÁLOGO 20•2 2008


Ela também significa a renovação e a e modernos não usaram tais imagens e a separação da alma do corpo. A imortali-
restauração da imagem de Deus nos seres mesmo o reverendo Seraphim de Sarov, dade da alma é uma doutrina fundamen-
humanos, e o erguimento da humanidade um altamente respeitado santo russo do tal da ortodoxia.
caída através de Cristo na própria vida de século 19, recomendou orar com os olhos A Igreja Ortodoxa acredita fortemente
Deus. Eis por que a pergunta central do fechados, desse modo removendo todas as na segunda vinda de Cristo. O fato de
estudo da salvação ortodoxo não é “salva- impressões externas.3 que o tempo é desconhecido deve desper-
ção do quê?”, mas “salvação para quê?” O culto aos santos ocupa um lugar tar nos cristãos uma vigilância espiritual
O meio mais importante da diviniza- importante na devoção ortodoxa. Os san- constante.4 No grande dia da vinda do
ção é a participação fiel nos sacramentos. tos são considerados membros ativos da Filho do Homem haverá a ressurreição
A igreja e os sacramentos são os meios igreja como intercessores e protetores das universal dos mortos com a aparência
apontados por Deus pelos quais uma pessoas, mesmo que estejam no céu. Sua transfigurada. A ressurreição dos mortos
pessoa alcança o espírito purificado a presença na igreja é manifestada através para o julgamento final será universal e
ser transformado à semelhança divina. de seus retratos e relíquias. Os teólogos simultânea, tanto dos íntegros como dos
De acordo com a tradição ortodoxa, as ortodoxos enfatizam que os santos não pecadores.
energias divinas estão presentes nos sacra- são mediadores entre Deus e o homem
mentos. Participando nos sacramentos, – isto se reservaria ao mediador original, Encontrando um cristão ortodoxo
uma pessoa pode receber aquelas energias que é Cristo –, mas eles são nossos ami- O que deve alguém da tradição cristã
divinizadas, e através delas supera “as leis gos que oram conosco e nos ajudam em ocidental considerar ao encontrar uma
naturais de seu auto-psicofísico” e trans- nosso ministério cristão e em nossa comu- pessoa ortodoxa? O que ajudaria a esta-
forma-se em “deus” pela benevolência. nhão com Cristo. belecer um relacionamento amigável?
Os sacramentos da igreja, em particular o A um ortodoxo é dado o nome de um Primeiramente, respeitar a tradição
batismo e a Santa Eucaristia, são as ações santo após o batismo como um símbolo ortodoxa, a história, a cultura e os seus
divinas pelas quais a benevolência sacra- de sua entrada na unidade de uma igreja lugares sagrados. O conhecimento de
mental de Deus é comunicada ao fiel. – não apenas na igreja terrena, mas igual- alguns nomes ou fatos históricos ajudará
Uma das características distintivas da mente à igreja no céu. Os ortodoxos têm a quebrar o gelo do mal-entendimento.
ortodoxia é o lugar que atribui aos íco- uma devoção especial ao santo cujo nome Muitos fatores comuns existem entre as
nes. O ícone talvez seja o símbolo mais carregam. Geralmente, eles mantêm um tradições adventistas e ortodoxas, assim
importante da diferença entre o Oriente ícone de seu santo patrono em seu quarto comece um diálogo produtivo escolhendo
e o Ocidente. A Igreja Ortodoxa hoje a quem pedem intercessões diariamen- aquelas doutrinas que se unem em vez das
está repleta deles, tais como uma tela te. Eles observam a festa de seu santo que se separam. Estas doutrinas incluem a
contínua que divide o santuário do corpo patrono como o seu dia, e para o mais autoridade e a inspiração da Bíblia, Cristo
do edifício, chamada de “iconostasis”, ortodoxo, esta é uma data mais impor- como o Salvador, A Segunda Vinda, os
sendo coberta inteiramente com os ícones. tante do que seu próprio aniversário. Na sinais dos tempos etc. Mesmo o sábado
Outros ícones são colocados em santuá- Sérvia, por exemplo, cada família tem seu pode facilmente tornar-se um ponto de
rios especiais em torno da igreja. As pare- próprio santo patrono. No dia do santo, a partida para um relacionamento amigável
des são cobertas com ícones pintados a família como um todo faz uma celebração desde que o quarto mandamento seja
fresco ou em mosaico. Os cristãos ortodo- coletiva conhecida como o Slava. reconhecido como obrigatório na tradição
xos prostram-se ante os ícones, os beijam ortodoxa. Entretanto, assuntos tais como
e queimam velas na frente deles. O padre A escatologia ortodoxa a veneração da Virgem Maria e da imor-
coloca incenso neles e são carregados Os adventistas se interessarão em saber talidade da alma são muito sensíveis e
nas procissões. Os ícones marcam quase que uma parte inseparável do ensino será melhor evitá-los nos estágios iniciais
cada marco importante na vida do orto- ortodoxo vem do que a Bíblia diz sobre os do contato. Os comentários como “a dou-
doxo. No batismo, um indivíduo recebe eventos finais: segunda vinda do Senhor, trina da Virgem Maria é totalmente falsa
freqüentemente um ícone de santo cujo ressurreição dos mortos, o fim do mundo, ou não-bíblica” levantarão imediatamente
nome ele ou ela o adota. No casamento, o começo do Reino da Glória e da vida uma parede de hostilidade. Seja prudente
os pais dos noivos os abençoam com eterna. de modo a não ofender os sentimentos
ícones. No enterro, os ícones estão na A escatologia ortodoxa distingue um religiosos do ortodoxo com quem você
parte dianteira do cortejo fúnebre. Uma julgamento particular de um julgamento está dialogando.
vida cristã sem ícones seria inconcebível geral. O julgamento particular refere-se O assunto dos ícones é outro tema deli-
para um crente ortodoxo. Deve-se notar, ao destino de uma pessoa após a morte cado que pode ser doloroso para seu novo
no entanto, que nem todos os ortodoxos até o julgamento geral. De acordo com a amigo. No começo de sua amizade com
sentem a necessidade de ícones como um ortodoxia, a morte é o destino comum do pessoas ortodoxas, seja muito cuidadoso
apoio à oração. Muitos eremitas antigos homem. Não é aniquilação, mas somente para não caracterizar a veneração aos íco-

DIÁLOGO 20•2 2008 33


nes como idolatria. Em vez de empregar Eugene Zaitsev (Ph.D., Universidade cipal. Embora minhas análises e relatórios
a crítica, tente apresentar a clara verdade Andrews) é reitor de Zaoksky estivessem completamente prontos, e colo-
da Palavra de Deus. A Bíblia é muito Christian Institute of Humanities cados para os visitantes, eles decidiram que
respeitada pelos ortodoxos, mas leve em and Economics, Rússia. E-mail: poderiam esperar por mim, e adiaram a
consideração que eles geralmente crêem zaitsev@zau.ru reunião para o dia seguinte. Deus respon-
que a Bíblia usada pelos protestantes não deu às minhas orações tocando o coração
é confiável. Edições ortodoxas da Bíblia de nossos visitantes. Meus colegas ficaram
o ajudarão a superar essa confusão. Em Notas e referências surpresos. Além disso, os visitantes decidi-
vez de falar sobre o que não é praticado 1. Timothy Ware. The Orthodox Church. ram desde aquele dia que nenhuma reunião
Londres: Penguim Book, 1993. p. 16.
na Igreja Adventista (por exemplo, o beijo 2. Desde que o termo grego theosis foi tra- futura de encerramento ou conferência seria
em ícones, oração aos santos, pintar ovos duzido para o inglês como endeusamento programada para o sábado.
para a Páscoa etc.), fale sobre algo enco- e divinização muitos teólogos ocidentais O dia em que minha fé foi testada trans-
consideram este conceito como muito difícil,
rajador como a leitura pessoal da Bíblia, quase escandaloso. Eis por que ambos os formou-se em um dia de celebração de fé!!
usar suas próprias palavras na oração, termos são considerados por muitos eruditos, Surgiu, então, outro teste. Após diversos
ocidentais e orientais, como inadequados e
estar interessado nas artes cristãs etc. enganadores. Levando em consideração a
meses, quando uma fase importante do
Em conseqüência das recentes mudan- inadequação e a ambigüidade de todos os projeto foi terminada, o presidente de nosso
ças históricas na Europa Oriental, houve equivalentes de theosis em inglês, é preferível país veio celebrar nossas realizações. Foi-nos
o uso do termo grego.
um influxo maciço de cristãos ocidentais 3. Michail Mudjugin. The Contemporary exigido juntar-nos ao desfile em torno da
na Rússia e nos países do Leste Europeu. Orthodox Ecclesiasticism: The Second Half cidade e comparecer ao programa em que o
Para ministrar no Leste com sensibilida- of the XX-th Century. Moscou: Biblical presidente faria seu discurso. O evento foi
Theological Institute, 1995. p. 105.
de cultural e ganhar o respeito deles, os 4. Timothy Ware nota que um dos mais enco- programado para o sábado.
ocidentais precisam dominar os princípios rajadores sinais de renascimento na ortodoxia Em nossa reunião de planejamento, meus
da vida ortodoxa, da história, e do pen- contemporânea é a consciência renovada colegas de trabalho falaram: “Deixaremos
entre muitos ortodoxos da Segunda Vinda e
samento. Isto é especialmente verdadeiro de sua relevância. Ver Ware, p. 263. Christy estar presente desta vez!” A diretora
em relação à xenofobia que a ortodoxia respondeu: “Não incomodem Christy. Ela
exibiu para o Ocidente e para a cristanda- nunca estará presente em nenhuma ativida-
de ocidental. Como a maior igreja orto- Mantendo a fé de no sábado.” Sentada em um canto, sorri
doxa no mundo, a Igreja Ortodoxa Russa Continuação da p. 29 ao ouvi-la defender minha fé adventista.
não está particularmente interessada nos A jornada da fé pode ter muitos obstá-
esforços de católicos e protestantes para culos, mas quando essa jornada é levada
evangelizar e converter em seu próprio Vida ativa a cabo com oração fervorosa, Deus nunca
território. De sua perspectiva, ela tem Assim, guardar o sábado santamente falha em recompensar essa fé. Mesmo que
sido o berço da cristandade por mais de transformou-se em parte de minha vida. tal recompensa não venha imediatamente,
mil anos. Os cristãos ocidentais que vão Tudo mais – incluindo este teste de fogo de virá na eternidade.
à Rússia devem saber que por centenas receber os consultores do Banco Mundial
de anos, a ortodoxia foi talvez o único – era secundário. No sábado estaria na
grande fator a dar forma a sua cultura. igreja. Meu horário marcado com meu Christy Sanggalan-Doroy, C.P.A., M.B.A.
Mesmo setenta e cinco anos de ateísmo Deus era mais importante do que qualquer (Universidade de San Agustin), por
não podiam apagar aquela enorme influ- destacado líder desse mundo. Preferiria ser ocasião do artigo, era analista financeira
ência cultural. Os missionários ocidentais mandada embora do trabalho a ser infiel a regional de um programa para aliviar a
devem estar cientes de que mesmo hoje a Deus, mesmo que por poucas horas. pobreza, financiado pelo Banco Mundial.
ortodoxia, especialmente para os russos, Naquele sábado, os visitantes do Banco Atualmente, ensina Contabilidade na
é muito mais do que simplesmente uma Mundial chegaram ao lugar de reunião Faculdade Adventista Central Filipino,
igreja – é central a um modo inteiro de programado. Eu, naturalmente, estava na Bacolod, Filipinas. E-mail: christy_
vida e de cultura. igreja. Os visitantes perceberam minha sanggalan@yahoo.com
ausência, por ser a analista financeira prin-

34 DIÁLOGO 20•2 2008


A ternura… Ganoune Diop Searching…
Continuação da p. 19 Continuação da p. 21 Continuação da p. 24

puro que conheço, aprendi de Jesus... A missão é a missão de Deus. Estamos de Profecia, os adventistas chegaram à
De repente, Templeton interrompeu participando do que Deus está fazendo. firme conclusão de que “ justiça diante de
seus pensamentos. Houve uma breve Os centros não somente habilitam, mas Deus é pela fé tão-somente, sem as obras da
pausa, quase como se ele estivesse incerto também desenvolvem consciência missio- lei... Somos salvos por Jesus somente, e Ele
se deveria continuar. nária nas pessoas pelo seu treinamento ao nos salva por Sua graça somente, livremente
– Ah... mas... não – ele disse vagaro- redor do mundo. Ao participar da missão oferecida a pessoas imerecedoras”.
samente – Ele é o melhor... – Ele parou, de Deus, o ponto principal é promover Esse é o fim da história? Tyner quer
então continuou novamente. – Do meu Jesus Cristo, Sua dignidade, soberania saber, ao chegar ao fim do livro: Estão
ponto de vista, Ele é o mais importante e Sua compaixão que Ele divide com os adventistas hoje total e incondicional-
ser humano que já existiu. todos os grupos de pessoas. Assim, quero mente prontos a confessar que a graça é
Isto foi quando Templeton pronunciou encorajar os diretores dos centros de a única e livremente concedida base de
as palavras que eu nunca esperava escutar estudo a cumprir a missão confiada a seus salvação? Ou há adventistas que temem
dele. cuidados na conversa e no companheiris- que a livre graça aniquile a obediência? As
– E se posso colocar assim – ele disse, mo com os líderes da igreja. Assumir a perguntas do autor são significativas: “É a
como se sua voz começasse a embargar. responsabilidade missionária é saudável e santidade o caminho para a graça ou con-
– Eu... sinto falta... dEle!” 6 o único meio para trabalhar com eficiên- seqüência dela? É nossa aceitação da parte
Nesta última reação, senti uma nos- cia e superar uma mentalidade sectária. de Deus, ou uma tentativa de tornar-nos
talgia universal – a saudade por um Quero também que os leitores e estudan- aceitáveis a Ele? A justificação cancela a
amor que é maior do que nós mesmos. tes estejam conscientes de sua própria santificação?”
Um amor que transcende nossa rebelião função no ministério contextualizado nas O livro nos desafia a encontrarmos a
e separação e que é estável, imutável e grandes universidades do mundo. resposta para essas questões, à luz das
incondicional. O amor que achamos em Escrituras e de nossa própria experiência.
Jesus é tudo isso. Ele é o mais terno que o Leia o livro por si mesmo.
coração humano pode conhecer. Ansel Oliver é diretor-assistente de
notícias e comunicação no departa-
mento de Comunicação da Associação Paul Pichot (Mestre pela Universidade
Roy Adams (Ph.D., Universidade Geral. E-mail: diopg@gc.adventist.org Andrews) até recentemente foi pre-
Andrews) é editor-associado da sidente da Universidade Adventista
Adventist Review e autor de vários Esta entrevista foi publicada original- de Zurcher, Madagascar. E-mail:
livros e artigos. Este artigo faz parte mente na Adventist Review. Esta é uma paulpichot@cs.com
de seu último livro The Wonder of Jesus. versão adaptada e modificada. Publicada
Hagerstown, MD: Publicações Review com permissão.
and Herald, 2007. E-mail: AdamsR@gc.
adventist.org

Notas e referências
1. Exceto quando indicado diferente, as passa-
gens bíblicas são da Nova Versão Internacional
(NVI).
2. Bíblia. Edição João Ferreira de Almeida,
Revista e Atualizada no Brasil (ARA).
3. Ellen G. White. O Desejado de Todas as
Nações. 19. ed. Tatuí, SP: Casa Publicadora
Brasileira, 1995. pp. 712-713.
4. Ibid., p. 713.
5. Brigid Schulte. “Virginia Parents Trying to
Unadopt Troubled Boy.” Washington Post,
Outubro 9, 2006, A1, 11.
6. Lee Strobel. The Case for Faith: A Journalist
Investigates the Toughest Objections to
Christianity. Grand Rapids: Zondervan, 2000.
pp.17, 18.

DIÁLOGO 20•2 2008 35


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fazem parte desse dinâmico programa, bem como muitas excursões educativas. Recebemos estudantes adventistas
de universidades adventistas e não-adventistas para um curso de verão, ou de um semestre ou ainda de um ano
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36 DIÁLOGO 20•2 2008
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sos; correspondência em espanhol
ou inglês. Endereço: Calle B #19,
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Adventista Dominicana; interesses:
passar tempo com amigos e ativi-
dades ao ar livre. E-mail: wallyca-
Mercy Micah Abel: 26; solteira; State, NIGÉRIA. brera_reynoso@hotmail.com ou
diplomada como enfermeira e par- Luis Domiciano Almendras P.: wallycabrera2002@yahoo.com.
teira pela Escola de Enfermagem 32; solteiro; formado em Língua REPÚBLICA DOMINICANA.
e Obstetrícia, Hospital São Lucas; Espanhola pela Universidade Lilena Caroll Castro S.: 42;
interesses: cuidar de pessoas, cantar, Adventista do Chile; interesses: ler e casada; formada em Educação para
pregar, ler e orar; correspondência em ajudar no Clube de Desbravadores; o nível fundamental; interesses:
inglês. Endereço: Health Care Centre, correspondência em espanhol. E- ler, passar tempo com crianças e
No. 69 Faith Road, P. O. Box 2992, mail: luisalmendras_8@hotmail.com. ouvir música cristã; correspondên-
UYO, Akwa Ibom State, NIGÉRIA. CHILE. cia em espanhol ou inglês. E-mail:
Carolina Soledad Abrigó: 19; Adriana Gisele Álvarez: 21; sol- castrocaroll@hotmail.com ou carollca
solteira; estudante de Nutrição na teira; estudante de Comunicação stro@misionvidaperu.org. PERU.
Universidade Adventista del Plata; com especialização em Jornalismo na Elia Rosa Carrillo: 41; casada; for-
interesses: nadar, acampar e conhecer Universidade Nacional de Quilmes; mada em Medicina pela Universidade
novas pessoas; correspondência em interesses: atividades com adolescentes de Matanzas e especialista em aler-
espanhol. E-mail: soledadabrigo@al. na igreja, locutora de programa de gias; interesses: partilhar o Evangelho
uap.edu.ar. ARGENTINA. rádio, ler e escrever; correspondên-
Natalia Loureiro Gama Acioli: cia em espanhol. E-mail: agatha_
20; solteira; estudante de Educação
no Unasp; interesses: fazer novas
storni@yahoo.com.ar. ARGENTINA.
Samuel Kofi Arhin: solteiro; estu- Diálogo grátis
amizades e conhecer outras cultu- dante de Medicina na Universidade para você!
ras; correspondência em português, de Wenzhou; interesses: ler a Bíblia;
Se você é um estudante adventista do sétimo
inglês ou espanhol. E-mail: natalia. correspondência em inglês. E-mail: dia que freqüenta faculdade ou universidade
acioli@yahoo.com.br. BRASIL samkoarhin@yahoo.co.uk. CHINA. não-adventista, a Igreja tem um plano que lhe
Emem Akpan: 35; solteiro; forma- Collins Attakokah: 17; solteiro; permitirá receber gratuitamente a revista Diálogo
do em Programação de Computadores estudante na Escola Asanteman e enquanto você estiver estudando (aqueles que
e é estudante de Teologia na membro da Associação Nacional de não são mais estudantes podem assinar Diálogo
Universidade Babcock; interesses: Estudantes Adventistas; interesses: usando o cupom da página 6). Entre em contato
viajar, fazer amizades, acampar e ler; ter amigos adventistas ao redor do com o diretor do Departamento de Educação
correspondência em inglês. E-mail: mundo; correspondência em inglês. ou do Departamento de Jovens de sua União,
elderemema2000@yahoo.com ou bro- Endereço: Box 3776, Asanteman e peça que seu nome seja colocado na lista de
wseme@37.com. NIGÉRIA. School, Kumasi, GANA. distribuição da revista. Forneça seu nome com-
pleto, endereço, faculdade ou universidade onde
Joseph Emmanuel Akpan: 30; Abda Suelen Chaves Becker: 19;
está estudando, o curso que está fazendo e o
solteiro; formado em Medicina pela solteira; estudante de Enfermagem nome da igreja onde você é membro. Você pode
Universidade de Calabar; interesses: no Instituto Adventista do Paraná; também escrever para os nossos representantes
estudar a Bíblia, cuidar de pessoas, interesses: ler, praticar esportes e cole- regionais nos endereços indicados na página 2,
viajar, ouvir música evangélica e ler cionar cartões telefônicos; correspon- anexando uma cópia da carta que enviou aos
livros cristãos; correspondência em dência em português. E-mail: abda_ diretores da União já mencionados. Caso os
inglês. Endereço: Health Care Centre, becker_8@hotmail.com. BRASIL. passos acima não produzirem nenhum resultado,
N° 10 Akpan Akpa udo Street, Confesor Paulino Cabrera: 41; você poderá contatar-nos via
P.O.Box 2992, Uyo, Akwa Ibom solteiro; formado em Psicologia e-mail: schulzs@gc.adventist.org

DIÁLOGO 20•2 2008 Inserção A


e ler; correspondência em espanhol ou Antigua 5700, FILIPINAS. vianapaty@hotmail.com. BRASIL.
inglês. Endereço: Laborde No. 988 e/ Mauricio Wendell Firmino: 23; Saul Hernandez P.: 20, soltei-
n 20 y 21, Cárdenas, Matanzas, C.O. solteiro; estudante de Matemática ro; estudante de Engenharia da
42110, CUBA. no Centro Universitário Adventista Informática; interesses: ler, pregar
Richard Amed Chuquimia C.: 29; de São Paulo; interesses: fazer novas e acampar; correspondência em
solteiro; estudante de Contabilidade amizades; correspondência em portu- espanhol ou inglês. E-mail: saul_
e Administração na Universidade guês ou espanhol. E-mail: mauricio. ska23@hotmail.com. MÉXICO.
Adventista da Bolívia; interesses: wendell@bol.com.br. BRASIL. Candy Javalera: 23; solteira;
partilhar temas bíblicos com amigos, José Ricardo Fresnada T.: 26; sol- formada em Engenharia Industrial;
futebol e Clube de Desbravadores; teiro; formado em Enfermagem com interesses: ler e música; correspon-
correspondência em espanhol. E-mail: especialização em Terapia Intensiva; dência em espanhol ou inglês. E-
richard.chuquimia@adra.org.bo. interesses: fazer novas amizades; cor- mail: cj_reinalinda13@hotmail.com.
BOLÍVIA. respondência em espanhol ou inglês. RUPÚBLICA DOMINICANA.
Roger Eric Conrado T.: 38; Endereço: Apartado 74, Correo Teri K. Lopez: interesses: genea-
professor e administrador; interes- Central, Holguín-1, C.P. 80 100, logia, visitar locais históricos, visitar
ses: serviço comunitário e leitura CUBA. brechós e vendas de garagem, colecio-
de materiais evangelísticos; corres- Olga Marly Galindo: 37; soltei- nar coalas e baleias de pelúcia, pescar,
pondência em espanhol. E-mail: ra; formada em Psicologia Infantil ler, fazer tricô, música, esportes, cro-
rogeretcon3@hotmail.com. PERU. e Educação Especial; interesses: chê, bordado em ponto-cruz, filmes,
Arelis Raquel De León S.: 22; acampar, viajar, pregar e cantar; cor- desenho de plantas/arquitetura e pala-
solteira; estudante de Engenharia da respondência em espanhol ou inglês. vras cruzadas; correspondência em
Informática na Universidade Latina E-mail: omgg7005@hotmail.com. inglês. Endereço: 44320 Volutsia Ave.,
do Panamá; interesses: acampar, ativi- COLÔMBIA. Wichita, KS 67214-4628. EUA.
dades com o Clube de Desbravadores Argelia Garcia E.: 42; soltei- Vivian Elizabeth Machado S.:
e ministério com jovens adultos, e ra; formada em Engenharia de 20; solteira; estudante de Teologia no
informática; correspondência em Alimentação, possui mestrado em Seminário Teológico Adventista de
espanhol. E-mail: ardis24@hotmail. Desenvolvimento Regional e é pro- Cuba, interesses: fazer novas amiza-
com. PANAMÁ. fessora na Universidade Autônoma des, ler, ouvir música cristã, cantar
Jimson Echave: 19; solteiro; de Tlaxcala; interesses: processo de e viajar; correspondência em espa-
estudante de Educação para o nível desenvolvimento da América Latina, nhol ou inglês. Endereço: Seminário
secundário com ênfase em Ciências na meio ambiente e contaminação de ali- Teológico Adventista de Cuba,
Northern Luzon Adventist College; mentos; correspondência em espanhol Camino Circular, número 7, Reparto
interesses: ler, ouvir música e assistir ou inglês. E-mail: geargelia@yahoo. Santa Elena, Santiago de las Vegas,
a filmes; correspondência em inglês. com.mx. MÉXICO. Boyeros, CP 17200, CUBA.
E-mail: jimsonechave@yahoo.com.ph. Dora González G.: 46; divorcia- Doraleidy Manuel O.: 30; casada;
FILIPINAS. da; formada em Biblioteconomia e possui mestrado em Educação (para
Martins John Ekanem: 37; sol- trabalha na biblioteca de um hospital; nível superior) pela Universidade de
teiro; formado em Medicina pela interesses: ler, ir à praia, natureza e Montemorelos; interesses: ler, ouvir
Universidade de Port Harcourt; fazer turismo; correspondência em música e viajar; correspondência em
interesses: visitar e animar pessoas, espanhol. Endereço: Avenida Camilo espanhol. E-mail: ley.77@hotmail.
orar, pregar e ajudar órfãos e viúvas; Cienfuegos 357, Contramaestre, CP com. MÉXICO.
correspondência em inglês. Endereço: 92100, Santiago, CUBA. Yandi Martinez N.: 25; solteira;
Health Care Centre, No. 69 Faith Fernando Gonzalez M.: 43; casa- é pianista e gosta de música; cor-
Road, P.O.Box 2992, Uyo, Akwa do; médico urologista; correspondên- respondência em espanhol. E-mail:
Ibom State, NIGÉRIA. cia em inglês, português ou espanhol. yandi@fcmm.mtz.sld.cu. CUBA.
Daisy Figura: 30; solteira; forma- E-mail: fegon@finlay.cmw.sld.cu. Jenny Yanira Matos: 20; soltei-
da em Educação Fundamental pela CUBA. ra; estudante de Contabilidade na
Mountain View College; interesses: Patricia Viana da Graça: 18; Universidade Autônoma de Santo
viajar, música evangélica, acampar, solteira; estudante de Enfermagem Domingo; interesses: música, apreciar
caminhada, tocar piano e violão, e no Instituto Adventista Paranaense; a natureza, Clube de Desbravadores
filatelia; correspondência em inglês. interesses: fazer compras, passar e fazer novas amizades; correspon-
Endereço: c/o Cheryl F. Jordan, RTC tempo com amigos e viajar; corres- dência em espanhol e inglês. E-mail:
Branch 64, Hall of Justice, San Jose pondência em português. E-mail: jym186@hotmail.com. REPÚBLICA

Inserção B DIÁLOGO 20•2 2008


DOMINICANA. NIGÉRIA. Gaia, PORTUGAL.
Walter Melendez: 32; soltei- Melvin Encinada Ochinang: Ernesto Javier Pretell V.: 27; sol-
ro; estudante de Matemática na 29; casado; formado em Educação teiro; estudante de Administração;
Universidade de Porto Rico; inte- Industrial e Educação para o nível interesses: aprender sobre outras
resses: caminhar junto à natureza, secundário. Trabalha como biblio- culturas e intercâmbio intelectual;
música, ler e viajar; correspondên- tecário e conselheiro na ASTI; correspondência em espanhol. E-mail:
cia em espanhol. E-mail: walter_ interesses: escrever poesia, ler espe- ernestojpv@hotmail.com. PERU.
joelm@hotmail.com. PORTO RICO. cialmente a Bíblia e o Espírito de Edenia Ramalho: 34; solteira;
Maria Eugenia Moroso P.: 32; Profecia e navegar na Internet; cor- estudante de Educação; interesses:
solteira; estudante de Psicologia na respondência em inglês ou tagalog. ler, viajar, cantar e fazer novas ami-
Universidade do Mar, Sede La Serena; E-mail: gnamihco@yahoo.com.ph. zades; correspondência em português
interesses: acampar, música e estudar FILIPINAS. ou espanhol. Endereço: Rua Sidonio
sobre Jesus; correspondência em espa- Amon Onduso Ogedo: 21; sol- Messias 25, Jardim Rosa Maria;
nhol. E-mail: mempjasum@gmail. teiro; estudante de Comércio na 49100-000 São Cristovão – SE,
com. CHILE. Universidade Kenyatta; interesses: BRASIL.
Steven Moses: 27; solteiro; estu- artes, futebol e fazer novas amizades; Marlon Edenilson Reinosa C.:
dante de Teologia na Universidade correspondência em suaíli ou inglês. 18; solteiro; estudante de Informática
Adventista do Pacífico; interesses: E-mail: aogendoku@gmail.com. no Instituto Tecnológico Centro-ame-
cruzada cultural, cantar e fazer novas QUÊNIA. ricano; interesses: jogar basquetebol,
amizades; correspondência em inglês. Nubia Lorena Ordóñez A.: 24; música, cantar, acampar e fazer novas
E-mail: st_th_stevenm@pau.ac.pg. solteira; formada em Administração e amizades; correspondência em espa-
PAPUA-NOVA GUINÉ. Contabilidade, cursando mestrado na nhol. E-mail: marlon77v@hotmail.
Gratcuab F. Msapato: 36; divor- Universidade de Montemorelos; inte- com. EL SALVADOR.
ciado; estudante de Educação com resses: música, aprender sobre outras Julio César Reyes V.: 24; soltei-
ênfase em Geografia e Teologia no culturas e ler; correspondência em ro; formado em Contabilidade pela
Somasi College; interesses: cantar, espanhol. E-mail: nuby_08@hotmail. Universidade Linda Vista, e trabalha
fazer novas amizades, escrever peque- com ou nubia_lorena@yahoo.com. como obreiro; interesses: viajar, músi-
nas histórias e esportes; correspon- MÉXICO. ca e passar tempo com pessoas; cor-
dência em inglês. Endereço: P. O. Box Luis Alberto Pacheco S.: 43; sol- respondência em espanhol ou inglês.
49, Somasi College of Education, teiro; formado em Desenho Gráfico; E-mail: jcr_35@hotmail.com ou
Domasi, MALÁUI. interesses: tocar piano, flauta, astro- jcr_202002@yahoo.com. MÉXICO.
Joseph Maina Ndung’u: 21; nomia e pintura a óleo; correspon- David Sidney: 29; solteiro; médico
solteiro; cursando bacharelado em dência em espanhol ou inglês. E-mail: formado pela Universidade Autônoma
Comércio e Ciência Atuarial na lapase2002@yahoo.es. COLÔMBIA. de Santo Domingo; interesses: estu-
Universidade Kenyatta; interesses: Geraldine F. Pagaduan: 39; soltei- dar para desenvolver o conhecimento
fazer novas amizades, jogar futebol ra; médica; interesses: ler e observar a espiritual, música cristã e futebol;
e ler; correspondência em suaíli ou natureza; correspondência em inglês. correspondência em creolo, fran-
inglês. E-mail: mainaj70@yahoo.com E-mail: gfpagaduan@yahoo.com.ph. cês, espanhol ou português. E-mail:
ou mainaj70@gmail.com. QUÊNIA. ou B;034 Sunshine Village, Artacho, sidneydavid@hotmail.com. Natural
Basilio Nuñez T.: solteiro; enfer- Sison, Pangasinan, FILIPINAS. do Haiti, mas vive em SANTO
meiro; interesses: idiomas, ler a Bíblia, Sony Peter: 24; solteiro; cur- DOMINGO.
filatelia e colecionar dicionários de sando mestrado em Bioquímica na Patricio Sebastián Silva P.: 31;
línguas estrangeiras; correspondên- Universidade Mahatma Gandhi; solteiro; formado em Contabilidade;
cia em espanhol, inglês, francês ou interesses: cantar, compartilhar trabalha como bombeiro voluntá-
português. Endereço: Correo Ovalle, sua fé e fazer novas amizades; cor- rio; interesses: estudar a Bíblia e
Región de Coquimbo, CHILE. respondência em inglês. E-mail: aprender mais sobre Jesus, esportes;
Chukwuka Victor Nwachukwu: sonypeter29@gmail.com. ÍNDIA. correspondência em espanhol. E-
20; solteiro; estudante de Maria de Fátima Jesus Pinto: mail: estudiocontable5@gmail.com.
Administração e Gerenciamento 50; solteira; interesses: caminhadas, CHILE.
na Universidade da Nigéria; inte- nadar, ler e passar tempo com pesso- José Marcus Fabrício Rhamiler
resses: futebol, cantar à capela e as; correspondência em português ou Alves Carvalho Barreto Silva: 19;
ler; correspondência em inglês. E- italiano. Endereço: Rua dos Pinheiros, solteiro; estudante de Matemática na
mail: nwachukis2002@yahoo.com. 96 – 2° Fte., 4430-494 Vila Nova Universidade Federal do Pará; interes-

DIÁLOGO 20•2 2008 Inserção C


ses: ler, ouvir música, cantar, viajar e evangelismo e artes gráficas; cor- correspondência em inglês. E-mail:
fazer novas amizades; correspondência respondência em inglês. Endereço: sammycares2000@yahoo.co.uk.
em português, espanhol ou inglês. E- MDF Workshops, P/Box 50, Zomba, NIGÉRIA.
mail: jmarcusbarreto@yahoo.com.br. MALAUÍ. Enos Simiyu Wangette: 35;
BRASIL. Ann Caroline Tobo: 20; solteira; casado; estudante de Eletrônica e
Iyke Enyioma Solomon: 23; sol- estudante de Filosofia; interesses: Instrumentação na Universidade de
teiro; estudante de Enfermagem na estudar a Bíblia, ouvir música religio- Nairobi; interesses: ler jornal, fazer
Universidade Babcock; interesses: sa, viajar e esportes; correspondência visitas e estar informado; correspon-
ler, fazer amizades e viajar; corres- em francês ou espanhol. Endereço: B. dência em inglês ou francês. E-mail:
pondência em inglês. E-mail: solo_ Postale 22 AWAE, Département de la enoswangetti@yahoo.com. QUÊNIA.
iyke@yahoo.com. NIGÉRIA. Mefou Afamba, CAMARÕES. René Sibrián Zelaya: 38; casa-
Maina Kimurgor Sum: 27; sexo Yelkis L. Vega M.: 20; solteira; do; formado em Engenharia pela
masculino; estudante de Ciência estudante de Direito; interesses: ler, Universidade de El Salvador; inte-
Médica Laboratorial na Universidade cozinhar, viajar, acampar e fazer novas resses: ler, fazer novas amizades
de Eastern África; interesses: viajar, amizades; correspondência em espa- e ajudar nas atividades do Clube
música evangélica, evangelismo e nhol. E-mail: yelkislinette15@yahoo. de Desbravadores; correspon-
troca de informações culturais; cor- es. PANAMÁ. dência em espanhol, português,
respondência em inglês ou francês. Erick Fernando Veliz V.: 25; inglês, francês ou italiano. E-
E-mail: sum2002ke@yahoo.com. solteiro; estudante de Teologia e mail: renesibrian@gmail.com. EL
QUÊNIA. Saúde Pública na Universidade SALVADOR.
Sunday Udo Sunday: 35; sol- União Peruana; interesses: ler, cole-
teiro; formado em Medicina pela cionar CDs de diferentes países
Universidade da Nigéria; interesses:
partilhar experiências cristãs, orar,
e línguas. Trabalha para o Clube
de Desbravadores; correspondên-
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ajudar e servir às pessoas; correspon- cia em espanhol. E-mail: veliz_ Se você é universitário ou profissional
dência em inglês. Endereço: Health upeu@hotmail.com. PERU. adventista e quer ter seu nome listado aqui,
Care Centre, No. 13 Akpan Akpa Silbomana Vincent: 26; soltei- envie-nos as seguintes informações: (1) seu
Udo Street, P. O. Box 2992, Uyo, ra; estudante no KIST; interesses: nome completo, com o sobrenome em
letras maiúsculas; (2) sua idade; (3) sexo;
Akwa Ibom State, NIGÉRIA. natureza, música e viajar; corres- (4) estado civil; (5) estudos correntes ou
Daysie Lynn Taboclaon: 20; pondência em francês ou inglês. diploma obtido e especialidade; (6) faculdade
solteira; estudante de BSN-2 na E-mail: jacquessi@inbox.rw ou ou universidade que está freqüentando ou
Faculdade Adventista do Sul das sibojvincent@yahoo.fr. RUANDA. na qual graduou-se; (7) três principais pas-
Filipinas; interesses: ler, futebol, Daniel Ferraz Viude: 24; soltei- satempos ou interesses; (8) línguas nas quais
álbuns de fotos e recortes; corres- ro; formado em Enfermagem pela quer se corresponder; (9) o nome da con-
pondência em inglês. E-mail: www. Universidade Estadual de Londrina; gregação adventista da qual é membro; (10)
cinderella_818_dlmt@yahoo. interesses: enfermagem, colecionar seu endereço postal; (11) seu e-mail, caso o
com. Endereço: Blk-3 Lot 3, Sweet Bíblias em outros idiomas e vegetaria- tenha. Por favor, datilografe ou use letra de
Tamarind Homeowners, Association nismo; correspondência em português imprensa clara. Envie esta informação para
Diálogo Interchange; 12501 Old Columbia
Sodaco Barangay Lizada, Toril, Davao ou inglês. E-mail: dnlviude@bol.com.
Pike; Silver Spring, MD 20904-6600, EUA.
City, 8025, FILIPINAS. br. BRASIL. Você pode também usar e-mail: schulzs@gc.
Arnold Isaac Thamata: 34; sol- Samuel Ugwube: 29; soltei- adventist.org. Apenas poremos na lista aque-
teiro; interesses: ler, escrever, viajar, ro; estudante de Matemática na les que fornecerem os dez itens de infor-
jardinagem, ouvir música religiosa, Universidade Estadual Rivers; inte- mação requerida acima. Diálogo não assume
troca de fotografias, literatura de resses: tocar teclado, futebol e viajar; responsabilidade pela exatidão da informação
dada ou pelo conteúdo da correspondência
que possa resultar.

Inserção D DIÁLOGO 20•2 2008

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