Documenti di Didattica
Documenti di Professioni
Documenti di Cultura
BATATAIS
2008
5
Batatais
2008
6
RESUMO
leitura. Gera muita ansiedade para pais e educadores que não sabem agir diante das dificuldades
de aprendizagem das crianças afetadas. Diante deste problema, encontram-se crianças disléxicas
“excluídas” da escola por não se adequarem ao ensino tradicional e sendo retidas sucessivas
vezes, comprometendo sua auto-imagem e sua vida, bem como a vida dos que estão em seu
entorno. Dessa forma, foi realizada uma pesquisa bibliográfica, com o objetivo de analisar o tema
de aula. O diagnóstico deste transtorno é difícil, pois envolve muitas características distintas e
uma grande equipe de profissionais, o que torna o processo ainda mais lento e oneroso para a
família que muitas vezes não possui recursos para financiar o tratamento ou a quem recorrer para
que a ajude, o que acaba condenando a criança ao fracasso escolar e até mesmo uma possível
evasão.
de Aprendizagem.
8
Sumário
INTRODUÇÃO ............................................................................................................................... 9
CAPÍTULO I –A DISLEXIA. ....................................................................................................... 13
1.1 - Algumas Definições de Dislexia. .................................................................................. 13
1.2- Dificuldade de Aprendizagem X Distúrbio de Aprendizagem X Dislexia. ................... 16
1.3- Dislexia: Diferentes Abordagens. .................................................................................. 17
CAPÍTULO II – A DISLEXIA OU AS DISLEXIAS? ................................................................. 19
2.1 Dislexias Adquiridas. ...................................................................................................... 19
2.2- Dislexias do Desenvolvimento. ...................................................................................... 22
CAPÍTULO III – NA EQUIPE MULTIDISCIPLINAR: O PAPEL DO PROFESSOR E DO
PSICOPEDAGOGO. ..................................................................................................................... 24
3.1 O Papel do Professor ....................................................................................................... 25
3.2- O Papel do Psicopedagogo Institucional ........................................................................ 27
CONSIDERAÇÕES FINAIS. ....................................................................................................... 29
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................................. 34
9
INTRODUÇÃO
traz dificuldades para que a criança aprenda a ler e escrever e com isso gera muita ansiedade e
frustração para professores, crianças e pais. Neste presente trabalho pretende-se estudar os
métodos e instrumentos diferenciados para que um aluno com dislexia possa ser alfabetizado de
construídos por outros estudiosos. De forma que utilizamos diversos recursos bibliográficos, tais
como livro, documentos oficiais, artigos de revistas acadêmicas, bem como revistas
Começa-se com a etimologia da palavra dislexia: ela deriva de dyz -,mal em grego e lexia
que quer dizer linguagem e em latim quer dizer leitura, ou seja, um distúrbio da linguagem ou da
leitura. Uma criança que não é capaz de adquirir a linguagem como as outras ou é capaz de ler,
afirmar que a melhor maneira de um disléxico aprender a ler é através da ativação de todos os
sentidos”. (ESTILL, Ano, 2003). Além do trabalho multissensorial, é fundamental para um bom
trabalho com as crianças com dislexia, que este seja individualizado, uma vez que existem três
graus de dislexia – leve, moderado e severo – onde o parâmetro que determinará o que deve ou
não ser trabalhado é a própria avaliação da criança disléxica. A avaliação de uma criança com
dislexia deve ser feita por uma equipe multidisciplinar – psicopedagogo, pedagogo, neurologista,
10
Em geral, esse distúrbio é percebido pelos pais e escola assim que começa o processo de
alfabetização desta criança. Apesar de o recomendado é avaliá-la apenas após o período de dois
anos sendo alfabetizada, ou seja, no princípio da terceira série, existem indícios de que a criança
apresenta os distúrbios que podem ser detectados ainda na educação infantil, como por exemplo:
reconhecer e produzir rimas, contar ou recontar, lembrar nomes e símbolos, entre outros. “Quanto
A dislexia é um distúrbio que gera muita ansiedade para pais e educadores que não sabem
agir diante das dificuldades de aprendizagem das crianças afetadas. Diante desse problema,
encontramos crianças disléxicas sendo “excluídas” da escola por não se adequarem ao ensino
tradicional e serem retidas sucessivas vezes, comprometendo sua auto-imagem e sua vida bem
Este estudo é de grande valia para a ciência, pais e professores, pois pretende esclarecer o
que é este transtorno de aprendizagem ainda tão pouco conhecido chamado dislexia, ou como
veremos mais adiante, as dislexias. Para os professores é ainda mais importante, pois para o
profissional da educação que tenha aluno ou alunos com as características neste trabalho citadas e
que não sabem como devem agir, este estudo traz estratégias para a atuação do professor, que
poderão ser aplicadas a diversos alunos com características semelhantes à dislexia. Outro ponto
dicionário Aurélio1, um dos mais tradicionais no Brasil, encontra-se a descrição de dislexia como
uma dificuldade mental e patológica de ler e, para o dicionário on-line Michaelis 2 , dislexia
termos esses que se misturam e acabam confundindo pais e professores. Este estudo se propõe
também a apontar as principais diferenças entre os termos acima citados. Ao final do primeiro
capítulo encontra-se as abordagens de trabalho com as crianças com dislexia: abordagem clínica e
fechado e, sim, um transtorno com diversas variantes possíveis, tendo incomum a dificuldade na
podendo, ser genética ou hereditária, ou ainda ser consequência de uma lesão cerebral. As
dislexias podem ser de ordem visual, uma dificuldade em visualizar a palavra; ou ser de ordem
semântica, quando a dificuldade reside nos significados. O segundo capítulo apresenta alguns dos
1
Dicionário Aurélio, 1ª edição, 15ª impressão, 1975
2
Consultado no site: http://michaelis.uol.com.br/moderno/portugues/index.php?lingua=portugues-
portugues&palavra=dislexia
12
Por serem muitos os diagnósticos possíveis para a dislexia, se faz necessária uma equipe
ator muito importante, pois irá acompanhar a criança disléxica diariamente, por isso, este trabalho
psicopedagogo será de avaliar esta criança e criar estratégias de atuação que auxiliará o professor,
CAPÍTULO I –A DISLEXIA.
Para dar início a este capítulo é importante ressaltar a diferença entre dificuldade de
caso.
ser evolutivas ou transitórias, como também podem ser secundárias a outras patologias, como
de aprendizagem são aqueles previstos e descritos nos manuais de diagnósticos como CID-103 e
o DSM – IV4.
relacionada com as competências”. Uma definição que usa critérios excludentes e bastante
3
Código Internacional de Doenças.
4
O DSM IV (ou DSM-IV), abreviatura de Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders - Fourth
Edition (Manual Diagnóstico e Estatístico de Doenças Mentais )
5
Segundo o site da British Dyslex!a Association. http://www.bdadyslexia.org.uk/research.html#what acessado em
novembro de 2008
14
Já a Associação Brasileira de Dislexia (2008) tem uma definição mais ampla, observe:
Dislexia
Definida como um distúrbio ou transtorno de aprendizagem na área
da leitura, escrita e soletração, a dislexia é o distúrbio de maior
incidência nas salas de aula. Pesquisas realizadas em vários países
mostram que entre 05% e 17% da população mundial é disléxica. 6
E por fim, a definição da Organização Mundial de Saúde (2008) que consta no CID-10:
aquisição da leitura e da escrita. Segundo Ellis (1995, 37) “transtorno decorrente do fracasso na
habilidade alfabética que acarreta sérias implicações para a escrita e para qualquer tipo de leitura
Existem muitas teorias sobre a origem da dislexia, mas não existe um consenso. Acredita-
se que possa ter causa genética e hereditária, sendo mais comum nos meninos. Uma linha teórica
acredita que em torno da 20ª a 23ª semana de gestação, os neurônios migram do núcleo para a
6
Consultado no site oficial da Associação Brasileira de Dislexia. http://www.dislexia.org.br/ acesso em novembro de
2008.
7
Consultado no site do governo. http://www.datasus.gov.br/cid10/v2008/webhelp/cid10.htm acesso em novembro de
2008.
15
periferia do cérebro dos fetos, e que nos disléxicos alguns destes neurônios se “perderiam” no
Indicadores
Possibilidade de atraso de linguagem.
Dificuldade em nomeação.
Dificuldade na aprendizagem de música com rimas.
Palavras pronunciadas incorretamente; persistência de fala infantilizada.
Dificuldade em aprender e se lembrar dos nomes das letras.
Falha em entender que palavras podem ser divididas (sílabas e sons).
Dificuldade de alfabetização.
Dificuldades básicas
Dificuldade de alfabetização.
Leitura sob esforço.
Leitura oral entrecortada, com pouca entonação.
Tropeços na leitura de palavras longas e não familiares.
Adivinhações de palavras.
Necessidade do uso do contexto para entender o que está sendo lido.
Alterações na escrita
Omissões, trocas, inversões de grafemas – (surdo/sonoro: p/b,t/d, K/g, f/v,
s/z, x/j; em sílabas complexas: paria ao invés de praia, trita ao invés de
trinta)
e outros desvios fonológicos.
Dificuldade na expressão através da escrita.
Dificuldades na concordância (sem que apresente oralmente)
Dificuldade na organização e elaboração de textos escritos.
Dificuldades em escrever palavras irregulares (sem correspondência
direta entre grafema e fonema – “dificuldades
ortográficas”).(MOUSINHO, 2007, p. 32)
Podemos observar que muitos destes sinais também são percebidos em crianças com
dificuldade de aprendizagem, por isso é necessária uma equipe multidisciplinar para dar um
diagnóstico correto, e mesmo com uma equipe com diversos especialistas, não é um diagnóstico
fácil de ser feito. Falaremos um pouco mais sobre a equipe multidisciplinar no terceiro capítulo.
16
Dificuldade de Aprendizagem
Segundo Santos & Maturano (1999), são aquelas dificuldades que se apresentam ou são
percebidas quando a criança é inserida no ensino formal, inclui problemas internos do sistema
inferioridade.
Distúrbio de Aprendizagem
problemas na leitura, na escrita e na matemática. Muitas vezes a criança tem inteligência normal,
mas apresenta distúrbio fonológico, falhas nas habilidades sintáticas, semânticas e pragmáticas da
histórias, sequenciamento lógico dos eventos no texto, dificuldade para responder a perguntas
anos de vida.
Dislexia
Na dislexia, temos pessoas com inteligência normal que podem ou não apresentar
distúrbios fonológicos antes da escolarização, mas que possuem falhas nas habilidades sintáticas,
17
para recontagem de histórias, ou seja, para usar a memória, dificuldade com o conteúdo textual e
atividades matemáticas que envolvam leitura prévia (enunciados). Apresentam uma defasagem
texto.
Durante muito tempo (e ainda encontra-se) uma tendência à medicalização dos problemas
abordagem educacional.
escola e as práticas pedagógicas como co-responsáveis pela situação. Na abordagem clínica são
8
As informações contidas neste capítulo formam retiradas de uma palestra sobre educação especial ao CAPE –
Centro de Apoio Pedagógico Especializado da Secretaria de Educação do Estado de São Paulo, ministrada por
Cláudia Regina Mosca Giroto.
19
Neste segundo capítulo, procura-se mostrar as muitas nuances possíveis das dislexias,
enfatizar sua complexidade e assim demonstrar que por serem muitos os gradientes possíveis, não
Quando nos propomos a estudar a dislexia, nos deparamos com uma mudança na flexão
numérica deste substantivo, deixa de ser “a dislexia” e passamos a estudar “as dislexias”.
Ellis (1992) nos mostra alguns estudos de caso que ilustram as diferentes formas de
Segundo Ellis (1995), uma dislexia adquirida seria aquela consequente de danos ao
cérebro. “Os transtornos que afetam a compreensão ou a produção da linguagem falada e que
ocorrem como uma consequência de dano cerebral, são conhecidas como afasias.” (ibid, 1995, p.
46). Um dano cerebral pode afetar certos aspectos da leitura de um paciente e outros aspectos
As dislexias periféricas são transtornos nos quais o sistema de análise visual está
danificado, resultando em uma faixa de condições, nas quais a percepção de letras nas
palavras está prejudicada. As dislexias centrais são um agrupamento de transtornos nos
quais os processos, além do sistema de análise visual, estão danificados, resultando em
dificuldades que afetam a compreensão e/ou comunicação de palavras escritas. (ibid,
1995, p. 48.)
20
Podem ser classificadas como: dislexia por negligência, dislexia de atenção e a leitura
letra-por-letra.
Dislexia por negligência: cometem erros que afetam a primeira ou primeiras letras das
palavras. “O problema surge de um fracasso para atentar para o lado esquerdo das palavras” (ibid,
p. 48)
Dislexia da atenção: segundo a autora, pessoas com este tipo de dislexia, são
quando encontram várias letras em uma cadeia ou diversas palavras na página. Neste grupo o
foco sobre uma letra ou palavra que está sendo identificada e para garantir que o indivíduo não
seja suplantado por demasiadas informações de outros pontos no mundo visual.” (ibid, 1995, p.
50).
Leitura letra-por-letra: São indivíduos que identificam uma letra de cada vez antes de
dizerem a palavra completa “estão reduzidos a um processo de identificação serial, de uma letra
Dislexia Profunda.
Leitura não semântica: são pessoas que podem ler em voz alta com certa habilidade, mas
não lê através de significados. Existe uma preservação da leitura com a perda da compreensão
Dislexia de superfície: São pessoas que ao lerem as palavras, as decompõem “em letras
A autora nos mostra que isso funciona bem com palavras regulares, pois nessas palavras,
existem uma relação direta entre letra-som, mas este tipo de leitura falha com palavras
irregulares, citando ela um caso onde a paciente lê a palavra “broad” como “brôde”. Apesar da
pronuncia incorreta, neste caso o paciente saberá o que significa a palavra ainda que mal
pronunciada, o que não ocorre com a pessoa com a leitura não semântica.
Dislexia Fonológica: “é uma forma leve de dislexia adquirida, que poderia ser facilmente
ignorada” (ibid, p. 52) podem ler bem as palavras reais, mas são incapazes de ler palavras não
familiares ou não-palavras9 inventadas. “muitas das crianças diagnosticadas como tendo dislexia
adquirida, a tal ponto que tornou-se algo comum os psicólogos falarem acerca da ‘dislexia
Dislexia Profunda: os disléxicos profundos consideram, segundo Ellis, que palavras com
referência concreta e imaginável como mais fácil de ler do que palavras abstratas. Assim como
no caso anterior, o disléxico profundo não consegue ler palavras não familiares e não-palavras.
“A incapacidade quase completa dos disléxicos profundos para lerem não-palavras em voz alta,
sugere que eles também perderam (...) as conexões entre o sistema de análise visual e o nível do
9
São palavras inventadas, é apenas juntar letras para formar cadeias que poderiam ser palavras, mas que não são.(...)
Essas palavras inventadas são chamadas(...) de “pseudopalavras” ou “não-palavras”. (ELLIS,1995 p.20)
22
presente trabalho.
Ellis (1992) faz um amplo estudo sobre a dislexia fonológica do desenvolvimento e sobre
a dislexia de superfície do desenvolvimento. Entretanto, existem outros estudos que citam mais
alguns tipos de dislexia de desenvolvimento. São elas: dislexia disfonética, dislexia diseidética,
Dislexia Fonológica do Desenvolvimento: são leitores que não se saem “melhor na leitura
de palavras regulares do que de palavras irregulares e cometia erros visuais em ambas” (ibid, p.
letras em sons, ou seja, são capazes de ler razoavelmente bem palavras regulares, mas como no
caso da dislexia de superfície encontram dificuldades para ler palavras irregulares, tendendo a
regularizá-las (como no exemplo de “broad” lido como “brôde”) e tendo grande dificuldade
com não-palavras.
dos fonemas; faz leitura silábica, aglutinação e fragmentação de palavras e trocas por
equivalentes fonéticos.
10
Informações apresentadas na palestra de Claudia Regina Mosca Giroto.
23
Através desta leitura podemos perceber que existem muitas formas de dislexia, que são ao
características e sintomas.
A dislexia não é uma doença como sarampo, que possa ser claramente diagnosticada ou
não. Existe um gradiente, indo desde boa te má leitura, e o ponto onde podemos traçar
uma linha e dizer que as crianças abaixo desta são candidatas ao rótulo de “disléxicas”
(...) é demasiadamente arbitrário. (ELLIS, 1995, p 107).
diagnóstico da dislexia. Ainda existem muitos estudos acerca desse transtorno, o que significa
que ainda podemos ainda mais subdivisões de categorias sobre a dislexia. No próximo capítulo
Neste último capítulo, falaremos um pouco sobre as especialidades dos atores que
participam da equipe multidisciplinar que deve atuar com a pessoa com dislexia. Dando uma
maior ênfase ao professor, que irá interagir diretamente e diariamente com o aluno com dislexia,
é aberto um pouco o estudo sobre o papel do psicopedagogo que irá também atuar com esta
criança.
exige uma equipe multidisciplinar para que seja feito um diagnóstico, intervenção e o
acompanhamento do disléxico.
educativas.
Neurologista: Identifica fatores neurológicos que possam estar envolvidos por meios de
professor tem um papel importante e essencial neste momento, pois cabe a ele, percebendo as
dificuldades desta criança, ajudar e incentivar este aluno” (Ibid, p. 63). Mas estará o professor
apto a tais atribuições? Estará ele capacitado para lidar com uma dificuldade tão complexa?
auxiliar e na capacidade de seu aluno com dislexia de ser auxiliado. Muitas vezes o professor se
sente inseguro e ansioso por não conseguir orientar o aluno e a família adequadamente por
desconhecer a dislexia.
Muitos pais e professores podem pensar que diagnosticar um aluno como disléxico irá
O professor que tiver um aluno com dislexia, deve utilizar recursos multissensoriais, pois
fonológica e apropriação do sistema alfabético, como já vimos nos capítulos anteriores. Ele
deverá estar atento a uma série de sinais que ajudam a identificar a criança com dislexia, e como
26
ele tem um maior tempo com a criança, assim como seus familiares, é normal que sejam eles os
primeiros a notar qualquer sintoma ou sinal de dislexia e, assim, encaminhá-la para fazer um
diagnóstico correto.
leitura e da escrita.
É fundamental que todos os professores, tenham ele ou não alunos com dislexia, busquem
sempre formas para melhor auxiliar o aluno a compreender um texto, pois o importante é adequar
o texto ao leitor e não o leitor ao texto. “Sempre que sabemos ‘o que e por que’ trabalhar, o
‘como’ trabalhar fica mais fácil para criar.” (ESTILL, 2003 p. 71)
O professor também deverá estar atento às principais dificuldades de seus alunos e assim
ensinar estratégias que o auxiliem no processo de estudo e compreensão do texto, como por
para o leitor disléxico devemos pensar num sistema inicial de co-regulação entre professor e
Além disso, é necessário que o professor seja sensível às limitações e dificuldades dos
seus alunos, evitando assim situações constrangedoras (como fazê-los ler em voz alta). É
fundamental fazer um reforço positivo de seus acertos e trabalhar a auto-estima de seus alunos,
que geralmente é bem baixa. Uma boa estratégia é esquematizar o conteúdo utilizando palavras
chaves.
O sistema de avaliação para o disléxico também deve ser diferenciado, pois em geral eles
não gostam de fazer provas, pois têm dificuldades em ler as perguntas e enunciados, como
27
também em escrever as respostas. Como têm a escrita lenta, não conseguem terminar a prova
O ideal é que ao elaborar, aplicar e corrigir estas avaliações, sejam tomados alguns
cuidados:
- Ler a questão junto com o aluno, de forma que ele entenda o que está sendo perguntado;
- Mostrar-se solícito para caso seja necessário esclarecer alguma dúvida sobre o que está
sendo perguntado;
- Dar-lhe tempo necessário para que ele possa fazer a prova com calma;
- Ao recolher a prova, verificar as respostas, e caso haja dúvida, perguntar ao aluno o que
ele quis dizer com o que escreveu, e escrever próximo a resposta dele.
Sobre o papel do professor, cabe ser um agente de transformação, para que ele possa
alcançar todos os seus alunos, inclusive os disléxicos. “Se o disléxico não pode aprender do jeito
que ensinamos, temos que ensinar do jeito que ele aprende.” (ibid, p. 77)
se comparado aos demais especialistas da equipe multidisciplinar, e por isso ainda vem
batalhando pelo seu campo de atuação, que muitas vezes é desconhecido e não reconhecido pela
própria escola. Para isso cabe ressaltar que “a Psicopedagogia trabalha e estuda o processo de
emocionais, sociais, visando o sucesso nos diversos contextos em que atua.” (LOPES &
OLIVEIRA, 2007, p 1). Segundo Freitas (apud LOPES & OLIVEIRA, 2008, p. 1) a intervenção
compreender a dislexia e assim elaborar estratégias para trabalhar de forma significativa com o
Moojen (2003, p.3) nos traz três objetivos a serem alcançados ao se trabalhar com uma
estratégias, orientação mais concreta com propostas e atividades aplicáveis. E aí reside o desafio
do psicopedagogo institucional.
29
CONSIDERAÇÕES FINAIS.
Longo é o caminho para quem pretende se enveredar pelos campos da dislexia, uma vez
que é muito amplo e complexo. Como as dislexias possuem muitas variantes, existem muitas
leitura sob esforço, entrecortada e com pouca entonação; falta de compreensão dos significados
dos textos, alterações na escrita como omissões, trocas e inversões de grafemas; e outros desvios
fonológicos.
Brasileira de Dislexia (2008) é de 05% à 17% de pessoas no mundo. Uma pesquisa realizada
entre janeiro e junho de 2008 informa que a relação de diagnósticos comprovados de dislexia é
maior em homem, aproximadamente de 2 a 3 homens para cada mulher. Não existem dados ou
pesquisas consistentes que indiquem a incidência da dislexia no Brasil, mas costuma-se supor um
mais abrangente encontrada no CID-10, onde encontramos que este é um transtorno específico da
inadequada.
aprendizagem e dislexia, são termos que se misturam muito no contexto escolar, gerando
confusão para pais e professores, dificuldades de aprendizagens são aquelas com origens
30
acarreta em problemas na leitura, escrita e na matemática, por exemplos, crianças com doenças
abordagem educacional. Na abordagem clínica existe uma relação entre a saúde e a educação,
As dislexias podem ter duas origens. As dislexias podem ter origem genética e hereditária,
são as dislexias do desenvolvimento; ou ter origem em uma lesão cerebral ou afasia cerebral, que
ocorre um déficit no sistema visual e na segunda na análise semântica ainda que acompanhe
melhor leitura nas palavras regulares e dificuldades com palavras irregulares; dislexia de
superfície do desenvolvimento, são leitores que convertem letras em sons, o que funciona com
São muitos os diagnósticos possíveis, por isso é necessário uma equipe multidisciplinar
11
Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade.
31
da criança com dislexia, pois ele passa a maior parte do tempo com a criança e deve dar a ela
atenção diferenciada. O professor deve se sentir capaz de auxiliar e ser acreditar que seu aluno é
O professor pode se sentir inseguro e ansioso diante de um aluno com dislexia, e isso
ocorre por desconhecer as características do transtorno, desconhecer como proceder com ele e
orientar a família igualmente ansiosa. O ideal é que esse professor seja assessorado por alguém
mais preparado para lidar com esse tipo de transtorno, como o psicopedagogo.
de: memória auditiva; visual; consciência fonológica e apropriação do sistema alfabético. Este
aluno deve ser encaminhado para uma avaliação adequada afim de que se faça um diagnóstico
apropriado. Quanto antes for feito o diagnóstico correto melhor para que se oferecer um
Não existe um método eficaz e sim estratégias que devem ser utilizadas. Emprega-se
usado com sucesso os recursos multissensoriais, trabalhando ao mesmo tempo os sentidos visual,
auditivo e tátil.
O professor deve evitar qualquer situação que gere constrangimento ao aluno (como ler
em voz alta para turma), esquematizar o conteúdo em palavras chaves, fazer reforço positivo dos
acertos e trabalhar a auto-estima de seus alunos. Quando fizer avaliações, deve minimizar a
importância dos erros, pois estes alunos em geral têm baixa auto-estima e tais correções tem
efeitos negativos sobre a criança, piorando assim sua auto-imagem. Por outro lado, elogios
progressos. Ao avaliar este aluno, o professor deve ter postura diferenciada; deve ler as questões
32
junto com o aluno, de forma que ele entenda o que está sendo perguntado, dar-lhe tempo
necessário para que faça a prova com calma, promover avaliações orais etc.
educacional e seu objetivo final é reintegrar o disléxico ao seu mundo como alguém responsável
e competente. Para isso deve estar atento e sempre se atualizando sobre os métodos e estratégias
mais adequadas para aquele aluno. Como cada tipo dislexia de tem suas características e não
existindo uma fórmula mágica, cada criança deve ser trabalhada com estratégias próprias, únicas
e diferenciadas.
apoiar e assessorar o professor em sala de aula. Ele deve procurar estimular a linguagem oral, a
psicopedagogo para com o professor. O professor normalmente tem 30 ou mais alunos em salas
de aula, muitas vezes trabalha em mais de um turno, e sendo um ser humano com necessidades
particulares, fica difícil para ele ter um olhar individualizado para a criança com dislexia. O
atividades praticáveis em sala de aula, além de instruí-lo sobre sua postura diante deste novo
desafio. O bom profissional não irá apenas instruí-lo e deixá-lo a fazer como bem entender, pois
o professor já está bastante atarefado com a demanda de seu ofício, cabendo ao psicopedagogo
que, está de fora, auxiliar o trabalho desse professor, mantendo a parceria entre escola, criança,
família e professor.
Muitas são as definições encontradas, o que significa que existem muitas dislexias
possíveis e muitos teóricos pesquisando-as. Fechar uma definição é engessar dentro de um padrão
A educação é assim: não é uma ciência exata, mas apresenta teóricos que com suas
pesquisas tem cada vez mais contribuído para elucidar este transtorno que é a dislexia e assim
A dislexia era até bem pouco tempo totalmente desconhecida da grande maioria da
população, e como tudo que é desconhecido também é temido, crianças com dislexias eram
O diagnóstico deste transtorno é difícil, pois envolve muitas características distintas e uma
grande equipe de profissionais, o que torna o processo ainda mais lento e oneroso para a família
que muitas vezes não possue recursos para financiar o tratamento ou a quem recorrer para que a
ajude, o que acaba condenando a criança ao fracasso escolar e até uma possível evasão.
Quanto mais se estudar e promover um debate social sobre o tema, melhor será o
esclarecimento de familiares e professores, que muitas vezes percebem que o aluno é inteligente,
mas que tem um problema com a linguagem, mas não sabem ao certo o que é, e nem a quem
recorrer.
Acredito que o psicopedagogo é o profissional que tem uma grande possibilidade de fazer
a diferença na vida destas crianças, por sua grande abrangência, na área da psicologia da
Para que se consiga resolver as dificuldades escolares referentes as dislexia, antes de mais
nada é preciso conhecê-las, quanto melhor nos informarmos, melhores serão os esforços para
auxiliar a criança com dislexia a minimizar seus problemas com a linguagem. Como coloca
Lerner (2001, pg.24), “Analisar e enfrentar o real é muito duro, mas é imprescindível quando se
assumiu a decisão de fazer tudo o que é possível para alcançar o necessário: formar todos os
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
DICIONÁRIO AURÉLIO. 1ª edição, 15ª impressão. Rio de Janeiro: Editora Nova Fronteira.
1975.
http://michaelis.uol.com.br/moderno/portugues/index.php?lingua=portugues-
ELLIS, A. W. Leitura, escrita e dislexia: uma análise cognitiva. Porto Alegre: Artes Médicas,
1995.
GIROTO, C. R. M. Subsídios de ensino para alunos com necessidades especiais. Palestra para o
LERNER, D. Ler e escrever na escola: o real, o possível e o necessário. São Paulo: Artmed,
2001.
35
http://correio.fdvmg.edu.br/downloads/SemanaAcademica2007/Anais_Artigos/Dislexia_Oti