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O Evangelho do Reino

Por Theodore Austin-Sparks

Primeiramente publicado na revista "Uma Testemunha e Um Testemunho" Jan-Oct 1961, Volumes


39-1 até 39-5.

Origem: "The Gospel of the Kingdom"

Capítulo 1 - O Reino de Deus

Capítulo 2 - O Funcionamento do Reino de Deus

Capítulo 3 - O Reino e a Igreja

Capítulo 4 - A Prioridade do Reino

Capítulo 5 - A Proclamação do Reino

Capítulo 1 - O Reino de Deus

"E este evangelho do reino será pregado em todo o mundo, em testemunho a todas as nações, e
então virá o fim" (Mateus 24:14).

Cobrindo e abrangendo tudo o mais na Bíblia, e especialmente no Novo Testamento, está a frase: "o
reino de Deus". "João Batista [apareceu], pregando, dizendo... o reino dos céus está próximo"
(Mateus 3:1,2). Jesus pregou e ensinou ele, e disse que tinha chegado (Mat. 4:17). Antes da Sua
transfiguração Ele dissera que haviam alguns lá que não provariam a morte até que vissem o Reino
vindo em poder (Marcos 9:1). Após a Sua ressurreição Ele falou com os Seus discípulos sobre o
Reino (Atos 1:3).

Este era também o tema dos apóstolos. Paulo mesmo falou dele até a hora do seu encarceramento
para os que estavam em Roma: até ao fim, 'pregando o reino de Deus, e as coisas pertencentes ao
Senhor Jesus Cristo', (Atos 28:31). A carta aos Hebreus é resumida numa frase: "Pelo que,
recebendo nós um reino que não pode ser abalado..." (Heb. 12:28) literalmente, 'no decurso de
receber um reino que não pode ser abalado'. Isso explica tudo que está nessa carta. E o livro do
Apocalipse em si pode ser reunido numa sentença: "Agora é chegado... o reino do nosso Deus..."
(AP. 12:10).

Tudo isso equivale a uma declaração muito cheia, forte e abrangente, e é portanto, certamente
necessário para nós familiarizarmos com o significado do Reino de Deus. No inicio, portanto, vamos
gastar um pouco de tempo definindo o Reino de Deus, pois devemos ser claros neste assunto da
definição.

UMA DEFINIÇÃO

O que é o reino de Deus? Geralmente é acordado que a palavra 'reino' não é uma tradução muito
boa da palavra grega que está por trás. O significado à raiz da palavra original traduzida 'reino' nas
nossas Bíblias inglesas é 'governo soberano', ou 'reinado', de modo que deveria ser mais
corretamente traduzido 'o governo soberano de Deus', e devemos ter isso em mente o tempo todo.
Nós continuaremos usando a palavra 'reino', pois acharemos difícil fugir dela, mas que fique claro
que, quando usarmos a palavra 'reino' nesta conexão, estamos pensando e falando sobre o governo
soberano ou reinado de Deus.

Agora, à luz do ensino do Novo Testamento, isto tem três aspectos.

Primeiramente, significa o governo real de Deus. Depois, isto conduz para uma ordem ou natureza
de coisas características Daquele que governa. Perceba como é para ser: Uma coisa CONDUZ à
outra. Esta última condição não está sempre presente. Deus governa: isso é um fato em si; mas é
um governo soberano sobre uma área muito ampla na qual não há nada característico de Deus,
nada que estabeleça a natureza de Deus. Mas o fato e verdade de Deus governando CONDUZ à
seguinte coisa, e essa é uma ordem que toma seu caráter Daquele que governa. Isso é ao que
pretende-se conduzir, e no Novo Testamento você descobrirá que isso tem um lugar importante,
como veremos mais tarde.

E a seguir, avançando mais uma fase, o reinado soberano ou governo de Deus conduz a uma esfera
real na qual essa ordem e natureza opera, e é expressa. Isto é algo no qual podemos entrar, mas
você não pode entrar à parte das outras duas coisas; o fato do Seu absoluto Senhorio, e o fato de
que você, por uma obra poderosa de Deus, tem se tornado um 'participante da natureza Divina' (2
Pedro 1:4) - a própria natureza de Deus tem sido introduzida e uma nova ordem de coisas têm sido
criadas.

Essa é a definição do Reino de Deus. É muito importante, porque espero que você seja conduzido a
uma nova leitura de tudo que está na Palavra sobre o Reino, e você ficará confuso a menos que
você tenha claramente compreendido essa definição em seu triplo aspecto.

Não é preciso dizer que o 'Reino de Deus' e o 'Reino do Céu' não são em nenhum sentido duas
coisas diferentes. Mateus prefere o 'Reino do Céu'. Existe uma razão muito boa por que Mateus
preferia o título 'Reino do Céu', o governo soberano do Céu - ou melhor dos céus, pois a palavra não
está no singular, está no plural. Marcos, Lucas e João sempre o chama o 'Reino de Deus' - de novo,
por razões muito boas, nas quais lhe deixo cavar. Mas os dois títulos indicam a mesma coisa.

O REINO DE DEUS PRESENTE

Agora, somos expressamente informados por João Batista e pelo próprio Senhor que o Reino de
Deus ou do Céu estava 'próximo', estava 'perto', era "chegado". Numa ocasião o Senhor colocou
assim "... é chegado a vocês" (Lucas 10:9) em outra ocasião, "... está no vosso meio", ou "dentro
de vós" (Lucas 17:21). E, como já temos citado, antes da Sua transfiguração o Senhor disse, 'alguns
dos que aqui estão durante suas vidas o verão vindo em poder'. De modo que somos informados
que é presente. Porém, talvez não percebemos o quanto paira sobre essa declaração. Um sistema
inteiro de ensino tem surgido que diz que o Reino foi suspendido e entrará com a era judaica mais
tarde. Mas João disse, 'está próximo'. Jesus disse, 'é chegado'. Jesus disse, ' Vocês o verão vindo
em poder durante suas vidas', e, 'O Reino está no vosso meio' - 'ESTÁ no vosso meio'. É presente.

Mas aqui surge uma questão. Se o governo soberano de Deus e dos céus é universal e eterno, como
a Bíblia declara que é - no livro de Daniel a frase que governa tudo é "Os céus SIM governam" - de
que maneira é mais particularmente assim nesta dispensação? Deus é o Governador do universo, e
sempre foi e será. De que forma Ele é mais governador nesta dispensação que em qualquer outro
tempo? Em outras palavras, de que maneira o reino está próximo, ou é chegado, NESTA
dispensação? E a resposta é muito completa, muito abrangente e muito maravilhosa.

O Reino de Deus era sempre, por designação Divina, a herança do Filho de Deus. Deus propus esse
Reino para o Seu Filho como a Sua herança. Através Dele, por Ele, Ele fez todas as coisas, e para
Ele eram todas as coisas criadas (Rom. 13:36; Col. 1:16). Mas, igualmente, a intenção era para que
fosse do homem em união com o Filho de Deus. Existe muito sobre isso. "Que é o homem mortal
para que te lembres dele? E o filho do homem, para que o visites?... Fazes com que ele tenha
domínio..." (Sal. 8:4,6). "Não temais, ó pequeno rebanho, porque a vosso Pai agradou dar-vos o
reino" (Lucas 12:32). Isto não é algo adicional. Estava eternamente no pensamento de Deus para o
homem, para ser realizado através da união com o Seu Filho. O homem estava no cenário desde o
princípio - o homem foi criado para esse mesmo propósito.

E essa mesma verdade abre a porta para a tragédia. Pelo ato do homem e pelo consentimento do
homem, pela rebelião do homem contra a expressa vontade de Deus, o Reino passou para as mãos
do usurpador. Sim: o domínio sobre este mundo passou para as mãos daquele que é, designado até
pelo Senhor Jesus mesmo, 'o príncipe deste mundo' (João 14;30), e por Paulo 'o deus deste século'
(2 Cor. 4:4). Foi alienado do seu legítimo Herdeiro - e do homem em união com Cristo como um
coerdeiro - entrou em alienação, o qual demandava restauração. Entrou em inimizade contra Deus,
o qual demandava reconciliação. Entrou em cativeiro, demandando libertação. Entrou em ruína
moral, demandando reconstituição. Há a resposta para a questão sobre o porquê o Reino nesta
dispensação tem um significado particular.

O REINO PRÓXIMO COM A VINDA DO HERDEIRO

Assim, você vê, o Reino, ou o governo, em todo seu significado como o temos definido, chegou com
a aparição do seu legítimo Herdeiro. Esta dispensação é abrangida e dominada pelo fato de o Filho
de Deus ter se encarnado. Como o Herdeiro de todas as coisas, Ele veio para salvar o que se tinha
perdido - e era um imenso 'o'. Então, o Reino ou o governo soberano entrou nesta dispensação,
nesta particular e peculiar maneira, com a Pessoa de Jesus Cristo, o Filho de Deus, o legítimo
Herdeiro. Também entrou com Ele como o único Redentor da herança, O único que poderia redimir,
o Parente redentor que sozinho tinha a posição, e o direito, e o recurso para redimir - o "Filho do
homem". E portanto, o Reino chegou na pessoa e a obra do Senhor Jesus, e esta frase, "o Reino de
Deus", define, explica e resume todo o significado e propósito da encarnação e a missão do Senhor
Jesus.

Você diz, por que foi o Filho de Deus feito homem? Por que Ele veio em carne? Por que Ele veio para
este mundo, e por que depois Ele sofreu, e morreu, e ressuscitou? A resposta é: A fim de que o
governo soberano de Deus pudesse ser recuperado, restaurado, reconstituído, lidado com o inimigo
e feita a reconciliação, o cativeiro quebrado, libertação introduzida. Você certamente recordará
muita Escritura em apoio disto. "Proclamar a libertação dos cativos..." (Is. 61:1): essa era a Sua
missão - reconstituir as coisas da sua ruína moral. Consideraremos isto mais completamente depois.
O que é chamado 'o Sermão do Monte' é, como Dr. Campbell Morgan o chama, 'o inteiro manifesto'
do Reino de Deus: mostra como o Reino de Deus é - a constituição dele no princípio moral.

Então, Ele veio, e Ele terminou a Sua obra para recuperar e assegurar a Sua própria herança dada
por Deus do Reino; e, ressurgindo dentre os mortos, Ele disse: "Toda autoridade me é dada no céu
e na terra" (Mat. 28:18) - literalmente é, 'tem acabado de me ser dada' - e a partir daquele
momento toda autoridade é investida no Nome de Jesus. O restante do Novo Testamento é a
demostração desse fato. O livro dos Atos, desde o princípio em diante, estabelece numa maneira
muito, muito concreta e forte a autoridade do Nome. "Com que poder ou em nome de quem...?" Era
a interrogação. 'Se você está a perguntar sobre o Nome, seja conhecido de vós todos que pelo
Nome de Jesus Cristo de Nazaré...' (Atos 4:7-10). A autoridade não é somente afirmada pelo Senhor
Jesus, mas demostrada por Ele no poder do Espírito Santo.

A MISSÃO DE CRISTO ERA 'CÓSMICA

Esta herança era algo muito abrangente. A missão do Senhor Jesus era, se me permitirem usar a
palavra, cósmica: ou seja, não só se relacionava à terra como o princípio e o fim. Tinha a ver com
toda a esfera espiritual na qual esta terra se move. Paulo define isso como: 'principados,
potestades, dominadores das trevas deste século, hostes espirituais da maldade nos celestiais' (Ef.
6:12). Existe muito mais desse tipo, e isso é o que queremos dizer com 'cósmico'. Vai além do
terrestre, se você quiser - o inteiro estabelecimento espiritual de tudo aqui. Nessa esfera inteira dos
céus que foram poluídos e contaminados, a missão do Senhor Jesus foi eficaz e efetiva; não foi
apenas para o homem na terra e para a criação terrena. Somos informados que os próprios céus
tinham de ser purgados (Jó 15:15; Heb. 9:23). Sim, a herança é uma grande herança. Seu governo,
Seu governo soberano, é algo muito, muito grande. Se estende para as vastas extensões onde estas
hostes de espíritos malvados têm a sua esfera de operações. Seu governo está lá, se estende até lá.

Mas, é claro, opera também entre os homens. Isso não precisa ser dito, e nem certamente
enfatizado. Me refiro de novo ao livro dos Atos. Mas o livro dos Atos já foi terminado? É o único livro
na Bíblia que não tem acabado. Simplesmente é interrompido. Como nós gostaríamos saber do
resto! Mas não, simplesmente se interrompe; deixa Paulo lá nas suas cadeias em Roma, não nos
conta mais nada. Ah, mas, veja, nunca se pretendeu que o livro dos Atos acabasse até o fim desta
dispensação. Tem continuado pela frente, e ainda está tendo capítulos acrescentados a ele, e ainda
continua nas mesmas linhas com o mesmo significado - o governo soberano do Senhor Jesus e a
obtenção da Sua herança pela Sua própria autoridade. Mas pela Sua autoridade nada virá até Ele.
Você e eu sabemos muito bem que não podemos só trazer pessoas para o Reino a torto e a direito.
Se requer o exercício do próprio trono do Senhor Jesus para trazer uma alma pelo novo nascimento.
E os que estão recebendo o Reino, isto é, os que estão ainda 'no decurso de receber' o Reino, sabem
muito bem que cada polegada deste território é contestado, e que nunca entramos num fragmento
adicional de nossa herança em Cristo sem algum exercício do Seu poder soberano.

A MISSÃO REDENTORA

A missão de Cristo também era uma missão redentora. Quão grande essa palavra 'redenção' se
torna quando vemos ela à luz deste inteiro propósito de Deus quanto ao lugar do Seu Filho
universalmente. Não somente homens e mulheres, mas toda a terra e todo o cosmos, remido pelo
Sangue de Jesus. O dia virá quando a glória dessa redenção será manifesta universalmente.

UMA MISSÃO RECONSTRUTORA

A seguir, a missão de Jesus era reconstrutora. Isso, é claro, está espalhado por todo o Novo
Testamento. O que Ele está fazendo com você, comigo, com os Seus que têm se submetido ao Seu
governo soberano? O que está acontecendo com aqueles de nós que têm se submetido ao Senhorio
de Deus em Cristo? Nós estamos simplesmente sendo reconstruídos, isso é tudo, e nós estamos
aprendendo à medida em que avançamos na reconstrução que precisamos. As coisas têm quebrado,
tudo deu errado. Nós não podemos corrigi-las. Algo tem de ser feito para reconstruir toda a fabrica.
Daí, todos os tratos conosco pelo Espírito de Deus, em provações e testes, em aflições, adversidades
e sofrimentos, são obras reconstrutoras para o Reino de Deus. Elas muitas vezes parecem ser obras
destrutivas - e é verdade que você tem de se livrar de todo o lixo, dos escombros, antes que você
possa construir; as duas coisas são partes de uma única coisa - mas, veja, o recebimento do Reino
vem através de aflições.

Acaso não é declarado bem claramente e definidamente: "pois que por muitas tribulações nos
importa entrar no reino de Deus" (Atos 14:22)? Ora, vai além da ideia de uma esfera primária como
interpretando o Reino, e veja que as tribulações estão levando você para esse governo soberano do
Senhor, o qual irá provar ser tão beneficente, tão glorioso, tão maravilhoso. Você concorda comigo
que seria algo grandioso e glorioso se tudo estaria justamente como Deus o teria. Isso é para o que
Ele está trabalhando com você e comigo. 'Por muitas tribulações nos importa entrar no Reino':
estamos entrando na herança, estamos entrando no governo soberano.

AS BOAS NOVAS DO REINO

Tudo isso para a explicação do termo 'o Reino de Deus'. Qual é a questão inclusiva? "Este Evangelho
do Reino" - 'Estas BOAS NOVAS do governo sobreano de Deus'. O governo soberano de Deus são
boas novas! Isso abrange toda a mensagem dos apóstolos da Igreja para esta dispensação. São as
boas novas do Reino - as boas novas de que o Trono existe e está ocupado e é dominante. As boas
novas, para começar, no aspecto mais elementar da proclamação, é que há um Trono, e nesse
Trono está Jesus Cristo; que a autoridade é investida Nele, e que essa autoridade é uma coisa muito
real: e que o Espírito Santo está trabalhando tudo em nós neste mundo em relação à autoridade ou
Senhorio de Jesus Cristo.

Tomemos uma ilustração do Velho Testamento - Israel em Babilônia, o grande, imenso poder
mundial; um povo partido, destruído, esmagado, reduzido ao pó, em desespero. "Como, porém,
haveríamos de entoar o canto do Senhor em terra estranha?" (Sal. 137:4). Eles penduraram as
harpas nos salgueiros no desespero da situação. Mas ouça! Um profeta está falando. "Por amor de
vós, enviarei inimigos contra a Babilônia e a todos de lá farei embarcar como fugitivos" (Is. 43:14).
"Por amor de vós" - "por amor de vós" - um povo partido, esmagado, sem esperança. O derrube e
destruição de um dos mais poderosos impérios que este mundo já viu tem uma explicação num
povo pobre, despido, quebrado, cativo.

Agora atualize isso, e perceba que este Trono está operando agora na história. Grandes poderes
mundiais vão ser destruídos, quebrados e desintegrados por causa da Igreja. Anticristo receberá a
sua corrente. Lhe será permitido 'se exaltar acima de tudo que se chama Deus, se assentando no
templo de Deus, ostentando-se como se fosse o próprio Deus" (2 Tes. 2:4). Até que ponto alguém
ainda pode ir? Anticristo receberá liberdade para mesmo chegar até aí. Mas depois ele será ferido e
destruído pela própria aparição de Cristo mesmo. Para a autoridade de Cristo ser exibida em todo
seu poder intrínseco, é necessário que tudo aquilo seja permitido. Ao diabo lhe é permitido ir muito
longe, mas por trás está sempre o Trono. O Trono está dizendo, "Vai quanto pode, e depois Eu
destruirei você completamente'. Essas são as boas novas da soberania.

O que dissemos até aqui é senão uma introdução, mas confio em que possa nos ajudar para com
um novo entendimento desta frase maravilhosa - "o reino de Deus" - e acredito que ficaremos
fascinados à medida que examinarmos isto mais profundamente. Mas sejamos bem claros quanto a
isto. Esse Reino veio, esse Reino está presente; esse Reino, a despeito de tudo que parece estar
trabalhando para o contrário, está funcionando. Este que está à destra da Majestade nos céus é
Senhor, e isto é algo a ser apreendido pela fé, e no qual permanecer no dia da provação.

Pois certamente era essa garantia e confiança, essa certeza, que contava para a maravilhosa
estabilidade dos Apóstolos e da Igreja no princípio, quando parecia tão contrário. Acaso não é isto
que nos surpreende, e talvez nos deixa perplexos? Aqui está toda esta perseguição, todo este
martírio, todo este aparente triunfo do mal e dos homens maus e do diabo, e no entanto, estas
pessoas não se curvam interiormente a isso, eles não o aceitam. Sejam eles individuais, ou seja a
Igreja, eles só não aceitam que isto é a última palavra e que isto é o poder supremo. Eles o
repudiam, mesmo até a morte. Por quê? Não há resposta além desta, que eles chegaram a uma
posição fixa e final quanto à exaltação do Senhor Jesus no Trono nos céus. Era algo estabelecido, e
era tão real nos seus corações que nada daquilo que poderia lhes fazer poderia em última análise os
destruir. Eles vão para as suas mortes cantando em triunfo.

É fácil falar com ligeireza destas coisas: e ainda assim - e ainda assim - acaso não é verdade que o
Senhor têm reservas especias de graça para provações especiais? Se você alguma vez sentiu que
você não podia superar uma determinada prova, que se você tivesse que encará-la, você não
conseguiria superá-la, que você estaria assumindo algo que você não tem direito de assumir. Se o
Senhor chamar você para passar pelo fogo ou água, Ele terá uma reserva especial de graça para
você nisso. E essa graça será do TRONO da graça. "Acheguemo-nos... confiadamente junto ao trono
da graça, a fim de recebermos misericórdia e acharmos graça para socorro em ocasião oportuna"
(Heb 4:16). É um trono acima, mediando graça para necessidades e sofrimentos em que é
requerida.

Capítulo 2 - O Funcionamento do Reino de Deus


No capítulo décimo terceiro do Evangelho segundo Mateus, o qual podemos tê-lo aberto diante de
nós para nos lembrar, achamos o funcionamento do Reino ilustrado numa forma sétupla.

AS PARÁBOLAS DO REINO

Não me proponho a tentar fazer uma exposição dessa forma sétupla, mas simplesmente tirarei do
capítulo as características mais importantes do funcionamento do governo soberano de Deus. Nós
temos aqui esse funcionamento ilustrado, no que tem chegado a ser chamado 'as parábolas do
Reino'. Esse é o título que os homens têm dado a elas, mas é bom lembrar qual o título que o
Senhor Jesus deu a elas 'os mistérios do Reino'.

A CHAVE PARA AS PARÁBOLAS

Estas parábolas, ou mistérios, do Reino do Céu são realmente impossíveis de entender, exceto à luz
da definição do Reino que acabamos de dar - isto é, como o governo soberano de Deus. Se você as
interpretar como indicando primariamente uma esfera ou natureza, então você terá ido além da
garantia delas, e você certamente entrará em confusão. Poucas partes do Novo Testamento têm
sido mais alvos de controvérsia do que estas parábolas. As várias interpretações que têm sido dadas
a elas têm dividido estudantes e mestres em escolas irreconciliáveis. Nós veremos algo disso à
medida que formos avançando. É portanto, necessário descobrir a chave para as parábolas, a fim de
sermos poupados desta confusão e contradição; e essa chave sem dúvida jaz na definição do Reino
como O GOVERNO SOBERANO DE DEUS. Me permita repetir: Não estou embarcando numa
exposição destas parábolas, mas procurando chegar a algo de muita importância e valor para nós
mesmos nesta hora.

A PARÁBOLA DO SEMEADOR

A primeira é chamada a parábola do semeador (vv. 18-23). O Senhor Jesus disse que a semente é a
palavra do Reino. "A todos os que ouvem a palavra do reino", Ele disse. Ora, traduza isso de novo
como 'a palavra do governo soberano'. A palavra do governo soberano vai adiante. Qual é o
resultado? Em grande parte fracasso. O sucesso no sentido positivo é muito limitado,
comparativamente - alguns trinta, alguns sessenta, alguns cem por um. Veja como de impossível é
conceder ao reino a ideia de uma esfera ou uma natureza. Isso implicaria que dentro da esfera em
que Deus governa você tem em grande parte fracasso. Mas esse não é o ensino da parábola. O
ensino da parábola é este. A palavra do governo soberano vai adiante, como semente; e, não
importa se há um grande fracasso na resposta e reação a essa palavra, Deus é bem-sucedido no
final com um corpo que é produtivo daquilo que é implícito na Palavra.

Sim, o homem pode falhar. Ele pode receber aparentemente com alegria, e depois, tudo pode
acabar em nada. Ele pode responder de um modo, e parecer que vai dar tudo certo - e depois, por
causa das dificuldades e adversidades, simplesmente desaparece. Mas, que haja fracasso,
desapontamento, colapso: não importa - Deus obtém algo na Sua soberania. Existe algo que este
governo soberano de Deus obtém. Veja, esta é uma palavra tremenda da soberania para os
trabalhadores. Você labuta, você espalha, você dá, você trabalha, você trabalha arduamente; mas,
se é a palavra do governo soberano em verdade genuína, em última análise não pode falhar. Pode
haver muito desapontamento, mas haverá um resultado que responda à intenção Daquele que a
deu. Muito simples: mas veja como de importante é reconhecer a lei totalmente governante do
governo soberano que não pode, completamente e finalmente, em última análise ser derrotada.
Muitos podem parecer sustentar que o trabalho é em vão; mas o Senhor está dizendo aqui nesta
parábola: 'Não! Quando é uma palavra do governo de Deus, não pode no final das contas voltar
completamente vazia; haverá algo dela resultante'. A soberania está governando.

A PARÁBOLA DO TRIGO E DO JOIO

A seguinte é a comumente chamada a parábola do trigo e do joio (v. 23-30). Aqui, da palavra, a
ideia passa para pessoas. Não é a palavra que é agora semeada - são pessoas que são semeadas.
Filhos do Reino são semeados na terra, e depois, pela noite o inimigo aparece e semeia seus
próprios filhos, filhos do seu reino. Eles são os filhos do diabo. Seu método adequa-se ao seu
objetivo. Seu objetivo sendo completamente o de nulificar o que é de Deus, seu método é o de
imitar. Isso é uma artimanha dessa sabedoria perversa de Satanás - filhos imitadores de Deus
misturados com verdadeiros filhos de Deus com o fim de nulificar. Os servos são representados
como indo ao dono do campo e dizendo-lhe o que eles acharam lá, e ele diz, 'Ah, um inimigo fez
isto'. E eles dizem, 'O que você deseja que façamos?' 'Arrancamos essa outra coisa?'

Ele replica: 'Não - deixem a soberania ter o seu caminho! Deixem que cresçam juntos, e a
soberania, o governo do Céu, progressivamente deixará muito claro qual é qual, e o fim será um
processo fácil e seguro. Se você começar a fazer isso agora, você não terá a sabedoria do Céu para
discriminar. Não é da sua conta, e você não tem a faculdade ou capacidade para desenredar esta
profunda obra do diabo, tentando definir o que é verdadeiro e o que é uma imitação. Esse não é o
seu trabalho, e você não está qualificado para fazê-lo. Somente o Céu pode fazer isso. Portanto,
deixe isso continuar, e o governo soberano manifestará o que é de si próprio, e o que é contrário'.

É o governo soberano que vai resolver e estabelecer todo este problema. Você não pode dizer que o
Reino do Céu ou o Reino de Deus é como isso que é retratado nesta parábola - uma mistura
horrível. Não é. O Reino de Deus, o Reino do Céu, é uma coisa, e somente o governo soberano de
Deus pode pôr para fora em claridade o que é de Deus.

Mas isso acontecerá à medida que avançamos. Podemos confiar no governo soberano. Isso é muito
prático: funciona assim. Estão aqueles que são verdadeiramente filhos de Deus, do Céu; e depois
estão aqueles que entram - que talvez cantam hinos, usam a fraseologia, avançam na mesma
maneira, se associam com os do Reino; mas existe uma diferença. No fundo, eles realmente não são
'de nós'. Eles são só imitações; eles não são reais, não são a coisa genuína. Nós podemos discernir,
como estes homens discerniram, que existe algo aqui que não é a mesma coisa, algo que é alheio,
alienígena, estranho. O que vamos fazer? Não será melhor expulsá-los, os mandar embora?

Não, não! Continue o tempo suficiente, e eles irão por si mesmos. As duas coisas serão manifestas
por si só, e será muito fácil no longo prazo. "Eles saíram de nós", disse João, "...para que ficasse
manifesto que nenhum deles é dos nossos" (1 João 2:19). Isto é um princípio celestial, veja - há
uma manifestação. É difícil aguentar pacientemente as pessoas que você sente que não têm, como
dizemos, a raiz do assunto nelas - que são só adeptos. Mas, como com a multidão misturada que
deixou Egito com Israel, o tempo e as provas os acharão. Este é o caminho se o Reino, a soberania,
operar, e exige muita fé, e muita paciência.

O GRÃO DE MOSTARDA

A parábola da semente de mostarda (v. 31, 32) é uma das mais difíceis de todas, e uma que talvez
tem sido a causa de algumas das piores interpretações e ensinos. "O reino do céu é como um grão
de mostarda, que um homem tomou e plantou no seu campo; o qual é, na verdade, a menor de
todas as sementes, e, crescida, é a maior das hortaliças, e se faz árvore, de modo que as aves do
céu vêm aninhar-se nos seus ramos". Você realmente acredita, à luz de todas estas outras
parábolas e do Seu ensino no seu conjunto, que o Senhor Jesus disse, 'Isto é o Reino do Céu - o
Reino do Céu é semelhante a isso?' Se a interpretação comum e popular é para ser aceita, então
ficaremos envolvidos em verdadeiras dificuldades. Reconhecidamente, a parábola parece significar
que o Cristianismo ou 'o reino do céu', tem começos muito pequenos e depois cresce em grandes
dimensões. Pode haver um elemento de verdade nisso. O começo em Jerusalém FOI pequeno, e no
decurso dos séculos o Cristianismo se tornou mundial. Mas é isso só o que o Senhor quis dizer com
a parábola?
Existem pelo menos três coisas que nos deteria e nos faria pensar novamente, e pensar mais
energeticamente.

Uma é que em outras vezes o Senhor definitivamente usou termos de estrita e severa limitação em
relação à salvação, o caminho e o resultado. Tanto assim que o Seus discípulos ficaram
surpreendidos proferindo: "Senhor, são poucos os que são salvos?" (Lucas 13:23). Ele falou do
caminho para a vida sendo estreito, e poucos o achando e aceitando: da porta sendo estreita, e
poucos entrando por ela (Mat. 7:13,14). Ele chamou aos Seus discípulos (representativos da Sua
Igreja) "pequeno rebanho" a quem seria do bom agrado do Pai dar O REINO (Lucas 12:32). Existem
ideias contrastando entre "espaçoso" e "apertado", "amplo" e "estreito", grande e pequeno, popular
e impopular. Tudo isto não concorda com a interpretação superficial usual desta parábola.

Logo, o que dizer sobre 'as aves do céu'? Usou ele esta metáfora numa maneira contraditória? Na
parábola do semeador Ele tinha falado disso num sentido pejorativo: está Ele empregando os
mesmos termos num sentido correto e adequado aqui? Isto viola o princípio da consistência na
inspiração.

Em terceiro lugar, é GERALMENTE certo que o "grão de mostarda", a mais pequena de todas, cresce
uma árvore tão grande como é aqui descrito? Não, positivamente não é verdade. Se o nosso Senhor
viu tal coisa - e Ele pode ter visto - e salientá-lo, ele estava salientando algo anormal e não natural.
Era o suficientemente anormal e antinatural para ser salientado.

Isto nos leva para o fator que é comum de TODAS as parábolas e todos os ensinos de Jesus, e dos
Apóstolos subsequentemente. Em todas estas parábolas existe um elemento seletivo, discriminador,
contrastador, comparativo, bom e mau. O Reino do Céu é assim: o governo soberano é todo
abrangente, mas é muito particular, seletivo e judicial. Consistência em cada direção demanda que
interpretemos esta 'árvore' do Cristianismo como um desenvolvimento anormal, antinatural, capaz
de alojar muitas coisas que não estão em conformidade com a verdadeira NATUREZA do Reino.
Estas "aves" NÃO são o povo nascido do alto, o qual exclusivamente pode ver ou entrar no reino
(João 3). Elas são todos os acréscimos, os adeptos, os parasitas, os vários tipos de pessoas e coisas
que se aproveitam do Cristianismo, e usam a sua capa, mas não são da sua natureza.

O Senhor estava fazendo os Seus discípulos perceberem que isto é o que aconteceria, e que a
soberania levava tudo isto com calma. É bom que saibamos que o Senhor previu os
desenvolvimentos do Cristianismo e suas anormalidades, mas é um grande detrimento que o Seu
espírito de discernimento e discriminação não tenha jeito com muitos cristãos.

O Novo Testamento, para começar, indica que há alguma coisa anormal, ou este tipo de
desenvolvimento anormal, sobre a verdadeira obra de Deus? Sim indica isso, embora, afinal de
contas na soma de muitos, muitos séculos haverá 'uma grande multidão que ninguém pode contar',
haverá, assim que chegarmos cada vez mais perto do fim, uma tremenda peneiração e queda*. É
definidamente declarado que o dia não virá antes da grande apostasia* (2 Tes. 2:3), e que "o juízo
deve começar pela casa de Deus" (1 Pe. 4:17). Bem, então, se isto está correto - uma grande queda
- a Bíblia se contradiz. Como temos dito, o ensino do Senhor pareceu ficar tão claro para os
discípulos neste assunto que eles exclamaram: "São poucos os que são salvos?" De que se trata o
caminho amplo e o estreito? O caminho amplo - muitos vão por ele; o caminho estreito - poucos o
acham. A Bíblia não se contradiz; mas diz que Deus toma conta destas coisas, e Deus na Sua
soberania as permite. Ele não sai e destrói esta coisa estranha popularmente chamado
'Cristianismo'. Isso pode ficar, mas Deus na Sua soberania está prosseguindo com o Seu próprio
curso para conseguir o que Ele está procurando. Embora tudo isto seja verdade, o governo soberano
de Deus continua, a soberania é preservada.

A PARÁBOLA DO FERMENTO

O mesmo princípio está implícito na seguinte parábola.

"O reino dos céus é semelhante ao fermento que uma mulher tomou e escondeu em três medidas
de farinha, até ficar tudo levedado" (v. 33).

(a) O FERMENTO
A interpretação popular é que o fermento é o Cristianismo: o Cristianismo sendo tomado pela Igreja
e posto no mundo até que tudo é levedado - o mundo inteiro é 'levedado' com o Cristianismo.
Sugere-se que vejamos o mundo salvo pelo mover profundo, silencioso do Cristianismo, operando
fortemente, profundamente e de maneira oculta, como o fermento. É muito fácil dizer esse tipo de
coisa, mas é um raciocínio superficial. À luz da história, e à luz da Palavra de Deus, é muito difícil de
acreditar.

Veja novamente. A população mundial é muito mais em excesso da população cristã do que em
qualquer outro tempo nesta dispensação. Depois destes quase vinte séculos do Cristianismo, um
imenso número sobre uma parte muito grande do mundo nunca tem ouvido ainda o Evangelho. Veja
isto - 1,200 milhões de 2,000 milhões de pessoas da terra não têm ainda conhecimento de Cristo.
Logo, o que dizer quanto à indescritível revelação da iniquidade em países que tiveram o Evangelho
há séculos? Poderíamos fazer uma imensa acumulação de fatos que destruiriam esta interpretação
do fermento para além da reconstrução.

Ora, qual é o significado do fermento? Não creio que o fermento está aqui numa categoria diferente
da do fermento noutro lugar na Bíblia. Consistência da Escritura demanda que interpretemos o
fermento como a mesma coisa, na mesma luz: e nos outros lugares na Escritura o fermento é mau -
algo que tem de ser expurgado. Na antiga economia eles tinham que ascender as suas lâmpadas na
noite da Páscoa, e vasculhar a casa para cima e para baixo, cantos e recantos, de qualquer
fermento e expurgá-lo. A Páscoa não poderia ser comida até que houvesse certeza de que não havia
nenhum vestígio ou trasto de fermento em qualquer lugar. Eles tinham que comer pão ázimo na
Páscoa. O Senhor Jesus falou do "fermento dos fariseus e saduceus" (Mat. 16:6) e "o fermento de
Herodes" (Mar. 8:15). E Paulo falou de 'expurgar o velho fermento' (1 Cor. 5:7). Em todo lugar é
algo mau. A função ou efeito do fermento é de desintegrar, quebrar, rasgar - toda dona de casa
sabe disso. E não é diferente aqui: ainda é fermento e ainda é mau. Se você dizer que o Reino do
Céu, como uma esfera, é assim, você está em problemas. Mas o governo soberano de Deus sabe
tudo sobre este mover profundo, secreto de desintegração, do mal, que tem entrado na esfera das
coisas Divinas. O Reino do Céu não é como uma fermentação alcoólica, de desintegração,
putrefação.

(b) A MULHER

Somente é necessário olharmos passagens da Escritura como a de Apocalipse 2:20-23 ("a mulher
Jezabel"), e Apocalipse 17 ("a grande prostituta") para perceber que uma "mulher" muitas vezes na
Bíblia é o simbolo de um sistema. Uma e outra vez tem sido uma mulher, ou pessoal ou
simbolicamente, que tem corrompido coisas Divinas, ou trazido corrupção em relação com elas. Veja
Sansão; veja Salomão; veja os últimos reis para exemplos. Na mensagem a Tiatira, a insinuação do
mal e corrupção na Casa de Deus é a causa do mais severo juízo - pois é chamado "as coisas
profundas de Satanás" (Ap. 2:24). Que presciência e previsão o nosso Senhor tinha nestas
parábolas! Mas avancemos.

(c) TRÊS MEDIDAS

Três medidas. Lembre que três é o número de Pessoas Divinas e coisas Divinas. O mal se espalhou
até pela Igreja, de modo que dentro do Cristianismo mesmo as próprias Pessoas Divinas têm sido
sujeitas a questionamentos e dúvidas. Deus mesmo - o Filho, o Espírito - têm sido deturpados. Com
muitas outras coisas de Deus, o mal tem entrado para quebrá-las - para destruir a eficácia e poder
delas mediante a destruição da solidez delas. O que você vai fazer a esse respeito?

O governo soberano de Deus toma conta disso - a operação do mal, a operação da falsidade, a
operação da deturpação e má interpretação das coisas de Deus. A história está só cheia disso, como
sabemos. Nós odiamos termos e rótulos, mas não é só isso que acontecera nos últimos cem anos na
esfera chamada 'Modernismo' ou 'Liberalismo'? Não está o fermento desintegrando as coisas
Divinas? A própria Pessoa de Jesus Cristo é despojada de Sua Deidade; a própria Palavra de Deus é
negada da sua autoridade e da sua irrevogabilidade; o próprio Espírito Santo é degradado quanto à
Sua dignidade como a Pessoa Divina; e assim por diante. O Senhor Jesus discerniu o futuro, viu a
maneira em que as coisas iriam acontecer, e falou assim. Ele estava dizendo. 'Esta mesma geração
não se irá sem que antes entre todo tipo de heresia e erro na esfera das coisas Divinas' - o qual
aconteceu.

Mas o governo soberano continua. Isto não traz confusão e derrota a Deus. A sua soberania é maior
do que tudo isto. É realmente a única maneira de ser consistente tanto com o ensino da Escritura
como com a própria história. Certamente deve ser pura cegueira ler a história de qualquer outra
maneira. Como disse, não estou expondo estas parábolas, mas tirando o ponto que é comum a
todas elas. De vários ângulos, de várias e diferentes causas, em diferentes situações, no fim do
século: qualquer coisa que seja permitida por essa soberania, essa soberania será igual a tudo, e no
final será completamente vindicada.

A PARÁBOLA DA REDE

Chegamos à última parábola, a da grande rede lançada ao mar - o mar sempre falando da
humanidade - e reunindo uma grande multidão de peixes. Sim, a soberania de Deus faz isso: a rede
recolhe multidão de peixes de toda espécie, e depois a soberania vai trabalhar e separa o bom do
mau, e no final Deus obtém o que Ele estava procurando desde o princípio. Ele finalmente o obteve.
Assim é como a soberania opera. Exite muita instrução aqui para cristãos e para obreiros cristãos.
Se nós tivéssemos o nosso caminho, iriamos trabalhar para garantir que sempre e somente temos a
coisa que é absolutamente, certamente e positivamente de acordo à mente de Deus: nós
escolheríamos isso, e colocaríamos uma cerca ao redor, e montaríamos paredes em volta, e o
protegeríamos e manteríamos, como uma companhia exclusiva. Mas estas parábolas dizem, Não! A
soberania do Céu não faz esse tipo de coisa. A soberania do Céu permite e tolera muita coisa que
em última análise será achado não estando de acordo ao Céu. Sim, respeita muita coisa; mas está
dirigindo seu próprio curso, e, no final, através de tudo, Deus terá aquilo sobre o que Ele coloca o
Seu coração.

A ABRANGÊNCIA DO GOVERNO DE DEUS

Para resumir - veja como de abrangente é este governo de Deus. A soberania de Deus é uma das
coisas mais problemáticas e perplexas para os cristãos, em relação ao que Deus permitirá mesmo
até em associação com a Sua própria obra. Nós de modo algum faríamos isso. Nós seriamos muito,
muito específicos. Mas veja como de abrangente Deus é. Ele permite muita coisa. Ele não só o
permite - Ele até usa bastante que provavelmente nós nunca usaríamos, ou que nos faria
questionar. Ele passa através de coisas na Sua soberania para chegar ao Seus fins. É SEU FIM que é
o grande testemunho da Sua soberania. Nós dizemos: Como Deus conseguirá alguma coisa disto, ou
daquilo? Bem, Ele consegue, veja todas estas coisas: há alguma coisa possível para Deus? O
veredito no fim é que Deus soberanamente sim conseguiu algo.

Veja, este é o grande coração e núcleo deste conjunto de ensino e revelação do Reino de Deus. Não
significa que você e eu não precisamos ser sensitivos ao Senhor - isso é completamente outra coisa.
Lidaremos com isso mais tarde, quando digamos algo sobre o Reino e a Igreja. Não significa que,
porque vemos que a soberania de Deus alcança os Seus fins a despeito de tudo, sejamos
descuidados e insensitivos à mente do Espírito; para fazer todo tipo de coisas que Deus, se Ele
tivesse o Seu caminho, não sancionaria. Mas significa que esta soberania de Deus vai cobrir uma
área grande: vai conseguir seus fins através de muitas, muitas maneiras e meios que em si,
intrinsecamente, não são Dele. É este governo dos céus que está, por assim dizer, 'indo em frente
com o seu trabalho'.

Nós, entregues a nós mesmos, somos tão exigentes, tão meticulosos, que não deixaríamos margem
para a soberania de Deus. O grande apelo aqui é: Deixe bastante margem para Deus. Isso é do que
se trata. Nunca se desespere com qualquer situação como sendo definitivamente e absolutamente
desesperada. Na presença da propagação desta coisa má, este fermento - a expansão deste
Cristianismo anormal, 'esquisito', com suas contradições e desapontamentos - somos proibidos por
meio desta soberania a desistir e dizer que é uma coisa irremediável. Temos que chegar ao lugar em
que dizemos, cremos e tomamos posição: 'Isso parece ser uma situação irremediável, mas Deus
pode obter algo disso, e Ele obterá'.

Essas são as boas novas do Reino, o Evangelho do Reino. Sei que muitos de vocês que leem estas
palavras podem confirmar isto. Você conheceu a situação mais terrível e impossível de mistura e
desespero. Você se desesperou - e depois você tem visto Deus fazer algo. Que força e vigor isso dá
para o resto da declaração! "Este evangelho do Reino será proclamado... para testemunho a todas
as nações". Na Sua soberania, Deus pode transformar a situação mais desfavorável e nada
promissora, o maior estado desesperado das coisas, num glorioso testemunho. Sim, Ele permite
muito, mas Ele governo tudo. E Ele faz uso de todo tipo de agências - até do próprio diabo. Isso
deve ser soberania! "Um inimigo fez isto". Muito bem: nós usaremos o inimigo para mostrar o que
está certo e o que está errado, para tornar ainda mais manifesto o que é de Deus e o que não é. A
obra do diabo será empregada para esse fim. Esse é o governo do Céu.

Tudo isto é corroborado posteriormente no Novo Testamento. "As coisas que me aconteceram",
escreve Paulo (Fili. 1:12) - que coisas eram? Eram a obra do diabo. De novo - "Quisemos ir até vós,
eu, Paulo, não somente uma vez, mas duas; contudo, Satanás nos barrou o caminho" (1 Tes. 2:18).
Estranho, declaração misteriosa! Sim, o diabo está ocupado; "um mensageiro de Satanás" (2 Cor.
12:7) - ele é muito ativo. E qual é o veredito no final? "As coisas que me aconteceram têm, antes,
contribuído para o progresso do evangelho"! Sob a soberania de Deus as próprias obras do diabo
estão sendo usadas para alcançar o objetivo de Deus.

Provavelmente isso é do conhecimento geral, afirma-se com frequência. Mas nós devemos chegar
mais definidamente a esta posição firmada, que DEUS E CRISTO ESTÃO NO TRONO. Este Reino é
uma realidade presente. Existem muitas coisas que o contradizem e o combatem. Deus não as
consome e aniquila: Ele as permite, e depois toma posse delas; e o final é que o Seu trono é
estabelecido e é manifesto que "o seu reino domina sobre tudo" (Sal. 103:19).

O que estas parábolas nos dizem é isto - que Deus encara os fatos e não tem ilusões. Ele encara o
fato de que uma grande proporção da semeadura da palavra do Reino falhará. Ele encara o fato de
que o Cristianismo se converterá numa conglomeração anormal, sem nenhuma distinção de
testemunho. Ele reconhece que haverá uma secreta operação escondida do erro, do mal, da
falsidade, tudo para desintegrar. Ele encara tudo - toda a obra do diabo, toda a obra do mal, todo o
fracasso do homem - e depois Ele declara a Sua soberania sobre tudo. Isso é o que surge aqui.
Peçamos força para crermos nisso.

A OBRA JUDICIAL DE DEUS

Não tenho dito muito sobre um outro aspecto destas parábolas: isto é, que existe uma obra judicial
discriminatória acontecendo todo o tempo. Não falhe em ver isso. Por meio destas parábolas, Ele
está cortando uma linha, Ele está discriminando, Ele está agindo judicialmente. Deus está só
dizendo, 'Tudo está certo - não se preocupe. Se assentem nas suas poltronas, sim homens cristãos;
se assentem, o Reino está vindo'. Não; ao invés - 'Levante, sim homens de Deus!' Deus não é
passivo, indiferente, descuidado, dizendo, 'Ó, tudo ficará bem, está tudo certo; não se preocupe
com isso'. Ele não é assim. Ele está agindo, e agirá, judicialmente. Ele está realmente colocando as
coisas nos seus lugares, e dividindo no meio, como Ele faz com as igrejas em Apocalipse. Ele está
discriminando. Ele está colocando isto aqui e aquilo lá, e dizendo que pertencem a duas esferas
diferentes. Isso é uma parte da Sua soberania.

Mas o nosso principal ponto é este: O funcionamento do Reino, ou o governo, de Deus está a
introduzir finalmente o triunfo desse governo. Independentemente do que entre, significará o triunfo
desse governo. O governo do Céu, o governo de Deus, no final sai triunfante.

Capítulo 3 - O Reino e a Igreja


"Naqueles dias, apareceu João Batista pregando no deserto da Judéia e dizia: Arrependei-vos,
porque está próximo o reino dos céus" (Mateus 3:1,2).

"Também eu te digo... edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão ela"
(Mateus 16:18).

"E, se ele não os atender, dize-o à igreja" (Mateus 18:17).

É um fato significativo que é no Evangelho segundo Mateus, o qual é essencialmente o Evangelho do


Reino, que a Igreja é primeiramente apresentada no Novo Testamento.

A DIFERENÇA ENTRE O REINO E A IGREJA

A primeira pergunta que surge é quanto à diferença que há entre o Reino e a Igreja. Qual é a
diferença? São duas coisas ou uma? A tentativa para provar que são duas coisas inteiramente
diferentes tem sido feita por um considerável corpo de ensino: que o Reino é uma coisa,
pertencendo a uma época, que agora nesta dispensação está suspendido, mas que entrará com a
restauração dos judeus na seguinte dispensação, sendo a presente dispensação da Igreja. Se você
quer acreditar nisso, você terá que fazer muito malabarismo com as Escrituras - como tem sido
feito. Ao meu entender, esse sistema da verdade não é absolutamente suportado pela Escritura em
si. No entanto, não quero introduzir um elemento controverso ou fonte de confusão. Estou
simplesmente dizendo que isto é uma questão que devemos encarar.

Qual é a diferença? São duas coisas? A resposta é realmente Sim e Não. Elas não são a mesma
coisa, e ainda assim elas são. Isso não lhe ajuda muito, eu sei, mas devemos continuar a explicar.

O governo soberano de Deus e dos céus, que tem chegado a ser chamado o Reino, é, em primeiro
lugar, como explicamos mais cedo, um anúncio, uma proclamação, uma declaração, de um fato
Divino: isto é, que a soberania de Deus tem sido estabelecida em e através do Seu Filho Jesus Cristo
NESTA DISPENSAÇÃO, numa nova e imediata maneira. Esse fato foi proclamado pela primeira vez,
no poder do Espírito Santo, no dia de Pentecostes. Deus fez Ele Senhor e Cristo (At. 2:36). A partir
daquele momento, o recado foi anunciado pelas nações em círculos cada vez maiores - Jesus Cristo
é Senhor! Essa é a primeira fase do governo soberano ou do Reino - uma proclamação ou um
anúncio.

A seguir, como vimos, é uma atividade. Algo está acontecendo. Quando é anunciado, quando a
proclamação é feita, algo começa a acontecer. O céu é movido, e almas crentes são salvas. O
inferno é provocado, e os arautos são perseguidos. É uma atividade - não só uma doutrina, uma
verdade, uma teoria. Este governo soberano ou Reino é uma energia poderosa. E assim, de uma
apresentação de um fato, se torna a exigência de uma resposta, e consequentemente, uma
peneiração e triagem da humanidade em dois categorias, num dos dois reinos.

Vimos, ainda, como de abrangente é este governo, se espalhando soberanamente sobre tudo,
tomando tudo na sua soberania. Até os antagonismos e oposições são dominados por esta
soberania, e faz com que sirvam o fim que visavam derrotar. é tudo abrangente, sabendo todo o
curso das coisas através da história, como aquelas parábolas deixam tão claro. A última parábola
em Mateus 13 nos conduz até o fim do século, e da primeira - a semeadura da semente, a palavra
do Reino - através de todas as fases, etapas e variações, e tudo que se levanta, até a última, o fim
do século, vemos que este governo soberano abrangeu o todo, previu e preanunciou exatamente o
que aconteceria, e como as coisas se desenvolveriam, e como tomaria posse de tudo; de modo que
no final o governo soberano triunfa. Esse é o significa fundamental do 'Reino'.

A IGREJA E O FRUTO DO REINO


O que é a Igreja? Bem, o funcionamento, a atividade, do governo soberano opera assim. O efeito do
desafio, demanda e peneiração, causado pela proclamação, é que o tempo todo certas pessoas são
achadas gerando a correta reação e resposta, e são assim trazidas para o significado do governo
soberano: pessoas, ou seja, que primeiramente reconhecem, e depois declaram, que Jesus Cristo é
Senhor. Por enquanto, o governo soberano fez seu trabalho, e depois, o fruto dessa atividade
soberana nas nações é reunido num corpo chamado a Igreja. A Igreja se torna o vaso, o repositório
da obra do governo soberano de Deus. Reúne em si como vaso, o fruto da atividade soberana: de
modo que o Reino leva à Igreja, e a Igreja é o resultado, a personificação do Reino.

É interessante destacar no Evangelho de Mateus como de claro isso é, se apenas pudermos vê-lo. A
última parábola das sete no capítulo 13, a parábola da grande rede, nos traz, como disse, até o final
do século: os anjos são enviados, e o bom é reunido em vasos, mas o mau é lançado fora. Agora
torne para o capítulo 24, versículo 31, e aqui você descobre que o Senhor está definidamente
respondendo parte da pergunta dos discípulos - "Qual será o final do século?" (v. 3). "Ele enviará
seus anjos... e eles reunirão os seus escolhidos". Agora, capítulo 13, é o descarte do peixe ruim; o
capítulo 24 é a reunião do bom; e entre os dois, nos capítulos 16 e 18, achamos a Igreja
introduzida.

Está claro? A obra do Reino, a atividade do Reino, é a procura, a descoberta, desafiando, recebendo,
reunindo, trazendo para a Igreja. É estranho que não é dito nada sobre o surgimento da Igreja,
além de - "Eu edificarei a minha igreja"! Nada é dito sobre o ensino da Igreja em absoluto. É
simplesmente introduzida, quase como se fosse algo reconhecido, e depois, o quadro final é dos
escolhidos sendo reunidos. A Igreja é o fruto e soma dessa primeira atividade do governo soberano
de Deus. E a Igreja é a 'eleita', a 'escolhida'. Pedro e Paulo falam da Igreja nesta mesma linguagem.
"Eleitos... segundo a presciência de Deus Pai" (1 Pe. 1:1,2). E "ele nos escolheu nele antes da
fundação do mundo" (Ef. 1:4).

Confio em que estejamos esclarecidos agora que a Igreja e o Reino não são duas coisas, e ainda
são. Não são a mesma coisa, e contudo são. Se você quiser, são causa e efeito. Se complementam.
Em certo sentido o governo soberano é algo 'maior' do que a Igreja - isto é, se você usar a palavra
'maior' no sentido de dimensões e não de valor intrínseco. É bastante abrangente. Como temos
visto, toma qualquer coisa - quase tudo - até a obra do diabo, o inimigo que semeou os seus filhos
dentre os filhos de Deus. Este governo soberano é tão expansivo e maravilhoso. Mas logo se centra
em certos resultados, e os reúne numa entidade concreta chamada o Corpo de Cristo. Assim temos
partida e contrapartida: elas são uma, e no entanto não são uma.
A Igreja, então, é a personificação do triunfo do Seu governo. Isso não é apenas uma declaração do
fato ou da verdade - é um testemunho glorioso. Diz o que a Igreja é no pensamento de Deus, mas
também diz o que a Igreja deve ser em si mesma - a própria personificação do triunfo do governo
soberano de Deus. É claro, é assim, se é a Igreja na realidade. Cada um de nós, se realmente
estamos na Igreja e da Igreja, segundo a concepção do Novo Testamento, é uma personificação e
uma expressão do triunfo do Seu governo soberano. Você pode usar outra frase, se quiser, que
apenas define isso - graça soberana, pois o Seu governo nesta dispensação é o governo da graça.
Nós estamos aqui pelo triunfo da graça soberana, e permaneceremos aqui nesse terreno somente, e
no final seremos achados nessa companhia eleita simplesmente por causa do triunfo do Seu governo
soberano mediante a graça. Essa é a Igreja como o fruto do Reino.

ATIVIDADE SOBERANA EM RELAÇÃO À PALAVRA

A seguir, a Igreja é a personificação da atividade soberana em relação à palavra do Reino, como é


dada pelo Semeador. Embora haja uma grande proporção de fracasso e desapontamento, há o
trinta, sessenta e o cem por um, e a Igreja recebe isso. A Igreja é achada sendo composta do
triunfo da palavra do Reino. Alguns de nós somos apenas 'trinta por um' de resultado, alguns um
pouco mais, outros talvez podem até ser cem por um. De qualquer modo, algo aconteceu, e o
Senhor obteve algo em nós. Nós queremos que Ele tenha tudo que Ele puder ter. Mas isso é
justamente o que a Igreja é - é o resultado de trinta, sessenta, cem por um da palavra do Reino. É
o trigo contra o joio, os filhos do Reino contra os filhos do diabo. Damos graças a Deus que podemos
verdadeiramente afirmar que somos os Seus filhos.

De novo, a Igreja é a personificação da verdade do pão ázimo. 'Guarda a festa' com 'pão ázimo' (1
Cor. 5:8). Espiritualmente isso significa que o fermento tem sido expurgado. Louvado seja Deus
porque toda a obra corruptora, desintegradora do pecado e do mundo têm sido tratada.

A Igreja toma o princípio interno da árvore - a árvore grande, anormal, 'excêntrica*', como a
chamamos, uma semente de mostarda transformando-se numa grande árvore, a qual nunca o faz
normalmente e naturalmente. Deve ser algo absolutamente anormal fazer isso. Mas, em oposição a
isso, a Igreja é algo espiritualmente normal e saudável. Não existe nada excêntrico nela. O Senhor
nos livre de tudo que é anormal e tudo que é aberrante*. Peça ao Senhor para poupar você de ser
aberrante! A Igreja é a coisa verdadeira, a não a falsa, como essa grande árvore.

A Igreja é também o vaso do peixe bom. Provavelmente você não gosta de pensar de si mesmo
como sendo um peixe! Mas isso é o que a Igreja é. Podemos achar que não somos peixes bons -
podemos sentir que somos peixes muito pobres! - todavia, somos diferentes; existe uma diferença.

E para coroar tudo isto, a Igreja é a "pérola de grande valor", e o "tesouro escondido no campo".

Tudo isto, note-se, está dentro do escopo do ensino sobre o Reino; tudo entra no mesmo capítulo
nos mistérios ou parábolas do Reino. Todas elas resultam em algo positivo, em oposição a algo que
é ou negativo ou errado; e a Igreja entra e toma tudo que é positivo e correto como o fruto da
palavra do Reino. A Igreja então se torna a escolhida, a eleita, a nação santa, para quem este
'Reino', neste sentido, é dado. Não me alargarei sobre isso agora; você recordará as Escrituras que
tenho citado.

O ASSENTO DO GOVERNO SOBERANO

Mas a Igreja não é apenas a personificação do fruto e triunfo do governo soberano - é aquilo no qual
o imediato poder desse governo é centrado e então mediado. O governo soberano de Deus, do Céu,
é centrado na Igreja. Essa é a primeira grande verdade sobre a Igreja naqueles primeiros dias,
como primeiramente entra em vigor. Se você quiser saber onde achar este governo soberano,
regimento, domínio, autoridade, de Deus e do Céu, você o achará na Igreja. Está em Jerusalém,
está em Antioquia, está indo por toda a parte. Deus colocou autoridade e poder celestial na Igreja
numa maneira peculiar.

Ó, que a Igreja esteja viva para o significado de sua existência, neste sentido - viva para o grande
depósito com o qual tem sido confiada, como o próprio vaso deste soberano funcionamento, esta
atividade soberana poderosa e governo de Deus. Esse depósito está aqui. Quando as coisas têm sido
como deveriam ser, isso é o que exatamente tem sido achado na Igreja. Houveram tempos em que
descrentes vindo caiam com a face no chão, e diziam, "Deus está no vosso meio" (1 Cor. 14:24,25).
Embora alegres, embora contentes, embora muito abençoados em outros aspectos, devia ainda
haver algo muito terrível sobre a Igreja. "Dos outros, porém, nenhum ousava ajuntar-se a eles" (At.
5:13). Ó, que essa proibição da santidade Divina possa ser achada na Igreja! A Igreja é o assento
desta atividade JUDICIAL da soberania Divina. Assim é que deve ser.

O GOVERNO SOBERANO MEDIADO PELA IGREJA

Mas então, esta soberania é mediada pela Igreja. Sai e diz: "No nome de Jesus de Nazaré..." (At.
3:6). 'No NOME de Jesus de Nazaré, te ordeno, te digo...' Aqui está a autoridade mediadora, o Reino
- palavra pobre outra vez - o governo soberano, centrado e operando através da Igreja. Assim é
como deve ser. A autoridade de Jesus Cristo está na Igreja, e é para ser exercida pela Igreja.
Mateus 16 deixa isso muito claro. "Dar-te-ei as chaves do reino dos céus; o que ligares na terra terá
sido ligado nos céus; e o que desligares na terra terá sido desligado nos céus" (Mat. 16:19). Se isso
não é autoridade nos Céus e na terra, o que é? Mas é a autoridade Daquele a quem lhe foi dada
(Mat. 28:18) através da Sua poderosa vitória.

A EXPRESSÃO DA ORDEM DIVINA E CELESTIAL

A Igreja é, ainda, aquela na qual o carácter da ordem Divina e celestial, e governo, é expresso. Se o
Reino de Deus e do Céu tem, como um dos seus aspectos e componentes fundamentais, a natureza
Dele que governa, então isto não é apenas oficial, isto não é apenas eclesiástico - isto é espiritual e
moral na sua própria natureza. Neste ponto devemos estender as nossas meditações e retornar para
aqueles três grandes capítulos do Evangelho de Mateus, abrangendo o que é chamado 'o sermão da
montanha'; pois lá há uma revolução de ideias. A inteira concepção do poder é transformada. A
virtude é preeminente, o carácter é predominante. Os verdadeiros valores são identificados no que
você É, não naquilo que é oficial e organizado. "Bem-aventurados os mansos: porque herdarão..."
"Bem-aventurados os humildes de espírito, porque deles é o reino...".

Isso abre um campo muito amplo, o qual não podemos tocar agora. Mas é tudo reunido nisto, que o
Reino é, de uma perspectiva, a expressão da natureza, do carácter, Daquele que é soberano, e que
isso é para ser achado na Igreja. Talvez pensemos do Reino como algo muito grande e geral,
operando e ativo no mundo inteiro, independentemente de qualquer coisa e tudo que é contrário a
ele; mas não vai parar por aí. Vai trabalhar até que produza uma expressão do seu próprio carácter;
trabalhará até que tenha esse núcleo que expressa o carácter Daquele que está no trono. E é na
Igreja que a natureza Divina e celestial é achada, e é essa natureza que é soberana.

Não existe, provavelmente, força maior operando do Céu do que a força da mansidão. "A si mesmo
se humilhou, tornando-se obediente..." (Fili. 2:8); mas o reino inteiro de Satanás foi destruído nesse
sentido. Os homens não gostam absolutamente nada disso. Aqui está a revolução. Mas, observe, é
na Igreja que este poder tremendo é para ser achado - este estado de ser pobre em espírito, esta
mansidão, ser perseguidos por amor à justiça, e tudo o resto. Mas nela há poder, nela há
autoridade. Muitas vezes não é até que você se ajoelha, totalmente quebrado quanto ao seu próprio
orgulho, que você consegue chegar até Deus em absoluta vitória. Essa é a essência do Reino ou
soberania, e tudo isso é para ser tomado pela Igreja.

A IGREJA COERDEIRA COM CRISTO

Só uma breve palavra para concluir. A Igreja é a coerdeira com Cristo da herança, o governo
soberano, nos séculos vindouros. Nós sabemos disto na autoridade da Escritura. A Igreja é herdeira
do trono do mundo por vir - do lugar administrativo com o Senhor Jesus sobre tudo que um
acréscimo de si própria. Pois uma cidade pressupõe um país, uma metrópole pressupõe um leque
mais amplo. A Cidade no meio das nações significa que o governo sobre as nações está LÁ, e no
final do livro de Apocalipse (21:24, 22:2) é onde emite-se todo o assunto.

Capítulo 3 - O Reino e a Igreja

"Naqueles dias, apareceu João Batista pregando no deserto da Judéia e dizia: Arrependei-vos,
porque está próximo o reino dos céus" (Mateus 3:1,2).

"Também eu te digo... edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão ela"
(Mateus 16:18).

"E, se ele não os atender, dize-o à igreja" (Mateus 18:17).

É um fato significativo que é no Evangelho segundo Mateus, o qual é essencialmente o Evangelho do


Reino, que a Igreja é primeiramente apresentada no Novo Testamento.
A DIFERENÇA ENTRE O REINO E A IGREJA

A primeira pergunta que surge é quanto à diferença que há entre o Reino e a Igreja. Qual é a
diferença? São duas coisas ou uma? A tentativa para provar que são duas coisas inteiramente
diferentes tem sido feita por um considerável corpo de ensino: que o Reino é uma coisa,
pertencendo a uma época, que agora nesta dispensação está suspendido, mas que entrará com a
restauração dos judeus na seguinte dispensação, sendo a presente dispensação da Igreja. Se você
quer acreditar nisso, você terá que fazer muito malabarismo com as Escrituras - como tem sido
feito. Ao meu entender, esse sistema da verdade não é absolutamente suportado pela Escritura em
si. No entanto, não quero introduzir um elemento controverso ou fonte de confusão. Estou
simplesmente dizendo que isto é uma questão que devemos encarar.

Qual é a diferença? São duas coisas? A resposta é realmente Sim e Não. Elas não são a mesma
coisa, e ainda assim elas são. Isso não lhe ajuda muito, eu sei, mas devemos continuar a explicar.

O governo soberano de Deus e dos céus, que tem chegado a ser chamado o Reino, é, em primeiro
lugar, como explicamos mais cedo, um anúncio, uma proclamação, uma declaração, de um fato
Divino: isto é, que a soberania de Deus tem sido estabelecida em e através do Seu Filho Jesus Cristo
NESTA DISPENSAÇÃO, numa nova e imediata maneira. Esse fato foi proclamado pela primeira vez,
no poder do Espírito Santo, no dia de Pentecostes. Deus fez Ele Senhor e Cristo (At. 2:36). A partir
daquele momento, o recado foi anunciado pelas nações em círculos cada vez maiores - Jesus Cristo
é Senhor! Essa é a primeira fase do governo soberano ou do Reino - uma proclamação ou um
anúncio.

A seguir, como vimos, é uma atividade. Algo está acontecendo. Quando é anunciado, quando a
proclamação é feita, algo começa a acontecer. O céu é movido, e almas crentes são salvas. O
inferno é provocado, e os arautos são perseguidos. É uma atividade - não só uma doutrina, uma
verdade, uma teoria. Este governo soberano ou Reino é uma energia poderosa. E assim, de uma
apresentação de um fato, se torna a exigência de uma resposta, e consequentemente, uma
peneiração e triagem da humanidade em dois categorias, num dos dois reinos.

Vimos, ainda, como de abrangente é este governo, se espalhando soberanamente sobre tudo,
tomando tudo na sua soberania. Até os antagonismos e oposições são dominados por esta
soberania, e faz com que sirvam o fim que visavam derrotar. é tudo abrangente, sabendo todo o
curso das coisas através da história, como aquelas parábolas deixam tão claro. A última parábola
em Mateus 13 nos conduz até o fim do século, e da primeira - a semeadura da semente, a palavra
do Reino - através de todas as fases, etapas e variações, e tudo que se levanta, até a última, o fim
do século, vemos que este governo soberano abrangeu o todo, previu e preanunciou exatamente o
que aconteceria, e como as coisas se desenvolveriam, e como tomaria posse de tudo; de modo que
no final o governo soberano triunfa. Esse é o significa fundamental do 'Reino'.

A IGREJA E O FRUTO DO REINO

O que é a Igreja? Bem, o funcionamento, a atividade, do governo soberano opera assim. O efeito do
desafio, demanda e peneiração, causado pela proclamação, é que o tempo todo certas pessoas são
achadas gerando a correta reação e resposta, e são assim trazidas para o significado do governo
soberano: pessoas, ou seja, que primeiramente reconhecem, e depois declaram, que Jesus Cristo é
Senhor. Por enquanto, o governo soberano fez seu trabalho, e depois, o fruto dessa atividade
soberana nas nações é reunido num corpo chamado a Igreja. A Igreja se torna o vaso, o repositório
da obra do governo soberano de Deus. Reúne em si como vaso, o fruto da atividade soberana: de
modo que o Reino leva à Igreja, e a Igreja é o resultado, a personificação do Reino.

É interessante destacar no Evangelho de Mateus como de claro isso é, se apenas pudermos vê-lo. A
última parábola das sete no capítulo 13, a parábola da grande rede, nos traz, como disse, até o final
do século: os anjos são enviados, e o bom é reunido em vasos, mas o mau é lançado fora. Agora
torne para o capítulo 24, versículo 31, e aqui você descobre que o Senhor está definidamente
respondendo parte da pergunta dos discípulos - "Qual será o final do século?" (v. 3). "Ele enviará
seus anjos... e eles reunirão os seus escolhidos". Agora, capítulo 13, é o descarte do peixe ruim; o
capítulo 24 é a reunião do bom; e entre os dois, nos capítulos 16 e 18, achamos a Igreja
introduzida.

Está claro? A obra do Reino, a atividade do Reino, é a procura, a descoberta, desafiando, recebendo,
reunindo, trazendo para a Igreja. É estranho que não é dito nada sobre o surgimento da Igreja,
além de - "Eu edificarei a minha igreja"! Nada é dito sobre o ensino da Igreja em absoluto. É
simplesmente introduzida, quase como se fosse algo reconhecido, e depois, o quadro final é dos
escolhidos sendo reunidos. A Igreja é o fruto e soma dessa primeira atividade do governo soberano
de Deus. E a Igreja é a 'eleita', a 'escolhida'. Pedro e Paulo falam da Igreja nesta mesma linguagem.
"Eleitos... segundo a presciência de Deus Pai" (1 Pe. 1:1,2). E "ele nos escolheu nele antes da
fundação do mundo" (Ef. 1:4).

Confio em que estejamos esclarecidos agora que a Igreja e o Reino não são duas coisas, e ainda
são. Não são a mesma coisa, e contudo são. Se você quiser, são causa e efeito. Se complementam.
Em certo sentido o governo soberano é algo 'maior' do que a Igreja - isto é, se você usar a palavra
'maior' no sentido de dimensões e não de valor intrínseco. É bastante abrangente. Como temos
visto, toma qualquer coisa - quase tudo - até a obra do diabo, o inimigo que semeou os seus filhos
dentre os filhos de Deus. Este governo soberano é tão expansivo e maravilhoso. Mas logo se centra
em certos resultados, e os reúne numa entidade concreta chamada o Corpo de Cristo. Assim temos
partida e contrapartida: elas são uma, e no entanto não são uma.
A Igreja, então, é a personificação do triunfo do Seu governo. Isso não é apenas uma declaração do
fato ou da verdade - é um testemunho glorioso. Diz o que a Igreja é no pensamento de Deus, mas
também diz o que a Igreja deve ser em si mesma - a própria personificação do triunfo do governo
soberano de Deus. É claro, é assim, se é a Igreja na realidade. Cada um de nós, se realmente
estamos na Igreja e da Igreja, segundo a concepção do Novo Testamento, é uma personificação e
uma expressão do triunfo do Seu governo soberano. Você pode usar outra frase, se quiser, que
apenas define isso - graça soberana, pois o Seu governo nesta dispensação é o governo da graça.
Nós estamos aqui pelo triunfo da graça soberana, e permaneceremos aqui nesse terreno somente, e
no final seremos achados nessa companhia eleita simplesmente por causa do triunfo do Seu governo
soberano mediante a graça. Essa é a Igreja como o fruto do Reino.

ATIVIDADE SOBERANA EM RELAÇÃO À PALAVRA

A seguir, a Igreja é a personificação da atividade soberana em relação à palavra do Reino, como é


dada pelo Semeador. Embora haja uma grande proporção de fracasso e desapontamento, há o
trinta, sessenta e o cem por um, e a Igreja recebe isso. A Igreja é achada sendo composta do
triunfo da palavra do Reino. Alguns de nós somos apenas 'trinta por um' de resultado, alguns um
pouco mais, outros talvez podem até ser cem por um. De qualquer modo, algo aconteceu, e o
Senhor obteve algo em nós. Nós queremos que Ele tenha tudo que Ele puder ter. Mas isso é
justamente o que a Igreja é - é o resultado de trinta, sessenta, cem por um da palavra do Reino. É
o trigo contra o joio, os filhos do Reino contra os filhos do diabo. Damos graças a Deus que podemos
verdadeiramente afirmar que somos os Seus filhos.

De novo, a Igreja é a personificação da verdade do pão ázimo. 'Guarda a festa' com 'pão ázimo' (1
Cor. 5:8). Espiritualmente isso significa que o fermento tem sido expurgado. Louvado seja Deus
porque toda a obra corruptora, desintegradora do pecado e do mundo têm sido tratada.

A Igreja toma o princípio interno da árvore - a árvore grande, anormal, 'excêntrica*', como a
chamamos, uma semente de mostarda transformando-se numa grande árvore, a qual nunca o faz
normalmente e naturalmente. Deve ser algo absolutamente anormal fazer isso. Mas, em oposição a
isso, a Igreja é algo espiritualmente normal e saudável. Não existe nada excêntrico nela. O Senhor
nos livre de tudo que é anormal e tudo que é aberrante*. Peça ao Senhor para poupar você de ser
aberrante! A Igreja é a coisa verdadeira, a não a falsa, como essa grande árvore.
A Igreja é também o vaso do peixe bom. Provavelmente você não gosta de pensar de si mesmo
como sendo um peixe! Mas isso é o que a Igreja é. Podemos achar que não somos peixes bons -
podemos sentir que somos peixes muito pobres! - todavia, somos diferentes; existe uma diferença.

E para coroar tudo isto, a Igreja é a "pérola de grande valor", e o "tesouro escondido no campo".

Tudo isto, note-se, está dentro do escopo do ensino sobre o Reino; tudo entra no mesmo capítulo
nos mistérios ou parábolas do Reino. Todas elas resultam em algo positivo, em oposição a algo que
é ou negativo ou errado; e a Igreja entra e toma tudo que é positivo e correto como o fruto da
palavra do Reino. A Igreja então se torna a escolhida, a eleita, a nação santa, para quem este
'Reino', neste sentido, é dado. Não me alargarei sobre isso agora; você recordará as Escrituras que
tenho citado.

O ASSENTO DO GOVERNO SOBERANO

Mas a Igreja não é apenas a personificação do fruto e triunfo do governo soberano - é aquilo no qual
o imediato poder desse governo é centrado e então mediado. O governo soberano de Deus, do Céu,
é centrado na Igreja. Essa é a primeira grande verdade sobre a Igreja naqueles primeiros dias,
como primeiramente entra em vigor. Se você quiser saber onde achar este governo soberano,
regimento, domínio, autoridade, de Deus e do Céu, você o achará na Igreja. Está em Jerusalém,
está em Antioquia, está indo por toda a parte. Deus colocou autoridade e poder celestial na Igreja
numa maneira peculiar.

Ó, que a Igreja esteja viva para o significado de sua existência, neste sentido - viva para o grande
depósito com o qual tem sido confiada, como o próprio vaso deste soberano funcionamento, esta
atividade soberana poderosa e governo de Deus. Esse depósito está aqui. Quando as coisas têm sido
como deveriam ser, isso é o que exatamente tem sido achado na Igreja. Houveram tempos em que
descrentes vindo caiam com a face no chão, e diziam, "Deus está no vosso meio" (1 Cor. 14:24,25).
Embora alegres, embora contentes, embora muito abençoados em outros aspectos, devia ainda
haver algo muito terrível sobre a Igreja. "Dos outros, porém, nenhum ousava ajuntar-se a eles" (At.
5:13). Ó, que essa proibição da santidade Divina possa ser achada na Igreja! A Igreja é o assento
desta atividade JUDICIAL da soberania Divina. Assim é que deve ser.

O GOVERNO SOBERANO MEDIADO PELA IGREJA

Mas então, esta soberania é mediada pela Igreja. Sai e diz: "No nome de Jesus de Nazaré..." (At.
3:6). 'No NOME de Jesus de Nazaré, te ordeno, te digo...' Aqui está a autoridade mediadora, o Reino
- palavra pobre outra vez - o governo soberano, centrado e operando através da Igreja. Assim é
como deve ser. A autoridade de Jesus Cristo está na Igreja, e é para ser exercida pela Igreja.
Mateus 16 deixa isso muito claro. "Dar-te-ei as chaves do reino dos céus; o que ligares na terra terá
sido ligado nos céus; e o que desligares na terra terá sido desligado nos céus" (Mat. 16:19). Se isso
não é autoridade nos Céus e na terra, o que é? Mas é a autoridade Daquele a quem lhe foi dada
(Mat. 28:18) através da Sua poderosa vitória.

A EXPRESSÃO DA ORDEM DIVINA E CELESTIAL

A Igreja é, ainda, aquela na qual o carácter da ordem Divina e celestial, e governo, é expresso. Se o
Reino de Deus e do Céu tem, como um dos seus aspectos e componentes fundamentais, a natureza
Dele que governa, então isto não é apenas oficial, isto não é apenas eclesiástico - isto é espiritual e
moral na sua própria natureza. Neste ponto devemos estender as nossas meditações e retornar para
aqueles três grandes capítulos do Evangelho de Mateus, abrangendo o que é chamado 'o sermão da
montanha'; pois lá há uma revolução de ideias. A inteira concepção do poder é transformada. A
virtude é preeminente, o carácter é predominante. Os verdadeiros valores são identificados no que
você É, não naquilo que é oficial e organizado. "Bem-aventurados os mansos: porque herdarão..."
"Bem-aventurados os humildes de espírito, porque deles é o reino...".
Isso abre um campo muito amplo, o qual não podemos tocar agora. Mas é tudo reunido nisto, que o
Reino é, de uma perspectiva, a expressão da natureza, do carácter, Daquele que é soberano, e que
isso é para ser achado na Igreja. Talvez pensemos do Reino como algo muito grande e geral,
operando e ativo no mundo inteiro, independentemente de qualquer coisa e tudo que é contrário a
ele; mas não vai parar por aí. Vai trabalhar até que produza uma expressão do seu próprio carácter;
trabalhará até que tenha esse núcleo que expressa o carácter Daquele que está no trono. E é na
Igreja que a natureza Divina e celestial é achada, e é essa natureza que é soberana.

Não existe, provavelmente, força maior operando do Céu do que a força da mansidão. "A si mesmo
se humilhou, tornando-se obediente..." (Fili. 2:8); mas o reino inteiro de Satanás foi destruído nesse
sentido. Os homens não gostam absolutamente nada disso. Aqui está a revolução. Mas, observe, é
na Igreja que este poder tremendo é para ser achado - este estado de ser pobre em espírito, esta
mansidão, ser perseguidos por amor à justiça, e tudo o resto. Mas nela há poder, nela há
autoridade. Muitas vezes não é até que você se ajoelha, totalmente quebrado quanto ao seu próprio
orgulho, que você consegue chegar até Deus em absoluta vitória. Essa é a essência do Reino ou
soberania, e tudo isso é para ser tomado pela Igreja.

A IGREJA COERDEIRA COM CRISTO

Só uma breve palavra para concluir. A Igreja é a coerdeira com Cristo da herança, o governo
soberano, nos séculos vindouros. Nós sabemos disto na autoridade da Escritura. A Igreja é herdeira
do trono do mundo por vir - do lugar administrativo com o Senhor Jesus sobre tudo que um
acréscimo de si própria. Pois uma cidade pressupõe um país, uma metrópole pressupõe um leque
mais amplo. A Cidade no meio das nações significa que o governo sobre as nações está LÁ, e no
final do livro de Apocalipse (21:24, 22:2) é onde emite-se todo o assunto.

Capítulo 5 - A Proclamação do Reino

"E será pregado este evangelho do reino por todo o mundo, para testemunho a todas as nações.
Então, virá o fim" (Mateus 24:14).

Analisemos primeiramente este versículo, observando suas palavras específicas.

'Este Evangelho [literalmente, 'boas novas'] do Reino [literalmente, 'o reinado real'] será pregado
[esta particular palavra significa 'proclamado', 'anunciado', 'aclamado'] por todo o mundo [=toda a
terra habitada ou habitável] para testemunho [=como testemunha: Dr. Weymouth na sua versão
traduz essa frase - 'para estabelecer a evidência']'.

Agora, com essa análise, construamos tudo na sua completa declaração literal:

'Estas boas novas do reinado real será aclamado por toda a terra habitada, para estabelecer a
evidência por todo o mundo. Então, virá o fim'.

É um versículo impressionante, pois abrange nada menos do que a inteira missão, obra, significado
e propósito da pessoa, encarnação, vida, morte, ressurreição e exaltação de Jesus Cristo, e
concretiza isso como o próprio significado e assunto da Sua Igreja. É realmente um versículo muito
abrangente.

Mas devemos ficar por trás desta tremenda declaração, e tentar entrar. É então, para ser
compreendido, que o que é chamado o Evangelho, as boas novas - tudo que o Cristianismo tem a
dizer e dar - é definido em termos de um Reino, um governo soberano, o funcionamento de uma
Realeza. É claro, estamos tão familiarizados com a linguagem e com a ideia que provavelmente
nunca temos realmente parado para pensar o que significa isso. Por que o Cristianismo não é
referido como outra coisa - 'este evangelho do estado comunal', 'este evangelho do estado social',
ou alguma outra designação? É chamado 'o evangelho do governo soberano, o reinado real'; em
outras palavras, o evangelho da Realeza de Jesus Cristo. É isso, e nada menos e nada mais do que
isso.

A ORIGEM CELESTIAL DA REALEZA DE CRISTO

E isso nos leva a uma nova indagação e investigação. Onde essa ideia se originou e provêm? Ora, é
muito difícil localizar a ideia da realeza no que respeita ao homem. Não sabemos quem foi a
primeira pessoa a ter o título de rei. Nós podemos ver a ideia em sua forma primitiva evoluindo, em
desenvolvimento, até que alcançou a posição completa da monarquia; voltaremos a isso num
momento. Mas o que sabemos da Bíblia é que isto não começou com o homem em absoluto.
Começou no Céu com Deus. A ideia do reinado real, governo soberano, estava com Deus, e foi
transmitida ao Seu Filho Jesus Cristo antes que este mundo fosse criado, e antes que houvesse algo
semelhante a uma realiza na terra, nem em princípio ou em realidade. A Bíblia nos conta que Deus
designou o Seu Filho Jesus Cristo como o Herdeiro de todas as coisas (Heb 1:2), e que Deus fala do
Seu Filho como o Seu Rei. Aparece num dos salmos, onde Deus está falando: "Eu, porém, ungi o
meu Rei sobre o meu santo monte de Sião" (Sal. 2:6). Essa é uma expressão profética a respeito do
Senhor Jesus, como você bem sabe. A ideia da realeza originou-se com Deus e estava centrada no
Seu Filho Jesus Cristo.

UM OUTRO REI

O seguinte que a Bíblia nos faz conhecer é que alguém ficou com ciumes disso. O maior ser criado
dentre as hostes angelicais achou ciumes do Filho de Deus no seu coração e permitiu que esses
ciumes tomassem tanta conta dele que ele projetou um plano, uma maquinação e um movimento
para suplantar o Filho de Deus e obter esse governo em si mesmo e para si mesmo. Essa revolta
contra a determinação de Deus concernindo o Seu Filho teve lugar em algum lugar fora deste
mundo, antes que a presente ordem da criação fosse trazida à existência; mas Deus procedeu de
acordo ao plano e de acordo ao propósito, e através da instrumentalidade do Seu Filho, criou este
mundo para ser a esfera do domínio do Seu Filho; e nele Ele colocou o homem.

A seguinte coisa foi que este ser que tinha sido, pela sua revolta, a sua rebelião, expulso do Céu,
achou em seguida caminho para a esfera do Rei designado e predestinado por Deus. Pela história é
conhecido, por enquanto, por como ele obteve o seu objetivo através de um plano sútil de engano
profundamente estabelecido - a sua atração à vida da alma do homem. Ele obteve o seu objetivo ao
ganhar o homem para si; e assim se tornou, por enquanto - como mesmo Jesus reconheceu e
admitiu ele ser 'o príncipe deste mundo' (João 12:31, etc.) embora o seja ilegitimamente. Aí você
tem a raiz de todo o assunto, o pano de fundo da nossa passagem da Escritura.

A VITORIA DO REI DE DEUS

É claro, Deus não irá tolerar isso para sempre. A sua intenção não irá ser estragada, nem o Seu
Filho irá ser privado da Sua herança. A história da encarnação encontra a sua explicação lá: era a
vinda do Filho de Deus neste mundo na carne para assumir todo este assunto da intenção de Deus,
e da Sua própria (do Filho) herança, e do lugar do homem nessa herança, e combater até um
glorioso triunfo final. E vendo que não era algo oficial, mas um assunto espiritual e moral, foi direito
para a profundidade das coisas - na mesma natureza do pecado e maldade, do qual tudo veio. Se
concentrou e lidou com todo esse mal, como é personificado no maligno em si. Jesus o enfrentou,
Ele aceitou a batalha do governo eterno, do reinado real, e combateu todos os seus implicados até
um resultado vitorioso. 'Pela Sua Cruz Ele triunfou', e na Sua Cruz Ele "despojou os principados e as
potestades, publicamente os expôs ao desprezo, triunfando deles na cruz" (Col. 2:15). Ele arrancou
o cetro das mãos do usurpador, e expulsou, como Ele disse, o príncipe deste mundo (João 12:31);
e, ressuscitando triunfante dentre os mortos e do sepulcro, recebeu às mãos do Seu Pai o Reino,
juntamente com 'toda a autoridade no Céu e na terra' (Mat. 28:18), 'o Nome que está acima de
todo nome' (Fili. 2:9), e o lugar 'acima de todo poder, e domínio, e de todo nome que se possa
referir' (Ef. 1:21). Esse é o grande drama que a Bíblia contém e estabelece; e disso surge o que é
chamado o Evangelho, as boas novas - as boas novas do Seu reinado real em virtude de tudo que
Ele fez.

A NECESSIDADE DO REINADO HUMANO

Agora voltemos para o lado humano, a história do reinado, domínio. É bastante claro que começou
numa maneira muito simples. Primeiramente o princípio foi achado expresso numa família.
Problemas na família têm uma longa e remota história. Parece que quase imediatamente que houve
a família lá houveram problemas, e alguém na família tinha que assumir a autoridade. Os primeiros
reis, embora eles não fossem chamados assim, eram cabeças das famílias. Daí, as suas autoridades
se estendeu até a tribo, e da tribo para as tribos, e das tribos para a nação. E depois, até onde eles
conseguiam, eles tentavam obter o reinado sobre várias nações, e finalmente sobre todas as
nações.

Mas a nossa questão é esta. Esta situação ocorreu por motivo de circunstâncias e da necessidade do
homem. Um governante ou regente - um rei em princípio ou em nome - era uma necessidade, pois
alguém tinha que tomar decisões nos problemas do homem e decidir nos assuntos de conflito, seja
em famílias ou tribos ou nações; alguém tinha que dar o veredito do certo e errado. Por causa de
novas circunstâncias de conflito no mundo, antagonismo colocando pessoas contra pessoas, tribo
contra tribo, nação contra nação, alguém tem que assumir a causa e comandar em guerra para a
vitória. Pois paz não era o estado normal das coisas, mas 'desassossego' - qualquer coisa menos paz
- alguém devia assumir a responsabilidade da tentativa para proporcionar ao homem paz, para
garantir a paz e estabelecê-la.

Assim, o reinado tem como seus componentes, estas ideias de adjudicar, de julgar, de determinar o
certo e o errado, de comandar contra o que ameaça o bem-estar do homem, e a própria integração
do homem, e de estabelecer paz. Existem componentes do reinado, como encontramos no seu
desenvolvimento. O reinado existe por causa das condições existentes, algo estabelecido contra
eles. Isto nos dá o pano de fundo e o princípio do assunto.

REI DE JUSTIÇA

Numa esfera distante, muito mais distante do que o temporal e o terreno, o Senhor Jesus, como Rei
de Deus, assumiu essas mesmas questões. São componentes do Seu Reinado. Neste mundo tudo
deu errado; um estado de anarquia e iniquidade - de 'desigualdade', deslealdade, erro de homem a
homem - prevalece. É o que a Bíblia resume numa palavra: injustiça. Afeta todos os tratos do
homem com o homem, todos os relacionamentos e transações humanas. O sistema inteiro do
relacionamento humano simplesmente não está certo; não é reto, não é 'justo e honesto' - é
injusto. Toda a questão da injustiça está ligada a este assunto do Reinado; e é portanto, muito
significativo que, num dia em que, nessa nação traçada de Israel, o Reinado, o governo soberano, o
governo real de Deus intencionava ser exibido, existiu o pior estado de injustiça.

Mas no meio de tudo - toda esta injustiça, sim, mesmo a dos próprios reis - um profeta se levanta e
grita: "Eis aí está que reinará um rei com justiça"! (Isa. 32:1). Um raio de luz é lançado direto para
Aquele que estava vindo. Sabemos que o Senhor Jesus, na Sua vida e morte, assumiu toda esta
questão da justiça - em primeiro lugar como estando relacionado com os direitos de Deus. O Seu
primeiro objetivo, a Sua primeira tarefa, era trazer a Deus Seus direitos, o que lhe é devido, para
consertar as coisas com Deus no que se refere ao homem. Quanto Evangelho é contido nisso! Toda
a carta maravilhosa de Paulo aos Romanos é reunida nessa ideia de Deus requerendo justiça, do
homem sendo incapaz de Lhe fornecer isso, e Jesus Cristo entrando na brecha para fazê-lo no meio
dos homens, e onde este reinado real de Jesus Cristo for achado no coração dos homens você tem
justiça, verdade e equidade, 'igualdade e honestidade' e justiça - tudo isso se entende por justiça.
Ele 'reina em justiça'.

REI DE PAZ
Então, quanto a este assunto do conflito, vai além das guerras entre os homens. Donde vem todas
estas guerras? Elas emanam do Maligno que abalou este universo com conflito, discórdia, luta, ódio,
malicia. Esta grande guerra no universo é primeiramente espiritual, antes de se tornar temporal, e
foi de Satanás que surgiu. Sabemos bastante bem que está aqui. Sabemos que nos nossos
corações; antes de Cristo os tomar como o Seu trono, não há paz, não há paz lá à parte de Ele.
Sabemos tudo sobre discórdia e luta dentro de nós mesmos; sabemos, também, que é a coisa mais
difícil é conviver com outras pessoas por muito tempo sem achar alguma discórdia. Talvez, cristãos,
mais do que ninguém, sentem os antagonismos que estão ao exterior. Satanás tem concentrado as
suas forças e atenção especialmente em cristãos, para destruir o testemunho do que Jesus fizera;
para estragar este governo real reduzindo e enfraquecendo seu significado de unicidade, comunhão,
unidade. A comunhão e unidade é uma verdadeira batalha em qualquer esfera, mas provavelmente
maior entre cristãos do que em qualquer lugar.

Mas há um Rei para comandar nessa batalha. Este governo real significa que não é preciso haver
este estado das coisas, mas pode haver vitória sobre a luta e discórdias humanas, e divisões,
antagonismos, malícia e tudo isto. Ele obteve a vitória sobre a obra terrível de Satanás que era
despedaçar este universo e criar uma grande esfera de conflito. Cristo, somos informados, tem
"feito a paz pelo sangue da sua cruz" (Col:20). A ideia de um Rei era, dentro do possível, manter e
estabelecer a paz. Nenhum rei conseguiu isso por muito tempo, ou apenas dentro de uma esfera
limitada, mas Cristo entrou nesse reino hostil, avançou para a batalha, e garantiu a paz.

Aqui, também, embora conheçamos naturalmente nos nossos corações os elementos da luta,
discórdia e guerra, em Cristo conhecemos o outro lado. Sabemos que Ele trouce o Seu reino de paz
aos nossos corações. "Temos paz com Deus por meio de nosso Senhor Jesus Cristo" (Rom. 5:1), e a
paz de Deus que excede de todo entendimento, guardará os nossos corações (Fili. 4:7), mas
enquanto haja muito mais necessário, e tenhamos que sempre estar atentos e sempre
permanecermos na Sua vitória neste assunto, no entanto, existe o fato glorioso de que conhecemos
algo de uma comunhão, uma comunhão abençoada e maravilhosa entre nós como o povo de Deus,
o qual é único, o qual não é conhecido deste tipo em qualquer outro lugar em todo o universo. A
coisa mais preciosa e abençoada que os cristãos têm herdado através do Senhorio soberano de
Jesus Cristo nos seus corações é a comunhão de um com o outro. Quanto há ligado a isso! Quanto
devemos um ao outro em Cristo, quanto necessitamos um do outro, quão impossível é se dar bem
sem o outro justamente porque Deus está contra darmos bem sem o outro. Descobrimos que
tentarmos nos dar bem uns sem os outros simplesmente envolvemos o Senhor em controvérsia
conosco.

Justiça e paz - estes são os elementos do Seu reinado. O inimigo é derrotado, seus cativos e vítimas
são libertadas, a paz é estabelecida; enquanto o guardião de dentro encarrega-se da questão do
estabelecimento da justiça. Tudo isto é a nossa necessidade, assim como sempre foi, e Ele a satisfez
completamente, plenamente. Ora, isso tudo está enquadrado nesta maravilhosa palavra 'Evangelho'
- boas novas. Mas existem multidões - talvez até haja alguém lendo este texto - que não conhecem
esta obra maravilhosa que Jesus Cristo fez, que não estão no benefício e alegria da paz com Deus, e
da paz nos seus próprios corações, que nós conhecemos. Isto lhes parece muito estranho, embora
talvez olhem para nós saudosamente e invejosamente. Esta comunhão entre cristãos é algo
impressionante; não é algo fingido, montado ou maquiado. Temos sabido de pessoas não salvas
entrando em reuniões cristãs, e saindo, se não realmente salvas, ainda dizendo um ao outro, 'há
uma atmosfera maravilhosa aqui. Você sente que estas pessoas têm algo que outros não possuem'.
Eles falam da impressão feita sobre eles pela comunhão maravilhosa do povo de Deus, e isso
constitui um testemunho. É, de fato O testemunho; é a evidência.

ESTABELECENDO A EVIDÊNCIA

Assim sigo imediatamente. Estas boas novas do governo ou reinado real, nestes termos dos valores
espirituais - vida interior, comunhão abençoada, luta vencida, justiça estabelecida - estas boas
novas são comprometidas à Igreja e aos arautos para levar a todas as nações. Mas note que não é
só alguém saindo e anunciando as boas novas como uma teoria. Temos que tomar posse disto muito
fortemente. Haveria uma situação muito, muito diferente no mundo hoje, como resultado do
Cristianismo e evangelização, se este ponto tivesse sido mais firmemente e claramente
compreendido. Enquanto é a obra do arauto fazer a anunciação, a passagem que temos ido
considerando não termina aqui, com 'Estas boas novas do reinado real serão proclamadas em toda a
terra habitada'. Não acaba aqui, e é aí onde justamente fica a falha e fraqueza. Continua: 'será
proclamado... COMO TESTEMUNHO'. Tradução de Weymouth, que citei anteriormente, nos dá o
cerne da questão. Ele diz: 'para estabelecer a evidência'. O arauto não está apenas anunciando
alguma teoria abstrata, ou mesmo um fato, objetivamente. Ele está lá na verdade para estabelecer
ou prover a evidência de que é o caso.

Torne para seu Novo Testamento, e o que você tem? Você tem os arautos indo para a terra
habitada, bem o suficiente: mas o que estão fazendo? Estão só andando em alguma cidade e
subindo numa plataforma e fazendo uma anunciação, e depois indo embora? Fazem eles a
anunciação, e depois continuam para o seguinte lugar e o seguinte lugar e o seguinte lugar, até que
eles cobrirem toda a terra habitada com a anunciação? Fizeram isso? Certamente não. Eles tinham
uma melhor apreensão do assunto deles, e ao que o Senhor se referia do que isso. O significado que
estava nos seus corações e mentes ao estar em qualquer lugar era este: 'Algo tem de ser
estabelecido neste lugar, o qual será uma concreta evidência de que Jesus está no trono!' Ao passo
que a anunciação de algum ensino, alguma verdade objetiva, poderia não ter importado ninguém,
quando eles entravam nesse solo com aquela ideia e motivo, todo o inferno se levantava para dizer,
'Apagaremos essa coisa aqui se pudermos!'

Assim você tem um apóstolo entrando numa cidade e fazendo a proclamação, e o inferno se
levantando e mexendo os homens para o apedrejar, arrastar ele para fora da cidade, e deixar ele
como morto. Quando eles tinham se retirado, ele se levanta; e o que ele diz? 'Tenho feito a minha
anunciação nesta cidade - irei para a seguinte'? Ele volta de novo para a cidade, diretamente para
lá. Por quê? Ele diz, 'Não temos a concreta evidência aqui ainda. Não temos obtido aquilo que é a
personificação deste testemunho; até que a tenhamos, aguentaremos. O diabo não vai conseguir o
que quer sobre este assunto'.

E assim, em cada lugar eles deixavam para trás algo que era concreto. Não era só uma palavra
lançada ao ar. Havia algo lá que era a personificação da verdade de que Jesus é Senhor, e de que o
reino de Satanás não é universal. Foi quebrado aqui e aqui, e naquilo que é deixado para trás está a
evidência. Leia sobre aquelas igrejas outra vez, aqueles vasos da evidência; leia sobre eles. Eles
estavam lá naquele lugar, perseguidos, assaltados, passando por um tempo muito terrível, e no
entanto - e no entanto - segurando o terreno: por causa de que eles sabiam que se eles não o
segurassem, Satanás o teria, e eles não estavam permitindo isso. Eles estavam comprometidos com
este governo real. E então, a proclamação era mais do que uma proclamação. Tinha em vista um
estabelecimento da evidência, o estabelecimento de um testemunho lá. É bom ouvir companhias
locais do povo do Senhor falando deles mesmos assim: 'Estamos aqui para dar um testemunho
neste lugar'.

Ora, ISSO é o propósito dos arautos, ESSA é a função das igrejas. É por isso que estamos aqui
nesta terra, como cristãos - principalmente, que onde quer que estejamos, em casa, no trabalho, ou
em qualquer lugar, forneçamos a evidência de que Jesus é Senhor. Essa será a explicação do
sofrimento e da oposição, e de todos os esforços do diabo para nos apagar e expulsar. Estamos lá
como evidência de algo. Como disse tempo atrás, se isto apenas tivesse sido compreendido,
mantido e entendido desde o começo, teria havido uma situação diferente. A pregação do Evangelho
parece ter muito amplamente se resolvido em transmitir as verdades, as doutrinas, do Cristianismo;
mas tem que haver algo muito mais do que isso. É preciso que todos os que assim se sentiram
chamados digam: 'Sim, mas tem que haver evidência concreta de que isto é verdadeiro. Deve haver
prova positiva sobre este assunto, personificado em algo aqui que declare que Jesus é Senhor'.

Tem você estabelecido a evidência? Está você representando isso? Esse é o desafio na proclamação
do Evangelho. São boas novas, mas essas boas novas têm de ser personificadas em algo que
constitua a sua própria evidência e prova.
UM DESAFIO PARA CRISTÃOS

É um desafio para nós como cristãos, é também uma explicação muito abençoada e útil. Explica por
que razão o diabo nos odeia tão intensamente. Explica toda a pressão que ele exerce sobre nós.
Explica essa provocação, essa provocação terrível, que é sempre o prelúdio para alguma atividade
do inimigo, 'se apenas pudermos impedir isso, estragar isso, em alguma maneira frustrar isso!'
Então, é uma explicação e uma ajuda saber isso. E é um desafio para nós cristãos, que não vamos
ser movidos até que o Senhor nos mova. Sim, o Senhor pode nos mover, o Senhor pode nos tomar,
o Senhor pode nos conduzir para longe, mas pela graça de Deus o diabo nunca o fará. Não estamos
situados onde estamos só pelos nossos próprios interesses, para conseguir algo que queremos.
Estamos numa posição muito mais séria do que essa - em nada menos do que este grande conflito
cósmico entre os dois príncipes, os dois reis. Estamos lá para estabelecer a evidência. É um desafio
muito grande para nós.

UM DESAFIO PARA O NÃO SALVO

Mas é também um desafio para qualquer um lendo este texto que não é do Senhor. O desafio é
este: Existem só dois reis neste universo. Não existe zona neutral neste assunto, não existe 'a terra
é de ninguém' aqui. Existem somente dois governos, dois reinos; Cristo, o Rei eternamente
designado de Deus, e o diabo, o antigo usurpador. Nós fazemos a declaração, a anunciação para
você de que "Jesus Cristo é Senhor" (Fil. 2:11). Deus nomeou Ele Senhor, e Ele é Senhor por direito
da Sua própria conquista do diabo. Cabe a você decidir em qual dos dois reinos, esferas e governos
você está. Esse é o desafio que tem que entrar em toda a terra habitada, e você não pode sair
disso.

Se você não acredita que você está no reino e governo de Satanás, se você não está definitivamente
comprometido e entregue a Jesus Cristo, eu posso lhe dar a mais perfeita e completa prova disso,
se você a aceitar. Tente sair do reino de Satanás! Tente se tornar um cristão! Você perceberá que
não acontece e se consegue automaticamente. Você logo descobrirá que forças espirituais se
levantam, e a coisa se torna cheio de complicações e dificuldades. Eles se levantam de dentro de
você - ou revolta ou antagonismo à ideia, ou surgem questões e dúvidas relacionadas, ou medos a
respeito. Logo que você entra neste assunto você descobre que outras coisas começam a se mover -
não que você as moveu, mas que elas se movem por si só.

A ilustração do Velho Testamento disto é Israel, o povo de Deus, em Egito. Eles estavam em
escravidão, mas as coisas estavam relativamente tranquilas até que a ideia de eles saírem do Egito
foi sugerida. Mas imediatamente que este pensamento de um êxodo de Egito começou tomar forma,
então as coisas começavam a acontecer. Parecia que o reino inteiro estava em agitação, se
preparando até o furor final para impedir isto. Ora, você continua tranquilamente sem pensar em vir
para o Senhor Jesus, e, enquanto você pode ter perguntas e não ter um tempo agradável
consolidado, no entanto, a sua vida pode ser comparativamente mais fácil. Mas quando você
começa a ponderar em vir para o Senhor Jesus e entrar no Seu reinado e reino, então você
descobre, sem você fazer absolutamente nada, que as coisas começam a operar, as coisas estão
ocorrendo para parar isso. Surgem de dentro, e surgem de fora. Ninguém nasce no Reino do Céu
sem conflito, sem uma luta; e quão grande luta é para algumas almas - uma luta prolongada até
que elas o conseguem. Como disse, você pode por isto à prova. Você toma uma atitude em direção
a Jesus Cristo, e você descobrirá que está numa escravidão que você não conhecia anteriormente.
Está lá, é um fato. Mas, bendito seja Deus, há vitória para você com o Senhor Jesus Cristo, para
tirar você dessa escravidão, diretamente para a Sua vitória.

Mas o meu objetivo imediato é este. Estamos declarando que Jesus Cristo é o Rei de Deus, e que o
governo final deste universo é investido Nele. Por natureza nós nascemos no outro reino, o reino do
Maligno, a quem nós pertencemos. A Bíblia diz que somos 'filhos das trevas' e 'filhos da ira'. Nós
somos filhos do diabo por nascimento, pois Adão nos colocou a todos no seu poder e na sua mão.
Jesus veio para nos resgatar, para nos tirar, para nos introduzir no Seu próprio reinado. Onde você
está? Essa é a questão presente. É anunciado, declarado. É uma coisa tremenda, pois o destino
eterno depende da sua resposta a isto.

E é algo solene - ó, que os homens o percebam - ter em qualquer vizinhança um testemunho, do


Senhorio de Jesus Cristo. Todas essas áreas irão ser julgadas um dia, porque essa companhia
esteve lá com este testemunho. Sim, significará juízo. A acusação será: 'Mas você sabia que estava
lá: O seu lar foi visitado, você foi informado, você foi invitado; Jesus Cristo estava bem lá no meio
daquele povo. Você não o quis ter. Você ou o ignorou, ou se rebelou, ou o repudiou. Mas estava lá
em evidência. Você não pode dizer que você não sabia'. É uma coisa tremenda para Deus plantar
num distrito um testemunho vivo do Senhorio do Seu Filho. Todos nesse distrito vão ser julgado
pelas suas atitudes a isso.
Não entenda mal ou interprete mal. É um assunto espiritual. Este é o método de Deus, colocar nas
nações algo que seja uma evidência estabelecida do grande fato do Senhorio do Seu Filho, e julgar
tudo pelo mesmo. Parece duro, mas devemos ser fieis, e devemos advertir como também implorar.
Em amor a sua alma diria, não permaneça sob a bandeira do usurpador. Aqui está o Rei de Deus, e
nós proclamamos a você estas boas novas do Seu governo soberano.
E quando a evidência disso tenha sido estabelecida, diz esta palavra em Mateus, "em toda a terra
habitada", o tempo de Deus chegará para encerrar a dispensação. Não me vou alargar nisso, mas
existe muito ligado a isso. A dispensação espera por isso, e portanto, existe uma urgência em
relação às coisas, porque nós nunca sabemos, num dia como este, quando o testemunho terá
achado a sua última declaração neste mundo. Enquanto que o reino de Satanás está destituindo os
mensageiros pessoais, eles não podem acabar com o ar. Este Evangelho da soberania, está
conseguindo chegar ao seu destino, pois é, em verdade, soberano.

Que o Senhor nos ajude como o Seu povo para enfrentar o desafio quanto ao verdadeiro significado
e propósito de estarmos aqui nesta terra. E se você não pertence ao Senhor Jesus, se você não está
no Seu Reino, que Ele lhe ajude a enfrentar o outro desafio - abandonar a falsa bandeira e domínio
do usurpador, e procurar a cidadania no Reino do nosso Senhor.

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