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Doutoranda em Educação pela Universidade Federal do Ceará. E-mail:simoneeuclides@yahoo.com.br
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Mestranda em Educação pela Universidade Federal do Ceará. E-mail: samiapaula86@gmail.com
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Docente da Universidade Federal do Rio de Janeiro. E-mail: joselinajo@yahoo.com.br
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Considerações iniciais
É considerando tais nuances que este artigo busca identificar as marcas de racismo e
sexismo na trajetória profissional de mulheres negras doutoras e professoras
universitárias que atuam em universidades públicas do estado do Ceará.
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Cada indivíduo é caracterizado, por Bourdieu, em termos de uma bagagem socialmente
herdada, advinda da sua socialização primária. É o que ele conceitua por habitus. O
habitus tem relação com o aprendizado que adquirimos, nos apropriamos e
incorporamos de maneira durável, determinando, assim, nossa visão de mundo,
preferências, forma de conduzir a vida e enfrentar os desafios nos diversos campos que,
na visão de Bourdieu (1996), são espaços que detém relativa autonomia, porém
conduzidos por normas próprias. Nesses campos, os indivíduos se inter-relacionam e
travam embates visando os interesses específicos Silva (2012).
Essa bagagem inclui, por um lado, certos componentes objetivos, externos ao indivíduo,
e que podem ser postos a serviço do seu sucesso escolar, tais como: o capital
econômico, o capital social, o capital cultural, este último composto, inclusive, pelos
títulos escolares. O capital cultural incorporado pelo indivíduo se constituiria
grandemente vinculado à herança familiar, a qual é concebida como influenciando na
definição do destino escolar do indivíduo.
Para este autor o capital cultural configura-se como uma herança familiar e que tem
grande influência na vida escolar dos indivíduos. Neste contexto, merece destaque a
importância da família em relação aos investimentos educacionais que contribuem para
que os indivíduos adquiram capital cultural: saberes, práticas, valores e metas para o
futuro profissional (SILVA, 2012).
Este capital estaria diretamente relacionado a outro capital ao qual seja o capital
econômico para ter acesso a esse capital cultural por meio da compra de livros, quadros,
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possibilidades de viagens internacionais dentre tantas outras possibilidades de acesso ao
conhecimento.
Ao contrário das camadas populares, a classe média e a elite tenderiam a investir pesada
e sistematicamente na escolarização dos filhos. As famílias deste grupo social já
possuiriam volume razoável de capitais que lhes permitiria apostar no mercado escolar
sem correrem tantos riscos (NOGUEIRA, NOGUEIRA, 2006). Enquanto os indivíduos
que já possuem uma bagagem cultural atrelada aos valores legítimos teriam maior
facilidade de acesso e permanência nas instituições escolares, outros encontrariam
maiores dificuldades e, diante de tais impasses, acabariam por evadir e deixar de lado o
sonho de se formarem. Dentre os indivíduos que se enquadram nesta segunda opção,
estariam as ditas minorias sociais: os pobres e os negros.
Dentro desta concepção, a escola é vista como um filtro através do qual se selecionam
alunos e se estabelecem barreiras, o que pode ser observado nas altas taxas de evasão de
determinados segmentos sociais e no acesso diferenciado ao ensino superior
(BOURDIEU, 1996). A escola acaba por reproduzir em seu espaço toda ideologia
presente no imaginário social e isso interfere diretamente nas trajetórias individuais dos
estudantes negros e negras. Assim, através de todo um aparatos muitas vezes invisível, a
escola separa os aptos dos não aptos.
Se, até fins da década de 50, a grande clivagem se fazia entre, de um lado, os
escolarizados, e, do outro, os excluídos da escola, hoje em dia ela opera, de modo bem
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menos simples, através de uma segregação interna ao sistema educacional que separa os
educandos segundo o itinerário escolar, o tipo de estudos, o estabelecimento de ensino,
a sala de aula, as opções curriculares. Exclusão “branda”, “contínua”, “invisível,
“despercebida”. A escola segue, pois, excluindo mas hoje ela o faz de modo bem mais
dissimulado, conservando em seu interior os excluídos, postergando a sua eliminação, e
reservando a eles os setores escolares mais desvalorizados (BOURDIEU apud
NOGUEIRA; NOGUEIRA 2006, p.13).
Todos esses elementos compõe o que Bourdieu (1996), chamaria de campo. Para o
autor, campo se constitui um espaço dinâmico onde os indivíduos se encontram
constantemente em disputa para alcançar diferentes objetivos e, neste embate, aqueles
que dispõem de maior capital cultural, social e econômico ocupam posições de status e
conseguem fazer valer seus interesses, consolidando a desigualdade social e cultural,
bem como favorecendo a reprodução do poder.
Através dos estudos de Hasenbalg (1979) apud Ribeiro (2006), tem-se a conclusão de
que os estudantes brancos teriam mais chances de fazer com sucesso as transições
educacionais do que os estudantes negros. A desigualdade se faria antes da entrada no
espaço educacional e posteriormente à sua entrada no mundo do trabalho. Ainda que se
obtivesse o mesmo patamar de graduação que os estudantes brancos, após a conclusão
dos estudos os não brancos entrariam em desvantagem no mercado de trabalho em
decorrência da sua cor. Há um peso de responsabilidade para o negro, no qual ele
preciso ser “o melhor”, aquele que nunca comete falhas, para garantir sua visibilidade e
ser reconhecido socialmente.
Assim, embora o elemento raça não apareça concretamente como impedimento para a
ascensão dos negros e negras na sociedade, ele se constitui como elemento camuflado
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de racismo. São elementos quase imperceptíveis, mas que fazem a diferença, por
exemplo, quando se vai ingressar no mercado de trabalho (SILVA, 2012).
Historicamente, nossa sociedade ao hierarquizar raça e gênero, criou uma também uma
série de privilégios, no qual o segmento racial negro e a grande maioria das mulheres
ficam em situação desprivilegiada (SILVA, 2012). Dessa forma, às mulheres negras foi
reservado lugares menos privilegiados na pirâmide social como, por exemplo, o de
empregadas domésticas ou babás em casas de família (CARNEIRO, 2003). O
rompimento dessa cadeia é conseguido através de muita superação e resignação. Tal
atitude também pode ser compreendida a luz da resiliência que seria essa capacidade de
dar a volta por cima e resistir apesar de todos os obstáculos.
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De acordo com dados do Relatório Anual da situação da mulher, apesar de ter tido um
grande avanço significativo na participação dos vários segmentos na escolarização, as
hierarquias de gênero e raça ainda prevalecem. Em 2012, quanto mais elevado o nível
de ensino, maior era a desigualdade entre mulheres brancas e mulheres negras, de um
lado; e, entre homens brancos e homens negros, de outro. Embora as taxas de frequência
entre todos os segmentos populacionais tenham se elevado nos últimos anos, houve
poucos avanços no sentido da reversão desse padrão de desigualdade. Assim, 24,6% das
mulheres brancas e 19,7% dos homens brancos de 18 a 24 anos frequentava o ensino
superior, enquanto somente 11,6% das mulheres negras e 7,7% dos homens negros
nessa faixa etária o faziam. Da mesma forma, as mulheres são 57,2% das/os
matriculadas/os e 61,2% das/os concluintes de cursos de graduação do ensino superior.
Sobre o racismo camuflado, como as situações são na maioria das vezes de forma
disfarçada, sutil e mais pelo lado da subjetividade, fica difícil entrar em confronto
direto. Para Vera, mesmo tendo alcançado um status na sociedade, não deixa de passar
por situações constrangedoras de racismo, mostrando assim que racismo independe da
condição de classe como afirmavam e afirmam adeptos a democracia racial.
Como dizia Beauvoir biologia não é o destino. A ideia do rompimento de uma cadeia de
situações o qual se abre novas possibilidades de inserção em nossas trajetórias. Rompe
com o determinismo e com a ideia da naturalidade das coisas.
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Mulher (es) e ciência
Dessa forma, gênero pode ser entendido como uma construção social e histórica que
ocorre envolvendo o corpo do homem e da mulher além de sua dimensão biológica. Por
se tratar de uma dimensão histórica e social, as relações entre homens e mulheres e o
conceito de masculino e feminino são plurais e diversificados até mesmo em uma
mesma cultura em função da classe, religião, raça, idade etc.
Segundo Welzer-Lang (2001), a dominação não deve ser analisada como um bloco
monolítico onde tudo está dado, onde as relações se reproduzem ao idêntico. Mas, a
análise, tanto global quanto a que se interessa por um campo específico ou por
interações particulares, deve articular o quadro global, societário, e as lutas objetivas ou
subjetivas das mulheres e de seus aliados que visam a transformar as relações sociais de
sexo, logo a modificar a dominação masculina.
De acordo com Butler (2008), não se pode considerar mulher no singular, assim como
não se pode considerar masculinidade apenas. Sobre essas categorias, incidem tantas
outras que se inter-relacionam, pluralizando as desigualdades. Admitem dessa forma,
que mulher ainda que mulheres formem um grupo, não pode ser analisada somente no
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plural, pois há distintas e diversas formas de ser mulher, com identidades e posições
sociais diferentes (HUIJG, D. D, 2007).
É por essa abordagem que se encontram as reflexões e discussões das feministas negras
e de trabalhos sobre mulheres negras. Os primeiros debates iniciaram-se com as
feministas negras norte americanas ou mulheres de cor no final dos anos 70 e início dos
anos 80, época também conhecida também por second wave (segunda onda)
(CALDWELL, 2010).
Aqui no Brasil, tais discussões vieram á tona a partir dos anos 80 com as obras de Lélia
Gonzalez, Beatriz Nascimento, Sueli Carneiro, Thereza Santos, Edna Roland, Luiza
Bairros e Fátima Oliveira (Caldwell, 2010). De acordo com Azeredo (1994), tais
debates ainda são bastante tímidos e silenciados do que em relação à militância presente
nos Estados Unidos. As explicações para a pouca discussão, segundo Barreto (2005),
poderia ser a presença ainda do mito da democracia racial, onde de forma sutil o
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racismo aparece menos latente do que nos Estados Unidos, tensões de caráter racial
tendem a ser minimizadas ou ignoradas.
De acordo com Giacomini (1988), durante a escravidão a imagem da mulher negra era
realçada por três tipos sendo eles: mãe-preta, ama de leite e objeto de desejo.. Nesse
período, tratada como coisa ou propriedade de seu senhor, era impossibilitada de viver
enquanto sujeito. Além disso, as mulheres cativas, frequentemente eram destinadas a
necessidades e serviços da casa-grande, servindo, entre outras atribuições, como ama-
de-leite, e objeto sexual. Exclusivamente na casa-grande, a poder e vontade masculina,
eram forçadas a satisfazer a libido do senhor e dos filhos destes. Por sua vez, as
senhoras sentiam-se ameaçadas por essa proximidade entre senhores e escravas, e
infligiam muitos castigos corporais (GIACOMINI, 1988). Das heranças desse trágico
período histórico, a autora destaca a negação da identidade negra ou a dificuldade de
inserção no mercado de trabalho.
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Atuando no século XX como empregada ou babá, viabiliza a emancipação da mulher
branca, por permitir a sua saída de casa para ocupar as universidades e trabalhar nas
repartições públicas. Elas são a síntese da dupla discriminação de sexo e cor na
sociedade brasileira: mais pobres, em situações de trabalho mais precárias, com
menores rendimentos e as mais altas taxas de desemprego (DIEESE, 2005). O trabalho
doméstico ainda é, desde a escravidão negra no Brasil, o lugar que a sociedade racista
destinou como ocupação prioritária das mulheres negras. Nele, ainda são relativamente
poucos os ganhos trabalhistas e as relações se caracterizam pelo servilismo (RIBEIRO,
2004).
Dessa forma, há um acúmulo de estudos e pesquisas que apontam que há uma tendência
a identificar a ciência como algo exclusivamente masculino. Como destacam as autoras
(BORDI, BAUTISTA, 2007): “las ciencias son para los varones y el servicio para las
mujeres”; as mulheres que logram a ingressar no espaço, rompem com uma cadeia
lógica de normalidade, quebrando paradigmas de competência e destino profissional.
Toda essa “identificação” é parte de um contexto maior de resquícios ainda da
hierarquização de papéis masculinos e femininos na sociedade. De forma simbólica,
homens e mulheres já nascem com determinadas ideias do que é lugar de mulher e o que
é lugar de homem, e isso reflete nas atitudes, conquistas e projetos. É o que Bourdieu
(2005) chamaria de submissão encantada ou uma socialização desde sempre realizada
para manter os corpos em ordem na perspectiva de Foucault em Microfísica do Poder
(2007).
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impera a questão biológica da maternidade. Para eles, não há diretamente a necessidade
de combinar o desenvolvimento profissional com a maternidade e o cuidado do lar,
como o é para as mulheres. Dessa forma, isso lhes garante uma maior disponibilidade
de assumir cargos de decisão nas instituições e dedicarem a carreira acadêmica.
Essa situação não modifica no contexto brasileiro, ao passo que o sistema patriarcal que
legitima os papéis de gênero, ainda não foram desmistificados. Como bem evidenciado
por Carvalho e Casagrande, 2011; ainda hoje, há um descompasso entre a trajetória
profissional despendida por homens e mulheres no mercado de trabalho, de modo que
as mulheres ainda são as que assumem o papel da casa, do cuidado dos filhos e dos
idosos o que acaba implicando em sua saída para o espaço público.
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Essa constatação nos remete a pensar sobre os requisitos nacionais para mapear a
produtividade científica masculina e feminina. Como os órgãos de fomento intentam
validar e certificar produtividades? Seria a mesma para ambos os sexos? Em quais áreas
mulheres se apresentam em sua maioria? De que maneira adotar uma perspectiva de
gênero e raça para se pensar a equidade de mulheres e homens no universo científico?
Com relação a questão racial, é válido considerar que recentemente, a Plataforma Capes
que registra currículos de pesquisadores, passaram a colocar no perfil a identificação
pelo quesito racial.
Além dessas questões, as autoras evidenciaram que há certa divisão por gênero de
carreiras na universidade, onde os homens estariam ligados diretamente a ciência dita
dura e as mulheres as áreas no qual se tem uma restrita interação com o cuidado ou as
falácias do estereótipo do que é ser feminino. O que pode ser interpretado também como
a extensão do serviço doméstico das mulheres no mundo privado para o espaço público.
Tais informações trazem a necessidade de se pensar em políticas publicas que possam
garantir uma maior equidade e paridade entre mulheres e homens no âmbito cientifico.
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e respeitadas. Outras foram criticadas, discriminadas, perseguidas, humilhadas por
estarem transgredindo regras que eram rigidamente impostas às mulheres da época.
(pág. 23)
Todas essas “limitações” fazem com que as trajetórias para mulheres e homens se
diferenciem, principalmente quando se tem em vista que as mulheres se inserem na vida
cientifica de uma forma tardia (CITELI, 2000). Sendo que o processo para serem
reconhecidas é também diferenciado quando se compara ao universo masculino
(COSTA, 2006).
Ao passo que ainda com todos os vieses a presença feminina no espaço cientifico,
quando se articula questão de gênero com a questão racial, nota-se uma situação
bastante emblemática para mulheres negras. Enquanto mulheres brancas reivindicam
reconhecimento no universo acadêmico, as mulheres negras caminham na perspectiva
de serem integradas no mercado de trabalho para além do espaço de trabalhadoras
domésticas. Sendo assim, é importante destacar que a categoria “mulher”, embora
mulheres formem um grupo, não é um grupo singular, pois as mulheres são também
diferentes, com identidades e posições sociais diferentes “que fazem a diferença”
(HUIJG DYI, 2007).
Resultados e discussões
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Olhando a faixa etária das professoras entrevistadas e a entrada no mercado de trabalho,
nota-se que em sua grande maioria tiveram que romper a trajetória profissional por
causa do cuidado da casa, dos filhos ou dos maridos. Para as mulheres solteiras, a
caminhada acadêmica surte de maneira mais fluida e sem as nuances dos vários papeis
que o feminino deve se comportar. Além desse contexto, o fato de estarem inseridas em
um ambiente familiar que de certa forma lhes empoderasse a tal modo incentivando a
sua formação acadêmica, foi de primordial valia nas várias trajetórias recontadas. Essa
ideia de família citada aqui, não se restringe somente a figura pai, mãe e irmãos (ã), mas
os vários arranjos e rearranjos possíveis que fornecem determinados atributos de
proteção, acolhimento e encorajamento dos que dela fazem parte.
Por se tratar de um estudo focado nas relações raciais e ser realizado por professoras
negras, para colegas cientistas, é uma ciência inválida que implica a não veracidade
quando realizada por outras pessoas. Essa situação de boicote, indiferença para com as
professoras negras, foi algo recorrente para a grande maioria das entrevistadas. Outro
fato interessante citado pelas entrevistadas diz respeito a solidão da mulher negra que
ousa entrar em um espaço de privilégios do sexo masculino. Foram citados momentos
em que as mulheres foram rejeitadas pelo coletivo na academia por estudarem temáticas
relacionadas a suas trajetórias.
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Bakhhitah. Ousamos a questionar se fosse outras temáticas se a percepção dos docentes
seria diferente. Será que o incomodo seria por se tratar de uma temática racial e de
gênero?
A resposta para tal postura pode ser explicada em partes pela dificuldade que alguns
espaços da sociedade possuem de reconhecer a existência do racismo e sexismo nas
relações sociais. Tende-se tornar-se menos problemática a questão de modo a minimizar
e extinguir qualquer debate sobre tal assunto. Essa é a uma das variadas formas de
camuflar racismo e sexismo e até mesmo a negar a existência dos mesmos se
configurando em uma das formas mais eficazes de se distinguir pessoas por suas
características fenotípicas e sexuais.
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Considerações Finais
Pelo que foi encontrado até o presente momento, é notório a constatação de que
hierarquias raciais e de gênero ainda imperam no espaço acadêmico, convergindo em
novos desafios e modos de atuação para professoras negras. Nesse espaço, o esforço
despendido para serem reconhecidas e aceitas como pesquisadoras é visível,
demonstrando assim que ainda há muito o que ser superado para que possam ter as
mesmas trajetórias profissionais com relação aos demais docentes da mesma instituição.
Além do mais, faz se conhecer através de suas trajetórias, a inserção na maioria das
vezes tardia para esse segmento nas carreiras superiores, enunciando a necessidade de
políticas de ação afirmativa que possam equiparar a presença de negros e negras
também na carreira profissional do ensino superior.
Por fim, há que se destacar que as nuances relatadas pelas professoras negras, fazem
parte de uma discussão de um contexto maior onde cotidianamente se enfrentam
situações de racismo e sexismo, para além da posição que ocupam. O fato de ocuparem
uma determinada posição no mercado de trabalho, não as isenta de sofrer pelas mesmas
ações vivenciadas pela maioria de mulheres negras que vivem na invisibilidade.
Referencias
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BOURDIEU, Pierre. Razões Práticas: sobre a teoria da ação. Campinas: Papirus
Editora, 1996.
CITELI, Maria Teresa. Mulheres nas ciências: mapeando campos de estudo. Cadernos
Pagu, Campinas, n.15, p.39- 75. 2000. Disponível em:
<http://www.google.com.br/url?sa=t&rct=j&q=&esrc=s&source=web&cd=1&ved=0C
B4QFjAA&url=http%3A%2F%2Fwww.bibliotecadigital.unicamp.br%2Fdocument%2F
%3Fdown%3D51341&ei=sjxOVbvcNIq7ggTEsoHICw&usg=AFQjCNFgCzGu78O
Acesso em 10 de fev. de 2015
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http://www.dieese.org.br/estudosetorial/2013/estPesq68empregoDomestico.pdf. Acesso
em 20 de mar. de 2015
FOUCAULT. Michel. Microfísica do Poder. 23ª Ed. São Paulo: Graal, 2007
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SCHUMAHER, Schuma; BRAZIL, Érico Vital (Orgs.). Mulheres negras do Brasil. Rio
de Janeiro: Rede de Desenvolvimento Humano; São Paulo: Senac, 2007.
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