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FACULDADE REGIONAL DA BAHIA – UNIRB

Caio Alves
Celina Mota dos Santos
Jessica Santos Conceição
João Correia
Matheus Lima
Michele Silva
Ricardo Seixas Scaldaferri
Virgílio de Carvalho Neto

ÉTICA, CIDADANIA E DIREITO HUMANOS:


A ÉTICA DA CORRUPÇÃO

Salvador
2017

1
FACULDADE REGIONAL DA BAHIA – UNIRB
TRABALHO MULTIDISCIPLINAR PARA AVALIAÇÃO (AV3)

Caio Alves
Celina Mota dos Santos
Jessica Santos Conceição
João Correia
Matheus Lima
Michele Silva
Ricardo Seixas Scaldaferri
Virgílio de Carvalho Neto

ÉTICA, CIDADANIA E DIREITO HUMANOS:


A ÉTICA DA CORRUPÇÃO

Trabalho apresentado para avaliação


multidisciplinar da 3ª unidade (AV3) da
Faculdade Regional da Bahia – Unirb, no 1º
semestre de 2017.

Salvador
Junho de 2017

2
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO 5

2 ÉTICA, CIDADANIA E DIREITO HUMANOS 6

3 A ÉTICA DA CORRUPÇÃO 9

4 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 12

3
EPÍLOGOS (fragmento)
Gregório de Matos (segunda metade do Sec. XVII)

Que falta nesta cidade?...Verdade.


Que mais por sua desonra?...Honra.
Falta mais que se lhe ponha?...Vergonha.

O demo a viver se exponha.


Por mais que a fama a exalta.
Numa cidade onde falta
Verdade, honra, vergonha.

Quem a pôs neste socrócio?...Negócio.


Quem causa tal perdição?...Ambição.
E o maior desta loucura?...Usura.

Notável desaventura
De um povo néscio e sandeu,
Que não sabe que o perdeu
Negócio, ambição, usura.

E que a justiça a resguarda?...Bastarda.


É grátis distribuída?...Vendida.
Que tem, que a todos assusta?...Injusta.

Valha-me Deus, o que custa


O que El-Rei nos dá de graça,
Que anda a justiça na praça
Bastarda, vendida, injusta.

4
1. INTRODUÇÃO

No nosso dia a dia, vemos, constantemente, atitudes antiéticas sendo realizadas em nosso
entorno. Essas condutas, já enraizadas na nossa cultura, são tão corriqueiras que acabaram
sendo consideras como algo normal. Jogar lixo no chão, furar filas, colar em provas, é quase
impossível nunca ter visto ou ouvido falar dessas situações na nossa vida em sociedade. O
problema de tudo isso é a influência que traz. Muitos pensam da seguinte forma: “se um pode
fazer, por que eu não posso?”, aí que a cultura antiética é formada. Isso reflete na formação dos
jovens, que acabam fazendo as mesmas coisas, afinal, aprenderam dessa forma. Esses fatores
de falta de ética numa sociedade contribuem para algo extremamente vil e danoso, a corrupção.
Segundo os dicionários contemporâneos, corrupção é o ato ou efeito de corromper algo
ou alguém, obtendo vantagens em detrimento de outras pessoas através de meios ilícitos. Vê-
se que o conceito de corrupção é muito parecido com o da falta de ética, estando ambos
intrinsecamente ligados. O ápice dessa problemática é quando esses dois fatores tomam escalas
maiores, impregnando-se em um povo e em seus governantes, fazendo a sociedade entrar numa
espécie de idade das trevas.
É muito difícil alguém poder dizer, verdadeiramente, que nunca praticou condutas
antiéticas em sua vida, pois há a chamada ética da conveniência. Nós, geralmente, tendemos a
fazer de tudo para atingirmos nossos objetivos. Como já dizia Maquiavel: “Os fins justificam
os meios”. Mas será que isso é uma coisa boa? Será que vale a pena passar por cima de outras
pessoas para conseguirmos nossas vantagens? Segundo a ética da conveniência, exercemos a
ética, desde que isso não nos prejudique. No momento em que uma atitude antiética está entre
nós e o nosso objetivo, geralmente exercermos a corrupção, sendo esta, intrínseca a maioria dos
indivíduos. Isso se torna mais grave em países de terceiro mundo, onde não há uma educação
adequada para que a ética seja exercida.

5
2. ÉTICA, CIDADANIA E DIREITO HUMANOS

De acordo com o dicionário etimológico, a palavra “ética” vem do grego ethos, que
significa “caráter”, “costume” ou “modo de ser”. Já o seu sentido foi inspirado na expressão
ethike philosophia, que significa “filosofia moral” ou “filosofia do modo de ser”. Por sua vez,
a palavra mos, tradução de ethos para o latim – no plural, mores –, significa “costume” e
originou a palavra “moral”. Ethos (caráter) e mos (costume) indicam um tipo de comportamento
que, embora inerente ao ser humano, diferentemente de um instinto, não lhe é natural, e sim
adquirido ou conquistado por hábito. Assim, desde a própria etimologia, ética e moral “dizem
respeito a uma realidade humana que é construída histórica e socialmente a partir das relações
1
coletivas dos seres humanos nas sociedades onde nascem e vivem”.
A ética, como o campo de estudos que hoje concebemos, surgiu na Grécia juntamente
com a filosofia, ligada a um contexto religioso e mítico pautado na observância do convívio
social. Os gregos buscavam conhecer e identificar os valores e conceitos universais necessários
a forma de convivência ideal.
Conta-nos Clóvis de Barros Filho 2 que um discípulo perguntou a Aristóteles o que é ética.
Ele não respondeu, mas contou a seguinte história: o experiente comandante de um navio recebe
a encomenda de transportar uma importante carga. Bom conhecedor do percurso, contrata uma
tripulação e parte. Durante a viagem, no entanto, se depara com um raro acontecimento naquele
trajeto: uma tempestade. O comandante percebe, então, que se não jogar a carga ao mar pode
naufragar. Aristóteles não conclui a história, pois para ele não importava a decisão do
comandante. O importante era destacar que a ética simplesmente é, com tempestade e tudo. Ou
mesmo apesar dela.
De acordo com Barros Filho, se entendemos que a tempestade pode ser qualquer situação
concreta que precisamos enfrentar na nossa vida, é justamente “nessa situação concreta que a
reflexão ética encontra suas condições de possibilidade.” 3
Mário Sergio Cortella defende a ideia de que a ética se fundamenta em três pontos: eu
quero, eu posso e eu devo. Daí, diz, “existem coisas que eu quero, porém não devo”, “existem
coisas que eu devo, porém não posso” e “existem coisas que eu posso, porém não quero”. A
ética, assim, baseia-se tão somente na escolha humana, que deve ser, portanto, condizente com
o que é errado ou com o que é certo.

1
In https://www.dicionarioetimologico.com.br/etica/ <acesso em 15.05.2017>
2
Cortella, Mário Sergio e Barros Filho, Clóvis. Ética e vergonha na cara. ..
3
idem

6
A ética é o fundamento das nossas escolhas. Conhecemos a ética porque temos uma
consciência que orienta nossas escolhas. Barros Filho ilustra este argumento citando Rousseu,
quando explica que “o gato já nasce gato e, ao nascer, nasce sabendo viver como gato. Ele já
tem no seu instinto todas as respostas para a vida de um gato.”4 Mas o homem não nasce
sabendo, precisa aprender a viver. Para o homem, “o instinto é pobre”, mas a natureza não
esgota a sua vida e ele tem a capacidade de ir além, de transcender, de inventar, criar,
improvisar, inovar, empreender, de pensar “em soluções nunca antes pensadas para situações
nunca antes vividas.” 5
Para Cortella e Barros Filho, a ética, enquanto fundamento das nossas escolhas, “tem a
ver com vergonha na cara, com decência” 6, porque, nesse sentido, é vergonhoso para uma
pessoa praticar um ato indigno diante de alguém que ela ama. Dessa forma, “se houvesse mais
afetos (...) provavelmente teríamos relações melhores e uma sociedade melhor, pois seríamos
mais cuidadosos, respeitosos e evitaríamos atitudes que desonrassem as pessoas que nos querem
bem.
Vista sob esse prisma dos sentimentos e das emoções diante dos dilemas da vida, a ética
pode ser entendida como um duelo entre esperança e temor. Nesse sentido, a esperança deve
ser entendida como a expectativa de um “ganho de potência” a partir de uma situação imaginada
que possa ser, de alguma forma, vantajosa ou prazerosa, enquanto o temor, ao contrário, é a
sensação de pequenez diante de uma situação imaginada que possa trazer consequências
desagradáveis ou nefastas. Cortella e barros Filho entendem que, nesse sentido, muitas das
atitudes indignas e desonrosas que observamos são a vitória da esperança sobre o temor. Não
se trata, portanto, da esperança como virtude, e sim “como uma expectativa de impunidade e
de sucesso que ultrapasse o risco do temor, isto é, uma expectativa de que o delito compense a
eventual situação de penalidade” 7. E se, ainda, a sociedade em que vivemos é incapaz de
produzir temor naqueles que pretendem auferir vantagens de situações ilegais ou eticamente
condenáveis, isso, de alguma forma, estimula um comportamento que consideramos
condenável.
A ética é uma possibilidade exclusivamente humana, não é abstrata nem prática, é
concreta, embora amplamente estudada na teoria, do ponto de vista daquilo que orienta a

4
ibidem
5
ibidem
6
ibidem
7
ibidem, recorrendo à ideia defendida por Cesare Beccaria em Dos delitos e das penas, obra do século XVIII.

7
prática. A ética está presente no nosso cotidiano, “portanto, não tratar sobre ela no trabalho, na
escola, é furtar...”8
A ética também está relacionada à cidadania e aos direitos humanos quando falamos a
respeito da luta pela preservação dos direitos à vida, à paz, à justiça social, ao desenvolvimento,
à democracia e até à felicidade, de forma que possamos vir a ter uma sociedade cada vez mais
justa e solidária, com plena participação dos indivíduos nos processos resolutivos dos
problemas sociais. O cidadão é o indivíduo que participa da coisa pública, ou seja, que atua
sempre na busca de melhorias sociais. Assim sendo, o indivíduo busca, de forma ética, atender
aos seus interesses e aos interesses da sociedade através da política.
Cabe a todo cidadão se comprometer com o desenvolvimento social e político baseando-
se em valores que são aprendidos tanto em casa quanto em ambientes profissionais e outros,
visando sempre o bom convívio social. Os Diretos Humanos devem considerar o indivíduo em
si mesmo, porém, de forma que não venha a prejudicar os direitos da maioria.

8
ibidem.

8
3. A ÉTICA DA CORRUPÇÃO

A corrupção é o ato de distorcer, partir, deturpar ou adulterar. Desde há muito, no Brasil,


já vivenciamos uma sociedade cuja ética e moral consideramos desviadas. Uma sociedade na
qual a ética é a base do sistema educacional, certamente terá um governo honesto e transparente
pois é importante ressaltar que o Estado é um reflexo da sociedade. Além disso, também haverá,
por parte dos seus indivíduos, um apoio mútuo para se alcançar as finalidades sociais.
A conduta dos indivíduos, na maioria das vezes, começa durante o processo de formação
familiar. É muito comum, as crianças presenciarem, no seu dia a dia, inúmeros “pequenos atos
de corrupção” que o pai ou a mãe assim não os consideram, como, por exemplo, o pai que
estaciona numa vaga reservada para idoso ou deficiente, ou mesmo em local proibido, só porque
precisa resolver um assunto rápido, ou mesmo a mãe que não devolveu o dinheiro a mais que
recebeu no troco do mercado. A criança, assim, percebe as “vantagens” de tais atos de forma
inata e sistemática sem, no entanto, perceber a ilicitude dos mesmos, reproduzindo-os,
posteriormente, em sua vida como se fossem a regra.
Durante a sua vida, o ser humano é, muitas vezes, tentado a corromper-se diante de
“vantajosas possibilidades” que lhe são apresentadas. Cabe a ele aceitar ou não. Nessa decisão
pesará em seu julgamento, como supramencionado, as experiências anteriores ao fato, mas isso
não significa dizer que ele é obrigado a se corromper.
O alto comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Zeid Ra'ad Al Hussein,
alega que a que a corrupção é “corrosiva”, descrevendo assim o seu impacto no cenário político
brasileiro. Acontece em alguns grupos sociais a adoção de medidas distorcidas por causa da
busca do resultado a qualquer custo; as pessoas ali inseridas não conseguem, muitas vezes,
perceber o potencial degenerativo de suas ações para a coletividade, uma vez que a adoção de
tais ações sem uma reflexão, praticamente como se fosse uma tradição ou costume, influenciará
na percepção do certo ou errado induzindo a um comportamento completamente distorcido. Por
exemplo, um jovem em uma comunidade mais pobre que não adere às “normas” que trariam a
ele uma vantagem, porém o corrompendo, logo é rotulado e excluído por seus amigos.
No entanto, como diz Mário Sergio Cortella, “o homem que se vende, sempre vale menos
do que o que pagaram por ele”.

–xxx–

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O processo cognitivo da convivência social molda-se através da experiência e pode
ultrapassar valores morais. No Brasil este processo é notório nos bastidores da política, se
estendendo também para outros contextos sociais. Na política, por exemplo, é perceptível a
existência de um modus operandi da corrupção. Lá, frequentemente, encontram-se ocasiões que
se configuram em oportunidades exacerbadamente sedutoras – de enriquecimento fácil, por
exemplo – porém ilícitas e desonrosas para a conduta de um homem público.
O impacto de tal comportamento, por sua vez, se reflete na sociedade tal qual uma
patologia provocada por um vírus que vai se espalhando de forma epidêmica. A ética da
corrupção, baseada nas escolhas egocêntricas dos corruptos, acarreta um forte impacto social.
Sim, até mesmo a corrupção tem ética. Mesmo ladrões e traficantes têm sua ética e para
que seus métodos e esquemas funcionem precisam de regras e precisam tomar alguns cuidados.
“Não seja guloso. Se você abre a geladeira e come todo o queijo do seu colega, ele saberá
disso imediatamente ao notar a ausência do queijo. O truque é comer aos pouquinhos. Uma
fatiazinha aqui, outra depois… e ele nem percebe que mais alguém está usufruindo do queijo.
A ganância é mortífera para o corrupto.” 9 Em síntese, essa é a regra básica do código de conduta
“ética” do corrupto.
Mas, no Brasil, em tempos recentes, os corruptos quebraram a sua própria regra. E
exageraram. Roubaram demais e escancaradamente. E se sentiram mais do que nunca impunes,
acima do bem e do mal.
Em nosso dia a dia podemos ter a convicção da situação ética brasileira diante de relatos
exibidos da mídia, mesmo quando filtram as informações para expor o que lhes convém. No
meio de tantas máscaras e mentiras a mídia nos permite com suas notícias uma leitura mais
ampla de um momento hodierno em convulsão social, com grandes contradições importantes
cada vez mais à vista.
Quando olhamos a “face” ética e moral de representantes escolhidos pela sociedade na
esperança de um bem comum a todos, apagando um período de uma ditadura que ainda
permanece viva no Brasil, é que nos indignamos, ao constatarmos os atos abusivos da classe
dominante em defesa de seus interesses econômicos e em detrimento aos interesses da maioria
do povo brasileiro. Não podemos deixar de citar como exemplo o momento em que a mídia
publica o trecho da gravação, em que os donos da JBS negociam vantagens ilícitas com o

9
Pires, Luciano. A ética da corrupção. In < http://www.portalcafebrasil.com.br/artigos/a-etica-da-corrupcao/> ,
acesso em 15.05.2017.

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presidente Temer e com o senador Aécio Neves, demonstrando uma corrupção enraizada,
violando a noção de cidadania, na ética de uma sociedade.
Quando tais mandamentos passarem a ser efetivamente punidos, poderemos pensar em
extinguir tal “minotauro” e libertar a sociedade brasileira do labirinto da corrupção para que
possamos chegar a uma condição social melhor. É o que hoje e se busca no Brasil com a
Operação Lava jato, por exemplo.
Tudo, no entanto, é uma questão de escolha.

11
4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1. Cortella, Mário Sergio e Barros Filho, Clóvis. Ética e vergonha na cara!.


Campinas, SP: Papirus 7 Mares, 2014. – (Coleção. Papirus Debates).
2. https://www.dicionarioetimologico.com.br/etica/ <acesso em 15.05.2017>
3. Pires, Luciano. A ética da corrupção. In <
http://www.portalcafebrasil.com.br/artigos/a-etica-da-corrupcao/> , acesso em
15.05.2017.

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