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Roteiro
1 Matrizes semelhantes
A matriz A é semelhante à matriz B se, e somente se, existe uma matriz
inversı́vel P tal que
A = P BP −1 .
Observe que se A é semelhante a B então B é semelhante a A: multiplicando
a expressão anterior por P −1 à esquerda e por P à direita, temos
P −1 AP = P −1 P BP −1 P = B.
Logo
B = P −1 AP = P −1 A(P −1 )−1 .
Portanto, diremos que as matrizes A e B são semelhantes.
1. det(A) = det(B),
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A afirmação sobre a inversibilidade decorre da propriedade sobre os de-
terminantes: A é inversı́vel se, e somente se, det(A) 6= 0. Portanto, se A e B
são semelhantes det(A) = 0 se, e somente se, det(B) = 0.
Vejamos que se λ é um autovalor de B e u é um autovetor de B associado a
λ, então P (u) é um autovetor de A associado ao mesmo autovalor λ. Observe
primeiro que como P é inversı́vel e u 6= 0̄, então, P (u) 6= 0̄. Temos,
A = P BP −1 , B = QCQ−1 ,
A = P B P −1 = P (Q C Q−1 ) P −1 = (P Q) C Q−1 P −1 .
Como
(P Q)−1 = Q−1 P −1 ,
temos
A = (P Q) C (P Q)−1 ,
e A e C são semelhantes.
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Observe que se A e B são inversı́veis e semelhantes, então A−1 e B −1
também são semelhantes:
A = P B P −1 ,
logo
A−1 = (P B P −1 )−1 = (P −1 )−1 B −1 P −1 = P B −1 P −1 .
Temos
pA (λ) = (1 − λ)(4 − λ) + 1 = λ2 − 5λ + 5.
O polinômio caracterı́stico de B é
pB (λ) = (2 − λ)(3 − λ) − 1 = λ2 − 5λ + 5.
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Vejamos que, de fato, as matrizes são semelhantes, para isso devemos
encontrar uma matriz T tal que A = T −1 B T . A seguir veremos como obter
tal matriz.
Em primeiro lugar, temos que os autovalores de A e de B são:
√
5± 5
λ= .
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Portanto, as matrizes têm dois autovalores reais diferentes.
√ √
Sejam vA e wA dois autovetores de A associados a (5+ 5)/2 e (5− 5)/2,
respectivamente. Observe que {vA , wA } é uma base: os vetores vA e wA
são autovetores associados a autovalores diferentes, portanto são l.i., e dois
vetores l.i. formam uma base de R2 . √
Considere
√ agora dois autovetores v B e w B de B associados a (5 + 5)/2
e (5 − 5)/2. Considere a transformação linear T : R2 → R2 definida como
segue,
T (vA ) = vB , T (wA ) = wB .
Como uma transformação linear está totalmente determinada conhecidas as
imagens dos vetores de uma base, a transformação linear T está única e
totalmente determinada.
Seja [T ] a matriz de T . Afirmamos que esta matriz é inversı́vel. Isto pode
ser obtido observando que o determinante de [T ] é não nulo (justifique e com-
plete). Construiremos explicitamente T −1 . De fato, T −1 é a transformação
linear S determinada por
S(vB ) = vA , S(wB ) = wA .
S ◦ T (u) = u.
Escreva u = α vA + γ wA , então,
= α vA + γ wA = u,
como queremos provar.
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Vejamos agora que
A = T −1 B T.
Para provar esta afirmação é suficiente ver que estas duas matrizes coincidem
em uma base, por exemplo, na base {vA , wA }. Veremos que as imagens de
vA são iguais (o caso wA é idêntico). Temos
√
A(vA ) = ((5 + 5)/2)vA .
βA = {vA , uA , wA }, βB = {vB , uB , wB }
A = T −1 B T.
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Muita atenção, na frase anterior o adjetivo diferente é essencial. Por
exemplo, as matrizes
2 0 2 0
A= , B=
0 2 1 2
têm o mesmo determinante (4), o mesmo traço (4), o mesmo polinômio car-
acterı́stico ((2 − λ)2 ), e os mesmos autovalores (2, de multiplicidade 2), mas
não são semelhantes. Isto é devido a que o autovalor 2 tem multiplicidade
dois. A seguir estudaremos este exemplo.
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Observe que
β = {(1, 1, 1), (1, 1, 0), (0, 1, 1)}
é uma base de autovetores de T .
Usando os argumentos da seção anterior, veremos que a matriz T é semel-
hante à seguinte matriz muito simples:
0 0 0
D = 0 1 0 .
0 0 1
A matriz de S é
1 −1 1
S= 0 1 −1 .
−1 1 0
Devemos verificar que
T = S −1 D S.
Ou de forma equivalente (e assim evitamos ter que calcular a matriz inversa
de S, embora determinar a inversa de S seja imediato...), multiplicando à
esquerda por S, a
S T = D S,
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Ou seja,
1 −1 1 0 1 −1
ST = 0 1 −1 −1 2 −1 =
−1 1 0 −1 1 0
0 + 1 − 1 1 − 2 + 1 −1 + 1 + 0 0 0 0
= 0−1+1 0+2−1 0 − 1 + 0 = 0 1 −1 ,
0 − 1 + 0 −1 + 2 + 0 1 − 1 + 0 −1 1 0
0 0 0 1 −1 1 0 0 0
DS = 0 1 0 0 1 −1 = 0 1 −1 .
0 0 1 −1 1 0 −1 1 0
3 Matrizes diagonalizáveis
Uma matriz quadrada
a1,1 a1,2 . . . a1,n
a2,1 a2,2 . . . a2,n
A= .. .. ..
..
.
. . .
an,1 an,2 . . . an,n
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diagonal (de fato, semelhante à matriz diagonal cuja diagonal está formada
pelos autovalores de T com suas multiplicidades).
De fato o processo é o o mesmo que usamos nos exemplos precedentes.
Suponhamos que estamos em R3 , e assumimos que T possui uma base de
autovetores {u, v, w} associados aos autovalores λ, σ e ρ (observemos que
estes autovalores não necessitam ser todos diferentes, de fato, podem ser
todos iguais!). Afirmamos que T é semelhante à matriz
λ 0 0
D = 0 σ 0 .
0 0 ρ
Para ver isto devemos achar uma matriz S tal que
T = S −1 D S, ou equivalentemente, S T = D S.
É suficiente considerar S definida por
S(u) = (1, 0, 0) = i, S(v) = (0, 1, 0) = j, S(w) = (0, 0, 1) = k.
Observe que
D S(u) = D(i) = λ i, D S(v) = D(j) = σ j, D S(u) = D(k) = ρ k.
Por outra parte,
S T (u) = S(λ u) = λ S(u) = λ i,
S T (v) = S(σ v) = σ S(v) = σ j,
S T (w) = S(ρ w) = ρ S(w) = ρ k.
Portanto, S T = D S na base {u, v, w}, logo as transformações lineares são
iguais. Ou seja,
T = S −1 D S,
portanto, por definição, T é diagonalizável.
Suponha agora que T é semelhante a D, onde D é uma matriz diagonal
como acima. Afirmamos que S −1 (i), S −1 (j), e S −1 (k), são autovetores de T
associados a λ, σ e ρ, respetivamente. Como S é inversı́vel e i, j e k são l.i.,
{S −1 (i), S −1 (j), S −1 (k)} é uma base, formada por autovetores de T . Vejamos
a afirmação para S −1 (i):
T (S −1 (i)) = S −1 D S(S −1 (i)) = S −1 D(i) = S −1 (λ i) = λS −1 (i),
como queriamos provar.