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RBRH - Revista Brasileira de Recursos Hídricos Volume 2 n.

2 Jul/Dez 1997, 5-12

PLANO DIRETOR DE DRENAGEM URBANA: PRINCÍPIOS E CONCEPÇÃO

Carlos E. M. Tucci
Instituto de Pesquisas Hidráulicas - UFRGS
91501-970 – Porto Alegre – RS
tucci@if1.ufrgs.br

RESUMO trazem grandes transtornos e custos para a


sociedade e para o ambiente.
O desenvolvimento urbano brasileiro
As enchentes nas cidades brasileiras tem produzido aumento significativo na
são um processo gerado principalmente pela freqüência das inundações, na produção de
falta de disciplinamento da ocupação urbana. sedimentos e na deterioração da qualidade da
O custo do controle desse processo é muito água.
alto quando o desenvolvimento já está
implantado. A medida preventiva de controle,
onde os custos são reduzidos, é o Plano
Diretor de Drenagem Urbana.
Nesse artigo são apresentados
elementos quantitativos do impacto da
urbanização, princípios de controle e a
estrutura proposta do conteúdo do Plano
Diretor de Drenagem Urbana.

DESENVOLVIMENTO URBANO E A
DRENAGEM
Figura 1. Evolução da urbanização no Brasil e no
mundo (Fonte: Mega-cities appud Folha de São
O Brasil apresentou, ao longo das Paulo 4/2/1996).
últimas décadas, um crescimento significativo
da população urbana (Figura 1). A taxa da A medida que a cidade se urbaniza,
população urbana brasileira é de 76%. O em geral, ocorre o : (i) aumento das vazões
processo de urbanização acelerado ocorreu máximas (em até 7 vezes, Leopold, 1968)
depois da década de 60, gerando uma
devido ao aumento da capacidade de
população urbana com uma infra-estrutura
inadequada. É previsto que o Brasil terá pelo escoamento através de condutos e canais e
menos duas cidades com mais de 10 milhões impermeabilização das superfícies; (ii)
de habitantes no ano 2000, sendo que aumento da produção de sedimentos devido a
atualmente, pelo menos 12, possuem mais do desproteção das superfícies e a produção de
que 1 milhão. resíduos sólidos (lixo); (iii) e a deterioração da
Os efeitos desse processo, fazem-se qualidade da água, devido a lavagem das
sentir sobre todo o aparelhamento urbano ruas, transporte de material sólido e as
relativo a recursos hídricos: abastecimento de ligações clandestinas de esgoto cloacal e
água, transporte e tratamento de esgotos pluvial.
cloacal e pluvial.
O planejamento urbano, embora Adicionalmente, existem os impactos
envolva fundamentos interdisciplinares, na da forma desorganizada como o
prática é realizado dentro de um âmbito mais aparelhamento urbano é implantado, tais
restrito do conhecimento. O planejamento da como: (i) pontes e taludes de estradas que
ocupação do espaço urbano no Brasil, não obstruem o escoamento; (ii) redução de seção
tem considerado aspectos fundamentais, que do escoamento aterros; (iii) deposição e

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Plano Diretor de Drenagem Urbana: Princípios e Concepção

obstrução de rios, canais e condutos de lixos e O IMPACTO DA URBANIZAÇÃO NO


sedimentos; (iv) projetos e obras de drenagem SISTEMA DE DRENAGEM E SUA
inadequadas. AVALIAÇÃO
Esses impactos têm produzido um
ambiente degradado, que nas condições
atuais da realidade brasileira somente tende a Os principais impactos
piorar. Esse processo, infelizmente não está
sendo contido, mas está sendo ampliado a A literatura é vasta na descrição que o
medida que os limites urbanos aumentam ou impacto da urbanização produz no
a densificação se torna intensa. A gravidade escoamento, na produção de material sólido e
desse processo ocorre principalmente nas na qualidade de água (Tucci, 1995). Os
médias e grandes cidades brasileiras. A principais impactos são resumidos a seguir:
importância desse impacto está latente
através da imprensa e da TV, onde se i. aumento do: escoamento superficial,
observa, em diferentes pontos do país, cenas vazão máxima dos hidrogramas, e
de enchentes associadas a danos materiais e antecipação dos picos;
humanos. ii. redução da: evapotranspiração do
As limitações das ações públicas escoamento subterrâneo e lençol
atuais, em muitas cidades brasileiras, estão freático;
indevidamente voltadas para medidas iii. aumento da produção de material
estruturais com visão pontual. A canalização sólido;
tem sido extensamente utilizada para transferir iv. deterioração da qualidade das águas
a enchente de um ponto na bacia, sem superficiais, principalmente no início
que sejam avaliados os efeitos a jusante ou os das chuvas pela drenagem de águas
reais benefícios das obras. Os custos de de carreiam material sólido e lavam as
canais revestidos, freqüentemente utilizados superfícies urbanas.
nas áreas mais urbanizadas, são de : US $ 1,7
milhões/ km em Porto Alegre, para canais de
pequena largura (DEP apud Pedrosa, 1996); a Quantificação do impacto da
50,0 milhões/km, para um canal retangular de urbanização sobre o escoamento
17 m de largura e cerca de 7 m de
profundidade com paredes estruturadas no Para que se possa efetivamente
Ribeirão dos Meninos em São Paulo. planejar o impacto do desenvolvimento urbano
O prejuízo público é dobrado, já que é necessário quantificar os impactos
além de não resolver o problema, os recursos decorrentes das alterações da bacia
são gastos de forma equivocada. Essa hidrográfica.
situação é ainda mais grave quando se soma A avaliação do impacto da urbanização
o aumento de produção de sedimentos (reduz sobre o escoamento pode ser realizada pelo
a capacidade dos condutos e canais) e a método racional a nível de microbacia urbana
qualidade da água pluvial (associada aos (alguns hectares), dentro do conceito de
resíduos sólidos). vazão de projeto (Bidone e Tucci, 1995; Tucci
e Genz, 1995).
Esta situação é decorrente, na maioria
Para a macrobacia urbana existem
das cidades, do seguinte: (i) da falta de dificuldades adicionais que são as seguintes:
considerar o planejamento da rede cloacal e (i) como a bacia se desenvolverá no futuro?;
pluvial e da ocupação das áreas de risco (ii) considerando que o processo de ocupação
quando se formulam os Planos Diretores de normalmente ocorre de jusante para
Desenvolvimento Urbano; (ii) do montante, como quantificar futuros cenários
gerenciamento inadequado da implantação nos projetos e controle da drenagem?
das obras públicas e privadas no ambiente Os métodos utilizados podem ser os
urbano. seguintes:

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i. métodos estatísticos – esses métodos definição dos parâmetros buscam maximizar


utilizam-se de dados não-homogêneos de as condições críticas das cheias (Tucci, 1995),
vazão para estimar o impacto da urbanização. buscando compensar parte dessas incertezas.
Usualmente necessitam de uma grande Para utilizar os modelos hidrológicos é
quantidade de informações em diferentes sub- necessário a estimativa: (i) das áreas
bacias. A metodologia se baseia na impermeáveis e da rede de drenagem da
regionalização de vazões máximas (NERC bacia para o cenário de futura urbanização. (ii)
1975), utilizando como indicador da dos parâmetros dos modelos com base em
urbanização a parcela urbanizada. Esse tipo dados de bacias brasileiras.
de procedimento requer informações que na
maioria das bacias não existem.
Para avaliar o impacto da urbanização
na Região Metropolitana de Curitiba utilizou-se
os dados de bacias rurais e urbanas.
Na Figura 2 é apresentada a relação
entre a vazão média de enchente e a área da
bacia para postos localizados no rio Iguaçu e
seus afluentes. Nessa figura, o ponto que se
distancia da tendência, na parte superior, se
refere a bacia do rio Belém, com 42 km 2,
100% urbanizada, com cerca de 40% de áreas
impermeáveis. Os dois pontos um pouco
acima da reta são de duas outras bacias Figura 2. Vazão média de enchente, função da
(Palmital, 7% e Atuba, 15% de áreas área das bacias para postos na região metropolitana
impermeáveis), que estão em processo de de Curitiba.
urbanização.
Nas demais bacias, pode-se considerar O planejamento urbano é
desprezível o nível da urbanização, se implementado através do plano diretor da
comparado com a bacia total. Utilizando a cidade e a densidade habitacional é o
função ajustada com base nos rios não parâmetro de planejamento para cada
urbanizados, pode-se estimar qual seria a subdivisão da cidade (e bacia). Essa
vazão média de cheia para o rio Belém, em densidade é implementada através das
condições de pré-desenvolvimento. A relação seguintes restrições: índice de ocupação e
entre a vazão urbanizada e de pré- índice de aproveitamento. O primeiro
desenvolvimento é de 6 vezes. estabelece a área ocupada em planta e o
segundo se refere ao solo criado ou seja a
ii. modelos matemáticos – que relação entre a área construída e a área do
determinam a vazão máxima com base na terreno. Para transferir esses elementos para
precipitação, já que dificilmente existem dados o modelo hidrológico, em macro-bacias
hidrológicos monitorados ao longo do tempo urbanas, permitindo a estimativa dos cenários
que permitam determinar, para diferentes de planejamento urbano é necessário
tempos de retorno, a diferença entre os converter densidade habitacional em áreas
cenários de pré-desenvolvimento e depois de impermeáveis. Como no planejamento urbano
urbanizada, principalmente em bacias urbanas não são especificados o arruamento e a
brasileiras. distribuição das quadras, mas os
O cálculo é realizado com base no condicionantes da ocupação, tornou-se
risco (tempo de retorno) da precipitação, o necessário estabelecer a relação entre essas
que não é necessariamente o mesmo risco da variáveis para as macro-bacias.
vazão. No entanto, as técnicas de SCS (1975) utilizou a área
determinação da distribuição da precipitação e impermeável e o tempo de concentração da

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Plano Diretor de Drenagem Urbana: Princípios e Concepção

bacia como os indicadores da alteração entre o tempo de concentração de uma bacia


urbana, para simular os dois cenários em urbana e rural, através de uma hipotética
macrobacias urbanas. Nesse modelo, os malha urbana.
autores apresentam valores típicos de áreas
impermeáveis, de acordo com o tipo de Com base nesses elementos, é
ocupação prevista (residencial, comercial e possível estimar a alteração do hidrograma
industrial). Para o tempo de concentração, são devido ao cenário futuro de desenvolvimento
apresentados fatores de correção, de acordo urbano, previsto nos Planos Diretores de
com a área impermeável e a parcela da bacia Planejamento Urbano para macrobacias
com condutos pluviais. urbanas.
Motta e Tucci (1984) estabeleceram Estes métodos quantitativos são
duas curvas que relacionam área impermeável essenciais para estimar as vazões máximas e
e densidade habitacional para a bacia do os volumes para os cenários atuais e futuros
arroio Dilúvio em Porto Alegre. Tucci et al. do desenvolvimento urbano e avaliar as
(1989) estabeleceram essa relação para a medidas de controle.
cidade de São Paulo com base em dados de
11 bacias urbanas e, recentemente, Campana
e Tucci (1994) apresentaram essa relação CONTROLE DE ENCHENTES URBANAS
com base nos dados de Curitiba, Porto Alegre E A DRENAGEM
e São Paulo. Na Tabela 1 são apresentados
os valores da curva ajustada. Os dados
utilizados não fazem distinção entre o tipo de Os principais tipos de enchentes em
concentração urbana, já que aborda áreas áreas urbanas são: (i) devido a urbanização:
com menos de 2 km 2. Essa tabela retrata são as enchentes produzidas pela
impermeabilização do solo e aumento da
bacias com predominância da ocupação
capacidade de escoamento da drenagem
residencial e declividade média. Pode-se através de condutos e canais; (ii) devido a
observar da Tabela 1, que o valor máximo ocupação das áreas ribeirinhas: que são as
encontra-se em 66,7%. O valor adotado pelo enchentes naturais que ocorrem em rios de
SCS (1975) para áreas residenciais com lotes médio e grande porte. O rio extravasa do seu
menores que 500 m 2, típico da ocupação leito menor, ocupando a várzea (leito maior). A
urbana brasileira, é de 65%. população desavisada tende a ocupar esse
leito devido a seqüência de anos com
enchentes pequenas ou pelo reduzido custo
Tabela 1. Densidade habitacional e área impermeável
(adaptado de Campana e Tucci, 1994).
dessas áreas, sofrendo prejuízos nos anos de
enchentes maiores; (iii) devido a problemas
Densidade habitacional Área Impermeável localizados: produzidos devido a obstruções
(hab./ha) (%) ao escoamento e projetos inadequados.
Num Plano de Controle de Enchentes
25 11,3 de uma cidade, os dois primeiros tipos de
50 23,3 enchentes podem ocorrer combinados ou
75 36,0 separadamente, em diferentes partes das
100 50,0 cidades.
120 58,7
150 64,7 O controle de enchentes das áreas
200 66,7 ribeirinhas, pode ser realizado por medidas
estruturais ou não-estruturais de acordo com
Para o tempo de concentração, Motta e os riscos e custos envolvidos (Simons et al.,
Tucci (1984 ) e Tucci et al. (1989), utilizaram 1977, Tucci, 1993).
um fator de correção, baseado no No Plano Diretor de Drenagem é dado
comprimento do canal entre as bacias ênfase no controle através de medidas não-
urbanizadas e rurais. Campana (1995) utilizou estruturais como o zoneamento de áreas de
geoprocessamento para estimar a relação inundação. Nesse zoneamento são

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especificados os critérios de ocupação do leito freqüentes impactos devido às


maior do rio. enchentes;

Como mencionado, as invasões


Princípios do controle de enchentes e dificultam a regulamentação das áreas de
as tendências de ocupação no Brasil periferia, onde o Plano Diretor é pouco
obedecido, no entanto no restante da cidade o
processo de densificação (construção de
Os princípios básicos dos controles de
moradias, comércio e indústria) tende a
enchentes foram apresentados por ABRH
(1995) e Tucci (1995). Os principais acompanhar a regulamentação, o que permite
elementos desses princípios são: (i) um controle sobre áreas em que os
estabelecer o controle da bacia hidrográfica loteamentos foram implantados.
urbana e não de pontos isolados; (ii) os
cenários de análise devem contemplar o futuro
desenvolvimento da bacia; (iii) deve-se Bases para o plano diretor de
procurar evitar que a ampliação da enchente drenagem
devido a urbanização seja transferida para
jusante; (iv) o controle para as áreas Um Plano Diretor de Drenagem Urbana
ribeirinhas deve priorizar o uso de medidas deve buscar: (i) planejar a distribuição da água
não-estruturais como: zoneamento de no tempo e no espaço, com base na
enchentes, seguro e previsão em tempo-real; tendência de ocupação urbana
(v) o controle dever ser estabelecido através do compatibilizando esse desenvolvimento e a
Plano Diretor de Drenagem Urbana e infra-estrutura para evitar prejuízos
administrado pelos municípios com o apoio econômicos e ambientais; (ii) controlar a
técnico dos Estados. ocupação de áreas de risco de inundação
Esses princípios são normalmente através de restrições na áreas de alto risco e;
aplicados nos países desenvolvidos. No (iii) convivência com as enchentes nas áreas de
entanto, a realidade brasileira apresenta baixo risco.
características que dificultam a implementação Os condicionamentos urbanos são
de alguns desses princípios. resultados de vários fatores que não serão
Os principais problemas identificados discutidos aqui, pois parte-se do princípio que
são os seguintes: os mesmos foram definidos dentro do âmbito
do Plano Diretor Urbano. No entanto, devido a
1. Nas áreas de periferia das grandes interferência que a ocupação do solo tem
cidades, onde o lote tem menor valor sobre a drenagem existem elementos do
agregado, existe uma ponderável Plano de Drenagem que são introduzidos no
implementação de loteamentos Plano Diretor Urbano ou na legislação de
clandestinos nas áreas privadas (sem ocupação do solo. Portanto, o Plano de
aprovação legal na prefeitura); Drenagem Urbana (PDU) deve ser um
componente do Plano Diretor de Planejamento
2. Invasão em áreas públicas (áreas Urbano de uma cidade.
verdes) reservadas pelo Plano Diretor
Os controles de enchentes são
ou de propriedade pública. Devido ao
caráter social da população envolvida, desenvolvidos por sub-bacias e
a consolidação se dá pela regulamentados a nível de distrito. A filosofia
implementação de água e luz nas de controle de enchentes é o de: (i) para a
habitações; macrodrenagem urbana: reservar espaço
urbano para parques laterais ou lineares nos
3. As áreas ribeirinhas de risco de rios que formam a macrodrenagem para
enchentes têm sido ocupadas amortecimento das enchentes e retenção dos
principalmente pela população de baixa sedimentos e lixo; (ii) para as áreas
renda, tendo como conseqüência ribeirinhas: zoneamento de áreas de

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Plano Diretor de Drenagem Urbana: Princípios e Concepção

inundação, definindo-se zonas de alto e baixo Condições de desenvolvimento - Em


risco de ocupação, e critérios de construção cada sub-bacia existem as seguintes
no código de obras da cidade. condições: (i) situação atual; (ii) loteamentos e
No primeiro caso é necessário o densificações aprovadas; (iii) áreas sem
seguinte: ocupação definida ou sem aprovação para
ocupação. Nessa fase deve-se procurar
1. elaborar a nível de anteprojeto o identificar as áreas que poderão ser utilizadas
controle do escoamento na para parques ou áreas de preservação
macrodrenagem das sub-bacias, natural.
priorizando medidas de retenção e/ou
medidas não-estruturais; Essas condições caracterizam os três
2. identificar os limites necessários ao cenários básicos urbanos. O primeiro
desenvolvimento urbano para as áreas caracteriza a situação atual, ou seja, que o
sem ocupação definida (item 2 dos custo do controle é do poder público. O
princípios) e caso necessário, segundo caracteriza o cenário do controle a
alterações na densificação para as nível de densificação, ou seja na aprovação a
áreas aprovadas e não densificadas nível de construção e, terceiro o controle é a
(item acima); nível de loteamento. Os dois últimos podem
3. elaboração da regulamentação ser realizados a custo dos investidores,
necessária para impor as condições enquanto que o primeiro exige investimento
identificadas. público.

O anteprojeto envolve: (1) capacidade Avaliações - Para a macrodrenagem das


máxima do escoamento de cada trecho da sub-bacias, devem ser quantificadas as
macrodrenagem; (2) anteprojeto das medidas vazões de cheia para um tempo de retorno
de controle previstas para os diferentes adequado ao controle e ao tipo de drenagem.
estágios de desenvolvimento; (3) no caso da Nessa avaliação deve-se considerar os
existência de parques deve-se incluir as zonas cenários da bacia mencionados no item
de uso do parque e área de amortecimento anterior, ou seja: (i) condições de drenagem
com o dispositivo de controle e programa de para o cenário de ocupação atual; (ii) com a
manutenção. densificação controlada para não ampliar as
No caso de áreas ribeirinhas Tucci cheias naturais e; (iii) com os novos
(1993) apresentou os elementos básicos a loteamentos também não ampliando as cheias
serem definidos no controle através de naturais.
zoneamento de áreas de inundação.
Regulamentação - Com base nos
Avaliação da capacidade da drenagem elementos desenvolvidos nos itens anteriores
atual será possível definir a capacidade dos
principais troncos do sistema de drenagem
Abrangência - A regulamentação se refere secundária e macrodrenagem. Com base
às bacias com potencial de desenvolvimento nesses elementos pode-se estabelecer
urbano e contantes do Plano de critérios limites para a drenagem urbana na
Desenvolvimento Urbano da cidade. aprovação das construções, baseados em:

Módulo de regulamentação - O módulo de 1. vazão máxima de saída do lote ou


regulamentação definido aqui é o distrito. O loteamento menor ou igual às
condições de pré-desenvolvimento;
distrito deve considerar a administração
2. taxa de impermeabilização e controles
municipal e as condições de escoamento. específicos do lote.
Cada sub-bacia pode ter vários distritos,
delimitados pela administração de municípios Portanto, dentro dos cenários citados
que envolvam uma mesma bacia. no item anterior é necessário estabelecer a

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regulamentação e prever controles para os ser elaborados os cálculos, mas deve


problemas identificados, ou seja: (i) áreas especificar os critérios e os métodos básicos
invadidas; (ii) loteamentos clandestinos; (iii) aceitos para a avaliação da regulamentação.
passeios e ruas na fase de densificação. Isto envolve, entre outros: (i) o tempo de
Para o controle deve-se simular os retorno para o qual a vazão não pode ser
diferentes cenários com as condições ampliada; (ii) tempo de retorno de segurança
mencionadas para sub-bacias pré-definidas das obras; (iii) controle sobre erosão, a
que englobem os distritos. jusante de obras de detenção, se o canal for
As medidas públicas do plano devem- sem revestimento; (iv) critério para a
se concentrar no seguinte: (i) regulamentar a manutenção.
aprovação da densificação e de novos
loteamentos; (ii) prever áreas públicas de
amortecimentos para a impermeabilização dos CONCLUSÃO
passeios e ruas, além das áreas em que o
controle é presumidamente difícil devido as
Esse artigo buscou apresentar os
ações ilegais.
principais aspectos da urbanização, as
conseqüências desse efeito na drenagem, a
avaliação e os elementos básicos para o
Manual de drenagem de urbana desenvolvimento de um Plano Diretor de
Drenagem Urbana dentro da realidade
O manual de Drenagem Urbana tem brasileira.
como objetivo orientar os projetistas sobre as
Essa proposta exige um detalhamento
restrições e métodos aceitos no
maior para cada cidade dentro de suas
dimensionamento da drenagem na cidade e
peculiaridades, no entanto é uma base inicial
deve conter o seguinte:
que pode auxiliar o desenvolvimento dos
planos, viabilizando o controle desse processo
Concepção e princípios do plano dentro do país, onde hoje representa custos
diretor de drenagem urbana - Nesse significativos para a sociedade.
capítulo devem estar contidos os principais
elementos que norteiam o desenvolvimento do
Plano Diretor e os princípios básicos tais REFERÊNCIAS
como: o controle distribuído na bacia
hidrográfica, sem transferência para jusante, a ABRH, 1995. Carta de Recife Associação Brasileira
previsão dos cenários futuros e seus impactos de Recursos Hídricos.
caso não haja controle distribuído sobre a BIDONE, F; TUCCI, C.E.M., 1995 Microdrenagem,
bacia. in: Drenagem Urbana, capítulo 3, Editora da
Universidade ABRH.
A regulamentação por distritos de CAMPANA, N., 1995. Impacto da Urbanização nas
drenagem - Identificar claramente a Cheias Urbanas. Tese de Doutorado Instituto de
regulamentação exigida em cada distrito de Pesquisas Hidráulicas UFRGS.
drenagem, tais como: densificação permitida, CAMPANA, N.; TUCCI, C.E.M., 1994 Estimativa de
área Impermeável de macro bacias urbanas.
critérios quanto a vazão de saída do
RBE, Caderno de Recursos Hídricos V12 n.2
desenvolvimento e incentivos existentes para
p79-94.
controle de enchentes, condições de
LEOPOLD, L.N., 1968. Hydrology for Urban
manutenção dos sistemas. Planning – A Guide Book on the Hydrologic
Effects on Urban Land Use. USGS circ 554, 18
Projeto e critérios - O manual deve p.
procurar orientar sobre as alternativas MOTTA, J. C., TUCCI, C.E.M., 1984. Simulation of
potenciais disponíveis sobre o controle da the urbanization effect in flow. Hydrological
vazão e os principais cuidados. No entanto, o Sciences Journal, v.29, n.2, p.131-147, June.
manual não necessita especificar como devem NERC, 1975. Floods Studies Report NERC.

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Plano Diretor de Drenagem Urbana: Princípios e Concepção

SCS, 1975. Urban Hydrology for Small Watersheds Urban Drainage Master Plan: Principles
USDA Soil Conservation Service Technical and Conceptions
Release n. 55, Washington DC
SIMONS, D.B. et al. 1977. Flood Flows, Stages and
Damages. Fort Collins. Colorado State ABSTRACT
University.
TUCCI, C.E.M., 1993. Controle de Enchentes in: Floods in brazilian cities is a process
Hydrologia: Ciência e Aplicação. ABRH Edusp
created by the lack of rules in the urban
Editora da Universidade.
occupation. The cost of this control is high
TUCCI, C.E.M., 1995 Enchentes urbanas in:
Drenagem Urbana, cap. 1 Editora da
when the urbanization is already developed. A
Universidade, ABRH preventive control mesasure, where the costs
TUCCI, C.E.M.; BRAGA, B.P.F; SILVEIRA, A. are low, is the Urban Drainage Master Plan.
1989. Avaliação do Impacto da urbanização In this article are presented the
nas cheias urbanas. RBE, Caderno de quantitatives elements of urban impacts,
Recursos Hídricos Vol7 n.1 principles of control and the proposed
TUCCI, C.E.M. e GENZ, F., 1995 Controle da structure of a sound Urban Drainage Master
Urbanização in: Drenagem Urbana Editora da Plan.
Universidade ABRH

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