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Cenografias da alteridade
SÃO PAULO
2015
Bolsa de Iniciação Científica 2014/2015
CNPq. ( ) SANTANDER ( ) RUSP (x) FFLCH ( )
Cenografias da alteridade
SÃO PAULO
2015
1. Introdução
Para José Saramago, a paulistana Lygia Fagundes Telles é, assim como seu último
romance, despassarada1 - termo português utilizado para designar pessoas que estão à deriva.
Seu discorrer parece se perder no caminho, mas, através do aparente desvio, Lygia tece, com
maestria, as tênues linhas que percorrem o dito e o dizer, que impõem ritmos e criam novas
formas de expressividade. O movimento de fala da escritora se associa intimamente ao seu
movimento de escrita.
No romance As Horas Nuas, publicado originalmente em 1989, tais questões são
inseridas por meio da inventividade narrativa. O enredo comum - as confissões de uma atriz
de meia-idade - é orquestrado por um trabalho da forma extremamente perspicaz que faz
emergir da aparente banalidade, questões bastante complexas.
O narrar é assumido ora por Rosa Ambrósio, atriz alcoólatra, quase esquecida pelo seu
público e abandonada por todos os seus amores, ora por Rahul, gato mentepsicótico que
analisa o comportamento da atriz ao mesmo tempo que discorre sobre suas vidas passadas,
ora por narradores oniscientes que expõem as angústias da terapeuta feminista Ananta e do
seu primo Renato. A constante alternância de narradores, que possuem cada qual uma
gramática própria, nos obriga a assumir vários ritmos e os capítulos, desordenados, propõem
a reconstrução da memória de Rosa a partir da nossa própria memória.
O trabalho ao qual nos propomos não é fácil – acessar a tessitura do texto e, mais do
que desnudar os personagens que nos fazem cúmplices de suas angústias, desconstruir a
sólida trama para compreender os agenciamentos temporais, simbólicos, espaciais e
narrativos que, por serem fundados em torno de uma alteridade radical, criam
sobredeterminações, ou seja, zonas de indeterminações e ressignificações que são
atravessadas pela voz e responsáveis pelo questionamento dos limites entre invenção e
memória, verdade e mentira, futuro e passado, humano e animal, palco e plateia, ator e
personagem, real e fantástico. Tudo isso acontece tendo como pano de fundo a relação
política da construção do romance como espaço de encenação da atriz falida.
A ordem dos acontecimentos não segue a ordem do discurso, de forma que a sucessão
e a dimensão episódica não corresponde à totalidade temporal expressa pela sequência de
enunciados.
1 Termo utilizado por José Saramago para descrever a autora em depoimento concedido para o Instituto Moreira
Salles.
A concepção temporal é alterada, sofre interferências de experiências individuais,
distintas em relação não só ao tempo mas também à própria concepção de linguagem, ritmo,
voz. A linha de ação, que serviria como suporte para o desenvolvimento da sequência
diegese/discurso/narração, é substituída por uma espécie de motivação que conecta os
capítulos - as personagens não agem, ensaiam a possibilidade de agir.
Analisaremos muito brevemente o primeiro plano da narrativa, ou seja, o enredo,
juntamente com sua estrutura de composição. Essa análise terá como foco a exposição dos
princípios de conexão entre os capítulos narrados desordenadamente para identificar os
núcleos que nos interessam, aqueles que atuam entre os limites da realidade e os limites do
romanesco. Posteriormente, passaremos ao segundo plano da narrativa, responsável pela
inserção das dicotomias já elencadas em um espaço de instabilidade dentro do qual
desenvolveremos o nosso estudo.
2. Metodologia
Como trabalho dos últimos seis meses de pesquisa, efetuamos a leitura da bibliografia
descrita no relatório parcial e realizamos uma nova leitura do romance. O relatório parcial
teve como foco os personagens Rosa Ambrósio e Rahul na primeira parte do enredo - que
compreende desde o início da narrativa até o capítulo que antecede o desaparecimento da
terapeuta Ananta Medrado, momento no qual a obra assume traços de romance policial - e
nos fez perceber que existem outras questões em jogo que não foram inicialmente
consideradas como foco da pesquisa, mas que nos pareceram essenciais para o
desenvolvimento do estudo da polêmica que gira em torno da relação entre o fantástico e o
real no interior do romance.
O trabalho iniciado ao longo dos primeiros seis meses de pesquisa foi fundamental
para o desenvolvimento de tal percepção e para a abertura do horizonte de leitura em direção
à uma interpretação menos ingênua, que se propõe a pensar os espaços de polêmica, de
convergências de opostos fundados em alteridades radicais como princípio de análise.
3. Análises
3.1 Traços composicionais do enredo
Apertei meu peito inquieto com a palma da mão assim como faço
agora. A diferença é que já não tenho mão à altura do gesto, mas uma
pata. Veludosa. As unhas bem aparadas para não puxar o fio dos
tapetes de Rosa Ambrósio. (TELLES, 2010, p. 31)
O que está em jogo nesse primeiro bloco, considerando todo o movimento narrativo, é
a relação entre alteridades diferentes que atuam no limite narcísico do existir somente a partir
do olhar do outro fundamentando uma narrativa construída a partir da mecânica do
caleidoscópio.
Os capítulos 5, 6, 10, 11, 12, 3, 16, 14, 17 e 18 formam o segundo bloco. Os capítulos
5 e 6, por sua vez, são assumidos por um narrador onisciente, responsável por nos inserir no
universo da terapeuta Ananta, moradora de andar de cima do edifício de Rosa Ambrósio.
O narrador responde pelas descrições e as intervenções de Ananta se dão por meio da
exposição dos escritos de sua agenda ou diário – enquanto terapeuta, enxerga-se como uma
caçadora, que ronda o alvo e sente prazer em se mostrar se escondendo.
Ananta vê Rahul na escada entre os dois capítulos acima referidos - o gato será levado
para a sessão de terapia da atriz Rosa Ambrósio, descrita inicialmente por ela no capítulo 8 e,
posteriormente, pelo felino ao longo dos capítulos 10 e 11. A conexão entre o capítulo 10 e 12
se dá pelo corte na mão de Rosa observado por Ananta, fruto de um copo quebrado em uma
cena descrita dois capítulos à frente. Enquanto isso, 11º e 12º capítulos se relacionam pelo
hálito de Rosa, sentido por Dionísia e Rahul.
O desaparecimento de Ananta é retomado por Rosa no capítulo 13, ao longo de uma
consulta da atriz ao neurologista - por fim, percebemos que ela ainda pretende escrever um
livro, conforme exposto ao longo do capítulo 3. Rosa decide, então, ditar suas memórias a um
gravador. Seu gravar será tema dos capítulos 15 e 16. Os capítulos 14, 17 e 18 tem como
protagonista Renato Medrado, primo de Ananta e responsável pela busca da terapeuta
desaparecida.
Tal bloco se fundamenta inicialmente na relação entre memória e invenção e coloca
em jogo a caleidoscopia narrativa a partir de uma instância política que insere o narrar de
Rosa - que por si só já é uma encenação - em uma outra normatividade na qual o escrever de
uma autobiografia a partir de um falar mentiroso atua como possibilidade de ressurgimento
da atriz.
Posteriormente, o bloco dá corpo para a sugestão de uma transgressão entre os limites
do humano e do animal permeados pela voz e delineada no primeiro bloco, que se completa
pela inserção de Ananta como caçadora - nos remetendo ao conto “A caçada” 2, tido por Lygia
como sua obra prima - e pela presença do minotauro hipotético.
Teremos como foco de análise, portanto, as relações extraídas a partir dos dois blocos
acima descritos e que questionam os limites entre cenografias fundadas em alteridades e
atravessadas pela voz, pelo espaço de instabilidade entre phoné e logos.
3 Para mais detalhes sobre os termos “cenografia” e “etos retórico”, consultar O contexto da obra literária, de
Dominique Maingueneau.
homem-cavalo que a insere em um estado de êxtase.
Em As horas nuas, a ficção funciona como questionamento do limite do aparente –
“Sua percepção aguçada, multifacetada lente, como um caleidoscópio, constrói e destrói num
mesmo movimento a conturbada corrente da consciência [...]” (RÉGIS, 1998, p. 89). A obra
sugere um processo de desnudamento dos personagens, que parte de Rosa Ambrósio e
extrapola para os demais. Esse processo atinge várias esferas da trama.
O passado, que não pode ser destruído, é revisitado por Rosa com ironia e de maneira
não inocente - ela busca não apenas identificar as causas do que aconteceu depois, mas
também desenhar, através do jogo entre memória e invenção, a maneira pela qual essas
causas foram produzindo seus efeitos. Esse procedimento nada mais é do que uma tentativa
de ressignificação do presente ou, no limite, como única possibilidade de vida “na hora em
que presente e futuro entravam pelo cano” (TELLES, 2010, p. 226). As memórias narradas
atuam como ilha de edição para a atriz que trava sua luta contra o envelhecimento, associado
intimamente à sua decadência e ao seu alcoolismo.
A nudez de Rosa Ambrósio, sugerida pelo título e que é expressa de maneira literal no
capítulo 2, em um primeiro plano, alegoriza o seu envelhecimento frustrado. Cercada por
espelhos ao longo de toda a obra, símbolo narcísico da sua constante procura por um ideal de
eu, por aquilo em que ela deve se transformar para que os outros a amem, Rosa colore os
pelos pubianos assistida por Rahul, que está na posição de narrador.
Em um segundo plano, tal nudez pode ser vista como símbolo do projeto literário
desenvolvido por Lygia - “Levanto a pele das personagens que é a pele das palavras, quero o
mais íntimo, o mais secreto, e nessa busca me encontro” (TELLES, 1998, p. 111).
Em As horas nuas, mais do que levantar a pele, Lygia nos insere em uma dialética na
qual o despir das personagens acompanha o vestir do leitor e que se dá a partir da esfera do
não-dito. O processo de escrita se confunde com o processo de leitura de modo que a obra se
transforma em uma grande máquina de ressignificação do etos problematizado pela relação
do corpo com o tempo e pelo modo como os regimes de temporalidades se cruzam com as
diferentes corporalidades que as alteridades colocam em jogo.
Ao longo da narrativa, tal ressignificação ecoa de forma peculiar na narração de Rosa
Ambrósio, pois ela transita entre as posições de atriz e personagem, assume diferentes
modulações de ritmo, diferentes registros de linguagem e diferentes ideologias. A literatura
como espaço confessional é invadida pela teatralidade, de modo que uma instância artística
atua sobre a outra e apresenta um sujeito construído não mais pela linguagem, mas pela sua
simulação e, posteriormente, pela simulação da sua simulação.
3.3. A entrada em cena - o palco e o drama
Para Rosa, vida e teatro se associam intimamente - “onde está o tempo está o drama”
(TELLES, 2010, p. 104). Para Rahul, a atriz “Impregnou-se tanto dos papéis que representou
que facilmente passa de um papel para o outro” (TELLES, 2010, p. 101) e, para Ananta, “seu
repertório se misturava ao das peças num caos que se assemelhava ao fundo de sua sacola
onde ia enfiando as coisas” (TELLES, 2010, p. 72).
O seu falar - como o falar do gato Rahul - é mentiroso, e a relação que ela estabelece
com o leitor se parece com a relação entre ator e público, composta por “Sementes e casca.
Invólucros. Panejamento” (TELLES, 2010, p. 113).
Temos a sensação de estarmos na platéia, diante de uma encenação teatral – Rosa
representa tipos, imita falas de si e de outros marcadas pela variação de tom, de ritmo e,
muitas vezes, de vocabulário. Ela assume vários papéis, porém, ao mergulhar em seu eu não
atuante, a atriz escapa:
Sou uma atriz decadente, logo, estou no auge. Não me mato porque
sou covarde mas se calhar ainda me matam.
Cinquenta anos presumíveis, anotaria o solerte repórter policial. A
vítima estava descalça, portava uma camisola de seda lilás e
apresentava no corpo escoriações e manchas violáceas decorrentes
das quedas, ela bebia e não acendia as luzes, preferia a penumbra.
Enforcada na própria echarpe. As perfurações à faca foram
encontradas no elemento de cor parda, vinte anos presumíveis.
(TELLES, 2010, p. 24)
Assim, em Rosa, cenografias e modos de expressão aparecem em trânsito. A voz que,
ao pronunciar, institui, cria uma performatividade responsável pela mobilização de um
discurso dentro do outro, pois recai simultaneamente sobre a personagem Rosa Ambrósio e
sobre os personagens representados por ela, vítimas das palavras que não só dizem, mas
fazem algo.
Ao considerarmos que no romance, a exibição da obra antecede o in progress, ou seja,
antecede o escrever do livro no aqui e agora da leitura, Lygia, no lugar de transformar em
texto o processo da escrita, traz à tona seu processo de concepção, e mais - ao inserir uma
personagem que narra suas memórias em fluxo de consciência, porém não se permite
desnudar por completo, e, ao mesmo tempo, veste peles de outros personagens por meio da
encenação, o jogo entre vestir e despir já mencionado assume outra significação, pois o atuar
de Rosa muda o estatuto da ficção e da realidade no interior da ficção, sugere camadas de
ficcionalização não muito bem delimitadas e, dessa forma, impede o total reconhecimento da
personalidade de Rosa por parte do leitor, nos obrigando a assumir a pele que mais nos
convém.
"Caio redondamente morta" (TELLES, 1998, p. 50), diz/faz ao mesmo tempo a Rosa
atriz em uma peça de teatro e a Rosa mulher, atirada em meio a roupas no chão do quarto e
tendo o álcool como único elemento de conexão com o mundo real, criando um campo de
sobredeterminação de experiências que será sugerido a partir de um outro ponto de vista por
Renato Medrado - “no teatro fico constrangido (...) no cinema a realidade se distancia, fica
menos real” (TELLES, 2010, p. 222).
Assim, ao mesmo tempo em que o palco assegura uma separação entre ator e público,
também coloca o público em contato com o humano - a pele, o corpo, o suor, assim como a
própria voz, são simultaneamente do personagem e do ator.
Temos acesso à dois capítulos que pertencerão ao romance As horas nuas de Rosa
Ambrósio por Rosa Ambrósio - ditados a um gravador, colocam em jogo a relação entre
invenção e memória a partir de outro posicionamento. Se antes o questionamento explicitado
pela atriz questionava o limite entre as duas significações a partir do imaginário de um vivido
problematizado pela sua ficcionalização dentro da própria ficção, agora o que está em jogo é
a implicação política4 desse limite, de modo que o tema é trabalhado a partir de duas esferas.
Por um lado, a maneira singular como invenção e memória se relacionam - sem
A terapeuta de Rosa, que “desde criança sempre gostou do jogo sem-nome que
consistia apenas em rondar o alvo desejado (e quanto!) mas sem a menor pressa em atingi-lo”
(TELLES, 2010, p. 71) ocupa, na obra, um espaço peculiar - sua aparição, rapidamente
seguida pelo seu desaparecimento, problematiza os limites entre phoné e logos, já sugeridos
pelo gato Rahul e intrinsicamente relacionados com a concepção de voz e ritmo.
Diferentemente dos outros personagens, tanto Ananta quanto seu primo Renato, não
narram diretamente sua própria história - assumem a voz por meio do discurso indireto livre,
estruturado a partir da escrita de Ananta e do fluxo de consciência de Renato.
Para Nancy6, o lugar da escuta é o verdadeiro lugar do poder, é o estar à borda do
sentido, e é por estar sempre nessa posição que Ananta transforma o espaço da terapia em um
espaço que remete ao contexto de caça, no qual o detentor da voz, que objetiva sua
subjetividade, assume o papel de presa, enquanto Ananta, na posição de predadora, atua em
um espaço cuja enunciação aponta para um silêncio, para um vazio produzido que desarticula
a própria noção de mundo.
Se associarmos tal vazio às anotações do seu diário, disponibilizadas a partir de uma
aparente seleção, por meio de um narrador que mimetiza o seu ritmo de escrita envolto pela
linguagem técnica do analista, perceberemos que o espaço de testemunho, já problematizado
na narração de Rosa Ambrósio, passa a funcionar em outra normatividade - essa nova
normatividade é colocada em tensão ao se articular com a transformação do vizinho, cuja
linguagem é reduzida ao grito e ao ritmo da sua metamorfose em cavalo.
O homem que se refugia no escuro para se transformar em potência rítmica ou, dito de
outra forma, “um homem só com seu segredo e seu ritmo” (TELLES, 2010, p. 73),
desestabiliza, a partir da noção de ritmo como disposição e configuração do discurso, os
limites entre som e sentido.
Não sabia de onde ele viera, não sabia para onde ele ia, não sabia nem
se era real. Sabia apenas (procurou os óculos) de uma presença tão
forte e tão poderosa que certa noite teve o pressentimento de que a
face (ou focinho) ia aparecer no teto, chegou a olhar o teto. (...) Sem
identidade. Sem bagagem. Refugiando-se no escuro até virar um
cavalo, aquilo não era um cavalo? Um cavalo. (TELLES, 2010, p. 72)
A enunciação permite uma dupla leitura - o que está entre parêntesis ocupa um espaço
de instabilidade que transita entre o pensamento de Ananta e do narrador e pressupõe uma
zona de indecidibilidade que configura de forma peculiar o discurso indireto livre.
O jogo que, perpassa de modo sutil a enunciação de Ananta, ganha forma a partir do
seu desaparecimento. Renato, seu primo distante e único parente ainda vivo, assume a tarefa
de encontrá-la e se insere em uma dialética na qual “o que é escuro fica claro até que o claro
volta a escurecer de novo” (TELLES, 2010, p. 218).
O espaço de conjectura gira em torno de Ananta como um rizoma, ou seja, se elabora
a partir de todos os pontos de vista e sofre influência de diferentes observações que, aos
poucos, apontam para fora do romance a partir da forte remissão ao tema da caça, presença
constante na literatura de Lygia.
Assim como Rosa Ambrósio insere em suas representações algo da realidade, Lygia
aparece por uma fresta no discorrer da narrativa e nos envia ao conto “A caçada” 7, que tem
como enredo a morte de um homem submetido à opacidade da memória. Ao encontrar em
uma loja de antiguidades uma velha tapeçaria que retrata uma cena de caça e é sustentada por
uma fina camada de poeira, o personagem, que percebe que já esteve naquele contexto em
um passado remoto, não sabe se ocupava a posição de presa ou predador - portanto corre
desenfreadamente e, ao ser atingido por uma flecha, morre envolto nas lembranças da época
em que era um animal assustado.
Renato, que procura desenfreadamente pela prima, encontra em seu escritório a
4. Conclusão
I. IDENTIFICAÇÃO