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& TEORIAS DO

ENVELHECIMENTO HUMANO1

Aline Tais Fries2


Daniela Cristina Pereira3

RESUMO AGING THEORIES


A elevação na expectativa de vida reflete num envelhecimen- ABSTRACT
to da população, e por conseqüência em um incremento nas doen-
Life expectancy increased reflects in aging population, and
ças associadas a ela. Nos últimos anos houve um aumento nos
consequently in an increase in diseases associated with it. Re-
estudos vinculados ao tema o que ocasionou a elaboração de
cent years have seen an increase of studies about this subject and
teorias destinadas a explicar este processo como: Teoria Genéti-
this caused the development of theories to explain this process
ca, Teoria Imunológica, Teoria do Acúmulo de Danos, Teoria das
as: Genetics Theory, Immune Theory, Damage Accumulation The-
Mutações, Teoria do Uso e Desgaste e a Teoria dos Radicais
ory, Theory of wear and tear and the Free Radicals Theory, now
Livres, atualmente a mais aceita. Esta última defende a hipótese
widely accepted. This theory defends the hypothesis that during
de que durante o metabolismo aeróbico normal, o oxigênio sofre
normal aerobic metabolism, oxygen undergoes reduction to form
redução formando espécies reativas do oxigênio, os quais se so-
reactive oxygen species, which would be added to other free radi-
mariam aos demais Radicais Livres advindos de diferentes meca-
cals arising from different generating mechanisms. The body to
nismos geradores. O organismo para defender-se da ação lesiva
defend itself against the damaging action of free radicals, has
desses Radicais Livres, conta com diferentes sistemas de defesa
different antioxidant defense systems. The imbalance occurs in
antioxidante. Porém, ao ocorrer desequilíbrio na formação de Ra-
the formation of free radicals and in this process, there is an
dicais Livres e nesta defesa, há um incremento no número dessas
increase of the number of these reactive species, stage known as
espécies reativas, etapa conhecida como estresse oxidativo. Nes-
oxidative stress. In these cases there would be a gradual loss of
sas circunstâncias ocorreria uma perda gradual da capacidade
functional capacity of the cell, resulting in aging. However, defi-
funcional da célula, repercutindo no envelhecimento. Contudo,
nitive conclusions about the origin and development of aging,
conclusões definitivas acerca da origem e desenvolvimento do
require further studies because this phenomenon can not be just
envelhecimento, requerem maiores estudos, uma vez que esse
one fundamental cause.
fenômeno pode não ter uma causa fundamental.
Keywords: Aging. Free Radicals. Antioxidant. Oxidative
Palavras-chave: Envelhecimento. Radicais Livres. Antioxi-
Stress.
dantes. Estresse Oxidativo.

1
Artigo elaborado através de revisões.
2
Farmacêutica, Acadêmica da Habilitação Industrial de Medicamentos da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande
do Sul – UNIJUÍ. Fone (55) 91677410. e-mail: alinefries@ibest.com.br.
3
Farmacêutica Industrial, Responsável Técnica da Farmácia Escola da UNIJUÍ do DCVida. Fone (55) 33320518. e-mail:
daniela.pereira@unijui.edu.br.

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REVISTA CONTEXTO & SAÚDE IJUÍ EDITORA UNIJUÍ v. 10 n. 20 JAN./JUN. 2011 p. 507-514
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INTRODUÇÃO PECULIARIDADES DO ENVELHECIMENTO


A população idosa, a nível mundial, tem demons- O envelhecimento humano está sujeito a influên-
trado crescimento expressivo nas últimas décadas, cias intrínsecas, como a constituição genética indivi-
em virtude da expansão de sua expectativa de vida. dual responsável pela longevidade máxima e os fato-
A descoberta de novos medicamentos possibilitou res extrínsecos condizentes às exposições ambien-
um amplo controle e tratamento eficiente de doen- tais a que o indivíduo sofreu (tipo de dieta, sedenta-
ças infecto-contagiosas e crônico-degenerativas, às rismo, poluição, entre outros), os quais proporcionam
quais somadas às intervenções estratégicas moder- uma grande heterogenidade no envelhecimento. Além
nas de diagnóstico e cirurgia proporcionaram uma disso, o envelhecimento orgânico humano pode ser
elevação da vida média da população (ARAÚJO et caracterizado como senescência, envelhecimento
al., 1999; HOFFMANN, 2002). normal, ou como senilidade, envelhecimento patoló-
O avanço da expectativa de vida ocorreu origi- gico. A senescência é caracterizada como um pro-
nalmente em países desenvolvidos, porém, é nos cesso fisiológico com transformações que ocorrem
países em desenvolvimento que tal processo tem normalmente com o passar dos anos (sem distúrbios
ocorrido de forma mais maciça (COSTA; VERAS, de conduta, amnésias, entre outros), enquanto que a
2003). O Brasil mesmo tendo iniciado seu processo senilidade significa a presença de doenças crônicas
de envelhecimento somente na década de 60, acom- ou outras alterações que podem acometer a saúde
panha essa tendência mundial, com um envelheci- do idoso (perda da capacidade de memorizar, prestar
mento rápido e intenso (CHAIMOWICZ, 1997). atenção, não conseguir se orientar, etc.) (BRINK,
2001; PAPALÉO NETTO, 2002).
A dinâmica do envelhecimento da população
mundial fez com que a ciência, os pesquisadores e Com o envelhecimento o ser humano sofre vári-
também a população buscassem formas para mini- as alterações marcantes, entre as quais pode-se ci-
mizar ou evitar os efeitos do envelhecimento, fato tar: embranquecimento dos cabelos e calvíce (em-
que proporcionou nos últimos anos um aumento de bora sejam características também vinculadas a
pesquisas voltadas para o envelhecimento humano, aspectos étnicos, genéticos, sexuais e endócrinos);
surgindo várias teorias com o propósito de explicar redução na estatura; aumento do diâmetro do crâ-
as causas desse fenômeno (BARROS NETO; nio e aumento da amplitude do nariz e orelhas ca-
MATSUDO; MATSUDO, 2000). racterizando a conformação facial do idoso. Tam-
Dentre as inúmeras teorias que buscam apontar bém ocorre diminuição da espessura e perda da
as causas do envelhecimento pode-se destacar: a capacidade de sustentação da pele, o que leva ao
Teoria Genética, a Teoria Imunológica, a Teoria do surgimento de bolsas orbitais, enrugamento e au-
Acúmulo de Danos, a Teoria das Mutações, a Teo- mento dos sulcos labiais; surgimento do arcus seni-
ria do Uso e Desgaste e a Teoria dos Radicais Li- lis (círculo branco em torno da córnea); alteração
vres (RLs), uma das teorias mais plausíveis até o da cavidade bucal (perda da elasticidade da muco-
momento. Essa teoria sustenta a idéia de que o en- sa, queratinização e aumento da espessura do epi-
velhecimento celular normal seja desencadeado e télio) com perda do paladar; desgaste dos dentes e
acelerado pelos RLs, moléculas instáveis e reativas modificação na língua que perde grande quantidade
capazes de reagir com os constituintes do organis- de suas papilas gustativas (BARROS NETO; MAT-
mo em busca de uma maior estabilidade. SUDO; MATSUDO, 2000; BEATTIE; LOUIE,
2001; CARVALHO FILHO, 1996; FREITAS; MI-
O presente estudo tem como objetivo a elabora-
RANDA; NERY, 2002).
ção de uma revisão bibliográfica, abordando as prin-
cipais teorias do envelhecimento humano, correla- O envelhecimento também ocasiona mudanças
cionando com modificações que ocorrem no orga- na composição corpórea com, geralmente, ganho de
nismo. peso, devido ao aumento do tecido adiposo e redu-

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ção de tecidos muscular e ósseo. A deposição do Outro mecanismo genético considerado seria o
tecido adiposo ocorre em maior concentração no encurtamento do telômero, estrutura localizada no
tronco e ao redor de vísceras como rins e coração final dos cromossomos de células eucarióticas, como
(CARVALHO FILHO, 1996; FREITAS; MIRAN- fator determinante no desencadeamento do enve-
DA; NERY, 2002). lhecimento, uma vez que é responsável pela prote-
ção dos cromossomos e replicação do DNA cro-
Segundo Cunha e Jeckel-Neto (2002), pode-se
mossomal (TORRES, 2002).
caracterizar o envelhecimento como uma das eta-
pas seqüenciais da vida, apresentando-se como um Segundo Cunha e Jeckel-Neto (2002), o encur-
processo lento, progressivo e inevitável, caracteri- tamento dos telômeros também traria como conse-
zado por diversas modificações morfológicas, fun- qüência perdas de informações genéticas e instabi-
cionais, bioquímicas e psicológicas, que contribuem lidades genômicas no decorrer da vida. Contudo, a
para o aumento da vulnerabilidade e incidência dos avaliação experimental desta teoria é lenta pelo fato
processos patológicos no organismo. da existência de grande número de variáveis e à
limitação dos métodos experimentais.
O sistema imune é constituído por dois mecanis-
AS TEORIAS DO ENVELHECIMENTO mos: o celular, representado pelos Linfócitos T (cé-
lulas timo dependentes), responsáveis pela manu-
tenção da estabilidade homeostática e vigilância
Atualmente várias teorias são propostas para
imunológica do indivíduo; e o humoral representado
explicar a origem do fenômeno do envelhecimento,
pelas imunoglobulinas originárias dos Linfócitos B,
cada qual com um conjunto de conceitos, fatos e
e que permanecem aderidos à sua membrana (BOR-
indicadores. Esta variedade de teorias provém dos
GONOVI; PAPALÉO NETTO, 1996).
vários pontos de controvérsia que surgem no mo-
mento de estabelecer os fatores envolvidas no pro- A função imunológica decai com o avanço dos
cesso do envelhecimento, bem como, do próprio anos, motivo pelo qual a hipótese básica da teoria
entendimento desse fenômeno complexo, uma vez imunológica seja a de que a redução da eficácia do
que muitas teorias formuladas apóiam-se somente sistema imune, mantido pela interação entre linfóci-
numa alteração biológica isolada, sem considerar a tos e macrófagos no organismo, ao longo dos anos
noção de complexidade e integridade, condições que tornaria as pessoas mais susceptíveis contra as
caracterizam o envelhecimento (CUNHA; JE- agressões, provocando assim, o envelhecimento. Tal
CKEL-NETO, 2002). teoria postula que a diminuição da resposta imune
estaria relacionada ao envelhecimento do timo, ór-
A Teoria Genética defende a idéia de que o en- gão central no desenvolvimento e diferenciação de
velhecimento é resultado de alterações bioquímicas Linfócitos T (CUNHA; JECKEL-NETO, 2002).
programadas pelo próprio genoma, o qual poderia
regular a expectativa de vida por meio de diferentes Um conhecimento mais abrangente acerca dos
genes, dessa forma, cada ser vivo apresentaria uma Linfócitos T auxiliaria na compreensão do envelhe-
duração de vida estipulada pelo seu padrão genéti- cimento, além da necessidade de haver mais pes-
co, algo que tenta ser comprovado pela realização quisas para a confirmação dessa teoria, uma vez
de várias pesquisas acerca da longevidade, soma- que as alterações imunitárias podem ser conseqü-
das às constatações na prática clínica dos envelhe- ências e não causas do envelhecimento (BORGO-
cimentos precoces (progeria infantil ou síndrome de NOVI; PAPALÉO NETTO, 1996).
Hutchinson-Gilford e progeria do adulto ou síndro- Segundo a Teoria do Acúmulo de Danos ou tam-
me de Werner) doenças que estariam relacionados bém denominada Erro Catástrofe, a principal causa
à deficiências de enzimas controlados por genes do envelhecimento seria o acúmulo de moléculas
autossômicos recessivos (BORGONOVI; PAPA- defeituosas provenientes de falhas no reparo e na
LÉO NETTO, 1996; TORRES, 2002). síntese de moléculas intracelulares com o avanço

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da idade, o que repercutiria na perda progressiva da las filhas (BORGONOVI; PAPALÉO NETTO,
função do organismo. As falhas de reparo e síntese 1996). Segundo Schimke e colaboradores (1986
seriam oriundas de erros na transcrição do RNA e apud BORGONOVI; PAPALÉO NETTO, 1996),
sua tradução em proteínas, gerando uma elevação as mutações são ocasionadas pela existência de inú-
na concentração de proteínas modificadas e não meras áreas de replicação do DNA no cromosso-
funcionais (TORRES, 2002). mo, o que desencadeia um número alto de replica-
ção de determinados segmentos do DNA e por con-
Segundo Orgel (1963 apud BORGONOVI;
seqüência inúmeros rearranjos e mutações. Esse
PAPALÉO NETTO, 1996), o motivo pelo quais es-
acúmulo de células heterogêneas durante os anos
sas proteínas inativas surgem é devido a erros na
seria a explicação de doenças de fundo clonal como
síntese enzimática principalmente de polimerases,
câncer e arteriosclerose.
responsáveis pela síntese de RNA a partir da trans-
crição do DNA. Dessa forma, a transcrição de uma Várias informações acerca das mutações cro-
enzima modificada pode ocasionar elevação de uma mossômicas em células somáticas relacionadas à
ou mais bases púricas ou pirimídicas do código ge- idade estão sendo difundidas, principalmente como
nético, provocando a formação de seqüências errô- respostas à radiação ou mutagênicos, porém anali-
neas de aminoácidos, que por sua vez leva a síntese sando o envelhecimento como um processo unifor-
de proteínas não funcionais. me, existem poucas pesquisas para a fundamenta-
ção dessa teoria (CUNHA; JECKEL-NETO, 2002).
Os erros sendo acumulativos e transmissíveis
atingiriam uma elevada ocorrência, provocando o A Teoria do Uso e Desgaste baseia-se na idéia
efeito chamado de erro catástrofe, onde a célula de que o envelhecimento seja o resultado do acú-
sofreria uma ineficiência letal, ocasionando sua morte mulo de agressões ambientais do dia-a-dia, as quais
e por conseqüência, a redução da capacidade fun- ocasionariam a diminuição da capacidade do orga-
cional, fato que caracterizaria o envelhecimento nismo em recuperar-se totalmente. Onde, os feri-
(CUNHA; JECKEL-NETO, 2002). mentos, infecções, inflamações e outras formas de
Evidências em pesquisas contradizem a Teoria agressões sejam eles, ferimentos ou patógenos, se
do Erro Catástrofe quanto a transcrição e tradução, somariam ao longo dos anos no indivíduo e dessa
pois nestes estudos esse dois processos relaciona- forma, as lesões ocasionadas provocariam altera-
dos à síntese de proteínas se mantiveram estáveis ções nas células, tecidos e órgãos desencadeando o
com o aumento da idade, além disso, outras pesqui- envelhecimento (CUNHA; JECKEL-NETO, 2002).
sas revelaram que a seqüência de aminoácidos de Atualmente essa teoria encontra-se desacredi-
inúmeras proteínas importantes ao organismo man- tada, apesar de defender danos que são dependen-
tiveram-se constantes ao longo dos anos (BORGO- tes do tempo e podem aumentar a possibilidade de
NOVI; PAPALÉO NETTO, 1996), portanto, até morte do indivíduo, sem, no entanto, atuarem como
hoje não há evidências suficientemente concretas causadores do processo do envelhecimento. Além
que sustentem esta hipótese. do que, pode-se considerar a Teoria do Uso e Des-
A Teoria das Mutações pressupõe que as suces- gaste não como uma teoria, mas um aspecto rele-
sivas alterações que ocorrem nas células somáticas vante para auxiliar outras teorias no que diz respeito
(46 cromossomos), ao transcorrer dos anos, produ- ao desgaste de um órgão ou área do organismo re-
ziriam células mutantes incapazes de cumprir suas lacionando-o com a idade, sem se transformar em
funções biológicas, o que provocaria um declínio um fato causal do envelhecimento (CUNHA; JE-
progressivo dos órgãos e tecidos, com instalação do CKEL-NETO, 2002).
envelhecimento (CUNHA; JECKEL-NETO, 2002).
A Teoria dos RLs foi introduzida pela primeira
As mutações podem ter origem das transforma- vez em 1956 pelo médico norte-americano Denham
ções do mecanismo de reparo da molécula de DNA, Harman e adquirindo somente a partir da década de
sendo possível que sejam repassadas para as célu- 80, maior importância no meio científico quando inú-

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meros trabalhos foram desenvolvidos em relação aos situações metabólicas, como por exemplo, na ca-
RLs e suas conseqüências ao organismo. Esta teo- deia transportadora de elétrons, na peroxidação lipí-
ria propunha que o envelhecimento normal seria re- dica, nos processos NADPH – oxidase dos fagóci-
sultado de danos intracelulares aleatórios provoca- tos e xantina desidrogenase/oxidase da isquemia/
dos pelos RLs, moléculas instáveis e reativas, que reperfusão (TORRES, 2002; OLIVEIRA, 1999),
atacariam as diferentes biomoléculas do organismo como também, na via das Reações de Fenton e
em busca de estabilidade (OLSZEWER, 1994; Haber-Weiss (FERREIRA; MATSUBARA, 1997).
TORRES, 2002). Em contrapartida, as fontes exógenas de RLs são
representadas pelas radiações gama e ultravioleta,
Esta teoria vem recebendo uma atenção especi-
os medicamentos, as bebidas alcoólicas, a dieta, o
al de diversos estudiosos e pesquisadores do assun-
cigarro e os poluentes ambientais (BUCHLI, 2002;
to, em virtude de seus efeitos sobre o metabolismo
MOREIRA; SHAMI, 2004).
explicarem os processos de envelhecimento, assim
como as doenças relacionadas (LANE, 2003). Os RLs são oriundos em grande parte da respi-
ração celular, que ocorre no interior da mitocôndria
Os RLs são espécies químicas que podem ser áto-
na presença de oxigênio, o qual sofre um desvio em
mos, moléculas ou fragmentos de moléculas (OLI-
seu metabolismo normal, recebendo um elétron ex-
VEIRA, 2002). São espécies químicas contendo um
tra o que lhe confere atividade e capacidade para
ou mais elétrons não pareados no orbital externo da
induzir a formação dos demais RLs, demonstrando
camada de valência (a última camada de elétrons)
que a mitocôndria seria o principal constituinte do
sendo mais reativos que as espécies com elétrons
organismo responsável pelo envelhecimento (ALI;
pareados. Devido a sua alta reatividade os RLs, bus-
ASHOK, 1999; BALU et al., 2003; BENETT Jr.;
cam, rapidamente, extrair um elétron de qualquer
CASSARINO, 1999).
partícula, molécula ou átomo em sua vizinhança, a
fim de recuperar a pariedade, e em decorrência, a Paralelamente o organismo desenvolveu meca-
estabilidade (ABDALLA; LIMA, 2001; DUARTE, nismos de proteção antioxidante que são formados
2003; LEITE; OLIVEIRA, 2002; SARNI, 2003). por um sistema endógeno enzimático e um sistema
exógeno não enzimático. Ambos os sistemas são os
Os RLs podem ser eletricamente neutros, terem responsáveis pela manutenção do equilíbrio entre a
carga positiva ou negativa (LEITE; SARNI, 2003). produção e neutralização dos RLs, contudo, quando
Essas espécies químicas incluem as espécies reati- esse equilíbrio é alterado, tem-se uma situação me-
vas do oxigênio (EROS) e as espécies reativas de tabólica denominada estresse oxidativo (MATTAR,
nitrogênio (ERNS). As EROS são representadas por 2000; OLSZEWER, 1994).
todos os radicais do oxigênio, como o ânion radical
superóxido (O2.), radical hidroxila (HO.), radical al- Com o estresse oxidativo, a elevada produção
quila (L.), alcoxila (LO.) e peroxila (LOO.). Enquanto dos RLs e sua grande capacidade reativa ocasiona-
que as ERNS são representadas pelo peroxinitrito riam não somente reações com os componentes
nucleares e citoplasmáticos das células (principal-
(ONOO-), o óxido nítrico (.NO) e o radical dióxido
mente DNA e RNA) com diminuição de suas fun-
de nitrogênio (.NO2). No entanto, o ânion peroxini-
ções, como também, reações com proteínas, lipídi-
trito (ONOO-), o ácido hipocloroso (HOCl), o peró-
os, enzimas, colágenos e hormônios induzindo modi-
xido de hidrogênio (H2O2), o oxigênio singlet (1O2)
ficações orgânicas que justificariam o envelhecimen-
e o ozônio (O3) não são RLs mas podem provocar
to (BORGONOVI; PAPALÉO NETTO, 1996).
reações radicalares no organismo, fato que os le-
Portanto, o envelhecimento seria um fenômeno se-
vam a serem considerados como espécies reativas
cundário ao estresse oxidativo, em que ocorrem rea-
(ABDALLA; LIMA, 2001).
ções de oxidação lipídica, protéica e reações com o
A formação de RLs pode ocorrer tanto no cito- DNA o que provocaria modificações dos tecidos e
plasma, nas mitocôndrias como na membrana celu- código genético, e por conseqüência ocasionariam as
lar (MOREIRA; SHAMI, 2004), e em diferentes deficiências fisiológicas características do avançar

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da idade e provenientes desses danos intracelulares o processo de envelhecimento. Apesar disso, a ta-
provocados pelos RLs (ALMADA FILHO, 2002; refa de desvendar tais questionamentos é importan-
FERREIRA; MATSUBARA, 1997). Segundo Cu- te, pois conhecendo as causas do envelhecimento e
nha e Jeckel-Neto (2002), os danos estariam relaci- sua base molecular permitirá desenvolver meios efe-
onados ao tipo de radical presente, sua taxa de pro- tivos para reduzir as perdas orgânicas associadas
dução, a integridade estrutural das células e aos di- ao envelhecimento e a muitas doenças associadas
ferentes sistemas antioxidantes do organismo. (OLSZWER, 1994; WICKENS, 2001).
Segundo Capote et al. (2000), várias pesquisas
científicas evidenciam que as EROs geradas na
mitocôndria podem produzir danos em sua membra- CONSIDERAÇÕES FINAIS
na interna, nos constituintes de sua cadeia respira-
tória, além de afetar o DNA mitocondrial. Portanto,
O envelhecimento é um fenômeno complexo que
os danos cumulativos do oxigênio sobre a mitocôn-
envolve inúmeros fatores, o que conseqüentemen-
dria (lesões no DNA mitocondrial e declínio nas ati- te, provoca a elaboração de várias hipóteses e teo-
vidades dos transportadores de elétrons), seriam os rias voltadas para explicar esse processo. Pela va-
responsáveis pela diminuição no desempenho fisio- riedade de teorias fica evidente a falta de um con-
lógico das células e pelo envelhecimento, hipótese senso sobre os conceitos básicos que poderiam ex-
sustentada pela Teoria dos RLs (CUNHA; JE- plicar o fenômeno biológico do envelhecimento, ape-
CKEL-NETO, 2002). Segundo Almada Filho (2002), sar de ser um processo palpável e visível.
diversos estudos documentaram a presença do es-
tresse oxidativo sistêmico no envelhecimento e em Dentre as várias teorias do envelhecimento, nos
doenças relacionadas. últimas décadas, tem-se dado maior atenção à Teo-
ria dos RLs, isto é, sobre a atuação destas espécies
Diversos procedimentos experimentais foram e reativas e seus efeitos nocivos no organismo, enfo-
estão sendo realizados com o intuito de comprovar cando principalmente a ação destes, no envelheci-
a relação real dos RLs com o envelhecimento, mas mento. De acordo com esta teoria, o comprometi-
o que se constata é um grande número de contradi- mento fisiológico desencadeado com o passar dos
ções acerca dos resultados das pesquisas, o que anos, seria em sua grande maioria oriundos da ação
evidencia a necessidade de maiores estudos sobre dos RLs sobre os constituintes orgânicos, em detri-
os danos moleculares ocasionados pelos RLs no mento a uma menor atividade do sistema antioxi-
organismo e o modo como estes, contribuem para o dante.
processo do envelhecimento (ALI; ASHOK, 1999).
Tendo como base esses argumentos, pode-se
Portanto, o envelhecimento do organismo é um considerar a Teoria dos RLs, viável e plausível, uma
processo complexo, onde os danos provocados pe- vez que, estudos comprovam a existência real des-
los RLs são possivelmente expressivos, mas, contu- sas espécies no organismo e a sua atuação.
do, não sejam os únicos mecanismos envolvidos no Possivelmente a ação dos RLs, apesar de apre-
declínio fisiológico. Uma conclusão absoluta a cer- sentar efeitos marcantes sobre o organismo, expli-
ca do tema torna-se difícil, uma vez que essas espé- que parte do fenômeno biológico do envelhecimen-
cies reativas apresentam meia-vida extremamente to, somando-se às outras teorias, para que juntas,
curta, dificultando sua mensuração in vivo, além possam formar uma teoria fundamental que escla-
disso, apesar dos RLs poderem deixar resquícios de reça, defina e interprete todas as modificações que
sua atividade e produtos de seu metabolismo não ocorrem ao longo da vida e que repercutem no en-
necessariamente comprova que estes sejam os fa- velhecimento. Para isso, ainda será necessário uma
tores causais do envelhecimento. A dificuldade se série de pesquisas, para que se obtenha um amplo
encontra em estabelecer se os RLs são a causa do esclarecimento sobre esse processo instigante, cha-
envelhecimento ou simplesmente ocorrem durante mado envelhecimento.

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