Documenti di Didattica
Documenti di Professioni
Documenti di Cultura
A APLICAÇÃO DE MÉTODOS DE
ANÁLISE DE INVESTIMENTOS PARA
MENSURAÇÃO DE GANHOS EM
INICIATIVAS DE MELHORIAS DE
PROCESSOS
BRUNO ROBERTO BARBOSA PINHO (CEFET-RJ)
brunor.pinho@gmail.com
Gustavo Badejo Miranda (CEFET-RJ)
gustavo.badejo@gmail.com
Rafael Paim Cunha Santos (CEFET-RJ)
rafael@ufrj.br
Pedro Senna Vieira (CEFET-RJ)
pedro.sennavieira@gmail.com.br
1. Introdução
Os conceitos acerca do tema Gestão de Processos de Negócio (do termo em inglês Business
Process Management) atribuem a essa forma de gestão uma série de vantagens em relação à
clássica forma de gestão funcional das organizações (PAIM, 2002; PAIM, 2007; PAIM et al.,
2009). Muitas organizações enxergam na implantação de uma gestão orientada por processos
uma oportunidade de uniformizar, controlar, gerir o desempenho e, principalmente, melhorar
de forma sistemática seus processos interdepartamentais (MCCORMACK, 2001; REIJERS,
2006; NETO, 2006). No entanto, ao longo das últimas décadas, desde que a prática surgiu e se
difundiu pelo mundo empresarial, muitas empresas apresentaram dificuldades na sua
implantação e na mensuração real dos ganhos que envolvem essas iniciativas. Gustafsson &
Nilsson (2003) apud Reijers (2006) apresentam um estudo de empresas suíças que também
reforça o impacto positivo da orientação por processo na satisfação do cliente. Skrinjar (2008)
reforça o impacto positivo da orientação de processos em visões financeiras,
consequentemente, quantificáveis e não financeiras ou qualitativas.
Tornou-se necessário buscar formas de provar o impacto positivo que a Gestão de Processos
pode exercer sobre as organizações. Portanto, este estudo busca apresentar métodos capazes
da mostrar que iniciativas de melhorias de processos transversais são viáveis e atrativas do
ponto de vista financeiro. Para isso serão apresentadas aplicações reais de métodos de análise
de investimento, utilizando como base o fluxo financeiro relacionado ao desenvolvimento de
iniciativas e os ganhos associados a estas melhorias. Essa análise permite enxergar que uma
fração dos benefícios da gestão orientada por processos, tendo em vista que muitos dos
benefícios são de ordem extremamente qualitativa, auxiliam para que estas iniciativas tornem-
se mais atrativas para as empresas.
Diante disto, este artigo defende que a quantificação dos ganhos e as análises financeiras de
iniciativas desta natureza sejam realizadas em um momento anterior a execução. Esta
quantificação prévia de auxílio à tomada de decisão minimiza a visão que vincula iniciativas
de melhoria orientadas por processos a um alto nível de risco. Em muitos casos, essa visão é
inflada pelos altos investimentos e pela dificuldade de mensurar, de forma precisa, alguns dos
benefícios envolvidos.
Além disto, este trabalho é apresentado para complementar outras publicações que defendem
a aplicação de iniciativas de melhoria de processos, utilizando-se, no entanto, de argumentos
diferenciados. Antunes (2006), por exemplo, sustenta o argumento de que melhorar processos
é uma necessidade intrínseca para as organizações responderem às mudanças e manter a
competitividade do sistema produtivo. Outro argumento é baseado em uma pesquisa citada
por Paim (2007), que foi realizada buscando analisar o ganho esperado com iniciativas de
melhoria de processos, 76 empresas foram analisadas após a implantação de iniciativas de
sucesso e chegou-se a conclusão que nenhuma delas obteve retorno sobre o investimento
menor que 10%, a média foi de 33% e a mediana 44%.
2. Método de Pesquisa
O método básico seguido para a realização do presente trabalho envolve uma busca
bibliográfica de conceitos que norteiam o tema central do trabalho. Este método de trabalho,
concebido a partir da proposta original de YIN (2005), está apresentado em 3 (três)
macroetapas: 1- Definição e Planejamento; 2- Preparação e Desenvolvimento; 3- Análise e
Conclusão.
Na primeira etapa é realizada uma busca bibliográfica e os resultados desta busca apresentam
poucas publicações referentes ao tema central da pesquisa. Em seguida, é realizada a leitura
de artigos, livros e publicações que contemplassem os conceitos envolvidos na pesquisa
2
XXXI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO
Inovação Tecnológica e Propriedade Intelectual: Desafios da Engenharia de Produção na Consolidação do Brasil no
Cenário Econômico Mundial
Belo Horizonte, MG, Brasil, 04 a 07 de outubro de 2011.
3
XXXI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO
Inovação Tecnológica e Propriedade Intelectual: Desafios da Engenharia de Produção na Consolidação do Brasil no
Cenário Econômico Mundial
Belo Horizonte, MG, Brasil, 04 a 07 de outubro de 2011.
Atraso no
Atendimento
Não-cumprimento dos clientes
Dos prazos pelos Perda de
Fornecedores Market share
Má especificação
do insumo
Não- conformidades
na execução das tarefas Alto índice de
devolução dos
produtos
Efeito
4
XXXI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO
Inovação Tecnológica e Propriedade Intelectual: Desafios da Engenharia de Produção na Consolidação do Brasil no
Cenário Econômico Mundial
Belo Horizonte, MG, Brasil, 04 a 07 de outubro de 2011.
2 - Explorar a
4-Elevar a Restrição
Restrição (Eliminar o
desperdício)
3 -Subordinar
os recursos à
Restrição
5
XXXI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO
Inovação Tecnológica e Propriedade Intelectual: Desafios da Engenharia de Produção na Consolidação do Brasil no
Cenário Econômico Mundial
Belo Horizonte, MG, Brasil, 04 a 07 de outubro de 2011.
que?), Who? (Quem?), When? (Quando?), Where? (Onde?), Why? (Por que), How? (Como?)
e Howmuch? (Quanto custa?).
Questões Descrição
O quê? (What?) O que será feito. (Etapas)
Quem? (Who?) Quem fará. (Responsabilidade)
Quando? (When?) Quando será feito. (Tempo)
Onde? (Where?) Onde será feito. (Local)
Por quê? (Why?) Por que será feito. (Justificativa)
Como? (How) Como será feito. (Método)
Quanto Custa? (How Much?) Quanto custará fazer. (Custos)
Tabela 1 - Lógica do 5W2H
3.2. Métodos de análise de investimentos
Os métodos de melhoria de processos apresentados no tópico anterior tem a capacidade de
transformar os processos das organizações de forma a afetar diretamente seu fluxo de caixa.
Brock et al. (2010) indica a importância da integração de perspectivas financeiras em
iniciativas de melhoria de processos, afirmando que essa prática tem impacto significativo
sobre a qualidade da tomada de decisão estratégica. Westcott (2008) reforça o argumento,
apresentando casos de aplicação de ROI (Retorno sobre Investimento) para iniciativas de
melhorias de processos. Logicamente, a aplicação destas técnicas de melhoria de processos
possui um custo relacionado, podendo estar associadas às horas trabalhadas da equipe interna,
contratação de consultorias especializadas ou até mesmo aquisição de novos ativos
necessários para a implantação das mudanças sugeridas para os processos. Dessa forma, se
estabelece um cenário ideal para aplicação de ferramentas de análise financeiras, capazes de
avaliar a viabilidade dos investimentos realizados.
Fluxo de caixa da iniciativa (Impacta diretamente no fluxo de
Ganhos quantificáveis
caixa da empresa)
Tempo
6
XXXI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO
Inovação Tecnológica e Propriedade Intelectual: Desafios da Engenharia de Produção na Consolidação do Brasil no
Cenário Econômico Mundial
Belo Horizonte, MG, Brasil, 04 a 07 de outubro de 2011.
de desconto). De forma geral pode-se afirmar que o VPL indica o valor monetário que um
investimento irá agregar à empresa caso este seja aplicado, levando em considerando a
variação deste valor ao longo do tempo. (GITMAN, 2002)
A expressão matemática que expressa o valor presente líquido de determinado investimento é
apresentada abaixo:
Quando a TIR for utilizada para a tomada de decisão deve-se utilizar, em linhas gerais, a
seguinte lógica: caso a TIR encontrada seja maior do que a TMA (taxa mínima de
atratividade) determinada pela empresa, deve-se considerar o investimento viável, caso
contrário o investimento deve ser rejeitado. Como já comentado, a TIR não é a análise ideal
para casos de investimento excludentes, nesse caso deve-se priorizar o VPL para a decisão.
- Payback: o payback é o tempo decorrido desde o tempo inicial da implantação do
investimento até o momento em que o fluxo de caixa acumulado se torne positivo, ou seja, o
momento em que o somatório dos ganhos obtidos seja maior que o investimento inicial
aplicado.
7
XXXI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO
Inovação Tecnológica e Propriedade Intelectual: Desafios da Engenharia de Produção na Consolidação do Brasil no
Cenário Econômico Mundial
Belo Horizonte, MG, Brasil, 04 a 07 de outubro de 2011.
Fluxo de caixa
Tempo
O payback nominal
ocorre entre o 3º e 4º
período de análise
8
XXXI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO
Inovação Tecnológica e Propriedade Intelectual: Desafios da Engenharia de Produção na Consolidação do Brasil no
Cenário Econômico Mundial
Belo Horizonte, MG, Brasil, 04 a 07 de outubro de 2011.
9
XXXI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO
Inovação Tecnológica e Propriedade Intelectual: Desafios da Engenharia de Produção na Consolidação do Brasil no
Cenário Econômico Mundial
Belo Horizonte, MG, Brasil, 04 a 07 de outubro de 2011.
10
XXXI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO
Inovação Tecnológica e Propriedade Intelectual: Desafios da Engenharia de Produção na Consolidação do Brasil no
Cenário Econômico Mundial
Belo Horizonte, MG, Brasil, 04 a 07 de outubro de 2011.
a vantagem competitiva. O desafio, então, para uma organização é descobrir qual segmento da
organização requer uma iniciativa de melhoria de processos, e quais são as iniciativas
adequadas.
Ainda segundo este mesmo autor, o método ROI, conceituado anteriormente, permite que as
organizações comprovem o valor da implantação de novos e/ou melhorados processos,
fundamentado no benefício monetário que pode ser atraente para os executivos. Pelo fato
destes investimentos em iniciativas de melhoria, em geral, não serem baratos, a apresentação
do valor monetário dessas iniciativas contribui para assegurar o financiamento para iniciativas
futuras dentro da organização, alinhando estas iniciativas à visão estratégica da organização.
Na mesma trajetória de raciocínio, as análises apresentadas por esta pesquisa são evidências
que contribuem para comprovar a viabilidade em mensurar ganhos advindos de investimentos
em melhoria de processos.
Portanto, este artigo visa fortalecer o argumento de que as iniciativas de melhoria de
processos tendem a apresentar indicadores de rentabilidade superiores a grande parte dos
investimentos disponíveis no mercado, provendo, também, uma sistemática de análise que
permitirá organizações avaliar casos em que tais iniciativas não são necessárias ou atrativas.
Referências
ANTUNES, JR., Os paradigmas na engenharia de produção. Capítulo 2, Gestão de Processos, COPPE/UFRJ,
2006
BROCK, J. et al, Value-oriented process modeling:integrating financial perspectivesinto business process re-
design.Business Process Management Journal Vol. 16 No. 2, 2010
GOLDRATT, E. M. What Is This Called Theory of Constraints and How It Should Be Implemented? New York
North River Press, 1990.
GOLDRATT, Ee COX, J. A Meta. Nobel, 2a edição, 2003.
KAPLAN, S R. NORTON P. D. A estratégia em ação: balanced score card. 4 ed. Rio de Janeiro: Campus,
1997, p.344.
MCCOMARK, K. Business Process Orientation: Do You Have It?Quality Progress, 2001.
NETTO, C., Proposta Definindo Gestão por Processos: características, vantagens desvantagens. Atlas, São
Paulo, 2006.
PAIM, R. Engenharia de Processos: análise do referencial teórico-conceitual, instrumentos, aplicações e
casos. Dissertação de Mestrado. COPPE/UFRJ,2002
PAIM, R. As tarefas para a gestão de processos.471p, Tese de Doutorado. COPPE/UFRJ, 2007.
PAIM, R., CARDOSO, V., CAULLIRAUX, H., CLEMENTE, R., Gestão de Processos: Pensar, Agir e
Aprender.Bookman, 2009.
REIJERS, H., Implementing BPM systems: the role of process orientation, Business Process Management
Journal. Vol.12.N. 4, pp. 389-409, 2006
SHIBA, S.; GRAHAM, A.; WALDEN, D. TQM: Quatro Revoluções na Gestão da Qualidade: Ed. Bookman,
2007.
SOARES, P. F., LACERDA, D., FILIPPO, T. & PAIM, R. Aplicação do processo de pensamento da Teoria
das Restrições para melhoria em Processos de Negócios. XXVI ENEGEP, Fortaleza, 2006.
SKRINJAR, R et al, The impact of business process orientation on financial and non-financial performance.
Business Process Management Journal Vol. 15 No. 6, 2009
WESTCOTT, G. Using ROI to Measure the Results of BPI Initiatives. BPTrends, 2008
YIN, R. Estudos de Caso: Planejamento e Métodos, ed. Porto Alegre: Bookman, 2005.
11