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BIOLOGIA E BIODIVERSIDADE

Professora Me. Lilian Capelari Soares

GRADUAÇÃO
GESTÃO AMBIENTAL

MARINGÁ-PR
2012
Reitor: Wilson de Matos Silva
Vice-Reitor: Wilson de Matos Silva Filho
Pró-Reitor de Administração: Wilson de Matos Silva Filho
Presidente da Mantenedora: Cláudio Ferdinandi
NEAD - Núcleo de Educação a Distância
Diretoria do NEAD: Willian Victor Kendrick de Matos Silva
Coordenação Pedagógica: Gislene Miotto Catolino Raymundo
Coordenação de Marketing: Bruno Jorge
Coordenação Comercial: Helder Machado
Coordenação de Tecnologia: Fabrício Ricardo Lazilha
Coordenação de Curso: Silvio Silvestre Barczsz
Supervisora do Núcleo de Produção de Materiais: Nalva Aparecida da Rosa Moura
Capa e Editoração: Daniel Fuverki Hey, Fernando Henrique Mendes, Jaime de Marchi Junior, Luiz Fernando Rokubuiti e
Thayla Daiany Guimarães Cripaldi
Supervisão de Materiais: Nádila de Almeida Toledo
Revisão Textual e Normas: Cristiane de Oliveira Alves, Gabriela Fonseca Tofanelo, Janaína Bicudo Kikuchi, Jaquelina
Kutsunugi e Maria Fernanda Canova Vasconcelos.

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CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. Núcleo de Educação


a distância:

C397 Biologia e diversidade / Lilian Capelari Soares. Maringá -


PR, 2012.
216 p.

“Graduação em Gestão Ambiental - EaD”.

1. Biodiversidade. 2. Biologia. 3.EaD. I. Título.

CDD - 22 ed. 578.7


CIP - NBR 12899 - AACR/2

“As imagens utilizadas neste livro foram obtidas a partir dos sites PHOTOS.COM e SHUTTERSTOCK.COM”.

Av. Guedner, 1610 - Jd. Aclimação - (44) 3027-6360 - CEP 87050-390 - Maringá - Paraná - www.cesumar.br
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BIOLOGIA E BIODIVERSIDADE

Professora Me. Lilian Capelari Soares


APRESENTAÇÃO DO REITOR

Viver e trabalhar em uma sociedade global é um grande desafio para todos os cidadãos.
A busca por tecnologia, informação, conhecimento de qualidade, novas habilidades para
liderança e solução de problemas com eficiência tornou-se uma questão de sobrevivência no
mundo do trabalho.

Cada um de nós tem uma grande responsabilidade: as escolhas que fizermos por nós e pelos
nossos fará grande diferença no futuro.

Com essa visão, o Cesumar – Centro Universitário de Maringá – assume o compromisso


de democratizar o conhecimento por meio de alta tecnologia e contribuir para o futuro dos
brasileiros.

No cumprimento de sua missão – “promover a educação de qualidade nas diferentes áreas


do conhecimento, formando profissionais cidadãos que contribuam para o desenvolvimento
de uma sociedade justa e solidária” –, o Cesumar busca a integração do ensino-pesquisa-ex-
tensão com as demandas institucionais e sociais; a realização de uma prática acadêmica que
contribua para o desenvolvimento da consciência social e política e, por fim, a democratização
do conhecimento acadêmico com a articulação e a integração com a sociedade.

Diante disso, o Cesumar almeja ser reconhecido como uma instituição universitária de referên-
cia regional e nacional pela qualidade e compromisso do corpo docente; aquisição de compe-
tências institucionais para o desenvolvimento de linhas de pesquisa; consolidação da extensão
universitária; qualidade da oferta dos ensinos presencial e a distância; bem-estar e satisfação
da comunidade interna; qualidade da gestão acadêmica e administrativa; compromisso social
de inclusão; processos de cooperação e parceria com o mundo do trabalho, como também
pelo compromisso e relacionamento permanente com os egressos, incentivando a educação
continuada.

Professor Wilson de Matos Silva


Reitor

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Caro aluno, “ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua
produção ou a sua construção” (FREIRE, 1996, p. 25). Tenho a certeza de que no Núcleo de
Educação a Distância do Cesumar, você terá à sua disposição todas as condições para se
fazer um competente profissional e, assim, colaborar efetivamente para o desenvolvimento da
realidade social em que está inserido.

Todas as atividades de estudo presentes neste material foram desenvolvidas para atender o
seu processo de formação e contemplam as diretrizes curriculares dos cursos de graduação,
determinadas pelo Ministério da Educação (MEC). Desta forma, buscando atender essas
necessidades, dispomos de uma equipe de profissionais multidisciplinares para que,
independente da distância geográfica que você esteja, possamos interagir e, assim, fazer-se
presentes no seu processo de ensino-aprendizagem-conhecimento.

Neste sentido, por meio de um modelo pedagógico interativo, possibilitamos que, efetivamente,
você construa e amplie a sua rede de conhecimentos. Essa interatividade será vivenciada
especialmente no ambiente virtual de aprendizagem – AVA – no qual disponibilizamos, além do
material produzido em linguagem dialógica, aulas sobre os conteúdos abordados, atividades de
estudo, enfim, um mundo de linguagens diferenciadas e ricas de possibilidades efetivas para
a sua aprendizagem. Assim sendo, todas as atividades de ensino, disponibilizadas para o seu
processo de formação, têm por intuito possibilitar o desenvolvimento de novas competências
necessárias para que você se aproprie do conhecimento de forma colaborativa.

Portanto, recomendo que durante a realização de seu curso, você procure interagir com os
textos, fazer anotações, responder às atividades de autoestudo, participar ativamente dos
fóruns, ver as indicações de leitura e realizar novas pesquisas sobre os assuntos tratados,
pois tais atividades lhe possibilitarão organizar o seu processo educativo e, assim, superar os
desafios na construção de conhecimentos. Para finalizar essa mensagem de boas-vindas, lhe
estendo o convite para que caminhe conosco na Comunidade do Conhecimento e vivencie
a oportunidade de constituir-se sujeito do seu processo de aprendizagem e membro de uma
comunidade mais universal e igualitária.

Um grande abraço e ótimos momentos de construção de aprendizagem!

Professora Gislene Miotto Catolino Raymundo

Coordenadora Pedagógica do NEAD- CESUMAR

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APRESENTAÇÃO

Livro: Biologia e Biodiversidade


Professora Me. Lilian Capelari Soares

Olá, acadêmico! Seja bem-vindo a mais uma disciplina do curso de Gestão Ambiental EAD
– Cesumar. É com grande satisfação que apresento a você o livro da disciplina de Biologia
e Biodiversidade, assunto de extrema importância para os cidadãos de nosso planeta e
principalmente para os futuros profissionais da área. Sou a professora Lilian Capelari Soares e
preparei este material com muita dedicação e carinho, para que você adquira conhecimentos
necessários para essa nova etapa de sua vida. Este livro é um instrumento eficaz de informação
e formação do qual você levará para sua vida profissional.

Sou bióloga, trabalho na área há cerca de cinco anos e tenho percebido que precisamos
compreender cada vez mais a morada humana, o espaço da natureza que reservamos,
organizamos e cuidamos para fazê-lo nosso habitat. A partir dele nos enraizamos,
estabelecemos nossas relações e elaboramos o sentimento tão decisivo para a felicidade
humana que é “sentir-se em casa”. Ocorre que este local não é apenas a morada que
habitamos, a cidade na qual vivemos, o país no qual nascemos; é a casa comum, o planeta
Terra. Mas como fazer com que essa única casa comum que temos para habitar possa incluir
a todos, possa se regenerar das chagas que lhe infligimos, possa se manter viva e assegurar
sua integridade e beleza?

Conforme diz Boof (2007), em seus discursos em defesa do meio ambiente, a ética ambiental
não pode ser imposta de cima para baixo. Ela deve nascer da essência do humano. Deve
poder ser compreendida e praticada por todos, sem a necessidade de mediações explicativas
e complexas que mais confundem do que convencem. Ela supõe uma nova ótica que dê as
boas razões para a nova ética e seus valores.

Infelizmente, nós excermos enorme impacto em nosso meio ambiente. Transformamos, para
pior aproximadamente metade da superfície terrestre, alteramos a composição da atmosfera,
levando a severas mudanças climáticas. Introduzimos muitas espécies em regiões que elas
não fazem parte, podendo ocasionar efeitos negativos e severos tanto nas espécies nativas
como na economia humana. Mesmo os oceanos, aparentemente tão grandes, nos mostram
muitos sinais de deteriorização devido às atividades humanas, entre elas o declínio dos

BIOLOGIA E BIODIVERSIDADE | Educação a Distância 7


estoques pesqueiros, as perdas de recifes de corais e a formação de zonas mortas, regiões
em que os níveis de oxigênio são muito baixos para sustentar a vida marinha.

Porém, as pessoas informadas e praticantes da educação ambiental estão começando a


perceber a importância dos ecossistemas, da biodiversidade e principalmente que somos
parte do meio ambiente, de modo a antecipar as consequências de nossas ações e consertar
os problemas que já causamos. Assim, neste livro debateremos sobre o estudo da biologia e
biodiversidade, e sua relevância para a população humana.

Este livro foi dividido em cinco unidades compostas por temas relevantes que envolvem biologia
e biodiversidade. Logo na primeira unidade, será debatida a Biologia da Conservação,
questões como o que é diversidade biológica; o que é a biologia da conservação; quais são as
categorias de conservação de espécies existentes, e ainda o uso múltiplo de recursos florestais.
Na segunda unidade será abordado a Distribuição das Espécies e os Padrões de Riqueza,
que engloba tópicos como: o que é biogeografia: a biogeografia global e regional; biogeografia
de ilhas segundo McArthur e Wilson; gradientes da riqueza em espécies e a taxa de extinção
e seus principais focos. A terceira unidade compreenderá o foco das Principais Ameaças
à Diversidade Biológica debatendo os seguintes conteúdos: ameaças à biodiversidade:
destruição, degradação e fragmentação de habitat; a superexploração de espécies e
sua relação com o declínio da biodiversidade; poluição, mudanças climáticas e doenças
enfraquecem a variabilidade de espécies; fragmentação de habitat e suas consequências. A
quarta unidade esclarecerá a Conservação de População e Comunidades por meio de seus
tópicos: conservação de população e comunidades; populações: o problema de pequenas
populações; abordagens para conservação, e a quinta parte do livro demonstrará quais os
tipos de biomas existentes em nosso planeta por meio dos principais tipos de ecossistemas e
biomas.

"Queremos uma justiça social que combine com a justiça ecológica. Uma não existe sem a
outra".

Leonardo Boff

Boa leitura!

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SUMÁRIO

UNIDADE I

BIOLOGIA DA CONSERVAÇÃO

O QUE É BIOLOGIA DA CONSERVAÇÃO? 16

CATEGORIAS DE CONSERVAÇÃO DE ESPÉCIES 25

O USO MÚLTIPLO DE RECURSOS FLORESTAIS 31

UNIDADE II

DISTRIBUIÇÃO DE ESPÉCIES: PADRÕES NA RIQUEZA

O QUE É BIOGEOGRAFIA 44

BIOGEOGRAFIA DE ILHAS 51

GRADIENTES DA RIQUEZA EM ESPÉCIES 58

TAXA DE EXTINÇÃO 61

PERDA E FRAGMENTAÇÃO DE HABITAT 66

ESPÉCIES EXÓTICAS E ESPÉCIES INVASORAS 69

UNIDADE III

PRINCIPAIS AMEAÇAS À DIVERSIDADE BIOLÓGICA

AMEAÇAS À BIODIVERSIDADE: DESTRUIÇÃO, DEGRADAÇÃO


E FRAGMENTAÇÃO DE HABITAT 82

ESPÉCIES INVASORAS: GRANDE AMEAÇA À BIODIVERSIDADE 87


MUDANÇA CLIMÁTICA GLOBAL 94

O EFEITO DE BORDA 112

CORREDORES ECOLÓGICOS: AUXÍLIO NA PRESERVAÇÃO DAS ESPÉCIES DA BIODIVERSIDADE


EM PAISAGENS FRAGMENTADAS 116

UNIDADE IV

CONSERVAÇÃO DE POPULAÇÕES E COMUNIDADES

CONSERVAÇÃO DE POPULAÇÃO E COMUNIDADES 129

POPULAÇÕES 132

OS PROBLEMAS DE PEQUENAS POPULAÇÕES 134

ABORDAGENS PARA CONSERVAÇÃO 138

CONSERVAÇÃO IN SITU E EX SITU PARA SALVAR ESPÉCIES À BEIRA DA EXTINÇÃO 142

MEDIDAS LEGAIS E POLÍTICAS E OS MÉTODOS BIOLÓGICOS DE PROTEÇÃO 149

UNIDADE V

PRINCIPAIS TIPOS DE ECOSSISTEMAS E BIOMAS

PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DOS ECOSSISTEMAS E BIOMAS 155

ECOSSITEMAS MARINHOS 160

PÂNTANOS SALGADOS 163

FLORESTAS DE MANGUES 164

ECOSSISTEMAS DE ÁGUA DOCE 170


ECOSSISTEMAS TERRESTRES 175

CARACTERIZAÇÃO DOS BIOMAS BRASILEIROS 189

FLORESTA AMAZÔNICA 192

BIOMA MARINHO 194

CONCLUSÃO 203

REFERÊNCIAS 205

GLOSSÁRIO 212
UNIDADE I

BIOLOGIA DA CONSERVAÇÃO
Professora Me. Lilian Capelari Soares

Objetivos de Aprendizagem

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Plano de Estudo

A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:

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INTRODUÇÃO

Olá, acadêmico! Nesta primeira etapa de nosso material iremos debater sobre a importância da
biologia da conservação para o nosso ambiente e as questões que envolvem a biodiversidade.
Lembrando que os sistemas naturais são governados pelos modos com que os organismos
interagem entre si e com o ambiente físico. Isso não necessariamente significa que exista
uma forte conexão entre todos os organismos que vivem em determinada área, duas espécies
podem viver na mesma área e exercer pouca influência uma sobre a outra. Porém, todos os
organismos estão conectados às características do ambiente, eles não só requerem alimento,
espaço e outros recursos, como também interagem com outras espécies e com o ambiente
físico ao buscarem aquilo de que necessitam para viver, e como resultado, mesmo as espécies
que não interagem diretamente podem estar conectadas ao compartilhar características do
ambiente.

Vinculada a essas especificações das espécies e de seus habitats, a biologia da conservação


tenta buscar meios para que os recursos naturais sejam bem utilizados, promovendo assim a
sustentabilidade e a manutenção da biodiversidade existente.

Espero que goste desta unidade e compreenda a importância da biodiversidade para a


manutenção dos ecossistemas e para as atividades humanas, sendo capaz de definir espécie
e a importância da biologia da coonservação.

BIOLOGIA E BIODIVERSIDADE | Educação a Distância 15


O QUE É BIOLOGIA DA CONSERVAÇÃO?

Fonte: SHUTTERSTOCK.COM
Com o avanço tecnológico e crescimento populacional, os seres humanos cada vez mais têm
descuidado da questão ambiental e com isso o desmatamento, as lavouras e as represas
têm contribuído com o declínio das espécies, que por sua vez perderam os seus habitats por
destruição definitiva ou por mudanças em suas propriedades físicas. Desta forma, a biologia da
conservação tem como finalidade o estudo científico dos fenômenos que afetam a manutenção,
a perda e a restauração da biodiversidade. É uma ciência que tem por objetivo buscar meios
de se utilizar adequadamente os recursos do meio ambiente (as espécies, comunidades e
ecossistemas), promovendo a sustentabilidade e a manutenção da biodiversidade.

Dependemos da diversidade da natureza em vários aspectos, além das espécies que


domesticamos para ficarem ao nosso lado como companhia, fazemos o seu uso como
alimento, combustível, fibras. Também utilizamos espécies selvagens para remédios, material
de construção, decoração, até mesmo como temperos. Muitas pessoas necessitam dos

16 BIOLOGIA E BIODIVERSIDADE | Educação a Distância


recursos naturais para sobreviverem economicamente e a população em geral utiliza os
“serviços ambientais” em vários aspectos, tais como: para a purificação da água, para a
geração e manutenção do solo, para a regulação climática, para a polinização e cultivo agrícola
entre outras (CAIM; BOWMAN; HACKER, 2011). Dependemos da integridade ambiental em
vários momentos de nossas vidas como, por exemplo, para o lazer, para relaxar e cuidar da
saúde mental em uma aula de yoga, e até mesmo para cuidar dos nossos relacionamentos
emocionais, mas estes ecossistemas, tão úteis às nossas vidas, estão sendo devastados/
degradados pela nossa própria espécie, por pensarem ou simplesmente verem os recursos
naturais como mercadorias à espera da extração humana.

De acordo com Boof (2007), a humanidade parte de um vasto universo em evolução; a Terra,
nosso lar, está viva como uma comunidade de vida única; a Terra providenciou as condições
essenciais para a evolução da vida, cada um compartilha da responsabilidade pelo presente e
pelo futuro, pelo bem-estar da família humana e de todos os seres vivos do mundo; o espírito
de solidariedade humana e de parentesco com toda vida é fortalecido quando vivemos com
reverência o mistério da existência, com gratidão pelo dom da vida e com humildades o lugar
que o ser humano ocupa na natureza.

Segundo Primack e Rodrigues (2001), a Biologia da Conservação se apoia em alguns


pressupostos básicos a cerca de princípios típicos e ideológicos que deveriam levar a debates
sociais em favor da conservação da diversidade biológica. São eles: (I) todas as espécies têm o
direito de existir, pois são frutos de uma história evolutiva e são adaptadas; (II) todas as espécies
são interdependentes, pois essas interagem de modo complexo no mundo natural, e a perda
de uma espécie leva a consequente influência sobre as demais; (III) os humanos vivem dentro
das mesmas limitações que as demais espécies, que são restritas a um desenvolvimento, em
razão da capacidade do meio ambiente, e a espécie humana deveria seguir esta regra para
não prejudicar a sua e as outras espécie; (IV) a sociedade tem a responsabilidade de proteger
a Terra, devendo usar os recursos de modo a não esgotá-los para as próximas gerações; (V) o
respeito pela diversidade humana é compatível com o respeito pela diversidade biológica, pois

BIOLOGIA E BIODIVERSIDADE | Educação a Distância 17


como apreciamos a diversidade cultural humana, deveríamos apreciar a diversidade biológica;
(VI) a natureza tem um valor estático e espiritual que transcende o seu valor econômico, e isto
deve ser mantido independente de qualquer coisa; (VII) a diversidade biológica é necessária
para determinar a origem da vida, espécies que vão se extinguindo poderiam ser importantes
nas pesquisas sobre a origem da vida.

Como os efeitos das atividades humanas são, atualmente, a principal ameaça da biodiversidade,
é necessário que se analise essas atividades, buscando discipliná-las. O monitoramento dos
fatores bióticos (seres vivos) e abióticos (características do meio ambiente) possibilita fazer
previsões sobre como o meio ambiente reage, como é degradado, e a traçar planos para
minimizar os impactos negativos sobre o meio ambiente. Essa tarefa de compatibilização das
atividades humanas com a manutenção dos recursos naturais são bastante complexas e, por
isso, a Conservação Biológica incorpora ideias e busca ferramentas em diversas ciências da
Biologia.

Mas afinal, o que é diversidade biológica?

Fonte: SHUTTERSTOCK.COM

Discutida desde a década de 90 entre biólogos, ambientalistas e cidadãos envolvidos com a


preservação de um ambiente íntegro, a biodiversidade ou diversidade biológica é a variedade

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das diversas formas de vida existentes no planeta Terra, dentre elas as variadas espécies da
fauna, flora, fungos, macro e micro-organismos, a variabilidade genética existente dentro das
populações e espécies, as variadas funções ecológicas desempenhadas por cada organismo,
a variedade de comunidade de habitats, comunidades e ecossistemas. De acordo com
Wilcox (1984), a diversidade é a variedade de formas de vida, os papéis ecológicos que cada
organismo desempenha e a diversidade genética que contêm. Assim, a diversidade biológica
encontra-se presente em todos os lugares.

Cerca de 1,75 milhões de espécies já foram identificadas, sendo que mais da metade delas
são constituídas por insetos. Há ainda muitos organismos não conhecidos ou espécies não
descritas cientificamente, especialmente aquelas pequenas e de difícil visualização, como
bactérias, fungos e vírus. A biodiversidade pode ser avaliada também no nível genético, que
refere-se às diferenças entre as espécies em termos de variabilidade, do qual determina a
individualidade de cada espécie. As diferentes cores das penas, o tamanho maior ou menor dos
indivíduos ou a resistência a doenças são exemplos da expressão da diversidade genética. Ela
determina o grau de variação dentro das populações, que pode ser alta, como nas populações
de rinocerontes indianos (Rhinoceros unicornis), ou baixa, como nas populações de guepardos
africanos (Acinonyx jubatus). Populações com diversidade genética baixa estão mais sujeitas
à extinção.

A Biodiversidade pode ainda ser avaliada como diversidade de ecossistemas, que se relaciona
a variedade de comunidades e processos em um ecossistema íntegro, bem como os diferentes
ecossistemas de uma paisagem, desertos, florestas, manguezais, montanhas, lagos, rios ou
áreas de uso agrícola. Em cada ecossistema, existem fortes relações entre as diferentes
espécies e entre estas e o meio físico. A variedade dessas relações, funções e processos nos
ecossistemas também definem outro aspecto da biodiversidade.

Como as atividades humanas representam sempre impactos positivos ou negativos sobre o


meio ambiente e os seres vivos, a diversidade cultural também precisa ser considerada, pois
as diversas culturas humanas interagem de forma diferente com o ambiente. O nomadismo, a

BIOLOGIA E BIODIVERSIDADE | Educação a Distância 19


agricultura de subsistência, a caça-coleta e a monocultura intensiva têm impactos diferentes
sobre a biodiversidade. Crenças religiosas e estruturas sociais também têm influência
importante em como os recursos naturais são utilizados.

Para avaliar o grau de biodiversidade de um ecossistema, deve-se considerar sua riqueza


(número de espécies presentes) e a abundância relativa de cada espécie. Para duas áreas
que apresentam o mesmo número de espécies, a biodiversidade será maior na área onde a
quantidade de indivíduos de cada espécie for mais balanceada em relação ao total, ou seja,
onde não houver grande dominância de uma espécie sobre as outras. Por exemplo, uma ilha
onde há 20 indivíduos de uma espécie de arara e 20 indivíduos de uma espécie de papagaio
possui uma diversidade maior do que outra ilha onde há 10 indivíduos da espécie de arara e
30 indivíduos da espécie de papagaio.

Conforme discorre Odum e Barret (2008), é extremamente importante manter a redundância


em um ecossistema, isto é, ter mais que uma espécie ou grupo de espécies para executar
as diversas funções existentes na teia alimentar. A perda de espécies-chave ocasiona
mudanças importantes na estrutura das comunidades e no funcionamento do ecossistema. De
acordo com estudos debatidos por Caim, Bowman e Hacker (2011), a atividade humana afeta
negativamente as distribuições e as abundâncias de organismos.

No século XIX, Wallace (Alfred Russel Wallace, o pai da biogeografia), previu a atual crise
na biodiversidade e em 1869 nos advertiu de que a humanidade corria o risco de obscurecer
o registro de seu passado evolutivo pelo advento das extinções. Nos Estados Unidos da
América, por exemplo, a caça desenfreada e descontrolada ao pombo-passageiro (Ectopistes
migratorius) levou à sua extinção, o último pombo morreu em um zoológico no ano de 1914.
Os efeitos ecológicos de sua extinção nas florestas coincide com a perda do castanheiro
americano (Castanea dentata), do qual viviam em constante mutualismo.

20 BIOLOGIA E BIODIVERSIDADE | Educação a Distância


Figura 1 - Pombo-passageiro (Castanea dentata)

Fonte: <http://imaginacaoativa.wordpress.com/2009/05/15/10-animais-extintos-nos-ultimos-500-anos-
aves-01/>.

Perda da biodiversidade

O declínio das populações de pandas, tigres, elefantes e baleias chamou a atenção da


sociedade para o risco de extinção das espécies, que tem ocorrido em uma taxa de 50 a
100 vezes maior do que a taxa natural. A grande ameaça à biodiversidade mundial é o uso
que a humanidade vem fazendo do meio ambiente, causando a fragmentação e degradação
de habitats, além da perda de ecossistemas naturais. Cerca de 45% das áreas originais de
florestas tropicais do Planeta já foram destruídas,a maior parte no último século.

Mais de 10 barreiras de corais - um dos mais ricos ecossistemas do Planeta - já foram


destruídas e 1/3 do que resta vai desaparecer nos próximos 10 a 20 anos. Os manguezais,
que são berçários de inúmeras espécies, foram reduzidos a 50% de sua área original.

Essa fragmentação e destruição dos ecossistemas, com substituição de ambientes naturais


por áreas urbanas, agrícolas ou industriais, causa a morte de um grande número de
indivíduos, restando somente populações pequenas e isoladas nas "ilhas" remanescentes. As
consequências são um alto grau de endocruzamento, a perda da variabilidade genética e a
invasão por espécies exóticas

BIOLOGIA E BIODIVERSIDADE | Educação a Distância 21


A invasão por espécies exóticas causa alterações nas relações tróficas, aumento da
competição entre as espécies (por alimento ou espaço), que leva à maior vulnerabilidade das
espécies nativas. Mudanças atmosféricas globais aumentam ainda mais a degradação do
meio ambiente. A destruição da camada protetora de ozônio aumenta a incidência de radiação
ultravioleta (UV) na superfície da Terra e o aquecimento resultante modifica as condições
ambientais. Ecossistemas desequilibrados são incapazes de realizar seus processos normais,
como a ciclagem de nutrientes e a autodepuração, o que compromete sua produtividade e
afeta a sobrevivência das espécies em todos os níveis da cadeia trófica.

Por causa desta complexidade dos problemas ambientais, a conservação da biodiversidade


exige a união de estratégias políticas, jurídicas, econômicas, educativas e ambientais.
As desigualdades sociais e tecnológicas entre os países "desenvolvidos" e os países "em
desenvolvimento" impedem que se melhore a qualidade de vida dos cidadãos, resultando em
explosão populacional e aumento da pobreza, principalmente nos países em desenvolvimento.

Este quadro só pode ser revertido se forem adotados modos de produção sustentáveis que
permitam a utilização racional dos recursos naturais (uso adequado de terras, das fontes de
energia e dos recursos minerais), com a criação de leis que disciplinem e limitem a utilização
de ecossistemas, com o desenvolvimento de técnicas de restauração e reabilitação de áreas
degradadas ou contaminadas, com tecnologias limpas de produção de bens e serviços, com
a reciclagem de materiais, e com a conscientização da população quanto à importância da
conservação do ambiente que ela ocupa, para garantir sua própria qualidade de vida.

A biodiversidade no Brasil

Os países tropicais são os que possuem maior biodiversidade. As condições amenas


de temperatura e a maior disponibilidade de água favorecem o desenvolvimento de novas
espécies. Além disso, a vida parece ter surgido nos trópicos e o maior tempo de evolução junto
a uma maior disponibilidade de energia e água podem ter permitido que um maior número de
organismos e de interações tenham se desenvolvido. Acredita-se que os trópicos também

22 BIOLOGIA E BIODIVERSIDADE | Educação a Distância


serviram de refúgio para várias espécies durante os períodos de glaciação.

O Brasil é um dos países que abrigam maior biodiversidade no Planeta, segundo o Ministério
do Meio Ambiente. Estima-se que o Brasil possua de 15 a 20% de toda a biodiversidade
mundial. As estimativas não param por aí, no Brasil encontramos 45 mil espécies de plantas
superiores (22% do total mundial), 524 mamíferos (131 espécies endêmicas), 517 anfíbios
(294 endêmicas), 1.677 espécies de aves (191 endêmicas) e 468 répteis (172 endêmicas).
As estimativas seguem com cerca de 3.000 espécies de peixes de água doce e cerca de 1,5
milhão de insetos, mas este valor pode superar a marca dos 10 milhões.

É possível, então, que grande parte da biodiversidade brasileira seja desconhecida da ciência.
E somente com investimento e pesquisa poderemos descobrir mais sobre essa incrível
biodiversidade. Não é a toa que regiões da Mata Atlântica, Floresta Amazônica e Cerrado são
classificadas como "Hot Spots" mundiais.

Curiosidade:
Você gosta de feijoada? E de caipirinha? E de abelhas? Se você gosta de uma das duas primeiras, ou
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muito ameaçada sem elas. Esses insetos polinizam o feijão, o limão e a cana-de-açúcar.
Mostrou-se, recentemente, que os polinizadores são responsáveis por 9,5% do valor da produção
agrícola mundial. Assim, se as abelhas sumissem, e elas estão desaparecendo em muitos lugares, os
preços dos alimentos subiriam muito, dada a queda da produção. Ficaríamos sem mel, mas também
sem batata, tomate, feijão, repolho, berinjela, pepino, cana-de-açúcar, amendoim, laranja, melancia,
limão... ou seja, nada de caipirinha e nada de feijoada.
Disponível em: <http://www.biotrix.com.br/conexoes.html>. Acesso em: 06 mar. 2012.

BIOLOGIA E BIODIVERSIDADE | Educação a Distância 23


Colocando em prática:

A palestra “Biodiversidade, Água e Vida!” orientada pelo Professor Jorge Paiva suscitou um conjunto
de questões que despertaram no decorrer da mesma interesse e curiosidade.
Deste modo, seguem-se as respostas às questões colocadas:
1. Atualmente, fala-se bastante da necessidade das escolas incentivarem a educação ambien-
tal. O que acha que deve ser feito em concreto para que os jovens possam crescer com a
consciência de que é necessário proteger o planeta?
R. Fazer com que os alunos conheçam a Natureza, levando-os ao campo. Infelizmente, o nosso
Ensino está cada vez mais teórico e não há tempo, nem dinheiro, para levar os alunos para o campo.
F11+$6!*!G(+.*!1#;234#!9!$#1,&*&E;5'1!8!;$'1!1#/&'!*!H*,2&'7*!'!';2.+)IE;#1!1#/&'!*!&';'0-(.+*!)*!
respectiva Biodiversidade para a nossa sobrevivência.
2. Na sua opinião quais são as principais causas da extinção de espécies no nosso país?
R. A destruição dos ecossistemas naturais, feita egoisticamente e estupidamente pela espécie huma-
na.
3. Que medidas podemos adotar individualmente para evitar a catástrofe que é a diminuição da bio-
diversidade?
R. Há muitas maneiras. Uma delas é não ter engaiolados animais de estimação (não de companhia,
como gatos e cães), como aves raras, pequenas tartarugas, etc., etc. Outra maneira é sabermos an-
dar na Natureza, não a destruindo, não a sujando, não fazendo barulho, não matando os animais sem
ser por necessidade de os consumir, etc.
4. Acha que estão a ser feitos, no nosso país, os esforços necessários para que os rios deixem

24 BIOLOGIA E BIODIVERSIDADE | Educação a Distância


de ser poluídos?
:C!H4#C!F1!(#11*1!:'1'&0*1!H*,2&*+1!(4#!1J!(4#!,K$!%'11#*;!128!.+'(,'6!.#$#!,*$/9$!(4#!,K$!'1E
truturas para as conservarem e protegerem. O Ministério do Ambiente (de Governos sucessivos) tem
defendido mais os interesses econômicos do que o Ambiente, a Natureza e a Biodiversidade.
5. Há semanas deu uma notícia acerca da preservação das espécies através da criação de uma
Arca de Noé que consiste em recolher o DNA das espécies em extinção e recriá-las em labora-
tório. Qual é a sua opinião acerca deste tema?
R. A referida "Arca de Noé" já existe com os "Bancos de Sementes e de Germoplasma" que existem. A
dita "Arca de Noé", não é mais do que um Bancos desses, instalado na Calote de gelo do Ártico. Esses
"Bancos" são importantíssimos para a preservação da Biodiversidade, particularmente das espécies
em risco.
L#(,'M! N5,,%MOO1#1%#&P8!#C/;#<1%#,C.#$C/&OQRPRORSO'(,&'0+1,*E*#E%&#?'11#&EB#&<'E%*+0*C5,$;TC! F.'11#!
em: 30 maio 2012.

Biodiversidade
<http://www.biodiversidade.rs.gov.br/portal/index.php>.

CATEGORIAS DE CONSERVAÇÃO DE ESPÉCIES

De acordo com estudos realizados por Nascimento e Magalhães (1998), até o ano de 1968,
o Brasil possuía uma lista oficial de espécies da flora ameaçadas de extinção produzida pelo

BIOLOGIA E BIODIVERSIDADE | Educação a Distância 25


Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal. Mas, entre as décadas de 70 e 80, academias,
ONGs, instituições públicas e privadas, se preocuparam com a degradação ao meio ambiente
e perceberam que os órgãos públicos não estavam desenvolvendo o trabalho de acordo com
a necessidade do ambiente, passando buscar alternativas que demonstrassem a importância
da definição de critérios e definições de categorias de conservação das espécies. Assim, o
Brasil passou a utilizar as Diretrizes da Comissão de Sobrevivência de Espécies, criada em
1994, da qual classifica as espécies em via de extinção em 11 (onze) diferentes categorias de
conservação, entretanto, tal diretriz não é devidamente seguida, uma vez que autores utilizam
categorias com iguais definições, porém com nomenclaturas diferentes.

Assim, com o intuito de informar as categorias de classificação de espécies existentes e sua


evolução, segue a lista de categorias, adotadas por diferentes autores:

- De acordo com Lucas e Synge (1977):

Extinta: esta categoria é usada somente para as espécies que não mais existem em estado
selvagem, após inúmeras buscas na localidade típica e em outros locais conhecidos ou onde
ainda possa ocorrer.

Ameaçada: a espécie em perigo de extinção e cuja sobrevivência é improvável se os fatores


responsáveis continuarem operando. Incluem-se nesta categoria as espécies cujo número
haja diminuído a um nível crítico ou cujos habitats tenham sido drasticamente reduzidos.
Assim, podem ser considerados como estando em perigo de extinção.

Indeterminada: espécie conhecida por ser ameaçada, rara ou vulnerável, mas não há
informação suficiente para se afirmar a qual categoria pertença.

Fora de Perigo: espécie anteriormente incluída nas categorias de ameaçada, rara ou


vulnerável, mas que agora é considerada relativamente segura, por causa de medidas efetivas
de conservação que tenham sido tomadas ou por causa da remoção das ameaças à sua
sobrevivência.

26 BIOLOGIA E BIODIVERSIDADE | Educação a Distância


Pouco Conhecida: espécie que não pode ser classificada nas categorias de conservação
tratadas anteriormente, devido ao fato de, por insuficiência de informações específicas da
espécie, não se poder precisar, sem dúvidas, a que categoria esta pertence.

- De acordo com Carauta et al. (1981):

Ameaçada: qualquer espécie em perigo de extinção devido a um desequilíbrio ecológico.

Vulnerável: são vulneráveis as espécies cuja propagação seja naturalmente difícil e cujo
mecanismo de germinação seja desconhecido, assim como aquelas cuja propagação e
desenvolvimento sejam lentos e também as que possuam baixo rendimento de biomassa, mas
que são exploradas pelo homem, em paralelo com espécies mais produtivas, as quais tomam
aos poucos o seu lugar.

Rara: apresentam poucos indivíduos, tanto em vasta área quanto em pequena área, ou
mostram-se endêmicas.

Indeterminada: espécie conhecida que por encontrar-se em uma das categorias anteriormente
citadas, não se obtém informações em quantidade satisfatória para se afirmar em qual
categoria deve ser classificada.

Pouco Conhecida: espécie que não se pode afirmar com certeza, não pertence às categorias
aqui referidas, por falta de informação.

Fora de Perigo: espécie que fora inicialmente classificada na categoria ameaçada, rara ou
vulnerável, mas que em momento atual é considerada fora de perigo.

Singular: sob o ponto de vista biológico, todo o organismo é singular. Incluem-se nesta categoria
as espécies que excitam a imaginação por sua beleza, exotismo ou aspecto fora do comum.

Desprezadas: são espécies que por apresentarem caracteres não atrativos ou mesmo
inconvenientes ao homem como, por exemplo, muitos espinhos, são logo eliminadas quando

BIOLOGIA E BIODIVERSIDADE | Educação a Distância 27


seu habitat é invadido. Incluem-se aqui, também, as espécies que, por não apresentarem usos
imediatos para o homem, são consideradas inúteis e eliminadas indiscriminadamente.

- De acordo com Mello Filho et al. (1992):

Extinta (Ex): espécies seguramente não identificadas na natureza durante os últimos 5 anos,
(critério usado pela Convention on International Trade in Endangered Species of Wild Fauna
and Flora - CITES).

Em Perigo (E): taxas em perigo de extinção e cuja sobrevivência improvável é se os fatores


causais continuarem operando. Incluem-se taxas cujos números forem reduzidos a um nível
crítico ou cujos habitats foram tão drasticamente reduzidos que eles estão sujeitos a um perigo
imediato de extinção.

Vulnerável (V): taxas com probabilidade de passarem para a categoria Em perigo em futuro
próximo, se os fatores causais continuarem operando. Incluem-se as taxas cujas populações
encontram-se em declínio em consequência de exploração excessiva, de destruição dos
habitats ou outra alteração ambiental; taxas com populações que tenham sido seriamente
reduzidas e cuja sobrevivência definitiva ainda não tenha sido assegurada; e taxas com
populações ainda abundantes, mas sob ameaça de fatores adversos graves em sua área de
ocorrência.

Rara (R): taxas com pequenas populações mundiais que ainda não estão Em perigo ou
Vulneráveis, mas encontram-se sem condições de enfrentar eventual extinção. Estas taxas
são geralmente localizadas em áreas geográficas ou habitats restritos ou encontram-se em
ocorrências escassas sobre uma área mais extensa.

Indeterminada ( I ): taxas sabidamente Em perigo, Vulneráveis ou Raras, mas sobre as quais


não existe informação suficiente para estabelecer qual categoria apropriada.

28 BIOLOGIA E BIODIVERSIDADE | Educação a Distância


Fora de Perigo (O): taxas, anteriormente incluídas em uma das categorias acima, mas que são
agora consideradas relativamente garantidas, em razão de terem sido tomadas providências
efetivas de conservação.

Insuficientemente Conhecida (K): taxas que se suspeita, mas não se sabe com certeza se
pertencem a alguma das categorias acima, devido à falta de informação.

Candidata (C): taxas cuja categoria está sendo avaliada e que suspeita-se, mas não se tem
certeza de pertencer a alguma das categorias acima.

Na prática, as categorias Em perigo e Vulnerável podem incluir, temporariamente, taxas cujas


populações começam a se recuperar, como resultado de providências tomadas, mas cuja
recuperação é insuficiente para justificar sua transferência para outra categoria.

- De acordo com IUCN (1994):

Extinto (EX): diz respeito a quando não permanece dúvida de que o último indivíduo de uma
espécie está morto.

Extinto em Estado Silvestre (EW): uma categoria está extinta em estado silvestre quando
sobrevive em cultivo, em cativeiro ou como população natural completamente fora de sua
área de distribuição natural. Esta categoria presume a extinção em estado silvestre quando
encontram-se exauridos seus habitats conhecidos e/ou esperados, nos momentos apropriados.
Os levantamentos devem ser realizados em períodos de tempos apropriados ao ciclo vital das
formas de vida desse taxon.

Em Perigo Crítico (CR): ocorre quando determinada espécie enfrenta um risco extremamente
alto de extinção em estado silvestre num futuro imediato.

Em Perigo (EN): uma espécie está em perigo quando não pertence à classificação de Em
Perigo Crítico, masencontra-se enfrentando um alto risco de extinção em estado silvestre num
futuro próximo.

BIOLOGIA E BIODIVERSIDADE | Educação a Distância 29


Vulnerável (VU): diz respeito a uma espécie que não está em perigo crítico ou em perigo, mas
enfrenta um alto risco de extinção em estado silvestre a médio prazo.

Menor Risco (LR): é atribuída à categoria de menor risco a espécie quando esta, depois de ter
sido estudada, não se adéqua a nenhuma das categorias de Em Perigo Crítico, em Perigo ou
Vulnerável; e não possuem-se dados suficientes a seu respeito. A categoria de menor risco
pode ser dividida em três subcategorias:

1) Dependente de Conservação (dc): categoria em que as espécies são o centro de um pro-


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para alguma categoria de ameaça antes citada.

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servação ou quase ameaçado.

Dados Insuficientes (DD): utiliza-se quando as informações a respeito de uma determinada


espécie são inadequadas para se fazer uma avaliação, direta ou indireta, de seu risco de
extinção com base na distribuição ou na condição da população. Uma espécie nesta categoria
pode ser bem estudada e sua biologia estar bem conhecida, porém se carece de dados
apropriados sobre a sua quantidade ou distribuição. Essa categoria indica que se requer um
maior volume de informações, e se reconhece a possibilidade de investigações futuras.

Não Avaliado (NE): categoria que se considera quando a espécie não foi avaliada em relação
a nenhum dos critérios relacionados anteriormente.

De acordo com o que foi exposto por vários autores, as várias designações e atribuições de
categorias apresentadas contribuem para a ausência padronização das listas. Tais divergências
podem limitar as ações necessárias a preservação de uma determinada espécie. Algumas
informações conflitantes podem tornar as listas de conservação de espécies uma ferramenta

30 BIOLOGIA E BIODIVERSIDADE | Educação a Distância


duvidosa, suscitando, assim, a necessidade de comparação de várias listas antes de se tomar
qualquer medida relacionada ao meio ambiente.

Fonte: SHUTTERSTOCK.COM
Diante do que foi exposto, nos deparamos com duas questões: como podemos alocar os
recursos limitados disponíveis para a conservação das espécies? Protegemos as espécies
mais ameaçadas ou focamos naquelas que têm um papel ecológico substancial?

O USO MÚLTIPLO DE RECURSOS FLORESTAIS

O conceito de uso múltiplo de recursos florestais é anterior ao ano de 1990. Esse termo foi
criado pelo Serviço Florestal dos Estados Unidos, na década de 50, quando se adotou o
manejo integrado dos principais recursos naturais renováveis, em substituição à prática de
manejo baseada em recursos isolados. O uso múltiplo em regime de rendimento sustentável é
definido como o manejo de recursos naturais renováveis, de modo que sejam utilizados numa
combinação que melhor atinja as necessidades da unidade.

A Fundação Brasileira para Conservação da Natureza enfatiza que uso múltiplo expressa o
manejo dos recursos naturais, para que produzam água, madeira, vida silvestre, forragem
e recreação ao ar livre, de modo que as necessidades econômicas, sociais e culturais da

BIOLOGIA E BIODIVERSIDADE | Educação a Distância 31


população sejam satisfeitas, com desgaste mínimo aceitável dos recursos básicos do solo e
dos demais fatores ambientais.

Conforme explica Lobo e Bispo, o uso múltiplo não é um conjunto de quaisquer usos, requer,
antes de tudo uma administração consciente e coordenada dos diferentes recursos, sem
menosprezar a produtividade da terra. A ocorrência casual de mais de um único uso, não é
uso múltiplo. Ao contrário de uma prática passiva, a integração deliberada é cuidadosamente
planejada dos distintos usos, sem conflitos, complementando-se ao máximo.

A fragmentação é um dos principais processos que afetam a paisagem a nível mundial,


manifestando-se nas regiões em que houve alterações no uso do solo. A substituição das
florestas por culturas agrícolas, por exemplo, modificou a paisagem, anteriormente contínua,
por fragmentos de habitat, alterando, também, a composição de espécies e seus processos
ecológicos básicos (SEPÚLVEDA et al., 1997).

Rosot (2007) ressalta que o abandono dos fragmentos florestais nas propriedades rurais
é entendido aqui como a falta de manejo de qualquer natureza, e contribui para seu
empobrecimento e degradação. Entre essas ações encontram-se:

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ração natural;

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2!&+*(&-$+"$H&!,-("$2&!$(,!%,3!&-K

c) a falta de medidas adequadas de proteção contra incêndios provocados por atividades


humanas;

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para a agricultura e/ou pecuária.

Por outro lado, em áreas já abandonadas pela agricultura ou em áreas de pousio, inicia-se o
processo da sucessão secundária que, mesmo atingindo a cobertura arbórea, sofre processo

32 BIOLOGIA E BIODIVERSIDADE | Educação a Distância


de estagnação. Isso se deve a muitos fatores, tais como a intensidade e frequência de luz
incidente, a distância de árvores porta-sementes, a competição intra e interespecífica e
predadores de sementes e mudas. Observa-se que mesmo vários anos após o estabelecimento
de uma floresta secundária, há presença de espécies pioneiras, que beneficiadas pela
exploração das florestas naturais, deixaram de ser raras, como seria de se esperar nessa fase,
e formam grandes agrupamentos, correspondentes a áreas de extensas clareiras criadas por
atividade antrópica. Nessas situações, somente uma intervenção humana pode desencadear
a retomada do processo sucessório.

Na mesma linha de raciocínio, Rosot (2007) afirma que sem um manejo adequado, as
florestas naturais subtropicais submetidas à intensa pressão pela expansão das atividades
agropecuárias, o fogo resultante da atividade antrópica, extração de madeira e conversão para
outros usos, levariam cerca de 150 anos ou mais para retornar sua condição original.

Um exemplo de fragmentação é a Floresta de Araucária (Floresta Ombrófila Mista - FOM),


uma das mais expressivas fontes de recursos madeireiros até meados do século passado
na economia dos estados do Sul do Brasil, que ocupava uma área original de 2 milhões de
hectares, conforme Reitz e Klein (1966), e dos quais se estima que existam hoje apenas
40mil (GUERRA et al., 2000). Em um levantamento posterior, Carauta et al. ( 2001) indicaram
a existência de quase 3 milhões de hectares remanescentes da FOM, sendo cerca de 1,6
milhões de hectares em estágio médio ou avançado de sucessão; destes, porém, apenas 275
mil são representados por fragmentos superiores a 5 hectares em tamanho. A discrepância
entre números nos levantamentos efetuados é resultado de diferentes métodos e definições
utilizados nas classificações e não altera o fato de que a maioria dos remanescentes encontra-
-se, hoje, empobrecida pela extração predativa e seletiva dos últimos 60 anos.

Desde a publicação da Resolução nº 278, de 24 de maio de 2001, que determina ao Ibama


a suspensão de autorizações para corte ou exploração de espécies ameaçadas de extinção,
entre elas a Araucária angustifolia, Ocotea porosa, Ocotea pretiosa e Ocotea catharinensis,
todas presentes na FOM, ficou vedado todo e qualquer aproveitamento comercial dessas

BIOLOGIA E BIODIVERSIDADE | Educação a Distância 33


espécies, com a suspensão dos planos de manejo florestal em execução. Desde o ano de
2004, a produção da Floresta com Araucária se restringe à exploração de bracatingais,
fornecimento de lenha, e a produtos não madeireiros, tais como: erva-mate, plantas medicinais
e ornamentais, frutas silvestres e pinho (SANTOS; MULLER, 2006).

Outro exemplo do uso irracional dos recursos naturais remanescentes é a crise pela qual
passa a região cacaueira. A degradação verificada no agrossistema Camac levou a sociedade
a exigir dos órgãos competentes uma posição quanto às ações predatórias, riscos envolvidos,
coibição dos excessos, normas de utilização e alternativas para a crise. Hoje, mais de dez
instituições atuam na região cacaueira com maior ou menor intensidade, e várias ações e
programas estão em andamento. Contudo, essas ações, normalmente, são segmentadas sem
preocupação multidisciplinar e/ou interinstitucional, o que tem gerado ações descoordenadas
e pouco efetivas para solução dos problemas. O período em que a grande maioria das áreas
com cacau ficaram abandonadas e a lentidão com que as políticas públicas de recuperação
da lavoura cacaueira se processam, fazem com que legalmente parte delas corram o risco de
estarem legalmente imobilizadas. Uma outra preocupação que exige resposta imediata é o
destino a ser dado às àreas que não serão contempladas nos programas de recuperação da
lavoura cacaueira.

O modelo de administração, empregando-se os conceitos de uso múltiplo em regime


de rendimento sustentável, pode no futuro ser uma alternativa viável, pois possibilita a
diversificação baseada na sustentabilidade, entretanto, algumas dificuldades terão que ser
superadas, tais como:

- tradição regional em monocultivos;

L$ M";("$+,$(!"+3/0&$'&$#"',N&$,$%&#,!%3";3G"/0&$+,$2!&+*(&-$H&!,-("3-K

- ausência de políticas públicas adequada para a cadeia produtiva do cacau;

L$ M";("$+,$2&;)(3%"-$2O8;3%"-$,$+,(,!#3'"/0&$2"!"$3#2;"'("!$+3.,!-34%"/0&1$%&'-,!."/0&$2!&-
dutiva e uso múltiplo da propriedade agrícola;

34 BIOLOGIA E BIODIVERSIDADE | Educação a Distância


L$ #"(,!3";$8&(J'3%&$+,$2!&2" "/0&$,#$:*"'(3+"+,$,$:*";3+"+,$3'-*4%3,'(,-K

- baixo nível cultural dos trabalhadores rurais (LOBO; BISPO, s/a).

Para McEvoy (2004), é enfático afirmar que se pretendemos manter as florestas na paisagem,
é necessário manejá-las como tal, pois florestas sem manejo estão destinadas a desaparecer,
sendo gradualmente convertidas para outros usos. A manutenção dos ambientes florestais está
indissoluvelmente ligada à melhoria das condições da floresta, buscando um equilíbrio de longo
prazo com relação às características físicas e antrópicas da região onde está localizada. A
conservação da floresta e seu uso sustentável, portanto, não prescindem de ações de manejo.

É inegável que propor um modelo de manejo, hoje, é um desafio, pela multiplicidade e fragilidade
dos ecossistemas envolvidos, pelos inúmeros fatores e variáveis a considerar quando do
planejamento de operações e pela falta de parâmetros técnicos suficientes e adequadamente
validados por experiências anteriores.

O que é manejo florestal?


Fonte: SHUTTERSTOCK.COM

Várias definições são encontradas para o manejo florestal ao longo da história da ciência
florestal, um dos conceitos mais clássicos discutido em 1958 pela Sociedade Norte-Americana
de Engenheiros Florestais, manejo florestal é a aplicação de métodos comerciais e princípios
técnicos florestais na operação de uma propriedade florestal.

Logo após a Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (Rio
92), agregou-se o termo sustentável à palavra manejo, incorporando-se o conceito a muitos

BIOLOGIA E BIODIVERSIDADE | Educação a Distância 35


instrumentos legais publicados a partir de então no Brasil como, por exemplo, o Decreto 1.282,
de 1 de outubro de 1995, que regulamentava a exploração das florestas da Bacia Amazônica
e o manejo florestal sustentável, a administração da floresta para a obtenção de benefícios
econômicos e sociais, respeitando-se os mecanismos de sustentação do ecossistema.

Assim, manejo florestal, em seu sentido mais amplo, pode ser definido como o conjunto de
medidas tomadas em relação à floresta, principalmente de caráter sivicultural, visando otimizar
a produção de determinados bens e/ou serviços de forma sustentável ao longo do tempo.

Durante todo o século XX, o manejo de recursos naturais esteve focado em manter os
recursos econômicos, como a madeira, gado, soja, milho. Este foco permaneceu até meados
dos anos 80. Por fim, as agências dos recursos naturais incluíram áreas de uso múltiplo,
reconhecendo que as pessoas necessitam destes ambientes e possuem diferentes interesses.
Assim houve a compartimentalização de espaços pelo tipo de uso e extração da madeira, zona
de recreação e refúgio silvestre. Desta forma, o manejo de ecossistemas surgiu para gerenciar
essas áreas e proteger espécies da fauna e principalmente da flora, e focalizar não apenas
a sustentabilidade de um recurso de interesse, mas a sustentabilidade de todo o sistema. O
manejo de ecossistema é motivado por metas, é executado por políticas, protocolos e práticas,
tornando-se adaptável ao monitoramento e pesquisa.

Os humanos são partes integrais dos ecossistemas e suas ações alteram os ecossistemas
naturais, e com isso a economia é afetada pela falta dos recursos naturais. Deste modo, as
pessoas responsáveis a gerirem o ecossistema não devem apenas administrar os recursos
naturais, a biodiversidade do local, mas também fazer planos que protejam de forma conjunta,
o ecossistema envolvido e a economia. Assim, o manejo de ecossistema incorpora fatores
sociais e econômicos como partes fundamentais para tomada de decisões, juntamente com
questões de legislação e integridade ecológica. As pessoas necessitam dos ambientes naturais
em vários aspectos e o manejo de ecossistemas incorpora a educação do público sobre suas
dependências, o meio ambiente como todo, como parte de sua missão

36 BIOLOGIA E BIODIVERSIDADE | Educação a Distância


Estudo de caso 1 - (CAIM; BOWMAN; HACKER, 2011)
Pássaros e bombas podem coexistir?
Será possível que usar terras para testes de bombardeios é o segredo para o sucesso da conserva-
ção?
Embora seja estranho, décadas de bombardeios em uma base militar na Carolina do Norte, nos Es-
tados Unidos, têm protegido milhares de hectares de savanas com pinheiros-de-folha-longa, o qual
contribui com a conservação da espécie pica-pau-de-topete-vermelho.
P--"$H$&!,-("$(,#$-3+&$*(3;3G"+"$7B$QR$"'&-$2"!"$(!,3'"#,'(&-$#3;3("!,-1$,$(,#$-3+&$+, !"+"+"$2&!$
veículo of-road, equipamentos terrestres e incendiadas por explosivos. Essas atividades acontecem
em meio a um ecossistema que ironicamente sobrevive devido à presença militar. Isso ocorre pelo fato
das savanas com pinheiros-de-folha-longa dependerem do fogo para sobreviver.
S&#$&$"*#,'(&$2&2*;"%3&'";1$7&*.,$"$',%,--3+"+,$+,$ !"'+,-$,-2"/&-1$%&#&$&-$,-2"/&-$H$&!,-("3-1$
2"!"$%&'-(!*/0&$+,$7"83("/0&1$,-2"/&$" !)%&;"$,$#"',N&$H$&!,-(";1$"--3#$"$B!,"$:*,$%&'(3'7"$-"."'"$
foi reduzida em apenas 3% de sua cobertura original. Com o declínio desse ambiente, diversas espé-
cies de plantas, insetos e invertebrados que dependiam do ecossistema também sofreram declínios
substânciais. Uma dessas espécies é o pica-pau-de-topete-vermelho, pequeno pássaro insetívoro,
,-2,%34$%"#,'(,$"+"2("+&$"$ !"'+,-$,5(,'-T,-$"8,!("-$+,$-"."'"C$P--"$,-29%3,$+,$2B--"!&$',%,-L
sita de árvores maduras de pinheiros-de-folhas-longas para o seu ninho.
O fogo natural periódico ajuda a manter a savana de pinheiros-de-folhas-longas, sem o fogo, essa
comunidade logo sofre sucessão. À medida que outras árvores se desenvolvem no local da savana,
os pica-paus-de-topete-vermelho abandonam os seus ninhos, devido ao decréscimo de alimento.
?$73-(I!3"$+&$23%"L2"*L+,L(&2,(,L.,!#,;7&$,$+"$-"."'"$+,$23'7,3!&-L+,LM&;7"-L;&' "-$!,H$,(,$":*,;"$
de milhares de outras espécies em perigo mundo afora, do qual passaram de componente vital de um
grande ecossistema por um declínio gradual pela perda de habitat, até atingirem números populacio-
nais criticamente baixos. Quando organismos dependem de um determinado habitat que é perdido
devido aos efeitos das atividades humanas, são encontrados em números decrescentes, até, em
alguns casos, desaparecem.
O que as pessoas podem fazer para salvar essas espécies da extinção?
Temos a responsabilidade de proteger a biodiversidade existente e restaurar parte da que tem sido

BIOLOGIA E BIODIVERSIDADE | Educação a Distância 37


perdida? Em caso positivo, como nós podemos alocar nossos recursos limitados para sermos mais
,4$%3,'(,-$,#$'&--&-$,-M&!/&-$+,$%&'-,!."/0&U

V>*"'+&$&$7&#,#$%&#2!,,'+,$-*"$!,";3+"+,1$2&+,$;,."'("!$732I(,-,-$-&8!,$&$+,-"4$&$+,--"$!,";3+"L
de e procurar soluções. Assim, pode transformá-la e seu trabalho pode criar um mundo próprio, seu
eu e suas circunstâncias”.

Paulo Freire

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A biologia da conservação é parte de um estudo científico impregnada com o valor da


biodiversidade e com a crescente consciência da aceleração das perdas da biodiversidade,
pesquisadores viram a necessidade da aplicação dos princípios da ecologia para a preservação
das espécies e do ecossistema.

Infelizmente a biodiversidade está declinando globalmente e a biota terrestre está se tornando


cada vez mais homogenizada, e com isso a Terra está perdendo espécies em uma taxa
acelerada, em grande parte devido à pegada ecológica da humanidade sobre o planeta.

As principais ameaças à biodiversidade são a perda e a degradação de habitats, a introdução


de espécies invasoras e a sobre-exploração das espécies existentes. Outros fatores que
erodem a viabilidade das populações e contribuem para a perda da diversidade incluem a
poluição do ar e da água, as mudanças climáticas globais e as doenças.

A extinção é o ponto final do aumento do declínio crescente, à medida que as espécies perdem
indivíduos e populações e tornam-se cada vez mais vulneráveis aos problemas de pequenas
populações. Priorizar as espécies ajuda a maximizar a biodiversidade e a proteger a espécie
humana.

38 BIOLOGIA E BIODIVERSIDADE | Educação a Distância


ATIVIDADE DE AUTOESTUDO
1) Quais são as principais ameaças à biodiversidade? Descreva alguns exemplos nos quais
as múltiplas ameaças têm contribuído para o declínio das espécies.

<=$ W+,'(34$:*,$%3'%&$,-29%3,-$,#$2,!3 &$:*,$.3.,#$,#$-*"$!, 30&1$3'%;*3'+&$*#"$2;"'("1$*#$


mamífero, um pássaro, um peixe e um invertebrado. Algumas dessas espécies é endêmica
+,$-*"$!, 30&U$E"!"$%"+"$,-29%3,$:*,$.&%X$3+,'(34$%&*1$(,'(,$,'%&'(!"!$-,$%&-(*#"."$-,!$
rara antes da colonização humana da região. Quais ameaças essas espécies sofrem atu-
almente? O que tem sido feito para protegê-las? Com base nos conhecimentos que você
adquiriu, que tópicos você pensa que deveriam ser pesquisados para ajudar na recupera-
ção das espécies? (Para auxílio, acesse o site: <http://www.natureserve.org>).

3) Qual a diferença de uma espécie determinada como Em Perigo pelo autor Mello Filho
(1992) e uma espécie Em Perigo debatida por IUCN (1994)?

Livro: Gestão e Educação Ambiental – Água, Biodiversidade e Cultura


Autor: José Eduardo dos Santos, Carla Galbiati (orgs.).
Editora: Rima Editora
A abordagem conceitual para o desenvolvimento da pesquisa que integra os aspectos ecológicos aos
sócio-econômico-culturais no tratamento da problemática ambiental. Os trabalhos demonstram que as
"(3.3+"+,-$7*#"'"-$:*,$&2,!"#$'"$2"3-" ,#1$"&$#&+34$%"!,#$&-$2"+!T,-$,$2!&%,--&-$,%&;I 3%&-$,$
sociais, tanto deliberada quanto inadvertidamente, alteram a estrutura e o funcionamento dos diferen-
tes sistemas ambientais relacionados aos biomas da Amazônia, Cerrado e Pantanal que compõem o
,-2"/&$ ,& !B4$%&$+&$,-("+&$+,$F"(&$Y!&--&1$,#$:*,$&$+,-,'.&;.3#,'(&$-&%3&,%&'6#3%&$7B$#*3(&$

BIOLOGIA E BIODIVERSIDADE | Educação a Distância 39


tempo tem desenhado novas unidades da paisagem. A compreensão desses padrões e processos no
contexto regional é de importância fundamental para o planejamento ambiental, seja na perspectiva
da produção ou para a conservação da biodiversidade.

Livro: Educação Ambiental Empresarial no Brasil


Autor: Alexandre de Gusmão Pedrini
Editora: Rima
Organizado por Alexandre de Gusmão Pedrini. Esta obra foi idealizada e planejada com o objetivo
de mostrar o que se tem disponível no seio da Educação Ambiental Empresarial no Brasil (EAEB).
Muito tem sido feito no campo da EAEB, mas não se sabe quem a tem feito, como tem feito e o que
é feito. Uma vez que o contexto empresarial é o principal contribuinte para o caos socioambiental, é
fundamental e premente mapear o que vem sendo realizado com a denominação de EAEB e inves-
(3 "!$-*"$,4$%B%3"$,$3#2"%(&C$P-("$%&;,(J',"$(,'%3&'"$-,!$"$2!3#,3!"$%&'(!38*3/0&$+3-2&'383;3G"+"$'&$
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emblemático o que os principais atores da EAEB têm realizado. Deseja ainda estimular o embate
construtivo na seara dos educadores ambientais, empresários e população interessada em geral e
receber novas contribuições, quem sabe, para outras coletâneas, mostrando outras experiências e
estimulando novas pesquisas no campo.

40 BIOLOGIA E BIODIVERSIDADE | Educação a Distância


UNIDADE II

DISTRIBUIÇÃO DE ESPÉCIES: PADRÕES NA


RIQUEZA
Professora Me. Lilian Capelari Soares

Objetivos de Aprendizagem

[$ S&#2!,'+,!$:*";$&$!,";$-3 '34%"+&$+"$83& ,& !"4"$,$:*";$"$-*"$3#2&!(J'%3"$,#$


relação à distribuição e preservação das espécies terrestres.

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a sua importância ecológica para cada comunidade.

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vos que levam a esse acontecimento.

Plano de Estudo

A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:

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INTRODUÇÃO

Caro aluno, nesta etapa iremos estudar as questões ecológicas por meio do foco geográfico,
fazendo uma intertextualização com essas importantes áreas do ensino. Por meio do
surgimento de alguns recursos como, por exemplo, a fotografia que nos proporciona, de modo
fiel, olharmos para grandes áreas ou locais que nunca visitamos. A tecnologia que permeia os
satélites, cuja capacidade de registrar imagens ao longo do espaço é imensa, também colabora
com as pesquisas científicas, principalmente quando trata-se de estudos que envolvem grandes
escalas como, por exemplo, a Biogeografia. Ao olhar para uma comunidade marítima, fica
óbvio que a localização das espécies na margem da praia é controlada por importantes fatores
físicos, tais como altura da maré e ação das ondas, e também por interações biológicas. As
estrelas-do-mar alimentam-se de mexilhões sésseis na zona entremarés baixa, limitando-os
assim a zonas entremarés altas. Nessas zonas, as fendas entre os mexilhões proporcionam
habitat para muitas espécies, que em outras condições não sobreviveriam. Condições locais
como essas são importantes reguladores da distribuição das espécies. Contudo, por mais
importante que essas condições nos pareçam, precisamos estar sempre cientes da influência
de processos que operam em escalas geográficas maiores.

Os processos oceanográficos, como as correntes ou ressurgência, regulam a distribuição de


espécie das costas rochosas. Em escala global, os padrões de circulação oceânica controlam
a direção das correntes e podem isolar as espécies ao longo de períodos ecológicos e
evolutivos. Assim, se faz necessário compreender esses processos por envolverem questões
de imigração e principalmente extinção de algumas espécies faunísticas e florísticas.

Esta unidade será dividida em quatro etapas, tratando em cada uma delas assuntos que
envolvem distribuição das espécies. Você também encontrará tópicos específicos para
orientações como: deriva genética e curvas entre área e espécie, os quais auxiliarão em
relação ao conteúdo estudado; e também a divulgação sobre obra e vida de dois grandes
nomes do evolucionismo: Charlis Darwin e Alfred Russel Wallace.

BIOLOGIA E BIODIVERSIDADE | Educação a Distância 43


O QUE É BIOGEOGRAFIA

Fonte: SHUTTERSTOCK.COM

De acordo com Caim, Bowman e Hacker (2011), um dos padrões mais óbvios na Terra é
a variação que vemos na composição e na diversidade de espécies entre localizações
geográficas. O estudo dessa variação é conhecido como biogeografia.

Biogeografia é a área da ciência biológica que estuda a distribuição dos seres vivos no espaço
ao longo do tempo, assim, esse campo da ecologia estuda a distribuição da vida com base
em sua dinâmica na escala espacial e temporal no planeta Terra. É um parâmetro útil para
entendermos qual a forma e como os organismos estão distribuídos no planeta e porque os
organismos estão em determinado local.

44 BIOLOGIA E BIODIVERSIDADE | Educação a Distância


De acordo com Brown (1984), uma das funções da ecologia e biogeografia é estudar como
as condições ambientais e os processos bióticos determinam a abundância e a distribuição
das espécies e como os padrões espaciais e temporais em comunidades são resultados
de complexos relacionamentos ecológicos entre as espécies, estando limitados pelas
características ambientais de cada ecossistema e pela sua composição, os quais estabelecem
mecanismos de consistentes variações espaço-temporais no uso do espaço limitado.

Os padrões biogeográficos da Terra, conforme demonstra as comunidades florestais, das


quais são ótimos representantes para esse parâmetro, a riqueza e composição de espécies
variam com a latitude, ou seja, as latitudes menores, tropicais, apresentam maior número e
maior diversidade de espécies do que as latitudes maiores, temperadas e polares. A riqueza
e a composição das espécies também variam de um continente para o outro, mesmo onde
a latitude ou a longitude são similares ou próximas. O mesmo tipo de comunidade ou bioma
também pode variar na riqueza e na composição de espécies dependendo da localização
na Terra. Desta forma, esses padrões têm se repetido em muitas regiões do mundo e em
muitos tipos de comunidades. Mas por que alguns locais apresentam mais espécies que os
outros? Por que alguns locais comportam grande quantidade de espécies não encontradas em
nenhum outro local da Terra?

Biogeografia global
Fonte: SHUTTERSTOCK.COM

Os padrões de diversidade global e a composição de espécies são controlados pela área e


o isolamento geográficos, a história evolutiva e o clima (CAIM; BOWMAN; HACKER, 2011).

BIOLOGIA E BIODIVERSIDADE | Educação a Distância 45


Alfred Russel Wallace, o pai da biogeografia, por meio de suas pesquisas publicou um trabalho
contendo dois volumes, do qual aborda a divisão de espécies de acordo com as regiões
geográficas e revela dois importantes padrões:

- a m"--"$+,$(,!!"$+&$2;"',("$2&+,$-,!$+3.3+3+"$,#$-,3-$!, 3T,-$83& ,& !B4%"-1$:*,$+3M,!,#$


em composição e riqueza de espécies;

- há um gradiente de diversidade de espécies de acordo com a latitude; a diversidade é maior


nos trópicos e diminui rumo aos polos.

Wallace comprova em suas publicações que esses padrões são inter-relacionados pelo
gradiente latitudinal ser sobreposto às regiões biogeográficas.

As seis regiões biogeográficas citadas por ele são: Neártica (América do Norte), Neotropical
(Américas Central e do Sul), Paleártica (Europa e partes da Ásia e África), Etiópica (maior parte
da África), Oriental (Índia, China e sudeste da Ásia) e Australásica (Austrália, Indo-Pacífico e
Nova Zelândia), como mostra a figura a seguir:

Paleártica
Neártica

Oriental
Etiópica
Fonte: ALFRED RUSSEL

Neo-
tropical
Australásica

C(*$+,!D!E!F%*(G%4!'()*%)*+HB(6,4!4%*$02)!7/B+%2!F$44%/!9,//,6%

46 BIOLOGIA E BIODIVERSIDADE | Educação a Distância


As regiões biogeográficas descritas por Wallace em 1876 correspondem às seis maiores placas
tectônicas da Terra. Caim, Bowman e Hacker (2011) mencionam que as placas tectônicas são
trechos da crosta terrestre que movimentam-se ou ficam à deriva de um lado para o outro
da superfície da Terra devido à ação de correntes geradas no fundo de seu manto de rocha
fundida (fig. 3). Em áreas conhecidas como cadeias meso-oceânicas, essa rocha fundida flui
para fora das fendas entre as placas e esfria, criando uma nova crosta e forçando as placas
a se espalharem. Em algumas áreas, onde há encontro entre duas placas, conhecidas como
zonas de subducção, uma placa é forçada para baixo da outra. Essas áreas estão sujeitas a
fortes abalos sísmicos, atividades vulcânicas e formação de cadeias de montanhas. Em áreas
onde as placas de encontram, elas deslizam lateralmente entre si, formando uma falha.

Na falha de Sto, André, a placa do Pacífico e a Norte-Americana Na Dorsal Médio-Atlântica, o material quente do manto sai pelo rifle,
deslizam ao longo de uma da outra - limite conservativo. Ocorrem originando crosta oceânica. A Placa Norte-Americana e a Euro-Asiática
violentos sismos. Não há erupções vulcânicas afastam-se - limite divergente. A actividade vulcânica e sísmica é variável.

Fonte: CETECGEO

A Placa de Nazca move-se em direcção à Sul-Americana - limite convergente A Placa Indo-Australiana colide com a Euro-Asiátca - limite convergente.
A crosta ocânica, mais pesada, mergulha. Ocorrem violentos sismos, Os terrenos entre elas são erguidos, formando altas montanhas. Ocorrem
erupções vulcânicas e formação de montanhas. violentos sismos.

Figura 3 - Placas tectônicas


BIOLOGIA E BIODIVERSIDADE | Educação a Distância 47
Devido à movimentação das placas tectônicas, as posições das placas e o continente disposto
sobre elas sofrem constantes mudanças ao longo do período geológico (ver fig. 4 para consultar
os períodos geológicos), cerca de 150 milhões de anos atrás, a Terra era um grande continente
denominado Pangeia, esse continente no período Cretáceo começou a separar, havendo a
formação de dois continentes, Norte (Laurásia) e Sul (Gondawa). Esses continentes também
sofreram processos geológicos no início do período terciário e separaram-se em: Gondawa
nos atuais continentes - América do Sul, África, Índia, Antártica e Autrália, e Laurásia - América
do Norte, Europa e Ásia (CAIM; BOWMAN; HACKER, 2011).

Com toda essa separação da Pangeia em vários continentes, as espécies que ali habitavam
também foram separadas em seis grupos biogeograficamente distintos pelo isolamento de
diferentes continentes, gerando desta forma espécies da fauna e da flora muito distintas
umas das outras. Por exemplo, como descreve Flessa (1975), as oriundas do Gondawa
foram isoladas por algum tempo e têm formas de vida distintas das demais. Em outros casos,
espécies distintas umas das outras foram unidas. As espécies existentes na região Neotropical
são diferentes das espécies da região Neártica, apesar da proximidade dos continentes. Como
a América do Norte foi originada pelo continente Laurásia e a América do Sul pela Gondawa,
ambas não tiveram contato cerca de 6 milhões de anos atrás. Já o Neártico e o Paleártico,
ambos descenderam da Laurásia, têm similaridades na biota atual Groelândia e no Estreito
de Bering, onde uma ponte de terra permitiu trocas de espécies durante 100 milhões de anos.

A separação evolutiva das espécies devido a barreiras como deriva continental é conhecida
como vicariância. Um exemplo de vicariância são as aves ratitas, as quais têm o mesmo
ancestral comum, originado no Gondawa. Quando esse continente fragmentou-se, as Emas
(América do Sul), os avestruzes (África), os casuares e emus (Austrália) e as moas (Nova
Zelândia) foram isolados uns dos outros e assim, cada espécie em seu novo continente
desenvolveu características singulares ao seu isolamento, mas ainda conservam características
comuns, tais como a habilidade de voar e o tamanho.

48 BIOLOGIA E BIODIVERSIDADE | Educação a Distância


É necessário considerar que o regionalismo biogeográfico também está presente nos oceanos,
que perfazem 75% da superfície terrestre, eles também derivam com os movimentos das
placas tectônicas, no sentido de que são criados, reunidos ou destruídos. Quanto à troca
de biota no oceano, existem certos impedimentos, tais como: correntes, diferenças termais,
diferença de gradiente e diferenças na profundidade. Dessa forma, as espécies são isoladas,
permitindo mudanças evolutivas e criando regiões biogeográficas únicas.
Fonte: <PORTALDOPROFESSOR.MEC.GOV.BR>

Figura 4 - Períodos geológicos


BIOLOGIA E BIODIVERSIDADE | Educação a Distância 49
Biogeografia regional

A diversidade regional das espécies são controladas por área e distância, devido ao balanço
entre as taxas de migração e extinção. A riqueza de espécies aumenta com o aumento da área
amostrada e tem sido documentada em uma variedade de escalas espaciais, de pequenas
lagoas até continentes inteiros. Estudos de relações espécie-área têm sido realizados em
escalas espaciais regionais, onde tendem a ser bons preditores das diferenças na diversidade
de espécies (CAIM; BOWMAN; HACKER, 2011).

O pesquisador H. C. Watson fez em 1859 um importante gráfico demonstrando a quantidade


de éspecie por área para plantas na Grã-Bretanha e concluiu que a cada aumento de área
obtido em seus experimentos, a riqueza de espécies aumenta significativamente (ver mais
a respeito no final da unidade em Curvas espécie-área). Em seus estudos, a maioria das
relações espécie-área foi documentado para ilhas, nesse caso, ilhas incluem todos os tipos
de áreas isoladas circundadas por habitats distintos, conhecidos como habitats matriz.
Assim, pode-se incluir ilhas circundadas por oceano, lagos circundados por terra, ilhas de
montanhas circundadas por vales e fragmentos de habitat como, por exemplo, os destruídos
por desmatamento.

Devido ao isolamento natural das ilhas, a diversidade de espécies mostra uma forte relação
negativa com a distância da fonte principal de espécies, por exemplo. Lomolino e Brow
(1984) observaram que a riqueza de espécies de mamíferos em topos de montanhas no
sudoeste americano diminui em função da distância das principais fontes de espécies (fontes
populacionais), neste caso, duas grandes cadeias de montanhas. Isso demonstra que ilhas mais
distantes de fontes populacionais, tais como áreas continentais ou habitats não fragmentados,
apresentam menos espécies do que ilhas próximas a essas fontes.

50 BIOLOGIA E BIODIVERSIDADE | Educação a Distância


BIOGEOGRAFIA DE ILHAS

Fonte: SHUTTERSTOCK.COM
As ilhas, porções de terras menos extensas que os continentes e rodeadas por água por todos
os lados, servem de palco para o espetáculo de especiações advindas da deriva genética. Em
uma ilha pode ser encontrado um complexo de ecossistemas de pequena extensão espacial
com número de códigos genéticos restrito, pois as trocas genéticas e ocorrência de colonização
são potencialmente reduzidas. Esse isolamento favorece o processo de especiação.

Conforme debatido por Dambros (2010), a biogeografia de ilhas constitui-se em um ramo


da ciência biogeográfica repleta de fortes emoções. Muitas das formas de vida mais
espalhafatosas do mundo ocorrem em ilhas. Encontram-se nelas gigantes, anões, exímios

BIOLOGIA E BIODIVERSIDADE | Educação a Distância 51


artistas da permutação e não conformistas de todo tipo. Essas criaturas improváveis habitam
as zonas mais isoladas e remotas do planeta e conferem uma definição biológica vívida à
palavra exótico (QUAMMEN, 2008).

Tal fato sempre despertou a atenção dos biogeógrafos, pois conforme Quammen (2008, p.19):
a biogeografia de ilhas é, pois, um catálogo de excentricidades e superlativos. E é por
isso que as ilhas sempre desempenharam um papel central no estudo da evolução. O
próprio Charles Darwin foi um biogeógrafo de ilhas antes de se tornar darwinista.

Na década de 60, o ecólogo canadense Robert Helmer MacArthur e o biólogo norte-americano


Edward Osborne Wilson propuseram a Teoria da Biogeografia de Ilhas ou Teoria do Equilíbrio
Biogeográfico Insular.

Essa teoria baseava-se em alguns pressupostos:

1. Comunidades insulares são muito mais pobres em espécies do que as comunidades con-
tinentais equivalentes.

2. Esta riqueza aumenta com o tamanho da ilha.

3. Esta riqueza diminui com o aumento do isolamento da ilha.

A riqueza de espécies aumenta com o tamanho da ilha. Nesse sentido, MacArthur e Wilson
(2001, p.8) enfatizam que “there exists within a given region of a relatively uniform climate an
orderly relation between the size of a sample area and the number of species found in that
area”. Ou seja, existe, no interior de uma dada região, de um clima relativamente uniforme,
uma relação ordenada entre o tamanho de uma área de amostra e do número de espécies
encontradas naquela área.

52 BIOLOGIA E BIODIVERSIDADE | Educação a Distância


100 Hispanola
Number of Species
Puerto
Rico Cuba
Jamaica

10
Monte Serrat
Saba
Redonda
1
1 10 100 1000 10.000 100.000
Area in Square Miles

Gráfico 1- Relação entre número de espécies de anfíbios e répteis e área das ilhas

Fonte: MacArthur e Wilson (2001).

Esta riqueza diminui com o aumento do isolamento da ilha, pois a probabilidade de uma
espécie chegar a uma determinada ilha é inversamente proporcional à distância entre a ilha e
o continente.

Assim, a probabilidade de extinção de uma espécie varia em função do tamanho da ilha.

De acordo com o gráfico, o número de espécies em uma ilha representa um equilíbrio entre a
taxa de colonização e a taxa de extinção.

BIOLOGIA E BIODIVERSIDADE | Educação a Distância 53


Taxa de imigração

(espécies/tempo)
(espécies/tempo)

Taxa de extinção
0 Se P
Chegada de uma Número de espécies
espécie nova na ilha

Gráfico 2 - Taxa de colonização e a taxa de extinção


Fonte: LEPaC, 2010.

Já o equilíbrio no número de espécies depende da extensão territorial da ilha.

pequena grande
Taxa de imigração

(espécies/tempo)
Taxa de extinção
(espécies/tempo)

0 Sepq Segrd P
Número de espécies

Gráfico 3 - Número de espécies depende da extensão territorial da ilha


Fonte: LEPaC, 2010.

Conforme a Teoria do Equilíbrio Biogeográfico, o número de espécies em uma ilha depende


do equilíbrio entre as taxas de extinção e imigração, que são influenciadas pela distância da
ilha ao continente.

54 BIOLOGIA E BIODIVERSIDADE | Educação a Distância


Populações de pequena dimensão, como das ilhas, são mais vulneráveis à extinção,
consequência de competição ou de predação. À medida que o número de espécies aumenta
por imigração, aumenta também a taxa de extinção, assim a raridade de cada espécie aumenta.
Quando aplica-se a teoria da biogeografia de ilhas em habitats fragmentados, alguns limites
são considerados, tais como a diferença entre as espécies e a qualidade do habitat.

A teoria do equilíbrio da biogeografia de ilhas também é válido para as áreas continentais,


assim como nas ilhas, o número de espécies é controlado por taxas de imigração e extinção.
Porém, em áreas continentais, essas taxas são diferentes daquelas em ilhas. Nos continentes,
as taxas de imigração são maiores pelo fato das barreiras de dispersão serem menores. Neste
caso, as espécies podem mover-se de uma área para outra, presumivelmente por meio de um
habitat não insular e contínuo. Além disso, as taxas de extinção são muito menores devido à
contínua imigração de novos indivíduos advindos de populações continentais maiores. Neste
caso, as espécies também terão chances de serem resgatadas da extinção local por outros
membros da população.

O resultado final dessas taxas mais altas de imigração e mais baixa de extinção em áreas
continentais é uma taxa menor de aumento da riqueza de espécies com o aumento da área,
assim, uma inclinação mais suave que em áreas de ilhas.

Fatores espaciais e temporais que influenciam a riqueza das espécies

Os padrões de diversidade e composição de espécies variam independente da escala parcial:


global, regional ou local. Essas escalas estão interconectadas de maneira hierárquica, com os
padrões de diversidade e composição de espécie em uma escala especial determinando as
condições para os padrões em escalas espaciais menores.

Como o nome sugere, a escala global inclui o mundo inteiro, é uma área geográfica enorme
com grandes variações de latitude e longitude e, segundo Cain, Bowman e Hacker (2011), as
espécies têm sido isoladas umas das outras, possivelmente em continentes diferentes, por

BIOLOGIA E BIODIVERSIDADE | Educação a Distância 55


distâncias longas e durante períodos de tempo, assim, as diferenças nas taxas de especiação,
extinção e migração auxiliam a determinar diferenças na diversidade e composição das
espécies.

As regiões terrestres diferem em diversidade e composição de espécies devido aos processos


de escala global, como exemplo, uma região da Amazônia terá muito mais espécies, e
assim um reservatório de espécies maior, do que na Antártida. A topografia, características
ambientais particulares de uma região, tais como: número de área, distância entre montanhas,
vales, desertos, ilhas, lagos são fundamentais para a biogeografia da região. A composição
e diversidade de espécies variam dentro de uma região de acordo com a paisagem molda as
taxas de extinção e migração de habitats importantes.

A escala regional engloba uma área geográfica menor, na qual o clima é mais ou menos
uniforme e as espécies, limitadas pela dispersão naquela região. Quando encontra-se espécies
contidas dentro de uma região, são conhecidas como reservatório regional de espécies,
algumas vezes chamadas de diversidade gama.

Já a escala local, equivalente à comunidade, reflete as características bióticas e abióticas


particulares de habitats para espécies, assim que essas alcançam esses habitats pela
dispersão. A fisiologia das espécies e a interação com as outras pesam decisivamente na
diversidade das espécies resultantes, e são chamadas também de diversidade alfa.

A importante conexão entre as escalas local e regional de diversidade das espécies aparece
na forma de uma medida conhecida como diversidade beta. Ela nos mostra a mudança
no número e na composição de espécies de uma comunidade para outra, ou a reposição
(turnover) de espécies, à medida que passamos de um tipo de comunidade para outro (CAIN;
BOWMAN; HACKER, 2011).

Saber como as escalas espaciais estão relacionadas hierarquicamente umas com as outras
é importante, mas não existe um valor específico para se aplicar em cada escala, elas variam

56 BIOLOGIA E BIODIVERSIDADE | Educação a Distância


de acordo com a espécie e comunidade inserida. Por exemplo, plantas terrestres podem ter
escala local 102 - 104 m2 e uma escala regional de 106 – 108 m2. Já para um fitoplâncton, a
escala local pode ser 102 cm2.

Assim, a área real que utiliza-se para definir medidas de diversidade de espécies pode ser
decisiva para a interpretação dos processos que controlam os padrões biogeográficos.

Processos locais e regionais que interagem na diversidade das espécies

De acordo com Cain, Bowman e Hacker (2011), os padrões de diversidade das espécies e
os processos que os controlam estão conectados com as escalas espaciais. É importante
salientar que o reservatório regional de espécies fornece matéria-prima para assembleias
locais e com isso define o limite superior de espécies para as comunidades. Mas esse limite
também é definido por condições locais como, por exemplo, a interação entre as espécies e o
ambiente físico que elas ocupam.

Dentre as diversas formas de impacto negativo sobre os ecossistemas, a destruição de habitats,


a caça e a introdução de espécies exóticas são apontadas como as que mais influenciam na
dinâmica das espécies e as principais responsáveis pela extinção das espécies.

Conforme discorre Boyero (2011), as duas principais abordagens para os padrões de


diversidade são os estudos das diversidades: regional, o número de espécies dentro de uma
região; e local, o número de espécies em um local ou área.

O número de espécies em um bioma, um continente ou zona climática, é exemplo de


diversidade regional, que é determinada por fatores regionais como geologia, clima, migração
ou extinção. Por outro lado, a diversidade local refere-se ao número de espécies dentro de,
por exemplo, um recife de coral, uma floresta ou o trecho de um rio. A diversidade local é,
com frequência, mas não sempre, relacionada fortemente à diversidade regional, que
determina o conjunto de espécies disponíveis. No entanto, membros desse conjunto podem
ou não estar presentes em um local, dependendo de fatores locais como estrutura do habitat,

BIOLOGIA E BIODIVERSIDADE | Educação a Distância 57


produtividade, distúrbios ou interações. Por exemplo, em rios, a diversidade regional tende a
ser maior nos trópicos, enquanto a diversidade local é razoavelmente constante em todas as
latitudes, ou não apresenta um gradiente latitudinal claro. A explicação para essa diferença
pode ser a maior redistribuição de espécies entre locais nos trópicos, como foi demonstrado
para macroinvertebrados e sugerido para anfíbios anuros. Embora processos biogeográficos
possam gerar maior riqueza de espécies nos trópicos para muitos grupos taxonômicos, a
natureza altamente variável e imprevisível do habitat fluvial impõe um limite superior para a
divesidade local, homogeneizando o número de espécies locais em todo o mundo.

Esse habitat, embora bastante heterogêneo em escalas relativamente pequenas, é


extraordinariamente similar em todo o mundo, o que o torna ideal para testar hipóteses sobre
a diversidade em larga escala e os gradientes ecológicos. Mesmo assim, a diversidade local
dos peixes de água doce parece ter influências regionais mais fortes, e o mesmo ocorre com
muitos grupos de organismos em ecossistemas terrestres e marinhos.

GRADIENTES DA RIQUEZA EM ESPÉCIES

Apesar do reconhecimento da generalidade dos gradientes latitudinais de diversidade, nosso


conhecimento é tendencioso em relação a alguns grupos taxonômicos, em algumas regiões e
em alguns tipos de ecossistemas. Os estudos são tendenciosos em relação a vertebrados, que
compõem menos de 5% das espécies da Terra. Por exemplo, muitos mamíferos mostram sua
máxima riqueza de espécies nos trópicos, de acordo com Kaufman (1995), enquanto alguns
grupos de insetos apresentam gradientes latitudinais inversos.

Como discorre Boyero (2011), os gradientes latitudinais de biodiversidade para o hemisfério


norte não parecem valer para o hemisfério sul, por exemplo, os vertebrados terrestres
apresentam mais riqueza na América Central do que na América do Norte, mas esse não é o
caso na Austrália tropical em comparação com a temperada. A riqueza de espécies de Odonata
por unidade de área é similar na América do Sul tropical e temperada, enquanto é cerca de 29

58 BIOLOGIA E BIODIVERSIDADE | Educação a Distância


vezes maior na América Central do que na América do Norte. A chamada “tendência boreal”
existe devido à grande maioria dos estudos ter sido efetuada por ecologistas da América do
Norte e da Europa.

A maior parte das informações disponíveis vem de ecossistemas terrestres ou marinhos,


enquanto a água doce recebeu pouca atenção, mesmo que contenha 20% das espécies
vertebradas da Terra. Mesmo assim, os dados disponíveis mostram que os peixes de água doce
e os macroinvertebrados apresentam maior diversidade nos trópicos. Por exemplo, o número
de espécies de peixes em lagos tropicais excede aquele dos lagos temperados (1450 espécies
nos lagos Victoria, Tanganyika e Malawi comparadas às duzentas e doze (212) espécies nos
Grandes Lagos da América do Norte e o lago Baikal). Um padrão similar é encontrado em
rios (por exemplo, 2000 espécies no Amazonas e 700 no Congo, comparados às duzentas
e cinquenta (250) espécies no Mississippi e 70 no Danúbio). Alguns macroinvertebrados
fluviais são mais diversificados nos trópicos na Austrália e América (por exemplo, 25 espécies
de Odonata e 32 de Ephemeroptera por unidade de área (106 km2) na América do Norte,
comparados a 717 Odonata e 206 Ephemeroptera na América Central (BOYERO 2011).

As causas dos gradientes latitudinais na biodiversidade


Fonte: SHUTTERSTOCK.COM

BIOLOGIA E BIODIVERSIDADE | Educação a Distância 59


O determinante da diversidade biológica é, claramente, não a latitude em si, mas as variáveis
ambientais correlacionadas com a latitude. Mais de 25 mecanismos diferentes já foram
sugeridos para a geração de gradientes latitudinais de diversidade, mas ainda não houve um
consenso.

Um dos fatores propostos como causa dos gradientes latitudinais de diversidade é a área
das zonas climáticas. As zonas terrestres tropicais possuem uma área superficial total
similar climaticamente maior que as zonas terrestres em latitudes mais altas, com flutuações
de temperatura de mesma magnitude. Isso pode estar relacionado a níveis mais altos de
especiação e níveis mais baixos de extinção nos trópicos. Além disso, a maior parte da
superfície da Terra foi tropical ou subtropical durante o Terciário, o que pode explicar, em
parte, a maior diversidade atual nos trópicos como resultado de processos evolucionários e
históricos (RICKLEFS, 2003).

A maior radiação solar nos trópicos aumenta a produtividade que, por sua vez, é tida como
responsável pelo aumento da biodiversidade. Entretanto, a produtividade só pode explicar
porque há maior biomassa nos trópicos, e não porque essa biomassa está distribuída em
mais indivíduos, e tais indivíduos, em mais espécies. Os tamanhos corporais e as densidades
populacionais são tipicamente menores nos trópicos, implicando um número maior de espécies,
mas as causas e as interações entre essas três variáveis são complexas e ainda incertas.

Temperaturas mais altas podem representar menores tempos de geração e maiores taxas
de mutação, acelerando assim a especiação nos trópicos. A especiação também pode ser
acelerada por uma complexidade maior do habitat nos trópicos, embora isso não se aplique
aos ecossistemas de água doce. A explicação mais provável é uma combinação de vários
fatores, e espera-se que diferentes fatores afetem de formas diferentes os diferentes grupos
de organismos, regiões, por exemplo, hemisfério norte e hemisfério sul, e ecossistemas,
resultando na variedade de padrões.

60 BIOLOGIA E BIODIVERSIDADE | Educação a Distância


A importância do entendimento dos gradientes latitudinais na biodiversidade

O entendimento da distribuição global da biodiversidade é um dos objetivos mais significativos


para ecologistas e biogeógrafos (GASTON, 2000). Porém, além de objetivos puramente
científicos, essa compreensão é essencial para problemas aplicados de maior preocupação
para a humanidade, como a invasão de espécies, o controle de doenças e de seus vetores e,
provavelmente, os efeitos das mudanças ambientais globais na manutenção da biodiversidade
(GASTON, 2000).

As áreas tropicais, normalmente localizadas em países em desenvolvimento, desempenham


um papel de destaque nesse cenário, pois seus índices de degradação de habitat e perda de
biodiversidade são excepcionalmente altos. Assim como havia pouca informação sobre as
condições “naturais” de ecossistemas temperados antes de serem drasticamente alterados,
essas informações também são escassas nos dias atuais para os trópicos. A diferença é que
hoje ainda não é tarde para coletá-las.

TAXA DE EXTINÇÃO

Fonte: SHUTTERSTOCK.COM

BIOLOGIA E BIODIVERSIDADE | Educação a Distância 61


Segundo Morales (2006), a extinção de espécies faz parte do processo evolutivo. O que traz
preocupação sobre a extinção nos dias atuais são suas taxas. Devido à ação predatória do
homem sobre o meio ambiente, as taxas de extinção de espécies nunca foram tão altas.

Uma espécie é dita extinta quando já não existe nenhum exemplar vivo, ou quando os indivíduos
restantes encontram-se apenas em cativeiro.

Conforme Morales (2006) descreve, muitas características determinam que uma espécie
esteja mais vulnerável à extinção, dentre elas estão:

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Entender o conceito de extinção de espécies é uma tarefa relativamente simples: extinção é


o desaparecimento de todos os indivíduos de uma determinada espécie. Difícil é entender o
porquê do desaparecimento de todos esses indivíduos.

62 BIOLOGIA E BIODIVERSIDADE | Educação a Distância


Conforme a Dra. Vânia Regina Pivello (2003, s/p) descreve:
Podemos classificar o modo como a extinção acontece de duas maneiras: aquela
advinda da própria natureza, causada por eventos naturais de grandes proporções
(vulcanismo, queda de meteoros) ou devida aos preceitos da seleção natural (a
variabilidade genética leva a uma variabilidade morfológica, e essa variabilidade
morfológica confere vantagens adaptativas diferentes entre os indivíduos: os mais
bem adaptados ao seu habitat sobrevivem e se reproduzem, enquanto os não tão
bem adaptados tendem a morrer e conseqüentemente não reproduzir, não passando
à próxima geração seu genoma); uma segunda maneira seria artificial, especialmente
relacionada à maneira como o homem lida diariamente com a natureza, seja através
da caça predatória de animais específicos, seja através da destruição de ambientes e
conseqüentemente do habitat de diversas espécies.

As extinções aconteceram naturalmente no decorrer da história das espécies. Assim, estima-


se que a taxa normal de extinção seja entre 2,0 e 4,6 famílias de animais e plantas por milhão
de anos. Os motivos pelos quais essas extinções acontecem são variados e estão relacionados
a dificuldades ambientais, competição, eventos geológicos importantes, como vulcanismo,
glaciação entre outros. É importante lembrar que, durante alguns períodos da história da Terra,
aconteceram as extinções em massa; nesses períodos estima-se que as taxas médias de
extinção tenham atingido 19,3 famílias extintas por milhão de anos. O exemplo mais clássico
de extinção em massa é o ocorrido no final do Período Cretáceo, em que os dinossauros foram
completamente extintos. Apesar de existir muita discussão no meio científico sobre as causas,
a hipótese ainda hoje mais aceita atribui essa grande extinção à queda de um imenso meteoro
na Terra.

Porém, atualmente, nosso maior problema reside na extinção ocasionada pelo homem.
Especialmente após a revolução industrial, o progresso e a ganância levaram o homem a
ocupar e explorar desordenadamente vários ambientes, deixando danos irreparáveis.

Temos como principais focos de extinção:

1) o interesse comercial direto em algumas espécies naturais: como exemplo podemos citar
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#"!4#C$?$,5(!"/0&$+&$2";#3(&$("#89#$9$*#$8&#$,5,#2;&C

BIOLOGIA E BIODIVERSIDADE | Educação a Distância 63


2) a degradação de ambientes, seja por ocupação inescrupulosa, desmatamento ou poluição,
que afeta diretamente um grande número de espécies, e indiretamente, um outro gran-
de número. Por exemplo, imagine que uma empresa jogue seu esgoto num lago. A água
desse lago terá novas características (de pH, teor em nutrientes, oxigênio dissolvido etc),
o que compromete a existência direta de uma espécie de peixe (dano direto causado pela
poluição). A diminuição ou ausência do número de peixes dessa espécie compromete a
cadeia alimentar e as aves que moram nas margens do lago e cuja principal fonte de ali-
mento é esse peixe, terão falta de alimento, o que compromete a sua espécie (dano indireto
causado pela poluição).

Dessa maneira, é importante que tenhamos em mente que a natureza é complexa e interligada,
e que a luta para a defesa das espécies deve ser feita no ambiente como um todo. É hora de
pensarmos que, ao invés de salvar apenas animais cativantes ao público, como o panda ou o
mico leão dourado, deveríamos salvar ambientes como um todo e uma biodiversidade que não
é mostrada na mídia.

Abaixo, segue alguns exemplos de como as extinções estão presentes em nosso dia a dia:

1) Atualmente são consideradas em perigo de extinção 16.119 espécies, em todo o mundo,


segundo a lista de espécies ameaçadas de extinção publicada pela IUCN em 2006.

2) Nos últimos 500 anos, as atividades humanas causaram a extinção de 816 espécies de
seus habitats naturais.

3) Uma em cada quatro espécies de mamíferos e uma em cada oito espécies de pássaros são
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a Conservação da Natureza).

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como ameaçados de extinção pela IUCN.

5) A atual taxa de extinção das espécies, devido às ações humanas, é estimada como 1.000
a 10.000 vezes maior do que a taxa natural de extinção.

6) Desde 1800, foram extintas 103 espécies de pássaros, uma taxa de extinção 50% maior do
que a taxa natural.

64 BIOLOGIA E BIODIVERSIDADE | Educação a Distância


7) A perda e a degradação de habitats são a principal ameaça a 89% dos pássaros, 83% dos
mamíferos e 91% das plantas em processo de extinção.

8) Como resultado da pesca predatória e da diminuição dos estoques de peixes, desde 1996,
o número de espécies de albatroz ameaçadas de extinção saltou de 3 para 16.

Conforme dados obtidos por Medeiros (2003), a taxa anual da ordem de uma espécie para
cada milhão de espécies, valor médio para todos os grupos, cuja taxa de extinção esteja bem
documentada pelo registro fóssil, estima-se que mil espécies sejam extintas por ano no planeta,
o correspondente a 3 (três) espécies por dia. Afirma o autor que se a destruição continuar
no ritmo atual, até o ano de 2015, de 4% e 8% de todas as espécies vivas presentes nas
florestas tropicais podem desaparecer, algumas sem nem terem sido descritas, catalogadas
ou estudadas.

Infelizmente os danos acumulados pela extinção de espécies e ecossistemas não podem ser
reparados dentro de uma escala de tempo tangível, dessa forma, a paleontologia descreve que
novas faunas e floras levam milhões de anos para se recompor da forma que possuía quando
a espécie humana apareceu no planeta.

De acordo com a lista vermelha da União Mundial para a Conservação Nacional (IUCN), a qual
é atualizada todos os anos, na progressividade do problema. No ano de 1989, a lista da Fauna
Brasileira Ameaçada de Extinção relacionava 218 espécies, a lista do ano de 2002 revela que
627 espécies estão ameaçadas, 2 estão extintas da natureza e 9 definitivamente extintas. Para
os mamíferos, encontramos neste mesmo ano 69 mamíferos, 153 aves, 20 répteis, 15 anfíbios,
165 peixes, 93 insetos, 21 invertebrados terrestres e 91 invertebrados aquáticos.

O Brasil é um país que apresenta grande variabilidade genética em relação à diversidade


vegetal do mundo. Cerca de 55.000 espécies foram catalogadas dentre 350.000 espécies
estimadas, assim, é importante salientar que como em outras partes do planeta, no Brasil a
expansão agrícola, a urbanização e a consequente eliminação de habitats são as principais
causas da elevação nas taxas de extinção das espécies.

BIOLOGIA E BIODIVERSIDADE | Educação a Distância 65


Fonte: SHUTTERSTOCK.COM
Mas afinal, por que as espécies se extinguem? Segundo a União Internacional para a
Conservação da Natureza (UICN), 39% das extinções se devem à introdução de espécies,
36% à destruição do habitat e 23% à caça e exterminação premeditada. Além destas causas o
comércio de animais e plantas protegidas é uma das mais importantes da perda de biodiversidade
no mundo. Estes fatos conduzem a uma situação dramática em que aproximadamente 700
espécies de fauna e flora estejam a ponto de extinguir-se e que 2.300 espécies animais e
24.000 plantas se encontrem ameaçadas. Infelizmente essa prática é considerada o terceiro
negócio ilegal mais rentável (economicamente falando) do mundo. Calcula-se que anualmente
movimenta cerca de 160 milhões de euros. Por outro lado as sanções são irrisórias e isso faz
com que seja mais rentável pagá-las do que abandonar o negócio.

PERDA E FRAGMENTAÇÃO DE HABITAT

Esses dados foram baseados em pesquisas realizadas no Parque Nacional Intervales: a perda
e redução de uma área contínua em manchas isoladas alterou a dinâmica dos organismos
que ali habitavam. Por exemplo é a Mata Atlântica, que encontra-se em pequenos fragmentos,

66 BIOLOGIA E BIODIVERSIDADE | Educação a Distância


menores que 100 hectares, isolados por matrizes de permeabilidade váriavel, que são:
pastagens, cultivos de cana-de-açúcar, centros urbanos entre outros, e geralmente compostos
por estágios sucessionais variados, predominando as características de floresta secundária.

As espécies ameçadas de extinção, de modo geral, estão sob o efeito direto e indireto, da
perda e fragmentação de habitat e as principais consequências estão ligadas ao declínio
populacional, que levam à redução da densidade populacional e possivelmente a extinções
locais.

As áreas fragmentadas possuem importante papel na conservação de várias espécies, porém,


a conservação das áres contínuas possibilatam a sobrevivência de um conjunto de espécies
para a manutenção das interações ecológicas e são fundamentais para a conservação da
biodiversidade em longo prazo. A redução e fragmentação de habitat advêm de ações tais
como: exploração da madeira, expansão agrícola, industrial e urbana.

Figura 5 - Habitat fragmentado


Fonte: <http://cienciahoje.uol.com.br/revista-ch/revista-ch-2009/263/floresta-atlantica-nordestina-
fragmentacao>.

BIOLOGIA E BIODIVERSIDADE | Educação a Distância 67


Figura 6 - Habitat fragmentado

Fonte: <http://www.pensefacil.com.br/andamentos/tecpamsite/admin/?page_id=190>.

A caça

A caça predatória é grande responsável pelo impacto negativo que os ecossistemas têm sofrido
e influenciado na dinâmica das espécies. Infelizmente, a caça pode ocasionar extinção local
de algumas espécies, afetando principalmente animais grandes, como os primatas, antas,
veados, tatus entre outros.

O risco de extinção representado pela caça é maior em áreas fragmentadas do que em áreas
contínuas, porém, os conceitos devem ser entendidos em ambas as áreas, devido à função de
cada espécie em seus respectivos habitats.

68 BIOLOGIA E BIODIVERSIDADE | Educação a Distância


ESPÉCIES EXÓTICAS E ESPÉCIES INVASORAS

Espécies exóticas são espécies animais ou vegetais que se instalam em locais onde não são
naturalmente encontradas. As maneiras pelas quais essas espécies chegam e se instalam
nessas novas localidades são diversas. Sabe-se, por exemplo, que habitats alterados pelo
homem e de climas quentes são mais propensos à instalação de espécies exóticas do que
habitats conservados, por exemplo. Williamson no ano de 1996 propôs a lei dos 10% (por cento),
que diz que cerca de 10% das espécies introduzidas se estabelecem no local de introdução
e 10% dentro dessas que conseguiram se estabelecer tornam-se pragas (LANGANKE, s/a).

O fato é que hoje em dia essas espécies invasoras representam um grande risco à
biodiversidade no Planeta. Isso acontece porque, em muitos casos, a chegada de espécies
exóticas invasoras a um determinado habitat altera o equilíbrio ecológico local. Muitas dessas
espécies, por possuírem determinadas características, como ciclo reprodutivo rápido, baixa
demanda nutricional e parasistismo, acabam por se tornar pragas, crescendo e multiplicando
rapidamente e alocando recursos que antes eram suficientes para o bem-estar de todas as
espécies naquele habitat. Esse desequilíbrio no habitat geralmente tem graves consequências,
especialmente nas espécies nativas do habitat, que podem morrer, e se forem específicas
daquela região, podem ser extintas (LANGANKE, s/a).

Segundo o livro “Global strategy on invasive alien species”, publicado em 2001 pela IUCN (União
Internacional para a Conservação da Natureza), a melhor maneira de se prevenir a presença
de espécies exóticas invasoras num ambiente é prevenir diretamente, de alguma forma, a
introdução dessas espécies. Já as espécies invasoras são organismos que possuem elevada
taxa de reprodução, diante disso, tornam-se capazes de colonizar áreas afastadas da zona
inicial de introdução. Atualmente, é um dos principais fatores da perda de biodiversidade do
planeta, pelo fato de que seu controle exige um processo complexo e difícil (LANGANKE, s/a).

BIOLOGIA E BIODIVERSIDADE | Educação a Distância 69


Figura 7 - Caramujo africano (Achatina fulica Bowdich)

Fonte: <http://ecologia.ib.usp.br/lepac/conservacao/ensino/conserva_exoticas.htm>.

Figura 8 - Araça-vermelho (Psidium cattleyanum)

Fonte: <http://radames.manosso.nom.br/ambiental/urbano/pequenas-grandes-ideias-ambientais-
colher-araca-na-rua/>.

“Nossa geração é a primeira a compreender totalmente a ameaça da crise de biodiversidade e a


última com oportunidade de explorar e documentar a diversidade de espécies do planeta. O prazo
está acabando”.
Wheeler, Raven; Wilson. Science (2004)

70 BIOLOGIA E BIODIVERSIDADE | Educação a Distância


1) Vida e obra de Charlis Darwin: <http://www.youtube.com/watch?v=JLijXhl0zXw>.
2) Vida e obra de Alfred Russel Wallace:
Alfred Russel Wallace nasceu em Usk, Monmouthshire, na Inglaterra, em 8 de janeiro de 1823 e mor-
reu em Broadstone, Dorset, também na Inglaterra, a 7 de novembro de 1913. Trabalhou, inicialmente,
como topógrafo e arquiteto. Por volta de 1840 começou a interessar-se por botânica. Em 1848, iniciou
viagem pelo Amazonas, ali permanecendo até 1850. A valiosa coleção acumulada nessa expedição
foi consumida pelo fogo na viagem de volta, embora Wallace tenha conservado as anotações que lhe
permitiram escrever um livro sobre a Amazônia.
b3"N&*$+,2&3-$,5(,'-"#,'(,$L$,'(!,$cd`_$,$cde<$L$2,;&$"!:*329;" &$#";"3&C$\,2&3-1$4$5&*L-,$,#$-,*$
2")-1$+,+3%"'+&L-,$"$2,-:*3-"-$%3,'()4$%"-$:*,$+3.*; &*$,#$ !"'+,$'O#,!&$+,$;3.!&-C
A evolução das espécies:
Em 1858, numa reunião da Sociedade Linneana de Londres, é apresentado conjuntamente um resumo
da teoria de Darwin sobre a evolução das espécies e um ensaio de Wallace sobre o mesmo assunto,
tomando como base a seleção natural. O trabalho de Wallace, Sobre a tendência das variedades de
!"#$# %#&"'()!*"(')#+!(%!"),"%'-,",&'.'(#/, foi depois publicado em livro, com outros ensaios, em 1870.
Em 1869, Wallace divulgou o resultado da ampla pesquisa feita no arquipélago malaio, onde investigou
"$+3-(!38*3/0&$ ,& !B4$%"$+&-$"'3#"3-$,$"--3'";&*$"$+3M,!,'/"$+,$,5,#2;"!,-$,'%&'(!"+&-$'"-$!, 3T,-$
oriental e austral do arquipélago, por ele separadas através de uma linha imaginária: a Wallace's line.
A sobrevivência do mais forte:
A versatilidade de Wallace leva-o ainda a interessar-se por questões tão diferentes quanto a da nacio-
nalização agrária (que apóia) e a vacinação (que combate). O trabalho de Wallace sobre a evolução
das espécies, escrito em fevereiro de 1858, na Malaia, tem como ponto de partida o Ensaio sobre a
população, de Thomas Robert Malthus. Anos depois, Wallace se afasta de Darwin, que defende a
tese da "seleção sexual", preferindo a da sobrevivência do mais forte e, em seu espiritualismo, aceita
"$3'(,!.,'/0&$+,$%"*-"-$'0&$3+,'(34$%"+"-$'"$,.&;*/0&$+"-$,-29%3,-C$f,*-$(!"8";7&-$-&8!,$"$M"*'"$
&!3,'(";$,$"*-(!";$M"G,#$+,$g";;"%,$*#$+&-$M*'+"+&!,-$+"$ ,& !"4$"$"'3#";C
Obras:
O primeiro livro de Wallace foi Narrativa de viagens pelo Amazonas e o Rio Negro (1853). Nesse,
como em O arquipélago malaio, de 1869, o naturalista apresenta os resultados de suas excursões e
estudos nas duas regiões.

BIOLOGIA E BIODIVERSIDADE | Educação a Distância 71


Em 1870, divulga seus ensaios sobre o problema da evolução em Contribuições para a teoria da sele-
ção natural. Seu livro 0' %&'12'34,".!,.&5*"6#"), "#('+#' , de 1876, além de dar-lhe papel relevante na
!!"#!"$%&'%(')!$*%+!',-'.$#/,$0!$'1!0'-!1#$*!0'#0),1!0'1%'2*3',4*/2%'1%'125206!'1#')#$$%0'#-#$0%0'
e da divisão dos mares sobre a genealogia das espécies. Em 1882, publica Nacionalização agrária,
defendendo a necessidade da propriedade estatal da terra. Em Quarenta e cinco anos de registro de
estatísticas, de 1885, combate a vacinação, que considera perigosa e inútil. As críticas de Wallace a
Darwin, tanto pela seleção natural como pela seleção sexual, foram reunidas no livro Darwinismo, de
1889.
Wallace também deixou outras obras: O século maravilhoso, no qual estuda os êxitos e fracassos do
século 19; O lugar do homem no universo; ! "#$%&$'( )! !*&+, !-&. , de 1905; O mundo e a vida, de
1910; e Meio social e progresso moral, de 1912.
Alfred Russel Wallace recebeu, em 1892, a Medalha de Ouro da Sociedade Linneana, prêmio que se
/!*/#1#(')!1!0'!0'%*!0('%',-'7!)8*2/!'!,' !9:!"!'/,;!')$%7%:<!')#*<%'2-.!$)8*/2%'02"*2&'/%)25%'.%$%'
o avanço da ciência.

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Curiosidade
A deriva genética corresponde a uma drástica alteração casual de ordem natural, atingindo a con-
centração genotípica de uma ou várias espécies, não preliminarmente envolvendo fatores de seleção

72 BIOLOGIA E BIODIVERSIDADE | Educação a Distância


natural, mas ocasionada por eventos repentinos. Tal fenômeno é caracterizado pela ocorrência de
catástrofes ecológicas, por exemplo: terremotos, tsunamis, tornados, inundações, queimadas, ava-
lanches e outros processos, atingindo um grande contingente populacional, limitando, dessa forma,
o teor genético de um determinado grupo, restrito aos indivíduos prevalecentes. Cabendo a estes,
integração a outra população, caso mantida uma adaptação, ou com o decorrer do tempo, a partir
1#',-'20!:%-#*)!'"#!"$I&'/!'#'.!0)#$2!$'$#.$!1,)25!('/!*0)2),2J6!'1#',-%'*!5%'#0.K/2#'L.$2*/M.2!'1%'
espécie fundadora).
Nesta situação, portando uma baixa variabilidade, os indivíduos diferenciados irão passar por uma
.$#006!'1#'0#:#J6!'-%20'02"*2&'/%)25%'#-'$#:%J6!'N':2*<%"#-'%0/#*1#*)#('O,#'-2*2-2 %5%'!0'B#2)!0'1%'
seleção em razão do elevado número de indivíduos viventes.
Durante a evolução, uma hipótese referente à dizimação dos dinossauros, ocorrida por volta de 66
-2:<P#0' 1#' %*!0(' #0)%7#:#/#' *6!' 0!-#*)#' !' &'-' 1#0)#0' %*2-%20(' -%0' 1#' 5%$2%1%0' B!$-%0' 1#' 521%'
(incluindo vegetais), em virtude de um imenso asteroide que teria atingido o planeta, levantando uma
densa nuvem de poeira resultante da colisão, comprometendo os processos fotossintéticos (depen-
dentes da energia solar), bem como a respiração e nutrição dos organismos.
Por Krukemberghe Fonseca
Equipe Brasil Escola
Fonte: <http://www.brasilescola.com/biologia/deriva-genetica.htm>. Acesso em: 22 maio 2012.

Curvas espécie-área
Q6!'!'$#0,:)%1!'1#'"$I&'/!0'1%'$2O,# %'1#'#0.K/2#0'LQR'1#',-%'%-!0)$%'.%$)2/,:%$'5#$0,0'%'I$#%'LER'
dessa amostra. A equação da regressão linear estima a relação entre S e A da seguinte maneira:
S=zA+c
Onde z é a inclinação da linha e c é a linha de inserção na linha do eixo y.
Devido aos dados de espécie-área serem tipicamente não linear, ecólogos transformam S e A em
valores logaritmos, para que os dados se ajustem a uma linha reta e conforme o modelo de regressão
não lineares, como equações polinomiais ou quadráticas, podem ser difíceis de visualizar e interpretar.
Veja o exemplo:

BIOLOGIA E BIODIVERSIDADE | Educação a Distância 73


Number of species
Number of species

Area (ha) Lake surface area (km²)


Log Number of species

Number of species

Log area (m²) Area of source pool (m²)

!"#$%&'&(&)$*+&,-.&/.01,!/(*$/%
=!*)#>'?<)).>@@#/!.%20%"#-AC2S20.%/#0A/!-@T2!"#!"$%&'%U%.:2/%1%U%UV%20%"#*0DA'

74 BIOLOGIA E BIODIVERSIDADE | Educação a Distância


CONSIDERAÇÕES FINAIS

Padrões de diversidade e distribuição de espécies variam nas escalas espaciais global,


regional e local, desta forma, a biogeografia de ilhas é o estudo da distribuição das espécies
e de sua diversidade em diferentes localizações geográficas e escalas espaciais. A escala
espacial global inclui o mundo, uma imensa área geográfica na qual existem importantes
diferenças em clima e distribuição das espécies. A escala regional abrange uma área
geográfica menor, na qual o clima, a grosso modo, é uniforme e as espécies contidas nela
são limitadas pela dispersão para aquela região. Já a escala local abrange a menor área
geográfica e essencialmente equivale a uma comunidade.

Escalas espacias distintas de diversidade e espécies são conectadas umas às outras de forma
hierárquica, e uma depende da outra para vários fatores. Por meio dessas escalas, pode-se
perceber que a diversidade de espécies é maior em zonas tropicais de menor latitude e declina
em latitudes maiores.

Entende-se que as diferenças regionais na diversidade de espécies são controladas por área e
distância devido ao balanço entre as taxas de imigração e extinção, o estudo para esse controle
chama-se biogeografia de ilhas, segundo McArthur e Wilson. Ilhas grandes e próximas às
fontes de espécies apresentam mais espécies do que ilhas pequenas e mais longe das fontes.
A mesma observação realizada em ilhas, também é válida para áreas continentais, mas a taxa
de aumento da riqueza de espécies com o aumento da área é menor do que em ilhas.

A massa terrestre pode ser dividida em seis regiões biogeográficas que variam bastante na
composição e diversidade das espécies. A biota dessas seis regiões refletem a história de
isolamento devido à deriva continental.

Acompanhar o traço de vicariância ao longo de grandes áreas geográficas e por amplos e


longos períodos de tempo forneceu importantes evidências para as primeiras teorias evolutivas.

BIOLOGIA E BIODIVERSIDADE | Educação a Distância 75


ATIVIDADE DE AUTOESTUDO
HR' W#0/$#5%'!0'B%)!$#0'O,#'.%$#/#-')#$'/$2%1!'%0'$#"2P#0'72!"#!"$I&/%0'*%')#$$%'#'*!0'!/#-
anos.

2) Imagine que você trabalha para o serviço de parques do governo. Você foi apresentado a
três propostas de projetos para um novo parque que pretende preservar um tipo importante
de habitat raro. Todos os projetos consistem em fragmentos de habitat raro, circundados
por matriz de habitat menos desejável. Você precisa escolher o projeto de parque que me-
lhor preservará a riqueza de espécies desse habitat raro. Utilizando a teoria de equilíbrio
1%'72!"#!"$%&%'1#'2:<%0'1#'X/E$)<,$'#'Y2:0!*(';,0)2&O,#'O,%:'1!0')$40'.$!;#)!0'1#'.%$O,#'
proposto você recomendaria ao governo.

Projeto 1 Projeto 2 Projeto 3

Habitat Matriz

Habitat Raro

3) Gradientes latitudinais na diversidade e na composição de espécies são fortes caracte-


$M0)2/%0'":!7%20'1%'72!"#!"$%&%A'W#0/$#5%'1!20'12B#$#*)#0'-!)25!0'.%$%'#Z.:2/%$'.!$'O,#'%'
diversidade de espécies é maior nos trópicos e diminui em direção aos polos para a maioria
dos táxons na Terra.

76 BIOLOGIA E BIODIVERSIDADE | Educação a Distância


[25$!>'\*&'*2)%0'=!$-%0'1#']$%*1#'T#:# %
Autor: Sean B. Carroll
Editora: Jorge Zahar
\*&'*2)%0'=!$-%0'1#']$%*1#'T#:# %>'/!-!'%'#5!:,J6!'B!$;!,'%'"$%*1#'O,%*)21%1#'1#'/$2%),$%0'O,#'
habitam o nosso planeta, escrito por Sean B. Carroll. Um dos maiores espetáculos da vida é a trans-
formação de uma única célula – o óvulo fertilizado – nos trilhões de células animais. No caso dos
homens, essa única célula se torna o mais complexo mecanismo do mundo. Ao combinar um estilo
cativante e preciso a um profundo conhecimento da área, Sean Carroll – um dos mais importantes
biólogos de sua geração – destrincha os princípios do desenvolvimento e da evolução, e mostra como
eles explicam o progresso, no tempo, das diferentes espécies e dos indivíduos de uma mesma es-
.K/2#A'E'#Z.$#006!'O,#'1I')M),:!'%!':25$!'^'\*&'*2)%0'B!$-%0'1#'"$%*1#'7#:# %'^'B!2'$#)2$%1%'1%0'_:)2-%0'
linhas de Origem das espécies, de Charles Darwin.

Livro: O canto do dodô


Autor: David Quammen
Editora: Comapanhia da Letras

BIOLOGIA E BIODIVERSIDADE | Educação a Distância 77


Em “O canto do dodô”, o jornalista David Quammen, especializado em ecologia e evolução, percorre
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Seu intuito é demonstrar de maneira como teorias ecológicas podem ajudar a entender a onda de
extinções causada pela ocupação humana que o mundo vive agora. Antes que seja tarde demais. Seu
roteiro o leva a ilhas distantes, como Nova Guiné, Havaí, Madagascar e Indonésia, onde vivem faunas
que sofreram perdas irreparáveis. Como o dodô, misteriosa ave das ilhas Maurício extinta nas brasas
de fogueiras de navegantes do século XVII.

78 BIOLOGIA E BIODIVERSIDADE | Educação a Distância


UNIDADE III

PRINCIPAIS AMEAÇAS À DIVERSIDADE


BIOLÓGICA
Professora Me. Lilian Capelari Soares

Objetivos de Aprendizagem

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os seus três principais fatores: destruição, degradação e fragmentação de habitat.

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o declínio da biodiversidade.

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consequências.

Plano de Estudo

A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:

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INTRODUÇÃO

Olá aluno! Na terceira unidade deste material você encontrará explicações para compreender
quais as principais ameaças à biodiversidade, dentre elas, encontram-se a degradação,
a fragmentação e a destruição de habitats. Será possível assim analisar e reconhecer as
ferramentas e os métodos utilizados para tratar desses problemas, tendo em vista que as
áreas protegidas são as principais estratégias para a conservação da biodiversidade.

A fragmentação de habitat é a principal ameaça às espécies, e refere-se ao fracionamento de


um habitat contínuo em uma matriz complexa de manchas de habitat em meio a uma paisagem
dominada pela atividade humana. Exemplo: construção de ferrovias; pontes; estradas;
linhas de transmissão. Já a degradação refere-se às mudanças que reduzem a qualidade
do habitat para muitas, mas não para todas as espécies. Exemplo: remoção da cobertura
vegetal; os Agroecossistemas (atividades do agronegócio, por exemplo, as monoculturas);
empobrecimento do solo (queimada, lixiviação); erosão; poluição sonora.

Espécies invasoras, superexploração e mudanças climáticas também contribuem com o


declínio da diversidade.

Nesta etapa você entenderá a importância da colaboração de toda a população para se chegar
a planos de manejos efetivos, bem como que humanos são partes integrais do ecossistema, e
planos de conservação incluem o bem-estar econômico e social.

BIOLOGIA E BIODIVERSIDADE | Educação a Distância 81


AMEAÇAS À BIODIVERSIDADE: DESTRUIÇÃO, DEGRADAÇÃO
E FRAGMENTAÇÃO DE HABITAT

Fonte: PHOTOS.COM

Compreender as ameaças que envolvem perdas na biodiversidade é o primeiro passo para


reverter a situação. As principais ameças à biodiversidade são a perda e a degradação de
habitats, as espécies invasoras e a sobre-exploração.

Em qualquer caso, são múltiplos os fatores que contribuem para o declínio de uma espécie e
sua extinção. Por exemplo, a morte do último íbex-dos-pirineus (Capra pyrenaica pyrenaica)
ocorreu no ano de 2000 devido à queda de uma árvore. Essa cabra da montanha, endêmica
da Espanha e França, era abundante no século XIV, mas seus números decaíram rapidamente
devido à caça, mudanças climáticas, doenças e competições com o rebanho domesticado
e com animais não nativos (CAIN; BOWMAN; HACKER, 2011). Durante o século passado,
aproximadamente 40 animais de sua espécie foram contados, e os problemas de populações

82 BIOLOGIA E BIODIVERSIDADE | Educação a Distância


pequenas contribuíram com a extinção do íbex-dos-pirineus. Infelizmente esse cenário se
repete, no qual múltiplos tipos de ameaças que contribuem para o declínio e a extinção de um
táxon é comum.

Pare de prestar atenção em nosso material e pense um pouco em sua região, cidade, estado e
pergunte-se: “que espécies viviam aqui antes dessas fazendas, sítios, cidades estarem aqui?,
“Onde é que essas espécies nativas deste lugar vivem e como elas e seus descendentes se
deslocaram?” Compreendendo um pouquinho essas questões você irá se deparar com a fonte
da crise da biodiversidade: a pegada ecológica da humanidade sobre a Terra.

A Terra tem sido modificada cerca de 83% de sua superfície terrestre e uma única espécie,
Homo sapiens, se apropria de 10 a 15% da produção primária da Terra e se apropriou de 98%
onde trigo, milho e arroz podem ser cultivados (SANDERSON et al., 2002).

Mas afinal, o que é a pegada ecológica?

A expressão pegada ecológica é uma tradução do Inglês Ecological Footprint, que significa,
em termos de divulgação ecológica, a quantidade de terra e água que seria necessário para
sustentar as gerações atuais, tendo em conta todos os recursos materiais e energéticos gastos
por uma determinada população.

O termo foi primeiramente usado em 1992 por William Rees, um ecologista e professor
canadiano da Universidade de Colúmbia Britânica. A pegada ecológica é usada ao redor
do globo como um indicador de sustentabilidade ambiental. Pode ser usado para medir e
gerenciar o uso de recursos por meio da economia. É comumente usado para explorar a
sustentabilidade do estilo de vida de indivíduos, produtos e serviços, organizações, setores
industriais, vizinhanças, cidades, regiões e nações.

Desta maneira, pode-se dizer que a pegada ecológica é o fator que mais contribui para o
declínio global da biodiversidade. Existem áreas de extrema influência humana como, por
exemplo, as áreas urbanas e os campos cultivados, e áreas de moderada influência humana,

BIOLOGIA E BIODIVERSIDADE | Educação a Distância 83


tais como os desertos e as florestas boreais. Assim, não é para menos considerar que o
trabalho de conservação da biodiversidade do planeta esteja voltado para a degradação,
fragmentação e perda de habitat. Mas qual o significado de cada ação?

- Degradação de habitat: refere-se às mudanças que reduzem a qualidade do habitat para


muitas, mas não para todas as espécies. Exemplo: remoção da cobertura vegetal; os Agro-
ecossistemas (atividades do agronegócios, por exemplo, as monoculturas); empobreci-
mento do solo (queimada, lixiviação); erosão; poluição sonora.

Fonte: SHUTTERSTOCK.COM

Figura 10 - Degradação de habitat

Figura 11 - Degradação de habitat

Fonte: <http://naturlink.sapo.pt/Investigacao/Projectos/content/Reproduzir-para-Preservar-Conservacao-de-
Especies-Piscicolas-Ameacadas?viewall=true&print=true>.Projectos/content/Reproduzir-para-Preservar-
Conservacao-de-Especies-Piscicolas-Ameacadas?viewall=true&print=true>.

84 BIOLOGIA E BIODIVERSIDADE | Educação a Distância


- Fragmentação de habitat: refere-se ao fracionamento de um habitat contínuo em uma
matriz complexa de manchas de habitat em meio a uma paisagem dominada pela atividade
humana. Exemplo: construção de ferrovias, pontes, estradas, linhas de transmissão.

Figura 12 - Fragmentação de habitat

Fonte: <http://www.ufz.de/index.php?en=19148>.

Figura 13 - Fragmentação de habitat

Fonte: <http://www.canalciencia.ibict.br/pesquisa/0130-Efeitos-fragmentacao-Cerrado-sobre-
biodiversidade.html>.

- Perda de habitat>'$#B#$#+0#'N'/!*5#$06!'1#&*2)25%'1#',-'#/!0020)#-%'.%$%'!,)$%',)2:21%1#A'
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mercúrio).

BIOLOGIA E BIODIVERSIDADE | Educação a Distância 85


Um exemplo clássico de perda de habitat é o que ocorre na Mata Atlântica de nosso país,
é uma floresta úmida tropical que retém muitas espécies endêmicas, devido ao isolamento
da floresta amazônica por milhões de anos. Das 904 espécies de mamíferos da América do
Sul, 73 são endêmicas dessa floresta e 25 estão ameaçadas de extinção. A sua localização
também coincide com 70% da população humana. Em consequência, mais de 92% desse
habitat tem sido desmatado para dar espaço à agricultura e ao desenvolvimeto urbano, e o que
resta tem sido fragmentado, ameaçando muitas espécies (CAIN; BOWMAN; HACKER, 2011).
Mas afinal, quão grave tem sido a perda de habitat para a perda da biodiversidade?

Brooks et al., (1999) fizeram a seguinte questão: por que não há registro de extinção de
pássaros para essa região? Eles também ofereceram três possibilidades, as quais também
podem ser aplicadas aos padrões biológicos de outros sistemas. Primeiro, as aves podem
estar se adaptando a habitar fragmentos das florestas. Segundo, as espécies vulneráveis
podem ter sido extintas antes de serem conhecidas pelos pesquisadores. Terceiro, o tempo
da defasagem entre o desmatamento e a extinção ainda não tenha ocorrido, embora, talvez
ainda não tenha ocorrido extinções, as populações têm sido reduzidas a tal ponto que as aves
não são mais capazes de manter suas populações. A menos que medidas drásticas sejam
tomadas, essas espécies estão condenadas ao desaparecimento.

A degradação de habitat é ainda mais ampla que a perda do mesmo, e seus efeitos apenas
começaram a ser estudados e esclarecidos pelos pesquisadores da área. Essa degradação
tem diversas causas e toma muitas formas, por exemplo, na Península do Sinai, no Egito,
Attum et al. (2006) compararam habitat de dunas degradados por pastejo, colheita de
vegetação e agricultura em pequena escala com habitat não degradado. A degradação reduziu
a porcentagem da cobertura de plantas e a altura da vegetação. Comunidades de lagartos
desse habitat declinaram em decorrência da degradação, havia menos indívíduos, bem como
menos diversidade de espécies nos habitats degradados.

86 BIOLOGIA E BIODIVERSIDADE | Educação a Distância


ESPÉCIES INVASORAS: GRANDE AMEAÇA À BIODIVERSIDADE

Um outro fator importante que leva ao declínio da biodiversidade é a mudança nos ambientes
bióticos que resulta das espécies invasoras, como já debatemos na unidade anterior, que são
espécies não nativas e introduzidas que sustentam populações crescentes e têm grandes
efeitos sobre as comunidades. De acordo com MacDonald et al. (1989), mundialmente, 20%
dos vertebrados ameaçados, particularmente aqueles de ilhas, estão em perigo devido à
presença de espécies invasoras em seus habitats.

Espécies invasoras são um motivo particular para preocupação onde elas se estabelecem,
pois competem, predam ou mudam o ambiente físico das espécies nativas em perigo. Um
exemplo clássico é o efeito do molusco mexilhão-zebra (Dreissena polymorpha) sobre as
espécies de moluscos da América do Norte. Conforme discorre Cain, Bowman e Hacker (2011),
a América do Norte é o centro da diversidade de mexilhões de água doce, com 297 espécies,
cerca de um terço de todas as espécies existentes no mundo. Antes da invasão do mexilhão-
zebra, no final da década de 1980, a conservação dos mexilhões dulciaquícolas (dependentes
de água doce) já era uma preocupação. A maioria dessas espécies está globalmente em
risco, muitas são endêmicas e portanto, naturalmente raras, e todas estão ameaçadas pelo
comprometimento da qualidade da água doce e canalização dos rios. A competição com o
mexilhão-zebra trouxe sérios declínios às populações dulciaquícolas, de 60 a 90%, incluindo
algumas extinções regionais. Ainda não contém dados se a invasão levará algumas espécies
à completa extinção (PIVELLO, s/a).

Em muitos ecossistemas, a degradação do habitat após a fragmentação tem aumentado


a vulnerabilidade à invasão por espécies não nativas, o que por sua vez pode conduzir a
consequências que degradem ainda mais o ecossistema, como descreve Cabin et al. (2000), no
Havaí tem sido reduzida a 90% desde a colonização humana e esse ecossistema abriga mais
de 25% das plantas ameaçadas de extinção, e a adição da planta invasora Capim-do-texas
(Pennisetum setaceum) piorou a situação, além da competição e desalojamento das plantas

BIOLOGIA E BIODIVERSIDADE | Educação a Distância 87


locais, ela tem aumentado a frequência do fogo nesse ecossistema. A presença de animais
pastejadores, tanto selvagem como domesticados, facilita a invasão da gramínea Capim-do-
texas. A remoção da planta invasora e a exclusão do gado têm permitido a recuperação de
várias plantas raras, mas essas medidas não são exequíveis em ampla escala.

Um outro exemplo de desalojamento de espécies nativas pela introdução de plantas invasoras


ocorre na África, a introdução da perca-do-nilo (Lates niloticus) no lago Vitória, tem provocado
um drástico efeito negativo na abundância de peixes ciclídeos, família frequentemente usada
como radiação adaptativa. Historicamente, mais de 500 espécies de ciclídeos tinham sido
registradas, das quais muitas eram endêmicas no lago. A perca-do-nilo, um peixe preferido
na pesca esportiva, foi introduzido na década de 50, com abundância relativamente baixa.
Após cerca de 15 anos, suas populações começaram a crescer substancialmente, coincidindo
com o declínio na abundância e diversidade de ciclídeos. É incerto o número de espécies de
ciclídeos extintas, mas ultrapassa 200. Antes da introdução, a espécie nativa perfazia cerca
de 80% da biomassa do lago. Como na maioria dos casos, mais de um fator está ocasionando
o decréscimo dos ciclídeos, mas é garantido que a poluição e sobre-pesca ampliaram o efeito
negativo da predação pela peca-do-nilo (CAIN; BOWMAN; HACKER, 2011; PIVELLO, s/a).

Controlar ou erradicar as espécies invasoras é difícil, trabalhoso e caro, mas às vezes pode ser
justificado no interesse de proteger a economia ou cultural, importantes espécies nativas ou
os próprios recursos naturais. Os prejuízos podem ser vistos numericamente: 5% da economia
global é gasta para combater os prejuízos ocasionados pelas espécies invasoras, sendo 6
bilhões gastos apenas com pragas invasoras que afetam nossa agricultura, assim, a melhor
forma de combater essa ameaça é previni-la por meio de cuidados como triagem do material
biológico nas fronteiras internacionais, mas uma vez inseridas no ambiente, as ações para o
seu controle devem ser postas em práticas imediatamente; vigilâncias constantes e rápidas
ações são essencias para minimizar os seus efeitos.

88 BIOLOGIA E BIODIVERSIDADE | Educação a Distância


A superexploração de espécies e sua relação com o declínio da biodiversidade

Fonte: SHUTTERSTOCK.COM
A maior parte da população urbana põe em suas mesas alimentos industrializados, advindos
de supermercados, mas para muitas pessoas, essa alimentação vem diretamente dos recursos
naturais, o problema está diretamente relacionado com o aumento da população. Conforme
esse número cresce, o ambiente natural encolhe e a colheita de muitas espécies silvestres que
compunha a mesa de vários cidadãos tem se tornado insustentável. Assim, a superexploração
está contribuindo para o risco de extinção de muitas espécies, incluindo aves, mamíferos,
peixes e até mesmo os répteis e uma gama de plantas. Uma provável extinção de um primata,
o macaco-colobo-vermelho-de-miss-waldron (Procolobus badius waldroni), endêmica de
Gana e da Costa do Marfin, avistada pela última vez na década de 70, foi ocasionada pela
superexploração (OATES et al., 2000).

BIOLOGIA E BIODIVERSIDADE | Educação a Distância 89


Fonte: SHUTTERSTOCK.COM
É interessante como as florestas parecem sadias nas imagens dos satélites, mas na verdade
essas florestas estão cada vez mais desprovidas de espécies faunísticas e florísticas. As
consequências ecológicas da perda de frugívoros e predadores do topo da cadeia nessas
comunidades tem sido examinadas em apenas poucas espécies e em poucos locais, mas,
como temos visto, é provável que sejam importantes. O aumento da acessibilidade às
florestas, à medida que estradas são construídas através delas, facilita a sobrecolheita da
vida selvagem, assim como a ampla disponibilidade de armas. A enorme quantidade de carne
de caça retirada das florestas é decepcionante. Wilkie e Carpenter (1999) calcularam que
13 milhões de mamíferos são mortos por ano na floresta Amazônica por caçadores rurais.
Estima-se que no oeste e no centro da África, um milhão de toneladas de animais da floresta
seja tomado anualmente como alimento.

O desenvolvimento urbano em áreas costeiras está aumentando rapidamente e o estudo prevê


que 91% de todas as costas estarão habitadas até 2050, contribuindo para mais de 80% de
toda a poluição marinha. O aumento da carga de sedimentos e nutrientes, por desmatamento
e esgotos in natura diminuirão consideravelmente a resistência dos recifes de coral. Os efeitos
da poluição são agravados pela destruição de manguezais e de outros habitats devido à
expansão da ocupação das áreas costeiras.

90 BIOLOGIA E BIODIVERSIDADE | Educação a Distância


A superexploração da pesca e a pesca de arrasto também possuem grande impacto sobre
os ecossistemas marinhos. A superexploração faz com que sejam pescadas 2,5 vezes a
quantidade sustentável e que 80% das espécies com interesse econômico já são pescadas
além da capacidade de reposição. Para cada tonelada de peixe apanhado pelos arrastões, 1
a 4 toneladas de outras vidas marinhas são trazidas a bordo, alguns organismos conseguem
sobreviver a essa experiência e serem liberados de volta ao mar, mas a maioria são alvos
da captura acessória. Esse tipo de captura, proeminente de espécies alvos da conservação,
como mamíferos marinhos, aves marinhas e tartarugas marinhas, tem recebido especial
atenção dos gestores em pesca e em alguns casos, as perdas têm sido reduzidas por meio
de mudanças nos equipamentos de pesca. Mas a preocupação sobre os efeitos ecológicos
da mortalidade desnecessária dessas espécies nas teias alimentares marinhas tem crescido
muito. Além disso, arrastões profundos e sucessivos em áreas próximas da costa têm afetado
espécies bênticas como corais e esponjas, e consequentemente, degradado o habitat de
muitas outras espécies (CAIN; BOWMAN; HACKER, 2011).

A sobrecolheita seletiva de outros recursos, tais como madeira, fibras, medicamentos e óleos
tem levado muitas espécies ao estado de ameça. Por exemplo, as três espécies existentes de
mogno (Swietenia spp) estão em perigo de extinção tanto pela superexploração como pela
degradação e perda de habitat. Muitas espécies de palmeiras utilizadas na fabricação de móveis
como, por exemplo, o junco (rattan), demandam preocupação quanto à sua conservação. O
interesse por plantas medicinais também tem aumentado muito e tem ameaçado a população
silvestre de muitas ervas medicinais e de espécies da fauna que dependem da existência
dessas ervas.

Quando alguma espécie possui valor comercial reconhecido, é provável que venha a ser
superexplorada e a melhor maneira para proteger as espécies dessa ameaça é determinar
os níveis de coletas que seriam biologicamente sustentáveis e estabelecer um mecanismo
regulatório para permitir somente esses níveis aceitáveis de coleta. Algumas espécies podem
ser mantidas pelo desenvolvimento de sistemas para propagá-las em cativeiro, embora

BIOLOGIA E BIODIVERSIDADE | Educação a Distância 91


pessoas oblíquas, que as coletam diretamente da natureza, sempre são economicamente
recompensadas.

Poluição, mudanças climáticas e doenças enfraquecem a variabilidade de espécies

Fonte: SHUTTERSTOCK.COM
Fatores como: mudanças climáticas, poluição do ar, da água e doenças são fatores que
contribuem fortemente com a eliminação de muitas populações de espécies. Presenciamos,
quase anualmente, o surgimento de novas doenças e a passagem delas, de animais domésticos
para animais silvestres. Os efeitos desses fatores exacerbam o declínio de espécies já
reduzidas em números pela perda de habitat ou superexploração.

Os poluentes estão presentes no ar, na água, na terra e contribuem para a degradação dos
habitats e com a perda de biodiversidade onde estão presentes em níveis que causam estresse
fisiológico.

Conforme menciona Cain, Bowman e Hacker (2011), uma emergente ameaça de poluição é
o crescimento das concentrações de contaminantes persistentes que desregulam o sistema
endócrino. Os poluentes orgânicos persistentes, tais como DDT; BPCs; organofosforados

92 BIOLOGIA E BIODIVERSIDADE | Educação a Distância


provenientes de agrotóxicos, acabam em teias alimentares marinhas, nas quais são
bioacumulados e biomagnificados, particularmente em predadores do topo da cadeia, entre
eles o homem. Nos últimos 40 anos, o número de produtos químicos encontrados, número
de animais afetados e as concentrações encontradas em mamíferos marinhos dessas
substâncias, têm aumentado signicativamente conforme assevera Tanabe (2002), tais como
as orcas da Colúmbia Britânica e as baleias-à-prova-de-fogo, devido ao alto nível de éter
difenílico encontrado em seus corpos. Esses desreguladores endócrinos interferem na
reprodução, no desenvolvimento neurológico e na função imunológica dos mamíferos. De
acordo com observações feitas por Roos (2006), no ameaçado esturjão-pálido (Scaphirhyncus
albus), os desreguladores endocrínos interferem na reprodução transformando machos em
fêmeas. Infelizmente, esses indicativos, para espécies com problemas de baixa população não
melhoram a perspectiva dessa espécie para o futuro.

De acordo com as impressões deixadas pelos seres humanos e há pouco tempo esclarecidas
pelos pesquisadores, a distribuição das espécies em locais de maiores altitudes ou mais
elevadas, possuem diferenças em seu estado de conservação devido ao clima. Por exemplo,
a extinção do sapo-dourado (Bufo periglenes), ex-habitante das florestas nebulares da Costa
Rica, tem sido atribuída, em partes, às mudanças no regime do nevoeiro, devido às alterações
climáticas. Calcula-se que o contínuo aquecimento global resultará em mudanças ecológicas
e consequentemente, estresse fisiológico adicional, do qual implicará em extinções locais e
globais.

A grande preocupação dos pesquisadores é a possibilidade do ritmo do aquecimento exceder


a capacidade das espécies migrarem para novos locais ou de se adaptarem às condições
extremas/alteradas. Outro risco é de que as áreas de proteção, atualmente estabelecidas,
demonstram ser menos eficientes ao longo do tempo, à medida que seus ambientes se tornam
menos adequados para as espécies que vivem ali.

BIOLOGIA E BIODIVERSIDADE | Educação a Distância 93


MUDANÇA CLIMÁTICA GLOBAL

Fonte: SHUTTERSTOCK.COM
A Terra está aquecendo em uma escala sem precedentes devido à emissão de gases e ao
efeito estufa. As mudanças climáticas, particularmente mudanças nas frequências de eventos
extremos, como secas prolongadas, tempestades violentas ou temperaturas extremamente
baixas ou altas, terão profundos efeitos sobre os padrões e processos ecológicos. Por serem
distúrbios que resultam em mortalidades significantes dentro das populações, esses eventos
são cruciais na determinação da distribuição geográfica das espécies e também de sua
biodiversidade.

Quando nos referimos ao tempo, estamos mencionando o estado atual da atmosfera ao nosso
redor, num dado tempo, incluindo temperatura, umidade, nebulosidade e precipitação. Já o
clima é a descrição, a longo prazo do tempo, incluindo as condições médias e uma gama
de variações. A variação climática ocorre em uma multiciplidade de escala no tempo, desde
mudanças diárias associadas ao aquecimento solar e ao resfriamento noturno, até mudanças
sazonais associadas à inclinação do eixo da Terra. As mudanças climáticas referem-se às

94 BIOLOGIA E BIODIVERSIDADE | Educação a Distância


mudanças no clima ao longo de um período de diversas décadas. Por meio de registros,
monitoramento e pesquisas climáticas, especialistas em processos atmosféricos concluíram
que a Terra vem sofrendo constantes mudanças em seu clima (IPCC, 2007). Durante o
século XX, a temperatura do globo aumentou 0,6°C , com a maior mudança tendo ocorrido
nos últimos 50 anos. Essa rápida ascensão de temperatura global não tem precedentes nos
últimos 10.000 anos, embora essas mudanças de temperatura possam ter ocorrido no início e
no fim das eras glaciais.

Conforme descreve o Climate Change – IPCC (2007), a década de 90 foi a mais quente dos
últimos 1.000 anos, e 2005 foi o ano mais quente em cem anos. Associados a essa tendência
de aquecimento, tem havido recuo generalizado das geleiras nas montanhas, redução na
espessura da capa de gelo polar e derretimento do permafrost (solo congelado), além da
elevação do nível do mar, cerca de 15 cm desde 1900. Com todas essas mudanças drásticas
no habitat de várias espécies, o declínio e a biodiversidade de diversas populações tornam-se
ameaçadas.

As mudanças climáticas têm sido heterogêneas em diferentes regiões do globo, algumas partes
estão aquecendo, outras não apresentam mudanças e algumas estão resfriando. A tendência
ao aquecimento global tem sido mais significativa nas médias e altas latitudes do hemisfério
Norte. Mudanças no regime de chuvas também é frequente, existe uma maior precipitação
nas porções continentais de altas latitudes do hemisfério Norte e áreas secas nos trópicos e
subtrópicos. Também tem havido tendência de maiores frequências de tempestades, furacões
como, por exemplo, o Katrina em 2005, Tsunamis, como o ocorrido no nordeste do Japão,
secas e extremos de altas temperaturas.

Mas qual o real significado das mudanças climáticas para as comunidades biológicas? Para
termos noção de como as mudanças climáticas possuem real significado, compararemos a
variação climática e sua relação com a elevação de montanhas.

BIOLOGIA E BIODIVERSIDADE | Educação a Distância 95


Tomamos como valor médio de mudança de temperatura 2,9°C, que corresponde a
500 metros de mudanças na altitude. Em montanhas rochosas, essa alteração no clima
corresponderia a uma mudança total na zona de vegetação, de floresta subalpina (dominada
por abertos) para florestas Montana (domina pelo pinheiro-ponderosa). Assim, se assumirmos
um acompanhamento preciso da mudança climática pela vegetação atual, essa alteração no
clima durante o século XXI resultará numa elevação das zonas de vegetação de 200 a 860
metros (CAIN, BOWMAN; HACKER, 2011). Sabemos que as comunidades biológicas são
estruturadas por uma multiplicidade de fatores, incluindo clima, bem como a interação entre
várias espécies e a dinâmica de sucessão. Infelizmente o que os pesquisadores preveem, é
que as mudanças climáticas vindouras serão rápidas em relação às mudanças climáticas que
moldaram as atuais comunidades biológicas, é improvável que as mesmas associações de
organismos formem comunidades no futuro.

Registros paleoecológicos de comunidades biológicas reforçam a sugestão de que uma nova


comunidade possa emergir com a mudança climática, mostrando que algumas comunidades
do passado eram bem diferentes das atuais. Overpeck et al. (1992) verificaram que não
somente os tipos de comunidades têm feito mudanças latitudinais, bem como comunidades
sem análogos modernos existiram sob regimes climáticos únicos que não ocorrem mais. E
ainda concluíram que o futuro das associações vegetais deve seguir tendências similares,
levando em conta a previsão de um rápido aumento na taxa de aquecimento global e o
potencial para o surgimento de padrões climáticos únicos e sem análogos no presente.

Como as mudanças climáticas continuarão relativamente rápidas, é provável que as respostas


evolutivas não sejam possíveis para a maioria das plantas e animais, e, portanto, a dispersão
possa ser o único modo para eles evitarem a extinção. Suas taxas de dispersão e as barreiras
associadas à fragmentação de habitats provocada pelo ser humano são importantes restrições
em sua resposta à mudança climática. Para a maioria dos animais, a mobilidade não é um
problema, mas suas exigências de habitat e alimentos estão intimamente associadas a um tipo
de vegetação específica.

96 BIOLOGIA E BIODIVERSIDADE | Educação a Distância


Fonte: SHUTTERSTOCK.COM
Para as plantas, a taxa da dispersão para possível reprodução é relativamente baixa em
relação à velocidade das mudanças climáticas, assim, para controlar e manter as espécies,
é necessário que as espécies vegetais movam-se de 5 a 10 km por ano. As espécies, cuja
dispersão é feita por animais, é que conseguem estabelecer populações viáveis e crescer
até a sua maturidade reprodutiva, em um tempo relativamente curto podem ser capazes
de dispersar suficientemente rápido para manter o ritmo com a mudança climática. Porém,
esse tipo de dispersão e desenvolvimento é comum em plantas herbáceas ruderais (ervas
daninhas). Arbustos e árvores têm taxas de dispersão muito mais lentas, e como resultados,
pode haver espaços temporais significativos em sua resposta à mudança climática. Além
disso, as barreiras à dispersão podem impedir organismos de todos os tipos de migrarem em
resposta à alteração no clima. As represas, por exemplo, podem impedir que os peixes se
desloquem para águas com temperaturas mais amenas. A fragmentação de habitats devido ao
desenvolvimento humano pode se constituir em obstáculo à dispersão de algumas espécies.
Sem os corredores de dispersão, as espécies enfrentam maior probabilidade de extinção de
sua população local face às alterações climáticas (CAIN; BOWMAN; HACKER, 2011).

BIOLOGIA E BIODIVERSIDADE | Educação a Distância 97


Respostas ecológicas às mudanças climáticas

Fonte: SHUTTERSTOCK.COM
Diversas mudanças ambientais físicas ocorreram simultaneamente, incluindo a retração das
geleiras, intensificação do derretimento do gelo marítimo e aumento do nível do mar. Perante
esses fatos, inúmeros registros de mudanças biológicas são consistentes com o aquecimento
global. Essas mudanças incluem antecipações nas migrações de pássaros, assim como
antecipações no rebrote da vegetação na primavera (WALTHER, 2002).

Grabherr et al. (1994) investigaram a flora de plantas vasculares encontradas em cume de


montanhas nos Alpes europeus e acompanharam a composição de espécies com registros
do século XVIII e do início do século XIX. Eles verificaram uma tendência consistente a um
movimento de escalada de espécies, de áreas baixas para o cume das montanhas. Parmesan
(1999) também pesquisou e registrou mudanças nas escalas de distribuição de espécies de
borboletas não migratórias na Europa. Das 35 espécies examinadas, 63% tinham mudado

98 BIOLOGIA E BIODIVERSIDADE | Educação a Distância


sua distribuição rumo ao norte, enquanto somente 3% se direcionavam ao sul. Assim, estima-
se que 279 espécies de plantas e animais tenham demonstrado deslocamento geográfico
consistente com as recentes mudanças climáticas.

Animais migratórios também podem sofrer com mudanças climáticas. Espécies marinhas
migratórias, incluindo baleias e peixes, podem ser forçadas a longas jornadas devido a
mudanças substanciais nas distribuição de suas presas, devido ao aumento de temperatura
nos oceanos. Algumas aves migratórias da Inglaterra e América do Norte têm chegado ao
seu local de nidificação até três semanas antes do período observado há 30 anos, devido
às temperaturas mais quentes na primavera e ao rápido derretimento das neves. No entanto,
espécies-presa como plantas e animais invertebrados têm respondido mais rapidamente às
mudanças climáticas do que os pássaros migratórios, resultando no desequilíbrio entre a
chegada das aves e a disponibilidade de presas. Em contrapartida, estações reprodutivas
mais longas podem aumentar o número de descendentes produzidos por algumas espécies
de aves, particularmente em ecossistemas de altas latitudes.

Cain, Bowman e Hacker (2011) descrevem que as alterações na composição das comunidades,
bem como extinções locais de espécies, também podem ser indicadores de mudanças
climáticas. Esses efeitos podem ser particularmente evidentes em algumas espécies marinhas
não móveis como, por exemplo, os corais. Esses organismos são sensíveis às mudanças
de temperatura na água, temperaturas quentes podem matar as algas simbiontes dos
corais resultando no branqueamento dos recifes de corais. Desde 1980, diversos eventos
de branqueamento têm ocorrido ao redor do mundo em associação à temperatura acima da
média da superfície marinha. Em 1988, um dos mais quentes já registrados, 16% dos recifes
de coral em torno do globo sofreram branqueamento (WALTHER, 2002).

Mudanças na abundância de foraminíferos marinhos, um tipo de zooplâncton, também


refletem a tendência ao aquecimento global. Os foraminídeos têm conchas características
que lhes permitem ser identificados no sedimento marinho. Núcleos coletados de sendimentos
bentônicos podem ser examinados para determinar as mudanças na composição das
espécies de foraminídeos ao longo do tempo. Uma vez que a tolerâcia ambiental de diferentes
espécies é conhecida, mudanças nas abundâncias de espécies de foraminídeos fornecem
um meio de reconstrução dos ambientes marinhos passados. A partir de meados da década
de 70, no leste do oceâno Pacífico Norte, ocorreu um aumento de espécies de foraminídeos
tropicais e subtropicais e um decréscimo na temperatura e nas espécies polares, indicando um

BIOLOGIA E BIODIVERSIDADE | Educação a Distância 99


aquecimento naquelas águas oceânicas. Os indicadores biológicos das mudanças climáticas
são diversos e aumentam com o passar do tempo. Experimentos, modelagens e comparações
com registros históricos e paleoecológicos têm nos dado pistas de como a biota da Terra
responderá às mudanças climáticas. No entanto, ainda existem incertezas substânciais na
previsão das respostas biológicas às mudanças climáticas, muitas delas associadas com
outras mudanças ambientais simultâneas.

Figura 14 - Espécies de foraminíferos

Fonte: <http://www2.igc.usp.br/micropaleo/laboratorio.htm>.

100 BIOLOGIA E BIODIVERSIDADE | Educação a Distância


Doenças que enfraquecem a biodiversidade

Cain, Bowman e Hacker (2011) discutem que as doenças também têm contribuído para o
declínio de muitas espécies em perigo. O declínio final para a extinção do lobo-da-tasmânia
(Thylacinus cynocephalus), nos anos 30, foi precipitado por uma doença indeterminada, e
agora o diabo-da-tasmânia (Sarcophilus harrissi) também corre risco de extinção devido à
propagação de um tipo de tumor facial.

Nas pradarias da América do Norte, continente ameaçado pelo furão-pata-negra (Mustela


nigripes) tem sido exacerbado pela cinomose (WOODDROFFE, 1999). Zoológos têm
constatado novas doenças infectando espécies selvagens. Parvovirose canina, por exemplo,
surgiu como uma mutação do vírus da panleucopenis encontrado em felinos e posteriormente
espalhou-se entre as espécies caninas de todo o mundo. O aumento de contato de animais
silvestres com animais domésticos tem contribuído muito para o cruzamento de doenças, tais
como a raiva e a peste bovina. O aumento da mortalidade a partir dessas doenças pode afetar
negativamente as populações tanto selvagem quanto domésticas de organismos ameaçados.

A revista Nature, edição de Abril 2012, publicou que a perda das espécies em um ambiente pode
aumentar a propagação e incidência de infecções na região, incluindo as doenças que afetam
os seres humanos. Tais pesquisadores analisaram vários estudos publicados nos últimos
cinco anos, estudaram 12 doenças distintas em ecossistemas de todo o planeta. Em todos os
casos, foi percebida uma maior prevalência de doenças conforme a perda da biodiversidade.
Em três episódios semelhantes, por exemplo, foi visto que a redução da diversidade de
pequenos mamíferos em determinada área aumentava a prevalência da hantavirose (doença
que pode ser fatal para os humanos) em até 14%. Em outro caso, três investigações distintas
encontraram fortes ligações entre a baixa diversidade de aves e o aumento da incidência de
encefalite no Nilo Ocidental, nos Estados Unidos.

BIOLOGIA E BIODIVERSIDADE | Educação a Distância 101


Fonte: SHUTTERSTOCK.COM
De acordo com estudos, as comunidades com baixa diversidade de pássaros foram dominadas
por espécies suscetíveis ao vírus, o que induziu a altas taxas de infecção em mosquitos e
pessoas. Em contrapartida, as comunidades que possuíam uma maior variedade de aves
continham muitas espécies que não foram boas hospedeiras do vírus.

As causas desse efeito ainda não foram concluídas, mas a especulação gira em torno do fato
de que as espécies mais propensas a controlar doenças, como aquelas que possuem um
menor índice de reprodução ou possuem sistemas imunológicos mais fortes, são as primeiras
a serem afetadas pela perda da biodiversidade, enquanto que os animais hospedeiros de
doenças são os que costumam sobreviver a essa perda (FISHER et al., 2012).

Os pesquisadores analisaram como a biodiversidade afeta o aparecimento de novos patógenos


por meio de resultados diversos. Em um complexo estudo, concluiu-se que a probabilidade
de patógenos saltarem de animais selvagens para o homem é superior em áreas ricas em
biodiversidade. A biodiversidade pode ser a fonte de novas doenças, mas uma vez que a
doença surge, quanto maior biodiversidade, maior é a proteção. A equipe descobriu que quase
a metade das novas doenças estavam ligadas às mudanças no uso da terra pelos humanos

102 BIOLOGIA E BIODIVERSIDADE | Educação a Distância


e a práticas de produção agrícola e alimentar, o que aumenta o contato entre as pessoas e
a vida selvagem. Portanto, preservar o máximo possível áreas intactas e minimizar o contato
com animais selvagens seria um grande passo a caminho da redução das doenças.

Fragmentação de habitat e suas consequências

A paisagem é uma área em que ao menos um elemento é especialmente heterogêneo. A


ecologia de paisagem investiga padrões espaciais e suas relações com as mudanças
ecológicas. As paisagens podem ser heterogêneas tanto por sua composição, quanto pelo
modo com que seus elementos estão arranjados. Os ecólogos e pesquisadores da área
chamam essa combinação de elementos heterogêneos de Mosaico.

Conforme discorre Cain, Bowman e Hacker (2011), os ecossistemas que formam as paisagens
são dinâmicos, os organismos interagem uns com os outros e essas interações podem ocorrer
pelo fluxo de água, da energia, dos nutrientes e dos poluentes. Também há o fluxo biótico
entre as manchas adjacentes do mosaico, à medida que os animais, sementes, pólen e
outros agentes biológicos se movem entre os fragmentos. Para que ocorra essa interação, as
manchas devem estar diretamente conectadas umas com as outras ou o habitat do entorno,
chamado de matriz, deve possibilitar a dispersão.

Para estudarmos ecologia de paisagem, devemos ter claro que a heterogeneidade é observada
na natureza em termos de composição e estrutura. A composição da paisagem refere-se aos
tipos de elementos ou de manchas em uma área natural, assim como o quanto de cada tipo
se faz presente. Por exemplo, em um estudo realizado por Tinker et al. (2003) no Parque
Nacional de Yellowstone, os pesquisadores envolvidos designaram cinco diferentes classes
etárias de floresta de pinheiros. A composição foi quantificada pela contagem dos tipos de
elementos presentes na área. Já quando percebemos que uma área é mais fragmentada que
a outra, estamos nos referindo à estrutura da paisagem, ou à configuração física dos diferentes
elementos constituintes.

BIOLOGIA E BIODIVERSIDADE | Educação a Distância 103


Fragmento
Matiz 1
Matiz 2
Corredor

Figura 15 - Fragmentação de habitat

Fonte: Cain, Bowman e Hacker, (2011).

Os padrões de paisagens afetam os processos ecológicos

A configuração espacial dos elementos da paisagem exerce importante papel na dinâmica


ecológica. Ela pode influenciar, por exemplo, como os animais se movimentam, as taxas
de polinização, disperção e predação. Henry et al. (2007) estudaram na Guiana Francesa a
movimentação do morcego frugívoro (Rhinophylla pumilio) em uma floresta tropical seguida de
fragmentação causada pela construção de uma barragem. Utilizando técnicas que quantificam
o grau de conectividade da paisagem nos pontos amostrais, os pesquisadores concluíram que
a conectividade era um fator determinante para a densidade de morcegos. Fragmentos de
habitat mais isolados tinham menor probabilidade de serem visitados pelos morcegos, mesmo
se tivessem abundantes estoques do recurso. Entende-se que a estrutura da paisagem afeta
o comportamento forrageiro dos morcegos e consequentemente, os padrões de dispersão das
plantas das quais se alimentam os morcegos.

As ciclagens biogeoquímicas também são moduladas pelo padrão de paisagem. Existem


indicações de que hotspots biogeoquímicos cujas taxas de reações químicas são maiores

104 BIOLOGIA E BIODIVERSIDADE | Educação a Distância


do que nos ambientes do entorno. De acordo com Cain, Bowman e Hacker (2011), a água
possui papel fundamental nessa variação, uma vez que a água e o ecossistema terrestre
são locais típicos de altas taxas de rotatividade/troca biogeoquímica, mas outros fatores de
também podem influenciar.

Estudos realizado por Weathers et al. (2001), demonstram que acréscimos de enxofre, cálcio
e nitrogênio oriundo de deposição atmosférica eram maiores nas bordas das florestas em
relação ao seu interior, basicamente em decorrência da maior interceptação de partículas
aéreas pelas copas mais densas das árvores e da maior complexidade física encontrada
nas bordas florestais. Assim, as florestas fragmentadas próximas a áreas urbanas podem
ser significativamente influenciadas por entradas de poluentes e nutrientes; também há
implicações na dinâmica de micro-organismos do solo, no crescimento da vegetação e nas
comunidades de animais nas bordas destes fragmentos. Em geral, os fragmentos de paisagens
variam em qualidade de habitat e em disponibilidade de recursos. Essa variação pode afetar a
densidade populacional das espécies que habitam cada mancha, o tempo em que os animais
permanecem forrageando a mancha e o deslocamento dos organismos entre as manchas.

As fronteiras das manchas, as conexões entre os fragmentos e a matriz entre os fragmentos


também podem afetar a dinâmica populacional, tanto dentro como entre as manchas. Estudos
realizados por Schtickzelle e Baguette (2003), com padrões de deslocamento da borboleta
Proclossiana eunomia entre fragmentos da paisagem na Bélgica, indicaram que os locais nos
quais essas espécies habitam estavam agregados aos fragmentos. As fêmeas atravessavam
de um fragmento para o outro. Já ambientes em que a fragmentação era maior e havia uma
distância maior para atravessar, as borboletas hesitavam mais em deixar a mancha.

O formato e a orientação dos elementos da paisagem também podem ser importantes na


intercepção física dos organismos e serem funcionais na determinação das espécies.
Gutzwiller e Anderson (1992) constataram que aves em época reprodutiva na rota migratória
para o norte estavam mais propensas a nidificar nos fragmentos florestais orientados em um
eixo leste-oeste nas pradarias de Wyoming, de tal forma que o fragmento de habitat viesse a

BIOLOGIA E BIODIVERSIDADE | Educação a Distância 105


atuar efetivamente como uma rede, interceptando as aves quando migram para o norte. Os
pesquisadores não verificaram essa associação em espécies de pássaros residentes.

Nesse caso, a estrutura da paisagem determina em parte a composição das espécies da


comunidade das aves. Interações entre padrões da paisagem e processos ecológicos são
recíprocas. Os processos ecológicos são regulados pelos padrões de paisagem, como
acabamos de ver com pesquisas feitas por Gutzwiller e Anderson no ano de 1992, mas os
padrões de paisagem podem ser resultados dos processos ecológicos, como quando grandes
mamíferos moldam a paisagem na qual vivem. Um exemplo para essa questão é o efeito que o
alce (Alces alces) ocasiona em seu ambiente. A alta taxa de consumo desses animais diminui
a produção primária líquida do ecossistema, não apenas pela remoção de biomassa, mas
também indiretamente pela alteração nas taxas de mineralização do nitrogênio e das taxas de
decomposição das folhas. Ao pastar, o alce modifica a composição das árvores encontradas
na paisagem como, por exemplo, o espruce, e por sua vez, o espruce determina as taxas dos
processos biogeoquímicos (PASTOR et al., 1988). Como verificamos no exemplo, os alces
respondem à paisagem e concomitantemente atuam como seus modificadores, ou seja, os
padrões de paisagem interagem com os distúrbios de larga escala.

Podemos perceber que o distúrbio contido em determinados ambientes tanto cria


heterogeneidade da paisagem quanto responde a ela. Assim, as paisagens são dinâmicas e
as mudanças ocorridas no ecossistema algumas vezes são catastróficas, tais como grandes
queimadas nas florestas e pradarias; enchentes nos sistemas fluviais, as quais ocasionam
acréscimo do sedimento, e outras mudanças mais lentas, como a mudança climática e a
movimentação dos continentes.

Com o aumento da pegada ecológica, o tipo e a extensão dos níveis de distúrbios na paisagem
foram alterados, alguns locais estão mais sujeitos aos distúrbios humanos do que os outros.
Os primeiros povoados se fixaram e desbravaram áreas com os solos mais férteis para a
agricultura. Atraídos para áreas portuárias, sujeitaram os ecossistemas desses locais aos
primeiros distúrbios. Áreas próximas às aldeias tiveram a madeira extraída, foram convertidas
em lavouras e sofreram com a caça mais cedo do que as áreas restantes. Esses padrões
de distúrbio continuam interferindo na biodiversidade atual, mesmo depois dos povoamentos
terem abandonado as terras e que elas tenham voltado a ser floresta.

106 BIOLOGIA E BIODIVERSIDADE | Educação a Distância


Perda da Biodiversidade já ameaça a Economia

Corais estariam entre os ecossistemas mais ameaçados de extinção.


A destruição de ecossistemas da Terra deve começar a afetar economias de vários países nos próxi-
mos anos, de acordo com um relatório da Organização das Nações Unidas (ONU). O Terceiro Pano-
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vários ecossistemas podem estar próximos de sofrer mudanças irreversíveis, tornando-se cada vez
menos úteis à humanidade. Entre estas mudanças, segundo o relatório da ONU estariam o desapare-
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trilhões, um número muito maior que os prejuízos causados pela recente crise econômica mundial.
O cálculo foi feito com base nos valores estipulados em um projeto chamado Economia dos Ecos-
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água e do ar, a proteção de regiões litorâneas de tempestades e a manutenção da natureza para o
ecoturismo. “Muitas economias continuam cegas ao enorme valor da diversidade de animais, plan-
tas e outras formas de vida e ao seu papel no funcionamento de ecossistemas saudáveis”, disse o
diretor-executivo do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), Achim Steiner. “A
humanidade criou a ilusão de que, de alguma forma, é possível se virar sem biodiversidade, ou de que
isso é periférico no mundo contemporâneo”, disse ele.
“Na verdade, precisamos dela mais do que nunca em um planeta com seis bilhões de pessoas indo a
nove bilhões em 2050”.
Segundo a ONU, quanto maior for a degradação dos ecossistemas, maior será o risco de que elas
percam grande parte de sua utilidade prática para o homem.

BIOLOGIA E BIODIVERSIDADE | Educação a Distância 107


Exemplo brasileiro
A Amazônia é citada como um dos ecossistemas ameaçados de atingir o chamado “ponto sem volta”,
mesmo com a recente diminuição nas taxas de desmatamento e com o plano de redução do desmata-
mento, que prevê a redução de 80% até 2020 em relação à média registrada entre 96 e 2005.
d'$#:%)9$2!'1%'dfg'/2)%',-'#0),1!'/!!$1#*%1!'.#:!'T%*/!'X,*12%:'O,#'%&'$-%'O,#'0#'%'E-% j*2%'
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desaparecimento agravado por problemas como mudanças climáticas, queimadas e incêndios. O re-
latório ressalta que o plano brasileiro deixaria o desmatamento acumulado muito próximo de 20% da
cobertura original.
No entanto, o Brasil também é citado como exemplo no que diz respeito à criação de áreas de pro-
teção ambiental. “Alguns poucos países tiveram uma contribuição desproporcional para a expansão
da rede global de áreas protegidas (que, segundo o relatório cresceu 57%): dos 700 mil quilômetros
O,%1$%1!0')$%*0B!$-%1!0'#-'I$#%0'1#'.$!)#J6!'1#01#'FGGe('O,%0#')$40'O,%$)!0'&'/%-'*!'T$%02:('#-'
grande parte, resultado do Programa de Áreas Protegidas da Amazônia (Arpa)”.
Na Convenção sobre Diversidade Biológica (CBD, na sigla em inglês), no mês passado, cientistas
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de biodiversidade até 2010. “Não são boas notícias”, disse o secretário-executivo da CBD, Ahmed
Djoglaf. “Continuamos a perder biodiversidade em um ritmo nunca visto antes na História. As taxas de
extinção podem estar até mil vezes acima da taxa histórica”.
Metas fracassadas
A ONU diz ainda que a variedade de vertebrados no planeta – uma categoria que abrange mamíferos,
répteis, pássaros, anfíbios e peixes – caiu cerca de um terço entre 1970 e 2006. A meta de redução
de perda de biodiversidade foi acertada durante uma reunião em Johanesburgo, na África do Sul, em
2002. No entanto, já se sabia que seria difícil mantê-la.
A surpresa do relatório GBO-3 é que outras 21 metas subsidiárias tampouco serão cumpridas global-
mente. Entre elas, estão a redução da perda e degradação de habitats, a proteção de pelo menos 10%
das regiões ecológicas do planeta, controle da disseminação de espécies invasivas e a prevenção
de extinção de espécies devido ao comércio internacional. Um sinal claro do fracasso registrado no
$#:%)9$2!'K'O,#'*#*<,-'1!0'.%M0#0'#*5!:521!0'/!*0#",2$I'%)2*"2$')!1%0'%0'-#)%0'%)K'!'&'-'1!'%*!A
Fonte: <http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2010/05/100510_naturezaeconomiaebc.shtml>.
Acesso em: 30 maio 2012.

108 BIOLOGIA E BIODIVERSIDADE | Educação a Distância


Fragmentação de habitat

A fragmentação de habitat diminui a área de habitat de todas as espécies, isola populações


e altera as condições nas bordas dos habitats. Ecólogos entedem a fragmentação de habitat
como uma das principais e mais relevantes mudanças na paisagem da Terra. Quando
grandes áreas de habitat são inundadas pela construção de barragens, divididas por estradas,
desmatadas ou convertidas em áreas de uso antrópico, diversas alterações são percebidas na
paisagem e nas espécies que lá se desenvolvem.

Conforme discorre Cain, Bowman e Hacker (2011), a primeira modificação é a simples


perda de área de habitat viável. Reduções na área de habitats apropriados disponíveis têm
contribuído para o declínio de milhares de espécies, como, por exemplo, a do pica-pau-do-
topete-vermelho, como já citado anteriormente. A segunda alteração vem com a divisão dos
habitats remanescentes em manchas cada vez menores, cada vez mais suscetíveis aos
efeitos da borda. A terceira é que a fragmentação isola populações especialmente, tornando-
as vulneráveis aos problemas de pequenas populações.

Nesta mesma linha, Haddad (2000, p.131) discute que:


São reconhecidos como componentes da paisagem fragmentada: a matriz, componente
mais extenso da paisagem, altamente conectado, que controla a dinâmica regional, ou
seja, uma plantação de soja, pinheiro ou pasto, dentre outras, ou mesmo a mancha
urbana, no caso de cidades; fragmentos, remanescentes do habitat original, agora
reorganizado espacialmente em manchas menores e de menor área total, que
apresentam certo grau de isolamento entre si; e os corredores, que vêm a ser unidades
que diferem da matriz e conectam os fragmentos.

O processo de fragmentação de habitat pode ocorrer ao longo de muitas décadas. Um padrão


típico começa com o desmatamento de uma floresta, ampliando aos poucos até que apenas
fragmentos de habitats isolados permaneçam. Estradas são típicas catalisadoras de conversão
de habitat, ainda que o acesso dos humanos pelos rios também possa acelerar o processo
de desmatamento. Os principais agentes de fragmentação de habitats são: a conversão de

BIOLOGIA E BIODIVERSIDADE | Educação a Distância 109


terras para a agricultura e a expansão urbana. Felizmente, a fragmentação de habitat é um
processo reversível, por exemplo, no nordeste dos Estados Unidos, as florestas estão muito
mais extensas que há um século atrás, contudo, a tendência mundial é a perda das malhas
florestais e aumento da fragmentação em florestas, campos e ecossistemas.

Quando um habitat é fragmentado, algumas espécies tornam-se localmente extintas dentro


de muitos dos fragmentos. Há um grande número de razões para isso ocorrer, tais como:
a inadequação de recursos alimentares, locais de nidificação e abrigos nos fragmentos
pode forçar os animais a forragear em áreas maiores do que seus locais específicos, em
habitats inalterados. Mutualismos podem ser rompidos se, por exemplo, o polinizador vier a
desaparecer, ou se os fungos micorrízicos não conseguirem permanecer em um fragmento.
A biologia da reprodução pode ser alterada, por exemplo, alguns fragmentos podem não ter
os microambientes necessários para a germinação de plantas. Para exemplicar, no lago Guri,
a eliminação de predadores de topo pode resultar em herbivoria excessiva, impossibilitando
a regeneração da comunidade de plantas. No entanto, a extinção local pode ser evitada;
algumas espécies prosperam nas condições alteradas pela fragmentação.

A fragmentação frequentemente leva à perda de predadores de topo, dando origem a efeitos


em cascata, algumas vezes com consequências drásticas para a comunidade renascente,
como a que ocorre no lago Guri. Um exemplo claro, com implicações à saúde humana, é
o crescente risco da doença de Lyme como resultado da fragmentação no nordeste dos
Estados Unidos. Allan et al. (2003) descobriram que no vale de Hudson em Nova York,
fragmentos florestais de menos de dois hectares contêm populações altas de ratos-de-patas-
brancas (Peromyscus leucopus), uma vez que esses fragmentos não sustentam populações
significativas de predadores e que os ratos possuem poucos competidores nesses locais.
Por sua vez, ratos-de-patas-brancas são os principais hospedeiros de Borrelia burgdorferi, a
bactéria que causa a doença de Lyme. Carrapatos são os vetores dessa doença. As ninfas
desses carrapatos são significativamente mais propensas a transmitir a doença e também a
ocorrer em densidades mais altas do que em fragmentos florestais maiores. Esse aumento

110 BIOLOGIA E BIODIVERSIDADE | Educação a Distância


no risco da infecção de humanos pela doença de Lyme é o resultado do empobrecimento de
fragmentos de habitat.

A matriz entre os fragmentos de habitat possuem diferentes permeabilidades

Os modelos para paisagem fragmentada são derivados da biogeografia de ilhas, e os fragmetos


de habitat são representados como ilhas isoladas em um “mar” de matriz inadequada, assim
como as ilhas literalmente são. Conforme discorre Langone (2007), quando trata-se de ilhas
com matriz oceânica, essa matriz representa um habitat desfavorável para a fauna e para
a flora dessas ilhas. Já quando as ilhas são fragmentos de floresta, nem sempre a matriz é
oceânica, por sua vez, o habitat pode ser mais ou menos inóspito, dependendo assim, do
organismo avaliado.

Temos como exemplo estudos realizados por Arnold et al. (1993), que pesquisaram os
movimentos do Wallroo (Macropus robustus), um marsupial do mesmo gênero que o canguru,
entre os fragmentos de uma matriz de campo de trigo. Eles descobriram que essa espécie
habitava grandes fragmentos de habitat e tendiam a permanecer nos mesmos locais, embora
o machos jovens se dispersassem para fragmentos menores a pouca distância do seu local
de nascimento. Onde a paisagem caracterizava-se por agrupamentos de fragmentos menores,
os animais se deslocavam mais prontamente entre os fragmentos, utilizando corredores de
vegetação natural ao longo das estradas ou pequenas manchas de habitats próximas para os
deslocamentos.

Vandemeer (2001) diz que a qualidade da matriz modifica-se nos ambientes terrestres e
dependendo do que o compõe (agricultura, residências, pastejo), a composição das espécies
dos habitats fragmentados também é influenciada, alterando assim as taxas de migração, a
dispersão e a qualidade de extensão dos efeitos de borda. Neste contexto, Lagnone (2007)
aborda que a qualidade da matriz também afeta os padrões de ocupação dos fragmentos,
representando um fator determinante, por exemplo, para várias espécies de mamíferos. Desta
forma, a dinâmica das populações será distinta de acordo com o tipo de matriz circundante.

BIOLOGIA E BIODIVERSIDADE | Educação a Distância 111


Outra questão abordada neste contexto é a permeabilidade da matriz, da qual é crucial
para determinar a conectividade entre os fragmentos. A ocorrência de estruturas de habitat
similares entre o fragmento e a matriz, aumenta a conectividade entre os remanescentes,
assim, os remascentes florestais que possuem campos ou banhados, tendem a sofrer maiores
alterações do que os fragmentos com matrizes representadas por plantações de Pinus ou
Eucalyptus (LAGNONE, 2007).

Há um crescente reconhecimento de que paisagens fragmentadas sejam mais complexas


do que os modelos de ilhas podem sugerir. A matriz pode ser mais permeável em certos
graus e formar um mosaico com tipos diferentes de fragmentos, dos quais alguns são mais
permeáveis do que os outros. Castellón e Sieving (2006) pesquisaram a dispersão de um
pássaro insetívoro da América do Sul, o chucao-tapaculo (Scelorchilus rubecula). Eles
concluíram que as aves que habitavam fragmentos circundados por pastagens, relutavam
muito mais em deixar o fragmento à procura de áreas mais preservadas do que as aves que
tinham um caminho como arbustos entre os fragmentos ou até mesmo um corredor florestal.
Estudo semelhante foi realizado com roedores da Mata Atlântica, em que algumas espécies
deslocaram-se pela matriz, enquanto outras espécies foram mais hesitantes em atravessar
locais não framiliarizados (PARDINI, 2004).

Assim, verificamos que a permeabilidade da matriz depende do tipo da espécie existente no


fragmento.

O EFEITO DE BORDA

Quando um habitat conservado é fragmentado, uma fronteira abrupta é criada entre dois
tipos de manchas distintas. A extensão dessa fronteira, ou borda, cresce com o aumento
da fragmentação. Assim, efeito de borda depende do tamanho e da forma dos fragmentos
florestais. É menor em remanescentes maiores e com forma mais próxima de circular. Como
o efeito de borda pode atingir, em uma generalização grosseira, 100 metros mata adentro,

112 BIOLOGIA E BIODIVERSIDADE | Educação a Distância


remanescentes com menos de 100m de largura ou diâmetro podem ser "inteiramente borda",
e requerem técnicas de conservação mais complicadas.

Os efeitos de borda são as variadas mudanças bióticas e abióticas associadas a essa fronteira.
O resultado da formação do efeito de borda é a modificação na condição física do ambiente
em certa distância rumo ao interior do fragmento remanescente, podendo levar a mudanças
nas interações biológicas e nos processos ecológicos. Por exemplo, como demonstra a figura
16, os dois tipos de ambientes, a floresta e a área aberta, se influenciam mutuamente, em
uma certa medida. Se nas plantações agrícolas o ambiente estiver ensolarado e quente, basta
aproximar-se da mata para experimentar um ambiente gradativamente mais fresco e sombrio,
até o interior da floresta. As áreas da floresta perto da borda com o exterior acabam ficando
mais iluminadas, mais quentes e mais secas. E as espécies da floresta respondem de várias
maneiras a este fenômeno. Algumas não suportam a baixa umidade, por exemplo, mas outras
acabam por se beneficiar, como algumas espécies de cipós. Com isso, o equilíbrio natural fica
comprometido, podendo haver perda de espécies.

Efeito de borda Borda da floresta


Invasão de besouros adaptados
a áreas com distúrbios
Aumento da mortalidade
de árvores
Diminuição da umidade relativa Essas modificações
Após o desmatamento, abióticas geram outras
a temperatura do ar
Diminuição da umidade do solo mudanças,como a chega
aumenta até 65m rumo de plantas adaptadas
ao interior do fragmento a área com distúrbio e
Aumento da temperatura do ar florestal remanescente. aumentonas taxas de
Invasão de plantas adaptadas mortalidadede árvores.
a áreas com distúrbios
Distância da penetração dos efeitos
de borda floresta adentro (m)

Figura 16 - Efeito de borda

Fonte: Cain, Bowman e Hacker (2011)

BIOLOGIA E BIODIVERSIDADE | Educação a Distância 113


O curso dessas mudanças ocorre ao longo do tempo, assim, existe como separar as
respostas primárias à fragmentação e à formação a borda e das respostas secundárias, que
se desenvolvem posteriormente (CAIN; BOWMAN; HACKER, 2011).

Os efeitos na borda das florestas também são ilustrados por meio de estudos com microclimas
de 10 a 15 anos após o desmatamento de uma antiga floresta no noroeste do Pacífico. De
acordo com Chen et al. (1995), as bordas eram caracterizadas por temperaturas mais altas,
maior velocidade do vento e maior penetração da luz. Os extremos da temperatura diurna
também eram maiores nas bordas, pois mais calor era irradiado da borda da floresta durante
a noite. As consequências bióticas, causadas pelas modificações abióticas incluem: maior
taxa de composição, mais árvores derrubadas pelo vento, como consequência, mais restos
de madeira no solo da floresta e uma sobrevivência diferenciada das plântulas de algumas
espécies de árvores em detrimento de outras.

Cain, Bouwman e Hacker (2011) descrevem que os habitats de borda podem servir tanto de
barreiras como de facilitadores de dispersão. Novas interações entre espécies podem se
estabelecer na junção entre dois ambientes. Algumas espécies podem ser beneficiadas pelo
forrageio em um habitat e pela reprodução em outro. Porém, Fagan et al. (1999), indica que
espécies invasoras são mais abundantes em habitats de borda, e a dinâmica pode ser alterada
para muitas espécies nativas.
Fonte: SHUTTERSTOCK.COM

114 BIOLOGIA E BIODIVERSIDADE | Educação a Distância


Para os pássaros, existe um menor sucesso reprodutivo para aqueles que nidificam perto
de habitats de borda, devido à maior taxa de predação dos ovos por predadores medianos/
maiores como, por exemplo, raposas, corvos, doninhas, assim como maiores taxas de
parasitismo de ninhos por chupins. Johnson e Temple (1990) estudaram o sucesso reprodutivo
de cinco espécies de aves que nidificavam junto ao solo nas padrarias de Wisconsin. Eles
concluíram que a proximidade das padrarias com a borda de uma área florestal aumentava
significativamente a probabilidade da predação dos ninhos por predadores de porte médio e
do parasitismo por chupins, diminuindo assim o sucesso reprodutivo. Alguns pesquisadores
como Batiin (2004) e Paton (1994) têm caracterizado as bordas como “armadilhas biológicas”
pelo risco aumentado que algumas espécies encontram nesses locais.

Espécies que vivem próximas de habitats de borda também precisam lidar com os crescentes
riscos causados pela atividade humana. Espécies vulneráveis à caça, ao corte seletivo de
madeira ou pela extração, têm se tornado cada vez mais raras após a criação da borda.
Animais pastejadores e domesticados, como cães e gatos, podem penetrar nos fragmentos
e afetar negativamente os animais selvagens. Como resultados destes processos, temos as
alterações da biota dos fragmentos, com consequências potenciais de longa duração.

Diante do que já foi exposto, pode-se dizer que a fragmentação altera o processo evolutivo das
espécies faunísticas e florísticas envolvidas. Em muitos casos, a fragmentação aumenta a taxa
de endocruzamento e de deriva genética, alterando o regime de seleção para aquelas espécies
confinadas nos fragmentos. Para ilustrar esse fato, Keller e Largiardèr (2003) encontraram
significativa diferenciação genética na população de um besouro de solo incapaz de voar
(Carabus violaceus) que havia sido isolado por estradas, em especial uma autoestrada.

As populações de plantas também ficam fragilizadas quando tornam-se menores e isoladas;


as chances de polinizadores, transmissores de patógenos, herbívoros, dispersores e
competidores tende a diminuir, gerando consequências evolutivas. Pesquisadores como
Barbour e Litvaitis (1993) estudaram que o sistema reprodutivo de animais e os níveis de
sobrevivência também podem ser alterados em pequenos fragmentos. Em Nova Hampshire,
coelhos rabo-de-algodão, em pequenos fragmentos de habitat tiveram maior proporção de
machos e maior taxa de mortalidade do que esses coelhos em habitats maiores, dois fatores
que influenciariam o processo de seleção.

A substituição da vegetação nativa por áreas de pasto, monoculturas e culturas de subsistência,

BIOLOGIA E BIODIVERSIDADE | Educação a Distância 115


implica na perda contínua e irreversível da biodiversidade, seja diretamente pela extinção de
espécies, ou pela perda da variabilidade genética das espécies ameaçadas de extinção.

CORREDORES ECOLÓGICOS: AUXÍLIO NA PRESERVAÇÃO DAS


ESPÉCIES DA BIODIVERSIDADE EM PAISAGENS FRAGMENTADAS

Os corredores de habitat, fragmentos lineares que conectam os blocos de habitat, têm se


tornado, segundo pesquisas, alvos do planejamento em áreas urbanas, suburbanas e rurais.
Ecólogos, especialistas em habitats fragmentados, afirmam que a fragmentação foi um
problema para os habitats, a conectividade entre eles seria a solução, assim, se as populações
estiverem em risco de isolamento, então temos que nos assegurar de que existam corredores
de habitat para conectá-las.

A função pretendida pelo corredor ecológico é prevenir o isolamento de populações em


fragmentos, mas estudos realizados por Tewkysbury (2002), demonstraram resultados
contrastantes. Testes foram realizados no laboratório florestal da Carolina do Sul, onde foram
montadas parcelas de habitats em estágio inicial de regeneração em uma matriz florestal de
pinheiros, algumas das quais conectadas por corredores, por meio desse modelo foi observado
o deslocamento de organismos entre as manchas. Os resultados demonstraram que de fato
os corredores servem para facilitar o deslocamento de organismos, tais como borboletas,
polens e frutos dispersos por aves. No entanto, Weldon (2006) não verificou benefícios nos
corredores, e outros ainda evidenciaram efeitos negativos, por exemplo, no mesmo sistema
experimental da Carolina do Sul, a predação de ninhos de azulão (Passerina cyanea) foi maior
em manchas conectadas por corredores. Também existem evidências de que os corredores
poderiam facilitar a movimentação de patógenos e de espécies invasoras.

116 BIOLOGIA E BIODIVERSIDADE | Educação a Distância


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@"#."D-&$)"$#3%$?3-3@%$.@&F$##G&1

Qual o papel do Gestor Ambiental perante Unidade de Conservação?


Por meio do Artigo Instrumentos de GestãoH$!&I,"J%$%#$.&##('"D#$?3IJK"#$)"$#3%$?3-3@%$.@&F$##G&$
em uma Área de Conservação, leia a seguir:
INSTRUMENTOS DE GESTÃO: OS PLANOS DE MANEJO
L#$.8%I&#$)"$5%I"M&$#G&$&#$)&!35"I-&#$&F$!D%D#$)"$.8%I"M%5"I-&$)%#$3ID)%)"#$)"$!&I#"@'%JG&$"$
todas devem possuir um. No entanto, muitas unidades de conservação no Brasil não possuem pla-
nos de manejo e por vezes chegam a existir por mais de uma década sem qualquer documento de
planejamento.
Naturalmente, os planos de manejo das unidades de conservação de proteção integral são distintos
daqueles das unidades de uso sustentável. O Ibama, órgão responsável pela gestão das unidades
de conservação até 2007, quando essa tarefa passou para as mãos do ICMBio, produziu roteiros
metodológicos visando a orientar a confecção dos planos de manejo de unidades de conservação de
proteção integral e de algumas categorias de uso sustentável.
No caso das unidades de proteção integral, segundo esse roteiro, os planos de manejo possuem os
seguintes objetivos:
1. Levar a unidade de conservação a cumprir com os objetivos estabelecidos na sua criação;
N1$ O"F$ID@$&4M"-D'&#$"#."!(F$!&#$)"$5%I"M&H$&@D"I-%I)&$%$9"#-G&$)%$3ID)%)"$)"$!&I#"@'%JG&P
3. Dotar a unidade de conservação de diretrizes para seu desenvolvimento;

BIOLOGIA E BIODIVERSIDADE | Educação a Distância 117


Q1$ O"FID@$%#$%JK"#$"#."!(F!%#$.%@%$&$5%I"M&$)%$3ID)%)"$)"$!&I#"@'%JG&P
5. Promover o manejo da unidade, orientado pelo conhecimento disponível ou gerado;
6. Estabelecer a diferenciação de intensidade de uso mediante zoneamento, visando à proteção de
seus recursos naturais e culturais;
7. Destacar a representatividade da unidade de conservação no SNUC frente aos atributos de valo-
@DR%JG&$)&#$#"3#$@"!3@#&#$!&5&*$4D&5%#H$!&I'"IJK"#$"$!"@-DF!%JK"#$DI-"@I%!D&I%D#P
S1$ T#-%4"8"!"@H$U3%I)&$!&34"@H$I&@5%#$"$%JK"#$"#."!(F!%#$'D#%I)&$%$!&5.%-D4D8DR%@$%$.@"#"IJ%$)%#$
populações residentes com os objetivos da unidade, até que seja possível sua indenização ou
compensação e sua realocação;
V1$ T#-%4"8"!"@$ I&@5%#$ "#."!(F!%#$ @"938%5"I-%I)&$ %$ &!3.%JG&$ "$ 3#&$ )&#$ @"!3@#&#$ )%$ R&I%$ )"$
amortecimento e dos corredores ecológicos, visando à proteção da unidade de conservação;
10. Promover a integração socioeconômica das comunidades do entorno com a unidade de conserva-
ção;
WW1$ L@D"I-%@$%$%.8D!%JG&$)&#$@"!3@#&#$FI%I!"D@&#$)"#-DI%)&#$E$3ID)%)"$)"$!&I#"@'%JG&1
O maior desafio dos planos de manejo é a necessidade de um planejamento a médio
prazo combinado com uma flexibilidade que permita a adaptação a circunstâncias que
se modificam continuamente. Os planos refletem a maneira de pensar dos gestores
das unidades de conservação: modelos de gestão excludentes ou inclusivos se
traduzem nos documentos de planejamento. O modelo excludente trata do manejo da
unidade sem a participação dos habitantes da região, enquanto no modelo inclusivo,
os interesses e o bem-estar das sociedades locais são peças chaves na gestão da
unidade.

118 BIOLOGIA E BIODIVERSIDADE | Educação a Distância


Apesar do modelo excludente ter tido êxito em algumas situações, o modelo inclusivo conta com
maiores possibilidades, a longo prazo, de garantir a integridade biológica das áreas protegidas. Assim,
para a formulação de um plano de manejo, de forma democrática e participativa, um dos primeiros
.%##&#$X$%$D)"I-DF!%JG&$)&#$%-&@"#$#&!D%D#$DI-"@"##%)&#1$Y3I-&$!&5$"##%$D)"I-DF!%JG&H$#3@9"5$'Z@D%#$
questões, como a da representação. Os interessados, em geral, possuem formas de representação,
organizando-se em grupos ou associações, porém muitos atores sociais relevantes não contam com
uma estrutura institucional para conduzir seus interesses. Além disso, a equitatividade das represen-
tações dos interessados é também fundamental. Paralelamente, surgem outras questões, como a
possibilidade de participação efetiva dos diversos atores, dadas as diferenças culturais e sociais dos
envolvidos. Infelizmente, não há receitas para lidar com essa situação, mas a preocupação e a sensi-
bilidade dos gestores para tais questões pode contribuir muito.
As reservas extrativistas e as reservas de desenvolvimento sustentável também devem ter planos de
manejo. Essas unidades são estabelecidas em função de uma solicitação formal dos moradores da
área. Para formalizar o pedido de transformação da área numa reserva extrativista ou numa reserva
de desenvolvimento sustentável, estes, de preferência organizados em uma entidade que os repre-
sente, devem apresentar entre outras informações, um plano de utilização da reserva. Veja mais a
respeito no quadro abaixo.
Plano de utilização de Resex e RDS
O plano deve conter os seguintes elementos:
Finalidades do plano: consiste em fazer uma breve descrição dos meios a utilizar para manter a re-
serva como unidade destinada à exploração auto-sustentável e à conservação dos recursos naturais
renováveis, pelos seus moradores;
Responsáveis pela execução do plano;
!"#$%#!&'#()*+),+-#-)!.)/+$#(".: ordenamento das intervenções do homem com os princípios a
serem respeitados, as atividades que podem ser realizadas, as atividades não permitidas e as quanti-
dades e formas de intervenção. As intervenções são divididas nas seguintes categorias:
- intervenções extrativistas e agro-pastorais: são as atividades que os moradores estão habituados
a realizar;
;$I&'%#$DI-"@'"IJK"#$I%$C&@"#-%*$#G&$%-D'D)%)"#$%$#"@"5$DI-@&)3RD)%#H$!&5&$%$"=-@%JG&$)"$I&'&#$
produtos;
- intervenções na fauna;
- intervenções nas áreas de uso comum;
O plano de uso será posteriormente absorvido pelo plano de manejo, na parte que trata das regras de
convivência e do Contrato de Concessão de Direito Real de Uso, etapa de regularização de ocupação

BIOLOGIA E BIODIVERSIDADE | Educação a Distância 119


da área. Depois da formalização da reserva, quer dizer, da aprovação do plano de utilização pelos
moradores e da assinatura do Contrato de Concessão de Direito Real de Uso, começam as atividades
de consolidação da reserva.
Para as reservas extrativistas e reservas de desenvolvimento sustentável também há um roteiro me-
todológico para a elaboração do plano de manejo. Esse roteiro prescreve, como no caso das unidades
de proteção integral, uma ampla caracterização ambiental, social, econômica e institucional da uni-
dade, bem como programas como o de sustentabilidade ambiental e socioeconômica, o de manejo
dos recursos naturais e cadeias produtivas e o de monitoramento e proteção ambiental. O plano de
manejo, no caso dessas categorias de reservas, deve ser aprovado pelo Conselho Deliberativo da
unidade. Trata-se de um coletivo, presidido pelo órgão responsável por sua administração e consti-
tuído por representantes de órgãos públicos, de organizações da sociedade civil e das comunidades
residentes na área.
Apesar da necessidade de um instrumento de planejamento para essas unidades, muitas críticas
foram feitas a esse roteiro, pois as informações compiladas não são as mais úteis para os verdadeiros
gestores das reservas extrativistas, seus moradores. Além disso, as comunidades das reservas são
apenas acessórias ao processo de confecção do plano de manejo, que funciona nos mesmos mol-
des do das unidades de proteção integral. Perde-se a oportunidade única de inovar, tanto na gestão
quanto nas alternativas de conservação, utilizando os conhecimentos das comunidades e na interface
entre os técnicos e os moradores.
O zoneamento da unidade de conservação
L$[\<]$!&I!"D-3%$R&I"%5"I-&$!&5&$%$^)"FIDJG&$)"$#"-&@"#$&3$R&I%#$"5$35%$3ID)%)"$)"$!&I#"@-
'%JG&$!&5$&4M"-D'&#$)"$5%I"M&$"$I&@5%#$"#."!(F!&#H$!&5$&$.@&._#D-&$)"$.@&.&@!D&I%@$&#$5"D&#$"$
as condições para que todos os objetivos da unidade possam ser alcançados de forma harmônica e
"F!%R`1$]&5&$%#$)D'"@#%#$!%-"9&@D%#$)"$3ID)%)"#$)"$!&I#"@'%JG&$.&##3"5$'Z@D&#$&4M"-D'&#H$&$R&I"-
amento é um importante instrumento no seu cumprimento.
Zonas apresentadas pelo Roteiro Metodológico para parques nacionais, reservas biológicas e
estações ecológicas
O Roteiro apresenta as seguintes zonas a serem consideradas no planejamento da unidade de con-
servação pertencente a essas categorias:
1) zona intangível: é aquela dedicada à proteção integral dos ecossistemas, dos
2) recursos genéticos e ao monitoramento ambiental;
3) zona primitiva: é aquela cujo objetivo é a preservação do ambiente natural e ao mesmo tempo, a
.@&5&JG&$)"$%-D'D)%)"#$)"$."#U3D#%$!D"I-(F!%$"$")3!%JG&$%54D"I-%8P
4) zona de uso extensivo: tem o objetivo de manter um ambiente natural com impacto humano míni-

120 BIOLOGIA E BIODIVERSIDADE | Educação a Distância


5&H$5%#$!&5$%!"##&$%&$.a48D!&$.%@%$F$I#$)"$@"!@"%JG&$"$")3!%JG&P
5) zona de uso intensivo: área onde concentra-se a infra-estrutura de visitação da unidade, como
centro de visitantes, museus e estabelecimento de serviços;
6) zona histórico-cultural: é aquela cujo objetivo é a proteção de sítios arqueológicos, paleontológicos
e históricos, de forma harmônica com a conservação ambiental;
7) zona de recuperação: é uma zona provisória cujo objetivo é a restauração das áreas degradadas.
Quando o objetivo é cumprido, a área passa a integrar uma outra zona;
8) zona de uso especial: área onde concentra-se a infra-estrutura administrativa da unidade;
Vb$ R&I%$)"$3#&$!&IC$D-%I-"*$"#.%J&#$!3M&#$3#&#H$"#-%4"8"!D)&#$%I-"#$)%$!@D%JG&$)%$3ID)%)"H$!&IC$D-%5$
com seus objetivos de conservação. São áreas ocupadas, em geral, por empreendimentos de
utilidade pública, como linhas de transmissão, oleodutos, antenas, barragens, estradas e cabos
óticos;
10) zona de ocupação temporária: áreas onde se concentram as populações residentes. Uma vez
essas populações reassentadas em outro local, essa área passa a uma outra zona;
11) zona de superposição indígena: áreas onde há terras indígenas, homologadas ou não, sobrepos-
tas à unidade de conservação. Nesse caso, o Roteiro recomenda uma negociação, caso a caso,
envolvendo o povo indígena, a Funai e o órgão ambiental;
WNb$R&I%$)"$DI-"@?"@cI!D%$"=."@D5"I-%8*$R&I%$"#."!(F$!%$.%@%$%#$"#-%JK"#$"!&8_9D!%#H$!&I#D#-"$"5$I&$
máximo 3% da unidade, não podendo superar 1.500 hectares. Seu objetivo é o desenvolvimento
de pesquisas comparativas em áreas protegidas.
Fonte: IBAMA, 2002. Roteiro metodológico de planejamento - parque nacional, reserva biológica,
estação ecológica. IBAMA, Brasília.

O zoneamento de uma unidade pode também ser um elemento de conflito. No caso das
unidades de proteção integral, onde há populações residentes ou usuárias de recursos naturais,
o zoneamento é chave para amenizar ou acirrar os conflitos pelo uso da biodiversidade. Há
ainda os casos de sobreposições de áreas protegidas, como unidades de conservação e/ou
com terras indígenas.

No caso das reservas extrativistas e das reservas de desenvolvimento sustentável, o

BIOLOGIA E BIODIVERSIDADE | Educação a Distância 121


zoneamento deve ser definido com as comunidades, procurando integrar os instrumentos
técnico-científicos disponíveis e o etnoconhecimento, de maneira a identificar a diversidade
dos ecossistemas, de espécies de flora e fauna presentes e as modificações existentes nas
paisagens naturais da área, descrevendo os possíveis usos e restrições para cada zona a
ser criada. Nem sempre isso é possível e o grande desafio é entender o zoneamento como
um documento dinâmico, um processo em transformação contínua, refletindo na medida do
possível, a dinâmica da própria natureza na área da reserva.

Disponível em: <http://uc.socioambiental.org/gest%C3%A3o/instrumentos-de-gest%C3%A3o>


Acesso em: 16 abr. 2012.

Estudo de caso 2
Lobos na paisagem de Yellowestone
Imagine que você percorreu, com raquetes e tênis apropriados para a neve, uma trilha até um refúgio
da vida silvestre na parte do norte do Parque Nacional de Yellowstone. Você tem seu binóculo aponta-
do para um bando de alces que atravessa um prado congelado, retirando a neve com os cascos para
alcançar tufos de gramas encobertas. De repente, você percebe alguns animais erguendo a cabeça e
dirigindo a atenção para o leste. Você olha para lá e visualiza uma alcateia de lobos se aproximando.
O bando de alces se reúne e começa a se mover, fugindo descampado abaixo. Um jovem macho em
5Z#$!&I)DJK"#$)"$#%a)"$F$!%$.%@%$-@Z#H$#".%@%;#"$)&$4%I)&$"$X$!"@!%)&$.&@$8&4&#$U3"$.38%$#&4@"$#"3#$
quartos traseiros e pescoço. Ele cai e logo é morto.
Em Yellowstone, essa predação é uma cena bem antiga e ocorre regularmente, pois os lobos hoje
reintroduzidos nas Montanhas Rochosas do norte em 1995 e 1996 depois de 70 anos de ausência têm
disponível para a caça um verdadeiro bufê de ungulados e outras presas. A reintrodução dos lobos
foi o resultado de anos de esforço em pesquisa e debates políticos acaloradamente contestados, com
objeções veementes de alguns moradores da região. Em uma década, as conseqüências ecológicas
dessa reintrodução se mostraram multifacetadas e profundas, e a opinião pública se tornou mais
favorável.
O grande ecossistema de Yellowstone (GYE) é uma área que simboliza a alma da América selvagem.

122 BIOLOGIA E BIODIVERSIDADE | Educação a Distância


d$%$5%D&@$Z@"%$)%$eD@9(ID%$)&$L"#-"H$"8"$%4@%I9"$)&D#$.%@U3"#$I%-3@%D#$"$#"-"$C$&@"#-%#$I%!D&I%D#H$
assim como outras terras privadas e públicas. A região é manejada ativamente por mais de 25 órgãos
federais e estaduais, além de corporações privadas, ONGs e donos de terras privadas.
As decisões sobre o uso desta terra e de seus recursos naturais são complexas e frequentemente
descoordenadas, mas analisadas em conjunto, essas decisões determinam qual espécie será ou não
sustentada pelo ecossistema.
Não o bastante, o GYE é visto como um dos ecossistemas mais intactos da América do Norte, com
sete espécies de ungulados nativos e cinco espécies de grandes carnívoros. Entender como essas
populações de predadores e presas interagem e os efeitos de seus números relativos no ecossistema
!&5&$35$-&)&$-"5$#D)&$35$)"#%F$&$!&I#-%I-"$.%@%$&#$."#U3D#%)&@"#$U3"$"#-3)%5$&$fgTH$.%@-D!38%@;
mente em uma época de gerenciamneto de populações selvagens.
Depois que os lobos foram erradicados em meados da década de 1920, havia a preocupação de que
os alces estivessem sobrepastejando os prados na parte norte do parque. As populações de alces
"@%5$ @"938%)%#$ )"#)"$ %$ )X!%)%$ )"$ WVNh$ %-X$ &#$ F$I#$ )%$ )X!%)%$ )"$ WVih$ .&@$ 5"D&$ )%$ @"-D@%)%$ )"$
animais para fazendas de alces e pelo descarte seletivo. Em 1968, uma nova política de regulação
natural foi implementada, e a população de alces quase quadruplicou em 30 anos, com subseqüente
supressão das plantas que eles consomem. A reintrodução de lobos não apenas reduziu a população
de alces, como também afetou a população de muitas outras espécies. Como?
Para começar a responder essa perguta, voltaremos à década de 1950, quando ecólogos percebe-
ram que os castores tinham tornado-se escassos no Parque Nacional de Yellowstone. Aos poucos, a
alta taxa de herbivoria por parte dos alces sobre os recursos preferenciais dos castores, salgueiros
e choupos, foi se tornando evidente. Porém, toda uma gama de outras espécies, dependente das
represas dos castores para sua própria persistência, e a abundância dessas espécies havia decaído
juntamente com a dos castores. A decisão de erradicar os lobos não previu essas mudanças ecoló-
gicas para o ecossistema de Yellowstone. Como os gestores podem tomar decisões que prevejam
conseqüências futuras?
Fonte: (CAIN; BOWMAN; HACKER, 2011, p.525)

BIOLOGIA E BIODIVERSIDADE | Educação a Distância 123


CONSIDERAÇÕES FINAIS

A paisagem é uma área heterogênea de terra composta por um mosaico dinâmico de


componentes distintos que interagem entre si pela troca de materiais, energia e organismos.
Elas são caracterizadas por sua composição, ou seja, os elementos que as constituem, assim
como a sua estrutura, o modo como esses elementos estão arranjados na paisagem. Os
padrões da paisagem regulam os processos ecológicos pela determinação de quão facilmente
os organismos conseguem se mover entre os elementos assim como pela regulação dos ciclos
biogeoquímicos. Os padrões da paisagem moldam e são moldados pelos distúrbios.

Os fragmentos de habitat são em geral biologicamente emprobecidos se comparados aos


habitats intactos de onde foram separados. Uma vez que um fragmento é isolado dos demais,
os organismos restantes podem ficar isolados ou aptos a atravessar uma matriz de certa
extensão. As bordas dos fragmentos de habitats possuem fatores abióticos e dinâmicas
demográficas diferentes das encontradas no interior do fragmento. O isolamento de populações
e as alterações nas comunidades biológicas resultantes da fragmentação modificam os
processos evolutivos.

A biodiversidade pode ser melhor preservada por grandes reservas conectadas por meio da
paisagem e protegidas de áreas de uso humano intenso. Assim, o manejo de ecossistemas
é um processo participativo, cuja meta principal é a manutenção da integridade ecológica a
longo prazo.

ATIVIDADE DE AUTOESTUDO
1) Quais as semelhanças entre ilhas de habitat terrestre resultantes de fragmentação com as
D8,%#$!D@!3I)%)%#$."8%$Z93%6$j3%D#$%#$)D?"@"IJ%#6$]&5&$&#$.@DI!(.D&#$)%$4D&9"&9@%F%$)"$
ilhas se aplicam às ilhas de fragmentos de habitat?

2) Os corredores são apenas manchas compridas e estreitas de habitats? Descreva as dife-


renças e as semelhanças do corredor com as manchas de habitat que ele une e destaque
as implicações aos organismos que o utilizam.

kb$ e&!c$%!,%$U3"$&#$!&@@")&@"#$#G&$4"IXF!&#6$ !,%$U3"$#G&$I"!"#Z@D&#6$B&@$U3c6

124 BIOLOGIA E BIODIVERSIDADE | Educação a Distância


Livro: Habitat Fragmentation and Landscape Change
Autor: David B. Lindenmayer; Joern Fischer
Editora: Island Press
Habitat Fragmentation and Landscape Change: An Ecological and Conservation Synthesis Paperback.
Lindenmayer, D.; Fischer, J. 2006. Neste livro, o autor fornece uma ampla cobertura sobre as causas e
consequências da fragmentação de habitat. A apresentação de mudanças ecossistêmicas, particular-
mente mudanças antropogênicas, e como elas afetam os organismos é clara e compreensiva.

Livro: Landscape Ecology in Theory and Practice


Autor: Monica Turner et al.
Editora: Springer – Verlag
Landscape Ecology in Theory and Practice : Pattern and Process / With CD-ROM Paperback. Turner,
M.; Gardner, R.H.; O’Neill, R.V. 2001. Esse livo nos traz uma clara e ampla abordagem da ciência e
dos métodos de ecologia de paisagem. O CD que acompanha o livro permite visualizar em detalhe
-&)%#$%#$F$93@%#1

BIOLOGIA E BIODIVERSIDADE | Educação a Distância 125


UNIDADE IV

CONSERVAÇÃO DE POPULAÇÕES E
COMUNIDADES
Professora Me. Lilian Capelari Soares

Objetivos de Aprendizagem

l$ TI-"I)"@$U3%D#$&#$.&##('"D#$5X-&)&#$)"$!&I#"@'%JG&$.&.38%!D&I%8$"$!&53ID-Z@D%1

l$ ]&5.@""I)"@$U3%D#$%#$)DF!38)%)"#$U3"$.&.38%JK"#$!&5$4%D=&$Ia5"@&$)"$DI)D'()3-
os passam.

l$ m)"I-DF!%@$%#$?&@5%#$"$&#$5X-&)&#$)"$!&I#"@'%JG&$"=D#-"I-"#1

Plano de Estudo

A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:

0) 1+!(#$%.&2+)*#)3+345.&2+)#)6+-4!7*.*#(

0) 8+345.&'#(9)+)3$+:5#-.)*#)3#;4#!.()3+345.&'#(

0) <:+$*.=#!()3.$.)6+!(#$%.&2+
INTRODUÇÃO

Caro aluno, aqui você encontrará uma breve discussão a respeito das populações. Assim,
população é um grupo de indivíduos da mesma espécie que vivem em uma área particular
e que interagem uns com os outros. Várias espécies possuem distribuição fragmentada
dentro de sua ocorrência geográfica, e a localização de indivíduos de uma determinada
população depende da localização dos recursos essenciais, da dispersão e das interações
comportamentais de cada espécie.

Compreender quais as dificuldades que populações com pequenas quantidades de indivíduos


apresentam é muito importante, uma vez que populações com o número reduzido de indivíduos
podem se extinguir apenas devido ao acaso se passarem por uma série de eventos muito ruins;
deriva genética e endocruzamento também representam problemas a esse tipo de população.

Para que essas populações não se extinguam facilmente, é necessário que se tenha técnicas
de manejos adequadas, pensando sempre na viabilidade populacional e em modelos
demográficos que agregam as características reais da população e de seu habitat. Estratégias
como conservação in situ e ex situ, são exemplos de manejos que podem ser adequados.

Estudar populações e comunidades não é uma tarefa fácil, porém é extremamente importante
e gratificante a conservação desses ecossistemas, tanto para manter a diversidade biológica
quanto para a conservação do meio em que vivemos.

CONSERVAÇÃO DE POPULAÇÃO E COMUNIDADES

A ciência e a ecologia têm muito a dizer acerca do desenvolvimento racional e do manejo do


mundo natural como um sistema sustentável e autorrestaurador. O que se tem acerca das
adaptações dos organismos, da dinâmica de populações e dos processos que ocorrem nos
ecossistemas sugerem linhas de conduta simples para a vida e harmonia com o mundo natural.

BIOLOGIA E BIODIVERSIDADE | Educação a Distância 129


Segundo Ricklefs (2003), os problemas ambientais não podem ser controlados enquanto
a população humana continuar a aumentar. Certamente a Terra poderia suportar muitos
indivíduos, mas a qualidade de vida seria drasticamente reduzida num curto prazo. Mesmo a
população humana não pode se manter numa base sustentável. A reflorestação não consegue
acompanhar o desmatamento de madeira, papel e combustível, e assim vastas quantidades de
florestas, antes não cortadas, estão sendo derrubadas a cada ano. Pesqueiros importantes do
hemisfério norte colapsaram e agora produzem somente uma fração da sua produção original.
Conforme a população humana cresce, esta demanda sobre o ambiente irá aumentar.

Fonte: SHUTTERSTOCK.COM

Os estudos de populações naturais mostram que seu controle depende de fatores que agem de
uma forma dependente da densidade; esses fatores, incluindo carência de alimentos, doenças,
predação e conflito social, reduzem a fecundidade, aumentam a mortalidade, ou ambas,
conforme as populações crescem. Se a população humana tivesse tais controles externos,
o preço e o sofrimento dos humanos seriam enormes. Assim, manter a qualidade individual
de vida em alto nível, demandará, acima de tudo, que nós seres humanos apresentemos uma

130 BIOLOGIA E BIODIVERSIDADE | Educação a Distância


restrição produtiva que desafia toda a história da evolução, durante a qual o ajustamento foi
medido em termos do sucesso reprodutivo mais do que da qualidade de vida. Somente uma
apreciação das consequências ambientais e economicamente negativas do superpovoamento
fará com que a humanidade valorize a experiência humana individual sobre os números de
descendentes, conforme os dois se tornarem progressivamente imcompatíveis.

Cain, Bowman e Hacker (2011) descrevem que o consumo individual de energia, recursos e
alimentos produzidos nos níveis trópicos mais altos deve ser reduzido. A Terra não poderia
sustentar a depleção de recursos de energia que resultaria, se todos consumissem nos níveis
agora exibidos pelos cidadãos, afluentes dos países desenvolvidos. A eficiência pode ser
aumentada e o consumo de supérfulos reduzido sem impactar o conforto ou o prazer da vida.
Cada espécime humano pode reduzir seu impacto comendo mais baixo na cadeia alimentar,
reduzindo o consumo de carne, por exemplo, investindo em tecnologias eficientes em energia
e recursos e vivendo mais próximo do equilíbrio com o mundo físico, por exemplo, baixando o
termostato no inverno e subindo no verão.

Embora seja inevitável que a maior parte do mundo passe à esfera da gestão humana, os
ecossistemas deveriam ser mantidos tão próximo de seus estados naturais quanto possível,
para manter os processos ecossistêmicos naturais intactos. Como regra geral, quanto menos
alteramos a natureza, mais fácil será sustentar o ambiente numa condição saudável. Por
exemplo, muitas áreas cobertas por florestas tropicais são inadequadas para pastagem e
agricultura, porque estas atividades prejudicam a regeneração natural dos nutrientes e fazem
com que os solos deteriorem. Estas áreas devem ser deixadas como reservas florestais ou
áreas de recreação, ou como lugares para exploração sustentável dos produtos da floresta.
Os desertos podem ser irrigados, e eles frequentemente se tornam tremendamente produtivos
para certos tipos de agricultura. Mas os custos para manter tais sistemas de manejáveis
podem se tornar extremamente altos, conforme o solo acumula sais da água da irrigação e
os aquíferos tornam-se deplecionados. Viver com a natureza é sempre preferível e menos
custoso do que ir contra ela.

BIOLOGIA E BIODIVERSIDADE | Educação a Distância 131


POPULAÇÕES

Fonte: SHUTTERSTOCK.COM
Uma população é um grupo de indivíduos da mesma espécie que vivem em uma área
particular e que interagem uns com os outros. Em uma população de lagartos que vivem e
deslocam-se dentro de uma pequena ilha, podemos mostrar a abundância populacional em
termos de tamanho populacional, o número de indivíduos da população, ou de densidade
populacional, ou seja, o número de indivíduos por unidade de área. Por exemplo, se existissem
2.500 lagartos em uma ilha de 20 hectares, o tamanho populacional seria 2.500 lagartos e a
densidade populacional seria de 125 lagartos por hectare (CAIN; BOWMAN; HACKER, 2011).

Em alguns casos, a área total ocupada por uma espécie não é conhecida, por exemplo,
quando pouco se sabe sobre quão longe um organismo de reprodução sexuada ou seus
gametas, no caso o pólen de uma planta, podem chegar. É difícil estimar a área em que
indivíduos se acasalam frequentemente representando assim uma única população. Para
espécies assexuadas, problemas semelhantes são encontrados quando tentamos estimar
a área em que interações ocorrem, exceto pelo endocruzamento. Quando a área ocupada
pela população não é totalmente conhecida, ecólogos e pesquisadores utilizam a melhor

132 BIOLOGIA E BIODIVERSIDADE | Educação a Distância


informação disponível sobre a biologia da espécie para delimitar uma área na qual o tamanho
e a densidade da população podem ser estimados.

O número de indivíduos de uma população muda com o tempo, isto é verdade se as abundâncias
forem medidas em escala espacial pequena, como o número de plantas encontradas em uma
área restrita ao longo de um rio, ou numa escala muito maior, como o número de bacalhaus
encontrados no norte do oceano Atlântico. Cain, Bowman e Hacker (2011) afirmam que em
qualquer momento abundâncias populacionais também diferem de um lugar para o outro.
Algumas populações diferem pouco em abundância no tempo e no espaço, outras mudam
consideravelmente.

Root e Cappuccino (1992) fizeram um estudo da abundância de 23 espécies de insetos


herbívoros que se alimentavam da erva-lanceta (Solidago altíssima). Eles estudaram esses
insetos por no mínimo seis anos consecutivos em cada um dos 22 pontos localizados na
região do lago Finger no estado de Nova Iorque. Esses locais não se distanciam um do outro
por mais de 75 km, portanto, em qualquer um dos anos pesquisados, todos os sítios tiveram,
a grosso modo, as mesmas condições climáticas. Entretanto, a abundância de insetos variou
consideravelmente de um lado para o outro e de um ano para o outro. Para algumas espécies,
como a mosca-da-galha-bola (Eurosta solidaginis), abundâncias variaram relativamente
pouco. O máximo de abundância alcançada em 6 anos variou entre os 22 locais estudados
0,5 insetos para 0,3 insetos. Abundâncias máximas alcançadas pelo besouro Trirhabda virgata
foi de 0,03 a 10,1 insetos.

Os organismos diferem muito nas suas capacidades de movimento. Nas plantas, por exemplo,
a dispersão ocorre quando a semente, que contém embrião de indivíduo de uma próxima
geração, se distância da planta parental. Ainda que eventos como tempestades possam
transportar sementes por longas distâncias, a distância de disperção das plantas é geralmente
pequena. Em alguns casos, as distâncias típicas de disperção são tão pequenas que fica
difícil interpretar como movimentação. Como exemplo, temos a planta arbórea Viola odorata
que possui no máximo 0,02m de movimentação. Quando distâncias típicas são pequenas,

BIOLOGIA E BIODIVERSIDADE | Educação a Distância 133


podemos esperar populações de indivíduos que interagem em áreas pequenas em vez de
em áreas grandes. Também temos como exemplo de dispersão algumas espéceis de baleias,
que viajam centenas de quilômetros em apenas um ano. Ao todo, a extensão espacial de
populações varia tremendamente, de pequenas em organismos que dispersam pouco, até
muito grande em espécies que viajam longas distâncias.

OS PROBLEMAS DE PEQUENAS POPULAÇÕES

Devido ao acaso, toda população experimenta variações nos nascimentos e nas mortes
durante qualquer intervalo de tempo específico, isso causa variação no tamanho da população.
Como descreve Rikclefs (2003), a magnitude desta variação varia inversamente com o número
de indivíduos na população. Populações muito pequenas como, por exemplo, as populações
isoladas em fragmentos restritos de habitat, podem se extinguir apenas devido ao acaso
se passarem por uma série de anos muito ruins. Este fenômeno é denominado de extinção
estocástica e embora seja relativamente improvável, exceto para as pequenas populações, sua
probabilidade aumenta com a fragmentação de habitats. É em particular, uma ameaça para
as espécies como os grandes predadores, que normalmente têm densidades populacionais
baixas.

Um tamanho pequeno de população pode aumentar ainda mais a probabilidade de extinção


pela redução da variação genética na população. Cain, Bowman e Hacker (2011) descrevem
que uma pequena população contém uma proporção menor da reserva genética da espécie
do que uma população maior. Além disso, o endocruzamento, acasalamento entre parentes
próximos, tende a reduzir a variação genética. Se uma população passa por um gargalo
populacional e perde a variação genética, ela pode não ter mais a capacidade de responder
às mudanças rápidas no ambiente. Por exemplo, o lagarto-de-colar, que vive em pequenas
populações, geralmente de 20 a 50 indivíduos, são habitantes dos desertos quentes. As
pesquisas genéticas mostram que esses lagartos são geneticamente uniformes dentro das

134 BIOLOGIA E BIODIVERSIDADE | Educação a Distância


populações, mas diferem entre populações. Isto é exatamente o padrão esperado de perda de
variação e de diversidade genética em pequenas populações.

É difícil generalizar sobre problemas que resultam de gargalos populacionais, porque há


vários casos de espécies que foram reduzidas até quase a extinção e perderam muito de
sua variabilidade genética, mas que se recuperaram com crescimentos espetaculares quando
protegidas, por exemplo, o elefante-marinho.
Fonte: SHUTTERSTOCK.COM

As pequenas populações podem encontrar problemas relacionados com a deriva genética e


com o endocruzamento. Deriva genética é o proceso pelo qual eventos ao acaso influenciam
quais os alelos (material genético), são passados para a próxima geração. A deriva genética
pode ocorrer de muitos modos, incluindo eventos ao acaso associados à reprodução ou morte
de indivíduos. A deriva genética tem pouco efeito em grandes populações, mas em pequenas,
pode causar perdas de variação genética ao longo do tempo, por exemplo, depois de 10
gerações, aproximadamente 40% da variação genética original é perdida em uma população
de 10 indivíduos, enquanto 95% é perdido em uma população de 2 indivíduos.

BIOLOGIA E BIODIVERSIDADE | Educação a Distância 135


Conforme discorre Cain, Bowman e Hacker (2011), pequenas populações são vulneráveis aos
efeitos da deriva genética por três razões, que são elas:

- quando a deriva leva a uma perda de variabilidade genética, a habilidade de uma popu-
8%JG&$.%@%$@"#.&I)"@H$.&@$5"D&$)%$#"8"JG&$I%-3@%8H$%$35%$?3-3@%$53)%IJ%$%54D"I-%8$F!%$
limitada.

- a deriva genética pode gerar alelos deletérios, ou seja, material genético improdutivo,
levando, frequentemente a um baixo sucesso reprodutivo.

- pequenas populações mostram altas frequências de endocruzamento. O endocruzamen-


to é comum em pequenas populações, porque depois de muitas gerações a maioria dos
indivíduos na população é aparentada.

Os fatores demográficos também podem ameaçar as pequenas populações. Para um indivíduo,


reprodução e sobrevivência são tudo ou nada, em nível populacional podemos transformar
essa probabilidade de sobrevivência e reprodução. Por exemplo, se cada 70 indivíduos de 100
sobreviverem em uma população de um ano para o outro, então em média, cada indivíduo na
população tem 70% de chances de sobrevivência.

Em uma pequena população, eventos ao acaso podem estar relacionados com a sobrevivência
e reprodução de indivíduos, ou seja, a estocasticidade demográfica, mudanças irregulares ou
imprevisíveis no ambiente, e podem mostrar resultados diferentes daqueles que as médias
nos levam a esperar. Considere uma população com dez indivíduos, para os quais os dados
anteriores previam a taxa de 70% de um ano para o outro. Muitos eventos ao acaso podem
causar uma drástica mudança na porcentagem de indivíduos para mais ou para menos do que
o previsto. Por exemplo, se uma tempestade ocorrer e matar seis membros de uma população,
a taxa de sobrevivência observada, 40%, será consideravelmente menor do que o esperado.
Ao afetar assim as taxas de sobrevivência e reprodução, a estocasticidade demográfica pode
levar pequenas populações a flutuar ao longo do tempo (CAIN; BOWMAN; HACKER, 2011).

A estocasticidade demográfica é um dos vários fatores que podem levar a pequenas populações

136 BIOLOGIA E BIODIVERSIDADE | Educação a Distância


apresentarem os efeitos Allee. Os efeitos Allee ocorrem quando a taxa de crescimento
populacional decai, talvez porque os indivíduos encontrem dificuldade de encontrar parceiros.
Os efeitos Allee podem ser desastrosos para a população, se a estocasticidade demográfica
ou qualquer outro fator diminuir o tamanho populacional, os efeitos Allee podem diminuir a taxa
de crescimento populacional, levando a uma diminuição ainda maior ao ponto de extinguir a
espécie.

Mudanças ambientais podem ameaçar as pequenas populações pelo fato de mudarem a


cada ano. Tal variação pode afetar as taxas de nascimento e de óbito, o que gera oscilações
no tamanho da população. Muitas espécies enfrentam riscos estocásticos do ambiente, por
exemplo, dados de censo de fêmeas de urso-cinzento (Ursos arctos horribilis) no parque
nacional de Yellowstone mostraram que a taxa média de crescimento populacional foi de 0,2%,
mas que variava a cada ano. Apesar do fato de que a população tende a crescer em tamanho,
os pesquisadores usando um modelo matemático verificaram que a variação aleatória nas
condições ambientais poderia levar a população de ursos cinzentos de Yellowstone a sérios
riscos de extinção, especialmente se o tamanho populacional decaísse a 30 ou 40 fêmeas das
99 existentes em 1977 (CAIN; BOWMAN; HACKER, 2011).

Eventos estocásticos ambientais e demográficos diferem em um aspecto fundamental. A


estocasticidade ambiental refere-se às mudanças na média das taxas de nascimento e
mortalidade de uma população que ocorrem a cada ano devido a mudanças aleatórias do
ambiente, assim como existem os bons anos, há os anos ruins também. Na estocasticidade
demográfica, as taxas de nascimento e mortalidade podem manter-se constantes ao passar
de anos, mas as expectativas de vida dos indivíduos mudam devido à natureza aleatória que
envolve o fato de cada indivíduo se reproduzir ou não e de sobreviver ou não.

Conforme discorre Oates et al. (2000), as populações também enfrentam riscos ambientais
extremos como cheias, queimadas, ventanias ou a explosão populacional de doenças ou
inimigos naturais. Ainda que esses eventos ocorram raramente, essas catástrofes naturais
podem eliminar ou diminuir drasticamente o tamanho das populações que, caso contrário,

BIOLOGIA E BIODIVERSIDADE | Educação a Distância 137


seriam grandes o suficiente para não sofrer com esses riscos. Por exemplo, catástrofes
naturais tiveram papel essencial na extinção do tetraz-das-padrarias (Tympanuchus cupido
cupido). Essa ave era abundante, mas como no ano de 1908 a caça e a destruição de habitat
reduziram sua população a 50 aves, foi criada uma reserva de aproximadamente 640 hectares
para a sua proteção. Inicialmente a população desenvolveu, alcançando 2.000 aves em oito
anos. Porém, no decorrer dos anos de 1916 a 1920, vários desastres ocorreram, incluindo
o fogo, que destruiu muitos ninhos; o clima com temperaturas muito abaixo do habitual; o
surgimento de uma epidemia e o crescimento populacional do seu predador natural. Devido a
esses efeitos combinados, a população dos tetrazes caiu para 50 indivíduos e o último morreu
em 1932.

ABORDAGENS PARA CONSERVAÇÃO

Fonte: SHUTTERSTOCK.COM

Por que algumas espécies parecem mais vulneráveis à extinção do que outras? Esta questão
tem sido difícil de responder. Claramente, as espécies que atraem a atenção de exploradores

138 BIOLOGIA E BIODIVERSIDADE | Educação a Distância


humanos são colocadas sobre grande pressão. Além disso, as espécies que evoluíram na
ausência da caça humana e a ausência de diversos organismos patológicos parecem vir juntas
com a chegada dos humanos. A vulnerabilidade também está associada a uma abrangência
geográfica limitada, distribuição de habitat restrita e tamanho populacional pequeno.

Mas o que torna uma espécie rara e localmente distribuída quando um parente próximo que
apresenta adaptações superficialmente semelhantes é abundantemente distribuído? Segundo
Rikclefs (2003), a diferença entre o sucesso e a falha nos sistemas naturais pode se basear
em diferenças muito pequenas no sucesso reprodutivo ou na longevidade, talvez pequenas
demais para detectarmos em estudos de populações naturais. A maioria das espécies
persiste por um milhão de anos ou mais, e assim suas populações devem ser completamente
autossustentáveis, capazes de se recuperar de retrocessos infligidos por um mundo variável.
As forças que fazem uma população embarcar em um declínio para a extinção podem ser
muito sutis. Se a raridade está relacionada com a especialização, devemos nos perguntar
quais forças promovem a especialização, especialmente considerando que parentes próximos
de espécies raras podem ser abundantes e distribuídos.

Mas afinal, onde devemos nos concentrar para que haja conservação: nas espécies ou em
seu habitats?

Pequenas populações são particularmente vulneráveis aos efeitos da deriva genética e


da endogamia, que podem resultar na perda de variação genética e na fixação de alelos
deteriorados. A percepção da importância da genética da conservação emergiu, primeiramente,
quando uma análise genética da chita (Acinonyx jabatus) revelou variabilidade genética
extremamente baixa, baixa contagem de espermatozoides e fraco sucesso reprodutivo.
Animais não cosanguíneos eram tão geneticamente similares que enxertos de pele recíprocos
entre eles não eram rejeitados. Pesquisadores atribuíram esse fenômeno ao efeito gargalo
genético, evento que reduz a população a apenas alguns indivíduos. O estudo genético de
espécies ameaçadas continua sendo um importante componente das múltiplas vertentes
conservacionistas.

BIOLOGIA E BIODIVERSIDADE | Educação a Distância 139


Spielman et al. (2004) analisaram uma série de estudos para mostrar que espécies ameaçadas
são geralmente caracterizadas por heterozigose mais baixa do que a de seus parentes
comuns. Permanece incerto se essa menor variabilidade genética contribui para o estado
de conservação de espécies ameaçadas, embora em geral acredita-se que essa redução
possa levar a maiores chances de extinção no futuro. Uma importante preocupação genética
com pequenas populações é a cosanguinidade ou a perda de variabilidade genética devido
a gargalos genéticos, que resulta na perda de espécie e das habilidades de evolução em
resposta às mudanças ambientais. O estudo de muitas espécies tem mostrado que a perda da
variabilidade genética é um problema menor do que a endogamia (AMOS; BALMFORD, 2001).

Informações e modelos genéticos podem contribuir com as decisões em conservação


revelando a diversidade genética presente em uma espécie, bem como o fluxo gênico entre
as populações. Também podem melhorar nosso entendimento taxonômico. Análises genéticas
também estão sendo implementadas para determinar metas apropriadas de manejo dentro
das espécies por meio da identificação de unidades evolutivamente significativas ou unidades
de gestão (WALPLES, 1998).

Técnicas em genética molecular também podem ser usadas em aplicações forenses, tais
como a identificação da fonte de produtos silvestres confiscados do comércio ilegal, por
exemplo, o uso de marcadores moleculares tem permitido a identificação de caça ilegal de
baleias protegidas, como em carne japonesa rotulada como golfinhos ou baleias-minke, cuja
a caça é autorizada. A disponibilidade das ferramentas da genética molecular tem melhorado
nossa habilidade para entender alguns dos problemas genéticos enfrentados por pequenas
populações, bem como fornecido ferramentas para ajudar a resolver alguns desses problemas.

140 BIOLOGIA E BIODIVERSIDADE | Educação a Distância


<http://www.youtube.com/watch?v=M061zK6mXPY>.
Assista ao vídeo, que traz uma abordagem sobre uma área de conservação do estado de Amazonas.

Os modelos demográficos podem guiar decisões de manejos

Existem centenas de modelos demográficos quantitativos em uso, adaptados às características


biológicas das espécies específicas em particular. A abordagem quantitativa mais utilizada
para proteger o potencial futuro das populações em uma espécie de interesse é chamada de
análise de viabilidade populacional. Essa abordagem permite estimar os riscos de extinção e
avaliar as opções de gestão para populações de espécies raras ou ameaçadas.

A análise de viabilidade populacional é um processo pelo qual pesquisadores podem calcular


a probabilidade de que uma população venha persistir por certo tempo sobre vários cenários.
Engloba todo um conjunto de modelos demográficos relativamente simples, com base no
estágio ou na idade, até modelos mais complexos, espacialmente explícitos que podem levar
em conta as características reais das paisagens e a dispersão dos indivíduos de múltiplas
populações (NORRIS, 2004).

A análise de viabilidade populacional tem auxiliado na tomada de uma série de decisões


envolvendo a melhor forma para manejar as espécies raras. Na Flórida, por exemplo, o regime
de fogo que melhor serviria ao crescimento da população de uma planta rara (Chamaecrista
keyensis) foi determinado com a ajuda de simulações de análise de viabilidade populacional de
queimadas em diferentes épocas do ano e diferentes intervalos (LIU et al., 2005).

BIOLOGIA E BIODIVERSIDADE | Educação a Distância 141


Algumas análises têm desempenhado um papel crucial na tomada de decisões para o manejo
de várias espécies, porém, alguns pesquisadores alertam contra a excessiva confiança
em conclusões baseadas somente nos resultados de análise de viabilidade populacional,
particularmente quando dizem respeito ao tempo para extinção ou probabilidade de extinção.
Os autores salientam o alto nível de incerteza na dinâmica de pequenas populações, a
escassez de dados demográficos e ambientais para muitas espécies em perigo e a alta
probabilidade de que o modelo deixe alguns fatores importantes de fora. Para esses modelos
serem eficientemente utilizados, necessitam de constantes aprimoramentos e reavaliação por
diferentes pesquisadores para checar sua validade comparando com observações de campo,
da mesma forma que as estratégias de manejo devem ser checadas e ajustadas quanto à sua
eficácia (BEISSINGER; WESTPHAL, 1998).

CONSERVAÇÃO IN SITU E EX SITU PARA SALVAR ESPÉCIES À BEIRA DA


EXTINÇÃO

Conforme discorre Cain, Bowman e Hacker (2011), quando as populações remanescentes de


uma espécie caem abaixo de certo número, os modelos demográficos tornam-se inapropriados
e ações diretas devem ser tomadas. A única ajuda para a sobrevivência da espécie pode
ser retirar os indivíduos restantes do seu habitat, conservação ex situ, e permitir que eles se
multipliquem em condições abrigadas sob o cuidado humano com a esperança de que alguns
indivíduos retornem ao ambiente selvagem, por exemplo, o resgate do condor-da-califórinia
(Gymnogyps californianus). No final da era Pleistoceno, esse grande pássaro distribuía-se em
boa parte da América do Norte, por meados do século XIX. A população de condor diminuiu
acentuadamente entre as décadas de 1960 e 1980, entretanto, devido a múltiplas causas,
atingindo um mínimo de 22 aves em 1982. A espécie tornou-se extinta no ambiente natural em
1987 quando as últimas aves foram capturadas e levadas para uma instalação ex situ com fins
reprodutivos na Califórnia. A espécie conta com mais de 200 pássaros, alguns liberados no
ambiente natural e alguns mantidos em cativeiro.

142 BIOLOGIA E BIODIVERSIDADE | Educação a Distância


O aumento da população até este ponto tem exigido cuidadosa análise genética, criação de
filhotes e ampla cooperação entre zoológicos, administradores de áreas naturais, caçadores
e fazendeiros. As principais barreiras para a recuperação do condor incluem intoxicação por
chumbo encontrado na carniça da qual eles se alimentam.

Conforme descreve Gomes (2011, s/p):


A conservação in situ refere-se à conservação do ecossistema e do habitat natural
e, no caso das espécies domesticadas, do local onde essas desenvolveram as
suas características adaptativas envolvendo os sistemas tradicionais agrícolas.
Portanto, dentro da definição de conservação in situ, podem-se citar dois conceitos:
conservação genética em reservas e conservação on farm. O primeiro inclui o manejo
e o monitoramento dos recursos genéticos de populações silvestres dentro de áreas
definidas para conservação ativa, a longo prazo. Já a conservação on farm corresponde
ao cultivo e manejo contínuo de populações de plantas no sistema tradicional realizado
por comunidades locais e povos indígenas. Por permitir a conservação dos processos
evolutivos e de adaptação, fornece novos materiais genéticos, sendo uma estratégia
complementar à conservação ex situ.
Fonte: SHUTTERSTOCK.COM

Os programas de conservação in situ e ex situ são feitos em zoológicos, centros de reprodução,

BIOLOGIA E BIODIVERSIDADE | Educação a Distância 143


jardins botânicos e aquários de todo o mundo. Esses programas têm permitido que muitas
espécies escapem do risco de extinção recuperando de um número suficiente de indivíduos
para permitir a reintrodução na vida selvagem. Embora esses programas exerçam importantes
papéis em manter as espécies mais ameaçadas longe da extinção, bem como publicar a
situação dessas espécies, eles são caros e podem introduzir uma série de problemas, como
exposição a doenças, adaptação genética ao cativeiro e mudança comportamental (SNYDER
et al., 1996). Além disso, eles não têm uma alta taxa de sucesso em termos de restauração da
autossustentabilidade das populações na natureza.

CONSERVAÇÃO IN SITU, EX SITU E ON FARM

Preocupados com as altas taxas de erosão de recursos genéticos e com a perda de componentes
da biodiversidade e, mais ainda, interessados no incremento de esforços voltados à conservação
dos recursos biológicos em todo o planeta, países, independentemente da sua condição episódica
de usuário ou provedor de material genético, promoveram negociações, no âmbito do Programa das
Nações Unidas sobre Meio Ambiente (PNUMA), que resultou na adoção da Convenção sobre Di-
'"@#D)%)"$ nD&8_9D!%1$ o"!"I-"5"I-"H$ !&I'"I!D)&#$ )%$ I%-3@"R%$ "#."!D%8$ )&#$ @"!3@#&#$ F$-&;9"IX-D!&#$
para a alimentação e a agricultura, conscientes de que esses recursos são motivo de preocupação
comum da humanidade, cientes de sua responsabilidade para com as gerações presentes e futuras
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aprovaram, no âmbito da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO),
o Tratado Internacional sobre Recursos Fito-genéticos para a Alimentação e a Agricultura, do qual o
Brasil é um dos seus membros.
Diversidade biológica ou biodiversidade são expressões que se referem à variedade da vida no pla-
neta, ou à propriedade dos sistemas vivos de serem distintos. Engloba as plantas, os animais, os
microorganismos, os ecossistemas e os processos ecológicos em uma unidade funcional. Inclui, por-
tanto, a totalidade dos recursos vivos, ou biológicos, e, em especial, dos recursos genéticos e seus
componentes, propriedade fundamental da natureza e fonte de imenso potencial de uso econômico. É
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144 BIOLOGIA E BIODIVERSIDADE | Educação a Distância


para a estratégica indústria da biotecnologia.
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produção agrícola e à conservação biológica, bem como para a segurança alimentar, constituindo-se
em um componente essencial para o desenvolvimento sustentável e para a própria manutenção da
diversidade genética das espécies com importância sócio-econômica atual e potencial.

O Brasil, por sua própria natureza, ocupa posição de destaque dentre os países megabiodiversos.
]&I-%$ !&5$ %$ 5%D#$ )D'"@#%$ C&@%$ )&$ 53I)&H$ Ia5"@&$ #3."@D&@$ %$ pp$ 5D8$ "#.X!D"#$ )"#!@D-%#$ qNQr$ )&$
total mundial). Possui alguns dos biomas mais ricos do planeta em número de espécies vegetais - a
Amazônia, a Mata Atlântica e o Cerrado. A Floresta Amazônica brasileira, com aproximadamente 30
5D8$"#.X!D"#$'"9"-%D#H$!&5.@""I)"$!"@!%$)"$Nir$)%#$C&@"#-%#$-@&.D!%D#$@"5%I"#!"I-"#$I&$.8%I"-%1
O País conta ainda com a maior riqueza de espécies da fauna mundial e, também, com a mais alta
taxa de endemismo. Dois de seus principais biomas, a Mata Atlântica e o Cerrado, estão relacionados
na lista dos 25 hotspots da Terra, sendo que a Mata Atlântica encontra-se entre os cinco mais ame-
açados. Uma em cada onze espécies de mamíferos existentes no mundo são encontrados no Brasil
(522 espécies), juntamente com uma em cada seis espécies de aves (1677), uma em cada quinze
espécies de répteis (613), e uma em cada oito espécies de anfíbios (630) e mais de 3 mil espécies de
peixes, três vezes mais do que qualquer outro país. Muitas dessas são exclusivas para o Brasil, com
68 espécies endêmicas de mamíferos, 191 espécies endêmicas de aves, 172 espécies endêmicas de
répteis e 294 espécies endêmicas de anfíbios. Esta riqueza de espécies corresponde a pelo menos
10% dos anfíbios e mamíferos, e 17% das aves descritas em todo o planeta.
A composição total da biodiversidade brasileira não é conhecida e talvez nunca venha a ser na sua
plenitude, tal a sua magnitude e complexidade. Nesse sentido, e considerando-se que o número de
espécies existentes no território nacional, particularmente na plataforma continental e nas águas juris-
dicionais brasileiras, - em grande parte ainda desconhecida, é elevado, é fácil inferir que o número de
"#.X!D"#H$-%I-&$-"@@"#-@"#$U3%I-&$5%@DI,%#H$%DI)%$IG&$D)"I-DF!%)%#H$I&$n@%#D8H$.&)"$%8!%IJ%@$'%8&@"#$
da ordem de dezena de milhões. Apesar dessas estimativas, a realidade é que o número de espécies
conhecidas atualmente, em todo o planeta, está em torno de 1,7 milhões, valor que atesta o alto grau
de desconhecimento da biodiversidade, especialmente nas regiões tropicais. Além disso, é interes-
#%I-"$@"9D#-@%@$U3"$%$5%D&@$.%@-"$)&#$!&I,"!D5"I-&#$#&4@"$%$4D&)D'"@#D)%)"$I&$I('"8$"#."!(F!&$#"$
refere a organismos de grande porte. O nosso conhecimento sobre outros organismos, a exemplo dos
insetos, liquens, fungos e algas é ainda muito incipiente. A parcela da biodiversidade menos conhecida
está localizada na copa das árvores, no solo e nas profundezas marinhas.
T5$@"8%JG&$%&#$@"!3@#&#$F-&9"IX-D!&#H$"#-D5%-D'%#$)%$s L$DI)D!%5$%$"=D#-cI!D%H$"5$t54D-&$53I)D%8H$
de cerca de 6,5 milhões de acessos de interesse agrícola mantidos em condição ex situ. Desse total,

BIOLOGIA E BIODIVERSIDADE | Educação a Distância 145


50% são conservados em países desenvolvidos, 38% em países em desenvolvimento e 12% distribu-
ídos nos Centros Internacionais de Pesquisa (IARCs), do Grupo Consultivo Internacional de Pesquisa
Agrícola (CGIAR).
Os recursos genéticos são mantidos em condições in situ, on farm e ex situ. A conservação in situ de
recursos genéticos é realizada, basicamente, em reservas genéticas, reservas extrativistas e reservas
de desenvolvimento sustentável. Naturalmente, a conservação in situ de recursos genéticos pode ser
organizada também em áreas protegidas, seja de âmbito federal, estadual ou municipal. As reservas
genéticas, por exemplo, são implantadas e mantidas em áreas prioritárias, de acordo com a diversi-
)%)"$9"IX-D!%$)"$35%$&3$5%D#$"#.X!D"#$)"$@"!&I,"!D)%$D5.&@-tI!D%$!D"I-(F!%$&3$#_!D&;"!&Iu5D!%1$
Teoricamente, essas reservas podem existir dentro de uma área protegida, de uma reserva indígena,
de uma reserva extrativista e de uma propriedade privada, entre outras.
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conservação dos ecossistemas e dos habitats naturais e a manutenção e a reconstituição de popula-
ções viáveis de espécies nos seus ambientes naturais e, no caso de espécies domesticadas e culti-
vadas, nos ambientes onde desenvolveram seus caracteres distintos. A conservação in situ apresenta
algumas vantagens, tais como: (i) permitir que as espécies continuem seus processos evolutivos; (ii)
favorecer a proteção e a manutenção da vida silvestre; (iii) apresentar melhores condições para a con-
servação de espécies silvestres, especialmente vegetais e animais; (iv) oferecer maior segurança na
conservação de espécies com sementes recalcitrantes e (v) conservar os polinizadores e dispersores
de sementes das espécies vegetais. Deve-se considerar, entretanto, que este método é oneroso, visto
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sempre é possível, além do que a conservação de uma espécie em um ou poucos locais de ocorrência
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A conservação on farm pode ser considerada uma estratégia complementar à conservação in situ, já
que esse processo também permite que as espécies continuem o seu processo evolutivo. É uma das
formas de conservação genética da agrobiodiversidade, um termo utilizado para se referir à diversi-
dade de seres vivos, de ambientes terrestres ou aquáticos, cultivados em diferentes estados de do-
mesticação. A conservação on farm apresenta como particularidade o fato de envolver recursos gené-
ticos, especialmente variedades crioulas - cultivadas por agricultores, especialmente pelos pequenos
agricultores, além das comunidades locais, tradicionais ou não e populações indígenas, detentoras
)"$9@%I)"$)D'"@#D)%)"$)"$@"!3@#&#$F-&;9"IX-D!&#$"$)"$35$%5.8&$!&I,"!D5"I-&$#&4@"$"8"#1$T#-%$)D-
versidade de recursos é essencial para a segurança alimentar das comunidades. Dentre os principais
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o milho e o feijão. Contudo, muitos recursos genéticos de menor importância para a sociedade "mo-
derna" são também mantidos, podendo-se citar como exemplos uma série de espécies de raízes e
tubérculos, plantas medicinais e aromáticas, além de raças locais de animais domesticados (suínos,

146 BIOLOGIA E BIODIVERSIDADE | Educação a Distância


caprinos e aves, entre outros). A manutenção desses materiais on farm, com ênfase para as varieda-
des crioulas, envolve recursos nativos e exóticos adaptados às condições locais. Outra particularidade
é que estas variedades crioulas, mesmo deslocadas de suas condições naturais, continuam evoluindo
na natureza, já que estão permanentemente submetidas à diferentes condições edafoclimáticas.
A conservação ex situ, por sua vez, envolve a manutenção, fora do habitat natural, de uma repre-
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senvolvimento de programas de pesquisa, particularmente aqueles relacionados ao melhoramento
genético. Trata da manutenção de recursos genéticos em câmaras de conservação de sementes
(-20º C), cultura de tecidos (conservação in vitro), criogenia - para o caso de sementes recalcitrantes,
(-196º C), laboratórios - para o caso de microorganismos, a campo (conservação in vivo), bancos de
germoplasma - para o caso de espécies vegetais, ou em núcleos de conservação, para o caso de
espécies animais. A conservação ex situ implica, portanto, a manutenção das espécies fora de seu
habitat natural e tem como principal característica: (i) preservar genes por séculos; (ii) permitir que
em apenas um local seja reunido material genético de muitas procedências, facilitando o trabalho do
5"8,&@%5"I-&$ 9"IX-D!&P$ qDDDb$ 9%@%I-D@$ 5"8,&@$ .@&-"JG&$ E$ )D'"@#D)%)"$ DI-@%"#."!(F!%H$ "#."!D%85"I-"$
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processos evolutivos, além de depender de ações permanentes do homem, visto concentrar grandes
quantidades de material genético em um mesmo local, o que torna a coleção bastante vulnerável.
As três formas de conservação, in situ, on farm e ex situ, são complementares e formam, estrategi-
camente, a base para a implementação dos três grandes objetivos da Convenção sobre Diversidade
Biológica: i) conservação da diversidade biológica; ii) uso sustentável dos seus componentes e iii)
repartição dos benefícios derivados do uso dos recursos genéticos. A conservação on farm vem rece-
bendo crescente atenção nos diversos fóruns internacionais relacionados à temática da conservação
dos recursos genéticos. Nesse contexto, a Convenção sobre Diversidade Biológica, por meio das suas
Conferências das Partes, tem dado especial atenção a essa questão, considerando que: i) o campo
da agricultura oferece oportunidade única para o estabelecimento de ligação entre a conservação
da diversidade biológica e a repartição de benefícios decorrentes do uso desses recursos; ii) existe
uma relação próxima entre diversidade biológica, agronômica e cultural; iii) a diversidade biológica na
agricultura é estratégica, considerando os contextos sócio-econômicos nos quais ela é praticada e as
perspectivas de redução dos impactos negativos sobre a diversidade biológica, permitindo a concilia-
ção de esforços de conservação com ganhos sociais e econômicos; iv) as comunidades de agriculto-
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o aumento da biodiversidade e para o desenvolvimento de sistemas produtivos agrícolas mais favorá-
veis ao meio ambiente; v) o uso inapropriado e a dependência excessiva de agro-químicos têm produ-
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BIOLOGIA E BIODIVERSIDADE | Educação a Distância 147


genéticos para alimentação e agricultura. Esse posicionamento dos países nas Conferências das
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mente às atividades sobre agrobiodiversidade, um crescente avanço na discussão e implementação
de ações relacionadas à conservação e promoção do uso dos recursos da biodiversidade agrícola.
Nos últimos anos ocorreram, em âmbito mundial, importantes avanços relacionados à conservação
e à promoção do uso dos recursos genéticos. Em junho de 1996, a Conferência Técnica Internacio-
nal sobre Recursos Fitogenéticos, realizada em Leipzig, Alemanha, no âmbito da Organização das
Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação – FAO, aprovou o Plano Global de Ação para a
Conservação e a Utilização Sustentável dos Recursos Genéticos para a Agricultura e a Alimentação
que tem, basicamente, como prioridades: (i) a Conservação in situ e o Desenvolvimento; (ii) a Con-
servação ex situ; (iii) a Utilização dos Recursos Fitogenéticos; e (iv) a Capacitação das Instituições.
Em novembro de 2001, foi aprovado, no âmbito da FAO, o Tratado Internacional de Recursos Fito-
genéticos para a Alimentação e a Agricultura que prevê, entre os seus objetivos, a conservação e o
3#&$#3#-"I-Z'"8$)&#$@"!3@#&#$F-&9"IX-D!&#$.%@%$%$%8D5"I-%JG&$"$%$%9@D!38-3@%$"$%$@".%@-DJG&$M3#-%$"$
eqüitativa dos benefícios derivados de seu uso, em harmonia com a Convenção sobre Diversidade
Biológica, para a sustentabilidade da agricultura e a segurança alimentar.
No Brasil, o despertar da consciência conservacionista conta com mais de meio século de decisões
.&8(-D!%#H$DIC3"I!D%)%#$."8%$!DcI!D%$"$."8%$#&!D")%)"$.@"&!3.%)%#$!&5$%#$!&I)DJK"#$)&$5"D&$%54D"I-
-"$"H$"#."!D%85"I-"H$!&5$%$!&I#"@'%JG&$)%$C&@%$"$)%$?%3I%1$\%#$a8-D5%#$)3%#$)X!%)%#$-"5$,%'D)&$35$
crescente envolvimento do Governo Federal, bem como uma maior conscientização da sociedade civil
nos assuntos relativos à conservação da biodiversidade.
Nas últimas décadas, as atividades ligadas à conservação dos recursos genéticos no País tiveram
um considerável impulso, assegurando posição de destaque entre os países tropicais. Os avanços
conduzidos por alguns órgãos de pesquisa, a exemplo da Empresa Brasileira de pesquisa Agrope-
cuária – EMBRAPA, particularmente por meio da EMBRAPA Recursos Genéticos e Biotecnologia,
estão sendo fundamentais para o avanço do País na conservação e utilização dos seus recursos
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de Conservação, ampliando fortemente a conservação in situ da biodiversidade e a promoção da
utilização sustentável dos recursos genéticos nativos. A conservação on farm, apesar de ser um dos
métodos mais tradicionais de conservação, é ainda bastante fragmentada no país, apesar dos recen-
tes avanços experimentados nos últimos anos. Há de se reconhecer que a sociedade civil organizada
exerce, atualmente, uma forte liderança na conservação on farm de recursos genéticos, promovendo
não apenas o uso sustentável, mas também o intercâmbio de recursos genéticos entre os agricultores,
dentro e entre comunidades. Neste contexto, deve-se destacar a relevância dos movimentos sociais
(Movimento dos Pequenos Agricultores, Movimento das Mulheres Trabalhadoras Rurais, Movimento
dos Trabalhadores Sem Terra e das ONGs, principalmente daquelas organizadas em redes, caso da

148 BIOLOGIA E BIODIVERSIDADE | Educação a Distância


Rede Ecovida e Rede Cerrado, por exemplo), que são considerados importantes atores na organiza-
ção e articulação política e social das comunidades.
Contudo, apesar desses avanços, deve-se reconhecer que a conservação dos recursos genéticos no
País, um dos principais países de megadiversidade, está longe da condição ideal. Faltam inventários
relativos às instituições (governamentais, não-governamentais e movimentos sociais) envolvidas na
!&I#"@'%JG&$DI$#D-3H$&I$?%@5$"$"=$#D-3$)"$@"!3@#&#$9"IX-D!&#$q?%3I%H$C$&@%$"$5D!@&@9%ID#5&#bP$@".@"#"I;
tatividade, tanto em termos regionais quanto nos biomas; infraestrutura existente em cada coleção;
nível de uso e intercâmbio de recursos genéticos, bem como informações sobre as necessidades e as
medidas necessárias para a conservação desses materiais a curto, médio e longo prazos.
Disponível em: <http://homolog-w.mma.gov.br/index.php?ido=conteudo.monta&idEstrutura=89&idCo
nteudo=8142&idMenu=8687>. Acesso em: 29 abr.2012.

MEDIDAS LEGAIS E POLÍTICAS E OS MÉTODOS


BIOLÓGICOS DE PROTEÇÃO

Muito se procura para obter informações científicas para tomada de decisões em relação ao
bem-estar das espécies e do meio ambiente, porém, como afirma Cain, Bowman e Hacker
(2011), muitas dessas decisões são mais sociais do que científicas e cai no domínio das
políticas e das comunicações públicas.

Nos Estados Unidos, por exemplo, a mais proeminente legislação que protege as espécies, o
Ato para Espécies em Perigo (ESA) de extinção, tem desenvolvido um papel vital na proteção
de muitas espécies ameaçadas do país. Ela foi aprovada em 1973 para fornecer meios para
conservar os ecossistemas dos quais contêm espécies em perigo e ameaçadas.

De acordo com Cain, Bowman e Hacker (2011), o ESA protege mais de 1.300 espécies nativas
nos Estados Unidos e outras 570 em outros países. Estende sua influência além das fronteiras
norte-americanas pela regulação do comércio ilegal de espécies ameaçadas por meio do
tratado de Convenção sobre o Comércio Internacional de Espécies em Perigo da Fauna e
da Flora Selvagens. Este tratado existe há 35 anos e regula o comércio internacional de

BIOLOGIA E BIODIVERSIDADE | Educação a Distância 149


organismos listados, ele determina proibição virtual sobre o comércio de algumas espécies
em perigo e as consideradas com menor ameaça devem ser monitoradas em seus países.
Cerca de 167 países aderiram ao tratado e o Brasil é um deles, e cerca de 33.000 espécies
recebem algum tipo de proteção. O órgão responsável pelo controle e fiscalização do
Comércio Internacional de Espécies em Perigo da Fauna e da Flora Selvagens é o IBAMA
– Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis, uma autarquia
federal dotada de personalidade jurídica, autonomia administrativa e financeira, vinculada ao
ministério do meio ambiente e tem como principais atribuições exercer o poder de política
ambiental, a autorização de uso dos recursos ambientais e a fiscalização, monitoramento e
controle ambiental.

Em 1992, a cidade do Rio de Janeiro - Brasil foi sede de uma das mais famosas conveções
sobre a diversidade biológica, a ECO-92, ou Cúpula da Terra. Com exceção dos Estados
Unidos, a maioria das nações assinaram o acordo que reconhece o declínio da biodiversidade
como um problema compartilhado por todas as pessoas do mundo e estabelece objetivos e
ações para contê-lo (CAIN; BOWMAN; HACKER, 2011). A proteção da biodiversidade também
depende de regulamentações e políticas nacionais, estaduais e locais que definem restrições
sobre o desenvolvimento de áreas.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A biologia da conservação é um estudo integrativo que aplica os princípios da ecologia para


a conservação da biodiversidade. Esta área de estudo engloba a manutenção, a perda e a
restauração da biodiversidade. Não damos conta de que a biodiversidade é importante para
a população humana devido à nossa dependência dos recursos serviços dos ecossistemas
que derivam de ecossistemas e comunidades naturais intactas. Para auxiliar esse importante
estudo, a genética tem sido utilizada como ferramenta para entender e manejar a diversidade
no âmbito de espécies raras, para identificar unidades de manejo apropriadas e para realizar
análise forense em casos de comércio de organismos caçados ou acolhidos de forma ilegal.

A análise de variância populacional é uma abordagem que utiliza modelos demográficos para
avaliar os riscos de extinção de determinadas espécies e as propostas e ações de manejo.
Algumas destas propostas são a conservação in situ e ex situ, que envolvem a retirada da
espécie do local para maiores cuidados ou ainda, determinados cuidados para a espécie

150 BIOLOGIA E BIODIVERSIDADE | Educação a Distância


em seu próprio habitat, são medidas de últimos recursos para resgatar espécies à beira da
extinção.

Leis, políticas e tratados internacionais são suplementos vitais para a conservação e proteção
das espécies e de seus habitats.

ATIVIDADE DE AUTOESTUDO
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dentro do que foi explicado em nosso material.

2) Diferencie conservação in situ de conservação ex situ, mencione a importância de ambas


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BIOLOGIA E BIODIVERSIDADE | Educação a Distância 151


UNIDADE V

PRINCIPAIS TIPOS DE ECOSSISTEMAS E


BIOMAS
Professora Me. Lilian Capelari Soares

Objetivos de Aprendizagem

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nosso planeta.

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em nosso país.

Plano de Estudo

A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:

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INTRODUÇÃO

Caro aluno, as comunidades biológicas podem ser classificadas em múltiplas escalas de


complexidade variável. Por exemplo, a diversidade da vida aquática não é tão facilmente
categorizada, mas será descrita como zonas biológicas marinhas e de água doce, as quais,
assim como os biomas terrestres, refletem as condições físicas em que são encontradas.

Os biomas são modelados de acordo com as características físicas de onde se encontram, e


refletem muito a variação climática local, a precipitação do ambiente e o tipo de espécies de
plantas existentes. As comunidades terrestres variam consideravelmente desde os trópicos
quentes e úmidos até as regiões polares frias e secas.

Nosso país, devido à sua grande extensão territorial, está dividido em oito biomas, dentre eles
terrestres, marinhos e de água doce. É importante compreender as diferenças entre eles e
identificar, por meio das principais características, quais são os biomas existentes em nosso
país, para que os manejos sejam realizados da melhor forma possível, para a presevação da
biodiversidade global.

PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DOS ECOSSISTEMAS E BIOMAS

Os seres vivos podem ser encontrados em lugares extraordinários. Aves como corvos,
grandes abutres europeus e galhas alpinas voam sobre os cumes mais altos do Himalaia,
8.000 m acima do mar. Peixes podem ser encontrados a mais de 8.000 m abaixo da superfície
do oceano. Entretanto, a maioria dos seres vivos ocorre em uma gama de habitats que
cobrem uma estreita camada superficial da Terra, desde as copas das árvores até a camada
superficial do solo nos ambientes terrestres, incluindo a faixa até 200 metros de profundidade
nos oceanos. De acordo com Cain, Bowman e Hacker (2011), a biosfera, zona da vida sobre a
Terra, está inserida na litosfera, a crosta superficial da Terra e a parte superior do manto que
inclui as placas tectônicas, e a troposfera, a camada mais baixa da atmosfera.

BIOLOGIA E BIODIVERSIDADE | Educação a Distância 155


Os biomas são grandes comunidades biológicas modeladas pelo ambiente físico onde se
encontram. Particularmente, eles refletem a variação climática local e são classificados pelas
formas mais comuns de organismos, geralmente plantas distribuídas ao longo de extensas
áreas geográficas. A determinação do bioma não incorpora similaridades taxonômicas entre
os organismos, em vez disso, baseia-se em similaridades nas respostas morfológicas dos
organismos ao ambiente físico.

Como discorre Cain, Bowman e Hacker (2011), os biomas ocorrem como assembleias
biológicas semelhantes em continentes distantes, indicando respostas similares às forças
climáticas. Os biomas proporcionam uma introdução útil à diversidade da vida sobre a Terra.
Os biomas também proporcionam uma unidade conveniente para pesquisadores envolvidos
com modelagem simularem os efeitos da mudança climática sobre as comunidades biológicas,
bem como os efeitos da biota sobre o sistema climático.

Fonte: SHUTTERSTOCK.COM

As comunidades terrestres variam consideravelmente desde os trópicos quentes e úmidos até


as regiões polares frias e secas. As florestas tropicais têm múltiplas camadas verdes, altas

156 BIOLOGIA E BIODIVERSIDADE | Educação a Distância


taxas de crescimento e uma tremenda diversidade de espécies. Em contraste, os desertos
polares têm uma cobertura dispersa de pequenas plantas aderidas ao substrato, refletindo
um clima severo de ventos fortes, baixas temperaturas e solos secos. Suas plantas raramente
excedem 5 cm de altura.

Os biomas terrestres são classificados pela forma de crescimento das plantas mais abundantes,
tais como as árvores, arbustos ou gramíneas. Além disso, características das folhas podem
ser usadas, como a deciduidade, queda sazonal das folhas, espessura e suculência,
desenvolvimento de tecidos suculentos para armazenamento de água.

Mas por que se usam as plantas em vez de animais para classificar os biomas terrestres?
As formas de crescimento das plantas são bons indicadores do ambiente físico, refletindo
as zonas climáticas, bem como as taxas de distúrbios. Além disso, as plantas são imóveis,
a fim de ocupar com êxito um local por um longo período, as plantas devem ser capazes de
enfrentar os seus extremos ambientais bem como suas pressões biológicas, como competição
por água, nutrientes e luz. Portanto, são excelentes integradores de seus ambientes físicos e
biológicos. Os animais são componentes menos visíveis na maioria das grandes paisagens e
sua modalidade lhes permite evitar a exposição a condições ambientais adversas.

Micro-organismos como: bactérias, fungos, archaea entre outros, são componentes


importantes dos biomas e sua composição de espécies reflete as condições físicas de maneira
similar às plantas, mas seu tamanho minúsculo e a rápida variação temporal e espacial em sua
composição os tornam impróprios para a classificação dos biomas.

Desde a sua emergência dos oceanos, cerca de 500 milhões de anos atrás, as plantas têm
tomado uma multiplicidade de diferentes formas em resposta às pressões de seleção ao
ambiente terrestre, conforme demonstra a figura 17 (CAIN; BOWMAN; HACKER, 2011). Essas
pressões incluem acidez, temperaturas elevadas e abaixo de zero, radiação solar, pastejo por
animais terrestres e aglomeração por vizinhos. Ter folhas decíduas, por exemplo, é uma solução
para exposições sazonais a temperatura abaixo do ponto de congelamento ou longos períodos

BIOLOGIA E BIODIVERSIDADE | Educação a Distância 157


de seca. As árvores e arbustos investem energia em tecidos lenhosos, a fim de aumentar
sua altura e capacidade de capturar luz solar e proteger seus tecidos do dano pelo vento ou
grandes quantidades de neve. As gramíneas, diferentes da maioria das outras plantas, podem
crescer a partir das bases de suas folhas e manter suas gemas germinativas e reprodutivas
abaixo da superfície do solo, o que facilita a tolerância ao pastejo, fogo, temperaturas extremas
e solos secos. Formas de crescimento vegetais semelhantes aparecem em zonas climáticas
similares em diferentes continentes, mesmo que as plantas possam não ser geneticamente
relacionadas. A evolução de formas de crescimento similares entre as espécies de parentesco
distante em resposta às pressões similares é chamada de convergência.

Odum e Barret (2007) descrevem que as zonas climáticas da Terra são uma consequência
dos padrões de circulação atmosférica e oceânica resultantes do aquecimento diferencial da
superfície da Terra pelo sol. Essas zonas climáticas são as principais causas determinantes da
distribuição dos biomas terrestres.

Por exemplo, os trópicos entre 23,3º norte e sul são caracterizados por precipitação elevada
e temperaturas quentes constantes. Nas regiões subtropicais que margeiam os trópicos, a
precipitação se torna mais sazonal, com estações secas e chuvosas pronunciadas. Os
maiores desertos estão associados com zonas de alta pressão e cerca de 30º norte e sul e
com sombras de chuvas de grandes cadeias de montanhas. As temperaturas abaixo do ponto
de congelamento durante o inverno são uma característica climática importante de zonas
temperadas e de zonas polares. A quantidade de precipitação ao norte e ao sul de 40º varia
dependendo da proximidade do oceano e da influência de cadeias de montanhas.

Conforme discorrem Cain, Bowman e Hacker (2011) e Odum e Barret (2007), as localizações
dos biomas estão correlacionadas com essas variações na temperatura e na precipitação. A
temperatura influencia a distribuição das formas de crescimento vegetal diretamente por meio
de seu efeito sobre a fisiologia das plantas. A precipitação e temperatura atuam em conjunto
para influenciar a disponibilidade de água e sua taxa de perda pelas plantas. A disponibilidade

158 BIOLOGIA E BIODIVERSIDADE | Educação a Distância


de água e a temperatura do solo são importantes para determinar o suprimento de nutrientes
do solo, que também é um importante controle sobre a forma de crescimento vegetal.

Formas de crescimento Ambiente Formas de


crescimento Ambiente
Sazonalmente
seco/úmido e Seco,
sazonalmente
quente/frio quente/frio
Arbustos Caules e folhas
esclerófilos têm suculentas contêm
folhas coriáceas, tecidos de
rijas armazenamento
Cactos e arbustos; caules de água.
Arbustos esclerófilos e folhas suculentas

Formas de crescimento Ambiente Formas de crescimento Ambiente


Úmido, sazonalmente Úmido, sazonalmente
quente/frio ou frio/ quente/frio, com
muito frio sobre solos queimadas.
inférteis
Plantas perenifólias As gramíneas
retêm seus tecidos crescem a partir
fotossintéticos da base de suas
Árvores com acículas ao longo do ano. Gramíneas, ciperáceas folhas.
perenes

Formas de crescimento Ambiente Formas de crescimento Ambiente


Úmido, quente Úmido, sazonalmente
ao longo do ano quente/frio muito frio
Folhas perenes
em regiões Forbs são plantas
tropicais realizam hebáceas (não
fotossíntese ao lenhosas)
Árvores latifoliadas
longo do ano. Forbs latifoliadas.
perenifólias

Figura 17- Formas de crescimento vegetal: a forma de crescimento vegetal é uma


resposta evolutiva ao ambiente, particularmente ao clima e a fertilidade do solo

Fonte: Cain; Bowman e Hacker (2011)

BIOLOGIA E BIODIVERSIDADE | Educação a Distância 159


Integração lavoura e pecuária para os biomas brasileiros. Saiba como preservar e trabalhar nos bio-
mas brasileiros no vídeo <http://www.youtube.com/watch?v=MU_Mc2sy1S0>.

ECOSSITEMAS MARINHOS

Os oceanos cobrem 71% da superfície terrestre e contêm uma rica diversidade de uma biota
inigualável. A vasta área e volume dos oceanos e sua uniformidade ambiental os tornam
consideravelmente diferentes dos ecossistemas terrestres no contexto da organização
biológica. Os organismos marinhos são mais amplamente dispersos e as comunidades
biológicas marinhas não são tão facilmente organizadas dentro de cada unidade definida,
como iremos verificar nos biomas terrestres. Em vez disso, as zonas biológicas marinhas
tendem a ser grosseiramente categorizadas pela localização física em relação à linha da costa
e ao leito oceânico (fig. 18).

160 BIOLOGIA E BIODIVERSIDADE | Educação a Distância


Figura 18 - Zonas biológicas marinhas: são categorizadas pela profundidade e por sua
localização física em relação ao litoral e ao fundo do oceano

Fonte: Cain; Bowman e Hacker (2011)

As distribuições de organismos que habitam essas zonas refletem diferenças na temperatura,


disponibilidade de luz, profundidade da água, estabilidade do substrato do fundo, interações
com outros organismos, ondas, marés e a salinidade (ODUM; BARRET, 2007). As zonas
litorâneas são fortemente influenciadas pela subida e descida da água do mar associada com
as marés, bem como pela ação das ondas e pelo influxo de água doce e sedimentos terrestres
provenientes dos rios.

Cain, Bowman e Hacker (2011) descrevem que as marés são geradas pela atração gravitacional
entre a Terra, a lua e o sol. A água do mar sobe e desce na maioria das zonas litorâneas duas
vezes ao dia. A magnitude da zona entremarés é altamente variável entre diferentes locais e

BIOLOGIA E BIODIVERSIDADE | Educação a Distância 161


está relacionada à morfologia da linha da costa e à estrutura do fundo oceânico. As flutuações
das marés produzem zonas de transição únicas entre os ambientes terrestres e marinhos.

Estuários

A palavra estuário (do latim aestus, “maré”) refere-se a um corpo semifechado de água doce,
em que ocorre a junção de um rio com o oceano. Estuários são caracterizados por variações
na salinidade associadas com o fluxo de água doce do rio no oceano e o influxo de água
salgada fluindo rio acima a partir do oceano quando a maré sobe.

Figura 19 - Exemplo de Estuário – encontro entre rio e oceano.

Fonte: <http://www.kisskiss.it/news/klima/Energia-ecosostenibile-dai-fiumi..html>.

Figura 20 - Exemplo de Estuário – encontro entre rio e oceano.

Fonte:<http://www.pratigi.org/portal/index.php?option=com_content&view=article&id=1275&Item
id=546>.

162 BIOLOGIA E BIODIVERSIDADE | Educação a Distância


Os rios também trazem sedimentos terrestres contendo nutrientes para os oceanos e a interação
de fluxos de marés e fluviais atua retendo esses sedimentos nos estuários, aumentado a
produtividade dessas zonas litorâneas. A salinidade variável do estuário é um importante fator
condicionante dos organismos que lá ocorrem. Muitas espécies de peixes comercialmente
importantes passam seus estágios juvenis em estuários, distantes de peixes predadores menos
tolerantes a variações na salinidade. Outros habitantes dos estuários incluem: moluscos, por
exemplo, os mariscos, as ostras; caranguejos, vermes marinhos, seagrasses e spartina,
plantas especialmente adaptadas para sobreviverem no habitat marinho.

Diferentes espécies escavam tocas onde passam grande parte do tempo, se camuflando ou
escondendo-se dos seus predadores. O linguado, por exemplo, enterra-se na areia como
forma de proteção, confundindo-se com a areia do fundo do estuário. Outros exemplos de
animais que vivem nos estuários são os ceriantos, vieiras, cenoura-do-mar e peixe-boi.
Algumas espécies de pássaros são comuns nesse ecossitema, como as gaivotas que se
alimentam no lodo do estuário, as garças (Egretta thula), biguá (Phalacrocorax olivaceus) os
pelicanos e cormoranes (pássaros mergulhadores) (CAIN; BOWMAN; HACKER, 2011). Os
estuários estão cada vez mais ameaçados pela poluição das águas levadas pelos rios. Os
nutrientes provindos de fontes agrícolas rio acima podem causar zonas mortas nesses locais
e perdas de diversidade biológica.

PÂNTANOS SALGADOS

Os sedimentos terrestres transportados para o litoral pelos rios formam zonas pantanosas
rasas, dominadas por plantas vasculares emergentes, neste caso, refere-se a plantas cujas
partes aéreas elevam-se acima da lâmina d’água, incluindo gramíneas, juncos e ervas de
folhas largas (fig. 21). Conforme debatem Cain, Bowman e Hacker (2011), nesses pântanos
salgados, como ocorre nos estuários, a entrada de nutrientes dos rios aumenta a produtividade
biológica. A inundação periódica dos pântanos na maré alta resulta em um gradiente de
salinidade nos pântanos, as partes mais elevadas são mais salinas, pois a inundação pouco

BIOLOGIA E BIODIVERSIDADE | Educação a Distância 163


frequente e a evaporação de água do solo conduzem a um progressivo acúmulo de sais. As
plantas dos pântanos salgados ocorrem em distintas zonas que refletem esse gradiente de
salinidade, com espécies mais tolerantes à salinidade nas partes mais altas do pântano. Os
pântanos salgados fornecem proteção de predadores e alimentos para uma grande variedade
de animais, incluindo peixes, caranguejos e aves. A matéria orgânica retida nos sedimentos
dos pântanos podem servir como fonte de nutrientes e energia para os ecossistemas marinho
próximos.

Figura 21 - Pântanos salgados

Fonte: Cain; Bowman e Hacker (2011)

FLORESTAS DE MANGUES

Estuários costeiros rasos e as regiões próximas salgadas pela maré alta de regiões tropicais
e subtropicais são habitados por árvores e arbustos perenes tolerantes à salinidade. Essas
plantas lenhosas são coletivamente referidas como “mangues”, mas não fazem parte de um
único grupo taxonômico; os mangues incluem espécies de 16 famílias vegetais diferentes.
As raízes do mangue retêm lama e sedimentos transportados pela água, que formam e
modificam o contorno da costa. Assim como os pântanos salgados, as florestas de mangue

164 BIOLOGIA E BIODIVERSIDADE | Educação a Distância


fornecem nutrientes para outros ecossistemas marinhos e habitat para numerosos animais,
tanto marinhos como terrestres. Entre os animais associados ao mangue estão: os peixe-bois,
macacos comedores de caranguejos, gatos-pescadores e lagartos-monitores.

As florestas de mangue estão ameaçadas pelo desenvolvimento humano nas áreas costeiras,
particularmente o desenvolvimento de fazendas de camarão, bem como pela poluição aquática,
desvio das fontes de água doces continentais e pelo corte das florestas por causa da madeira.

Zonas rochosas entremarés

Costões rochosos proporcionam um substrato estável ao qual uma coleção diversa de algas e
animais podem se fixar, impedindo de serem levados pelo bater das ondas. O ambiente físico
da zona entremarés alterna-se entre marinho e terrestre com a subida e descida das marés.
Entre os limites da maré cheia e maré baixa, uma multidão de organismos está organizada em
zonas associadas com a sua tolerância para variações na temperatura, salinidade, dessecação,
ação das ondas e interações com outros organismos. De acordo com Cain, Bowman e Hacker
(2011), os organismos sésseis, ou seja, fixos, como cracas, mexilhões e algas marinhas,
devem enfrentar esses estresses a fim de sobreviver, já os organismos móveis, como estrela-
do-mar e ouriço-do-mar, podem mover-se para poças da maré a fim de minimizar a exposição
a esses estresses.

Litorais arenosos

Ao olharmos para as praias arenosas, logo nos remete a ideia de que este ambiente é
desprovido de vida. Apesar do substrato arenoso não proporcionar uma superfície de fixação
estável como uma costa rochosa, e a falta de algas aderidas limitar o suprimento de alimento
potencial para os animias herbívoros e a ação das ondas limitar adicionalmente o potencial
para o desenvolvimento das comunidades biológicas, embaixo da areia, invertebrados
como mariscos, vermes marinhos e tatuíras encontram habitat adequado para manter suas
populações. Organismos menores, como vermes poliquetos, pequenos animais relacionados

BIOLOGIA E BIODIVERSIDADE | Educação a Distância 165


a medusas e copépodes vivem sobre ou entre os grãos de areia. Esses organismos estão
protegidos das flutuações na temperatura e dessecação na maré e da turbulência da água na
maré cheia. Quando a areia é submersa pela água do mar, alguns desses organismos saem
para se alimentar de detritos ou outros animais, enquanto outros permanecem enterrados e
filtram detritos e plâncton da água.

Recifes de corais

Como discorre Cain, Bowman e Hacker (2011), próximo da costa, a luz solar é suficiente para
alcançar o fundo do oceano, permitindo assim o estabelecimento de organismos fotossintéticos.
Da mesma forma que as plantas terrestres, esses organismos fornecem energia para sustentar
as comunidades de animais e micro-organismos, bem como estrutura física para criar habitat
para outros organismos, incluindo refúgios de predadores. A diversidade e complexidade dos
habitats proporcionadas pelos organismos fotossintéticos suportam considerável diversidade
biológica.

Em águas oceânicas quentes e rasas, corais, vivem em íntima associação com algas, formando
grandes colônias. Muitos corais constroem uma estrutura semelhante a um esqueleto,
extraindo carbonato de cálcio da água do mar. Com o passar do tempo, esses esqueletos de
coral amontoam-se em maciças formações denominadas de recifes. A formação de recifes
é auxiliada por outros organismos que extraem outros minerais da água do mar, como as
esponjas que precipitam a sílica. A associação única desses organismos dá origem a um
complexo habitat que sustenta uma rica comunidade marinha, conforme demonstra a figura
22 e 23.

166 BIOLOGIA E BIODIVERSIDADE | Educação a Distância


Fonte: SHUTTERSTOCK.COM

Figura 22 - Comunidade marinha sustentada através de recifes de corais

Figura 22 - Recifes de corais

Fonte: <http://www2.uol.com.br/sciam/noticias/acidez_oceanica_afeta_corais.html>.

BIOLOGIA E BIODIVERSIDADE | Educação a Distância 167


A taxa de crescimento dos recifes de corais é mínima, eles crescem em torno de 10 milimetros
por ano, mas modelaram a superfície terrestre. Durante milhões de anos, os corais construíram
milhares de quilômetros de linhas costeiras e numerosas ilhas (BIRKELAND, 1997). A
diversidade de espécies encontrada em recifes de corais em todo o mundo, incluindo mais
de 4.000 peixes. Um enorme número de peixes economicamente importantes dependem dos
recifes de corais para habitat, e peixes dos recifes proporcionam uma fonte de alimento para
os peixes de mar aberto, tais como o Lúcio e o Atum. A diversidade taxonômica e morfológica
de animais em recifes de corais é maior do que qualquer outro ecossistema terrestre. A
diversidade total dos recifes de corais, entretanto, ainda tem que ser explorada e descrita.

O potencial para o desenvolvimento de medicamentos a partir de organismos de recifes de


corais é altamente significativa, os Estados Unidos estabeleceu um laboratório na Micronésia
para tais pesquisas. Mas, infelizmente, o ser humano ameaça a continuidade dos recifes de
corais por meio de várias formas como, por exemplo, os sedimentos transportados pelos rios
que podem cobrir matar os corais; o excesso de nutrientes provoca o crescimento de algas na
superfície dos corais aumentado a sua mortalidade. Mudanças nas temperaturas oceânicas
associadas com a mudança climática podem resultar na perda das algas associadas aos
corais, na condição chamada de branqueamento. Outra ameaça é o aumento na incidência
de infecções fúngicas, possivelmente relacionado ao aumento na deposição de poeira da
atmosfera associado com a desertificação. O aumento na concentração atmosférica de CO2
apresenta uma séria ameaça que poderia alterar a química do oceano e inibir a capacidade
dos corais em formar esqueletos (ORR, 2005).

Kelps

Kelps, leitos de kelps ou florestas de kelps são algas enormes de coloração marrom de vários
gêneros diferentes. Habitam águas oceânicas temperadas claras e rasas (menos de 15 metros)
e suportam uma rica e dinâmica comunidade de vida marinha. Esses organismos possuem
tecidos especializados, semelhante às folhas, denominadas de frondes, também possuem
caules (estipes) e raízes (apreensórios).

168 BIOLOGIA E BIODIVERSIDADE | Educação a Distância


Os kelps são encontrados onde um substrato sólido estiver disponível para fixação. Residentes
dos leitos de kelps incluem ouriços-do-mar, lagostas, mexilhões, abalones, algas e lontras
marinhas. Interações entre esses organismos influencia a abundância do kelps.

Seagrass

Importantes componentes das zonas biológicas rasas infralitorâneas com menos de 5 metros
de profundidade, os leitos de seagrass são compostos por plantas floríferas submersas, embora
não sejam estreitamente relacionadas às plantas da família das gramíneas. Morfologicamente,
são similares às suas parentes terrestres, possuem raízes, caules, folhas e flores, as quais são
polinizadas embaixo d´água.

Leitos de seagrass são encontrados em sedimentos marinhos infralitorâneos compostos por


lama ou areia fina. As plantas reproduzem-se principalmente por crescimento vegetativo,
embora também se reproduzam por meio das sementes.

Infelizmente, a entrada de rejeitos agrícolas, proveniente da atividade humana, pode aumentar


a densidade de algas na água e sobre a superfície das seagrass. Essas plantas também são
suscetíveis a surtos periódicos de doenças fúngicas.

BIOLOGIA E BIODIVERSIDADE | Educação a Distância 169


ECOSSISTEMAS DE ÁGUA DOCE

Embora ocupem uma pequena porção da superfície terrestre, riachos, rios e lagos são
essenciais na conexão entre ecossistemas terrestres e marinhos. De acordo com Cain,
Bowman e Hacker (2011), os rios e lagos processam a assimilação de elementos químicos e
energia do sistema terrestre e os transportam para os oceanos. A diversidade biológica dos
sistemas de água doce refletem as características físicas da água incluindo sua velocidade,
por exemplo, rios e riachos de água corrente versus lagos e lagoas; sua temperatura, incluindo
as variações sazonais; quão profundamente a luz pode penetrar, a transparência; e suas
características químicas, tais como salinidade, nutrientes e pH.

- Os rios e riachos:

Fonte: SHUTTERSTOCK.COM

Os rios que formam ecossistemas de água doce são considerados o meio de vida natural mais
ameaçado do planeta. Embora ocupem apenas 1% da superfície terrestre, estes ecossistemas
abrigam cerca de 40% das espécies de peixes e 12% dos demais animais. Só o rio Amazonas
possui mais de três mil tipos de peixes.

170 BIOLOGIA E BIODIVERSIDADE | Educação a Distância


Conforme o World Resources Institute (WRI), a construção de represas e a canalização de
rios constituem as duas maiores ameaças à manutenção da vida nos rios e lagos. De 1950
até hoje, o número de grandes barragens no mundo cresceu de 5.270 para mais de 36.500.
Entre os exemplos de impacto que tais obras provocam no meio ambiente está a construção
da represa de Pak Mum, na Tailândia, no início dos anos 90, que levou a extinção cerca de 150
espécies de peixes do rio Mum.

A composição das comunidades biológicas em riachos e rios varia com a ordem do curso de
água, porém os efeitos humanos em sistemas de água doce têm sido significativos e extensos.
A maioria dos rios foram alterados em resultado das atividades humanas, incluindo a poluição,
aumento na entrada de sedimentos e pela introdução de espécies nativas. Riachos e rios têm
sido usados como condutos para descarte de esgoto e resíduos industriais. Esses poluentes,
muitas vezes, alcançam níveis tóxicos para muitos organismos aquáticos. Aplicações
excessivas de fertilizantes em cultivos agrícolas resultam na lixiviação de compostos para a
água subterrânea e por fim para os rios. A entrada de nitrogênio e fósforo, provenientes dos
fertilizantes, altera a composição e a abundância dos organismos aquáticos.

O desmatamento também altera a composição biológica dos ecossistemas de água doce, a


falta de mata ciliar aumenta a entrada de sedimentos nos cursos da água, o que pode reduzir
a transparência da água, alterar o habitat bentônico, organismos que habitam o fundo dos rios
e inibir o funcionamento das brânquias de muitos peixes. A introdução de espécies não nativas
como, por exemplo, os peixes: perca e truta, também tem reduzido a diversidade de espécies
nativas.

- Lagos e lagoas:

Lagos e outras águas estacionárias ocorrem onde depressões naturais foram preenchidas
com água, ou onde os seres humanos represaram rios para formar reservatórios.

Lagos e lagoas também podem ser formados quando geleiras abrem depressões ou deixam

BIOLOGIA E BIODIVERSIDADE | Educação a Distância 171


para trás barreiras naturais de fragmentos de rochas, ou ainda quando enormes pedaços de
gelo glacial estacionam e tornam-se rodeados por entulhos glaciais e posteriormente derretem.
Segundo Bowman e Hacker (2011), a maioria dos lagos temperados e polares formou-se por
processos glaciais. Lagos também podem surgir quando rios sinuosos cessam de fluir ao
longo de um canal inicial. Lagos de origem biológica, em adição aos reservatórios, incluem
barragens de castores e lamaçais criados por animais.

A variação no tamanho dos lagos é grande, desde pequenas lagoas até imensos lagos como,
por exemplo, o da Sibéria, com 1.600 metros de profundidade e 31.000 km2. O tamanho de
um lago e sua profundidade têm importantes consequências para seu status energético e
nutricional, e portanto, para a composição de suas comunidades biológicas.

Ameaça aos recifes de corais brasileiros


Celso Calheiros
13 de Abril de 2011.

Dois pólipos de uma mesma colônia do coral Mussismilia harttii, um totalmente branqueado e outro

172 BIOLOGIA E BIODIVERSIDADE | Educação a Distância


saudável (Outubro de 2010 - recife das Caramuanas, Ilha de Itaparica, Baía de Todos os Santos,
Bahia.
A expansão imobiliária no litoral, o turismo predatório e a indústria se tornaram grandes inimigos dos
recifes de corais costeiros do Brasil. Os efeitos da presença humana se somam às anomalias térmi-
cas, causa clássica do fenômeno do branqueamento dos corais.
Os recifes de corais são ecossistemas mais repletos de vida marinha. Sua formação oferece alimento,
abrigo e cria grandes estruturas de trocas biológicas. O rompimento desse equilíbrio normalmente
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artesanal e para o turismo, que utiliza o mergulho em recifes como opção nas viagens ao litoral. O
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acompanhamento sistemático a partir de 1993. Como em outros estudos, os registros periódicos as-
sociam o branqueamento à ocorrência de El Niño, em particular quando a temperatura da superfície
do mar sobe e seus efeitos são notados com mais intensidade, a depender do período em que a
temperatura se mantém além do normal e de quantos décimos de grau centígrados for essa elevação.

A doutora Zelinda Leão, uma das líderes do laboratório de Estudos Costeiros do Instituto de Geoci-
ências da Universidade Federal da Bahia (UFBA), apontou que algumas espécies de corais são mais
afetadas que outras. “Tanto no percentual de colônias branqueadas como no grau de branqueamento.
Estes percentuais variaram dentro de um mesmo recife, em recifes localizados na mesma região ou
em áreas recifais diferentes”, conta Zelinda. Como exemplo, seu trabalho cita a espécie Mussismilia
braziliensis, que apresentou baixa frequência de colônias branqueadas nos recifes no Parque Na-
cional Marinho de Abrolhos (inferior a 3%), enquanto que nos recifes das Ilhas de Tinharé e Boipeba
(no litoral Sul baiano) o percentual de colônias branqueadas desta espécie alcançou 24%. Vale dizer

BIOLOGIA E BIODIVERSIDADE | Educação a Distância 173


que Tinharé e Boipeba estão na zona costeira. Os recifes costeiros de Abrolhos estão cerca de 15km
afastados da costa.
Em Pernambuco, pesquisas da professora Fernanda Duarte Amaral, coordenadora do Laboratório de
Ambientes Recifais (LAR) da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), apontam para o
mesmo sentido, ao se comparar o branqueamento dos corais das ilhas de São Pedro e São Paulo
(ao Leste de Fernando de Noronha) com o que ocorre em Porto de Galinhas, Enseada dos Corais e
Tamandaré, na região costeira ao Sul do Recife. “Em São Pedro e São Paulo, os corais se recuperam
8(>('!'('1 &$/-!&.!$%('5'+($#),! &,('-.'" (+!##('+*+8)+('$&%- &82'$@('+?!>&'&'.&%AB8(#C2'&; .&D'
A professora Fernanda Amaral considera que a atividade humana nas praias onde trabalhou contribuiu
com o branqueamento e à morte de diferentes espécies de corais, tais como Siderastrea stellata,
Favia gravida, Mussismilia spp. e Montastraea cavernosa.
Porto de Galinhas, a praia que serviu de base para a pesquisa liderada por Fernanda Amaral, é co-
nhecida como um dos destinos turísticos mais procurados do Brasil e seus recifes são destaque em
/-&8/-! '6(8?!%('(-'6(%(> &;&D'E.&',&#'" )$+)"&)#'" (> &.&9F!#'(6! !+),&#'&(#'%- )#%&#'!.'G( %('5'
um passeio sobre os arrecifes (como os recifes são chamados, em Pernambuco) ou nas jangadas,
paradas nas “pedras”.
H'" &)&',!'G( %(',!'I&8)$?&#';+&'$('.-$)+*")(',!'J"(K-+&2'/-!')$%!> &'&'L!>)@('M!% ("(8)%&$&',&'
capital pernambucana. Ipojuca também empresta parte do seu território para o Complexo Industrial e
G( %-A )(',!'N-&"!2'($,!'!#%A'#!$,('+($#% -*,('('#!>-$,('!#%&8!) (',!'> &$,!'"( %!2'-.&' !;$& )&'!'
uma petroquímica da Petrobras, além de uma nova unidade da Fiat, para citarmos apenas os maiores
empreendimentos.
Outros estudos no litoral de Pernambuco, da Paraíba e do Rio Grande do Norte seguem o mesmo
princípio. “O fenômeno do branqueamento é recorrente na Paraíba, principalmente com o coral Si-
derastrea stellata, porém potencializado pela poluição, pelo assoreamento, pelas ações humanas”,
resume a professora Cristiane Costa, do Departamento de Sistemática e Ecologia da Universidade
Federal da Paraíba.
O trabalho de Cristiane Costa registra casos de branqueamento todos os meses do ano, com números
mais elevados durante a estação seca, quando a temperatura da água da superfície do mar é mais
!8!:&,&D'H>( &'!8&'!#%-,&'&'+&-#&',!'&8>-.&#',(!$9&#':! );+&,&#'!.'+$),A )(#'$&'O($&'+(#%!) &',(#'
três estados.
Características
O Brasil tem cerca de vinte espécies de corais. Destas, 17 são encontrados na região de Abrolhos – a
mais rica área de recifes de coral do Atlântico Sul Ocidental. O branqueamento afeta mais as espécies
comuns nos recifes costeiros, conforme estudo da professora Zelinda Leão. Destacam-se particular-
mente as espécies Mussimilia hispida, Siderastrea stellata, Mostastraea cavernosa e Agaricia agaricites.

174 BIOLOGIA E BIODIVERSIDADE | Educação a Distância


Há tempos, a professora Zelinda Leão alerta: “Os ambientes recifais costeiros estão entre os ecossis-
temas mais ameaçados de sofrerem interferências decorrentes das pressões humanas”. Tratam-se de
formações únicas no Atlântico Sul que se distribuem por uma extensão da ordem de 2 mil quilômetros.
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décadas de vida.
Disponível em: <http://www.oeco.com.br/reportagens/24960-ameaca-aos-recifes-de-corais-brasilei-
ros>. Acesso em: 29 maio 2012.

ECOSSISTEMAS TERRESTRES

Os efeitos da conversão solo e a extração de recursos pelos seres humanos são cada vez mais
aparentes na superfície terrestre. As modificações humanas dos ecossistemas começaram
no mínimo há 10.000 anos com o uso do fogo como instrumento para remover florestas e
aumentar o tamanho das populações de caça. As maiores mudanças ocorreram ao longo
dos últimos 150 anos, com o início da agricultura mecanizada e a derrubada de árvores e
um aumento exponencial da população humana. Como descrevem Harrison e Pearce (2001),
entre 50 a 60% da superfície do solo terrestre foram alteradas pelas atividades humanas,
principalmente a agricultura, silvicultura e pecuária. Como resultado dessas influências, a
distribuição potencial e efetiva dos biomas são notavelmente diferentes.

Os biomas temperados, particularmente os campos, foram transformados em sua maioria,


embora os biomas tropicais e subtropicais também estejam experimentando rápidas mudanças.

Florestas tropicais pluviais

As florestas tropicais pluviais são encontradas em regiões de baixa latitude, entre 10°
Norte e Sul em relação à linha do Equador, com precipitação anual que geralmente excede
2.000 milímitros (mm) e, em algumas florestas, atinge mais de 10.000 mm. Essas florestas
desenvolvem-se em temperaturas quentes, sazonalmente invariáveis. A precipitação

BIOLOGIA E BIODIVERSIDADE | Educação a Distância 175


abundante pode ser distribuída uniformemente ao longo do ano ou ocorrer em um ou dois
picos principais associados com o movimento da zona de convergência intertropical, com não
menos de 100 mm durante qualquer mês em separado.

Segundo Ricklefs (2003), estas condições ocorrem em três importantes regiões dos trópicos:
primeiro, as bacias do Amazonas e do Orinoco da América do Sul, com áreas adicionais na
América Central e ao longo da costa atlântica do Brasil, constituem a floresta pluvial americana.
Segundo, a àrea do extremo sul da África oeste que estende-se em direção ao leste através
da bacia do rio Congo e constitui a floresta pluvial africana. Terceiro, a floresta pluvial indo-
málasia cobre que parte do sudeste da Ásia (Vietnã, Tailândia e a Península da Malásia),
as ilhas entre a Ásia e a Austrália, incluindo as Filipinas, Bornéu e Nova Guiné e a costa de
Queesland na Austrália, como demonstra a figura 24a e 24b.

Os ritmos climáticos sazonais estão ausentes neste bioma, as plantas crescem continuamente
ao longo do ano. As florestas tropicais pluviais possuem uma quantidade alta de biomassa
vegetal viva e incluem os ecossistemas mais produtivos da Terra. Estima-se que elas
contenham 50% das espécies da Terra em 11% de sua cobertura vegetal terrestre (DIRZO;
RAVEN, 2003). Este bioma é caracterizado por árvores latifoliadas e decíduas. Sendo a luz
um importante fator ambiental de determinação da estrututura da vegetação destas florestas.

As condições ambientais favoráveis ao crescimento vegetal impõem uma pressão ecológica


para crescer em altura acima das plantas vizinhas ou adaptar-se fisiologicamente a baixos
níveis de radiação. Desenvolvem nas florestas tropicais até cinco tipos de vegetação, incluindo
as árvores emergentes, que são árvores que se elevam acima da maioria das outras árvores
que constituem o dossel da floresta. Abaixo do dossel encontram-se as plantas que utilizam a
copa das árvores para sustentar e elevar suas folhas, conhecidas como trepadeiras lenhosas e
epífitas. As plantas do sub-bosque, que crescem à sombra do dossel e das árvores emergentes,
reduzindo a luz que finalmente alcança o solo da floresta. Arbustos e herbáceas são plantas
que ocupam o chão da floresta, onde precisam enfrentar a baixa disponibilidade de radiação
para a execução da fotossíntese.

176 BIOLOGIA E BIODIVERSIDADE | Educação a Distância


As florestas tropicais pluviais estão desaparecendo rapidamente devido ao desmatamento e
à conversão das florestas em pastagens e áreas agrícolas. De acordo com Cain, Bowman e
Hacker (2011), aproximadamente metade deste bioma já foi alterado, principalmente as florestas
pluviais africanas e asiáticas. Em poucos casos, as florestas pluviais foram substituídas por
pastagens de gramíneas forrageiras mantidas por distúrbio.

Figura 24a - Zonas de florestas tropical pluvial

Fonte: <http://www.infoescola.com/biomas/floresta-tropical/>.

Figura 24b - Florestas tropical pluvial

Fonte: <http://meioambiente.culturamix.com/ecologia/flora/floresta-tropical-pluvial>.

BIOLOGIA E BIODIVERSIDADE | Educação a Distância 177


Florestas tropicais sazonais (estacional) e as savanas

Nos trópicos terrestres, além de 10º da linha do Equador, os climas tropicais frequentemente
apresentam uma estação seca pronunciada, correspondente ao inverno das latitudes mais
altas. A resposta da vegetação a esse gradiente climático inclui estatura mais baixa, menores
densidades de árvores e um grau crescente de deciduidade causado pela seca, com árvores
perdendo as folhas durante a estação seca. Além disso, há maior abundância de gramíneas e
arbustos com menos árvores do que em relação às florestas tropicais pluviais.

Este bioma inclui um complexo sistema denominado por árvores, incluindo as florestas tropicais
secas, as florestas espinhosas e as savanas tropicais. A frequência de queimada aumenta
com a extensão da estação seca, influenciando a forma de crescimento da vegetação. As
queimadas recorrentes, às vezes provocadas pelo homem, promovem o estabelecimento de
savanas (figura 25).

As savanas são comunidades dominadas por gramíneas entremeadas por árvores e arbustos,
e se espalham sobre grandes áreas dos trópicos secos, especialmente em altitudes elevadas
do leste da África. De acordo com Ricklefs (2003), a precipitação normalmente é de 900
a 1.500 mm por ano, mas 3 ou 4 meses mais secos recebem menos de 50 mm cada. Os
incêndios e a pastagem indubitavelmente representam importantes papéis na manutenção do
cárater do bioma da savana, particularmente em regiões mais úmidas, porque as gramíneas
podem persistir melhor que outras formas de vegetação sob ambas as influências.

As floretas tropicais estacionais e as savanas cobriram uma área maior do que as florestas
pluviais. Conforme discorre Cain, Bowman e Hacker (2011), a crescente demanda humana
pelo suprimento de madeira e de terras para a agricultura resultou em taxa de redução das
florestas tropicais estacionais e das savanas iguais ou maiores do que aquelas das florestas
tropicais pluviais.

178 BIOLOGIA E BIODIVERSIDADE | Educação a Distância


Figura 25 - Savana

Fonte: <http://meioambiente.culturamix.com/natureza/savana-africana>.

Desertos quentes

Ao contrário dos ecossistemas tropicais já estudados, os desertos quentes possuem populações


esparsas de plantas e animais, refletindo as limitações causadas pela alta temperatura e baixa
disponibilidade de água. Em torno de 30° Norte e Sul da linha do Equador, o ar cria zonas de
alta pressão que inibem a formação de tempestades e suas precipitações associadas, criando
um ambiente propício para o desenvolvimento dos desertos quentes.

Os baixos níveis de precipitação, associados às altas temperaturas e às elevadas taxas


de evapotranspiração resultam no suprimento delimitado de água para os organismos que
habitam o deserto. As principais zonas incluem os desertos do Saara e o Arábico, o deserto do
Atacama no Chile e no Peru, e os desertos do Chiuaua, Sonora e Mojave na América do Norte.

BIOLOGIA E BIODIVERSIDADE | Educação a Distância 179


Cain, Bowman e Hacker (2011) afirmam que a baixa disponibilidade de água é uma importante
limitação à abundância das plantas no deserto, bem como uma importante influência sobre sua
forma e função. Um bom exemplo é a morfologia encontrada nos vegetais que habitam esse
bioma, os seus caules são suculentos. Essas plantas podem armazenar água em seus tecidos
para ajudá-las a continuar a funcionar durante os períodos de seca. Também fazem parte deste
bioma plantas decíduas na estação seca, gramíneas e plantas anuais ativas após a ocorrência
de chuva suficiente antes da estação de crescimento na primavera (figura 26a e b).

Localização dos principais


desertos quentes

Sara

Arábico
Namibia

Calaári Australiano

Figura 26a - Zonas de desertos quentes

Fonte:<http://www.prof2000.pt/users/elisabethm/geo7/clima/climas.htm>.

Figura 23b - Desertos quentes

Fonte:<http://www.noticiasvirtuais.com.br/index.php?mega=codigo_noticias&cat=Cidade&c
od=30900>.

180 BIOLOGIA E BIODIVERSIDADE | Educação a Distância


Campos temperados

Os campos desenvolvem-se nas zonas climáticas continentais, também conhecidas por


desertos frios, onde a precipitação varia entre 300 e 850 mm por ano. Os verões são quentes
e úmidos e os invernos frios e secos. São encontrados em latitude 30° e 50º Norte e Sul da
linha do Equador. No hemisfério sul são conhecidos como pampas, na Ásia como estepe e na
América do Norte pradarias.

Os climas temperados apresentam variação sazonal de temperatura maior do que os climas


tropicais, com período crescente de temperaturas abaixo de zero durante o inverno em direção
aos polos. Como a precipitação em alguns campos é alta para suportar as florestas, em
outros locais, as queimadas são frequentes e o pastejo por grandes herbívoros impedem o
estabelecimento de árvores, assim o bioma mantém a dominância de gramíneas.

Os campos do mundo têm sido um importante foco para o desenvolvimento da agricultura


e da pecuária, a fim de lidar com as condições de seca e obter água o suficiente. A rica
matéria orgânica que se acumula no solo aumenta a sua fertilidade, por isso esses solos são
apropriados para o desenvolvimento agrícola. Como resultado, a maior parte dos campos
férteis foram convertidos para a agricultura (figura 27).

Figura 27 - Campos temperados

Fonte: <http://ciencia.hsw.uol.com.br/biomas2.htm>.

BIOLOGIA E BIODIVERSIDADE | Educação a Distância 181


Bosques arbustivos e bosques temperados

Ricklefs (2003) descreve que a zona climática mediterrânea está distribuída em 30º e 40° a
norte da linha do Equador, sendo um pouco mais alta na Europa, no lado oeste das massas
continentais, onde as correntes de água fria e ventos vindos dos continentes dominam o
clima. Esse clima é denominado de mediterrâneo. Os climas mediterrêneos ocorrem nas
costas ocidentais das Américas, África, Austrália e Europa. Este clima é caracterizado pela
assincronia entre a precipitação e a estação de crescimento. A precipitação ocorre no inverno,
e o tempo quente e seco ocorre em todo final de primavera, verão e outono.

Figura 28 - Bosques arbustivos

Fonte: <http://www.meteopt.com/forum/biosfera-atmosfera/biodiversidade-2732-10.html>.

Esse clima sustenta a vegetação arbustiva, espessa, perene, ou seja, com ciclo de vida mais
longo, sua altura varia entre 1 a 3 metros, com profundas raízes e folhagens resistentes à seca.
As folhas perenes permitem às plantas serem ativas durante os períodos mais frios e mais
úmidos e também reduzir suas demandas por nutrientes, já que não precisam desenvolver
novas folhas todos os anos. Conforme demonstra Cain, Bowman e Hacker (2011), muitas
plantas do clima mediterrâneo têm folhas do tipo esclerófilas, ou seja, mais resistentes e duras.
Essas plantas são bem adaptadas ao clima seco e podem continuar a fazer a fotossíntese e

182 BIOLOGIA E BIODIVERSIDADE | Educação a Distância


crescer a taxas reduzidas durante o verão. Os bosques arbustivos podem ser encontrados em
cada uma das zonas caracterizadas por climas do tipo mediterrâneo, por exemplo, o Mallee da
Austrália, o Fynbos da África do Sul, o Matorral do Chile e o Chaparral da América do Norte.

O fogo é uma característica comum em bosques arbustivos do tipo mediterrâneo, e em alguns


campos pode promover sua persistência. Alguns arbustos recuperam-se após as queimadas
por meio de rebrotamento, outros produzem sementes que germinam e crescem rapidamente
após a queimada. Sem queimadas regulares em intervalos de 30 a 40 anos, alguns bosques
arbustivos podem ser substituídos por florestas de carvalhos, pinheiros ou eucaliptos.

Florestas temperadas decíduas

As folhas decíduas são uma solução para não passar pelo estresse de longos períodos de
tempo frio na zona temperada, pelo fato de serem mais sensíveis ao congelamento do que
outros tecidos vegetais. As florestas temperadas decíduas ocorrem em área de precipitação
suficiente, entre 500 a 2.500 mm por ano (figura 29a e b) para sustentar o crescimento de
árvores, e os solos são suficientemente férteis para suprir a necessidade nutricional devido à
queda das folhas. Esse tipo de bioma é restrito ao hemisfério norte, uma vez que o hemisfério
sul contém menos área de terras emersas e faltam áreas extensas aos climas continentais
associados a esse tipo de floresta.

Figura 29a - Zonas das florestas temperadas decíduas

Fonte: <http://www.infoescola.com/biomas/floresta-temperada/>.

BIOLOGIA E BIODIVERSIDADE | Educação a Distância 183


Figura 29b - Florestas temperadas decíduas

Fonte: <http://www.klickeducacao.com.br/enciclo/encicloverb/0,5977,RPT-10732,00.html>.

Plantas como carvalho, bordos e faias são comuns neste ecossistema; a estrutura vertical das
florestas inclui um dossel de espécies arbóreas como plantas mais baixas, arbustos e ervas
de folhas largas. A diversidade das espécies é menor do que em florestas tropicais, mas pode
incluir até 3.000 espécies de plantas. Distúrbios como o fogo não tem papel importante na
determinação do desenvolvimento e na persistência da vegetação.

O bioma de floresta decídua foi por muito tempo um foco para o desenvolvimento agrícola. Os
sólos férteis e o clima são propícios ao crescimento das culturas agrícolas, mas desde o início
do século XX, a agricultura gradualmente se transferiu para os trópicos, particularmente para
as Américas.

Florestas temperadas perenifólias

As florestas perenifólias estendem-se ao longo de uma ampla gama de condições ambientais


na zona temperada, desde zonas costeiras quentes até regiões continentais frias e climas

184 BIOLOGIA E BIODIVERSIDADE | Educação a Distância


marítimos. A precipitação também varia substancialmente entre essas florestas, de 500 a
4.000 mm por ano, conforme demonstra a figura 30.

Figura 30 - Florestas perenifólias

Fonte: <http://www.icb.ufmg.br/treeatlan/treeatlan_3_abrangencia.htm>.

Esse bioma é encontrado em solos pobres e ácidos. A queimada promove a permanência


dessas florestas e é importante que ocorra em intervalos de 30 a 60 anos. Esse ecossistema
é encontrado tanto no hemisfério norte quanto no sul entre 30º e 50° da linha do Equador.
As árvores perenifólias fornecem uma fonte de madeira de alta qualidade e polpa para a
produção de papel, devido a essas características, o bioma de floresta temperada perenifólia
foi submetido a um extenso desmatamento; as práticas de silvicultura tendem a promover o
uso sustentável dessas florestas.

Florestas boreais

Acima de 50º norte da linha do Equador, a severidade dos invernos aumenta. Temperaturas
mínimas de -50°C são comuns em locais como a Sibéria, e temperaturas abaixo de zero podem
durar até seis meses. De acordo com Cain, Bowman e Hacker (2011), a condição do tempo

BIOLOGIA E BIODIVERSIDADE | Educação a Distância 185


extremo nessas regiões subárticas é um importante determinante da estrutura da vegetação,
as plantas precisam enfrentar não apenas as baixas temperaturas do ar, mas o solo pode
congelar regularmente, formando o permafrost, uma camada de solo abaixo da superfície que
permanece congelada o ano todo durante no mínimo 3 anos. Embora a precipitação nessas
regiões sejam baixas, o permafrost impede a drenagem da água, por isso os solos desse
bioma são úmidos e saturados (figura 31a e b).

A floresta boreal ocupa a zona entre 50º e 65° norte da linha do Equador, esse bioma também
é conhecido como taiga. Ele é composto por espécies de coníferas, pinheiros e lariços. Embora
a floresta boreal seja encontrada apenas no hemisfério norte, é um dos maiores biomas em
área e contém um terço da superfície florestada da Terra.

Figura 31a - Zonas de florestas boreais

Fonte: <http://cienciaemdia.folha.blog.uol.com.br/arch2009-08-30_2009-09-05.html>.

186 BIOLOGIA E BIODIVERSIDADE | Educação a Distância


Figura 31b - Florestas boreais

Fonte: <http://www.infoescola.com/geografia/taiga-floresta-de-coniferas-ou-floresta-boreal/>.

A condição fria e úmida dos solos desse ecossistema limita a decomposição do material
vegetal, tais como: folhas, madeira e raízes. Esses solos, portanto, contêm grandes
quantidades de matéria orgânica, já que a taxa de crescimento vegetal excede a taxa de
decomposição. Durante secas prolongadas no verão, as condições são propícias a queimadas
florestais provocadas por raios, essas queimadas podem atingir tanto as árvores quanto o solo.
A combustão do solo pode continuar a queimar lentamente por vários anos, mesmo através
dos invernos gélidos. Na ausência do fogo, o crescimento florestal intensifica a formação do
permafrost, pela redução da radiação solar. Em áreas mais baixas, o solo torna-se saturado,
matando as árvores e formando extensas turfeiras (CAIN; BOWMAN; HACKER, 2011).

Em relação aos outros biomas, as florestas boreais foram pouco afetadas pelas atividades
humanas. A atividade madeireira ocorreu em algumas regiões, assim como a produção de
óleo e gás.

Tundras

De acordo com Ricklefs (2003), ao norte da floresta boreal, na assim chamada zona
climática polar, situa-se a tundra ártica, uma extensão sem árvores sustentada por solo

BIOLOGIA E BIODIVERSIDADE | Educação a Distância 187


permanentemente congelado. Para Cain, Bowman e Hacker (2011), o bioma tundra ocorre
principalmente no Ártico, mas também é encontrado na Península Antártica e em poucas
ilhas do oceano Antártico. O declínio da temperatura e a precipitação em direção ao polos ao
longo do bioma está associado com zonas de alta pressão causadas por células de circulação
atmosférica polar.

O bioma é caracterizado por espécies como: ciperáceas, ervas, gramíneas e arbustos de


crescimento lento. Liquens e musgos são importantes componentes desse ecossistema.
Embora a estação de crescimento no verão seja curta, os dias são longos, com períodos
contínuos de luz por 1 a 2 meses no verão.

A tundra tem várias semelhanças com a floresta boreal: as temperaturas são baixas, é
grosseira, o permafost não se desenvolve, os solos podem ser secos e as plantas podem
ser capazes de lidar com a baixa disponibilidade de água. Esses desertos polares são mais
comuns em latitudes mais altas, onde a tundra é encontrada (figura 32a e b).

Os habitantes humanos desse bioma estão distribuídos em povoados dispersos, em função


disso, esta floresta contém extensas regiões inalteradas. Entretanto, a influência das atividades
humanas está aumentando aos poucos onde a exploração e o desenvolvimento dos recursos
energéticos estão acelerados.

Figura 32a - Zonas de Tundra

Fonte: <http://megaarquivo.com/2011/06/23/3428-planeta-terra-tundra-e-florestas-boreais/>.

188 BIOLOGIA E BIODIVERSIDADE | Educação a Distância


Figura 32b - Tundra

Fonte: <http://www.cotf.edu/ete/modules/msese/earthsysflr/tundra.html>.

CARACTERIZAÇÃO DOS BIOMAS BRASILEIROS

Devido à grande extensão territorial brasileira, existe um complexo mostruário das principais
paisagens e ecologias do planeta. Conforme o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE), o país possui oito biomas diferentes: Caatinga, Campos, Cerrado, Floresta Amazônica,
Mata Atlântica, Mata de Araucária, Pantanal e as Zonas Litorâneas (FELFILI, 2003).

Biomas terrestres

Caatinga

Com extensão territorial de 800 mil quilômetros quadrados, presente nos Juntos, os estados
do Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Sergipe, Alagoas, Bahia, Piauí e no
norte de Minas Gerais, possuem cerca de 800 mil quilômetros quadrados, formando um bioma

BIOLOGIA E BIODIVERSIDADE | Educação a Distância 189


exclusivamente brasileiro (FELFILI, 2003). A caatinga tem uma vegetação típica de regiões
semiáridas, formada por plantas adaptadas ao clima seco e à pouca quantidade de água.
A fauna é representada por répteis, roedores, insetos, aracnídeos, arara-azul, sapo-cururu,
asa-branca, cutia, gambá, preá, veado-catingueiro entre outros. A biodiversidade da caatinga
é extrema, sobretudo de insetos. O sul do Piauí, por exemplo, é favorável à criação de abelhas
(CRUZ, 2010).

Figura 33 - Caatinga

Fonte: <http://www.infoescola.com/meio-ambiente/desmatamento-da-caatinga/>.

Campos

Conforme discorre Cruz (2010, p.39), “Os campos são caracterizados por vegetação composta
de herbáceas, gramíneas e pequenos arbustos esparsos”. Esse bioma está distribuído em
áreas descontínuas do Brasil, sendo encontrado na Região Norte (Amazonas, Roraima e
Pará) em forma de savanas de gramíneas baixas; e na Região Sul, com as pradarias mistas
subtropicais (FELFILI, 2003).

190 BIOLOGIA E BIODIVERSIDADE | Educação a Distância


Figura 34 - Campos

Fonte: <http://br.viarural.com/servicos/turismo/parques-nacionais/dos-campos-amazonicos/default.htm>.

Cerrado

Este bioma é o segundo maior brasileiro e está presente em diferentes regiões, entretanto é
na região Centro-Oeste que ele predomina. Apresenta clima quente e períodos alternados
de chuva e seca. Sua vegetação é composta por árvores esparsas, arbustos e gramíneas.
Segundo Cruz (2010, p. 56), “uma das principais características do cerrado são as árvores
com caules tortuosos e folhas coriáceas, além do solo com poucos nutrientes e com grande
concentração de alumínio”.

Figura 35 - Cerrado

Fonte: <http://cienciahoje.uol.com.br/noticias/2009/11/a-historia-do-cerrado>.

BIOLOGIA E BIODIVERSIDADE | Educação a Distância 191


FLORESTA AMAZÔNICA

Essa é a maior floresta tropical do mundo, compreendendo cerca de 42% do território nacional.
A floresta Amazônica está presente nos estados do Acre, Amapá, Amazonas, Maranhão, Mato
Grosso, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins, além de outros países sul-americanos. Esse é
o bioma que possui a maior biodiversidade do planeta. Entre as espécies animais estão: jabuti,
paca, anta, jacaré, sucuri, macacos entre outros.

Figura 36 - Floresta amazônica

Fonte: <http://www.mundoeducacao.com.br/geografia/biomas-brasileiros.htm>.

Mata amazônica

Cruz (2010) descreve que a Mata Atlântica engloba os estados do Piauí ao Rio Grande do Sul.
Esse bioma é um dos mais ricos do mundo em espécies da flora e da fauna. Sua vegetação
é bem diversificada e é representada pela peroba, ipê, quaresmeira, cedro, jequitibá-rosa,

192 BIOLOGIA E BIODIVERSIDADE | Educação a Distância


jacarandá, pau-brasil entre outras. A fauna possui várias espécies distintas: tatu-canastra,
onça-pintada, lontra, mico-leão, macaco-muriqui, anta, veado, quati, cutia, bicho-preguiça,
jacu, macuco entre outros.

Mata de araucária

A floresta de Araucária é um bioma típico de regiões com clima subtropical. No Brasil, ela
está presente nos estados de São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Sua
vegetação é composta por árvores com folhas em formato de agulha, e a espécie predominante
é o pinheiro-do-paraná.

Figura 37 - Mata de araucária

Fonte: <http://www.grupoescolar.com/pesquisa/mata-araucaria.html>.

Pantanal

O Pantanal está localizado no sudoeste de Mato Grosso e oeste de Mato Grosso do Sul,
encontra-se também no Paraguai e na Bolívia. Esse bioma é considerado uma das maiores

BIOLOGIA E BIODIVERSIDADE | Educação a Distância 193


planícies inundáveis do planeta. Apresenta grande diversidade, mais de 3.500 espécies de
plantas, cerca 650 espécies de aves, 262 espécies de peixe, 1.100 espécies de borboletas.
Entre os representantes da fauna estão: jacaré, veado, serpentes, capivara, papagaio, tucano,
tuiuiú, onça, macaco entre outros (FELFILI, 2003).

Figura 38 - Pantanal

Fonte: <http://www.pantanalecoturismo.tur.br/>.

BIOMA MARINHO

Manguezal

Conforme descreve Cruz (2010) e Felfilini (2003), o Brasil possui uma costa litorânea de mais
de 7 mil quilômetros de extensão em linha contínua. A paisagem do litoral brasileiro é bem
diversificada, composta por dunas, ilhas, recifes, costões rochosos, baías, estuários, brejos e
falésias.

194 BIOLOGIA E BIODIVERSIDADE | Educação a Distância


O manguezal localiza-se em vários pontos da costa brasileira, sendo mais comum onde o mar
se encontra com as águas doces dos rios. É caracterizado por ser uma área alagada de fundo
lodoso e salobro. Entre os principais animais encontrados no mangue estão o caranguejo e a
ostra.

Figura 38 - Manguezal

Fonte: <http://cienciahoje.uol.com.br/revista-ch/revista-ch-2009/264/manguezais-as-florestas-da-
amazonia-costeira>.

BIOLOGIA E BIODIVERSIDADE | Educação a Distância 195


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Floresta Amazônica reúne a maior biodiversidade do planeta/Foto: sxc.hu


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(km²). Mais de 3 milhões dessa área estão em território brasileiro, nos estados de Amazonas, Rondô-
nia, Roraima, Mato Grosso, Tocantins, Amapá, Acre, Pará e parte do Maranhão, enquanto o restante
está distribuído entre oito países. O assunto em questão é a Floresta Amazônica, bioma mais extenso
do planeta e que ocupa metade do Brasil. Dia 5 de setembro celebra-se o Dia da Amazônia, região
composta de uma biodiversidade única, distribuída por diversos tipos de ecossistemas.
A Amazônia conta com 40 mil espécies de plantas catalogadas, mas a biodiversidade é tanta, que mi-
lhares de espécies sequer foram reconhecidas. “Tem áreas que são de baixa densidade de coleta, como
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Madeira, a Calha Norte, no lado esquerdo do Rio Amazonas. Então essa biodiversidade está toda des-
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Cientistas apontam que a Amazônia, depois do Ártico, será a região


mais afetada pelas mudanças climáticas/Foto: sxc.hu

196 BIOLOGIA E BIODIVERSIDADE | Educação a Distância


Também é neste bioma que encontramos a maior variedade de aves, primatas, roedores, répteis,
insetos e peixes de água doce do planeta. Para se ter uma ideia, um quarto da população de macacos
do mundo está na Amazônia. Além dos primatas, são mais de 300 espécies de mamíferos, como a
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região também é rica em peixes ornamentais, que são comercializados para ser criados em aquários.
Importância mundial
De acordo com James Painter, analista de América Latina da BBC, existem três razões fundamentais
que explicam a importância do bioma amazônico em relação ao restante do mundo. São elas:
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mundial. Apenas para se ter noção, dos cerca de 200 bilhões de toneladas de gás carbôni-
co absorvidos por vegetação tropical em todo o mundo, 70 bilhões são armazenados pelas
árvores amazônicas. Atualmente, estima-se que a Amazônia absorva cerca de 10% das
emissões globais de CO2 oriundos da queima de combustíveis fósseis.

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estudo divulgado em fevereiro por cientistas da Universidade de Oxford, do Instituto Pots-
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mais vulnerável à mudança climática depois do Oceano Ártico. A ideia central é que o
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temperaturas globais, que assim causariam secas.

3ª - A biodiversidade gigantesca do bioma, que ainda faz dele o mais rico do mundo em recur-
sos naturais.

Desmatamento
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igarapés. Devido a essa riqueza e biodiversidade, o extrativismo vegetal tornou-se a principal ativi-
dade econômica da região, e também o principal foco de disputa entre nativos, governo e indústrias
nacionais e internacionais. Ao todo, são mais de 200 espécies diferentes de árvores por hectare que
são foco direto do desmatamento, principalmente as madeiras nobres, como o mogno e o pau-brasil.

Desmatamento foi alto em julho deste ano, mas o acumulado foi o menor desde 2004, informou o
Inpe/Foto: Ana Cotta
BIOLOGIA E BIODIVERSIDADE | Educação a Distância 197
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“Estamos perdendo coisas que a gente nem sabe que existe. Como, por exemplo, a mandioca que é
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Ou seja, são alimentos que a gente vai perdendo”, informou à Rádio Nacional da Amazônia o biólogo
Antônio Mauro dos Anjos, que também é analista ambiental do Parque Nacional Serra da Cutia.
Além de trazer sérios problemas para o planeta por conta da emissão de gás carbônico, o desmata-
mento compromete o andamento de pesquisas genéticas e medicinais. Isso porque muitas dessas
plantas estão exclusivamente na Amazônia. De acordo com o Instituto Nacional de Pesquisa da Ama-
zônia (Inpa), são mais de 10 mil espécies que podem ser usadas na medicina, na indústria cosmética
e para controle biológico de pragas.
Dados
Em 1º de setembro, dados divulgados pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) apon-
taram que o desmate acumulado entre agosto de 2008 e julho de 2009 é o menor desde o ano de
2004, quando teve início a série histórica do Sistema de Detecção de Desmatamento em Tempo Real
(Deter) - mais rápido que o Prodes, detecta devastações acima de 25 hectares. No entanto, houve
aumento na degradação da Amazônia no último mês de julho, em comparação com o mesmo período
do ano passado.

Bioma tem a maior diversidade de espécies da fauna mundial/Foto: Praziquantel


O desmatamento medido pelo Deter entre agosto de 2008 e julho de 2009 foi de 4.375 quilômetros
quadrados (km²), ante 8.147 km² do período anterior (agosto de 2007 e julho de 2008). “O dado impor-
,"1,*#$#67*#4'7;*#7%"#(*07LS'#*R-(*++&;"#0'#0*+%","%*1,'#<".7%7!"0'>K# ++*#$#'#0"0'#(*!*;"1,*U2#
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198 BIOLOGIA E BIODIVERSIDADE | Educação a Distância


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índices de devastação dos últimos 20 anos.
Cultural
Mas a Amazônia brasileira também é um poço de cultura. O carimbó, por exemplo, é o único ritmo
67*#,*%#&1)7g1.&"#0"+#,(g+#.7!,7("+#67*#%"&+#&1)7*1.&"("%#"#Q'(%"LS'#0'+#N("+&!*&('+K#W#!*;"1,"(#0*#
braços vem da cultura portuguesa. O andar curvado é indígena e o balançar, dos negros. Da mistura
do carimbó com choro e jovem guarda, nasceu a guitarrada. Também conhecida como lambada ins-
trumental, o ritmo completa 50 anos em 2010 e foi criado pelo mestre Joaquim Vieira.
“Eu comecei a misturar o mambo, a salsa, o merengue, com vários outros ritmos do Caribe e a jovem
guarda, porque queria criar um ritmo nosso, nós não tínhamos. Então comecei a tocar e o pessoal pe-
0&"#h,'."#7%"#!"%N"0"h#<&1+,(7%*1,"!>2#*#"++&%#1"+.*7#"#O7&,"(("0"B2#*R-!&.'7#i&*&("#\#?=0&'#j".&'1"!#
da Amazônia.

Índios são de suma importância para a preservação da cultura local/Foto: Fábio Rodrigues Pozze-
bom/ABr
Mas não é só de música que vive a cultura amazônica. Os traços da cerâmica marajoara, desenvolvida
pelos indígenas na Ilha de Marajó entre os anos 400 e 1400 depois de Cristo (dC), são elementos
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Museu do Índio, Fábio Freitas, comentou sobre o valor das peças – no espaço, há réplicas das obras,
e há originais nos museus Histórico Nacional (no Rio de Janeiro) e Americano de História Natural
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defendeu.
Outro elemento relevante na arte regional é o folclore, especialmente representado pelo bumba-meu-
-boi. Conhecido em todo o Brasil, a expressão se destaca no Maranhão e no Amazonas. O município

BIOLOGIA E BIODIVERSIDADE | Educação a Distância 199


de Parintins (AM) vive, todos os anos, o Festival Folclórico que divide a cidade entre azuis e verme-
lhos, cores dos bois Caprichoso e Garantido, que se apresentam no mês de junho no bumbódromo da
.&0"0*K#9*!'#f&1,'2#0'#G'&#J"("1,&0'2#".*1,7'7#'#+&O1&C#."0'#0"#Q*+,"V#o1"#;*(0"0*2#$#'#67*#&%-7!+&'1"#
o município. Tudo o que acontece na cidade e na região, acontece em decorrência do evento. Mesmo
fora do período do festival, o que se investe na cidade em infraestrutura e obras tem ele como foco. É
o grande impulsor econômico do município”.
Além da arte popular e da música, a literatura que se faz na Amazônia ganha destaque nacional. No-
mes como Milton Hatoun e Nicodemos Sena aparecem no cenário literário como grandes escritores,
narrando o cotidiano da região.
f"("#"#'N("#0*#j&.'0*%'+2#'+#*!*%*1,'+#0"#)#'(*+,"#+S'#Q710"%*1,"&+K#of"++*&#pe#"1'+#1"#E%"T81&"2#
convivendo com caboclos e indígenas e convivi, desde cedo, com os problemas da região. Coisas
que só fui tomar consciência anos depois, morando em São Paulo e, a partir daí, veio a necessidade
de contribuir para despertar essa consciência no povo da Amazônia. A forma que encontrei foi como
narrador, escritor, romancista, falando sobre a região”, relatou.
Estas são apenas algumas mostras de que em todos os campos da arte, nos nove estados da região,
-*++'"+#%';&%*1,"%#"#)#'(*+,"#.'%#+'1+2#0"1L"+2#.'(*+#*#-"!";("+K#:'+,("+#0*#67*#'#O&O"1,&+%'#0"#
Amazônia não se dá apenas pelo seu tamanho ou pela exuberância de sua natureza, mas também
pela riqueza de sua cultura.
Y'1,*V# q4,,-VccrrrK*.'0*+*1;'!;&%*1,'K'(OKN(c1',&.&"+c0&"M0"M"%"T'1&"M(*)#*R"'M+'N(*M'MO&O"1,*M
-dos#ixzz1tD0KFQae>. Acesso em: 29 maio 2012.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Conforme vimos nesta unidade, as zonas biológicas marinhas são determinadas pela
profundidade, disponibilidade de luz e estabilidade do substrato do fundo. Assim, os estuários
e pântanos salgados e florestas de mangue ocorrem em zonas pouco profundas entre os
sistemas terrestres e marinhos, e são influenciados pela importação da água doce e sedimentos
pelos rios vizinhos. Já os recifes de corais, os leitos de kelp e as seagrass são comunidades
reprodutivas com elevada diversidade e as comunidades biológicas do mar aberto e zonas
bentônicas contêm populações esparsas de organismos, cuja distribuição é determinada pela
disponibilidade de luz e proximidade ao fundo.

As zonas biológicas de água doce estão associadas com a velocidade, profundidade,


temperatura, transparência e composição química da água. As comunidades de rios e riachos

200 BIOLOGIA E BIODIVERSIDADE | Educação a Distância


variam conforme o curso de água e as comunidades biológicas dos lagos variam com a
profundidade e a quantidade de penetração de luz.

Os biomas terrestres são caracterizados pelas formas de crescimento dominantes das


vegetações. Suas formas de crescimento estão associadas aos padrões globais de precipitação
e temperatura. As distribuições reais e potenciais dos biomas terrestres diferem devido a
influências humanas, particularmente, e à conversão do solo para fins agrícolas e pecuários.

Leituras sugeridas:

Livro: Twilight of the Mammoths: Ice Age Extinctions and the Rewilding of America.
Autor: Paul S.Martin, Harry W. Greene.
Editora: California Universit
Interessante livro que examina o papel controverso dos seres humanos na rápida extinção dos gran-
des mamíferos durante os últimos 50.000 anos.

BIOLOGIA E BIODIVERSIDADE | Educação a Distância 201


Livro: O que é Ecologia
Autor: José Augusto Pádua
Editora: Brasiliense
O Que É Ecologia, José Augusto Pádua. Escrito por militantes ecológicos, este livro discute sem
rodeios os efeitos das brutais agressões mantidas contra o meio ambiente. Cheios de esperança e
disposição de luta, os autores desenham os contornos de um mundo melhor, onde homem e natureza
vivam em harmonia. A consciência ecológica levanta-nos um problema duma profundidade e duma
vastidão extraordinária. Temos de defrontar ao mesmo tempo o problema da vida no planeta Terra, o
problema na sociedade moderna e o problema do destino do homem. Na aurora do terceiro milênio,
é preciso compreender que revolucionar, desenvolver, inventar, sobreviver, viver, morrer, anda tudo
inseparavelmente ligado. Milhões de pessoas já perceberam que o preço a pagar pelo desrespeito
cego à natureza é alto demais. Porém, ainda falta muito para que o homem se veja livre da terrível
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da unidade da vida e integração homem-natureza, presentes em várias culturas tradicionais da huma-
nidade, estão renascendo numa linguagem prática e acessível para o homem moderno. Os autores
não querem um mundo árido e fétido, mas sim um mundo com ar limpo, águas claras, terra negra e
fértil, animais abundantes e variados. Querem um mundo vivo, um mundo são, e --por que não?-- um
mundo belo!

ATIVIDADE DE AUTOESTUDO
1) Por que os biomas terrestres são caracterizados usando as formas de crescimento das
formas dominantes de plantas que os ocupam?

2) A distribuição potencial e real dos biomas terrestres diferem consideravelmente devido à


transformação humana. Diante disso, aponte quais biomas foram mais afetados e porquê.

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vegetais, e não diferenças na forma animal?

202 BIOLOGIA E BIODIVERSIDADE | Educação a Distância


CONCLUSÃO

Neste material, meu objetivo foi levar a você, aluno, conhecimentos relevantes que envolvem a
biologia e a biodiversidade, não apenas conhecimentos para a academia, mas sim para a vida,
vocês quanto cidadão, em quanto ser humano habitante de um meio tão rico e complexo, do
qual dependemos para sobreviver.

Para compreendermos essa complexidade, na unidade I debatemos questões que envolvem a


biologia da conservação, campo de estudo desenvolvido por meio da percepção de que uma
crise de extinção estaria por vir, e também para combater a crise da biodiversidade. A partir
do estudo desta unidade, você poderá entender quais os reais efeitos da atividade humana
sobre os ecossistemas e principalmente sobre as espécies. Cada espécie tem uma função
chave dentro de determinado ecossistema, sua extinção acarretaria vários problemas para a
comunidade na qual essa espécie estaria inserida. Infelizmente, as comunidades biológicas
que levaram milhões de anos para se desenvolver estão sendo cada vez mais devastadas pelo
homem e por sua cultura; o aumento da humanidade também colabora com a alteração dos
recursos naturais. Percebe-se essas mudanças nos últimos dois séculos, pelos quais todos os
ecossistemas naturais foram modificados.

Na segunda unidade, o tema foi debatido a distribuição das espécies de acordo com a região
geográfica. Com o auxílio da tecnologia, conseguimos alcançar áreas antes inalcançáveis,
permitindo a averiguação do desmatamento e devastação de determinados locais e a
probabilidade do manejo correto para que aquelas comunidades fossem restabelecidas. No
terceiro momento do livro, interpretamos quais as principais ameaças que a biodiversidade
global atualmente encontra, abordando questões que envolvem mais uma vez a relação
homem/meioambiente. Na penúltima unidade, as questões que envolvem a conservação de
populações e comunidades foram evidenciadas, deixando claro de que a degradação ao meio-
ambiente pode afetar a genética das populações e comunidades envolvidas, ficando explicito
como esse impacto é prejudicial a biodiversidade do planeta.

Para finalizar o nosso material, contamos com uma unidade que resgata os conhecimentos
que envolvem os biomas de nosso planeta. Esses ecossistemas são divididos em três
categorias: biomas terrestres, biomas de água doce e biomas marinhos, importantíssimos
para a compreensão da vida dos seres que os habitam. Os biomas brasileiros também foram
descritos.
BIOLOGIA E BIODIVERSIDADE | Educação a Distância 203
Espero que esses conhecimentos tenham contribuído com a sua carreira acadêmica e futuro
profissional, e principalmente como habitante desse ecossistema que deve ser “tratado” e
preservado o mais urgente possível.

Abraços,

Prof.a Me. Lilian Capelari Soares

204 BIOLOGIA E BIODIVERSIDADE | Educação a Distância


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BIOLOGIA E BIODIVERSIDADE | Educação a Distância 211
GLOSSÁRIO

Adaptação: atributo fisiológico, morfológico ou comportamental com base genética que


aumenta as chances de sobrevivência e reprodução de seus portadores no ambiente.

Árvores decíduas: são plantas que, em alguma época do ano, deixam cair suas folhas. A
maior parte dessas plantas são de clima temperado.

Assexuada: reprodução assexuada ou vegetativa, a que não se faz por intermédio de células
reprodutoras ou gametas como, por exemplo, a enxertia ou estaca e o alporque.

Bentônico: relativo ao fundo do mar.

Bioacumulados: é o processo por meio do qual os seres vivos absorvem e retêm substâncias
químicas no seu organismo; pode ser de uma forma direta por meio do ambiente que os
envolve (bioconcentração) e indiretamente a partir da alimentação (biomagnificação).

Biomassa: o montante de matéria viva (numa área ou volume de hábitat). Elementos de


origem vegetal e animal usados como combustíveis, ou na produção desses.

Biosfera: é o conjunto de todos os ecossistemas da Terra.

Chupin: Molothrus, gênero de pássaros que roubam ovos de outros gêneros de pássaros.

Comunidade: inclui todas as populações que habitam uma área específica ao mesmo tempo.

Comunidades insulares: são áreas formadas por conjuntos de ilhas, ou seja, arquipélagos,
que podem ser classificadas segundo três critérios: origem, formação e localização.

Detritos: matéria orgânica morta; restos de organismos recém-mortos ou parcialmente em


decomposição.

Dispersão em salto: evento de dispersão a longa distância pelo qual uma espécie coloniza
uma nova região geográfica.

Dispersão: o arranjo espacial de indivíduos dentro de uma população.

Doença de lyme: a doença de Lyme (ou borreliose de Lyme) é uma doença causada pela

212 BIOLOGIA E BIODIVERSIDADE | Educação a Distância


bactéria espiroqueta Borrelia burgdorferi. O vetor da infecção é geralmente a picada de um
carrapato da espécie Ixodes scapularis infectado.

Dossel: nas florestas, a vida animal e vegetal nem sempre é encontrada sobre o chão, mas
sim nas folhagens das árvores muito acima do chão, conhecidas como dossel. O dossel, que
pode ter mais do que 25 metros de altura, é resultado da sobreposição dos galhos e folhas
das árvores.

Ecossistema: é uma comunidade biótica e seu ambiente abiótico funcionando como um


sistema; uma unidade discreta que consiste de partes vivas e não vivas interagindo para
formar um sistema ecológico.

Ecótino: área de transição entre duas comunidades ecológicas adjacentes, tais como floresta
e campina, resultante da competição mútua entre organismos comuns às duas.

Endêmico: ocorrência em uma localização geográfica particular e nenhum outro local do


planeta.

Endocruzamento: cruzamento entre animais ou plantas estritamente relacionados.

Endocruzamento: cruzamento entre plantas e animais estreitamente relacionados.

Endogamia: obrigação, para o indivíduo, de casar-se com alguém do seu grupo.

Espécies dominantes: espécie que tem grande efeito sobre a comunidade em virtude do seu
tamanho ou abundância, sua forte habilidade competitiva ou sua disposição no habitat por
alimento ou de outras espécies.

Espécies-chave: grupo funcional ou população sem redundância, uma espécie que tem
influência dominante na estrutura e no funcionamento de uma comunidade ou ecossistema.

Especiação: a origem de novas espécies no processo evolutivo.

Espécie: do latim species, tipo. Um tipo de organismo; as espécies são designadas por
nomenclatura binomial escrita em itálico.

Espruce: espécies de árvores da Europa.

BIOLOGIA E BIODIVERSIDADE | Educação a Distância 213


Extinção em massa: evento no qual uma grande proporção de espécies na Terra é levada à
extinção em âmbito mundial em um tempo relativamente curto.

Fotossíntese: processo que utiliza a luz solar para produzir energia necessária para captar
CO2 e sintetizar açúcar.

Genotípica: composição genética de um indivíduo.

Heterozigose: ou heterozigoto, organismo possuidor de dois alelos diferentes em cromossomos


homólogos

Hot spots: ponto quente.

Latifoliada: significa que a árvore tem folhas largas. Dessa forma, a superfície de contato é
maior, facilitando a transpiração. Se o ambiente é muito úmido, a árvore tem a possibilidade de
absorver muitos nutrientes do solo que chegam até ela, dissolvidos na água

Líquens: vegetal que vive no solo, nas árvores, nas pedras, formado de um talo achatado e
ramoso, em que vivem associados (simbiose) cogumelo e alga. Os líquens formam uma classe
dos talófitos. A alga é capaz de produzir o próprio alimento, mas precisa de água para viver. O
fungo conserva a água que absorve, mas não tem capacidade de produzir o próprio alimento.

Litosfera: é a parte sólida do globo terrestre.

Lixiviação: lixiviação é o processo de extração de uma substância de sólido por meio da sua
dissolução num líquido. É um termo utilizado em vários campos da ciência como a geologia,
ciências do solo, metalurgia e química.

Micorrizas: associação simbiótica entre as raízes de plantas e vários tipos de fungos que
usualmente são mutualísticas.

Musgos: nome dado a várias plantas briófitas, que formam uma espécie de relva ou limo sobre
a terra, no tronco das árvores, nos muros velhos etc., e das quais há mais de três mil espécies
conhecidas.

Mutação: mudança no DNA de um determinado gene.

Mutualismo: interação entre duas espécies, na qual o crescimento e a sobrevivência de

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ambas populações são beneficiadas.

Nidificação: é a ação de alguma espécie de animal construir seu ninho.

Período Cretáceo: Cretáceo ou Cretácico é o período da era Mesozóica compreendido


entre 145 milhões e 500 mil e 65 milhões e 500 mil anos atrás, aproximadamente. O período
Cretáceo sucede o período Jurássico de sua era e precede o período Paleogeno da era
Cenozóica. Divide-se nas épocas Cretáceo Inferior e Cretáceo Superior, da mais antiga para
a mais recente.

Permafrost: camada subsuperficial de solo que permanece congelada em torno de um ano


ou por pelo menos três.

Plâncton: pequenos fragmentos de organismos que vivem em suspensão na água

População: grupo de indivíduos da mesma espécie que vivem dentro de uma área particular
e interagem uns com os outros.

Pradarias: uma pradaria ou relvado é uma planície vasta e aberta onde não há sinal de árvores
nem arbustos, com capim baixo em abundância.

Radiação adaptativa: evento no qual um grupo de organismos dá origem a muitas novas


espécies que se expandem em novos habitats ou novas funções ecológicas em um tempo
relativamente curto.

Sazonalidade: derivado da palavra sazonal, relativo ao que ocorre em um determinado


período de tempo, geralmente curto em relação ao todo.

Seleção natural: processo no qual indivíduos com certas características hereditárias tendem
a sobreviver e a reproduzir com mais sucesso do que indivíduos com outras características
hereditárias.

Sexuada: aquela que se realiza mediante o encontro de células especializadas, os gametas


masculinos e femininos.

Silvicultura: o ato de criar e desenvolver povoamentos florestais, satisfazendo as necessidades


de mercado e, ao mesmo tempo, é a aplicação desse estudo para a manutenção, o
aproveitamento e o uso racional das florestas.
BIOLOGIA E BIODIVERSIDADE | Educação a Distância 215
Sucessão primária: sucessão que envolve a colonização e habitats desprovidos de vida.

Sucessão: a mudança na composição de espécies ao longo do tempo em decorrência de


agentes bióticos e abióticos de mudança.

Sustentabilidade: capacidade de suprir as necessidades da atual geração sem comprometer


a capacidade de suprir as necessidades das gerações futuras; manutenção do capital e dos
recursos naturais para suprir as necessidades ou alimentação, a fim de evitar a queda abaixo
de um limite de saúde e vitalidade.

Taxon: termo geral para qualquer uma das categorias taxônomicas, tais como espécie, classe,
ordem, filo.

Troposfera: os fenômenos meteorológicos ocorrem todos na troposfera e dados como


temperatura, pressão atmosférica e umidade são importantes no estudo e na previsão das
condições do tempo.

Turfeiras: espécie de hulha de formação recente, de cor escura, leve, esponjosa, produzida
por matérias vegetais carbonizadas.

Turnover: substituição/rotatividade de um gene, organismo, espécie.

Vicariância: algo capaz de suprir a insuficiência de outro.

Zona de convergência intertropical: zona de radiação solar máxima, da qual se movimenta


de acordo com os movimentos de rotação e translação.

Zooplâncton: plâncton não fotossintetizante.

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