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Toni Negri e Michael Hardt oferecem reflexões para superar três pilares do capitalismo:
propriedade, trabalho subordinado e representação
Uma série de datas e lugares serve como imagem de lutas contínuas e prolongadas, desde o 1º
de janeiro de 1994, em Chiapas, ao 8 de abril de 2000, em Cochabamba, o 19 e 20 de
dezembro de 2001, em Buenos Aires, e, mais recentemente, o 15 de maio de 2011, em Puerta
del Sol, Madri. Acompanhamos essas histórias, aprendemos com elas e as utilizamos como
guia durante a escritura deste livro e depois de sua publicação.
Em primeiro lugar, nossas constituições enxergam o trabalho como chave para o acesso à
renda e aos direitos básicos de cidadania, uma relação que durante muito tempo funcionou
mal para quem estava fora do mercado de trabalho formal, incluindo os pobres, os
desempregados, as mulheres que trabalham sem salário, os imigrantes e outros. Hoje, porém,
o trabalho é cada vez mais precário e inseguro, em todas suas modalidades. Naturalmente, o
trabalho continua sendo a fonte da riqueza na sociedade capitalista, mas cada vez mais fora da
relação com o capital e, geralmente, fora de uma relação salarial estável. Portanto, nossa
constituição social continua requerendo o trabalho assalariado para possibilitar ao cidadão
plenos direitos e acesso a uma sociedade na qual esse tipo de trabalho está cada vez menos
disponível.
TEXTO-MEIO
No terreno econômico, temos que descobrir novas tecnologias sociais para produzir
livremente em colaboração e distribuir igualmente a riqueza compartilhada. Como nossas
energias e desejos produtivos poderão crescer dentro de uma economia que não esteja
baseada na propriedade privada? Como proporcionar bem-estar social e recursos sociais
básicos a todos e todas numa estrutura social que não é regulada nem dominada pela
propriedade estatal? Temos que construir relações de produção e intercâmbio, assim como
estruturas de bem-estar social que sejam compostas pelo (e se adequem ao) comum.
De fato, a organização interna dos próprios movimentos tem sido constantemente submetida
a processos de democratização, que se esforçam em criar estruturas de rede horizontais e
participativas. Dessa forma, as revoltas contra o sistema político dominante, os políticos
profissionais e suas estruturas ilegítimas de representação não aspiram resultar num suposto
sistema representativo legítimo do passado, mas em experimentar novas formas de expressão
democrática: democracia real já. Como podemos transformar a indignação e a rebelião em um
processo constituinte duradouro? Como os experimentos de democracia podem se converter
em poder constituinte, não apenas democratizando uma praça pública ou um bairro, mas
inventando uma sociedade alternativa que seja democrática?
Essas são algumas das perguntas que investigamos e tentamos responder no livro
Commonwealth — El proyecto de una revolución del común. E nos sentimos encorajados,
sabendo que não somos os únicos que nos colocamos essas perguntas. De fato, esperamos
que esse livro caia nas mãos daqueles que estão descontentes com a vida que nos é oferecida
pela sociedade capitalista contemporânea, indignados frente às diversas injustiças, rebeldes
contra os poderes de mandar e explorar, e ansiosos por uma forma de vida democrática
alternativa, baseada na riqueza comum que compartilhamos.
Não temos a ilusão de sermos capazes de proporcionar as respostas. Pelo contrário: confiamos
que os leitores de língua espanhola, colocando-se essas perguntas e lutando por seus desejos,
inventarão novas soluções que nem somos capazes de imaginar.
Mais:
Baixe grátis o prefácio original “El devenir príncipe de la multitud” (em castelhano)