Sei sulla pagina 1di 91

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE

DEPARTAMENTO DE FÍSICA
NÚCLEO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM FÍSICA

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO

AVALIAÇÃO DAS DOSES OCUPACIONAIS E DO PÚBLICO


ASSOCIADAS À UTILIZAÇÃO DE EQUIPAMENTOS MÓVEIS DE
RADIAÇÃO X

POR
WILLIAM DE SOUZA SANTOS

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE


Cidade Universitária “Prof. José Aloísio de Campos”
São Cristovão – SE – Brasil

-2010-
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE
DEPARTAMENTO DE FÍSICA
NÚCLEO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM FÍSICA

AVALIAÇÃO DAS DOSES OCUPACIONAIS E DO PÚBLICO ASSOCIADAS À


UTILIZAÇÃO DE EQUIPAMENTOS MÓVEIS DE RADIAÇÃO X

WILLIAM DE SOUZA SANTOS

Dissertação de Mestrado apresentada ao


Núcleo de Pós-Graduação em Física da
Universidade Federal de Sergipe para
obtenção do título de Mestre em Física

ORIENTADORA: Dra. ANA FIGUEIREDO MAIA

São Cristovão
2010

ii
Dedico este trabalho aos meus pais,
Manoel e Maria e minha esposa
Carla.

iii
AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus pela vida e inspiração para realização deste trabalho.


Agradeço a minha orientadora, Prof. Dra. Ana Figueiredo Maia, pela oportunidade de
realizar este trabalho, pelos ensinamentos, pela paciência e compreensão e, sobretudo, pela
orientação ostensiva.
Aos amigos Walmir, Fiel e Jomar que tanto me incentivaram.
Aos meus pais Manoel dos Santos Sobrinho e Maria de Souza Santos por conceberem
bons valores, ensinamentos e uma educação cidadã.
Aos meus irmãos Marcos de Souza Santos, Cássia de Souza Santos e Norma Lúcia de
Souza Santos pelo companheirismo e incentivo.
A minha esposa Carla de Jesus Santos, meu enteado Luis Marcelo Santos Macedo,
minha sogra Lourdes e família pelo companheirismo, amizade, incentivo e pela compreensão
em todos os momentos.
Aos meus sobrinhos Vitor e Joab pela amizade.
Aos técnicos em radiologia pelo companheirismo e apoio e aos responsáveis técnicos
da instituição onde foi realizado este trabalho por entenderem a importância do estudo
realizado e por permitirem à realização deste trabalho.
Aos chefes de departamento de Física da Universidade Federal de Sergipe na pessoa
da professora Divanizia Souza e Marcos Couto.
Aos professores do Núcleo de Pós-Graduação em Física em especial aos professores
Cláudio Macedo, Mário Ernesto e André Mauricio pelos bons ensinamentos.
A Universidade Federal de Sergipe, em especial ao Núcleo de Pós-Graduação em
Física na pessoa da Professora Dra. Zélia Soares Macedo por conceder a oportunidade de
realizar o curso de Pós-Graduação em Física.
À CAPES, pela bolsa de estudo concedida, e ao INCT em Metrologia das Radiações
em Medicina (MCT/CNPq/FAPESP), pelo apoio financeiro parcial.
Aos amigos João Batista, Célia Batista e família pelo apoio incondicional e pela
amizade.
Ao grande amigo-irmão Eriomar e esposa Micksilane.
A todos que direta e indiretamente contribuíram na realização desse trabalho.

iv
PUBLICAÇÕES ASSOCIADAS À DISSERTAÇÃO

ARTIGO

 Santos, W,S; Maia, A.F. Riscos Ocupacionais e do Público Durante Exames


Radiológicos em Unidade de Terapia Intensiva (UTIs) de um Hospital Público de
Grande Porte. Scientia Plena, v. 5 nº 11 (2009).

 Santos, W,S; Maia, A.F. Riscos associados ao uso de equipamento móvel de radiação
X pelos técnicos de radiologia durante exames de tórax em pronto socorro e em UTI
semi-intensiva: Estudo de caso de um hospital público de Sergipe. Scientia Plena,
2009.

TRABALHOS COMPLETOS EM ANAIS DE EVENTOS

 Santos, W.S; Maia, A.F. Avaliação das doses ocupacionais no leito da enfermaria
durante exames radiográficos de tórax em um hospital público de Sergipe. In:
Congresso Brasileiro de Física Médica, São Paulo, 2009.

v
SUMÁRIO

RESUMO................................................................................................................................X

1- INTRODUÇÃO ............................................................................................................01

1.1Objetivo deste trabalho.................................................................................................02


1.2 Organização da dissertação.........................................................................................02

2- FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA..................................................................... .....04

2.1 Aspectos históricos da descoberta dos raios X......................................................04


2.1.1 Física, produção e propriedades dos raios X.............................................................04
2.1.2Tubo de raios X..........................................................................................................05
2.1.3 Fatores que influenciam a qualidade da imagem e a exposição aos raios X.............08
2.1.4Raios X de freamento(Bremsstrahlung).....................................................................09
2.1.5 Raios X característicos...............................................................................................10

2.2 Interação dos raios X com a matéria........................................................................11


2.2.1 Efeito fotoelétrico......................................................................................................12
2.2.2Espalhamento Compton.............................................................................................12
2.2.3Atenuação de feixe de raios X ..................................................................................15

2.3 Interação dos raios X com o tecido humano..........................................................19


2.3.1 Efeitos biológicos da radiação X...............................................................................20

2.4 Filosofia da proteção radiológica..............................................................................21


2.4.1 Equipamentos de proteção individual ( EPIs)...........................................................22

2.5 Tipos de exposição........................................................................................................22


2.5.1 Limites de dose..........................................................................................................23

2.6 Grandezas dosimétricas...............................................................................................23

vi
2.6.1 Exposição (X)............................................................................................................23
2.6.2 Kerma........................................................................................................................24
2.6.3 Dose absorvida..........................................................................................................24
2.6.4 Dose equivalente.......................................................................................................25
2.6.5Dose efetiva................................................................................................................25

2.7 Fatores de uso (U) e de ocupação (T)......................................................................26


2.8 Monitoração individual e de área..............................................................................27
2.9 Classificação de área de trabalho..............................................................................28
2.10 Níveis de registro e de investigação.......................................................................28

3- ESTUDOS RELACIONADOS COM A TEMÁTICA.....................................30

4- MATERIAIS E MÉTODOS.....................................................................................33

4.1 Contextos da pesquisa..................................................................................................33


4.2 Procedimentos de coleta de dados............................................................................34
4.3 Medidas da taxa de kerma no ar................................................................................35
4.4 Determinação da carga de trabalho para individuo ocupacionalmente
exposto (Técnico em radiologia)......................................................................................38
4.5 Determinação da carga de trabalho para indivíduos do público........................39
4.6 Avaliação das incertezas..............................................................................................39

5- RESULTADOS E DISCUSSÃO..............................................................................41

5.1Distribuição da população estudada por categoria profissional..........................41


5.2 Classificação da população estudada em indivíduos do público e em indívi-
duos ocupacionalmente expostos (IOE).........................................................................42
5.3 Exames radiológicos mais solicitados no leito......................................................42

vii
5.4 Aspectos relevantes da população estudada associados com exposição à
radiação X..............................................................................................................................43
5.4.1 Faixa-etária................................................................................................................43
5.4.2 Sexo...........................................................................................................................44
5.4.3 Conhecimentos da população estudada sobre os efeitos biológicos da radiação X e
sobre proteção radiológica.........................................................................................45
5.5 Fatores associados com a exposição dos profissionais considerados como
indivíduos do público..........................................................................................................48
5.5.1 Categoria de profissionais envolvidos durante raios X no leito................................48
5.5.2 Posicionamento dos profissionais em relação ao paciente sob raios X...................48
5.5.3 Número de exames radiológicos acompanhados pelos profissionais no leito...........49
5.5.4 Uso dos equipamentos de proteção individual (EPIs) durante a realização de
exames de raios X no leito pelos profissionais não ocupacionalmente expostos.....50

5.6 Fatores associados com a exposição do indivíduo ocupacionalmente


exposto....................................................................................................................................50
5.6.1 Demanda de exames com equipamento móvel de radiação X nos setores do
hospital...................................................................................................................50
5.6.2 Uso de equipamentos de proteção individual (EPIs) pelos técnicos em radiologia
durante a realização de exames de raios X no leito..................................................51
5.6.3 Uso de equipamentos de monitoração pessoal pelos técnicos em radiologia
durante a realização de exames de raios X no leito....................................................52
5.6.4 Técnicos em radiologia que exercem atividade com radiação ionizante em outra
instituição..................................................................................................................53

5.7 Distribuição da carga de trabalho dos indivíduos ocupacionalmente expostos


e dos indivíduos considerados do público nos setores que demandam do serviço
de equipamento de radiação X móvel.............................................................................54
5.7.1 Parâmetros radiológicos mais utilizados entre os setores..........................................55

5.8 Avaliações das doses ocupacionais e do público nos setores que utilizam o
equipamento de raios X móvel.........................................................................................55

5.8.1 Doses efetivas obtidas no pronto socorro – PS.........................................................56

viii
5.8.2 Doses efetivas obtidas na enfermaria e na unidade de terapia de queimados–
UTQ..........................................................................................................................57
5.8.3 Doses efetivas obtidas na unidade de terapia intensiva e na unidade de terapia
semi-intensiva UTSI................................................................................................58
5.8.4 Doses efetivas obtidas no centro cirúrgico – CC.......................................................59

5.9 Discussão dos resultados.............................................................................................60

6- CONCLUSÃO................................................................................................................65

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.......................................................................67

ANEXOS
ANEXO A: Coleta de dados dos exames realizados com equipamento de raios X
móvel.............................................................................................................71

ANEXO B: Entrevista com os técnicos em radiologia.......................................................72

ANEXO C: Entrevista com os profissionais dos setores do hospital que utilizam


equipamento móvel de radiação X..................................................................73

ix
RESUMO
O uso de aparelho móvel de raios X para fins de diagnóstico médico em hospitais é uma
prática muito comum para realizar diferentes tipos de exames, sendo o exame de tórax um dos
mais solicitados nos setores como UTI (unidade de terapia intensiva), PS (pronto socorro),
ENF (enfermaria), UTSI (unidade de terapia semi-intensiva), CC (centro cirúrgico) e UTQ
(unidade de terapia de queimados). Nesses tipos de ambientes, além dos técnicos em
radiologia envolvidos, as demais pessoas que se encontram na sala também ficam expostas à
radiação espalhada pelo paciente. O objetivo deste estudo foi avaliar as taxas de kerma no ar a
diferentes distâncias do equipamento e, assim, estimar as doses efetivas recebidas pelos
indivíduos presentes no recinto durante a execução dos procedimentos, tanto os indivíduos
ocupacionalmente expostos como os do público. Foram estudadas 413 radiografias, sendo a
maioria de tórax (75%). A partir dos dados coletados durante a realização dos exames, foram
realizadas medidas das taxas de kerma no ar utilizando uma câmera de ionização e um objeto
simulador de tórax confeccionado de acrílico com dimensões de 30 cm x 30 cm x 15 cm. Com
os dados obtidos, foi possível traçar um mapa de dose de cada setor do hospital. Em relação à
categoria considerada como individuo do público, o estudo revelou que a maioria não usa EPI
durante os exames no leito, que são predominantemente do sexo feminino (75%), que a
maioria alega ter conhecimento de efeitos biológicos (80%) e proteção radiológica (78%), que
estão em sua maioria em fase reprodutiva (20 a 40 anos) e que normalmente se posicionam
entre 2,0 e 3,0 m de distância do paciente sob raios X. Em relação aos indivíduos
ocupacionalmente expostos, o estudo revelou que são predominantemente do sexo masculino
(73%), que pertencem prioritariamente à faixa etária dos 20 aos 30 anos, que a maioria alega
possuir conhecimento sobre efeitos biológicos e sobre proteção radiológica (92%) e ter
participado de algum tipo de treinamento sobre proteção radiológica (60 %), que a grande
maioria faz uso de avental plumbifero (85 %) e do monitor pessoal (84 %), que normalmente
se posicionam a 3,0 m do paciente sob raios X (95%), e que 40% deles exerce atividade com
radiação ionizante em outra instituição. Em relação aos valores de doses efetivas medidas
neste estudo, não foi observado nenhum valor acima dos limites recomendados. Além disso,
os resultados obtidos neste estudo estão compatíveis com resultados de estudos listados na
literatura nacional e estrangeira. Os bons resultados comprovados neste estudo não isentam o
serviço de cuidados constantes. Em alguns casos, os resultados foram próximos de situações
limites para os trabalhadores não monitorados, o que é motivo de atenção.
Palavras-chave: Limites de dose e proteção radiológica.

x
ABSTRACT

The use of portable X rays equipment for medical diagnosis in hospitals is a very common
practice to perform different types of examinations, and the chest radiography is one of the
most requested in areas such as intensive care unit, emergency, ward room , care unit semi-
intensiv,center surgery and burn care unit. In these environments, in addition to radiology
technicians involved, there are other people in the room who are also exposed to radiation
scattered by the patient. The objective of this study was to evaluate the rate of air kerma at
different distances from the equipment to estimate the effective doses received by the people
present in the room during the procedures, whether they were occupationally exposed
individuals (IOE) or public individuals. 413 radiographies were evaluated, and the vast
majority of them were chest examinations (75%). From the information collected during the
examinations, it was possible to perform measurements in simulated situations. The air kerma
rates were measured using a ionization camara and a acrylic chest phantom, with dimensions
of 30 cm x 30 cm x 15 cm. By the results, it was possible to map the dose in each sector of the
hospital. For the workers considered as a public individual, the study showed that most of
them do not use protective equipment, are predominantly female (75%), allege knowledge of
biological effects (80%) and radiation protection to (78%), are mostly in the reproductive age
(20 to 40 years old), and usually stay positioned 2.0 to 3.0 m far from the patient under
examination. For the workers considered as occupationally exposed (IOE), the study revealed
that the vast majority are male (73%) and with ages in the range of 20 to 30 years old, have
knowledge of biological effects and radiation protection (92%), have participated in some
type of training in radiological protection (60%), use of lead apron (85%) and personal
monitor (84 %), stay positioned 3.0 m far from the patient under examination (95%) and 40%
have other job involving ionizing radiation. Regarding the values of effective doses found in
this study, it was not found any value above the recommended limits and the results of this
study are consistent with results of listed in national and international literature. Even though
the results found were very good, permanent radiation protection activities are necessary to
assure the minimization of the risks.

Keywords: Dose limits and radiation protection.

xi
LISTA DE TABELAS

Tabela 2.1: Limites de doses anuais recomendados pela CNEN-NE 3.01, 2005....................23
Tabela 2.2: Valores do fator de ponderação wt recomendados pelas publicações do ICRP -
103........................................................................................................................26
Tabela 2.3: Fatores de ocupação sugeridos pelo NCRP 49 e por SIMPKIN e DIXON para
diferentes tipos de ocupação para pessoas não ocupacionalmente expostas.........27
Tabela 2.4: Fatores de ocupação propostos pelo NCRP 49 e por SIMPKIN e DIXON para
pessoas ocupacionalmente expostas......................................................................27
Tabela 4.1: Parâmetros radiológicos utilizados para determinação das doses efetivas...........36
Tabela 5.1: Número médio mensal de exames radiológicos acompanhados pelos profis-
sionais que não foram considerados ocupacionalmente exposto em um hospital
público do estado de Sergipe, 2009........................................................................50
Tabela 5.2: Número médio mensal e diário de exames radiológicos realizados nos setores que
utilizam o equipamento móvel de raios X............................................................51
Tabela 5.3: Distribuição da carga de trabalho dos profissionais por setor de um hospital
público do estado de Sergipe, 2009.....................................................................54
Tabela 5.4: Valores de dose efetiva obtidas no setor do pronto socorro de um hospital
público do estado de Sergipe, 2009....................................................................56
Tabela 5.5: Valores de doses efetivas obtidas na enfermaria de um hospital público do
estado de Sergipe, 2009........................................................................................57
Tabela 5.6: Valores de doses efetivas obtidas na unidade de terapia de queimados de um
hospital público do estado de Sergipe, 2009.........................................................58
Tabela 5.7: Valores de dose efetiva obtidas em uma unidade de terapia semi – intensiva de
um hospital público do estado de Sergipe, 2009...................................................59
Tabela 5.8:Valores de dose efetiva obtidas no setor da unidade de terapia intensiva de
um hospital público do estado de Sergipe, 2009...................................................59
Tabela 5.9:Valores de dose efetiva obtidas no setor do centro cirúrgico de um hospital
público do estado de Sergipe, 2009.......................................................................60
Tabela 5.10: Estudo comparativo de doses efetivas com outros pesquisadores......................64

xii
LISTA DE FIGURAS

Figura 2.1: Esquema de um tubo de raios X............................................................................06


Figura 2.2: Esquema de uma ampola de raios X diagnóstico..................................................06
Figura: 2.3: A intensidade da radiação é inversamente proporcional ao quadrado da
distância................................................................................................................07
Figura 2.4: Variação do espectro de energia pela variação da tensão aplicada ao tubo.........08
Figura 2.5: Efeito da variação da corrente (mA) no espectro de raios X.................................09
Figura 2.6: Desvio de trajetória do elétron com perda energética..........................................10
Figura. 2.7: Esquema ilustrativo da emissão de radiação X caractéristica.............................10
Figura 2.8: Energia dos fótons nos processo competitivos do efeito fotoelétrico e efeito
Compton...............................................................................................................11
Figura 2.9: Representação do efeito fotoelétrico.....................................................................12
Figura 2.10: Representação do efeito de espalhamento Compton...........................................13
Figura 2.11: Efeito do número atômico na atenuação de raios X............................................16
Figura 2.12: Efeito da energia da radiação na atenuação de raios X.......................................17
Figura 2.13: Atenuação do feixe monoenergético...................................................................17
Figura 2.14: Atenuação do feixe polienergético em função da espessura do Al.....................18
Figura 2.15: Comparação das curvas de feixe monoenergético e polienergético....................19
Figura 2.16: Ilustração da interação do feixe incidente com o paciente durante exame
radiológicos.........................................................................................................20
Figura 4.1: Câmera de ionização posicionada a 0,5 m do objeto simulador de tórax.............35
Figura 4.2: Foto de um equipamento de radiação X móvel utilizado neste estudo.................36
Figura 4.3: Geometria de distribuição das medidas de dose efetiva...............................37
Figura 4.4: Espessômetro e trena utilizados durante os exames radiológicos.........................37
Figura 5.1: Distribuição da população estudada por categoria profissional............................41
Figura 5.2: Distribuição da categoria de profissionais considerada não ocupacionalmente
exposta estudada por faixa-etária........................................................................43
Figura 5.3: Distribuição da categoria IOE estudada por faixa-etária......................................43
Figura 5.4: Distribuição percentual da categoria profissional considerada não ocupacional-
mente exposta estudada por sexo........................................................................44
Figura 5.5: Distribuição percentual da categoria IOE estudada por sexo................................44

xiii
Figura 5.6: Distribuição percentual da categoria profissional considerada não ocupacional-
mente exposta estudada sobre conhecimento dos efeitos biológicos...................45
Figura 5.7: Distribuição percentual da categoria profissional considerada não ocupacional-
mente exposta estudada sobre conhecimento de proteção radiológica................46
Figura 5.8: Distribuição percentual do IOE estudada sobre conhecimento dos efeitos
biológicos.............................................................................................................46
Figura 5.9: Distribuição percentual do IOE estudada sobre conhecimento de proteção
radiológica.............................................................................................................46
Figura 5.10: Distribuição percentual da categoria dos IOE que participou de treinamento
sobre proteção radiológica................................................................................47
Figura 5.11: Percentual da categoria profissional associado o uso de raios X no leito...........48
Figura 5.12: Distribuição percentual das distâncias dos profissionais não ocupacionalmente
expostos em relação ao paciente examinado, durante a realização de
procedimentos com equipamento móvel de raios X no leito............................49
Figura 5.13: Percentual de técnicos em radiologia que utilizam o avental de chumbo durante
raios X no leito...................................................................................................52
Figura 5.14: Percentual de técnicos em radiologia que utilizam equipamento de monitoração
individual em um hospital público de Sergipe, 2009.........................................53
Figura 5.15: Técnicos em radiologia que trabalham com radiação ionizante em outra
Instituição............................................................................................................53
Figura 5.16: Valores das doses efetivas em função da distância na enfermaria, durante a
realização de radiografias de tórax....................................................................62

xiv
LISTA DE ABREVIATURAS

ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas

Al Alumínio

ALARA As Low As Reasonably Achievable

Aux. Enf. Auxiliar de enfermagem

CC Centro cirúrgico

cm Centímetro

CNEN Comissão Nacional de Energia Nuclear

DFS Distância foco – superfície

Enf. Enfermaria

EPI Equipamento de proteção individual

ICRP International Commission on Radiation Protection

INMETRO Instituto Nacional de Metrologia

IOE Indivíduo ocupacionalmente exposto

ISO International Organization for Standardization

kV Quilovoltagem

kVp Quilovoltagem – pico

m Metro

mA Miliamperagem

mAs Miliamperagem-segundo

mm Milímetro

MS Ministério da Saúde

xv
NCRP National Council on Radiation Protection and Measurements

NE Norma Experimental

NN Norma Nuclear

PS Pronto socorro

RX Raios X

SPR Serviço de proteção radiológica

SUS Sistema Único de Saúde

Téc Enf. Técnico de enfermagem

Téc. Rad. Técnico em radiologia

UTI Unidade de terapia intensiva

UTQ Unidade de terapia de queimados

UTSI Unidade de terapia semi-intensiva

VS Vigilância Sanitária

xvi
LISTA DE SÍMBOLOS

E Energia de um fóton
h Constante de Planck
ν Frequência do fóton
Å Angstrom
c Velocidade da luz
λ Comprimento de onda (m);
W Tungstênio
T Taxa de dose
r Distância do tubo de raios X até o ponto de incidência
k Constante relacionada com a voltagem e com a corrente elétrica no tubo de
raios X
Z Número atômico
Ec Energia cinética
Be Energia de ligação do elétron
Ee Energia cinética de recuo do elétron
Frequencia do fóton após o choque com o elétron
m0 Massa de repouso do elétron
v Velocidade do elétron
q Momento linear do elétron
p Momento linear do fóton
Razão entre a energia do fóton incidente e a energia de repouso do elétron
Ee(max.) Energia máxima de recuo do elétron
Frequencia mínima do fóton
Intensidade da radiação ao atravessar um meio de espessura x
Intensidade da radiação em um meio homogêneo
x Espessura do meio absorvedor
µ Coeficiente de atenuação linear total
Coeficiente de atenuação linear do efeito coerente
Coeficiente de atenuação linear do efeito Compton
Coeficiente de atenuação linear do efeito de absorção fotoelétrico

xvii
Coeficiente de atenuação linear do efeito de formação de par
Densidade de um material
X Exposição
dQ Elemento de carga elétrica de um elétron ou pósitron
dm Elemento de massa de um material
R Roentgen
K Kerma
D Dose absorvida
HT Dose equivalente
Fator de ponderação
HE Dose efetiva
Fator de risco da radiação
U Fator de uso
T Fator de ocupação
i Corrente elétrica
W Carga de trabalho
W0 Carga de trabalho de individuo ocupacional
Wp Carga de trabalho de individuo do público
F Fator de conversão de dose absorvida para dose efetiva
Exames
Dia
Semana
Produto da corrente elétrica pelo tempo de exposição
Números de turnos trabalhados pelos técnicos em radiologia
σ Desvio padrão
Incerteza tipo A
Incerteza tipo B
Incerteza combinada
Incerteza padrão

xviii
CAPÍTULO 1

INTRODUÇÃO

A palavra radiação é muitas vezes associada a algo perigoso ou que pode causar algum
mal. Esta associação existe principalmente devido às bombas atômicas de Hiroshima e
Nagasaki e aos acidentes que ocorreram em algumas usinas nucleares. No Brasil, destaca-se,
ainda, o acidente com o césio 137 em Goiânia, em 1987, acontecimento que fez o público, de
um modo geral, passar a ter receio dos procedimentos médicos com radiação. Entretanto,
estes acontecimentos são casos excepcionais e raros; na grande maioria das vezes a radiação é
utilizada de forma benéfica, possibilitando grandes avanços aos diagnósticos e tratamentos
médicos, por exemplo.
Um tipo de radiação muito utilizada em medicina é a radiação X, ou raios X. Este tipo
de radiação é classificado como radiação ionizante, porque a energia que carrega é capaz de
causar danos biológicos devido à ionização gerada no meio. No entanto, é exatamente o fato
desta radiação ser mais energética que a torna adequada à utilização em radiodiagnóstico, uma
vez que ela é capaz de atravessar o corpo humano e sensibilizar o detector que está associado
ao registro da imagem.
A invenção de um dispositivo que possibilitou a descoberta dos raios X foi do inglês
William Crookes, que, por volta dos anos 70 do século XIX, criou a ampola de Crookes.
Usando essa ampola para estudar os raios catódicos, o alemão Wilhelm Roentgen, por volta
de 1895, descobriu os raios X. A partir de então, com o uso cada vez mais aprimorado de
recursos tecnológicos, foi possível a construção de modernos equipamentos emissores de
radiação X na aplicação em diversos campos das ciências, sendo a medicina uma das
principais. Acompanhando essa evolução, novos equipamentos radiológicos surgiram, em
versões fixas e portáteis. Os equipamentos de radiação X móveis foram projetados com uma
finalidade de permitir a realização de exames radiológicos de pacientes que não possam ser
deslocados até uma sala com sistema fixo de raios X. Assim, o uso desse equipamento nos
leitos dos pacientes é frequente nos setores, como em unidade de terapia intensiva , unidade
de terapia semi-intensiva, pronto socorro, enfermarias e, com menor frequência, em outros
setores, como os centros cirúrgicos e unidade de terapia de queimados. O uso destes
equipamentos para obtenção de diagnóstico médico é muito frequente e, com eles, é possível
realizar vários dos exames obtidos nos equipamentos fixos. No entanto, como esses

1
equipamentos são utilizados em ambientes desprotegidos sob os aspectos da proteção
radiológica, eles colocam em risco à saúde dos pacientes e dos profissionais técnicos
envolvidos nos procedimentos durante a realização de exames radiológicos no leito. Os riscos
podem ser ainda mais agravados em situações de superlotação.
A superlotação dos hospitais públicos muitas vezes impede a retirada de outros
pacientes dos ambientes onde o exame é realizado. Desta forma, a radiação espalhada,
proveniente do paciente, alcança os diversos profissionais presentes e até mesmo indivíduos
do público e outros pacientes. Com a filosofia da proteção radiológica leva em consideração
fatores econômicos e sociais, é justificável que o exame seja executado e que o paciente não
fique sem o correto diagnóstico, mesmo em condições de superlotação. Entretanto, é
importante avaliar o risco associado a estes procedimentos e quantificar a dose de radiação a
que os profissionais e os indivíduos do público estão sendo submetidos.

1.1 Objetivo deste trabalho

O objetivo maior deste estudo foi fazer uma avaliação das doses recebidas pelos
indivíduos ocupacionalmente expostos e pelos indivíduos do público associados à utilização
de equipamentos móveis de radiação X em um Hospital Público do Estado de Sergipe. Foi
estudada também a rotina de uso do equipamento de raios X móvel no hospital identificando
os exames mais solicitados, as respectivas técnicas radiográficas mais utilizadas na realização
do exame e as condições de execução do procedimento.

1.2 Organização da dissertação

Esta dissertação foi estruturada em 6 capítulos.

No capítulo 2, FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA, foram discutidos temas


fundamentais associados com a temática que serviram de base na fundamentação teórica deste
trabalho.

O capítulo 3, ESTUDO RELACIONADO COM A TEMÁTICA, trata de uma revisão


bibliográfica ressaltando o estado da arte associada com a temática deste trabalho, cujos
resultados encontrados na literatura nacional e estrangeira foram essenciais para o
entendimento e discussão dos resultados encontrados neste trabalho.

2
O capítulo 4, MATÉRIAIS E MÉTODOS, esboça de forma detalhada o método e os
materiais utilizados nas simulações experimentais de dose nos profissionais ocupacionalmente
expostos e indivíduos do público.

O capítulo 5, RESULTADOS E DISCUSSÃO, apresenta minuciosamente as


discussões e os resultados obtidos neste estudo, destacando as doses obtidas nos indivíduos
ocupacionais e do público.

O capítulo 6, CONCLUSÃO, trata da conclusão e das considerações finais dos


resultados obtidos e destaca a importância das contribuições deste trabalho dentro dos
objetivos propostos.

3
CAPÍTULO 2

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 Aspectos históricos da descoberta dos raios X

Em 1895, o físico alemão Wilheim Conard Roentgen estudava, em seu laboratório na


Universidade de Wurzburg, fenômenos gerados pela alta tensão em um tubo de raios
catódicos, conhecido como ampola de Crookes, formada por um par de eletrodos, um catodo e
um anodo. Roentgen observou que, aplicando uma diferença de potencial entre os terminais
dos eletrodos, provocaria um deslocamento dos elétrons do catodo para o anodo.
Coincidentemente, no momento em que Roentgen fazia o estudo, havia uma caixa revestida
com uma substância fluorescente (que emite luz) próxima a sua bancada de trabalho.
Revestindo o tubo que trabalhava com um papelão preto, ele percebeu que, à medida em que
aumentava a tensão, uma luz era emitida da caixa. Roentgen logo concluiu que algum tipo de
radiação estranha conseguia escapar da ampola. Não podia ser a radiação catódica, pois ela,
por sua natureza, não seria capaz de atravessar o vidro. Também não poderia ser a luz, visto
que ela não atravessaria o papel preto. Não conhecendo a origem dessa radiação, Roetgen a
chamou de raios X.
Uma das primeiras experiências de Roentgen com a nova descoberta resultou na
primeira radiografia: ele expôs a mão da sua própria esposa e obteve uma imagem. Esta
descoberta marcou o início de uma nova era de diagnóstico na medicina (MARTIN e col.,
1996).

2.1.1 Física, produção e propriedades dos raios X

Os raios X são radiações de natureza eletromagnética que surgem da interação de


elétrons com certos materiais e que podem se propagar no ar, na água, no vácuo e em outros
materiais. Os raios X transportam energia, que, pela Primeira lei da Termodinâmica, não pode
ser criada nem destruída, mas apenas transformada. Assim, a energia dos raios X é
proveniente dos elétrons. Esta energia é chamada de energia cinética e é diretamente
proporcional à velocidade do elétron. Quanto maior for a velocidade do elétron, maior será a
energia cinética. Em um tubo de raios X, elétrons de alta velocidade, provenientes de um

4
filamento aquecido (catodo), chocam-se com um alvo (anodo), e parte da sua energia cinética
se transforma em energia eletromagnética. Na colisão, os elétrons emitem fótons de diferentes
energias (frequências). Algumas delas estão na faixa conhecida como radiação X (1%),
enquanto outras na faixa do infravermelho (calor, 99%). Os fótons só existem em quantidade
discreta e se propagam com velocidade da luz, transportando uma energia que é função da sua
frequência, como mostra a Equação 2.1 (GARCIA, 2006).

(2.1)

onde é a constante de Planck (4,1x10-18 keV.s)

Os fótons da radiação X possuem um comportamento de partículas, algumas vezes, e


de ondas, outras vezes. Estes possuem frequências entre 1018 Hz e 1020 Hz e comprimento de
onda situado na faixa entre 0,1Å e 1Å. Quando essas ondas se propagam em um meio, a cada
período, elas percorrem uma distância igual a um comprimento de onda. A sua velocidade
pode ser calculada pela Equação,

(2.2)
onde
→ velocidade da luz no vácuo (299,792 x 106 m/s);
→ comprimento de onda (m);
→ frequência (1/s).

2.1.2 Tubo de raios X

Um tubo de raios X é um conversor de energia elétrica em raios X e calor. Os


principais componentes de um tubo de raios X são apresentados na Figura 2.1, sendo os de
maior importância o anodo e o catodo, que são os responsáveis pela produção radiológica.

5
Figura 2.1 Esquema de um tubo de raios X (adaptada de OLIVEIRA, 2010).

A Figura 2.2 mostra o principal componente interno do tubo de raios X, a ampola, que
é uma peça fundamental para a produção de raios X. Ela é composta pelo o catodo (1),
geralmente um filamento de tungstênio (W), que é aquecido por um circuito elétrico
específico para este fim até atingir elevada temperatura, acelerando os elétrons na direção do
anodo (2), para um ponto denominado de ponto focal. Na radiologia convencional, o anodo é
acoplado a um rotor giratório (4) que tem a função de evitar o superaquecimento. O anodo e o
catodo são revestidos por um invólucro de vidro (3), onde é feito vácuo (DIMENSTEIN &
NETTO, 2005).

Figura 2.2 Esquema de uma ampola de raios X diagnóstico (adaptada de DIMENSTEIN & NETTO, 2005).

Após serem produzidos no anodo, os raios X são direcionados para uma determinada
região de modo que haja pouco espalhamento no trajeto percorrido. Para que não haja
radiação X em direções que não são de interesse, o tubo é revestido por um invólucro
contendo chumbo, denominado de cabeçote. A radiação emitida originariamente do anodo é

6
conhecida como radiação primária. Quando o feixe primário incide em um objeto, parte dos
fótons interage com o meio, gerando diminuição da intensidade do feixe incidente, absorção
de energia pelo meio e fótons espalhados. Qualquer objeto atingido por um feixe de radiação
atua como um objeto espalhador. A radiação que é espalhada é denominada de radiação
secundária. Embora de menor intensidade e energia, a radiação espalhada pode provocar
exposições indevidas de trabalhadores e indivíduos do público. Portanto, é de extrema
importância que sejam estabelecidas práticas de proteção radiológica que visem minimizar a
presença de indivíduos nos ambientes dos exames durante o uso do feixe de raios X
(LIMACHER e col., 1998).
Depois de formado no interior do tubo, o feixe de radiação X é dirigido até a região a
ser examinada do paciente, percorrendo uma distância denominada de distância foco
superfície (DFS). No percurso, a intensidade do feixe é reduzida pelo o inverso do quadrado
da distância, como mostra a Figura 2.3.

Figura 2.3 A intensidade da radiação é inversamente proporcional ao quadrado da distância (retirada de


SOARES, 2006)

Considerando que os raios X se propagam em linha reta, e que não haja nenhum objeto
atenuador entre o ponto de geração e o paciente, a taxa (T) de dose decai com o inverso do
quadrado da distância, como apresentado na Equação 2.3.

= (2.3)

onde é uma constante que depende dos parâmetros radiológicos do tubo (kVp, mAs) e r é a
distância do ponto onde os raios X são gerados até o ponto de incidência.

7
2.1.3 Fatores que influenciam a qualidade da imagem e a exposição aos raios X

A energia e a intensidade dos raios X são dois fatores importantes que influenciam a
qualidade da imagem e a exposição à radiação. Os parâmetros radiológicos selecionados pelo
técnico de radiologia definem estas duas características. Dentre os parâmetros radiológicos,
destacam-se a tensão aplicada ao tubo, conhecida como “quilovoltagem”, a corrente no tubo,
ou “miliamperagem”, e o tempo de exposição.
A tensão (kV) é responsável pela aceleração dos elétrons em direção ao anodo. Quanto
maior a aceleração desses elétrons, maior será a energia cinética adquirida pelos elétrons e,
como consequência, maior será a energia do feixe gerado. A Figura 2.4 mostra a relação entre
a energia do feixe com o poder de aceleração dos elétrons, ou seja, quanto maior for a tensão
selecionada pelo técnico em radiologia, maior será a energia efetiva do feixe de raios X
produzido. Os feixes mais energéticos têm maior poder de penetração.

Figura 2.4 Variação do espectro de energia pela variação da tensão aplicada ao tubo (alterada de DIMENSTEIN
& NETTO , 2005)

Pela Figura 2.4, observa-se que a tensão afeta a qualidade do feixe (associada com a
energia) e a quantidade de raios X produzidos (associados ao número de fótons X). Por afetar
a qualidade do feixe, a tensão altera de forma importante o contraste da imagem.
A corrente no tubo (mA) é responsável pelo número de elétrons liberados pelo
filamento em direção ao anodo. Ele modifica apenas a intensidade do número de fótons
produzidos e a amplitude do espectro de raios X. Observa-se pela Figura 2.5 que a corrente

8
aumentará somente o número de fótons produzidos, sem alterar o espectro de energia do
feixe.

Figura 2.5 Efeito da variação da corrente (mA) no espectro de raios X (alterada de DIMENSTEIN & NETTO,
2005)

Quanto maior a mA, maior é a quantidade de elétrons liberados e, consequentemente,


mais raios X produzidos com a mesma energia.
A combinação da corrente no tubo (mA) com o tempo de exposição (s) é outro fator
importante do ponto de vista da proteção radiológica, pois é uma das principais responsáveis
pela dose de radiação no paciente (LIMACHER e col., 1998).

2.1.4 Raios X de freamento (Bremsstrahlung)

Os raios X de freamento são produzidos quando um elétron passa nas proximidades do


núcleo. A carga positiva deste age sobre a carga negativa do elétron. Então, o elétron é atraído
para o núcleo e com isso é desviado de sua direção original. Neste processo de atração, o
elétron é desacelerado e diminui sua energia cinética, emitindo radiação eletromagnética.
Parte da radiação emitida é na região dos raios X. A radiação produzida desta forma é
denominada Bremsstrahlung, que significa radiação de freamento. (MARTIN e HARBISON,
1996; TURNER, 2007). A Figura 2.6 ilustra o processo de produção de radiação X de
freamento.

9
Figura 2.6 Desvio de trajetória do elétron com perda energética (alterada de GARCIA, 2006).

2.1.5 Raios X característicos

Na interação do feixe de elétrons com o alvo em um tubo de raios X, é possível que


ocorra um processo de ionização de átomos do alvo, como ilustra a Figura 2.7. Os elétrons
acelerados se chocam com algum elétron do alvo, retirando-o da órbita. Quando o elétron é
retirado de uma órbita (camada K, por exemplo), um elétron de uma camada mais externa
(por exemplo, a camada L) do átomo ocupará essa lacuna. Porém, para isso, ele deverá perder
energia. Assim, é emitido um fóton, que quando é no intervalo de energia da radiação X é
denominado de raios X característico. Dessa forma, surge a emissão de raios X característicos
com energias discretas que correspondem às diferenças entre as energias de ligação das
camadas envolvidas no processo (MARTIN e HARBISON, 1996; TURNER, 2006).

Figura 2.7 Esquema ilustrativo da emissão de radiação X caracterísitca (alterada de DIMENSTEIN & NETTO,
2005).

10
Nas Figuras 2.4 e 2.5, o espectro em forma de curva e contínua corresponde aos raios
X de freamento e as linhas verticais, aos raios X característicos. A maior parte do espectro é
referente aos raios X de freamento e os raios X característicos têm energias bem definidas.

2.2 Interação dos raios X com a matéria

Ao tentar atravessar a matéria, os raios X interagem com os seus átomos. Essa


interação depende da estrutura molecular, do estado de agregação em que se encontra o meio
e da energia da radiação. Os fótons de raios X, ao passarem através de um meio, podem sofrer
absorção ou espalhamento. O processo de absorção resulta da diminuição da intensidade do
feixe emergente. Já no espalhamento, embora seja observada também uma diminuição de
intensidade do feixe, há uma perda de informação útil, diminuição da qualidade da imagem e,
consequentemente, uma necessidade de aumento da dose no paciente. No intervalo de energia
do radiodiagnóstico médico, ocorrem prioritariamente dois processos de interação da radiação
X com o meio, gerando tanto absorção quanto espelhamento dos fótons: o efeito fotoelétrico e
o efeito Compton.
As duas interações mais importantes da radiação X com a matéria nos processos
radiográficos são apresentadas pela Figura 2.8 que relaciona a variação de número atômico
(Z) e da energia (E) dos fótons. As interações fotoelétricas predominam para todos os
materiais em energia de fótons suficientemente baixa, mas à medida que a energia cresce, o
efeito fotoelétrico diminui mais rapidamente que o efeito Compton e este acaba se tornando o
efeito predominante. (DIMENSTEIN & NETTO, 2005).

Figura 2.8 Energia dos fótons nos processos competitivos do efeito fotoelétrico e efeito Compton. (alterada de
TAUHATA, 2003).

11
2.2.1 Efeito fotoelétrico

O efeito fotoelétron ou absorção fotoelétrica (Figura 2.9) ocorre quando um fóton de


raios X se choca com um elétron de um átomo e o desloca de sua camada orbitária no átomo
transferindo toda sua energia ao elétron. Este efeito é muito acentuado nos materiais muito
densos e a probabilidade de ocorrência desse efeito é diretamente proporcional ao cubo do
número atômico do material absorvedor ( ) e inversamente proporcional à energia ao cubo
(ALPEN, 1990).
A energia cinética máxima é igual à energia do fóton (h.ν) menos a energia de ligação
do elétron (Be), como apresentado na Equação 2.4.

= - (2.4)

A Figura 2.9 ilustra o mecanismo de interação no efeito fotoelétrico, cuja energia


cinética do fóton é .

Figura 2.9 Representação do efeito fotoelétrico (adapatado de CARDOSO, 2008).

2.2.2 Espalhamento Compton

No espalhamento Compton, o fóton incidente, com uma energia relativamente alta,


aproxima-se do átomo, choca-se com um elétron livre (elétron que possui energia de ligação
menor do que a do fóton incidente) da última camada, retirando-o de sua órbita. Neste
processo de interação, o fóton sofre uma variação de sua trajetória original. Como é possível

12
observar na Figura 2.10, o fóton espalhado forma um ângulo em relação a sua trajetória
original. Considerando que o choque não seja central, o elétron sofrerá um deslocamento em
relação a sua posição inicial formando um ângulo em relação a sua posição inicial, seguindo
um novo trajeto com energia . (ALPEN, 1990).

Figura 2.10 Representação do efeito de espalhamento Compton (adaptada de ALPEN, 1990).

O elétron deslocado de sua órbita é chamado de elétron de recuo, e a energia cinética


( ) de recuo adquirida por este elétron é dada por:

= (2.5)

onde ( ) é a energia do fóton incidente e ( ) é a energia de recuo do fóton depois do


choque. Utilizando a equação da variação a massa, encontra-se:

= = (2.6)

Aplicando a lei da conservação do momento linear, levando em conta os vetores


indicados pela Figura 2.10, obtém-se:

– (2.7)

13
onde
Levando em consideração as componentes do momento linear, encontra-se:

= (2.8)

= (2.9)

Resolvendo o sistema, obtém-se as energias do elétron ( ) e do fóton ( )


defletidos.

=h (2.10)

e
=h (2.11)

onde , sendo h a energia do fóton incidente e a energia de repouso do

elétron (0,511 MeV).

Na interação do fóton com o elétron, se o ângulo ( formado for de , o fóton será


espalhado em linha reta para frente e, se o ângulo ө formado for de 180º e , o fóton
recuará no sentido contrário do seu movimento inicial. Se o processo de interação do fóton
com o elétron obedecer a essa configuração, logo a energia de recuo do elétron será máxima
( ) para ө =180º e a energia do fóton defletido será mínima ( ).

=h (2.12)

e
=h (2.13)

Para tem-se a mínima energia transferida, ou seja,

14
(2.14)

e a energia do fóton incidente será igual à energia do fóton defletido, como apresentado na

Equação 2.15

(2.15)

A probabilidade de ocorrência desse efeito é inversamente proporcional à energia do


fóton ( ) e independe do número atômico (Z) (ALPEN, 1990).

2.2.3 Atenuação de feixe de raios X

Dependendo do propósito do diagnóstico médico, os fótons com menor energia são


indesejáveis, pois são incapazes de chegar e impressionar o filme radiográfico, o que pode
não levar nenhuma informação útil da formação da imagem contribuindo apenas para
aumentar a dose no paciente. Nessa perspectiva é que se usa dispositivos e materiais
atenuadores, para eliminar esses fótons melhorando a qualidade da imagem e
consequentemente fornecendo ao médico uma radiografia de melhor visibilidade.
À medida que a radiação X penetra a matéria, a intensidade da radiação vai
diminuindo, fenômeno conhecido como atenuação. A atenuação se deve à retirada parcial ou
total do número de fótons incidentes em um meio e está relacionada com os eventos de
absorção ou de espalhamento dos fótons incidentes.
Por meio do processo de cálculo de integração encontra-se uma relação quantitativa
para feixes monoenergéticos (Eq. 2.16), que relaciona o número ou percentual de fótons que
incide perpendicularmente em um material homogêneo ( ) e o número de fótons que emerge
desse meio sem interagir com ele ( :

(2.16)
onde
→ espessura do meio absorvedor.
→ coeficiente de atenuação linear total, que representa a seção de choque de interação entre
cada fóton e o meio que atravessa, por unidade de volume.
representa a probabilidade de não interação por qualquer dos efeitos, ao atravessar
uma espessura x do meio absorvedor.

15
O coeficiente de atenuação pode ser obtido somando os coeficientes parciais para
cada um dos efeitos, considerados independentes, como o efeito coerente ( ,
espalhamento Compton ( absorção fotoelétrica ( ) e formação de pares ( , como
apresetando na Equação 2.17. No intervalo de energia do radiodiagnóstico, os efeitos mais
relevantes são o efeito fotoelétrico e o espalhamento Compton.

(2.17)

É bastante comum representar os coeficientes mássicos pela Equação 2.18.

= + + (2.18)

onde representa a densidade de massa do material.

A intensidade da radiação depende da composição do material em que interage. Para


materiais com número atômico grande a atenuação será maior em relação a um material com
número atômico menor. A Figura 2.11 mostra a variação da intensidade em função da
espessura para dois tipos de materiais. O material A tem um número atômico maior do que o
material B, portanto, o material A reduz a intensidade do feixe com uma espessura menor que
o material B. (MCKETTY, 1998).

Figura 2.11 Efeito do número atômico na atenuação de raios X (modificada de MCKETTY, 1998).

16
Além da dependência com o material, a intensidade depende também da energia dos
fótons que formam o feixe de raios X. A Figura 2.12 mostra a variação da intensidade em
função da espessura do meio absorvedor para dois feixes de energia e . O feixe de
energia possui energia maior do que o feixe de energia , logo este será atenuado mais
rapidamente do que .

Figura 2.12 Efeito da energia da radiação na atenuação de raios X (modificada de MCKETTY, 1998)

A Figura 2.13 mostra a variação da intensidade do feixe monoenergético com o


aumento da espessura do meio absorvedor.

Figura 2.13 Atenuação do feixe monoenergético (adaptada de MCKETTY, 1998).

17
Do mesmo modo de um feixe de raios X monoenergético, o feixe polienergético ao
passar por um meio absorvedor, sofre atenuação. Entretanto, como a atenuação depende da
energia, como ilustrado na Figura 2.12, a forma como fótons de diferentes energias de um
feixe polienergético são atenuados varia significativamente. De modo geral, os fótons de
baixa energia são atenuados mais rapidamente do que os fótons de energia mais elevada o que
conduz a uma modificação tanto no número de fótons transmitidos, quanto na qualidade do
feixe, ou seja, na sua energia efetiva e no seu poder de penetração. Essa modificação será
tanto maior, quanto maior for a espessura do meio. A Figura 2.14 mostra o percentual do
número de fótons de um feixe polienergético em função da espessura do meio absorvedor, o
alumínio. À medida que a espessura vai aumentando, o feixe se aproxima mais de um feixe
monoenergético, diminuindo o declive da curva.

Figura 2.14 Atenuação do feixe polienergético em função da espessura do Al (adaptada de MCKETTY, 1998).

A Figura 2.15 faz uma comparação entre as curvas de radiação polienergética e


monoenergética. Por esta figura, é possível visualizar o efeito da atenuação em cada tipo de
feixe.

18
Figura 2.15 Comparação das curvas de feixe monoenergético e polienergético (adaptado de MCKETTY, 1998).

Uma característica importante do feixe polienergético é que ao atravessar um meio a


energia efetiva do feixe aumentará devido à retirada mais intensa dos fótons de baixa energia.
Portanto, um feixe de raios X, ao ser filtrado, tem o seu poder de penetração aumentado. O
poder de penetração do feixe é consequência da tensão aplicada no tubo e da filtração
colocada no feixe. Assim, se um feixe for gerado com um potencial de 100 kV, os fótons do
feixe terão energias em um espectro que percorre das energias mais baixas até a energia
máxima de 100 keV. A energia efetiva deste feixe será, portanto, muito menor do que
100 keV. À medida que a filtração do feixe aumenta, os fótons de baixa energia vão sendo
mais rapidamente atenuados e o feixe se aproxima de um feixe monoenergético de energia
próxima à energia máxima do feixe. (MCKETTY, 1998).

2.3 Interação dos raios X com o tecido humano

Quando os raios X atingem o paciente, o feixe de radiação tem sua intensidade


reduzida devidos aos fenômenos de absorção por certos tecidos, por deflexão de seus fótons e
parte do feixe atinge o receptor de imagem, como mostra a Figura 2.16 (OKUNO, 1988;
BIRAL, 2002). Portanto, o processo de interação do feixe incidente com o paciente não é
restrito ao feixe primário. Boa parte da dose recebida pelo paciente é consequência da
interação de fótons espalhados com os tecidos.

19
Figura 2.16 Ilustração da interação do feixe incidente com o paciente durante exame radiológico (modificada de
CASTRO, 2008).

Vários fatores contribuem para aumentar a radiação espalhada, sendo um dos mais
importantes a colimação do feixe, ou seja, quanto maior for o tamanho do feixe, maior será o
campo de radiação criado em torno do paciente e consequentimente maior será a exposição
dos indivíduos em torno do dele. Para uma redução significativa do feixe, é comum, em
equipamentos de raios X convencionais, o uso de um campo luminoso para definir de forma
mais cuidadosa a região examinada. Através da prática de colimação, é possível examinar a
área de interesse resultando em uma significativa redução da exposição tanto do paciente
quanto do corpo técnico envolvido nos procedimentos.

2.3.1 Efeitos biológicos da radiação X

A aplicação da radiação X para fins médicos em diagnóstico é uma prática muito


comum em diversas áreas da medicina. Não há dúvida que o benefício que o paciente recebe
com o diagnóstico justifica a existência destas especialidades. Embora seja importante a
técnica do radiodiagnóstico para os pacientes, o uso da radiação ionizante traz um risco
inerente à saúde destes e também para os profissionais médicos envolvidos nos procedimentos
(OKUNO, 1988, BIRAL, 2002).
O processo de interação da radiação com os tecidos pode provocar ionização das
células, levando a alterações que, em casos extremos, pode levar à morte. Dependendo da
região do corpo em que a energia foi depositada, as células podem se regenerar rapidamente,
de modo que o indivíduo não sofra efeitos decorrentes da morte celular. No entanto, há um

20
grande perigo quando as células sofrem modificações, pois estas podem originar outras
células modificadas, podendo causar danos mais tarde que induzem à doença, como o câncer.
Se as células alteradas forem das gônadas, pode acarretar sérios problemas como a
esterilização e até mesmo podem gerar danos aos descendentes do indivíduo exposto.
Os efeitos biológicos provocados pelas radiações ionizantes podem ser (ATTIX,
1986):
 Efeitos determinísticos: quando se manifestam no próprio indivíduo irradiado, tais
efeitos não são transmitidos a gerações futuras, surgem depois de certo valor de dose
absorvida e a gravidade aumenta com a magnitude da dose.
 Efeitos estocásticos: estão relacionados com alterações celulares. Uma célula
transformada pode resultar na produção de outras células modificadas, podendo ser
transmitidas aos descendentes do indivíduo irradiado. Estes efeitos surgem
independentemente do limite de dose.

2.4 Filosofia da proteção radiológica

A filosofia da proteção radiológica é buscar meios adequados de proteção do homem


contra os efeitos nocivos das radiações ionizantes, sem retirar ou limitar as atividades que
trazem benefícios para a sociedade, de forma a manter as doses inferiores aos limites
pertinentes para evitar os efeitos determinísticos. Além disso, as ações de proteção radiológica
devem garantir que todas as medidas sejam tomadas para reduzir a indução dos efeitos
estocásticos. Os princípios básicos de proteção radiológica são estabelecidos pela Portaria
453/98 do Ministério da Saúde (BRASIL, 1998), a saber:

 Justificação: prega que toda prática utilizando radiação ionizante deve ser
devidamente justificada e só deve ser adotada se o beneficio produzido pelo seu uso à
sociedade for maior do que os detrimentos provocados pela radiação.
 Otimização: prega que a quantidade de pessoas expostas à radiação e a magnitude das
doses devem ser tão baixas quanto possíveis (ALARA – As Low As Reasonably Achievable).
 Principio de limitação de dose: prega que as doses, tanto para trabalhador com para
indivíduos do público, não devem exceder aos limites recomendados. Para tanto, as
combinações de todas as práticas devem obedecer a mecanismos de controle para garantir que
nenhum individuo seja exposto a risco de radiação considerado inaceitável em circunstâncias

21
normais. Isso garante que os efeitos determinísticos sejam evitados e que a probabilidade
de sofrer os efeitos estocásticos seja suficientemente baixa.
Para que o principio ALARA seja bem sucedido, alguns aspectos relacionados com a
proteção radiológica devem ser considerados, como distância do equipamento, tempo de
exposição e barreiras de proteção: quanto mais distante o indivíduo estiver da fonte emissora
de radiação ionizante, quanto menor for o tempo de exposição e quanto mais protegido por
barreiras ele estiver, menos risco haverá associado à prática e mais bem-sucedida estará o
estabelecimento do princípio ALARA. Outro aspecto importante do ponto de vista da
proteção radiológica é o uso de materiais que atenuam a passagem de radiação, como os
equipamentos de proteção individual.

2.4.1 Equipamentos de proteção individual (EPIs)

Os equipamentos de proteção individual (EPIs) são dispositivos compostos de material


altamente atenuante, normalmente à base de chumbo, que diminuem de forma significativa a
quantidade de radiação que atinge o indivíduo exposto. Em proteção radiológica, os principais
equipamentos de proteção individual, confeccionados de chumbo, são: avental, protetor de
tireóide, óculos, luvas e protetor de gônadas.
De acordo com alguns estudos, para se avaliar o poder de penetração da radiação
espalhada a 80 kVp em avental plumbífero com equivalência em chumbo de 0,5 mm, foi
possível concluir que a radiação penetrante pode ser reduzida por um fator de 200 (NCRP
,1976; PETOUSSI e col, 1998). Para outros estudos realizados com radiação espalhada com
diferentes técnicas radiológicas e espessuras de aventais, foi possível concluir que, em média,
para aventais com equivalência em chumbo de 0,25 mm, pode-se atenuar o feixe de radiação
até por um fator de 10 (KICKEN e BOS, 1995; OSEI e KOTRE, 2001).

2.5 Tipos de exposição

A Comissão Nacional de Energia Nuclear utiliza uma divisão da exposição em três


tipos: exposição médica, entendida como decorrente das técnicas de diagnósticos e tratamento
em indivíduos suspeitos ou portadores de doenças; exposição ocupacional, relacionada com o
ambiente de trabalho onde as pessoas envolvidas lidam com fontes de radiação ionizantes; e
exposição do público, entendida como a exposição dos indivíduos que não têm atividades e
nem fazem tratamento médico relacionados com radiação (CNEN, 2005).
22
2.5.1 Limites de dose

Os limites de doses são valores fixados e não garantem o que é seguro ou perigoso.
Eles foram criados visando à restrição aos efeitos somáticos nos indivíduos ocupacionalmente
expostos e na população em geral.
No Brasil, o órgão responsável pelo estabelecimento dos limites legais de dose é a
Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN). Os limites atualmente vigentes podem ser
encontrados na norma CNEN-NE-3.01 de 2005, e são apresentados na Tabela 2.1.

Tabela 2.1 Limites de doses anuais recomendados pela CNEN-NE-3.01 (2005).

LIMITES DE DOSES ANUAIS


Grandeza Órgão Indivíduo ocupacional Indivíduo do público
Dose efetiva Corpo inteiro 20 mSv 1 mSv
Dose equivalente Cristalino 150 mSv 15 mSv
Dose equivalente Pele 500 mSv 50 mSv
Dose equivalente Mãos e pés 500 mSv --------
Fonte: CNEN, 2005

A norma da CNEN-3.01 de 2005 foi elaborada com base nos limites de dose propostos
pela Comissão Internacional de Proteção à Radiação (ICRP) 60 de 1990 (ICRP, 1990). Após a
publicação da CNEN NE 3.01 (CNEN, 2005), a ICRP publicou uma nova recomendação, a
ICRP 103 de 2007 (ICRP, 2007), cujas considerações devem ser incorporadas em alguma
norma futura da CNEN.
A CNEN-NE 3.01 estabelece que para mulheres grávidas em regime de exposição que
não seja médica, por não haver limites de dose, a dose não deve ultrapassar 1 mSv durante a
gravidez e a dose no abdômen não deve ser superior a 10 mSv durante um período de três
meses consecutivos e para o feto a dose não deve ultrapassar 1 mSv.

2.6 Grandezas dosimétricas

2.6.1 Exposição (X)

A definição de exposição está relacionada com a absorção de radiação pelo ar. Assim,
ela pode ser representada pelo quociente de por dm, onde é o valor absoluto da carga
total de íons de um dado sinal, produzidos no ar, quando todos os elétrons e pósitrons

23
liberados pelos fótons no ar, em uma massa , são completamente freados no ar, como
apresentado na Equação 2.19.

= (2.19)

A unidade de exposição é o Coulomb por quilograma (C .kg-1), no SI, ou Roentgen ( ), que é


a unidade antiga. (ATTIX, 1986), sendo

1 = 2,58 x 10-4C/kg

2.6.2 Kerma

O kerma é definido pelo quociente entre e , representado pela Equação 2.20


(ATTIX, 1986),

K= (2.20)

onde representa a energia cinética total liberada por partículas desprovidas de carga
elétricas incidentes em um material de massa . O kerma tem como unidade o joule por
quilograma (J/kg). O nome especial para unidade de kerma é o Gray (Gy).

2.6.3 Dose absorvida

As mudanças químicas e biológicas que ocorrem no tecido exposto aos raios X


dependem da dose absorvida por ele. Esses efeitos estão relacionados com a razão entre a
quantidade de energia média ( ) depositada pela radiação ionizante por unidade de massa
(dm), num ponto de interesse. Em termos matemáticos, a dose absorvida é definida pela
Equação 2.21 (ATTIX, 1986),

= (2.21)

Unidade: joule por quilograma ( J.kg-1)

24
Na condição de equilíbrio eletrônico, é possível relacionar a exposição (X), medida no
ar, com a dose no ar pela Equação 2.22.

(2.22)

onde 0,876 é a energia média para formar um par de íons no ar por carga do elétron (ATTIX,
1896).

2.6.4 Dose equivalente

A intensidade com que a radiação deposita a sua energia por unidade de comprimento
no tecido depende do tipo de radiação e interfere diretamente nos efeitos químicos e
biológicos que podem surgir. Para quantificar a influência do tipo de radiação nos efeitos da
interação da radiação com o tecido, foi criada uma grandeza denominada de dose equivalente
( ), definida como o somatório do valor médio da dose absorvida num tecido ou
órgão T, devido à radiação R (ATTIX, 1986), conforme apresentado na Equação 2.23.

= (2.23)

A unidade da dose equivalente é o Sievert (Sv) e o fator de peso da radiação


estabelecido pela CNEN é igual a 1 para os fótons de raios X de energias empregadas em
radiodiagnóstico.

2.6.5 Dose efetiva

Sob o ponto de vista de proteção radiológica, a ICRP, em sua publicação 103, define a
dose efetiva ( ) como a soma ponderada das doses equivalentes em todos os tecidos ou
órgãos do corpo. A dose efetiva não é mensurável diretamente, e pode ser representada
aplicando a Equação 2.24 (ATTIX, 1986).

= .HT (2.24)

25
onde é um fator que representa a proporção do risco devido a efeitos estocásticos
resultantes no tecido ou órgão T. A dose equivalente tem como unidade o Sievert, ou seja,
J.kg-1. Os valores de recomendados por ICRP 103 são apresentados na Tabela 2.2.

Tabela 2.2 Valores do fator de ponderação recomendados pelas publicações do ICRP 103

ÓRGÃO OU TECIDO (ICRP 103)


Cólon 0,12
Estômago 0,12
Gônadas 0,08
Medula óssea vermelha 0,12
Pulmões 0,12
Mamas 0,12
Esôfago,Bexiga e Fígado 0,04
Tireóide 0,04
Superfície óssea 0,01
Pele 0,01
Glândulas salivares 0,01
Cérebro 0,01
Restante do corpo 0,12
Fonte: ICRP 103

2.7 Fatores de uso (U) e de ocupação (T)

Para medir a dose efetiva em indivíduos com atividade relacionada à radiação


ionizante deve-se levar em consideração no cálculo fatores associados à carga de trabalho
desses indivíduos. Nesse contexto, é que são definidos os fatores de uso (U) e de ocupação
(T): o fator de uso está relacionado com a fração do tempo de trabalho em que o feixe
primário de radiação X fica dirigido ao ponto de interesse; o fator de ocupação está
relacionado com os requisitos de blindagem e é estimado pela fração média do tempo que um
indivíduo pode permanecer e ocupar uma determinada área. As Tabelas 2.3 e 2.4 apresentam
os valores sugeridos por SIMPKIN e DIXON (1998), com base na NCRP 49 (1976), para
fatores de ocupação típicos, consideradas diferentes áreas ocupadas para pessoas não
ocupacionalmente expostas e para pessoas ocupacionalmente expostas respectivamente.

26
Tabela 2.3 Fatores de ocupação sugeridos pelo NCRP 49 (1976) e por SIMPKIN e DIXON (1998) para
diferentes tipos de ocupação para pessoas não ocupacionalmente expostas.

LOCAL FATOR DE USO T


NCRP 49 Simpkin e Dixon
Escritórios, lojas, alojamentos, locais ocupados nas
construções adjacentes 1 1
Salas de esperas com recepcionista -- 1
Posto de enfermarias 1 1/2
Salas de tratamento e exames de pacientes -- 1/2
Quartos de pacientes -- 1/8
Corredores 1/4 1
Salas de repouso de funcionários 1/4 1/8
Banheiros 1/4 1/20
Áreas externas com bancos e cadeiras -- 1/20
Áreas externas de fluxos de pedestres e veículos 1/16 1/40
Sala de espera sem recepcionista -- 1/40
Vestiários de pacientes 1/16 1/40

Tabela 2.4.Fatores de ocupação propostos pelo NCRP 49 (1976) e por SIMPKIN e DIXON (1998) para pessoas
ocupacionalmente expostas.

FATOR DE USO T
LOCAL
NCRP 49 Simpkin e Dixon
Sala de controle do equipamento de raios X 1 1
Área de leitura de filmes 1 1
Salas de exames de ultra-sonografia 1 1
Salas de medicina Nuclear 1 1/2
Outros escritórios 1 1/2
Salas de trabalho 1 1/2
Salas de repouso de funcionários 1 1/2
Salas de raios X adjacentes 1 1
Escritórios dos médicos 1 1/2
Escritórios do administrador e dos técnicos 1 1/2
Cozinha para preparo de contraste de bário 1 1/2
Quartos de repouso 1 1/4
Corredores 1 1/4
Áreas de espera de pacientes 1 1/4
Vestiários de pacientes 1 1/8

2.8 Monitoração individual e de área

Quando um indivíduo desempenha uma atividade relacionada com radiação ionizante,


as normas vigentes da CNEN recomendam um monitoramento individual, ou seja, as doses

27
recebidas no local de trabalho por esse indivíduo devem ser registradas. Dessa forma,
entende-se por monitoração individual a medida da dose de radiação no trabalhador após seu
recebimento. Assim, o monitoramento individual passa a ter um caráter puramente
confirmatório. Ao contrário do monitoramento individual pessoal, a monitoração de área tem
um caráter preventivo, ou seja, pode-se empreender alguma ação antes mesmo que o
trabalhador receba a dose.

2.9 Classificação de área de trabalho

Com base na norma da CNEN-3.01 as áreas de trabalho são classificadas em pelo


menos três tipos: área livre, área controlada e área supervisionada. Entende-se por área livre
aquela em que os limites de dose são obedecidos para o público, ou seja, não é necessária
nenhuma ação emprendendora por parte do serviço de proteção radiológica (SPR). Quando as
doses adquiridas em uma área superam os limites de dose para o público, a área é classificada
como área controlada, sendo necessária a presença do serviço de proteção radiológica. Uma
área onde a presença de radiação ionizante é constante, mesmo que o nível de radiação seja
baixo, e a adoção de medidas de controle à radiação seja normalmente dispensada, é preciso
que esta área seja supervisionada, pois, mesmo para baixas doses, os efeitos estocásticos
podem surgir.

2.10 Níveis de registro e de investigação

Com o objetivo de minimizar as doses recebidas, as publicações ICRP 103 e a CNEN-


3.01 sugerem pelo menos dois níveis: nível de registro e de investigação. O nível de registro é
um nível de radiação a partir do qual se torna obrigatório o seu registro por parte do SPR,
enquanto o nível de investigação é um valor da radiação a partir do qual se torna obrigatória
uma investigação por parte do SPR e exige melhorias no sistema de proteção para que a
situação não se repita. Para a CNEN-NN-3.01, as doses efetivas dos indivíduos
ocupacionalmente expostos devem ser registradas se o valor medido na monitoração
individual mensal for superior a 0,2 mSv. Entretanto, se o valor for superior a 1 mSv em
qualquer mês ou a 6 mSv por ano, a norma determina que é preciso realizar investigações

28
locais para verificar o ocorrido, sendo necessária a justificativa de procedimentos do
profissional durante o mês de referência ( CNEN, 2005; ICRP, 2007).

29
CAPÍTULO 3

ESTUDOS RELACIONADOS COM A TEMÁTICA

As radiações ionizantes são capazes de ocasionar danos celulares, mesmo quando a


dose absorvida é baixa. Entretanto, os danos aumentam com o aumento da dose e, portanto,
deve-se buscar a redução das doses nos procedimentos. Nessa perspectiva, a norma CNEN-
NE 3.01/2005 da Comissão Nacional de Energia Nuclear e a publicação nº 103 em 2007 da
International Commission on Radiation Protection exigem que sejam implantados métodos de
otimização que visem expor as pessoas em geral aos menores níveis de radiação
razoavelmente exequíveis.
SORDI (2009), em um estudo sobre a evolução dos paradigmas de proteção
radiológica, afirma que qualquer radiação ionizante, independente de seu nível, pode trazer
um dano celular, e que estas células, quando conseguem sobreviver depois de sofrerem
interação com a radiação, podem ocasionar problemas no futuro, sendo o câncer o principal
deles.
Um estudo feito por FLÔR (2005) sobre exposição ocupacional à radiação ionizante
em ambiente hospitalar, revelou que as doses efetivas encontradas na UTI Geral e UTI
neonatal de um hospital público foram todas menores do que 0,2 mSv ao mês.
LIMACHER e col. (1998) e OKUNO (2009) relatam que as pessoas expostas à
radiação podem ter sérios problemas de saúde, sendo o câncer a principal patologia induzida
pela radiação. Nesses estudos, os autores relatam que a falta de conhecimento sobre proteção
radiológica é um dos principais fatores que contribuem para o aumento do risco à saúde das
pessoas.
Para BRENNER e col. (2003), os efeitos colaterais da radiação são fáceis de
desprezar, particularmente se o risco for muito baixo e o efeito não ficar aparente durante
anos (período de latência). Nessa perspectiva, as crianças, por terem uma maior expectativa
de vida, encontram-se em um grupo de maior risco, no que refere ao surgimento do câncer.
Segundo LACERDA e col. (2008), o uso de radiação ionizante aplicada ao
radiodiagnóstico é a atividade criada pelo homem que mais contribui para a dose coletiva.
De acordo com a Portaria 453/98 do Ministério da Saúde e da Vigilância Sanitária
(BRASIL, 1998) os ambientes coletivos, como UTI e pronto-socorros são considerados locais
que convivem frequentemente com a radiação ionizante proveniente dos equipamentos

30
radiológicos móveis, expondo os técnicos e profissionais desses locais à radiação. Para
diminuir o risco que a radiação pode trazer à saúde dessas pessoas, faz-se necessária a adoção
de medidas de segurança como o uso de avental plumbífero e, sempre que possível,
recomenda-se que as pessoas presentes no recinto sejam afastadas do centro do campo de
radiação a pelo menos dois metros de distância.
MEDEIROS e col. (2002) mencionam que durante o exame de raios X cria-se em
torno do paciente um campo de radiação devido aos raios espalhados, que podem alcançar os
diversos profissionais, paciente e indivíduos que ajudam a conter ou confortar o paciente. A
mesma autora afirma que, para uma carga de trabalho de 8400 mAs/mês, as doses
equivalentes nos exames de leito de um hospital de grande porte, à distância de 2,0 m, é, em
média, 0,56 mSv/mês, para regime de exposição ocupacional, e que a distância segura para os
profissionais envolvidos nos procedimentos como enfermeiros, auxiliares é de 2,5 m para que
os limites de dose para indivíduos do público sejam atendidos.
Em um estudo realizado por LARA e col. (2008), concluiu-se que um indivíduo
ocupacionalmente exposto deve manter-se a uma distância mínima de 1 m do paciente sob
raios X, enquanto que os indivíduos do público devem se manter a uma distância mínima de
2,5 m. Neste mesmo estudo, o autor relata que as doses encontradas para distâncias superiores
a 2,5 m ficaram todas abaixo do nível de registro, ou seja, foram menor as que 0,2 mSv ao
mês.
Um estudo realizado por ANDRADE e col. (2005), para avaliar a dose efetiva de
trabalhadores de UTI, mostraram que os valores de dose efetiva mensal medidas por
dosímetros termoluminescentes, durante seis meses de pesquisa, foram menores do que 0,2
mSv, ou seja, a utilização do equipamento de raios X móvel na UTI estava de acordo com o
que se pretende no âmbito da proteção radiológica.
VALUCKAS e col. (2007), em um estudo feito na Lituânia para avaliar a exposição
ocupacional em decorrência dos procedimentos de radiologia móvel, constataram que a dose
mais alta encontrada foi de 1,9 mSv/ano para os técnicos de radiologia. O mesmo estudo
confirmou que o serviço realizado pelos os técnicos era seguro sob o aspecto da proteção
radiológica, pois a dose encontrada obedecia aos limites de dose recomendados por normas
internacionais.
DUETTING e col. (1999), em um estudo realizado em uma Unidade de Terapia
Intensiva, encontraram uma dose de 5µSv nas proximidades do paciente sob raios X. Eles
concluíram que na exposição de outras crianças dentro da unidade não oferecia risco, pois as

31
doses encontradas foram muito baixas, não havendo necessidade de médicos, enfermeiros e
auxiliares se afastarem durante a realização de exames radiológicos.
Um estudo feito por BURRAGE e col. (2003) revelou que a dose da radiação
espalhada, a 1 m de distância de um simulador de tórax de um recém-nascido, foi de 0,1 µGy.
O mesmo estudo concluiu que a dose de radiação espalhada recebida por outros pacientes
nesta unidade de terapia intensiva, para distância igual ou superior a 1 m do simulador, não
foi significante e que a dose recebida pelo técnico em radiologia estava dentro do limite
recomendado pelos órgãos internacionais.
POZNANSKI e col. (1974) e DUETTING e col. (1999) avaliaram a exposição dos
profissionais ocupacionalmente expostos e do público durante a realização de exames de raios
X no leito de uma unidade de terapia neonatal, e concluíram que o abandono da sala pelos
profissionais seria desnecessário desde que fosse mantida uma distância de 1,5 m do eixo do
feixe de raios X.
CARRETA e col. (1998) confirmaram em seu estudo realizado em uma unidade de
terapia intensiva adulta e pediátrica que as doses efetivas dos profissionais desse setor foram
todas inferiores a 0,2 mSv por mês. Nesse mesmo estudo, os autores concluíram também que
os profissionais da saúde desse setor demonstram conhecer medidas de controle a exposição à
radiação ionizante, pois mais da metade deles usam avental de chumbo e afastam-se mais de
cinco metros no momento do exame.

32
CAPÍTULO 4

MATERIAIS E MÉTODOS

4.1 Contextos da pesquisa

A população estudada constitui-se de 13 enfermeiros, 05 médicos, 30 técnicos em


radiologia, 50 auxiliares de enfermagem e 39 técnicos de enfermagem lotados em enfermaria
(ENF), unidade de terapia intensiva (UTI), unidade de terapia de queimados (UTQ), unidade
de terapia semi–intensiva (UTSI), centro cirúrgico (CC), pronto socorro (PS) e radiologia
(RX) de um hospital público do estado de Sergipe. A pesquisa focou-se nesta população por
entender que esses profissionais são os que mais se expõem à radiação X durante o exame
radiológico no leito. A motivação da escolha do local para a realização deste projeto foi
devido a alguns fatores, a saber:
 Este hospital apresenta um quadro semelhante à grande maioria dos hospitais públicos
no país, sempre com a ocupação acima da lotação máxima e com dificuldade orçamentária;
 Possui unidades móveis de raios X e a demanda por exames com essa unidade é
elevada;
 Trata-se de um hospital geral de grande porte que presta serviços em saúde a toda
população, especialmente aos usuários do Sistema Único de Saúde (SUS).

O hospital possui aproximadamente 3000 servidores, sendo 2224 efetivos e 776


funcionários terceirizados. Oferece serviços especializados como: emergência 24 horas,
unidade de terapia intensiva, ambulatório, centro de treinamento médico com programa de
residência médica, serviço de hemodiálise, serviço de plasmaferese e transplante de rim,
córnea e outros órgãos. A instituição ainda dispõe das seguintes especialidades médicas:
cardiologia, oncologia, oftalmologia, pneumologia, nefrologia, geriatria, radiologia geral,
ultra-sonografia, ginecologia, dermatologia, ortopedia, cirurgia geral, neurocirurgia, cirurgia
torácica, cirurgia ortopédica, entre outras.
O hospital possui 330 leitos ativos que utilizam o serviço de radiologia com
equipamento móvel, sendo 223 na enfermaria, 14 na UTQ, 6 no centro cirúrgico, 17 na UTI,
10 na UTSI e 60 no pronto socorro.
O serviço de radiodiagnóstico do hospital possui equipamentos de tomografia
computadorizada, raios X e ultra-sonografia. A demanda de exames radiológicos nessa

33
instituição é de aproximadamente 6500 exames por mês, sendo que, aproximadamente, 12,5%
deles são realizados no leito. As solicitações de exames no leito incluem os setores de UTI,
UTSI, UTQ, enfermaria (oncologia, clínica geral), pronto socorro adulto, pronto socorro
pediátrico, centro cirúrgico, entre outros. Visando avaliar as doses ocupacionais e do público
associadas à utilização de equipamento móvel de raios X, neste estudo foram avaliados 413
exames, sendo 80 na enfermaria, 13 na UTQ, 119 na UTI, 82 na UTSI, 16 no centro cirúrgico
e 103 no pronto socorro.

4.2 Procedimentos de coleta de dados

A primeira etapa da pesquisa consistiu em fazer um levantamento sobre a forma e a


frequência de utilização dos equipamentos móveis de radiação X do hospital, coletando dados
como as características dos pacientes submetidos a exames, as características dos
equipamentos radiológicos, as técnicas radiográficas mais frequentemente utilizadas durante o
exame, a utilização e o tipo de equipamento de proteção individual e o uso de monitoração
individual. As informações foram registradas conforme o formulário do ANEXO A.
A segunda parte da pesquisa consistiu na obtenção de dados sobre os diferentes grupos
profissionais atuantes nas áreas de utilização dos equipamentos de raios X móveis. Os dados
foram obtidos por meio de questionários. Foi elaborado um questionário específico para os
técnicos em radiologia (ANEXO B), porque este grupo profissional foi considerado o de
maior relevância para o estudo, e um questionário para os demais grupos profissionais
(ANEXO C). Com os questionários, foi possível levantar várias informações, como, por
exemplo, idade, sexo, carga horária, conhecimento e treinamento sobre proteção radiológica,
número de exames radiológicos acompanhados mensalmente, posição relativa ao paciente sob
raios X e uso de EPIs.
Os dados levantados na primeira etapa deste trabalho foram adquiridos por meio de
acompanhamento diário dos exames nos leitos, o que permitiu determinar quais os tipos de
exames mais frequentes, os profissionais envolvidos, a demanda do serviço com radiação X
móvel e as técnicas radiológicas mais usadas para execução dos exames. Com esses dados,
foram criados cenários simulados que permitiram a determinação das doses às quais os
indivíduos do público e os profissionais ocupacionalmente expostos estão submetidos nos
procedimentos envolvendo equipamentos de raios X móveis neste hospital. As medidas
dosimétricas realizadas nestes cenários simulados constituem a terceira e última etapa deste

34
projeto. Nesta etapa, foi realizada a medida da dose efetiva dos profissionais de cada setor e
dos técnicos em radiologia relacionados com exames radiológicos no leito. Dessa forma, foi
possível avaliar e comparar os níveis de radiação a que esses profissionais estão expostos com
a legislação vigente do país e com estudos da literatura estrangeira.
Faz-se necessário esclarecer que os parâmetros radiológicos levantados durante a
pesquisa retratam a situação em que se encontram os equipamentos móveis de radiação X.
Dessa forma, as doses encontradas durante os processos de simulação refletem a real situação
em que se encontram os equipamentos de radiação desse hospital.

4.3 Medidas da taxa de kerma no ar

As medidas foram feitas por meio de simulação das condições típicas de exames.
Portanto, foi utilizado um objeto simulador de tórax construído com material de acrílico de
dimensões 30 cm x 30 cm x 15 cm. Este material foi escolhido por ser um dos mais utilizados
para simular tecido mole em feixe de radiação ionizante. Para a obtenção das medidas de taxa
de kerma no ar, foi utilizada uma câmara de ionização da marca Radcal, modelo 10x6-180,
número de série 08-0135 calibrada em fábrica. Esta câmara de ionização foi utilizada
acoplada a um eletrômetro da marca Radcal, modelo 9096, número de série 96-00. O objeto
simulador de tórax e a câmera de ionização utilizados estão apresentados na Figura 4.1.

Figura 4.1 Câmera de ionização posicionada a 0,5 m do objeto simulador de tórax.

Os parâmetros para simulação dos exames foram determinados por meio da avaliação
de 413 exames realizados no período de maio a outubro de 2009. Durante os procedimentos,
foram coletadas várias informações como: distância do técnico de radiologia ao centro do

35
campo de radiação, distância dos profissionais do setor em relação ao paciente sob raios X,
tipo de exame, espessura da região examinada, projeção, parâmetros radiográficos e distância
foco-pele. Foram utilizados 5 equipamentos de raios X móvel: 1 Medsystems, modelo 100/90,
com tubo de raios X marca Mobilary, com 2,3 mm de filtração total de alumínio e 4
equipamentos VMI modelo Áquila Plus 300, com tubo de raios X marca VMI, modelo Rotax,
todos com 2,3 mm de filtração total de alumínio. A Figura 4.2 apresenta um dos equipamentos
móveis de radiação X utilizados neste estudo.

Figura 4.2 Foto de um dos equipamentos de radiação X móvel utilizado neste estudo.

Os parâmetros radiológicos obtidos, como valores típicos dos exames realizados com
os equipamentos de raios X móveis e que, portanto, foram utilizados nos cenários simulados
para determinação das doses efetivas estão apresentados na Tabela 4.1. Para cada distância,
foram efetuadas três medidas em condições técnicas similares, de modo a obter um valor
médio do kerma no ar para cada distância.

Tabela 4.1 Parâmetros radiológicos utilizados para determinação das doses efetivas.
SETOR TÉCNICA RADIOGRÁFICA
kVp mAs T(s) DFS (cm)
Enfermaria e UTQ 60 –70 – 80 10 - 15 0,2 80
UTSI, pronto socorro e UTI 65 – 70 03 0,01 90
Centro cirúrgico 60 – 65 04 – 05 0,13 – 0,16 70

36
A câmera de ionização foi posicionada numa altura de 1,15 m na enfermaria e na
UTQ, 1,10 m na UTI e 1,30 m na UTSI, no pronto socorro e no centro cirúrgico em relação ao
piso da sala e afastado do centro do campo de radiação, nas distâncias de 0,5, 1,0, 1,5, 2,0, 2,5
e 3,0 m como mostra a Figura 4.3.

Figura 4.3 Geometria de distribuição das medidas nas medidas de dose efetiva.

Para a medida das doses nos cenários simulados, foi necessário medir as distâncias dos
demais indivíduos presentes na sala durante o procedimento ao paciente que estava sendo
examinado. Outro parâmetro que deve ser levado em consideração é a espessura da região
examinada, pois para cada tipo de exame é empregada uma técnica radiográfica. A técnica
radiográfica empregada depende sobremaneira do tipo de exame. Para obtenção desses dois
parâmetros, distância do paciente e espessura da região examinada, foram utilizados dois
instrumentos, uma trena e um espessômetro, mostrado na Figura 4.4.

Figura 4.4 Espessômetro e trena utilizAdos durante os exames radiológicos.

37
A determinação da dose efetiva, tanto para os indivíduos ocupacionalmente expostos
como para indivíduos do público, para diferentes distâncias, foi efetuada por meio da
equação:
(4.1)

onde é a dose efetiva (mSv), é a carga de trabalho do indivíduo exposto dada em


(mA.s/mês) , é a taxa de kerma no ar média em (mGy/s) para cada distância obtida por
meio da média de três medições realizadas em condições similares, é o fator de uso que
representa a fração do tempo durante a qual o feixe de radiação está dirigido ao ponto de
interesse, é o fator ocupacional definido como a fração do tempo durante a qual o
trabalhador permanece na área em questão, representa o fator de conversão de Gy para Sv
utilizado para grandeza de monitoração de área, determinada por instrumentos calibrados em
termos de kerma no ar, é a corrente no tubo medido em (mA). Os fatores de ocupação e de
uso foram introduzidos nos cálculos com a função de ponderar a quantidade de radiação que
alcança uma determinada área pela fração média do tempo que um indivíduo possa ocupar
esta área. Neste trabalho, esses fatores foram considerados iguais a um (BRASIL, 1998;
SIMPKIN e DIXON, 1998). Para a conversão de unidades de kerma no ar para dose efetiva,
foi utilizado o fator de conversão 1,14 Sv/Gy (BRASIL, 1998).
A partir dos dados coletados, foi possível estimar as cargas de trabalho para indivíduos
ocupacionalmente expostos ( ) e indivíduos do público ( ).

4.4 Determinação da carga de trabalho para indivíduo ocupacionalmente


exposto (Técnico em radiologia)

A carga de trabalho para os técnicos em radiologia foi calculada pela seguinte


Equação:

(4.2)

onde representa o número médio de exames realizados por dia, é o número de dias em
que o técnico trabalha por semana, é o numero de semanas por mês em que o técnico
trabalha, é o produto da corrente elétrica no tubo de raios X, em mA, pelo tempo de
exposição em segundos (s) e é o número de turnos por dia.

38
4.5 Determinação da carga de trabalho para indivíduos do público

A carga de trabalho para indivíduos do público foi calculada pela seguinte


Equação:

= (4.3)

onde representa o número médio de exames acompanhados pelos indivíduos do público


durante um mês e é o produto da corrente elétrica no tubo, em miliamperagem (mA), pelo
tempo de exposição, em segundos (s).

4.6 Avaliação das incertezas

Com base nas recomendações sugeridas pela International Organization for


Standardization (ISO,1995) que trata sobre expressão de incertezas, elas podem ser
classificadas em dois tipos, A e B. A incerteza tipo A ( ) é obtida pela análise estatística de
séries de medidas, e incerteza tipo B ( ) é obtida por outros meios diferentes da análise
estatística de séries de observações. A incerteza tipo A pode ser calculada pelo desvio padrão
da média associado ao conjunto de medidas, conforme Equação 4.4.

(4.4)

em que σ representa o grau de dispersão das medidas em relação ao valor médio da grandeza
medida e representa o número de medições realizadas.
A incerteza tipo B considerada nesse trabalho refere-se apenas ao erro instrumental
especificado por fábrica, igual a 4 %, conforme apresentado na Equação 4.5.

= 4% (4.5)

A combinação dessas incertezas é denominada de incerteza combinada ( ), e é


determinada pela Equação 4.6.

39
(4.6)

Para analisar os resultados experimentais de uma grandeza física que é função de


outras grandezas medidas é preciso considerar todas as incertezas associadas a cada uma de
suas variáveis. Para tanto, é preciso fazer a propagação das incertezas para obter a incerteza
padrão. A Equação 4.7 expressa a incerteza padrão ( de uma grandeza física ( que é
função de um conjunto de várias variáveis ( . ,... ).

= (4.7)

A incerteza final apresentada é a incerteza expandida, que é dada pela multiplicação da


incerteza propagada calculada por um fator de abrangência.

(4.8)

onde k representa o fator de abrangência. Para fins da determinação das incertezas expandidas
associadas às medições utilizou-se o fator de abrangência k = 2, relativo a um intervalo de
confiança (P) de 95 % (VUOLO, 1996; ABNT/INMETRO, 2003).

40
CAPÍTULO 5

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Neste trabalho de pesquisa, os resultados encontrados das doses efetivas estimadas


foram comparados com valores típicos obtidos na literatura brasileira e estrangeira.
Entretanto, esta comparação foi feita com cautela, pois a situação analisada, mesmo sendo
extremamente real, é muito longe da maioria das situações listadas na literatura. Foi possível,
portanto, analisar se as doses típicas locais estão semelhantes ou distantes das obtidas em
outros levantamentos dosimétricos.

5.1 Distribuição da população estudada por categoria profissional

A Figura 5.1 apresenta a distribuição percentual da população estudada. Foi um total


de 137 profissionais estudados, entre enfermeiros, auxiliares e técnicos em enfermagem,
médicos e técnicos em radiologia.

Figura 5.1 Distribuição da população estudada por categoria profissional.

Entre a população estudada, os auxiliares e os técnicos em enfermagem são os


profissionais em maior número, devido à alta demanda típica dos centros hospitalares pelo
serviço desses profissionais.

41
5.2 Classificação da população estudada em indivíduos do público e em
indivíduos ocupacionalmente expostos (IOE)

Os diversos profissionais envolvidos nesse estudo foram classificados em duas


categorias: uma denominada de individuo do público e outra denominada de indivíduos
ocupacionalmente expostos (IOE). A categoria classificada como individuo do público é
composta por enfermeiros, médicos, auxiliares e técnicos em enfermagem. A outra categoria
denominada de IOE é composta pelos técnicos em radiologia. A classificação foi feita
obedecendo ao critério da monitoração, ou seja, indivíduos que não são monitorados em suas
atividades, segundo a norma CNEN 3.01 (CNEN, 2005) que recomenda que eles devam ser
tratados como indivíduos do público. Por outro lado, aqueles profissionais que possuem
atividades relacionadas com radiação ionizante, a norma determina que devam ser
monitorados e, portanto, classificados como indivíduos IOE, como por exemplo, os técnicos
em radiologia. Dentre essas categorias estudadas, o grupo profissional de maior relevância foi
dos técnicos em radiologia por serem os profissionais mais exposto devido à rotina de
trabalho.

5.3 Exames radiológicos mais solicitados no leito

A demanda de exame radiológico no leito ocorre com grande frequência para controle
de infecções pulmonares e depende de forma significativa das funções respiratórias dos
pacientes, pois eles necessitam de ventilação mecânica e consequentemente de
acompanhamento dessas funções, que ocorrem mediante aquisição de imagens radiológicas,
principalmente a radiografia de tórax. Com base nos dados levantados entre maio e outubro de
2009, constatou-se que, dos 413 exames radiológicos analisados, 75% são referentes a exames
de raios X de tórax e os 25% restantes são referentes a exames de abdômen, extremidades e
pélvis.

42
5.4 Aspectos relevantes da população estudada associados com a exposição
à radiação X

5.4.1 Faixa-etária

Em relação à idade, observou-se que a maioria dos profissionais, tanto os indivíduos


considerados do público quanto os IOE, pertence à faixa-etária entre 20 e 40 anos,
evidenciando também que grande parte dos entrevistados encontra-se em fase reprodutiva,
conforme apresentado nas Figuras 5.2 e 5.3.

Figura 5.2 Distribuição da categoria de profissionais considerada não ocupacionalmente exposta estudada por
faixa-etária.

Figura 5.3 Distribuição da categoria de IOE estudada por faixa etária.

43
5.4.2 Sexo

A distribuição por sexo das categorias de profissionais estudadas é apresentada pelas


Figuras 5.4 e 5.5, que correspondem, respectivamente, à distribuição dos individuos
considerados do público e IOE. Dentre as categorias de profissionais considerada do público,
há predominância dos profissionais do sexo feminino, devido principalmente às categorias de
profissionais de auxiliares (37%) e técnicos de enfermagem (25%), enfermeiros (10%) e
médicos (3%) . A distribuição por sexo para os IOE, entretanto, difere deste panorama geral.
Entre os técnicos de radiologia há uma maior frequência de individuos do sexo masculino,
como é mostrada pela Figura 5.5.

Figura 5.4 Distribuição percentual da categoria profissional considerada não ocupacionalmente exposta estudada
por sexo.

Figura 5.5 Distribuição percentual da categoria IOE estudada por sexo.

44
Como há cuidados de proteção radiológica adicionais para trabalhadores do sexo
feminino, o cenário encontrado é de extrema importância e reforça a necessidade de controle e
avaliação periódica associados ao uso das fontes de radiações ionizantes, inclusive os
equipamentos de raios X móveis.

5.4.3 Conhecimentos da população estudada sobre os efeitos biológicos da radiação X e


sobre proteção radiológica

Nas entrevistas, tanto para os indivíduos do público como para os IOE, foram feitas
perguntas sobre o conhecimento dos profissionais acerca de dois assuntos relacionados com o
uso de radiação X: se os profissionais tinham conhecimentos sobre os efeitos biológicos que
os raios X podem provocar no organismo e se tinham conhecimento sobre proteção
radiológica. Não foi criado nenhum mecanismo para verificação da veracidade das respostas.
A única intenção era avaliar quão confortáveis estes profissionais estavam em relação a estes
temas e se eles consideravam o seu conhecimento suficiente para execução dos
procedimentos. Os resultados para estas duas perguntas podem ser conferidos nas Figuras 5.6
e 5.7, para os profissionais considerados como indivíduos do público, e nas Figuras 5.8 e 5.9
para o IOE.

Figura 5.6 Distribuição percentual da categoria profissional considerada não ocupacionalmente exposta estudada
sobre conhecimento dos efeitos biológicos.

45
Figura 5.7 Distribuição percentual da categoria profissional considerada não ocupacionalmente exposta estudada
sobre conhecimento de proteção radiológica.

.Figura 5.8 Distribuição percentual do IOE estudada sobre conhecimento dos efeitos biológicos.

Figura 5.9 Distribuição percentual do IOE estudada sobre conhecimento de proteção radiológica.

46
Observa-se nitidamente que os profissionais consideram que possuem conhecimento
suficiente para lidar com os procedimentos que utilizam radiação X.
Vale salientar, entretanto, um ponto importante: cerca de 20 % dos profissionais
considerados como indivíduos do público, que podem estar envolvidos diretamente em
procedimentos que fazem uso de radiação ionizante, alegam não conhecer nem sobre os
efeitos nocivos das radiações e nem sobre proteção radiológica. Assumir ter conhecimento
não é garantia de tê-lo de fato, já que não foram realizados métodos confirmatórios. Assumir
não ter conhecimento, entretanto, é assumir ser incapaz de lidar com os riscos inerentes destes
procedimentos e isto é extremamente preocupante. Vale ressaltar ainda que, com exceção dos
técnicos em radiologia, nenhum profissional dos outros setores envolvidos na pesquisa
utilizou algum tipo de equipamento de proteção individual durante a realização de exame
radiológico no leito. O motivo alegado por estes profissionais é que não havia esses
equipamentos disponíveis no setor. Assim, no momento do exame de raios X, somente o
técnico em radiologia utilizava o avental plumbifero.
É necessário destacar também que, embora a grande maioria da população diz
conhecer sobre proteção radiológica, não se pode descartar a necessidade de se manter uma
educação permanente para todos os profissionais que participam de procedimentos utilizando
radiação ionizante. Nessa perspectiva, os técnicos em radiologia mostram conhecer os efeitos
biológicos da radiação, pois grande parte deles já realizou algum tipo de treinamento sobre
proteção radiológica. A Figura 5.10 mostra o percentual de técnicos em radiologia que já
fizeram curso de treinamento para entender mais sobre como se proteger da radiação X.

Figura 5.10 Distribuição percentual da categoria dos IOE que participou de treinamento sobre proteção
radiológica.

47
A Portaria 453/98 do Ministério da Saúde (BRASIL, 1998), prevê que as dependências
solicitantes de raios X em leito devem possuir equipamentos de proteção individual (EPIs)
para pacientes, equipe técnica e acompanhante. Os equipamentos de proteção individual
devem ser em quantidade suficiente para a realização de exames e devem estar em boas
condições físicas minimizando a quantidade de radiação transmitida ao usuário.

5.5 Fatores associados com a exposição dos profissionais considerados como


indivíduos do público

5.5.1 Categoria de profissionais envolvidos durante raios X no leito

Dos trabalhadores lotados nos setores que utilizam raios X no leito, os profissionais de
maior presença durante os exames são respectivamente os auxiliares de enfermagem, os
técnicos de enfermagem, os enfermeiros e os médicos, como mostra a Figura 5.11.

Figura 5.11 Percentual da categoria profissional associado o uso de raios X no leito.

5.5.2 Posicionamento dos profissionais em relação ao paciente sob raios X

Com o intuito de obter informação mais precisa sobre o posicionameto relativo ao


paciente sob raios X, foi entregue um questionário para os profissionais, durante um periodo
de um mês, para que eles pudessem estimar as distâncias mais frequentes durante o
acompanhamento dos exames no leito. Vale ressaltar que as distâncias foram estimadas tendo
como base a posição dos leitos dos pacientes examinados. Vale ressaltar ainda que nenhum
48
método foi utilizado para comprovar a confiabilidade das respostas. A Figura 5.12 mostra que
o maior percentual da população estudada estava posicionada entre 2,0 e 3,0 m do paciente
sob raios X, portanto, dentro da distância preconizada na Portaria 453/98 do Ministério da
Saúde, que é de 2,0 m do cabeçote ou do eixo central do feixe primário de raios X (BRASIL,
1998).

Figura 5.12 Distribuição percentual das distâncias dos profissionais não ocupacionalmente expostos em relação
ao paciente examinado, durante a realização de procedimentos com equipamento móvel de raios X no leito.

Devido à condição de saúde dos pacientes, muitos dos profissionais frequentemente


são impossibilitados de sair da sala, pois estão prestando assistência à saúde dos pacientes,
enquanto outros profissionais são solicitados pelo técnico em radiologia para apoio no
posicionamento do paciente para aquisição da radiografia. Por isso, deve-se considerar o
agravante da falta de uso de EPIs pelos profissionais presentes no leito, durante a execução do
procedimento radiológico.

5.5.3 Número de exames radiológicos acompanhados pelos profissionais no leito

A Tabela 5.1 mostra o número médio de exames radiológicos mensais acompanhados


pelos profissionais lotados nos seus respectivos setores, determinados por meio das respostas
obtidas nos questionários.

49
Tabela 5.1 Número médio mensal de exames radiológicos acompanhados pelos profissionais que não foram
considerados como indivíduos ocupacionalmente expostos em um hospital público do estado de Sergipe, 2009.

PROFISSÃO UTI UTSI UTQ ENF PS CC


Enfermeiro 10 02 - 01 15 -
A. Enfermagem 15 13 05 03 20 02
T. Enfermagem 18 10 07 07 12 02
Médico - 03 - - 03 -
TOTAL 43 28 12 11 50 04

Como pode-se observar pela Tabela 5.1, o setor em que mais se expõe seus
profissionais aos raios X é o do pronto socorro. Devido à condição clínica do paciente neste
setor, na maioria das vezes, é impossível a locomoção dos pacientes para a realização de raios
X em ambientes apropriados sob o aspecto da proteção radiológica.

5.5.4 Uso dos equipamentos de proteção individual (EPIs) durante a realização de


exames de raios X no leito pelos profissionais não ocupacionalmente expostos.

Durante a pesquisa foi observado que nenhum setor solicitante de exames de raios X
no leito oferece equipamento de proteção individual (EPIs) em sua totalidade aos
profissionais que auxiliam o técnico em radiologia no posicionamento do paciente. Dos
setores solicitantes de raios X no leito, apenas o centro cirúrgico possui avental plumbífero e
protetor de tireóide, porém, no momento dos exames radiológicos, não foi observado nenhum
indivíduo desse setor utilizando esses equipamentos de proteção.

5.6 Fatores associados com a exposição do indivíduo ocupacionalmente


exposto

5.6.1 Demanda de exames com equipamento móvel de radiação X nos setores do hospital

A Tabela 5.2 apresenta a média de exames de raios X realizados diária e mensalmente


no leito e mostra também os setores que mais solicitaram este tipo de exame.

50
Tabela 5.2 Número médio mensal e diário de exames radiológicos realizados nos setores que utilizam o
equipamento móvel de raios X.

SETOR NÚMERO DE EXAMES


Mensal Diário %
Unidade de terapia intensiva - (UTI) 232,8 7,76 28,8
Unidade de terapia semi – intensiva - (UTSI) 159,0 5,30 19,7
Unidade de terapia de queimados - (UTQ) 25,50 0,85 3,0
Enfermaria - (ENF) 156,6 5,22 19,4
Pronto socorro - (PS) 201,0 6,72 25,0
Centro cirúrgico - (CC) 31,20 1,04 4,1
TOTAL 806,7 26,89 100

A demanda de solicitação de exame nestes setores ocorre com grande frequência para
controle de infecções pulmonares. Por isso, a maior parte dos exames no leito é de tórax, que
é importante para acompanhamento das funções respiratórias dos pacientes, que, muitas
vezes, estão fazendo uso de ventilação mecânica. Já no setor do centro cirúrgico, a maior
causa de solicitação é para diagnosticar fraturas (período pré e pós-operatório).

5.6.2 Uso de equipamentos de proteção individual (EPIs) pelos técnicos em radiologia


durante a realização de exames de raios x no leito

Os equipamentos de proteção individual têm a função atenuar o feixe de raios X, por


isso é um dos recursos complementares para minimizar ou eliminar a exposição desnecessária
às radiações. Os diversos setores do hospital têm a sua disposição um equipamento de
radiação móvel acompanhado com o único EPI, o avental plumbífero. Observou-se,
entretanto, que nem o avental que acompanha o equipamento móvel e que, portanto, está
sempre presente no leito, era utilizado em todos os procedimentos pelos técnicos de
radiologia. A Figura 5.13 apresenta o percentual dos técnicos em radiologia que utiliza estes
equipamentos de proteção individual e revela que durante o exame de raios X no leito a
frequência de uso do avental é de 85%,

51
Figura 5.13 Percentual de técnicos em radiologia que utiliza o avental de chumbo durante o procedimento de
raios X no leito.

O serviço de radiodiagnóstico do hospital oferece ao técnico em radiologia outros


equipamentos de proteção individual, como, por exemplo, o protetor de tireóide. No entanto,
este estudo revelou que os técnicos em radiologia não utilizam esse tipo de equipamento de
proteção. Constata-se, portanto, que, na maioria dos procedimentos, esse órgão, a tireóide,
fica exposto à radiação, o que contribui para o aumento da probabilidade de ocorrência de
efeitos biológicos em função da dose absorvida. Neste contexto a portaria 453/98/MS
recomenda o uso do protetor de tireóide no momento do exame.

5.6.3 Uso de equipamentos de monitoração pessoal pelos técnicos em radiologia durante


a realização de exames de raios X no leito

A Figura 5.14 mostra que o percentual de uso do dosímetro pessoal pelos técnicos em
radiologia durante os exames de raios X no leito foi de 84% durante suas jornadas de trabalho.

52
Figura 5.14 Percentual de técnicos em radiologia que utiliza equipamento de monitoração pessoal em um
hospital público de Sergipe, 2009.

Embora o dosímetro não possibilite leituras das doses ou taxas de dose de forma
imediata no momento do exame, a informação sobre a dose adquirida durante as atividades
com equipamento de raios X fica armazenada e mantém a informação referente a um período
de uso, e conhecer essa dose é fundamental para o controle da exposição à radiação.

5.6.4 Técnicos em radiologia que exercem atividade com radiação ionizante em outra
instituição

A Figura 5.15 mostra o percentual de técnicos que trabalham com radiação ionizante
em outras instituições.

Não trabalha
Trabalha

40%

60%

Figura 5.15 Técnicos em radiologia que trabalham com radiação ionizante em outra instituição.

53
É importante destacar que os técnicos que desenvolvem atividade em outras
instituições relacionadas com radiação ionizante devem tomar certas precauções, pois, estão
ocupacionalmente expostos por um período muito maior à radiação, o que pode colocar sua
saúde em risco.

5.7 Distribuições da carga de trabalho dos indivíduos ocupacionalmente


expostos e dos trabalhadores considerados como indivíduos do público nos
setores que demandam o serviço de equipamento de radiação X móvel

Para o cálculo da carga de trabalho dos técnicos em radiologia, considerou-se uma


jornada de trabalho de 4 horas semanais, e 4 semanas por mês. Esta é a carga horária referente
apenas ao uso dos equipamentos móveis e foi determinada considerando somente o dia em
que o técnico em radiologia presta o serviço no leito. Assim, conhecendo a corrente elétrica
no tubo e o tempo de exposição, foi possível encontrar a carga de trabalho para o técnico em
radiologia por meio da Equação 4.2 e para os profissionais considerados como indivíduos do
público por meio de Equação 4.3. As cargas de trabalho para os técnicos em radiologia e para
os demais profissionais estão resumidas na Tabela 5.3.

Tabela 5.3 Distribuição da carga de trabalho dos profissionais por setor de um hospital público do estado de
Sergipe, 2009.
CARGA DE TRABALHO (mAs/mês)
PROFISSÃO SETOR
ENF UTQ PS UTSI CC UTI
Enfermeiro 15 10 - - 45 06 - - 30
A.Enfermagem 45 30 75 50 60 42 08 10 45
T.Enfermagem 105 70 105 70 36 30 08 10 54
Médico - - - - 09 09 - - -
T. Radiologia 105 70 17 11 27 21 06 07 31

Pode-se observar pela Tabela 5.3 que dentre os indivíduos considerados não
ocupacionalmente exposto, a maior carga de trabalho obtida foi para os técnicos em
enfermagem lotados na enfermaria e na UTQ. A carga de trabalho encontrada relacionada
com o uso de equipamento de raios X móvel foi próxima da carga de trabalho da categoria
considerada IOE. Observa-se também que os médicos são os profissionais que menos se
expõem à radiação durante exames radiológicos no leito. Dos setores pesquisados somente no
PS e na UTSI esta categoria de profissional fica exposta à radiação.

54
5.7.1 Parâmetros radiológicos mais utilizados entre os setores

Os parâmetros radiológicos mais utilizados por setor estão assim resumidos:

Enfermaria (ENF) e unidade de terapia de queimados (UTQ): tempo de exposição de


0,2 s; tensão nominal de 60, 70 e 80 kVp; campo colimado de 35 cm x 43 cm; produto
corrente-tempo de 10 e 15 mAs; corrente no tubo de 50 e 75 mA; e distância foco-superfície
(DFS) de 80 cm.
Pronto socorro (PS): tempo de exposição de 0,01 s; tensão nominal de 65 e 70 kVp; campo
colimado de 35 cm x 43 cm; produto corrente-tempo de 3 mAs; corrente no tubo de 300 mA;
e distância foco-superfície (DFS) de 80 cm.
Unidade de terapia semi-intensiva (UTSI) e intensiva (UTI): tempo de exposição de 0,01
s; tensão nominal de 65 e 70 kVp; campo colimado de 35 cm x 43 cm; produto corrente-
tempo de 3 mAs; corrente no tubo de 300 mA; e distância foco-superfície (DFS) de 90 cm.
Centro cirúgico (CC): tempo de exposição de 0,13 0,16 s; tensão nominal de 60 e 65 kVp;
campo colimado de 35 cm x 43 cm; produto corrente-tempo de 4 e mAs; corrente no tubo de
300 mA; e distância foco-superfície (DFS) de 70 cm.

5.8 Avaliações das doses ocupacionais e do público nos setores que utilizam
o equipamento de raios X móvel

As doses encontradas por este estudo, referente aos profissionais considerados como
indivíduos do público, são específicas para o setor em que esses são lotados. Por exemplo, as
doses encontradas nos auxiliares de enfermagem na UTI são decorrentes do número de
exames acompanhados por esses indivíduos nesse setor, e não será levada em consideração se
esses indivíduos acompanham exames radiológicos em outros setores. No entanto, para os
técnicos em radiologia a dose efetiva total é o resultado da soma de todas as parcelas de doses
encontradas em cada setor que utilizam o serviço com equipamento móvel de radiação X.
A partir dos dados coletados e das cargas de trabalho calculadas, foi possível estimar
os valores médios das doses efetivas nos indivíduos ocupacionalmente expostos e nos
indivíduos do público para diferentes distâncias e técnicas radiográficas durante raios X de
tórax.

55
5.8.1 Doses efetivas obtidas no pronto socorro – PS

O pronto socorro é o setor do hospital onde acontecem os primeiros socorros de


pacientes. As causas que estes pacientes chegam a este setor são bastante variadas desde
pequenas fraturas ou até mesmo situações mais complicadas como paradas cardíacas e
respiratórias. Nesse contexto, nem sempre é possível se afastar do paciente no momento do
exame radiológico e sair da sala. A Tabela 5.4 mostra as doses efetivas obtidas no setor do
pronto socorro para diferentes técnicas radiográficas e distâncias do objeto simulador (D.O.S),
ou seja, do paciente.

Tabela 5.4 Valores de dose efetiva obtidas no setor do pronto socorro de um hospital público do estado de
Sergipe, 2009.

Técnica Dose efetiva PS (µSv/mês)


radiográfica D.O.S
Categoria profissional
kVp mA.s T(s) (m) Enfermeiro Aux. Enf. Téc. Enf Médico Téc. Rad
65 03 0,01 0,5 37,89 ±0,45 50,52 ±0,60 30,31± 0,36 7,57 ± 0,09 22,63 ±0,27
65 03 0,01 1,0 7,46 ± 0,10 9,95 ± 0,13 5,97 ± 0,08 1,49 ± 0,02 4,46 ± 0,06
65 03 0,01 1,5 2,88 ± 0,06 3,84 ± 0,08 2,31 ± 0,05 0,57 ± 0,01 1,72 ± 0,03
65 03 0,01 2,0 1,35 ± 0,09 1,81 ± 0,12 1,08 ± 0,07 0,27 ± 0,02 0,81 ± 0,06
65 03 0,01 2,5 0,74 ± 0,05 0,98 ± 0,06 0,59 ± 0,04 0,14 ± 0,01 0,44 ± 0,03
65 03 0,01 3,0 0,63 ± 0,02 0,82 ± 0,09 0,49 ± 0,06 0,12 ± 0,01 0,36 ± 0,04
70 03 0,01 0,5 62,22 ± 0,55 66,70 ± 0,73 37,38± 0,44 9,33 ± 0,11 27,83 ±0,33
70 03 0,01 1,0 9,26 ± 0,13 11,95 ±0,18 7,41 ± 0,11 1,55 ± 0,03 5,53 ± 0,08
70 03 0,01 1,5 3,52 ± 0,09 4,69 ± 0,12 2,82 ± 0,07 0,71 ± 0,02 2,10 ± 0,05
70 03 0,01 2,0 1,66 ± 0,05 2,22 ± 0,07 1,33 ± 0,04 0,33 ± 0,01 0,99 ± 0,03
70 03 0,01 2,5 0,92 ± 0,01 1,23 ± 0,01 0,73 ± 0,01 0,18 ± 0,10 0,55 ± 0,01
70 03 0,01 3,0 0,66 ± 0,06 0,88 ± 0,08 0,52 ± 0,05 0,11 ± 0,01 0,39 ± 0,04

Com base nos valores de doses apresentados na Tabela 5.4, percebe-se que os
auxiliares em enfermagem e os enfermeiros foram os profissionais que obtiveram os maiores
valores de dose dentre todos os profissionais, mesmo considerando os técnicos em radiologia.
O motivo que leva esses profissionais à exposição se deve ao grande número de atendimentos
prestados neste setor.

56
5.8.2 Doses efetivas obtidas na enfermaria e na unidade de terapia de queimados – UTQ

As Tabelas 5.5 e 5.6 mostram que, dentre as categorias profissionais estudadas nestes
setores, os técnicos em enfermagem foram os profissionais que obtiveram os maiores valores
de doses, maiores até mesmo do que as doses dos profissionais classificados como IOE.

Tabela 5.5 Valores das doses efetivas obtidas na enfermaria de um hospital público do estado de Sergipe, 2009.

Técnica Dose efetiva enfermaria (µSv/mês)


radiográfica D.O.S
Categoria profissional
kVp mA.s T( s) (m) Enfermeiro Aux.Enf Téc. Enf T. Rad.
60 15 0,2 0,5 6,79 ± 0,09 20,1 ± 2,8 47,02 ± 6,5 46,75 ± 6,5
60 15 0,2 1,0 1,36 ± 0,03 4,10 ± 0,10 9,57 ± 0,24 9,51 ± 0,24
60 15 0,2 1,5 0,56 ± 0,02 1,70 ± 0,07 3,97 ± 0,16 3,95 ± 0,15
60 15 0,2 2,0 0,31 ± 0,02 0,91 ± 0,01 2,14 ± 0,03 2,13 ± 0,03
60 15 0,2 2,5 0,20 ± 0,02 0,60 ± 0,06 1,40 ± 0,15 1,39 ± 0,15
60 15 0,2 3,0 0,12 ± 0,01 0,37 ± 0,02 0,86 ± 0,04 0,85 ± 0,04
70 15 0,2 0,5 10,37 ± 0,39 30,9 ± 1,1 72,1 ± 2,7 71,7 ± 2,7
70 15 0,2 1,0 1,90 ± 0,05 5,72 ± 0,16 13,35 ± 0,38 13,27 ± 0,38
70 15 0,2 1,5 0,78 ± 0,03 2,34 ± 0,08 5,46 ± 0,18 5,43 ± 0,18
70 15 0,2 2,0 0,41 ± 0,01 1,25 ± 0,04 2,93 ± 0,08 2,91 ± 0,08
70 15 0,2 2,5 0,31 ± 0,01 0,92 ± 0,02 2,14 ± 0,05 2,13 ± 0,05
70 15 0,2 3,0 0,20 ± 0,01 0,62 ± 0,04 1,44 ± 0,09 1,31 ± 0, 09
80 10 0,2 0,5 11,30 ± 0,13 33,94 ± 0,40 79,19 ± 0,94 78,74 ± 0,93
80 10 0,2 1,0 2,25 ± 0,05 6,76 ± 0,14 15,77 ± 0,34 15,68 ± 0,33
80 10 0,2 1,5 0,91 ± 0,02 2,74 ± 0,05 6,41 ± 0,12 6,37 ± 0,12
80 10 0,2 2,0 0,47 ± 0,07 1,43 ± 0,03 3,34 ± 0,46 3,32 ± 0,46
80 10 0,2 2,5 0,36 ± 0,01 1,08 ± 0,03 2,53 ± 0,07 2,53 ± 0,07
80 10 0,2 3,0 0,26 ± 0,01 0,77 ± 0,03 1,80 ± 0,08 1,79 ± 0,08

57
Tabela 5.6 Valores das doses efetivas obtidas na unidade de terapia de queimados de um hospital público do
estado de Sergipe, 2009.

Técnica Dose efetiva UTQ (µSv/mês)


radiográfica D.O.S
Categoria profissional
kVp mA.s T(s) (m) Aux. Enf Téc. Enf Téc. Rad
60 15 0,2 0,5 33,59 ± 4,7 47,02 ± 6,5 7,61 ± 1,0
60 15 0,2 1,0 6,83 ± 0,17 9,57 ± 0,24 1,51 ± 0,04
60 15 0,2 1,5 2,84 ± 0,11 3,97 ± 0,16 0,64 ± 0,03
60 15 0,2 2,0 1,53 ± 0,02 2,14 ± 0,03 0,34 ± 0,01
60 15 0,2 2,5 1,00 ± 0,11 1,40 ± 0,15 0,22 ± 0,02
60 15 0,2 3,0 0,63 ± 0,06 0,86 ± 0,04 0,14 ± 0,01
70 15 0,2 0,5 51,5 ± 1,9 72,1 ± 2,7 9,74 ± 0,48
70 15 0,2 1,0 9,54 ± 0,27 13,35 ± 0,38 2,16 ± 0,06
70 15 0,2 1,5 3,90 ± 0,13 5,46 ± 0,18 0,88 ± 0,03
70 15 0,2 2,0 2,09 ± 0,06 2,93 ± 0,08 0,47 ± 0,01
70 15 0,2 2,5 1,53 ± 0,04 2,14 ± 0,05 0,34 ± 0,01
70 15 0,2 3,0 1,03 ± 0,06 1,44 ± 0,09 0,23 ± 0,01
80 10 0,2 0,5 6,67 ± 0,67 9,19 ± 0,94 2,82 ± 0,15
80 10 0,2 1,0 4,26 ± 0,24 5,77 ± 0,34 2,55 ± 0,05
80 10 0,2 1,5 3,57 ± 0,08 6,41 ± 0,12 1,03 ± 0,02
80 10 0,2 2,0 2,39 ± 0,33 3,34 ± 0,46 0,54 ± 0,07
80 10 0,2 2,5 1,81 ± 0,05 2,53 ± 0,07 0,41 ± 0,01
80 10 0,2 3,0 1,28 ± 0,05 1,80 ± 0,08 0,29 ± 0,01

5.8.3 Doses efetivas obtidas na unidade de terapia intensiva e na semi - intensiva – UTSI

As Tabelas 5.7 e 5.8 mostram, respectivamente, as doses efetivas obtidas para os


profissionais expostos à radiação X nos setores da UTSI e UTI obtidas para as mesmas
técnicas radiográficas. No entanto, fazendo uma comparação entre as categorias dos dois
setores, percebe-se uma ligeira diferença nos valores de doses efetivas, sendo os maiores
valores encontrados para os trabalhadores lotados no setor da UTI, pois, como foi
comprovado neste estudo, o setor da UTI possui uma demanda maior de exame em relação à
UTSI e, consequentemente, contribui para uma maior exposição dos profissionais lotados
neste setor. Entre os profissionais destes dois setores, o auxiliar na UTSI é o que mais se
expõe, enquanto na UTI são os técnicos em enfermagem.

58
Tabela 5.7 Valores de dose efetiva obtidas em uma unidade de terapia semi – intensiva de um hospital público
do estado de Sergipe, 2009.

Técnica Dose efetiva UTSI (µSv/mês)


radiográfica D.O.S
Categoria profissional
kVp mAs T(s) (m) Enfermeiro Aux.Enf Téc. Enf Médico Téc. Rad
65 03 0,01 0,5 2,90 ± 0,03 18,88 ± 0,22 14,52 ± 0,17 4,35 ± 0,05 10,13 ± 0,27
65 03 0,01 1,0 0,70 ± 0,01 4,56 ± 0,12 3,51 ± 0,74 1,05 ± 0,22 2,48 ± 0,52
65 03 0,01 1,5 0,31 ±0,01 2,05 ± 0,04 1,58 ± 0,04 0,47 ± 0,01 1,11 ± 0,03
65 03 0,01 2,0 0,16 ±0,02 1,03 ± 0,08 0,79 ± 0,05 0,23 ± 0,02 0,56 ± 0,04
65 03 0,01 2,5 0,08 ±0,01 0,63 ± 0,04 0,40 ± 0,03 0,12 ± 0,01 0,28 ± 0,02
65 03 0,01 3,0 0,05 ±0,01 0,37 ± 0,04 0,28 ± 0,03 0,08 ± 0,01 0,20 ± 0,02
70 03 0,01 0,5 3,59 ±0,05 23,38 ± 0,33 17,97 ± 0,25 5,39 ± 0,08 12,71 ± 0,18
70 03 0,01 1,0 1,06 ±0,15 6,88 ± 0,97 5,29 ± 0,75 1,58 ± 0,22 3,74 ± 0,53
70 03 0,01 1,5 0,81 ±0,01 2,47 ± 0,05 1,90 ± 0,04 0,57 ± 0,01 1,34 ± 0,03
70 03 0,01 2,0 0,20 ±0,01 1,34 ± 0,03 1,03 ± 0,02 0,31 ± 0,01 0,73 ± 0,01
70 03 0,01 2,5 0,11 ±0,01 0,73 ± 0,01 0,57 ± 0,01 0,17 ± 0,01 0,40 ± 0,01
70 03 0,01 3,0 0,06 ±0,01 0,43 ± 0,05 0,33 ± 0,06 0,10 ± 0,02 0,23 ± 0,04

Tabela 5.8 Valores de dose efetiva obtidas no setor da unidade de terapia intensiva de um hospital público do
estado de Sergipe, 2009.

Técnica Dose efetiva UTI (µSv/mês)


radiográfica D.O.S
Categoria profissional
kVp mA.s T( s) (m) Enfermeiro Aux.Enf Téc. Enf Téc. Rad
65 03 0,01 0,5 14,50 ± 0,15 21,79 ± 0,26 26,13 ± 0,30 14,83 ± 0,39
65 03 0,01 1,0 3,50 ± 0,05 5,27 ± 0,14 6,32 ± 1,33 3,63 ± 0,76
65 03 0,01 1,5 1,55 ± 0,05 2,37 ± 0,05 2,84 ± 0,07 1,62 ± 0,04
65 03 0,01 2,0 0,80 ± 0,10 1,19 ± 0,09 1,42 ± 0,09 0,82 ± 0,05
65 03 0,01 2,5 0,40 ± 0,05 0,78 ± 0,05 0,72 ± 0,05 0,40 ± 0,03
65 03 0,01 3,0 0,25 ± 0,05 0,43 ± 0,05 50,00 ± 0,05 0,29 ± 0,03
70 03 0,01 0,5 17,95 ± 0,25 26,98 ± 0,38 32,34 ± 0,45 18,60 ± 0,26
70 03 0,01 1,0 5,30 ± 0,75 7,94 ± 1,12 9,52 ± 0,03 5,47 ± 0,77
70 03 0,01 1,5 2,70 ± 0,05 2,86 ± 0,06 3,42 ± 0,07 1,96 ± 0,04
70 03 0,01 2,0 1,00 ± 0,05 1,55 ± 0,03 1,85 ± 0,03 1,06 ± 0,01
70 03 0,01 2,5 0,55 ± 0,05 0,85 ± 0,01 1,02 ± 0,01 0,58 ± 0,01
70 03 0,01 3,0 0,30 ± 0,05 0,50 ± 0,09 0,59 ± 0,1 0,34 ±0,05

5.8.4 Doses efetivas obtidas no centro cirúrgico – CC

A Tabela 5.9 apresenta os valores das doses efetivas obtidos no setor do centro
cirúrgico. Vale ressaltar que os médicos e enfermeiros lotados nesse setor não ficam expostos
à radiação X durante a realização de exames no leito. A solicitação de exames nesse setor, na
maioria das vezes, é para os médicos avaliarem e acompanharem os procedimentos pré e pós-
59
operatórios. Observando a Tabela 5.9 é possível verificar que os valores de dose encontrados
são os mais baixos entre os setores pesquisados, pois a demanda de exames com equipamento
móvel de radiação X para este setor é muito pequena. No entanto, há algo em comum com os
outros setores: os auxiliares e técnicos em enfermagem são os profissionais que representam a
categoria considerada não ocupacionalmente exposta com maiores valores de dose, inclusive
maior do que até mesmo da categoria considerada IOE, ou seja, do técnico em radiologia.

Tabela 5.9 Valores de dose efetiva obtidas no setor do centro cirúrgico de um hospital público do estado de
Sergipe, 2009.
Técnica Dose efetiva CC (µSv/mês)
radiográfica D.O.S
Categoria profissional
kVp mA.s T(s) (m) Aux. Enf Téc.Enf Téc. Rad
60 05 0,16 0,5 0,52 ± 0,13 0,52 ± 0,13 0,36 ± 0,13
60 05 0,16 1,0 0,20 ± 0,11 0,20 ± 0,11 0,08 ± 0,11
60 05 0,16 1,5 0,15 ± 0,07 0,15 ± 0,07 0,04 ± 0,03
60 05 0,16 2,0 0,07 ± 0,03 0,07 ± 0,03 0,03 ± 0,02
60 05 0,16 2,5 0,03 ± 0,01 0,03 ± 0,01 0,01 ± 0,02
60 05 0,16 3,0 0,02 ± 0,01 0,02 ± 0,01 0,01 ± 0,01
65 04 0,13 0,5 0,64 ± 0,15 0,64 ± 0,15 0,45 ± 0,07
65 04 0,13 1,0 0,15 ± 0,07 0,15 ± 0,07 0,09 ± 0,05
65 04 0,13 1,5 0,07 ± 0,03 0,07 ± 0,03 0,04 ± 0,03
65 04 0,13 2,0 0,04 ± 0,01 0,04 ± 0,01 0,03 ± 0,02
65 04 0,13 2,5 0,02 ± 0,01 0,02 ± 0,01 0,02 ± 0,01
65 04 0,13 3,0 0,01 ± 0,01 0,01 ± 0,01 0,01 ± 0,01

5.9 Discussões dos resultados

Neste estudo foram apresentados os valores de doses efetivas associadas com o uso de
equipamento móvel de radiação X em diferentes cenários durante a realização de exame de
tórax no leito, que é o tipo de procedimento mais solicitado (75%). Também foi feito um
levantamento de um conjunto de dados associados à exposição de dois grupos profissionais
estudados: os trabalhadores monitorados, portanto, considerados como ocupacionalmente
expostos, e os trabalhadores não monitorados, considerados, portanto, como indivíduos do
público. Com isto, é possível fazer algumas discussões que logram ser as mais importantes
para este estudo.

60
A exposição dos profissionais não ocupacionalmente expostos em sua grande maioria
é devido aos serviços de apoio ao técnico em radiologia. O técnico em radiologia, na maioria
das vezes, ao realizar os exames, solicita aos profissionais presentes ajuda no posicionamento
correto do paciente e inclusive para contenção. Outro fator que contribui ainda mais para
exposição desses profissionais e dos técnicos em radiologia é a baixa qualidade das imagens
obtidas nos exames no leito, demandando muitas vezes repetições.
Os resultados de doses mostrados pelas Tabelas 5.4 a 5.9 indicam grandes variações
das doses de um setor para outro. Isso se deve ao fato da demanda de exames ser bastante
variada entre esses setores. Outro fator que está diretamente ligado com a variação das doses é
o emprego de diferentes técnicas radiológicas entre os setores. Como se pode observar pelas
Tabelas 5.7 e 5.8, por exemplo, o emprego de uma diferença de potencial maior (kVp)
forneceu doses mais altas.
Como esperado e comprovado pelos resultados listados nas Tabelas 5.4 a 5.9, os
valores das doses efetivas caem com o aumento da distância em relação ao paciente sob raios
X. A Figura 5.16 apresenta um exemplo gráfico deste decaimento, onde é possível observar a
rápida queda de intensidade da radiação espalhada, com a distância, para diferentes
potenciais. A partir da avaliação destes padrões de decaimento, foi possível determinar as
distâncias seguras para cada caso. Nessa perspectiva, é possível afirmar que a, pelo menos,
1,0 m de distância do paciente ou do feixe primário de raios X, os enfermeiros, auxiliares e
técnicos em enfermagem que trabalham no PS estariam seguros, enquanto que para os
médicos deste setor, devido à menor carga de trabalho, poderiam ficar até mais próximos, a
0,5 m. Para o setor da enfermaria, os enfermeiros e auxiliares de enfermagem devem se
posicionar a, pelo menos, 0,5 m e os técnicos em enfermagem a 1,0 m do paciente. Na UTQ,
os auxiliares em enfermagem devem se posicionar a 1,0 m, os enfermeiros e técnicos em
enfermagem a 0,5 m do paciente. Nos setores da UTSI, UTI e CC a pelo menos 0,5 m do
paciente todos os profissionais considerados como individuo não ocupacionalmente exposto
adquirem dose que não superam os limites recomendados. Para IOE, a distância segura foi
determinada considerando a dose total obtida entre os seis setores estudados. Dessa forma é
possível afirmar que a, pelo menos, 1,0 m de distância do paciente os limites de dose desta
categoria não devem ser atingidos. Para efeito conclusivo, os valores obtidos confirmam que a
distância estabelecida em norma é segura para quaisquer dos profissionais, em qualquer setor
do hospital.

61
Figura 5.16 Valores das doses efetivas em função da distância na enfermaria, durante a realização de radiografias
de tórax.

Para a determinação da máxima dose efetiva possível, considerou-se o caso extremo


da menor distância medida, 0,5 m. A categoria profissional que obteve maior dose foi a dos
técnicos em radiologia (151,2 ± 1,9) µSv/mês seguidos dos técnicos de enfermagem com
(79,19 ± 0,94) µSv/mês; auxiliar de enfermagem com (66,70 ± 0,73) µSv/mês; enfermeiros
com (62,22 ± 0,55) µSv/mês e finalmente os médicos com (9,33 ± 0,11) µSv/mês. Dentre os
valores encontrados, há situações de destaque, que demandam maior atenção e cuidado, como
é o caso dos técnicos de enfermagem, pois, em todos os cenários estudados, estes
profissionais foram mais irradiados do que o próprio IOE. As doses efetivas só não superaram
as doses estimadas para os IOE porque a carga de trabalho dos técnicos de enfermagem
associada ao uso dos raios X móvel é bem menor do que a dos técnicos em radiologia.
Considerando os valores de dose para a distância de 0,5 m, essa categoria pode adquirir dose
que chegam bem próxima dos limites recomendados para o público. Nessa perspectiva,
medidas de proteção devem ser adotadas, sendo uma das mais simples, afastar-se sempre que
possível o máximo do paciente durante o exame radiológico.
Os valores de doses encontrados neste estudo são referentes apenas a distâncias entre
0,5 e 3,0 m do paciente examinado. Percebe-se pelos valores, que estes se comportam com a
distância e é possível inferir que para distâncias inferiores a 0,5 m podem alcançar ou até
mesmo ultrapassar os limites recomendados para a categoria de profissional considerada não
exposta, como os técnicos de enfermagem. Estabelecer uma distância limite a partir da qual
possa considerar valores de doses seguro ou perigoso é um tanto arriscado. Considerar de fato
uma distância segura é considerar realmente uma posição na qual o risco à saúde das pessoas
exposta seja reduzido ainda mais. Reduzir este risco significa abaixar ainda mais os valores de

62
dose. Nesta filosofia, que os órgãos internacionais e normas nacionais não recomendam que
as doses sejam próximas aos limites legais. Para tanto, a norma CNEN-NN-3.01, define
valores para níveis de registro e níveis de investigação. Segundo a CNEN-NN-3.01, as doses
efetivas dos indivíduos ocupacionalmente expostos devem ser registradas se o valor medido
na monitoração individual mensal for superior a 200 µSv. Entretanto, se o valor for superior a
1000 µSv em qualquer mês ou a 6000 µSv por ano, a norma determina que é preciso realizar
investigações locais para verificar o ocorrido, sendo necessária a justificativa de
procedimentos do profissional durante o mês de referência. Adotar medida que vise diminuir
os valores de dose é sempre um ganho em termos de proteção radiológica, e é pensando assim
que este estudo recomenda fortemente que as categorias de profissionais estudadas,
especialmente os técnicos em enfermagem fiquem a, pelo menos, 1,0 m de distância do
paciente sob raios X.
Um dado que foi levantado nesse estudo é que apenas 12% dos profissionais
considerados não ocupacionalmente expostos ficam entre 0,5 m e 1,0 m do paciente, enquanto
a maioria desses profissionais (34%) situa entre 2,0 m e 3,0 m. Vale frisar também que
recomendações da portaria 453/98/MS devem ser seguidas, ou seja, sempre que possível esses
profissionais devem se proteger da radiação espalhada por barreiras de corpo inteiro, como
material em equivalência em chumbo de 0,5 mm. No entanto, com exceção dos técnicos em
radiologia, os profissionais em beira de leitos que se expõem aos raios X não têm a sua
disposição aventais de chumbo para serem utilizados no momento em que o exame
radiológico é executado.
Os técnicos em radiologia, em sua grande maioria, utilizam avental plumbifero no
momento do exame e mantém uma distância relativa ao paciente de aproximadamente 3,0 m,
considerada segura por este estudo. No entanto, é importante considerar alguns aspectos:
primeiramente, a carga de trabalho do técnico de radiologia devido a exames em leitos é uma
fração da carga de trabalho mensal. O técnico de radiologia realiza em média 300 exames
radiológicos nas salas com equipamentos fixos e 36 com equipamentos móveis em um mês de
trabalho, ou seja, os exames realizados nos leitos correspondem aproximadamente 12% em
relação aos exames na sala. Portanto neste caso, por segurança, é recomendável que as doses
efetivas dos técnicos referentes aos exames no leito não excedam 12% do limite mensal de
dose da norma nacional e internacional, ou seja, é recomendável que as doses efetivas não
superem 200 µSv/mês. Mesmo com esta consideração, os valores obtidos neste estudo
atendem os limites. Outro aspecto que concorre para que os limites de doses dos IOE seja
ainda mais atendido é o uso de EPI. Este estudo mostrou que 85% dos IOE utilizam avental

63
plumbifero. Com base pesquisas realizadas (OSEI, 2001; SIMPKIN e DIXON, 1998), avental
com equivalência em chumbo de 0,25 e 0,5 mm pode atenuar um feixe de radiação secundária
na faixa de energia em radiodiagnóstico por um fator de 10 e 200 respectivamente. Desta
forma, pelos valores obtidos neste estudo, se obedecida à distância segura e o uso de avental
plumbífero, muito dificilmente os limites para IOE serão atingidos.
Este estudo também evidenciou que o número de exames radiológicos realizados nos
leitos representa uma parcela considerável (12%) da demanda total do hospital e que às áreas
onde são realizados estes exames merecem atenção especial, pois, são desprotegidas sob o
aspecto da proteção radiológica. Neste sentido, a CNEN-NE 3.01/2005 determina três tipos de
área: área livre, supervisionada e controlada. Embora os valores de doses encontrados fossem
todos atendidos para os limites recomendados, fica evidente que, diante do número de exames
realizados, é possivel afirmar que os setores devem ser supervisionados sob o aspecto da
proteção radiológica, mesmo que medidas de proteção e segurança não seja normalmente
necessárias. Dessa forma, pode-se inferir que as categorias de profissionais que atuam nesses
setores devem receber atenção especial, pois esses não são monitorados e não fazem parte de
um programa de proteção radiológica.
Como podem observar pela Tabela 5.10, os valores de doses encontradas nesse estudo
estão dentro de uma faixa encontrada na literatura nacional e internacional. A única
disparidade observada foi em relação ao estudo realizado por MEDEIROS e col.(2002), pois
nesse estudo a pesquisadora estabeleceu uma condição extrema de carga de trabalho dos
profissionais lotados em uma enfermaria, em 8400 mAs/mês, o que está muito distante da
carga de trabalho encontrada nesse estudo, que foi de, no máximo, 105 mAs/mês.

Tabela 5.10 Estudo comparativo de doses efetivas com outros pesquisadores


REFERÊNCIA SETOR DOSE EFETIVA (µSv/mês)
ENF Menor que 200
UTQ Menor que 200
UTSI Menor que 200
ESTE ESTUDO CC Menor que 200
PS Menor que 200
UTI Menor que 200
FLÔR (2005) UTI Menor que 200
MEDEIROS et al (2002) ENF 560
LARA et al (2008) UTI Menor que 200
ANDRADE et al (2005) UTI Menor que 200
DUETTING et al (1999) UTI Menor que 200
BURRAGE et al (2003) UTI Menor que 200
CARRETA et al (1998) UTI Menor que 200

64
CAPÍTULO 6

CONCLUSÃO

Com este estudo, foi possível mapear as doses efetivas dos profissionais que
trabalham em um hospital público do estado de Sergipe com relação ao uso dos
equipamentos de raios X móveis. Além disso, as características principais dos dois grupos
de trabalhadores, os ocupacionalmente expostos e os não ocupacionalmente expostos,
foram determinadas.
A categoria considerada não ocupacionalmente exposta, em sua maioria, é do sexo
feminino (75%), enquanto que a categoria ocupacionalmente exposta é majoritariamente do
masculino (73%). A maioria dos trabalhadores das duas categorias encontra-se na mesma
faixa etária, dos 20 aos 40. Como os trabalhadores possuem baixa idade média, é preciso
uma atenção especial para os efeitos estocásticos da radiação, que estão relacionados até
mesmo a valores muito baixos de dose e são mais preocupantes quanto maior for a
expectativa de vida do indivíduo.
Os resultados obtidos também permitiram avaliar a familiarização dos trabalhadores
com os temas de proteção radiológica e de os efeitos biológicos da radiação X. A grande
maioria dos trabalhadores alega conhecer os temas. Um dado que reforça isso é que a
maioria dos trabalhadores de todas as categorias de profissionais estudadas, no momento do
exame, se posiciona a pelo menos 2,5 m de distância do paciente. Esta distância é segura
pelos resultados obtidos neste estudo, e está dentro do que preconiza a portaria 453/98/MS
(no mínimo, distância de 2,0 m do feixe primário ou do paciente examinado). Entretanto,
quando isso não for possível, os profissionais devem utilizar avental como equivalência em
chumbo de no mínimo 0,25 mm. Neste estudo, o hábito de usar o avental plumbifero foi
observado apenas para os trabalhadores ocupacionalmente expostos. Outro dado levantado
neste estudo, 40% dos IOE estudados possuem atividades relacionadas com radiação
ionizante em outras instituições. Embora seja em menor percentual, esse dado também deve
ser levado em consideração, pois, se somadas às doses adquiridas por estes profissionais
dessas instituições com as encontradas neste estudo, o risco para saúde será ainda mais
aumentado, mesmo que seja para baixos valores de dose.
Portanto, no tocante ao uso de EPI, este estudo identificou que o serviço de
radiodiagnóstico do hospital está em desacordo com a portaria 453/98/MS, pois, segundo essa

65
mesma portaria, o serviço de radiodiagnóstico deve oferecer EPI em quantidade e qualidade
aos profissionais que transitam ou auxiliam o técnico em radiologia no posicionamento
correto do paciente irradiado. Dentre esses profissionais que auxiliam os técnicos em
radiologia, este estudo constatou que os auxiliares (47%) e técnicos de enfermagem (36%) são
a grande maioria.
Com os resultados obtidos permitem verificar que a distância segura para a categoria
de profissionais considerada não ocupacionalmente exposta que trabalha em beira de leito é a,
pelo menos, 1,0 m do objeto espalhador, ou seja, o paciente, durante a realização da
radiografia de tórax. Para os indivíduos ocupacionalmente expostos, é recomendável manter-
se nas mesmas distâncias adotadas em sua rotina, ou seja, a 3,0 m de distância do paciente.
Quanto às doses determinadas, é possível afirmar que foram todas inferiores aos
limites recomendados e que as atividades relacionadas com equipamento móvel de radiação X
para as duas categorias de profissionais estudadas são seguras sob os aspectos da proteção
radiológica.
Com este trabalho, foi possível traçar um mapa das doses em todos os setores que
solicitam exames radiológicos no leito em um hospital público do estado de Sergipe. Por meio
dos valores obtidos, o corpo técnico poderá executar os procedimentos médicos de forma
ainda mais segura e responsável, minimizando os riscos para eles e para indivíduos do
público. É importante ressaltar ainda que buscar a otimização do serviço de radiodiagnóstico,
ou seja, oferecer o serviço de qualidade com minimização da exposição da população, é uma
tarefa que cabe a todos os profissionais envolvidos no procedimento e que todos eles devem
ter consciência e responsabilidade sobre o correto uso da radiação ionizante.

66
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALPEN, E.L. Radiation Biophysics. 2ª Ed. Academic Press, California, US, 1990.

ANDRADE, J.R.M., FERNANSES, J.A.M e col. Medida da dose efetiva de trabalhadores de


UTI devido a utilização de equipamentos de raios X móveis. Encontro Baiano de Física
Médica, Bahia, 2005.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS/INSTITUTO NACIONAL DE


METROLOGIA E QUALIDADE. Guia para a expressão da incerteza de medição. 3ª Edição
brasileira. Rio de Janeiro, ABNT/INMETRO, 2003.

ATTIX, F.H. Introduction to Radiological Physics and Radiation Dosimetry. 2. ed. New
York, NY: Wiley, 1986.

BIRAL, A.R. Radiações Ionizantes para Médicos, Físicos e Leigos. Florianópolis; Insular,
2002. Blucher, 1996.

BRASIL, PORTARIA Nº. 453, DO MINISTÉRIO DA SAÚDE (MS) E SECRETARIA DE


VIGILÂNCIA SANITÁRIA (SVS). Diretrizes de proteção em radiodiagnóstico médico e
odontológico. Diário Oficial da União, Brasília, 1998.

BRENNER, D. J e col. Cancer risks attributable to low doses of ionizing radiation: assessing
what we really know. Proc. Natl. Acad. Sci. U S A, 2003.

BURRAGE, J.W e col. Scatter and transmission doses from several pediatric X-ray
examinations in a nursery. Pediatr. Radiol. 2003; 33(15), p. 704-708.

CARRETA, R e col. Conhecimento da equipe de saúde sobre os efeitos e os meios de


proteção do RX. Rev. Paul. de Enf. 1998; 11(2), p.43-54.

CASTRO, A.J. Introdução á Radiologia. 1ª.Ed. São Paulo: Rideel, 2008; p. 5- 27.

67
DIMENSTEIN, R e NETTO, T.G. Bases Físicas e Tecnológicas Aplicadas aos Raios X. 2ª
Ed. São Paulo, SENAC, 2005.

COMISSÃO NACIONAL DE ENERGIA NUCLEAR.- CNEN NE 3.01. Diretrizes Básicas


de Radioproteção, Diário Oficial da União, Brasília, 2005.

DUETTING, T., FOERSTE, B., KNOCH, T., DARGE, K. Radiation exposure during chest
X-ray in premature intensive care unit: phantom studies. Radiol. 1999; 29(7), p.158-162.

FLÔR, R. C. Exposição ocupacional à radiação ionizante em ambiente hospitalar. 2005.


Dissertação (Mestrado) - Departamento de Programa de Pós Graduação em Enfermagem,
Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, SC, 2005. Disponível em:
<http://www.bu.ufsc.br/>. Acessado em: 5 de outubro de. 2009.

GARCIA, E. A.C. Biofísica das Radiações Ionizantes. São Paulo, Sarvier, 2006; 18. p. 323-
324.

GOMES, R. S. Condições do Meio Ambiente de Trabalho e Riscos da Exposição aos Raios X


na Unidade de Radiodiagnóstico de um Hospital Público. São Paulo: Fundacentro, 2002.

INTERNATIONAL ORGANIZATION FOR STANDARIZATION. Guide to the Expression


of Uncertainty in Measurement. ISO, Geneva, 1995.

INTERNATIONAL COMISSION ON RADIOLOGICAL PROTECTION. Recommendations


of The International Commission on Radiological Protection. Annals of ICRP, UK: Elsevier;
2007; 37 (4), p. 2-4.

INTERNATIONAL COMISSION ON RADIOLOGICAL PROTECTION. Recommendations


of The International Commission on Radiological Protection. Annals of ICRP, Oxford:
Pergamon Press; 1991; 21(3), p.1-3.

KICKEN, P., BOS, A.J.J. Effectiveness of lead aprons in vascular radiology: results of
clinical measurements. Radiology, 1995; 19(6), p. 473-478.

68
LACERDA, M.A.S., SILVA, T.A., KHOURY, H.J e col. Riscos dos exames Radiográficos
em recém nascidos internados em um hospital público de Belo Horizonte, MG. Radiol. Bras,
2008; 41 (5), p. 12.

LARA, I.V., LEVENHAGEN, R.S e col. Níveis de radiação ambiental em unidade de raios X
móveis. Disponível em:< http://sbf1.sbfisica.org.br/>,acessado em 17/04/2009.

LIMACHER, M.C e col. Radiation Safety in Practice of Cardiology. J. Am. Coll. Cardiol,
1998; 31(4), p. 892-913.

MAMEDE, M.V. Assistência de enfermagem em radioterapia. Rev. Paul. de Enf. 1983; 3(2),
p.54-57.

MARTIN, A e HARBISON, S.A. An Introduction to Radiation Protection. Ed. British


Library. 2ª Ed. United States,1996; p.151-159.

MCKETTY, M.H. X-ray Attenuation: Physic Tutorial for Residents, AAPM/RSNA, 1998;
1(18), p. 151-163.

MEDEIROS, R.B., ALVES, F.F.R., RUBERTI, E.M. Proteção à radiação nos exames
radiológicos efetuados no leito. Disponível em :< http://cfhr@epm.br>. Acessado em
10/08/2009.

NATIONAL COUNCIL ON RADIATION PROTECTION AND MEASURMENTS.


Structural Shielding Design and Evaluation for Medical Use of X rays and Gamma Rays of
Energies up to 10MeV. NCRP Pub. Bet. MD, 1976. (NCRP Report 49).

OKUNO, E. Epidemiologia do cancer devido a radiações e a elaboração de recomendações.


Rev. Bras. de Fís. Méd..2009; 3(1), p.43-55.

OKUNO, E. Radiação: Efeitos, Riscos e Beneficios. Ed. Harba. São Paulo, 1988.

OLIVEIRA, L.S.R. Física dos raios X. Disponível em:<


http://tecnologo@lucianosantarita.pro.br/>. Acessado em 22/01/2010.

69
OSEI, E.K e KOTRE C.J. Equivalent dose to the fetus from occupational exposure of
pregnant staff in diagnostic radiology. Brit.J.Radiol, 2001; 74(4), p. 629-637.

PETOOUSSI, N.E., DREXLER, G e col. Calculation of backscatter factors for diagnostic


radiology using Monte Carlo methods. Phys .Med. Biol. 1998; 43(2), p. 237-250.

POZNANSKI,A.K e col. Radiation exposure to personnel in a neonatal nursery. Pediatrics,


1974; 54(2): p. 139 -141.

SIMPKIN, D.J e DIXON, R.L.Secondary shielding barriers for diagnostic X- ray facilities:
scatter and leakage revisited. Heal. Phys. 1998; 74(3), p. 350-365.

SOARES, F. P. Produção de raios X em ampolas radiográficas: Estudo do tomógrafo


computadorizado do hospital regional de São José/ SC. Florianópolis – SC: 2006. Tese
(Doutorado) – Centro de Ciências Físicas e Matemática, Universidade Federal de Santa
Catarina.

SORDI, G.M.A. Evolução dos paradigmas de proteção radiológica. Rev. Bras. de Física
Médica. 2009; 3(1), p.35-41.

TAUHATA, L. e col. Radioproteção e Dosimetria: Fundamentos. Botafogo, RJ: CNEN/IRD,


2003; p.44.

TURNER, J.E. Atoms, Radiation and Radiation Protection. 2ª Ed.Wiley. USA. 2007, p.42-44.

VALUCKAS, K.P., ATKOCIUS,V e col. Occupational exposure of medical radiation


workeres in Lithuania, 1991-2003. Acta Medica Lituanica, 2007; 130(2), p. 239-243.

VUOLO, JH. Fundamentos da Teoria de Erros. 2a Ed. Sao Paulo: Edgard, 1996; p. 40-45.

70
ANEXO A

COLETA DE DADOS DOS EXAMES REALIZADOS COM EQUIPAMENTO DE


RAIOS X MÓVEL

1- Equipamento de raios X móvel: ( )

2-Setor: 3- Data: 4- Turno: M( ) V( ) N( )

5- Tipo de exame: 6- Projeções:

7- Dados do paciente sob raios X

Sexo: M ( ) F( ) Idade: ( ) anos Peso: ( ) kg. Altura: ( ) m.

Espessura na região examinada: ( ) cm.

8- Técnica radiográfica:

Tensão máxima: ( ) kV Corrente máxima: mA ( ) / mAs ( ).

Campo de radiação: ( ) cm X ( ) cm Tempo de exposição: ( ) s.

Distância foco-pele: ( ) cm. Distância foco-filme: ( ) cm.

9- Número de ocupantes da sala durante a execução do exame: ( ) pessoas.

Distância destes ocupantes ao centro do campo de radiação

a) P1 ( )m b) P2 ( )m c) P3 ( )m d) P4 ( )m e) P5 ( )m

10-Tipo de equipamento de proteção individual ou coletiva de chumbo existente no


setor:

Avental ( ) Prot. de tireóide ( ) Luvas ( ) Saiote ( ) Biombo ( ) Nenhum ( )

11- Uso de monitoração individual por parte dos profissionais:

Dosímetro de tórax: ( ) sim ( ) não

71
ANEXO B

ENTREVISTA COM OS TÉCNICOS EM RADIOLOGIA

1. Idade: _____ 2. Sexo: ( ) M ( )F

3. Qual é sua carga horária no setor de Radiologia?

______________________________________________________________________

4. Tem atividades em outros hospitais com raios X?

( ) Sim ( ) Não

5. Você tem conhecimento sobre proteção radiológica?

( ) Sim ( ) Não

6. Já participou de treinamento sobre proteção radiológica?

( ) Sim ( ) Não

7. Dos equipamentos de proteção individual listados abaixo, qual ou quais deles você
conhece?

( ) Avental plumbífero ( ) Protetor de tireóide ( ) Óculos com lentes plumbíferas

( ) Luva plumbífera ( ) Protetor de gônadas

8. Você tem conhecimento dos efeitos biológicos da radiação X?

( ) Sim ( )Não

72
ANEXO C

ENTREVISTA COM OS PROFISSIONAIS DOS SETORES DO HOSPITAL QUE


UTILIZAM EQUIPAMENTO MÓVEL DE RADIAÇÃO X

1. Setor: ________________ 2. Função: ________________

3. Idade: _______________ 4. Sexo: ( ) M ( )F

5. Durante a realização da radiografia, você fica dentro da sala?

( ) Sim ( ) Não ( ) Às vezes

Caso seja afirmativo ou às vezes, a que distância do paciente sob raios X você fica?

a) ( ) de 0,5 a 1 m b) ( ) de 1 a 2,0 m c) ( ) de 2 a 3,0 m d) ( ) Superior a 3,0m

6. Quantos exames radiológicos você acompanha em média durante um mês?


______________________________________________________________________

7. Você tem conhecimento sobre os efeitos biológicos da radiação X?

( ) Sim ( ) Não

8. Você tem conhecimento sobre proteção radiológica?

( ) Sim ( ) Não

9. Durante a realização do exame radiológico você utiliza algum dos equipamentos de


proteção individual listados abaixo?

( ) Avental plumbífero ( ) Protetor de tireóide ( ) Óculos com lentes


plumbíferas

( ) Luva plumbífera ( ) Protetor de gônadas ( ) Nenhum

73

Potrebbero piacerti anche