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A EFICÁCIA DA LEI 8069/90.

SUA EFETIVAÇÃO NO ÂMBITO DA CONVIVÊNCIA FAMILIAR.

Artigo do Trabalho de Conclusão de Curso para obtenção


do grau de Bacharel em Ciências Jurídicas e Sociais da
Rede Metodista de educação do Sul.
Acadêmico: Taiso Cunha de Quadros – Aluno do 10º
sementre da Faculdade de Direito do IPA
Orientadora: Profª. Ms. Gracy Keim

PORTO ALEGRE, JUNHO 2009


INTRODUÇÃO

O presente trabalho pretende abordar questões pertinentes à eficácia dos direitos da criança e do
adolescente que encontram-se listados a partir do Capitulo III, sumariamente, contantes dos artigos 19º ao
24º, com fidelidade prática, contrapondo os resultados obtidos do Estatuto da Criança e do Adolescente,
após 19 (dezenove) anos de sua existência.

No entanto, a proposta inicial é de uma leitura investigativa da eficácia dos deveres da Lei 8.069/90,
no âmbito da convivência familiar, que dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente, a qual revogou
a Lei Nº 6.697/79 antigo Código de Menores, com base na visão dos meios disponíveis à família, à
sociedade civil e ao Estado para que possibilitem o pleno desenvolvimento de crianças e adolescentes, em
face da primordialidade exposta no Art. 227, caput, da Constituição Federal.

O objetivo foi identificar se os direitos previstos nos artigos 19º ao 24º do ECA, correspondentes às
disposições gerais do direito à convivência familiar e comunitária, eram efetivados e se a doutrina
apresentava possíveis lacunas desta efetivação. Desta maneira, percebeu-se que o trabalho apontava para
o cerne de uma questão institucional.

Contudo, este capítulo apresenta comentários diretos sobre a efetividade do texto da lei, a partir do
enfrentamento à doutrina executado por renomados doutrinadores, apresentando uma breve crítica do
acadêmico.

Destarte, as considerações finais direcionam-se para uma reflexão da necessidade de buscar meios
que instrumentalizem as normas previstas na seção I, do Capítulo III, do ECA, para tornar prático o
conteúdo proposto pelo legislador; fomentar ações que possibilitem à família, à sociedade civil e ao Estado
cumprir seus deveres no tocante às suas responsabilidades; e, promover o envolvimento da criança e do
adolescente, de forma interdisciplinar, para que a matéria possa ser envolvida desde a tenra idade do
mesmo em seu processo de desenvolvimento socioeducativo para que este tenha plenas condições de,
singularmente, manifestar suas potencialidades, envolvendo diferentes segmentos da sociedade, na
perspectiva de alcançar a efetivação dos direitos da criança e do adolescente de forma natural, visando
ampliar as conquistas alcançadas em um ambiente agradável e possível de relacionamento mútuo.
DO DIREITO À CONVIVÊNCIA FAMILIAR E COMUNITÁRIA: MANUTENÇÃO DO DIREITO AO ACESSO
ÀS GARANTIAS DO ECA (SEÇÃO I)

3.1. Abordagem preliminar: Declaração taxativa, efetividade limitada.

3.1.1 Manutenção do ambiente familiar

O núcleo familiar é o local necessário para o desenvolvimento adequado das potencialidades da


criança e do adolescente, projetado para sustentar a formação individual de um cidadão.
Em termos de conceituação, no tocante à prioridade da criança e do adolescente, segundo a norma
do Estado, Breno Beutler Júnior1 aduz que:

...a valer-se do respeitado Dicionário Aurélio para firmar a idéia de que “prioridade”
é aquilo que está em primeiro lugar; “preferência dada a alguém relativamente ao
tempo de realização de seu direito, com preterição de outro; primazia” ou, ainda,
“qualidade duma coisa que é posta em primeiro lugar, numa série ou ordem”,
enquanto para “absoluta” traz, da mesma fonte, o significado de “ilimitada,
irrestrita, plena, incondicional”. Por certo, se o princípio submete o arbítrio do
administrador é possível sustentar que vincula, igualmente, além dos “poderes
públicos”, todos os demais envolvidos em seu funcionamento. Quanto a juizes e
promotores, quando no exercício de seu mister na área da infância, portanto, não
há quaisquer dúvidas, enquanto representantes e membros de “poderes públicos”.
Indispensáveis para a administração da justiça, os advogados, consoante dispõe
seu estatuto – lei federal – lícito vem a ser incluí-los como também sujeitos a esta
regra2.

Pretende-se, a partir de comentários ao ECA, abordar artigo por artigo da seção I, do capítulo III, do
Estatuto da criança e do adolescente com vistas a confrontar, na prática, a eficácia deste instituto jurídico
que provocou relevante transformação no ordenamento jurídico brasileiro, porém questiona-se, neste
trabalho, o seu alcance e efetividade.

Conforme o art. 19, do ECA:

Toda criança ou adolescente tem direito a ser criado e educado no seio da sua
família e, excepcionalmente, em família substituta, assegurada a convivência
familiar e comunitária, em ambiente livre da presença de pessoas dependentes de
substâncias entorpecentes3.

O enfrentamento do artigo 19º, preponderantemente, se mostra mais capcioso no cerne do último


trecho quando o mesmo menciona que a criança e o adolescente deverá ser assegurada a convivência “[...]
em ambiente livre da presença de pessoas dependentes de substâncias entorpecentes”4. De acordo com o
comentário do Profº Silvio Rodrigues, da Universidade de São Paulo:

A locução "em ambiente livre da presença de pessoas dependentes de


substâncias entorpecentes", que não constava do projeto original, havendo
resultado de emenda da Câmara dos Deputados, é supérflua. Na exegese do
Estatuto da Criança e do Adolescente é necessário ter sempre em vista uma
constante. O intuito do legislador é o bem do menor, que deve ser, sempre, a
inspiração do intérprete. Assim, é óbvio que confiar o menor à guarda, pô-lo sob a

1 Juiz de direito titular do 1º Juizado Regional da Infância e Juventude de Porto Alegre.


2 http://www.al.rs.gov.br/Download/CCDH/RelAzul/relatorioazul_2007.pdf.
3 Brasil. Estatuto da criança e do adolescente. 3. ed. Brasília (DF) : Ministério da Saúde, 2006.
4 Brasil. Estatuto da criança e do adolescente. 3. ed. Brasília (DF) : Ministério da Saúde, 2006.
tutela, ou permitir que ele seja adotado por um viciado se apresenta como
inadmissível5.

Denota-se, que o legislador trouxe uma tanto quanto lógica, conforme a expressão do comentarista,
mas que, porém, na prática, pode ser compreendida a necessidade da inserção deste trecho se for
analisada a situação da criança e do adolescente que possui pais e/ou parentes próximos usuários,
dependentes ou portadores de substâncias entorpecentes.

Contudo o comentário de Maria do Rosário Leite Cintra, da Pastoral do Menor/São Paulo, apresenta
uma visão menos incisiva ou, particularmente, mais ostensiva deste trecho, pois aborda a questão como
comum e possível uma vez que a criança e o adolescente poderão estar inseridos em uma família onde um
dos elementos desta necessite de tratamento psicológico ou psiquiátrico, encaminhamento e inclusão em
programas oficiais de proteção a família, inclusive ressaltando as atribuições de cada instituição quando da
utilização de meios necessário para assegurar a efetividade deste dispositivo:

O art. 19 prevê, no entanto, que o direito da criança e do adolescente a uma vida


familiar e comunitária requer "um ambiente livre de pessoas dependentes de
entorpecentes". Supõe-se, em outras palavras, um ambiente sadio. Para isto,
prevê-se, igualmente, o dever do Estado e da sociedade de garantir também aos
pais e responsáveis condições de reeducação e apoio para superação de
eventuais desvios, como falam os arts. 129, I a VII, e 136, XI, ECA. Acima de tudo,
porém, deve estar uma sociedade que, através de uma política de distribuição da
renda e da administração pública, dê prioridade às políticas sociais básicas que
garantam a vida e sobrevivência digna do ser humano, em função do qual tudo
deve ser planejado6.

5 http://www.promenino.org.br/Ferramentas/DireitosdasCriancaseAdolescentes/tabid/77/ConteudoId/f7edf5de-
4486-4f3a-a14c-161718f87992/Default.aspx
6 http://www.promenino.org.br/Ferramentas/DireitosdasCriancaseAdolescentes/tabid/77/ConteudoId/f7edf5de-4486-
4f3a-a14c-161718f87992/Default.aspx
3.1.2 Da ilegalidade moral à filiação formal

Consta do artigo 20º a pertinente necessidade de restringir qualquer designação discriminatória


relativa à filiação em face do histórico do instituto da filiação, em nota do ilustre professor Silvio Rodrigues7.

Destarte, afigura-se de tal relevância este artigo, oriundo literalmente do art. 227º, § 6º, da
Constituição Federal de 1988, que é notável o reflexo da eficácia deste dispositivo quando se trata dos
direitos e obrigações decorrentes desta norma:

HABEAS CORPUS. EXECUÇÃO DE ALIMENTOS. ALEGAÇÃO DE


PRECARIEDADE FINANCEIRA. PAGAMENTOS PARCIAIS.
Pagamentos parciais da dívida não respaldam a concessão da ordem, e tampouco
elidem o decreto prisional. Não comporta o habeas corpus discussão relativa ao
binômio alimentar, que há de ser perquirido em sede própria.

7
[…] constitui o ponto final de uma evolução do Direito Privado brasileiro em matéria de filiação. Embora
me preocupe a questão de brevidade, não posso furtar-me da oportunidade de analisar, sucintamente, o
histórico dessa evolução, a partir da entrada em vigor do Código Civil (1.1.1917) até o desenlace final em
nossos dias.
Ao ser promulgado o Código Civil, distinguiam-se os filhos legítimos e ilegítimos, sendo os primeiros
nascidos de justas núpcias; os demais, fora do casamento. Dentre os ilegítimos havia os naturais e os
espúrios. Aqueles eram os filhos de pessoas não casadas entre si, mas que não estavam impedidos de
fazê-lo, por inexistir entre elas qualquer impedimento absolutamente dirimente.
Espúrios eram os concebidos no adultério, ou entre parentes em grau que os proibia de se casarem. Os
primeiros eram chamados adulterinos, e incestuosos os segundos.
O art.358 do CC de 1916 declarava que eles não podiam ser reconhecidos. O legislador tratava com
certa complacência o filho natural, permitindo-lhe o reconhecimento espontâneo e o forçado (CC de
1916, art. 363). Aliás, no mais das vezes, herdava ele tudo que seu irmão legítimo herdasse (CC de
1916, art. 1.605).
Entretanto, como vimos, o legislador discriminava impiedosamente contra o espúrio.
O reconhecimento, espontâneo ou forçado, do filho ilegítimo é a circunstância que estabelece, no campo
do Direito, o parentesco entre o pai e sua prole. Sem o reconhecimento o filho não é considerado parente
do pai, não está sujeito a pátrio poder, não tem direitos sucessórios, nem alimentícios etc. São, em face
da lei, dois estranhos.
A primeira tentativa de minorar a condição dos espúrios (provocada, inclusive, pela pressão da enorme
quantidade de filhos de desquitados, por muitos considerados adulterinos) ocorreu com a Lei 4.732/42,
ao depois substituída pela Lei 883/49.
A Lei 883/49 trouxe várias inovações, entre as quais: a) permitiu o reconhecimento do adulterino, ou
conferiu-lhe ação de investigação de paternidade após a dissolução do casamento de seu progenitor
adúltero; b) concedeu-lhe metade da herança do que coubesse a seus irmãos não espúrios; c) facultou-
lhe, desde logo, a propositura de ação de investigação de sua paternidade contra o progenitor adúltero
apenas para o fim de obter alimentos. Neste caso, o processo correria em segredo de justiça e alimentos
provisórios só seriam concedidos após sentença favorável ao adulterino na instância inicial.
A Lei do Divórcio (Lei 6.515/77) abriu enormemente as portas da igualdade, ao proclamar a igualdade de
filiação para efeito sucessório. Dizia o texto: "Qualquer que seja a natureza da filiação, o direito à
sucessão será reconhecido em igualdade de condições".
Note-se que a igualdade, abrangendo todos os espúrios, inclusive os incestuosos, se restringia ao
campo sucessório. E mais. Dúvida importante remanesceu a respeito de haver ou não a Lei do Divórcio
abrangido os filhos adotivos. A tese negativa sempre me pareceu a preferível, porque a Lei 6.515/77,
que, em seu derradeiro dispositivo, revogou (mencionando-os) cerca de 15 artigos do Código Civil de
1916, silenciou a respeito do art. 377 desse diploma. Ora, tal art. 377 justamente proclamava o não
envolvimento de sucessão hereditária quando o adotante, no momento da adoção, já tivesse filhos
legítimos.
O passo final na longa caminhada para a igualdade dos filhos de qualquer natureza ocorreu com o
advento da CF de 1988, art. 227, § 6°. O texto em comentário é repetição literal desse dispositivo
constitucional. Disponível em:
http://www.promenino.org.br/Ferramentas/DireitosdasCriancaseAdolescentes/tabid/77/ConteudoId/ada98
49f-ae94-46db-8d01-3aefd23a9dfe/Default.aspx. Acessado em 22/05/2009.
Ordem denegada8.
APELAÇÃO. INVESTIGAÇÃO DE PATERNIDADE AJUIZADA PELOS FILHOS DO
INVESTIGANTE. CONDIÇÕES DA AÇÃO. PRESENÇA.
É juridicamente possível aos filhos de pessoa falecida ajuizarem ação de
investigação de paternidade, visando o reconhecimento judicial da relação
avoenga.a restrição legal, prevista no art. 1.606 do cc, que prevê que a ação para
reconhecimento de filiação é direito personalíssimo dos filhos, restringe os direitos
da personalidade dos netos.hipótese que contraria a atual hermenêutica
constitucional e o princípio basilar da dignidade da pessoa humana, pois, assim
como os filhos têm direito ao reconhecimento da sua paternidade, também os
netos, possuem direito personalíssimo ao reconhecimento de sua ancestralidade e
os reflexos patrimoniais dos vínculos de parentesco.
Deram provimento. Por maioria9.

3.1.3 Relações de Poder

O conceito de pátrio poder perpassa pelo “conjunto de direitos e deveres atribuídos aos pais, em
relação à pessoa e aos bens dos filhos não emancipados, tendo em vista a proteção destes” conforme Silvio
Rodrigues10. Cabendo, primordialmente, aos pais “dirigir a educação dos filhos, tendo-os sob sua guarda e
companhia, sustentando-os e criando-os” 11.

Este poder, outrora, fora exercido exclusivamente pelo pai, competindo à mãe somente os direitos
relativos à obediência filial12, dizendo respeito apenas aos filhos legítimos, não alcançando os filhos naturais
e espúrios13.

O Art 380º do Código Civil de 1916 preceituava:

Durante o casamento compete o pátrio poder aos pais, exercendo-o o marido com
a colaboração da mulher. Na falta ou impedimento de um dos progenitores
passará o outro a exercê-lo com exclusividade.
Parágrafo único. Divergindo os progenitores, quanto ao exercício do pátrio poder,
prevalecerá à decisão do pai, ressalvado à mãe o direito a recorrer ao juiz para
solução da divergência.14

Todavia, atualmente, conforme o Art. 21º do ECA, o pátrio poder, é exercido tanto pelo pai quanto
pela mãe:

Art. 21. O pátrio poder será exercido, em igualdade de condições, pelo pai e pela
mãe, na forma do que dispuser a legislação civil, assegurado a qualquer deles o
direito de, em caso de discordância, recorrer à autoridade judiciária competente
para a solução da divergência.

8 RIO GRANDE DO SUL. Tribunal de Justiça. Apelação Cível número 70029853371, RELATOR: Des. Jose S.
Trindade, julgado em 14.05.2009
9 RIO GRANDE DO SUL. Tribunal de Justiça. Apelação Cível número 70029407467, RELATOR: Des. Alzir
Felippe Schmitz, julgado em 14.05.2009
10 http://www.promenino.org.br/Ferramentas/DireitosdasCriancaseAdolescentes/tabid/77/ConteudoId/21dd79c7-b60e-
4a78-9f26-791add5b8103/Default.aspx
11 VENOSA, Sílvio de Salvo. Direito civil : direito de família. 3. ed. São Paulo : Atlas, 2003. p. 359
12
13 COMEL, Denise Damo. Do poder familiar. São Paulo : Rev. dos Tribunais, c2003. p. 24
14 VENOSA, Sílvio de Salvo. Direito civil : direito de família. 3. ed. São Paulo : Atlas, 2003. p. 356
De pronto, este instituto visa garantir o bem estar da criança e do adolescente, coibindo possíveis
faltas que os pais possam apresentar no tocante ao cumprimento de suas responsabilidades. Sob esse
título, o Novo Código Civil, disciplina a matéria através do art. 1.634:

Compete aos pais, quanto à pessoa dos filhos menores:


I - dirigir-lhes a criação e educação;
II - tê-los em sua companhia e guarda;
III - conceder-lhes ou negar-lhes consentimento para casarem;
IV - nomear-lhes tutor por testamento ou documento autêntico, se o outro dos pais
não lhe sobreviver, ou o sobrevivo não puder exercer o poder familiar;
V - representá-los, até aos dezesseis anos, nos atos da vida civil, e assisti-los,
após essa idade, nos atos em que forem partes, suprindo-lhes o consentimento;
VI - reclamá-los de quem ilegalmente os detenha;
VII - exigir que lhes prestem obediência, respeito e os serviços próprios de sua
idade e condição.15
A lei disciplina os casos em que poderá ser suscitada a suspensão, perda ou extinção do pátrio
poder. Conforme Venosa “o poder familiar é um múnus que deve ser exercido fundamentalmente no
interesse do filho menor, o Estado pode interferir nessa relação, que em síntese afeta a célula familiar” 16.

Observa-se a efetividade deste dispositivo a partir da possibilidade concreta da perda do pátrio


poder, sanção imposta aos pais que faltaram com os deveres em relação aos seus filhos sob forma de lei:

Art. 1.638. Perderá por ato judicial o poder familiar o pai ou a mãe que:
I - castigar imoderadamente o filho;
II - deixar o filho em abandono;
III - praticar atos contrários à moral e aos bons costumes;
IV - incidir, reiteradamente, nas faltas previstas no artigo antecedente.17

Contudo, o Art. 24 aduz que “a perda e a suspensão do pátrio poder serão decretadas judicialmente,
em procedimento contraditório, nos casos previstos na legislação civil, bem como na hipótese de
descumprimento injustificado dos deveres e obrigações a que alude o art. 22.

Desta forma, cumpri expor jurisprudências que ratificam a efetivação deste artigo a partir da do
relatório que acolheu ação iniciada pelo Ministério Público, destituindo o pátrio, tendo-se provado que o
requerido mantinha relacionamento íntimo com ela, inicialmente atos libidinosos e posteriormente relações
sexuais completas:

O apelante pede, em preliminar, provimento de agravo retido interposto


contra decisão que denegou a renovação de oitiva de testemunha por precatória,
argumentando o Juízo que fora suficiente a intimação da expedição da carta. O
apelante sustenta que seria imprescindível sua intimação quanto à data designada
para o depoimento. No mérito pede a inversão do julgado, ao fundamento de que
desamparada da prova dos autos (f. 53/55).
Recebido (f. 56) e contra-arrazoado (f. 57/59), foi a decisão mantida. O
parecer da Procuradoria-Geral de Justiça é no sentido do improvimento do agravo
retido e da apelação (f. 66/67).
É o relatório.
É do art. 152 do ECA que “aos procedimentos regulados nesta Lei aplicam-
se subsidiariamente as normas gerais previstas na legislação processual
pertinente”. O caso em exame é de destituição do pátrio poder, matéria cível e,

15 BRASIL. Código civil e constituição federal. 59. ed. São Paulo : Saraiva, 2008.
16 VENOSA, Sílvio de Salvo. Direito civil : direito de família. 3. ed. São Paulo : Atlas, 2003. p. 366
17 BRASIL. Código civil e constituição federal. 59. ed. São Paulo : Saraiva, 2008.
pois, aplicável no que couber o CPC.
Em sendo assim, mister a prévia intimação das partes para todas as
audiências a serem realizadas, inclusive aquelas designadas pelo Juízo
deprecado (art. 202, 234 e 236 do CPC), razão pela qual não pode prevalecer a
decisão agravada, de nítida inspiração na legislação processual penal que, como
visto, não se aplica ao presente. Confira-se nota 3 ao art. 202 no CPC e
Legislação Processual em Vigor, 24ª ed., de Theotonio Negrão.
Mas o provimento do agravo retido não tem a extensão pretendida pelo
agravante, no sentido de anular o processado, determinando a renovação do ato.
É que “o juiz, ao pronunciar a nulidade, declarará que atos são atingidos,
ordenando as providências necessárias (...) O ato não se repetirá nem se lhe
suprirá a falta quando não puder prejudicar a parte” (art. 249, par. 1º, do CPC).
Especificamente quanto ao depoimento impugnado, de f. 33 e vº, tem-se
que a testemunha foi arrolada pelo apelado e não pelo apelante/agravante. “Quem
arrolou a testemunha pode desistir de ouvi-la, não sendo lícito à parte contrária
impugnar essa desistência a pretexto de que não a arrolou porque já o fora
anteriormente pelo adversário”, como constou de RT 627/205. Assim, não pode
pretender o apelante novo depoimento da testemunha, porque não foi por ele
arrolada, ante a solução que se dará infra.
Assente tais premissas, acolhe-se o agravo retido apenas para declarar a
nulidade do depoimento de f. 33 e vº, que não será levado em consideração no
exame do mérito do presente.
Superada a questão preliminar, no mérito o recurso desmerece acolhida.
Com efeito, a narrativa da menor, seja em Juízo, seja perante a assistente
social, é firme no sentido de que o apelante, por volta dos sete anos da menina,
passou a abordá-la de modo sensual, aumentando a intensidade do
relacionamento íntimo, culminando com o início das relações sexuais, a partir dos
12 ou 13 anos de idade.
Inexiste qualquer razão para que não se considere a narrativa como
verdadeira. Além do que, veio corroborada pelo depoimento de J. C., também filho
do apelado e de M. L., f. 45 e 46.
Evidentemente que a atuação incestuosa do apelante, cujo concurso sexual
com a menor caracteriza, por igual, em tese, delito de estupro com violência
presumida, é motivo suficiente para o acolhimento do pedido, considerados os
danos que tal comportamento causa e causou na formação da personalidade da
criança, fazendo tabula rasa dos mais comezinhos princípios morais, éticos e
legais que vigem em nossa sociedade.
Como já decidiu esta Câmara Especial, “Pátrio-poder - Destituição - Pai que
tentou e praticou atos libidinosos contra a menor - Conduta anti-social do acusado
revelada - Ação procedente - Recurso não provido” (Ap. Cív. nº 14.836-0, Poá,
Rel. Des. Lair Loureiro).
Pelo exposto, meu voto dá provimento parcial ao agravo retido para o fim de
que seja desconsiderado o teor do depoimento de f. 33 e vº, sem anulação do
restante do processado e, no mérito, mantém a sentença tal como lançada,
negando provimento ao recurso. Luís de Macedo – Relator.18

APELAÇÃO CÍVEL. ADOÇÃO C/C DESTITUIÇÃO DO PODER FAMILIAR.


Estando a menor sob a guarda fática dos adotantes desde a mais tenra idade
(desde os quatro meses), com a concordância da própria genitora, a qual incorreu
na hipótese prevista no art. 1.638, II, do CC/02, e perfeitamente demonstrada a
filiação socioafetiva entre os adotantes e a menor, confirma-se a procedência da
ação de adoção c/c destituição do poder familiar.
Apelação desprovida19.

18
http://www.mp.sp.gov.br/portal/page/portal/cao_infancia_juventude/jurisprudencia/juris_acordaos/juris_acor_q
uestoes_processuais/3866800.doc
19 RIO GRANDE DO SUL. Tribunal de Justiça. Apelação Cível número 70029019403, RELATOR: Des. Jose S.
Trindade, julgado em 07.05.2009
AGRAVO INTERNO. DECISÃO MONOCRÁTICA. APELAÇÃO CÍVEL.
DESTITUIÇÃO DO PODER FAMILIAR. INTERESSE DO MENOR.
PROCEDÊNCIA.
Mantém-se a decisão monocrática que negou provimento ao recurso de apelação,
pois em consonância com a orientação jurisprudencial deste Tribunal.
Tendo o genitor relegado o filho ao abandono e impingindo-lhe maus-tratos, o que
ocasionou o seu abrigamento, mantém-se a destituição do poder familiar. Não é
pela falta de viabilidade material que ocorreu a perda do poder parental, mas, sim,
pelo fato de o insurgente, que é dependente químico, não apresentar condições
emocionais e psicológicas de exercer as funções parentais. Precedentes.
Recurso desprovido20.

3.1.3 Dever de sustentar

O dever de alimentar filhos menores consiste em obrigação unilateral dos pais21. Entretanto, para o
direito, a palavra alimento, tem sentido amplo de natureza técnica, conforme aduz Pontes de Miranda:
“alimentos compreendem tudo que é necessário ao sustento, à habitação, à roupa..., ao tratamento de
moléstias... e, se o alimentário é menor, às despesas de criação e de educação” 22.

O Art. 22 informa que estes deveres são dirigidos aos pais: “o de sustento, guarda e educação dos
filhos menores, cabendo-lhes ainda, no interesse destes, a obrigação de cumprir e fazer cumprir as
determinações judiciais”. Sobretudo um questionamento pode ser argüido neste sentido: em que condições
estará se falando para o cumprimento deste dever? Conforme Luís Cláudio de Oliveira, do Centro de
Documentação do Centro de Articulações de Populações Marginalizadas/Rio de Janeiro:

Diz o art. 22 do Estatuto que: "Aos pais incumbe o dever de sustento, guarda e
educação dos filhos menores, cabendo-lhes ainda, no interesse destes, a
obrigação de cumprir e fazer cumprir as determinações judiciais". Mas, afinal,qual
é a imagem ou o perfil de família que se desenham aos nossos reflexos no
momento desta leitura? Quais são os seus níveis de interação social: local de
moradia e comunidade, usufruto dos serviços públicos renda, lazer e reprodução?
Enfim, qual é a "identidade dos pais", conforme a citação do artigo?
No Brasil, o modelo de desenvolvimento econômico adotado pelas nossas elites
no período posterior ao fim da II Guerra Mundial, especialmente nos chamados
"anos JK” (1955-1960), e subseqüencialmente recrudescido pelos governos
militares a partir do golpe de estado de 1964, constitui-se num projeto de tal forma
excludente que o produto humano mais sensível ao final dos anos 80, a "década
perdida", era retratado na cifra de 63 milhões de brasileiros vivendo abaixo dos
níveis da pobreza. Esta representação é a resultante da absurda concentração de
renda verificada até o presente, que contribuiu e contribui expressivamente para o
crescimento acentuado de famílias de miseráveis. Segundo o IBGE, mais da
metade das crianças e adolescentes vivia, ainda em 1988, em famílias com
rendimento não superior a 1/2 salário mínimo, sendo que, destes, 30,6%
pertenciam a famílias com rendimento de até 1/4 de salário mínimo. É evidente
que essa juventude desconhece os pressupostos do art. 227 da Carta Magna,
porquanto é imperiosa a necessidade de partirem para o mercado de trabalho,
sobretudo o mercado informal, participando com 20 a 30% no orçamento familiar

20 RIO GRANDE DO SUL. Tribunal de Justiça. Apelação Cível número 70028621738, RELATOR: Des. Jose S.
Trindade, julgado em 12.03.2009
21 COMEL, Denise Damo. Do poder familiar. São Paulo: Rev. dos Tribunais, c2003. p. 99
22 PONTES DE MIRANDA. Tratado de direito privado: parte especial. Campinas: Bookseller, 2000. t.9 p. 253
em jornadas de 5 a 8 horas por dia nas ruas das principais cidades.23

Desta forma, independentemente da situação econômica do país, o Estado, não tem acolhido
argumentos de desequilíbrio financeiro para que sejam relevados os descumprimentos dos deveres
constantes deste artigo, ou, qualquer outro argumento que possa relegar ao Estado a sua ausência no
plano da responsabilidade recíproca, em virtude da falta de incentivo e passividade diante das demandas
judiciais interpostas aos pacientes do pólo passivo das ações de execução de alimentos.

AGRAVO DE INSTRUMENTO. EXECUÇÃO DE ALIMENTOS. PRISÃO CIVIL DO


EXECUTADO.
Em ação de execução de alimentos, não restando comprovado o pagamento
integral do débito, e não aceita a alegação de desemprego como justificativa para
o inadimplemento, deve ser mantida a decisão que decretou a prisão civil do
executado.
A discussão acerca da possibilidade financeira do alimentante deve ser travada na
via adequada (ação de redução ou exoneração de alimentos), e não nos autos da
execução da verba alimentar.
O pagamento parcial da dívida não elide o decreto prisional, pois para se livrar da
prisão, o devedor executado, com base no art. 733 do Código de Processo Civil,
deve efetuar o pagamento das parcelas vencidas e vincendas.
NEGADO SEGUIMENTO AO RECURSO.

23 Estatuto da criança e do adolescente comentado : comentários jurídicos e sociais. 9. ed.atual. São


Paulo : Malheiros, 2009.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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