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Dia após dia eu me esqueço

Corrompido pelo ódio sem sentido


(e entretanto tão satisfatório)
crimes tenho cometido.

Em meio a meu próprio purgatório


(mantido em silêncio diariamente)
a mim mesmo tenho destruído.

Cada culpa se tornou uma ruína, um peso,


(mas meus crimes são invisíveis)
e dia após dia eu me esqueço.

O Réquiem da Besta
Não te enganes esta noite, criança
com o brilho e aroma da virtude
Os que dançam essa Macabra Dança
Não temem nenhuma atitude

Bela e elegante, a Dama


tão adorada, na cama ela se deita
Com um olhar de doçura cigana
muitos homens de alma pura
seduz e engana

Pobre e modesto, o Viajante


de honesto semblante
marcado pela idade
Como sutilmente esconde
a mais pura vaidade!

Calmo e paciênte, o Padre


perdoa e cura o doente
D'alma o pecado ele tira
Mas por mais ele tente...
não sabe aplacar sua ira

Não te enganes esta noite, criança


com o sabor e sensação de virtude
Os que dançam essa Macabra Dança
Não temem nenhuma atitude

Correto e disciplinado é o Monge


seu lar é longe e distante
pois nada do mundo cobiça
Mas quando vê os demais
sua inveja cruel o atiça

Forte e valente é o Guerreiro


que buscando neste mundo inteiro
não há inimigo que o vença
(exceto aquela preguiça
que lentamente o conquista)

Não te enganes esta noite, criança


com o ideal e a honra da virtude
Os que dançam essa Macabra Dança
Não temem nenhuma atitude

Até mesmo a gula se oculta...


Sabe aquele senhor de fina silhueta?
Com caros vinhos seu paladar se refina!
Na mesa mantém a etiqueta
e apenas com manjares se contenta

A avareza é também ardilosa...


Sabe aquela senhora caridosa?
Só com o que sobra ela ajuda!
Amor maior tem pelas suas jóias
que por todos os filhos da rua

criança, a hora já é chegada


de lhe dizer a verdade do sangue:

A aparência é uma Máscara Sagrada


para os que da Besta se escondem

Retrocesso
Conto a vida pelos fins que tenho
Tenho fins pela vida que conto
Conto os fins pelas vidas que tenho
E tenho um fim que não conto.

Compreensão
Não importa quão complicado pareça,
o caminho que leva à felicidade
é unicamente a compreensão.
Mesmo que muito velho eu pereça,
nunca encontrarei a verdade
se esta não mudar minha ação.

Posso orar até que o dia amanheça,


mesmo com tanta espiritualidade,
os meus pensamentos não mudarão.

Só há sentido se houver compreensão.

Sublime Coração de Cristal


Uma pequena donzela,
Uma moça singela,
Acorda serena...

Observa o céu claro,


Arvoredo raro,
E veste seu véu...

Lindas flores adornada,


Uma coroa sagrada,
Em claras cores...

Sem medo das sombras,


Que surgem tão longas,
E crescem tão cedo...

Sublime coração de cristal,


Perfeita e entre o mal,
Em profunda devoção...

Ajoelha-se e cantando espera,


Tempestade severa,
Ir chegando...

Nuvens brancas chorando,


Nuvens negras tornando,
Entre coisas tantas...

Uma lágrima percorre amável,


Em seu rosto adorável,
Pela vida que morre...

Eis então que ele chega.


De um tornado sumptuoso,
Desce majestoso,
O rei amado...

Belas pedras adornado,


Um cetro sagrado,
Em cores duras...

Sublime coração de cristal,


Perfeito e entre o mal,
Em profunda devoção...

Ajoelha-se e orando espera,


Tempestade severa,
Ir acabando...

Infinito tempo passa...

Novos raios triunfantes surgindo


Meio a ventos se extinguindo
E olhares de amantes...

O Materialismo
Ah, Deus, a teus ateus, adeus!
Eles causaram e cá usaram
as artimanhas da arte e manhas da vida!
Eles lá abusaram, lambusaram
e na lama usaram suas mentes ignorantes!

Ah, Deus, a teus ateus, adeus!


Em seus delírios céticos,
e se éticos fossem,
deveriam abster-se de corromper,
pois com o romper das mentes
dos entes doentes
e pobres dementes,
perde-se toda a chance
de salvação.

Ah, Deus, a teus ateus, adeus!


Eles o ofenderam e o fenderam
com o machado do materialismo!
Meros ciêntistas viciados
em jogos de dados!
Dados usados ousados que causam
dores nos causadores do vício!

Ah, Deus, a teus ateus, adeus!


Por ter sido tu o criador
do poder tecido nessa dor
pode ter sido deles a culpa?
Deveria ter sido diferente?

Ah, Deus! Eles deveriam ter tecido


suas tramas de outra forma?

A Vida Secreta dos Anjos


Era um dia de chuva forte.

Estrondos apavorantes repercutiam pelo céu escuro enquanto um jovem


caminhava despreocupado por uma rua movimentada. Os carros passavam
espirrando água em que se aproximasse. Estava encharcado mas não se
importava. De coração sereno ouvia uma música de melodia simples em seu
mp3 player. Observava as árvores, os carros e as pessoas. Sempre, desde que
se lembrava, se divertia com isso. Observar e analisar o comportamento dos
outros ao seu redor, suas manias e maneiras. E andando passeava pelos
guarda-chuvas, os mais atentos o olhavam com curiosidade. Em seu rosto
transparecia serenidade.
- Com licença, senhor. A que horas passa o próximo ônibus? - Perguntou se
aproximando de um homem que aparentava ter muitos anos de idade. O rosto
era familiar, estava bem vestido e agasalhado. Se escondia em um guarda-
chuva quebrado e segurava uma maleta de couro marrom. Toda a roupa era
em tons de bege e o seus cabelos eram compridos, castanhos e levemente
cacheados. Tinha no rosto uma expressão de seriedade mas um leve sorriso
que dava àquele senhor uma presença forte e penetrante.
- Não deve demorar muito agora. - Respondeu sem se incomodar, apontando
para o seu relógio. Um relógio de prata com número arábicos, cuja simplicidade
aumentava ainda mais sua beleza.
Aquele relógio despertou na mente do jovem alguma sensação, algo que
parecia uma lembrança, ou um vestígio de qualquer passado. Essa inquietude
lhe motivou a perguntar:
- Qual o nome do senhor?
O homem do relógio de prata deu um sorriso e teria dito algo, se o ônibus não
houvesse chegado. Ambos subiram, se sentaram lado a lado e permaneceram
quietos enquanto o onibus serpenteava pelas ruas. O jovem sentia que
conhecia aquele homem de algum lugar. O velho senhor virou o rosto para a
rua, os olhos se perdendo nos carros que passavam. O ônibus estava vazio e
silêncioso e foi com a voz fraca e rouca que o velho homem falou:
- O que seria do que sou, se tivesse escolhido um caminho diferente? - A
frase saiu quase sem voz, como se estivesse falando para si mesmo. Parecia
ignorar o jovem. A pergunta espantou o jovem que encontrou no ancião uma
notada experiência. A princípio não notou sentido algum na pergunta mas se
esforçou em entendê-la. Desligando o mp3 player e tirando os fones do ouvido
disse:
- Faz alguma diferença agora?
- É o que espero descobrir com você!
- Penso que estou no caminho certo.
- É disso que se trata. Enquanto você pensar que é, não será.
- Você diz como se fosse tão natural que não se pense...
- E no entanto assim o é, meu jovem.
- Acredito que conheço o senhor de algum lugar.
- Nos encontramos no meio do caminho.
- O que quer dizer?
- Que eu sou o seu futuro e você é o meu passado.
- Não acredito em você.
- Veja - E o velho apontou para o relógio que o próprio rapaz levava no pulso.
- Mas o que é isso? - pensou o garoto. - Aquele senhor é de fato muito
parecido comigo mesmo. E nossos relógios. Idênticos.
- Você não pode ser o meu futuro. Eu estou aqui. - respondeu.
- Ambos estamos. Como eu disse, nos encontramos no meio do caminho.
Atônito o jovem se levantou. Não via nada ao redor do ônibus, apenas
escuridão e alguns relâmpagos. E então percebeu. O ônibus havia parado, nada
se movia, não havia barulho de chuva, de carros, de nada. Apenas uma
pequena luz iluminava todo o ambiente. Começando a se apavorar o jovem foi
até ao motorista mas não o encontrou.
- Não há ônibus, garoto, esqueça-o. - Falou o velho com a voz fraca.
- Onde estamos? - E ao poucos o jovem percebeu que havia grama abaixo
dos seus pés. Notou que estava descalço, e vestia uma roupa diferente. Leve e
macia. Lentamente foi se tornando capaz de ver ao redor. Um bosque com
árvores pequenas e bem cuidadas. Ao longe uma casa estranha. Próximo uma
fonte com água cristalina, feita de mármore escuro. O céu com algumas
nuvens brancas. O sol brincava com as cores enquanto se punha.
- Em um lugar muito especial. - O senhor se abaixou e apanhou uma flor
laranja e estendeu-a ao jovem que a segurou.
- Como chegamos aqui?
- Com o tempo você entenderá.
- O que quer de mim?
- Não há eu e você, garoto. A pergunta é: o que você quer de si mesmo? -
Disse, por fim, desaparecendo por completo.

O jovem contemplou tudo ao seu redor como se buscasse entender onde


estava. Caminhou por entre as árvores que farfalhavam com o vento forte que
soprava das montanhas ao oriente. Passou pela fonte que tinha em si esculpida
uma águia negra de cuja boca despejava uma água brilhante e reluzente como
prata ao sol. Subiu um caminho de folhas secas que dava para uma pequena
casa amarela com duas janelas redondas e uma porta. Ali, do alto, era possível
ver um pouco mais de onde estava e do que cercava aquele lugar. Ao sul havia
um lago com uma pequena cachoeira em meio a um campo com algumas
árvores. Olhando ao norte podia se ver uma enseada com as ondas quebrando
na orla. No ocidente havia uma floresta densa e ao oriente montanhas
elevadas e áridas. Por todos os lados era possível ver aves e outros animais.
Entrou na casa e a encontrou toda suja, desorganizada e os objetos
espalhados pelo chão... alguns quebrados e estilhaçados. Desceu uma escada
que deu para um porão escuro e fétido. E então ouviu:
- Foi este o lugar de sua queda. - Uma mulher vestida de luz surgiu do chão
e sua voz era o som das chuvas. Pela visão de tão sublime ser o garoto caiu ao
chão de joelhos e a luz não o permitia olhar nem mesmo os pés da donzela de
luz. - Mas agora é hora de se levantar. - A luz toda desapareceu e o garoto
pode ver que no lugar onde Ela havia descido havia agora uma rocha.

Todos sentimos algum dia um impulso, um ímpeto de compreender o


universo. Sentimos que existe algo mais. Algo além do que entendemos por
vida, mundo e morte. Infelizmente compreender Deus não é uma tarefa fácil e
a humanidade adormece já na primeira distração. E o impulso inicial é
desperdiçado, assim como são desperdiçadas todas as coisas valiosas e
preciosas que homem tem.
No entanto alguns poucos vão mais longe. E se são capazes de proteger seu
tesouro, um dia, acabam descobrindo a vida secreta dos anjos.

Poços de Caldas, 19 de Novembro de 1999. Era um dia chuvoso e eu estava


em pé esperando um ônibus chegar.
- Não deve demorar muito agora. - Falou um senhor ao meu lado, apontando
para o relógio.
Tive uma estranha sensação de déjà-vu ao ver aquele relógio. E fiquei
encarando o velho homem ao meu lado ao que ele notou e balbuciou:
- Algum problema garoto?
- Não nada, me desculpe.
O ônibus chegou e pouco tempo depois estava em minha casa. Minha
esposa me abraçou com carinho me desejando feliz aniversário. Comemos um
bolinho improvisado enquanto conversávamos sobre o dia de trabalho. Ela
comentou como eu estava avoado e distraído. Justifiquei que estava muito
cansado e fui dormir. Um sentimento forte e inexplicável tomava conta de meu
peito. Por fim os sonhos nublaram minha consciência e sonhei com uma casa
no campo, um anjo e um segredo.

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