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Teses iniciais para a

luta feminista
classista

Apresentação

O Fórum de Oposições pela Base (FOB), acredita que destruir o machismo também é
tarefa revolucionária. As organizações do FOB impulsionam a construção do feminismo
classista, reconhecendo que as opressões de raça e gênero são intensificadas quando
recaem sobre as mulheres do povo. O feminismo burguês, adotado acriticamente por
diversas organizações de esquerda, além das expressões do Feminismo Radical,
vem sendo um entrave nas lutas emancipatórias, uma vez que secundariza o combate
à divisão da sociedade entre classes e não consegue agregar às pautas feministas
companheiros de classe e mulheres transexuais, contribuindo, com a reprodução do
machismo no seio da classe trabalhadora e com a segregação da luta contra as diversas
formas de opressão. Nosso feminismo está do lado da trincheira de mulheres, homens e
LGBTs do povo! Desse modo, compilamos neste material, nossas teses iniciais para a
organização e entendimento da luta feminista classista.

Fórum de Oposições pela Base


O machismo é uma construção social. Por isso pode ser desconstruído também
socialmente.

Compreendemos que os processos organizativos e de luta classista são educativos. É


necessário que na mesma proporção em que lutamos contra a exploração do povo, contra
a divisão da sociedade entre classes, por melhores condições de trabalho e moradia,
contra o extermínio da juventude pobre e dos povos do campo e por Educação Popular,
lutemos também pela erradicação do machismo junto aos nossos companheiros e
companheiras de classe.

Dessa forma, é importante que as discussões sobre a opressão machista não seja
exclusiva de mulheres, fazendo com que os homens de nossa classe compreendam e
solidarizem-se com o cotidiano de abusos, assédios nos transportes coletivos; ruas e
trabalho, estupros, tentativas de estupro, abortos clandestinos, violência doméstica,
lesbofobia e inúmeras violações contra as mulheres do povo. Além de permitir que
companheiros de classe sejam solidários às pautas feministas, introduzi-los nas
discussões sobre essas mazelas, permite que se reeduquem e gradativamente parem de
reproduzir comportamentos machistas.

Compreendemos a auto-organização como uma importante e histórica metodologia nos


processos de luta da classe trabalhadora. Á medida em que o povo se organiza para
superar os problemas que o assola, vai se reconhecendo enquanto classe, promovendo
suas estratégias de autodeterminação e libertação do jugo da burguesia. Ou seja:
práticas auto-organizadas se relacionam com a nossa gradativa libertação da tutela
do Estado e burguesia. Quando sindicatos, Centros Acadêmicos, coletivos e oposições
combativas e classistas se articulam nos locais de trabalho, estudo e moradia, significa
que houve um processo de auto-organização.

As mulheres do povo como atacadas cotidianamente pelas opressões de raça, classe e


gênero, devem forjar seus instrumentos de autodeterminação, de reconhecerem-se como
setor triplamente oprimido e auto-organizarem as formas de superação dessa mazela. O
feminismo burguês deturpa o conceito de auto-organização, via de regra, utilizando-o
como sinônimo de segregação e isolamento entre mulheres e homens, excluindo de
espaços “auto-organizados”, camaradas de classe e companheiras trans.

As organizações do FOB entendem que essa forma de “auto-organização” exclui o critério


de classe, se embasando na associação homogênea de mulheres, desconsiderando
nossas diferenças fundamentais com as mulheres burguesas. Patroas e empregadas não
são irmãs: o critério da homogeneização de mulheres leva à defesa da sororidade pelo
feminismo burguês, induzindo à consideração de que um laço de irmandade une TODAS
as mulheres. Esse tipo de feminismo entende a condição de mulher como
homogênea, ocultando o fato que entre as mulheres existem diferenças derivadas
da origem étnica e de classe social.

Talvez, para nós brasileiros/as, o exemplo mais contrastante com a ideia de


homogeneidade entre as mulheres seja a relação entre a patroa branca e rica dos bairros
nobres e a empregada negra e pobre das favelas. Não perceber que entre esses dois
tipos de mulheres existem diferenças enormes é o primeiro passo para conservar essas
enormes diferenças. Pois não se luta para superar essas diferenças, visto que a luta não
é enxergada como uma política de luta entre classes sociais, mas como uma luta
biológica entre sexos.

Reconhecemos na defesa da sororidade e desse tipo de auto-organização, um entrave na


luta de classes, uma tentativa de tornar consensual as desigualdades que são produzidas
pela divisão da sociedade entre classe. O FOB defende a auto-organização de mulheres,
homens e LGBTs do povo! O que foi construído socialmente será destruído socialmente.
Desmantelar a divisão sexual do poder e do trabalho é parte de qualquer luta séria e
comprometida com o povo, a liberdade e o socialismo.

Há lugar para o homem no feminismo. Há lugar para a destruição social de uma


construção social horrenda como o machismo. Na luta para superação da exploração e da
opressão, o caminho a ser trilhado é o da união entre os oprimidos e explorados,
respeitando a diversidade, mas também sendo capaz de construir reivindicações em
comum e um projeto coletivo de superação do capitalismo e da opressão do Estado. A
emancipação de oprimidos/as será obra dos próprios oprimidos/as. Paz entre nós, guerra
aos opressores/as. Oprimidos/as de todo o mundo, uni-vos!
O machismo é um fenômeno social e não um fenômeno biológico

Não existe um órgão que excreta um hormônio do machismo que faz os homens, e até
algumas mulheres, ficarem machistas. O que existe é uma sociedade moldada numa
divisão sexual do trabalho e do poder. Nosso feminismo se relaciona com a questão de
classe e não com os elementos de anatomia ou biologia. Trata-se de uma luta de classes
com um direcionamento cultural sério contra as opressões de gênero, raça e orientação
sexual.

Reduzir as relações sociais e de poder a uma condição biológica permanente, imutável,


não-histórica é regredir pelo menos uns 100 anos nos já poucos avanços que a ciência
social moderna legou de forma positiva para a luta de libertação dos povos oprimidos.
Ao atribuir o poder de explicação do mundo social unicamente a divisão biológica entre
"macho" e "fêmea", o feminismo da "guerra de sexos" conserva todas as diferenças
políticas e econômicas que existem entre as mulheres da burguesia e as mulheres
da classe trabalhadora. É impossível, então, emancipar a mulher trabalhadora baseando
a luta feminista na "guerra dos sexos". Para a mulher trabalhadora emancipar-se, é
preciso que o feminismo tenha uma perspectiva de classe e não biológica.

O feminismo da guerra de sexos é um feminismo baseado na divisão biológica dos sexos.


Logo, o mundo social é compreendido unicamente pela biologia e não pela História ou
pela política. O feminismo da guerra dos sexos possui uma leitura biológica do mundo
social e não uma leitura política. Ele é incapaz de travar uma luta consequente pela
emancipação do conjunto de explorados e oprimidos porque a falsa luta biológica
(fêmeas versus machos) oculta à luta econômica (explorados versus exploradores)
e a luta política (dominados versus dominadores) que existe na sociedade e
também entre as próprias mulheres.

O feminismo da guerra dos sexos é incapaz de enxergar as diferenças entre a patroa rica
e a empregada pobre, logo é um perpetuador dessas diferenças de classe e de poder. O
feminismo da guerra dos sexos é incapaz de educar os homens no combate ao
machismo, logo é um perpetuador do machismo entre os homens. Este tipo de feminismo
enxerga a possibilidade de superação do machismo através da eleição de mulheres
para ocupação de cargos e pastas importantes e da espera por Políticas Públicas, o
que aponta mais uma descaracterização do conceito histórico de auto-organização,
uma vez que aguardam e se adequam à tutela do Estado. Compreendemos que
Políticas Públicas para mulheres são importantes, no entanto, acreditamos que enquanto
essas não chegam, é necessário desenvolver métodos para a superação dos problemas
que assolam as mulheres do povo. Não precisamos de guerra de sexos, mas de uma
perspectiva para a luta de classes que agregue as diversas condições culturais da
exploração e da opressão!

Não se destrói o machismo com transfobia.

O feminismo que compreende o machismo como um fenômeno biológico desconsidera as


condições degradantes a que são expostas as companheiras transexuais em nossa
sociedade.

Nos espaços de disputa de introdução do feminismo, é comum que o feminismo radical e


outras expressões do feminismo burguês aleguem que mulheres trans são privilegiadas
por terem nascido com um pênis. Via de regra, o paragovernismo explica a “auto-
organização” sem a inserção das mulheres trans por entenderem que existem
nivelamentos e tipos de opressão que devem ser tratados em patamares diferentes.

As organizações do FOB compreendem que esse tipo de feminismo aprofunda uma


opressão denominada cissexismo, ou seja: desconsideram a necessidade de
transexuais se afirmarem politicamente nos espaços de gênero onde querem ser
reconhecidas, uma vez que não as permitem nos âmbitos de discussão de
mulheres.

Se existe uma segregação oficial que impede mulheres trans de utilizarem banheiros
femininos, que dificulta o uso do nome social, que dificulta o acesso ao mundo do
trabalho, à educação e saúde, que patologiza e mata desenfreadamente mulheres trans,
esse tipo de feminismo contribui com esses fatores.

Machismo, transfobia, sexismo, cissexismo e o binarismo que afirma que pessoas devem
estar inclusas em perfis específicos de gênero masculino ou feminino, são faces da
mesma moeda e devem ser combatidos.

Destruindo o mito da fragilidade e superando a vitimização – a importância da


autodefesa feminista e classista

Existe a reprodução cultural e histórica de que mulheres são delicadas, frágeis e tem a
maternidade como característica inata. Tais concepções justificam a possibilidade de
dominação e subjugação de mulheres do povo, inclusive, relegando a estas, papéis
secundários na esfera da organização política.

O mito da “auto-organização” como espaço de proteção e blindagem de mulheres à falas


consideradas opressoras, contribui com a reprodução de um tipo feminino que não deve
confrontar a opinião masculina.

É necessário desenvolvermos gradativamente a possibilidade de enfrentamento com


posturas machistas, e isso apenas se realiza com o encorajamento das mulheres do
povo, que ao se reconhecerem como oprimidas e vítimas, devem estar preparadas para a
reação contra todas as formas de dominação: livres ou mortas, jamais escravas!

A construção de Comitês de Autodefesa Feminina nos locais de estudo, trabalho e


moradia, possibilita a articulação de um discurso autodeterminado por parte das mulheres
do povo para combater o machismo, desenvolve técnicas para desestimular os assédios,
inibir práticas de estupro e fornece os elementos teórico-práticos que nos ajuda a
compreender de onde partem opressão e exploração.

Se tratando da mulher trabalhadora, é preciso organizar suas condições de defesa contra


o Estado, que lhe remove de suas casas, tortura, mata e encarcera seus filhos. A luta da
mulher não deve estar somente submetida a luta econômica, pois possui suas
especificidades. No entanto, sem o recorte classista a luta feminista recai tão
somente sobre questões identitárias, debates importantes de serem feitos, mas que,
de forma isolada, não superarão as estruturas capitalistas que lucram e mantêm as
opressões.

A verdadeira auto-organização, parte da construção da defesa de todas as formas de


opressão, dominação e exploração, e isso se faz de modo independente do Estado
e Burguesia. Nos inspiramos nas companheiras Curdas, na linha de frente das batalhas
pela libertação de seu povo. Nos inspiramos nas companheiras camponesas que lutam
por pão terra e liberdade. Nos inspiramos nas companheiras trans que impunham suas
armas contra a humilhação. Nos inspiramos nas companheiras negras que nunca tiveram
tempo de ser frágeis. Mas não apenas nos inspiramos: somos estas companheiras.
Estamos e estaremos lado a lado, ombro a ombro na mesma trincheira por uma outra
sociedade. Combater o machismo é tarefa revolucionária: avante mulheres, homens e
LGBTs do povo!

A emancipação de oprimidos/as será obra dos próprios oprimidos/as!

Paz entre nós, guerra aos opressores/as!

Oprimidos/as de todo o mundo, uni-vos!

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