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OS FILHOS DA LUZ

– Parábola do administrador infiel.

– Utilizar todos os meios lícitos no serviço de Deus.

– Meios humanos e meios sobrenaturais.

I. A PRIMEIRA LEITURA da Missa1 faz ressoar aos nossos ouvidos as fortes


censuras dirigidas pelo profeta Amós aos comerciantes que se enriquecem à
custa dos pobres: alteram o peso, vendem mercadorias deterioradas, fazem
subir os preços aproveitando momentos de necessidade... São inúmeros os
meios injustos de que se servem para fazer prosperar os seus negócios.

No Evangelho da Missa2, o Senhor serve-se de uma parábola para falar da


habilidade de um administrador que é chamado a prestar contas da sua gestão,
e que é acusado de malversar os bens do seu senhor. O administrador pôs-se
a reflectir sobre o que o esperava: Cavar não posso, de mendigar tenho
vergonha. Já sei o que hei de fazer, para que haja quem me receba em sua
casa quando for removido da administração. Chamou os devedores do seu
amo e fez com eles um acordo que os favorecia. Ao primeiro que se
apresentou, disse-lhe: Quanto deves ao meu senhor? Ele respondeu: Cem
medidas de azeite. Então disse- lhe: Toma a tua obrigação, senta- te depressa
e escreve cinquenta. Depois disse a outro: E tu quanto deves? E ele
respondeu: Cem alqueires de trigo. Disse- lhe o feitor: Toma as tuas letras e
escreve oitenta.

O dono teve notícia do que o administrador tinha feito e louvou-o pela sua
sagacidade. E Jesus, talvez com um pouco de tristeza, acrescentou: Os filhos
deste mundo são mais hábeis nas suas coisas do que os filhos da luz. O
Senhor não louva a imoralidade desse intendente que, no pouco tempo que lhe
restava, preparou uns amigos que depois o recebessem e ajudassem. “Por que
o Senhor narrou esta parábola? – pergunta Santo Agostinho –. Não porque
aquele servo fosse um exemplo a ser imitado, mas porque foi previdente em
relação ao futuro, a fim de que se envergonhe o cristão que não tenha essa
determinação”3; louvou-lhe o empenho, a decisão, a astúcia, a capacidade de
sobrepor-se e resolver uma situação difícil, sem se deixar levar pelo desânimo.

Podemos observar com frequência como é grande o esforço e os inúmeros


sacrifícios que muitas pessoas fazem para conseguir mais dinheiro, para subir
na escala social... Noutros casos, ficamos espantados até com os meios que
empregam para fazer o mal: imprensa, editoras, televisão, projectos de todo o
tipo... E nós, cristãos, devemos pôr ao menos esse mesmo empenho em servir
a Deus, multiplicando os meios humanos para fazê-los render em favor dos
mais necessitados: em actividades de ensino, de assistência, de beneficência...
O interesse que os outros têm nos seus afazeres terrenos, devemos nós tê-lo
em ganhar o Céu, em lutar contra o que nos separa de Cristo.
“Que empenho põem os homens nos seus assuntos terrenos!: sonhos de
honras, ambição de riquezas, preocupações de sensualidade. – Eles e elas,
ricos e pobres, velhos e homens feitos e moços e até crianças; todos a mesma
coisa.

“– Quando tu e eu pusermos o mesmo empenho nos assuntos da nossa


alma, teremos uma fé viva e operante; e não haverá obstáculo que não
vençamos nos nossos empreendimentos apostólicos”4.

II. OS FILHOS DO MUNDO parecem às vezes mais consequentes com a


sua forma de pensar. Vivem como se só existisse este mundo e labutam nele
sem freio nem medida. O Senhor deseja que ponhamos nas coisas que lhe
dizem respeito – a santidade pessoal e o apostolado – ao menos o mesmo
empenho que os outros põem nos seus negócios terrenos; quer que nos
devotemos aos assuntos da alma e do reinado de Cristo com interesse, com
alegria, com entusiasmo, e que encaminhemos todas as coisas para esse fim,
que é o único que realmente vale a pena. Nenhum ideal é comparável ao de
servir a Cristo, utilizando os dons recebidos como meio para um fim que
ultrapassa este mundo passageiro.

Ao terminar a parábola, o Senhor recorda-nos: Ninguém pode servir a dois


senhores, porque ou odiará um e amará o outro, ou se afeiçoará àquele e
desprezará este. Não podeis servir a Deus e às riquezas. Temos apenas um
Senhor, e devemos servi-lo com todo o nosso coração, com os talentos que Ele
mesmo nos deu, empregando nesse serviço todos os meios lícitos, a vida
inteira. Temos de orientar para Deus, sem excepção, todos os aptos da nossa
vida: o trabalho, os negócios, o descanso... O cristão não tem um tempo para
Deus e outro para os assuntos deste mundo: estes devem converter-se em
serviço a Deus pela rectidão de intenção. “É uma questão de segundos...
Pensa antes de começar qualquer trabalho: – Que quer Deus de mim neste
assunto? – E, com a graça divina, fá-lo”5.

Para ser bom administrador dos talentos que recebeu, dos bens de que deve
prestar contas, o cristão deve saber ainda, como manifestação e contraprova
do seu amor a Deus, dirigir as suas acções para a promoção do bem comum,
encontrando para isso as soluções adequadas, com engenho, com
“profissionalismo”, levando adiante ou colaborando em empreendimentos ou
obras boas a serviço dos outros, tendo a convicção de que valem mais a pena
que o negócio mais atraente. São os leigos “quem deve intervir nas grandes
questões que afectam a presença directa da Igreja no mundo tais como a
educação, a defesa da vida e do meio ambiente, o pleno exercício da liberdade
religiosa, a presença da mensagem cristã nos meios de comunicação social.
Nestas questões, devem ser os próprios leigos cristãos, enquanto cidadãos e
através dos canais a que têm legítimo acesso no desenvolvimento da vida
pública, quem faça ouvir a sua voz e prevalecer os seus justos direitos” 6. Assim
serviremos a Deus no meio do mundo.

Mobilizando todos os meios ao nosso alcance, temos de trabalhar, “com um


entusiasmo e energia renovados, por refazer o que foi destruído por uma
cultura materialista e hedonista, e por avivar o que existe apenas debilmente.
Não se trata já de revigorar as raízes. Em não poucos casos, em não poucos
ambientes, trata-se de começar desde o princípio, quase a partir do zero. Por
isso é possível falar hoje de uma nova Evangelização”7. A tarefa que o Senhor
nos confia – através do seu Vigário na terra 8 – é imensa. Não deixemos de
empenhar nela o nosso tempo, o prestígio profissional, a ajuda material...

“Já o disse o Mestre: oxalá nós, os filhos da luz, ponhamos, em fazer o bem,
pelo menos o mesmo empenho e a obstinação com que se dedicam às suas
acções os filhos das trevas!

“– Não te queixes: trabalha antes para afogar o mal em abundância de


bem”9.

III. AINDA QUE SEJA a graça que transforma os corações, o Senhor quer
que utilizemos meios humanos na nossa acção apostólica, todos os que
estiverem ao nosso alcance. São Tomás de Aquino ensina10 que seria tentar a
Deus não fazer aquilo que podemos e esperar tudo d’Ele. Este princípio
também se aplica à actividade apostólica, em que o Senhor espera dos seus
discípulos uma cooperação sábia, efectiva e abnegada. Não somos
instrumentos inertes. Os filhos da luz devem ser tão hábeis como os filhos
deste mundo, e acrescentar aos meios sobrenaturais os talentos humanos, os
dons de simpatia e comunicabilidade, a arte da persuasão, a fim de
conquistarem uma alma para Cristo.

E nas obras apostólicas de formação, de ensino... serão necessários ainda


os meios económicos, como o próprio Senhor indicou: Quando eu vos mandei
sem bolsa, e sem alforge, e sem sandálias, faltou- vos porventura alguma
coisa? Eles disseram: Nada. Disse- lhes pois: Mas agora quem tem bolsa,
tome- a, e também alforge, e quem não tem espada, venda a sua túnica e
compre uma11. O próprio Jesus, para realizar a sua missão divina, quis
servir-se muitas vezes de meios terrenos: cinco pães e dois peixes, um pouco
de barro, os bens de umas piedosas mulheres...

Sabemos muito bem que a missão apostólica a que o Senhor nos chama
ultrapassa a capacidade dos meios humanos ao nosso dispor, e por isso nunca
deixaremos de lado os sobrenaturais, como se fossem secundários. Não
poremos a nossa confiança na sagacidade pessoal, no poder de persuasão da
nossa palavra, nos bens que são o suporte material de um empreendimento
apostólico, mas na graça divina, que fará milagres com esses meios. Esta
confiança no poder divino levar-nos-á, entre outras coisas, a não esperar ter à
mão todos os meios humanos necessários (talvez nunca cheguemos a tê-los)
para começar a agir, e menos ainda a desistir de continuar certos trabalhos ou
de começar outros novos: “Começa-se como se pode”12. E pediremos a Jesus
o que nos falta e actuaremos com a liberdade e audácia que nos dá a absoluta
confiança em Deus.
“Achei graça à tua veemência. Perante a falta de meios materiais de trabalho
e sem a ajuda de outros, comentavas: «Eu só tenho dois braços, mas às vezes
sinto a impaciência de ser um monstro de cinquenta, para semear e apanhar a
colheita».

“– Pede ao Espírito Santo essa eficácia... Ele ta concederá!”13

(1) Am 8, 4-7; (2) Lc 16, 1-13; (3) Santo Agostinho, Sermão 359, 9-11; (4) São Josemaría
Escrivá, Caminho, n. 317; (5) ibid., n. 778; (6) Card. A. Suquía, Discurso à Conferência
Episcopal Espanhola, 19.02.90; (7) ibid.; (8) cfr. João Paulo II, Exortação
Apostólica Christifideles laici, 30.12.88, 34; (9) São Josemaría Escrivá, Forja, n. 848; (10) São
Tomás de Aquino, Suma teológica, II-II, q. 53, a. 1 ad 1; (11) Lc 22, 35-37; (12) cfr. São
Josemaría Escrivá, Caminho, n. 488; (13) São Josemaría Escrivá, Sulco, n. 616.

(Fonte: Website de Francisco Fernández Carvajal AQUI)

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